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JORNAL BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA - Sociedade Brasileira ...

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16JBO - Jornal Brasileiro de OftalmologiaMedicina: uma vocação que se revela na infânciaTrês oftalmologistas, três histórias, e um final feliz de realização profissional e familiarProsseguindo a série iniciadana edição anterior, valorizandoa participação femininana oftalmologia, oJBO publica os depoimentosde três mulheres bem sucedidasna vida profissional efamiliar, que tiveram êxito nadifícil conciliação entre carreira, casamento ematernidade. Preconceitos enfrentados no inícioda carreira há muito deixaram de existir.Em comum, além do sucesso, a admiraçãopela medicina desde a mais tenra infânciaseja pelo exemplo dos médicos que atendiamàs suas famílias, tratados com respeito,quase veneração, como relatado por EdnaAmodin e Tania Shaefer, seja pela preocupaçãosocial, caso de Roberli Bicharra.Edna Almodin (PR), Roberli Bicharra(RJ) e Tânia Schaefer (PR) ocuparam e ocupamcargos em entidades médicas, são referêncianacional na especialidade, casadas commédicos, e têm pelo menos um filho ou filhaseguindo a carreira das mães.Roberli Bichara se dedicou ao serviçopúblico, Edna Almodin e Tania Schaefer sãoempresárias com clínicas solidamente constituídas.A primeira dirige o Hospital Federalda Lagoa (RJ), Edna, o Provisão Hospitalde Olhos de Maringá, e Tania, a ClínicaSchaefer.Amor, família, trabalho e amigos, a base para tudo“Jogo de cintura” e apoio da família, a chavepara gerir um dos maiores hospitais federaisMesmo com as dificuldades de umacidade pequena como Barra do Piraí (RJ),meus pais sempre me incentivaram a estudare me aprimorar. O contato com umarealidade de pobreza e necessidades básicasnão atendidas plantava já na adolescênciauma semente de preocupação como próximo, preocupação que quase me levoua seguir o caminho de freira. Umamor, que começou numa festa junina dointerior, e já dura 45 anos, me desviou davocação religiosa, mas não da missão deservir aos outros.O gosto pelos estudos e a crescentepreocupação com o social fizeram com queoptasse pela carreira de medicina. Fiz ocurso na Universidade Federal Fluminense,em Niterói, residência em oftalmologiano Hospital São Francisco de Assis emestrado também na UFRJ com área deatuação principalmente em estrabismo. Aescolha da especialidade, não agradou deinício aos meus pais que desconheciam aimportância da oftalmologia e tinham apercepção de que era um trabalho que serestringia às óticas. No entanto, apaixonadapela especialidade, lembro com carinhode uma de minhas primeiras cirurgias.Operei uma senhora que morava numasilo. No dia seguinte, quando retirei ocurativo do seu único olho operado, elanão olhou para o céu e nem para mim,mas olhou para baixo e disse: “Ah! Meuvestido estampado!” A emoção que sentinaquele momento me acompanha até hoje.Terminada a residência, comecei a mededicar às minhas duas grandes paixões: afamília e o serviço público. Passei em doisconcursos, para o PAM 13 de Maio, umambulatório da rede federal, no centro doRio de Janeiro, e para o Hospital da Lagoa(hoje Hospital Federal da Lagoa). Dessaforma, tive oportunidade de trabalharnuma unidade básica de atendimento eArquivo pessoalRoberli com o marido, Mizael, chefe do Serviçode Oftalmologia do Hospital Federal da Lagoa,e os filhos Bernardo (oftalmologista), Fernando(analista de sistemas) Gabriel e Gustavo(economistas)num hospital de maior complexidade.Viver essas duas experiências ajudaram aenxergar melhor a realidade de duas pontasdo Sistema de Saúde.Após 11 anos de trabalho no PAM 13de Maio, transferi minha matrícula parao Hospital Federal da Lagoa, onde passeia me dedicar integralmente. Procurandosempre superar os desafios diários que osmédicos e, especialmente, as mulheres,encontram no exercício da profissão, fuichefe do Serviço de Oftalmologia, chefedas Clínicas Cirúrgicas, diretora médica,e há seis anos assumi a direção geral.Muitas vezes me perguntam comoconsigo conciliar o papel de médica egestora de um dos maiores hospitais darede federal com o papel de esposa e mãede quatro filhos? Sempre respondo queser mulher ajuda muito, pois além de sermoscompetentes e dedicadas, temos maisjogo de cintura para lidar com os problemas.Mas me preocupo sempre para reservarum tempo para curtir a vida commeu marido, meus filhos e minha neta,Ana Clara. É um tempo precioso, em queme renovo e do qual não abro mão.Arquivo pessoalNo centro cirúrgico do Provisão Hospital deOlhos de Maringá, do qual é diretora, EdnaAlmodin, com as filhas Flávia e Juliana AlmodinHoje, vendo na presidência de nossopaís uma mulher observamos que o homembrasileiro já não é tão machista comoantes. Isso já se reflete no espaço de trabalho,que antes era predominantementemasculino, diria até quase exclusivo.No início da minha carreira, escolhidaa partir da admiração que tinha desdeos 10 anos pelo médico de família, queentão tratava de meu irmão, sofri algunspreconceitos, não com meus colegas de trabalho,mas com o público paciente masculino.Vinham ao meu consultório paraconsulta, mas não aceitavam se submeterà cirurgia oftalmológica porque achavamque era trabalho de “homem” e que umamulher não a faria bem.Hoje não sinto mais este preconceito.Meus pacientes ma fazem sentir bem confortávelno meu exercício da medicina. Navida temos que buscar o equilíbrio paratudo e vejo que atualmente há espaço paratodos que buscam trabalho.As mulheres têm que se organizar.Apesar de trabalharmos fora, não podemosesquecer nossas outras funções, principalmentede mãe, esposa e dona de casa.Trabalhos domésticos podem ser divididose envolver terceiros: funcionários, filhose até maridos, mas para mãe e esposaRelembrar como definiminha profissão me remeteà infância. Lembromeperfeitamente de comoficava encantada quando iaao pediatra ou quando esperavaa minha mãe durantesua consulta ginecológica.A figura do nossomédico de família ao chegarà nossa casa ou mesmoa importância que minhamãe dava ao trocartodas as noites a toalha dolavabo para que se alguémprecisasse de um o médicoà noite, tudo estivessede acordo para recebê-lo.Esta aura de importânciada medicina, transmitidapor meus pais, o respeito ao profissional,sua capacidade de decorar uma lista interminávelde remédios, e tê-los na ponta da língua,feito este que o tornava um super profissionalem minha cabecinha de 4, 5 anos, jáme trazia o desejo de ser igual e ele.Foi esta medicina que me fez trocar demãe das minhas bonecas para a médica dasbonecas de minha irmã, Isis, e de médicadas bonecas das minhas amigas.Quando vi, estava no segundo ano de medicinada Escola Federal de Juiz de Fora, assustada,pois já era uma estudante de medicinaàs voltas com a biofísica, matéria que eunão gostava.Ser médica para mim sempre foi umapaixão. Até porque não consigo fazer nadasem que seja envolvida por este sentimento.Depois de fazer residência com o prof. PaivaGonçalves, mestre querido, e o equivalenteà época a um fellowship na Beneficência Portuguesado Rio de Janeiro com meu amigoe padrinho, prof. Carlos Fernando Ferreiraa quem devo muito, Murilo e eu, com nossaprimeira filha, Anna Carolina, a Kika,escolhemos Curitiba para morar.Arthur Rubens, o Kiko, já nasceu emnão existem substitutos, pelo menos emnossa sociedade. Ser mãe exige mais quequalquer outra função, pois nossa orientaçãoé que guiará nossos filhos e seu futurodependerá disto.Portanto, podemos sim estar no mercadode trabalho, mas não podemos exercerapenas uma atividade profissional.Amedicina afirma que os neurônios femininospermitem à mulher fazer várias coisasao mesmo tempo. Depende de cadauma de nós conseguirmos nos organizar eencontrar o equilíbrio entre nossas inúmerastarefas para criarmos uma famíliafeliz e bem direcionada.No final, acho que vale a pena. Paramim, a minha profissão até hoje me trazmuitas alegrias e me dá a sensação do devercumprido com os meus objetivos. Tertrês filhas e as três escolherem a profissãodos pais (Juliana e Flávia oftalmologistas,Paula, ginecologista como Gilberto) é umpresente de vida. Amor, família, trabalhoe amigos são a base para o sucesso pessoale profissional.Depois dos filhos criados e da realizaçãoprofissional, a atividade político-socialBebel RitzmannNa Clínica Schaefer, Tania, como marido Murilo Schaefer(neurologista), o filho Arthur e anora, Letícia Trevisan Tecchio,também oftalmologistasCuritiba, que se revelouuma escolha acertada. Cidadeque nos permitiuusufruir com intensidadedestes dois momentos importantesde nossas vidas:filhos e profissão. Temosuma filha chefe de cuisinee um filho oftalmologista,assim como uma norinhaoftalmologista, filha docolega Adilson Tecchio, aLeticia. São profissionaisfortes, definidos, independentesem seus pensamentose posturas, já bem sucedidosapesar de jovens.Sabemos que não é fácila conjugação destas duastarefas, ser mãe e profissional.A parceria e a união do casal nestahora é fundamental, um cobrindo o outroa cada momento, a cada minuto.Foi depois que cresceram que pude mededicar a esta atividade que me encanta,que é a atividade politico- social de nossaprofissão. Iniciei esta jornada pela AssociaçãoParanaense de Oftalmologia a qualservi por anos, em quase todas as atividadesde sua diretoria, culminado com apresidência por duas gestões. Agora terminoa segunda gestão da Soblec , minhagrande paixão.Mais do que tudo, a vida tem me gratificado.Hoje sou a avó do Jorge e esperoansiosa a chegada da Mariana.Eu creio na medicina, eu creio na oftalmologia,eu creio que somente a uniãopoderá resgatar os conceitos morais e éticosque fizeram minha escolha profissional.Eu acredito que possamos resgatar orespeito pelo médico e agradeço a Deuspor ter sempre me espelhado em profissionaisque me inspiram respeito e dignidade. Deixo aqui o nome que tem medado este alento na atualidade NewtonKara José. Meu grande mestre.

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