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Luís Fernando Ferreira Teixeira da Silva Eficiência de diferentes ...

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Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do MinhoEscola <strong>de</strong> EngenhariaLuís <strong>Fernando</strong> <strong>Ferreira</strong> <strong>Teixeira</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong>Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas noreforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s aacções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaDissertação <strong>de</strong> MestradoGrau <strong>de</strong> Mestre em Engenharia CivilÁrea <strong>de</strong> Conhecimento em EstruturasTrabalho efectuado sob orientação científica doProfessor Doutor José Sena-CruzOutubro <strong>de</strong> 2010i


AGRADECIMENTOSReservo este ponto para exprimir o meu agra<strong>de</strong>cimento a todos os amigos e familiares queme aju<strong>da</strong>ram e me apoiaram ao longo <strong>de</strong>sta fase <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>. Agora que foi fechado maisum capítulo do meu percurso académico, queria <strong>de</strong>ixar alguns agra<strong>de</strong>cimentos especiais.Quero manifestar o meu sincero agra<strong>de</strong>cimento ao Professor Sena-Cruz, meuorientador, por todo o apoio, aju<strong>da</strong> e disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> durante a elaboração<strong>de</strong>ste projecto, sem os quais tudo isto não seria possível.Agra<strong>de</strong>ço aos técnicos do Laboratório <strong>de</strong> Engenharia Civil <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Minho,Sr. Marco Peixoto e Sr. António Matos, por to<strong>da</strong> a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e apoio prestado naexecução do reforço e na fase <strong>de</strong> ensaio <strong>da</strong>s vigas.Igualmente <strong>de</strong>vo uma palavra <strong>de</strong> apreço ao Mário Coelho, pela <strong>de</strong>dicação que<strong>de</strong>monstrou neste projecto, tanto a nível teórico como laboratorial. Sem qualquer dúvi<strong>da</strong> quea sua sensatez, conhecimentos, companhia e amiza<strong>de</strong> foram essenciais para a execução<strong>de</strong>ste projecto.O presente trabalho foi financiado pelo programa PIDDAC, projecto no.PTDC/ECM/74337/ 2006 <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção para a Ciência e a Tecnologia (FCT).Por último, <strong>de</strong>staco algumas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s cujo contributo foi primordial para a realização<strong>de</strong>ste trabalho, nomea<strong>da</strong>mente, o Instituto <strong>de</strong> Engenharia Mecânica e Gestão Industrial <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Porto (INEGI), na pessoa <strong>da</strong> Eng.ª Célia Novo, pela especial colaboração<strong>da</strong><strong>da</strong> na produção dos laminados, à qual me permitiu assistir; à S&P pelo fornecimento doslaminados unidireccionais e do a<strong>de</strong>sivo epoxy; à Moniz Dias, L<strong>da</strong>. e à TSwaterjet, L<strong>da</strong>. pelocorte dos laminados; à SECIL pelo fornecimento do betão utilizado no fabrico dos provetes;à Hilti Portugal Produtos e Serviços, L<strong>da</strong>. pelo fornecimento dos sistemas <strong>de</strong> ancoragem eaos Engs. Sérgio Rodrigues e Jorge Gramaxo pela assistência técnica forneci<strong>da</strong>.iii


RESUMOA questão <strong>da</strong> reabilitação <strong>de</strong> estruturas está a ganhar ca<strong>da</strong> vez mais importância. Acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Civil está ca<strong>da</strong> vez mais ciente <strong>da</strong>s vantagens do recurso amateriais compósitos na reabilitação <strong>de</strong> estruturas, existindo já sistemas <strong>de</strong> reforço commateriais e técnicas bem <strong>de</strong>finidos.Uma <strong>da</strong>s primeiras técnicas <strong>de</strong> reforço a surgir, é <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> por EBR (ExternallyBon<strong>de</strong>d Reinforcement, na nomenclatura inglesa) e consiste na aplicação <strong>de</strong> mantas oulaminados <strong>de</strong> materiais poliméricos reforçados com fibras (FRP, Fibre Reinforced Polymers,na nomenclatura inglesa) colados na superfície do elemento a reforçar. Mais recentementesurgiu outra técnica <strong>de</strong> reforço, que consiste na inserção <strong>de</strong> laminados <strong>de</strong> FRP no betão <strong>de</strong>recobrimento, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> por NSM (Near Surface Mounted, na nomenclatura inglesa).Ambas as técnicas apresentam um modo <strong>de</strong> rotura precoce: <strong>de</strong>stacamento <strong>da</strong> ligaçãobetão-FRP nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do sistema <strong>de</strong> reforço. Neste projecto será apresentado umaproposta <strong>de</strong> solução, que combina a aplicação <strong>de</strong> FRP‟s colados externamente na superfíciedo elemento estrutural, com a aplicação <strong>de</strong> ancoragens ao longo do material <strong>de</strong> reforço.Com vista o estudo do comportamento <strong>da</strong> nova técnica <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> MF-EBR(Mechanically Fastened and Externally Bon<strong>de</strong>d Reinforcement, na nomenclatura inglesa),executou-se uma campanha <strong>de</strong> ensaios monotónicos e <strong>de</strong> fadiga.Neste projecto ain<strong>da</strong> foi incluído uma parte <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação numérica, com recurso aosoftware <strong>de</strong> elementos finitos FEMIX. Neste contexto, foram realiza<strong>da</strong>s simulaçõesnuméricas para as vigas submeti<strong>da</strong>s a cargas monotónicas, <strong>de</strong> modo a melhor compreen<strong>de</strong>ros resultados obtidos experimentalmente.PALAVRAS-CHAVE: EBR, NSM, MF-EBR, fadiga.iii


ABSTRACTNowa<strong>da</strong>ys the importance of the concrete structures rehabilitation is increasing. The CivilEngineering community is more aware of the benefits of using composite materials in thestructures‟ rehabilitation, and there already exists retrofit systems with materials andtechniques well <strong>de</strong>finedOne of the first strengthening techniques to emerge is called EBR (Externally Bon<strong>de</strong>dReinforcement) and involves the application of fabrics or laminates of fiber reinforcedpolymer materials (FRP, Fibre Reinforced Polymers) glued on the surface of the reinforcingelement. More recently another strengthening technique appeared, which involves insertionof FRP laminates to concrete surface, called NSM (Near Surface Mounted)Both techniques exhibit premature failure mo<strong>de</strong>: <strong>de</strong>tachment of concrete-FRP bond atthe ends of the reinforcement system. In the current work is proposed a solution, whichcombines the use of anchorage in the FRP with the EBR technique.In or<strong>de</strong>r to study the performance of this new technique, called MF-EBR (MechanicallyFastened and Externally Bon<strong>de</strong>d Reinforcement) was carried out a program of monotonicand fatigue tests.In this work were inclu<strong>de</strong>d numerical simulations of the beams which were tested un<strong>de</strong>rmonotonic loads, in or<strong>de</strong>r to a better un<strong>de</strong>rstanding of the results obtained in thoseexperimental tests. For that, was used a finite element software, called FEMIX.KEYWORDS: EBR, NSM, MF-EBR, fatigue.v


ÍndiceÍNDICEAgra<strong>de</strong>cimentosResumoAbstractiiiivCAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 11.1 ENQUADRAMENTO DO TRABALHO 11.2 OBJECTIVOS 31.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 3CAPÍTULO II - REFORÇO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS À FLEXÃO COM RECURSOA CFRP’S 52.1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 52.1.1 FRP 52.1.2 Mecanismos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência 102.2 REFORÇO À FLEXÃO DE ACORDO COM AS TÉCNICAS EBR E NSM 132.2.1 Técnica EBR 132.2.2 Técnica NSM 152.2.3 Mecanismos <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> betão reforçadoscom laminados <strong>de</strong> CFRP 162.2.4 Rotura por <strong>de</strong>stacamento – peeling-off 172.3 DIMENSIONAMENTO DO REFORÇO DE ESTRUTURAS DE BETÃOSUBMETIDAS À FLEXÃO 192.3.1 Dimensionamento do reforço à flexão, com a técnica EBR 212.3.2 Dimensionamento do reforço à flexão, com a técnica NSM 242.4 TÉCNICAS DE REFORÇO À FLEXÃO DE ACORDO COM AS TÉCNICASMF-FRP E MF-EBR 262.4.1 Técnica MF-FRP 26vii


Índice2.4.2 Técnica MF-EBR 282.5 FADIGA 292.5.1 Mecanismo <strong>de</strong> fadiga 302.5.2 Respostas ao fenómeno <strong>de</strong> fadiga 312.5.3 Ensaios <strong>de</strong> fadiga 322.5.4 Fadiga em FRP‟s 352.5.5 Fadiga no betão 362.5.6 Fadiga no a<strong>de</strong>sivo epoxy 37CAPÍTULO III - PROGRAMA EXPERIMENTAL 393.1 PROGRAMA E CONFIGURAÇÃO DOS ENSAIOS 393.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS 433.2.1 Betão 433.2.2 Aço 463.2.3 CFRP 463.2.4 A<strong>de</strong>sivo epoxy 493.2.5 Ancoragens 493.3 FABRICO E REFORÇO DAS VIGAS 493.3.1 EBR 503.3.2 NSM 523.3.3 MF-EBR 53CAPÍTULO IV - ENSAIOS DE FLEXÃO EM VIGAS SUBMETIDAS A ACÇÕESMONOTÓNICAS E DE FADIGA 574.1 INTRODUÇÃO 574.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS MONOTÓNICOS 574.3 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE FADIGA 69CAPÍTULO V – MODELAÇÃO NUMÉRICA 815.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 815.2 VIGA DE REFERÊNCIA 82viii


5.2.1 Betão 825.2.2 Aço 845.2.3 Resultados 855.3 VIGA EBR 855.3.1 FRP 865.3.2 A<strong>de</strong>sivo epoxy 875.3.3 Resultados 885.4 VIGA MF-EBR 895.4.1 FRP 905.4.2 A<strong>de</strong>sivo epoxy 905.4.3 Ancoragens 915.4.4 Resultados 925.5 VIGA NSM 935.5.1 Resultados 95CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES 97REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 101ANEXO I 105ix


ÍndiceÍNDICE DE FIGURASFigura 2.1 - Representação <strong>da</strong>s várias fases constituintes do compósito FRP. 6Figura 2.2 - Relação tensão versus extensão <strong>da</strong> fibra, <strong>da</strong> matriz e do FRP final. 6Figura 2.3 - Relação tensão versus extensão do aço e dos vários tipos <strong>de</strong> FRP. 7Figura 2.4 – Mecanismo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> esforços entre o betão e o FRP. 11Figura 2.5 – Esquema <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> corte. 12Figura 2.6 – Sistemas <strong>de</strong> ancoragens adicionais. 15Figura 2.7 - Destacamento entre o FRP e o betão. 18Figura 2.8 – Zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacamento em elementos reforçados com a técnica EBR. 19Figura 2.9 – Esquema <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças e diagrama <strong>de</strong> extensões. 23Figura 2.10 – Esquema <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças e diagrama <strong>de</strong> extensões. 24Figura 2.11 - Modos <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> laminados <strong>de</strong> FRP. 27Figura 2.12 - Dano acumulado sob compressão <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> constante basea<strong>da</strong>em três métodos <strong>diferentes</strong> <strong>de</strong> medição. 32Figura 2.13 – Carregamento cíclico típico. 33Figura 2.14 – Representação esquemática <strong>de</strong> uma curva típica S-N. 34Figura 2.15 – Representação esquemática <strong>de</strong> uma curva típica S-N-P. 35Figura 2.16 – Tipos <strong>de</strong> rotura na ligação laminado-a<strong>de</strong>sivo-betão. 38Figura 3.1 – Viga <strong>de</strong> referência. 39Figura 3.2 – Pormenor <strong>da</strong>s secções transversais <strong>da</strong>s vigas reforça<strong>da</strong>s. 40Figura 3.3 - Instrumentação adopta<strong>da</strong>. 42Figura 3.4 – Ensaio <strong>de</strong> compressão uniaxial. 44Figura 3.5 – Gráfico obtido no ensaio <strong>de</strong> compressão para obtenção do módulo <strong>de</strong>elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> 44Figura 3.6 - Produção do MDL-CFRP. 47Figura 3.7 - Fases <strong>da</strong> produção do MDL-CFRP. 47Figura 3.8 – Aplicação <strong>da</strong> técnica EBR. 51Figura 3.9 – Aplicação <strong>da</strong> técnica NSM. 52xi


ÍndiceFigura 3.10 – Aplicação <strong>da</strong> técnica MF-EBR 54Figura 3.11 – Furação <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> betão antes/após do tratamento <strong>da</strong> mesma. 55Figura 4.2 - Modo <strong>de</strong> rotura do laminado CFK na viga EBR. 59Figura 4.3 - Modo <strong>de</strong> rotura do laminado MDL-CFRP na viga MF-EBR. 60Figura 4.4 - Modo <strong>de</strong> rotura do laminado CFK na viga NSM. 60Figura 4.5 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência. 61Figura 4.6 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga EBR. 61Figura 4.7 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga NSM. 61Figura 4.8 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga MF-EBR. 62Figura 4.9 - Relação força vs. extensão no laminado em SG f1 . 63Figura 4.10 - Relação força versus extensão no laminado em SG f2 . 63Figure 4.11 - Relação força versus extensão no laminado em SG f3 . 64Figure 4.12 - Relação força versus extensão no laminado em SG f4 . 64Figura 4.13 - Evolução <strong>da</strong>s extensões nos SG f aplicados nos laminados <strong>da</strong> viga EBR 65Figura 4.14 - Evolução <strong>da</strong>s extensões nos SG f aplicados nos laminados <strong>da</strong> viga MF-EBR. 66Figura 4.15 - Evolução <strong>da</strong>s extensões nos SG f aplicados nos laminados <strong>da</strong> vigaNSM. 66Figura 4.16 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência. 67Figura 4.17 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga EBR. 67Figura 4.17 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga NSM. 68Figura 4.19 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga MF-EBR. 68Figura 4.20 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong>s vigas <strong>de</strong> referência, EBR e MF-EBR, no inicio <strong>da</strong> fendilhação. 71Figura 4.21 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong>s vigas, após os ciclos <strong>de</strong> fadiga. 71Figura 4.23 – Modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong> viga EBR. 72Figura 4.24 – Modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong> viga NSM. 72Figura 4.25 – Modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong> viga MF-EBR. 73Figura 4.26 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência. 74xii


Figura 4.27 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga EBR. 74Figura 4.28 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga NSM. 74Figura 4.29 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga MF-EBR. 74Figura 4.30 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência, ao longo dosciclos <strong>de</strong> fadiga. 75Figura 4.31 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga EBR, ao longo dos ciclos <strong>de</strong>fadiga. 76Figura 4.32 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga NSM, ao longo dos ciclos<strong>de</strong> fadiga. 76Figura 4.33 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga MF-EBR, ao longo dosciclos <strong>de</strong> fadiga. 77Figura 4.34 – Deslocamento a meio vão <strong>da</strong>s vigas, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga. 78Figura 4.34 – Curvas força versus <strong>de</strong>slocamento a meio, antes e após os ciclos <strong>de</strong>fadiga. 79Figura 5.1 – Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para a viga <strong>de</strong> referência:geometria, condições e apoio e carregamento. 82Figura 5.2 – Diagrama tensão versus extensão para o aço. 84Figura 5.3 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente eexperimentalmente para a viga <strong>de</strong> referência. 85Figura 5.4 - Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para simular a viga EBR. 86Figura 5.5 – Pormenor do sistema <strong>de</strong> reforço: betão-a<strong>de</strong>sivo-laminado <strong>de</strong> CFRP. 86Figura 5.6 – Curva <strong>de</strong> comportamento do laminado unidireccional. 87Figura 5.7 – Curva do comportamento <strong>de</strong> ligação do a<strong>de</strong>sivo para a viga EBR. 88Figura 5.8 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente eexperimentalmente para a viga EBR. 89Figura 5.9 – Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para a viga MF-EBR. 89Figura 5.10 – Curva do comportamento do laminado multi-direccional. 90Figura 5.11 – Curva do comportamento <strong>de</strong> ligação do a<strong>de</strong>sivo para a viga MF-EBR. 91Figura 5.12 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente eexperimentalmente para a viga MF-EBR. 93Figura 5.13 – Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para a viga NSM. 94xiii


ÍndiceFigura 5.14 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente eexperimentalmente para a viga NSM. 95Figura 5.15 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação do mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> viga NSM. 96xiv


ÍNDICE DE TABELASTabela 2.1 - Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> varões <strong>de</strong> FRP. 8Tabela 2.2 - Principais proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s matrizes termoendurecíveis maisutiliza<strong>da</strong>s. 8Tabela 2.3 – Principais vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong>s fibras. 10Tabela 2.4 - Valores para o coeficiente <strong>de</strong> conversão <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong>exposição. 22Tabela 2.5 – Espectro <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> fadiga. 30Tabela 3.1 – Programa <strong>de</strong> reforço. 40Tabela 3.2 – Dimensões dos laminados utilizados em ca<strong>da</strong> técnica <strong>de</strong> reforço. 41Tabela 3.3 – Valores obtidos dos ensaios <strong>de</strong> compressão a 3 anos. 45Tabela 3.4 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do aço. 46Tabela 3.5 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas dos dois tipos <strong>de</strong> laminados à tracção. 48Tabela 3.6 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do a<strong>de</strong>sivo S&P Resin 220. 49Tabela 4.1 - Principais resultados obtidos nos ensaios monotónicos. 58Tabela 4.2 – Níveis <strong>de</strong> carregamento impostos nos ciclos <strong>de</strong> fadiga. 69Tabela 4.3 - Principais resultados obtidos nos ensaios <strong>de</strong> fadiga. 70Tabela 4.4 – Deslocamento máximo e mínimos em [mm] <strong>da</strong>s vigas para o inicio efinal dos ciclos <strong>de</strong> fadiga. 80Tabela 4.5 – Valores para a variação <strong>da</strong> rigi<strong>de</strong>z ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga. 80Tabela 5.1 – Valores <strong>de</strong> . 83Tabela 5.2 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do betão utiliza<strong>da</strong>s na simulação numérica. 84Tabela 5.3 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do aço. 84Tabela 5.5 – Valor dos parâmetros para ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> betão. 94xv


Capítulo IINTRODUÇÃO1.1 ENQUADRAMENTO DO TRABALHOA constante evolução tecnológica observa<strong>da</strong> nas mais diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento,po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como um fruto <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem <strong>de</strong> explorar aspotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s existentes ao seu redor, a<strong>da</strong>ptando-as conforme as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Noramo <strong>de</strong> engenharia civil é possível i<strong>de</strong>ntificar essa evolução, com a mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong>stécnicas construtivas associa<strong>da</strong>s à <strong>de</strong>scoberta e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos materiais.Não obstante <strong>da</strong> boa performance estrutural do betão, estas estruturas estão sujeitasà <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção, o que leva a uma análise do futuro <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> estrutura. A vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong>uma estrutura <strong>de</strong> betão é imposta segundo a funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mesma, contudo aspectoscomo a má concepção estrutural, execução e ain<strong>da</strong> a falta <strong>de</strong> manutenção periódica,po<strong>de</strong>rão comprometer o <strong>de</strong>sempenho apropriado <strong>da</strong> estrutura. Com a vi<strong>da</strong> útil e<strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> estrutura comprometidos é necessário recorrer a medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>reabilitação/reforço, <strong>de</strong> maneira a restabelecer as condições <strong>de</strong> uso.Nos últimos anos têm surgido sistemas <strong>de</strong> reforço com materiais e técnicas bem<strong>de</strong>finidos, porém os sistemas que recorrem a materiais compósitos são os que têm<strong>de</strong>monstrado mais credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> no seio <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional. Actualmente ointeresse <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Civil reverte para a melhoria <strong>da</strong>s técnicas jáexistentes, tanto a nível dos materiais utilizados como dos métodos <strong>de</strong> aplicação, <strong>de</strong>maneira a superar os aspectos negativos evi<strong>de</strong>nciados nas ditas técnicas.No âmbito <strong>de</strong>sta questão, surge o trabalho <strong>de</strong>senvolvido nesta dissertação, o qual iráabor<strong>da</strong>r o estudo <strong>da</strong> eficiência <strong>de</strong> técnicas existente com recurso a materiais poliméricosreforçados com fibras (FRP - Fiber Reinforcement Polymer, na nomenclatura inglesa). Entreas técnicas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, duas já têm reconhecimento internacional: EBR (Externally Bon<strong>de</strong>dReinforcement, na nomenclatura inglesa), que consiste na aplicação do material <strong>de</strong> reforço


Capitulo 1 – Introduçãocolado na superfície do elementos estrutural a ser reforçado; NSM (Near Surface Mounted,na nomenclatura inglesa), que consiste na inserção <strong>de</strong> laminados <strong>de</strong> FRP no betão <strong>de</strong>recobrimento.Muito recentemente surgiu uma nova técnica <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> MF (MechanicallyFastened, na nomenclatura inglesa), com o intuito <strong>de</strong> contornar o modo <strong>de</strong> rotura prematuroevi<strong>de</strong>nciado na técnica EBR: <strong>de</strong>stacamento precoce do FRP, maioritariamente nasextremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do sistema <strong>de</strong> reforço. A técnica MF recorre a ancoragens metálicas para fixaro FRP à superfície do elemento estrutural a reforçar, <strong>de</strong>scartando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso doa<strong>de</strong>sivo para a transferência <strong>de</strong> esforços entre o betão e o FRP. A utilização <strong>de</strong> ancoragensmetálicas implica que o laminado a ser fixado possua boas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas nadirecção perpendicular sem comprometer o seu comportamento na direcção principal, sendoassim o laminado a utilizar <strong>de</strong>ve ser multi-direccional, em prol do unidireccional usado natécnica EBR. (Bank e Arora, 2007; Elsayed et al., 2009).No presente trabalho não será aplica<strong>da</strong> a técnica MF, mas sim uma técnica que reúnecaracterísticas <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> ancoragens metálicas com a técnica EBR, ao qual foi<strong>de</strong>signa<strong>da</strong> <strong>de</strong> MF-EBR (Mechanically Fastened and Externally Bon<strong>de</strong>d Reinforcement, nanomenclatura inglesa). Esta nova técnica abre novos campos <strong>de</strong> aplicação dos sistemas <strong>de</strong>reforço, pois com a técnica EBR, apenas se conseguia reforçar vigas e lajes à flexão ou aocorte, mas com a inserção <strong>de</strong> ancoragens metálicas o reforço po<strong>de</strong>rá ser aplicado a outroselementos estruturais como nós <strong>de</strong> pórticos (Coelho 2010).No seio académico muito investigação já foi realiza<strong>da</strong> para caracterizar ocomportamento <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> betão armado reforça<strong>da</strong>s com FRP‟s, porém tem-seapenas focado casos com carregamentos monotónicos (De Lorenzis et al., 2007).Uma <strong>da</strong>s principais aplicações dos sistemas <strong>de</strong> reforço com uso <strong>de</strong> FRP é nareabilitação <strong>de</strong> pontes. Estas estruturas estão sujeitas ao tráfego, às variações térmicas eoutras cargas que induzem cargas <strong>de</strong> fadiga à própria estrutura. Partindo <strong>de</strong>ste propósito éfun<strong>da</strong>mental estu<strong>da</strong>r o comportamento <strong>de</strong> elementos estruturais reforçados com FRP‟squando submetidos a cargas <strong>de</strong>sta natureza.No final <strong>da</strong> dissertação, espera-se uma melhor compreensão do comportamento <strong>da</strong>stécnicas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s: EBR, NSM, MF-EBR, quando submeti<strong>da</strong>s a cargas monotónicas e <strong>de</strong>fadiga. Com o presente trabalho, também se preten<strong>de</strong> contribuir para um maiorreconhecimento <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> técnica MF-EBR em aplicações <strong>de</strong> Engenharia Civil.2


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga1.2 OBJECTIVOSA presente dissertação tem como objectivos:a) Revisão bibliográfica sobre o comportamento <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> betão reforça<strong>da</strong>s comCFRP, quando submeti<strong>da</strong>s a cargas monotónicas e <strong>de</strong> fadiga;b) Reforço à flexão <strong>de</strong> vigas com três técnicas <strong>de</strong> reforço: EBR, NSM e MF-EBR;c) Caracterização do comportamento <strong>da</strong>s vigas reforça<strong>da</strong>s submeti<strong>da</strong>s a cargasmonotónicas e <strong>de</strong> fadiga;d) Simulação numérica dos ensaios monotónicos efectuados.1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃONo Capitulo 2 é feito uma revisão bibliográfica sobre o tema <strong>da</strong> dissertação. Neste capítulosão caracteriza<strong>da</strong>s as técnicas <strong>de</strong> reforço mais utiliza<strong>da</strong>s, os modos <strong>de</strong> rotura maisfrequentes e o dimensionamento associado a ca<strong>da</strong> técnica. Neste capítulo também éabor<strong>da</strong><strong>da</strong> a questão do fenómeno <strong>de</strong> fadiga e os efeitos que provoca nas estruturas <strong>de</strong>betão.No Capitulo 3 é <strong>de</strong>scrito a campanha <strong>de</strong> ensaios e o procedimento <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong>stécnicas <strong>de</strong> reforço a efectuar. Neste capítulo também é feita a caracterização dos materiaisintervenientes nos trabalhos laboratoriais.No Capitulo 4 são apresentados os principais resultados obtidos dos ensaioslaboratoriais. Neste capítulo apresentam-se os resultados dos ensaios, os padrões <strong>de</strong>fendilhação <strong>da</strong>s vigas e gráficos relevantes na interpretação dos resultados obtidos.O Capitulo 5 diz respeito à mo<strong>de</strong>lação numérica <strong>da</strong>s vigas que foram submeti<strong>da</strong>s aensaios monotónicos. Neste capítulo é <strong>de</strong>scriminado as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos materiais a ter emconta na simulação e os resultados obtidos.Por fim, no Capítulo 6 são apresenta<strong>da</strong>s as principais conclusões a retirar <strong>de</strong>stetrabalho.3


Capítulo IIREFORÇO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS À FLEXÃOCOM RECURSO A CFRP’s2.1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS2.1.1 FRPO termo compósito po<strong>de</strong> ser aplicado a qualquer combinação <strong>de</strong> dois ou mais materiaisdistintos com uma interface entre eles (ACI 2002). O FRP (Fiber Reinforced Polymer, nanomenclatura inglesa) é consi<strong>de</strong>rado como um material compósito heterogéneo eanisotrópico, que apresenta um comportamento linear até à rotura. O seu uso tem vindo acrescer em aplicações <strong>de</strong> Engenharia Civil, <strong>de</strong>vido às suas inúmeras vantagens: baixo pesoespecífico, boas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas, resistência à corrosão, entre outras. (CNR-DT200: 2004)Os FRP‟s são um compósito gerado por dois ou mais materiais heterogéneos (verFigura 2.1), no qual se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as seguintes fases: as fibras, a matriz e a interfaceentre os dois materiais. Na performance do compósito <strong>de</strong> FRP ca<strong>da</strong> elemento constituintecontribui para a resposta global, contudo conservam as suas i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s individuais, ou sejaos materiais intervenientes num compósito <strong>de</strong> FRP não se <strong>de</strong>compõem nem se transformamem outros materiais.


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sFibraInterfaceMatrizFigura 2.1 - Representação <strong>da</strong>s várias fases constituintes do compósito FRP (ACI 1996)As fibras apresentam-se sob forma <strong>de</strong> pequenos filamentos <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> eapesar <strong>de</strong> manifestarem um comportamento frágil, possuem valores <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong>elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> resistência à tracção elevados, conferindo rigi<strong>de</strong>z e resistência necessáriaao compósito final.Ao analisar a Figura 2.2, po<strong>de</strong> verificar-se que há uma discrepância na resistênciaentre as fibras e a matriz. Embora a resistência mecânica <strong>da</strong>s fibras seja superior ao produtofinal, tal como está evi<strong>de</strong>nciado na Figura 2.2, o FRP apresenta uma combinação <strong>de</strong>proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas, físicas e funcionais superiores às dos seus constituintes(Meneghetti 2007).f fib,maxFibraFRPf m,maxMatrizfib,maxm,maxFigura 2.2 - Relação tensão versus extensão <strong>da</strong> fibra, <strong>da</strong> matriz e do FRP final (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> CNR-DT200: 2004)6


Tensão <strong>de</strong> tracção (MPa)Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaConsoante a natureza <strong>da</strong> fibra, o compósito toma distintas <strong>de</strong>nominaçõesnomea<strong>da</strong>mente: compósito à base <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> vidro (GFRP – Glass Fiber ReinforcedPolymer), compósito com fibras <strong>de</strong> carbono (CFRP – Carbon Fiber Reinforced Polymer)ou compósito com fibras <strong>de</strong> arami<strong>da</strong> (AFRP – Aramid Fiber Reinforced Polymer). Dentro<strong>da</strong> gama <strong>de</strong> fibras existentes, as fibras <strong>de</strong> carbono são as mais usa<strong>da</strong>s em aplicações <strong>de</strong>Engenharia Civil, <strong>de</strong>vido a este material apresentar melhores quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas, como aresistência a agentes exteriores e imuni<strong>da</strong><strong>de</strong> à corrosão. O tipo <strong>de</strong> fibra menos utilizado eestu<strong>da</strong>do é arami<strong>da</strong>, por apresentar dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na mol<strong>da</strong>gem, baixa resistência àcompressão, e serem susceptíveis à fluência, às temperaturas eleva<strong>da</strong>s e à acção dos raiosultra-violeta. Compósitos formados com fibras <strong>de</strong> vidro, apesar <strong>de</strong> terem menor custo,possuem maior peso especifico do que os compósito à base <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> carbono,apresentam menor resistência à fadiga e são sensíveis a meios alcalinos (ACI 2002; fib2001; Barros 2004). O gráfico <strong>da</strong> Figura 2.3 evi<strong>de</strong>ncia claramente o contraste entre ocomportamento frágil <strong>da</strong>s fibras e o comportamento dúctil do aço. Analisando o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s curvas representa<strong>da</strong>s no dito gráfico, po<strong>de</strong> afirmar-se que o módulo <strong>de</strong>elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço apenas é superado pelo módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> carbono.Na Tabela 2.1 po<strong>de</strong> constatar-se as diferenças entre as várias proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos compósitosà base <strong>de</strong> fibras comparativamente com o aço.Deformação (%)Figura 2.3 - Relação tensão versus extensão do aço e dos vários tipos <strong>de</strong> FRP (Meneghetti 2007)7


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sTabela 2.1 - Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> varões <strong>de</strong> FRP (ACI 2003)Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s Aço GFRP CFRP AFRPTensão <strong>de</strong> cedência [MPa] 276-517 - - -Resistência à tracção [MPa] 483-690 483-1600 600-3690 1720-2540Módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> [GPa] 200 35-51 120-580 41-125Extensão <strong>de</strong> cedência [%] 1.4-2.5 - - -Extensão <strong>de</strong> rotura à tracção [%] 6.0-12.0 1.2-3.1 0.5-1.7 1.9-4.4Analisando os outros constituintes do compósito FRP po<strong>de</strong> afirmar-se que, enquantoas fibras contribuem para capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente e rigi<strong>de</strong>z do compósito, a matriz é ummaterial <strong>de</strong> natureza rígi<strong>da</strong> e resistente, que garante a união <strong>da</strong>s fibras, <strong>de</strong> modo a estasfuncionarem em conjunto. A matriz, para além <strong>de</strong> proteger <strong>da</strong>s agressões ambientais e dospossíveis <strong>da</strong>nos mecânicos, assegura também a transferência <strong>de</strong> esforços (CNR-DT 200:2004).No fabrico do compósito FRP, as matrizes mais utiliza<strong>da</strong>s são as poliméricas e estasdivi<strong>de</strong>m-se em dois grupos: termoendurecíveis e termoplásticas. Actualmente as matrizespoliméricas termoendurecíveis são o material <strong>de</strong> preferência para a produção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>maioria dos materiais <strong>de</strong> reforço para elementos <strong>de</strong> betão, <strong>de</strong>vido às suas óptimasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência à maior parte dos materiais, <strong>de</strong> resistência mecânicae física (ACI 2002). Na Tabela 2.2 são apresenta<strong>da</strong>s algumas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s matrizestermoendurecíveis mais preconiza<strong>da</strong>s na produção <strong>de</strong> FRP‟s.Tabela 2.2 - Principais proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s matrizes termoendurecíveis mais utiliza<strong>da</strong>s (fib 2007)Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>MatrizesPolyester Epoxy VinylesterDensi<strong>da</strong><strong>de</strong> [kg/m3] 1200-1400 1200-1400 1150-1350Resistência à tracção [MPa] 34.5-104 55-130 73-81Módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> longitudinal [GPa] 2.1-3.45 2.75-4.10 3.0-3.5Coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica [10 -6 / 0 C] 55-100 45-65 50-758


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaA terceira fase do compósito, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> interface, trata-se <strong>de</strong> uma cama<strong>da</strong> muitofina existente entre a fibra e a matriz. A interface surge a partir <strong>da</strong>s interacções químicasentre a matriz e as fibras e como tal, consi<strong>de</strong>ra-se que se trata <strong>de</strong> uma ligação perfeita(CNR-DT 200: 2004).O recurso a materiais <strong>de</strong> reforço como FRP, pren<strong>de</strong>-se pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contornaros aspectos negativos <strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> reforço e reabilitação utiliza<strong>da</strong>s até então. Este tipo<strong>de</strong> compósitos com uma matriz polimérica, tal como já foi mencionado, apresentam umaeleva<strong>da</strong> rigi<strong>de</strong>z e resistência à tracção, baixo peso e um bom comportamento à fadiga. Aeleva<strong>da</strong> resistência à corrosão dos compósitos <strong>de</strong> FRP face aos restantes materiais, permitea sua utilização em ambientes agressivos. Estes aspectos combinados com adisponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste material em formas gemétricas quase ilimita<strong>da</strong>s superam as vantagensdo uso <strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> aço e <strong>de</strong> outros materiais.Devido às suas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas consegue obter-se, através <strong>de</strong> pequenasquanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> reforço, um aumento consi<strong>de</strong>rável na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente dos elementosestruturais, sem conferir uma intervenção que altere significativamente a arquitectura dosmesmos.De forma sucinta são enunciados na Tabela 2.3 os aspectos positivos e negativosmais relevantes <strong>da</strong>s fibras e do próprio compósito:9


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sTabela 2.3 – Principais vantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong>s fibras (ACI 2003)Vantagens <strong>da</strong>s fibrasAlta resistência longitudinal (varia <strong>de</strong> acordocom o sinal e direcção do carregamento emrelação às fibras)Resistência à corrosão (não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>um revestimento)Não magnéticoAlta resistência à fadiga (varia <strong>de</strong> acordo como tipo <strong>de</strong> fibra)Peso especifico baixo (cerca <strong>de</strong> 1/5 a 1/4 <strong>da</strong><strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço)Baixa condutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica e eléctrica parafibras <strong>de</strong> vidro e arami<strong>da</strong>Desvantagens <strong>da</strong>s fibrasNão apresenta cedência antes <strong>da</strong> rotura frágilBaixa resistência ao corte (varia <strong>de</strong> acordo com osinal e direcção do carregamento em relação àsfibras)Baixo módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> quando comparadocom o aço (principalmente compósitos com fibra <strong>de</strong>vidro e arami<strong>da</strong>)Susceptibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s resinas poliméricas e <strong>da</strong>sfibras à exposição <strong>da</strong> radiação ultravioletaFraca durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> vidro num ambientehúmidoFraca durabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas fibras <strong>de</strong> vidro earami<strong>da</strong> em um ambiente alcalinoAlto coeficiente <strong>de</strong> dilatação térmica perpendicularàs fibras, em relação ao betãoSensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao fogo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> matriz2.1.2 Mecanismos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rênciaNo estudo do comportamento <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> betão reforçados com FRP‟s é fun<strong>da</strong>mentalabor<strong>da</strong>r a questão <strong>de</strong> roturas prematuras. A rotura <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> betão reforçados àflexão (um dos usos mais frequentes <strong>de</strong> FRP‟s) é causa<strong>da</strong> pela per<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência entre obetão e o compósito <strong>de</strong> fibras. Este extravio <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência é um dos principais mecanismos<strong>de</strong> falha.Um bom reforço <strong>de</strong> um elemento <strong>de</strong> betão é capaz <strong>de</strong> incrementar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>carga, através <strong>da</strong> transferência <strong>de</strong> esforços entre o betão e o material <strong>de</strong> reforço. Para talacontecer, é necessário garantir que a resistência <strong>da</strong> ligação ou a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rênciaseja eleva<strong>da</strong>. Quando a força resistente na ligação betão-reforço é supera<strong>da</strong>, há uma per<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, que po<strong>de</strong>rá levar ao aparecimento e/ou <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>rotura.10


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaUma estrutura reforça<strong>da</strong> ao ser submeti<strong>da</strong> à flexão, irá gerar fissuração na regiãotracciona<strong>da</strong> do elemento. Nos pontos on<strong>de</strong> ocorre fissuração do betão, o material <strong>de</strong> reforçofica fortemente traccionado, no qual as tensões são transferi<strong>da</strong>s para as extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>fissura (Teng et al. 2002). A concentração <strong>de</strong>stas tensões <strong>de</strong> corte na interface é um factorprepon<strong>de</strong>rante no <strong>de</strong>senvolvimento dos modos <strong>de</strong> rotura.Figura 2.4 – Mecanismo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> esforços entre o betão e o FRP (Meneghetti 2007)A per<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência é fruto <strong>da</strong> propagação <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s no betão, paralelas ao material<strong>de</strong> reforço e adjacentes à interface betão-FRP e surgem no ponto <strong>de</strong> tensão mais alta e<strong>de</strong>senvolvem-se até ao final compósito. Se o valor <strong>da</strong> resistência à tracção for superado,antes <strong>de</strong> se esgotar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente do a<strong>de</strong>sivo epoxy, o FRP irá per<strong>de</strong>r a suaa<strong>de</strong>rência e possivelmente conduzir ao colapso do sistema <strong>de</strong> reforço. Além <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong>corte presentes na interface betão-reforço, as condições superficiais do substrato e aresistência do betão são factores <strong>de</strong>terminantes que condicionam directamente a resistência<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (Dai et al. 2005; Teng et al. 2002).A resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência po<strong>de</strong>ria ser incrementa<strong>da</strong>, com o aumento do comprimento<strong>de</strong> ancoragem, no entanto alguns autores afirmam que o aumento <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong>a<strong>de</strong>rência po<strong>de</strong>rá não ser possível através do aumento do comprimento <strong>de</strong> ancoragem,porque uma vez iniciado o <strong>de</strong>stacamento do reforço, este <strong>de</strong>senvolve-se por todo ocomprimento. Ou seja, a máxima tensão <strong>de</strong> tracção no compósito po<strong>de</strong>rá não ter sidoalcança<strong>da</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do comprimento <strong>de</strong> ancoragem (Teng et al. 2002).A a<strong>de</strong>rência entre o betão e o material <strong>de</strong> reforço po<strong>de</strong> ser representa<strong>da</strong>, <strong>de</strong> formasimplifica<strong>da</strong>, como uma junta submeti<strong>da</strong> a um esforço <strong>de</strong> tracção. Täljsten (1997) utilizou umesquema <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> corte simples semelhante ao <strong>da</strong> Figura 2.5a), chegando à conclusãoque existe um comprimento <strong>de</strong> ancoragem crítico, a partir do qual a carga última nãoaumenta. Assim sendo, vali<strong>da</strong>-se o que já foi mencionado anteriormente, ou seja omecanismo <strong>de</strong> rotura é controlado com base no fenómeno <strong>de</strong> corte do betão situado11


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sadjacente à área <strong>de</strong> ligação. O betão ao entrar em rotura impossibilita <strong>de</strong> ser atingi<strong>da</strong> acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente final do reforço (Täljsten 1997). Na Figura 2.5b) e c) apresentam-seoutros esquemas <strong>de</strong> ensaio frequentemente usados na caracterização <strong>da</strong> ligação betão-FRP.FFRPFFFRPFRPa) Ensaio <strong>de</strong> corte simplesLFLFRPFFFRPFRPFFLFb) Ensaio <strong>de</strong> corte duploLLLBetãoBetãoBetãoBetãoBetãoBetãobbbbbbFbfbFFRPbfBetãobFFRPFRPLLbfBetãoBetãobc) Vista superiorLFigura 2.5 – Esquema <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> corte (adpatado <strong>de</strong> Täljsten 1997)A resistência <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência ain<strong>da</strong> é um parâmetro associado aos sistemas <strong>de</strong> reforçoque não reúne consenso internacional. Resultados e conclusões <strong>de</strong> ensaios já efectuados,entram em contradições. Contudo há consciência que factores como preparação <strong>da</strong>superfície, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do a<strong>de</strong>sivo e o comprimento <strong>de</strong> ancoragem são aspectosfun<strong>da</strong>mentais na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (Neubauer e Rostásy 1997; Barros et al. 2004;Meneghetti 2007). Outros autores (Chen e Teng 2001) enunciam seis factores fundmentaisque condicionam a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência: Comprimento <strong>de</strong> ancoragem; Resistência do betão; Rigi<strong>de</strong>z axial do material <strong>de</strong> reforço; Relação entre a largura do material <strong>de</strong> reforço e o betão; Rigi<strong>de</strong>z do a<strong>de</strong>sivo; Resistência do a<strong>de</strong>sivo.Os autores atrás referidos evi<strong>de</strong>nciam a largura do material <strong>de</strong> reforço como umaspecto importante a consi<strong>de</strong>rar na a<strong>de</strong>rência do FRP, porque associado a este aspecto12


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigapo<strong>de</strong>m ser gera<strong>da</strong>s zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong>s on<strong>de</strong> há uma eleva<strong>da</strong> concentração <strong>de</strong>tensões. Ou seja, se a largura do compósito for menor do que a do elemento a reforçar,então a distribuição <strong>de</strong> esforços não é uniforme, gerando assim num aumento <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong>corte na interface (Chen e Teng 2001).2.2 REFORÇO À FLEXÃO DE ACORDO COM AS TÉCNICAS EBR E NSMUma estrutura <strong>de</strong> betão existente, i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> como sendo estrutural ou funcionalmente<strong>de</strong>ficiente, <strong>de</strong>ve ser submeti<strong>da</strong> a uma reabilitação, que normalmente visa um incremento nasua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga.A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong> uma estrutura po<strong>de</strong> surgir por <strong>diferentes</strong> razões, como: oenvelhecimento e <strong>de</strong>terioração provocado por agentes ambientais, alteração <strong>da</strong> suafuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, alteração <strong>da</strong>s regulamentações em vigor, <strong>de</strong>feitos estruturais fruto do mauprocesso construtivo e/ou falta <strong>de</strong> manutenção. As possíveis soluções <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong>uma estrutura po<strong>de</strong>rão passar por um: encamisamento com betão, alargamento transversale sobreposições; colagem adicional <strong>de</strong> materiais avançados <strong>de</strong> alta resistência; pré-esforçoexterno, ou mesmo acrescentar novos elementos <strong>de</strong> apoio à estrutura existente.Consequentemente, a concepção do projecto i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> reforço/reabilitação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, emgran<strong>de</strong> parte, do conhecimento global <strong>da</strong> estrutura existente. Além disso o projecto <strong>de</strong>reforço <strong>de</strong>ve reger-se por normas <strong>de</strong> dimensionamento acredita<strong>da</strong>s e apropria<strong>da</strong>s para ocaso em estudo.2.2.1 Técnica EBRA técnica Externally Bon<strong>de</strong>d Reinforcement (EBR) consiste na colagem <strong>de</strong> FRP‟s nassuperfícies dos elementos a reforçar.Quando os materiais FRP‟s são ligados a um substrato <strong>de</strong> betão, o comportamento <strong>da</strong>estrutura global <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> acção combina<strong>da</strong> <strong>de</strong> todo o sistema. O modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong>estrutura global é altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ligação e <strong>da</strong>s interfaces entre os<strong>diferentes</strong> materiais. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ligação entre o sistema betão-a<strong>de</strong>sivo-FRP égeralmente favoreci<strong>da</strong> pelo uso <strong>de</strong> um a<strong>de</strong>sivo estrutural a<strong>de</strong>quado e por uma correctapreparação <strong>da</strong>s superfícies do betão e do FRP (Lamanna 2002).13


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga(Teng et al. 2002; Gar<strong>de</strong>n e Hollaway 1998). Adopção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> ancoragem vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong>a pretensão do material <strong>de</strong> reforço até à ancoragem adicional em forma <strong>de</strong> “U”, com mantas<strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> carbono orienta<strong>da</strong>s a 0 0 e a 90 0 , nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do reforço (Arduini e Nanni1997). Com a ancoragem do material <strong>de</strong> reforço consegue-se garantir um funcionamento doCFRP mais prolongado, ou seja, um acréscimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, e um pequeno incrementona capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga (Dias et al. 2006).a)b)Figura 2.6 – Sistemas <strong>de</strong> ancoragens adicionais: a) tipos <strong>de</strong> ancoragens metálicas (Rizzo 2005); b)esquema <strong>de</strong> ancoragens adicionais <strong>de</strong> mantas <strong>de</strong> CFRP em “U” (Meneghetti 2007).2.2.2 Técnica NSMDe forma a contornar os aspectos negativos que a técnica EBR envolve, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>uma técnica que consiste na inserção <strong>de</strong> material <strong>de</strong> reforço no betão <strong>de</strong> recobrimento. Estetécnica é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> por NSM (Near surface monted na nomenclatura internacional).O conceito <strong>da</strong> técnica NSM já era conhecido, no entanto o material <strong>de</strong> reforço utilizadoera varão <strong>de</strong> aço. A técnica NSM com recurso a varões <strong>de</strong> aço, provou ser inovadora comresultados bastante promissores, em termos <strong>de</strong> reforço à flexão, contudo para garantir queos varões <strong>de</strong> aço não fossem <strong>da</strong>nificados pela corrosão, era necessário consi<strong>de</strong>rar umaespessura <strong>de</strong> betão <strong>de</strong> recobrimento consi<strong>de</strong>rável (Asplund 1949).Actualmente com o aparecimento dos FRP‟s, cujas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como a sua maiorresistência à corrosão, o seu baixo peso específico e a sua maior resistência à tracção,fizeram com que o recurso aos varões <strong>de</strong> aço entrasse em <strong>de</strong>suso.15


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sComo já foi mencionado, esta técnica visa a inserção <strong>de</strong> FRP‟s em entalhesexecutados no betão <strong>de</strong> recobrimento e rege-se segundo várias etapas (Dias 2008):1. Execução e limpeza dos entalhes na face do elemento a reforçar;2. Corte dos FRP‟s nas dimensões pretendi<strong>da</strong>s no reforço;3. Preenchimento dos entalhes, já executado, com a<strong>de</strong>sivo epoxy;4. Aplicação do a<strong>de</strong>sivo epoxy nas faces dos FRP‟s, previamente limpas;5. Introdução dos FRP‟s no entalhe, removendo o excesso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo.O bom <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sta técnica como <strong>de</strong> qualquer outra técnica é resultado <strong>da</strong>quali<strong>da</strong><strong>de</strong> com que é executado o reforço.Em comparação com um sistema <strong>de</strong> reforço colado externamente, a técnica NSM ébastante mais prática, especialmente quando a fixação final do reforço é um factor<strong>de</strong>terminante, ou quando a aplicação envolve extenso trabalho <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> superfície.Recorrendo a esta técnica com inserção dos FRP‟s em ranhuras com resina epoxy, garanteseque o material <strong>de</strong> reforço é protegido dos agentes ambientais e <strong>da</strong>nos físicos.Distintos resultados comprovam que a a<strong>de</strong>rência do FRP, quando utilizado segundo atécnica NSM, conduz a melhores resultados do que quando são colados externamente,porque na primeira técnica o material <strong>de</strong> reforço apresenta o dobro <strong>da</strong> área <strong>de</strong> ligação, emrelação à técnica EBR (Ba<strong>da</strong>wi e Soudki, 2009).2.2.3 Mecanismos <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> betão reforçados com laminados<strong>de</strong> CFRPO estudo do comportamento estrutural <strong>de</strong> estruturas reforça<strong>da</strong>s com FRP é essencial paraum dimensionamento a<strong>de</strong>quado, baseado em parâmetros <strong>de</strong> serviço e outros critériosespecíficos. Para um reforço a<strong>de</strong>quado é necessário adoptar técnicas <strong>de</strong> dimensionamento,que consi<strong>de</strong>ram os <strong>diferentes</strong> modos <strong>de</strong> rotura observados em estruturas reforça<strong>da</strong>s. Paraalém dos modos tradicionais <strong>de</strong> esmagamento do betão e cedência <strong>da</strong> armadura, há ain<strong>da</strong> apossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vários modos <strong>de</strong> rotura prematuros associados à interacção betão-reforçoou à rotura do próprio reforço. Esta consciencialização dos mecanismos <strong>de</strong> rotura é crucial,para o dimensionamento <strong>de</strong> estruturas a serem reforça<strong>da</strong>s, pois a estrutura po<strong>de</strong>rá entrarem colapso prematuramente ou ain<strong>da</strong> apresentar uma rotura frágil. Para tal, o comité ACI440.2R <strong>de</strong>fine cinco modos <strong>de</strong> rotura, que <strong>de</strong>verão ser mantidos em consi<strong>de</strong>ração (ACI2002):16


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga1. Esmagamento do betão na zona comprimi<strong>da</strong>, antes <strong>da</strong> cedência do aço. Acontece emcasos <strong>de</strong> vigas com altas taxas <strong>de</strong> armadura ou em elementos fracamente armados mascom gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reforço. Este tipo <strong>de</strong> rotura não é <strong>de</strong>sejado já que ocorreinespera<strong>da</strong>mente e <strong>de</strong> maneira frágil (Thomsen et al. 2004);2. Cedência do aço, seguido pela rotura do material <strong>de</strong> reforço. Surge em elementosestruturais com baixas taxas tanto <strong>de</strong> armadura como <strong>de</strong> reforço;3. Cedência do aço, seguido pela fissuração do betão na zona comprimi<strong>da</strong>. Quando se<strong>de</strong>senvolve este mecanismo <strong>de</strong> rotura po<strong>de</strong> concluir-se que tanto a viga <strong>de</strong> referênciacomo a reforça<strong>da</strong> foram subdimensiona<strong>da</strong>s. Neste caso, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente à flexãodo elemento é consegui<strong>da</strong> com a cedência do aço na região tracciona<strong>da</strong> e peloesmagamento do betão na zona comprimi<strong>da</strong>, on<strong>de</strong> o reforço com FRP permanece intacto(Meneghetti 2007);4. Rotura na cama<strong>da</strong> do betão <strong>de</strong> recobrimento, com o <strong>de</strong>stacamento do mesmo. Surgecom a acção <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> corte e <strong>de</strong> tracção;5. Rotura na interface betão-reforço, com o <strong>de</strong>stacamento do FRP. Relacionado com aper<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência do reforço (Thomsen et al. 2004).O mecanismo <strong>de</strong> rotura i<strong>de</strong>al para estruturas <strong>de</strong> betão armado, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mentereforça<strong>da</strong>s com FRP‟s, prevê a cedência <strong>da</strong> armadura, seguido pela rotura do reforço e só<strong>de</strong>pois o esmagamento do betão na zona comprimi<strong>da</strong> (Gar<strong>de</strong>n e Hollaway, 1998). Pormotivos <strong>de</strong> segurança, é preferível que o elemento reforçado apresente um comportamentodúctil, já que após a rotura do material <strong>de</strong> reforço, provavelmente frágil, haja um possível<strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> betão.2.2.4 Rotura por <strong>de</strong>stacamento – peeling-offA maioria <strong>da</strong>s roturas observa<strong>da</strong>s em ensaios <strong>de</strong> elementos estruturais reforçados com atécnica EBR é causa<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>stacamento do sistema <strong>de</strong> reforço (peeling-off). Como tal afe<strong>de</strong>ração internacional para o betão estrutural (fib) estu<strong>da</strong> a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são do sistema <strong>de</strong>reforço e afirma que este fenómeno po<strong>de</strong> ocorrer no betão, no a<strong>de</strong>sivo ou ain<strong>da</strong> no FRP (verFigura 2.7) (fib 2001).17


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sDesintegração do betão<strong>de</strong> recobrimentoDestacamento na interfacea<strong>de</strong>sivo-betãoDestacamento do A<strong>de</strong>sivoDestacamento do FRPBetãoA<strong>de</strong>sivoFRPFigura 2.7 - Destacamento entre o FRP e o betão (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> fib 2001)A <strong>de</strong>sintegração do betão ocorre na cama<strong>da</strong> do betão <strong>de</strong> recobrimento, ou numacama<strong>da</strong> enfraqueci<strong>da</strong> como a zona <strong>da</strong> armadura longitudinal.O <strong>de</strong>stacamento ao nível do a<strong>de</strong>sivo po<strong>de</strong> surgir na interface betão-a<strong>de</strong>sivo, nainterface a<strong>de</strong>sivo-FRP ou ain<strong>da</strong> no próprio a<strong>de</strong>sivo. As duas primeiras situações surgem emelementos reforçados on<strong>de</strong> não houve um tratamento <strong>da</strong> superfície apropriado. No terceirocaso, a rotura ao longo do a<strong>de</strong>sivo ocorre se a resistência <strong>de</strong>ste for menor do que a dobetão, como em casos anormais on<strong>de</strong> o betão apresenta uma resistência eleva<strong>da</strong> ouquando o sistema <strong>de</strong> reforço está sujeito a altas temperaturas.A rotura pelo FRP é caracteriza<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>stacamento na interface <strong>da</strong>s várias cama<strong>da</strong>sconstituintes do laminado. Este fenómeno <strong>de</strong>signa-se por <strong>de</strong>laminação e a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ocorrer é bastante remota, pois esta rotura está associado a uma produção <strong>de</strong>feituosa dolaminado.O modo <strong>de</strong> rotura, por per<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, mais verificado em estruturas reforça<strong>da</strong>scom EBR é o <strong>de</strong>stacamento do sistema <strong>de</strong> reforço ao nível <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> betão. Aresistência à tracção e <strong>de</strong> corte do a<strong>de</strong>sivo é normalmente superior à do betão, assimsendo, após a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência do sistema, uma fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> betão permanece coladoao FRP.O fib ain<strong>da</strong> classifica o fenómeno <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do ponto on<strong>de</strong> arotura teve o inicio (ver figura 2.8) (fib 2001): Modo 1: Destacamento no final do laminado/manta; Modo 2: Destacamento intermédio <strong>de</strong>vido a fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> flexão; Modo 3: Destacamento <strong>de</strong>vido a fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> corte; Modo 4: Destacamento <strong>de</strong>vido a irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s e/ou rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> do betão.18


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaAçoFRPZona nãofendilha<strong>da</strong>Zona fendilha<strong>da</strong>Zona não fendilha<strong>da</strong>Zona <strong>de</strong> M máxModo 1 Modo 2 Modo 3Modo 4Figura 2.8 – Zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacamento em elementos reforçados com a técnica EBR (fib 2001)2.3 DIMENSIONAMENTO DO REFORÇO DE ESTRUTURAS DE BETÃOSUBMETIDAS À FLEXÃOPrece<strong>de</strong>ntemente a qualquer tipo <strong>de</strong> dimensionamento, é importante ter conhecimento <strong>da</strong>força máxima que po<strong>de</strong>rá ser transferi<strong>da</strong> do betão para o FRP e <strong>da</strong>s tensões normais e <strong>de</strong>corte no interface betão-FRP. O valor <strong>da</strong> força transferi<strong>da</strong> para o sistema <strong>de</strong> reforço, antesdo <strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do comprimento <strong>de</strong> ligação <strong>da</strong> área cola<strong>da</strong>. Ocomprimento <strong>de</strong> ligação óptimo é <strong>de</strong>finido como sendo o comprimento a partir do qual nãohá um incremento na força transferi<strong>da</strong> entre o betão e o sistema <strong>de</strong> reforço. Estecomprimento po<strong>de</strong> ser estimado pela fórmula (CNR-DT 200: 2004):(2.1)On<strong>de</strong> e são o módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> e a espessura do FRP, respectivamente eé a resistência média à tracção do betão.A estimativa <strong>da</strong> resistência do laminado é feita para os modos <strong>de</strong> rotura 1 e 2 <strong>de</strong>finidosna Figura 2.8. Para ser <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> é necessário calcular a energia <strong>de</strong> fractura <strong>da</strong> interfacebetão-FRP:(2.2)On<strong>de</strong>é a resistência característica do betão à compressão19


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sO parâmetro é um coeficiente geométrico associado à largura do elementoreforçado, , e do próprio sistema <strong>de</strong> reforço, . Este coeficiente é obtido com base naseguinte fórmula:(2.3)On<strong>de</strong>Para o modo <strong>de</strong> rotura por <strong>de</strong>stacamento no final do laminado (modo 1), a resistênciaúltima po<strong>de</strong> ser avalia<strong>da</strong>, <strong>da</strong> seguinte forma:(2.4)Esta fórmula representa a resistência do laminado para um modo <strong>de</strong> rotura por<strong>de</strong>stacamento no final do laminado, no qual o comprimento <strong>de</strong> ligação é igual ou superior aoóptimo. Em situações on<strong>de</strong> o comprimento <strong>de</strong> ligação, , é menor do que o comprimentoóptimo, este valor sofre uma redução, segundo a expressão:(2.5)Com<strong>de</strong>finido como o comprimento <strong>de</strong> ligaçãoNuma estimativa <strong>da</strong> resistência última para uma rotura por <strong>de</strong>stacamento intermédio(modo 2), a variação <strong>de</strong> tensões no sistema <strong>de</strong> reforço entre duas fen<strong>da</strong>s consecutivas não<strong>de</strong>verá exce<strong>de</strong>r o limite . Este limite é condicionado pelas características <strong>da</strong> ligaçãobetão-FRP, distância entre as fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> corte no betão e o nível <strong>de</strong> tensão instalado noFRP. A resistência máxima do sistema <strong>de</strong> reforço no estado limite último <strong>de</strong>verá ser inferiora :(2.6)On<strong>de</strong>, caso não haja outra informação específicaO valor <strong>da</strong> extensão última do sistema <strong>de</strong> FRP, po<strong>de</strong> ser obtido com base naresistência última atrás cita<strong>da</strong>:(2.7)20


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga2.3.1 Dimensionamento do reforço à flexão, com a técnica EBRO reforço à flexão é necessário em elementos estruturais sujeitos a momentos <strong>de</strong> flexãosuperiores à sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente. Neste ponto apenas é analisado odimensionamento do reforço à flexão unidireccional, ou seja, em casos on<strong>de</strong> o eixo domomento actuante coinci<strong>de</strong> com um eixo principal <strong>de</strong> inércia <strong>da</strong> secção transversal (CNR-DT 200: 2004).Para o cálculo <strong>da</strong> resistência à flexão <strong>de</strong> uma secção reforça<strong>da</strong> com um sistema <strong>de</strong>FRP aplicados externamente, a norma italiana, CNR-DT 200, consi<strong>de</strong>ra os seguintesrequisitos (CNR-DT 200: 2004): O dimensionamento <strong>de</strong> cálculo é baseado nas actuais dimensões, disposição <strong>da</strong>sarmaduras e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos materiais do elemento estrutural a ser reforçado; As extensões no betão e nas armaduras são directamente proporcionais às suasrespectivas distâncias ao eixo neutro <strong>da</strong> secção, ou seja, as secções planas antes <strong>da</strong>aplicação do carregamento permanecem planas após a sua aplicação; Não há <strong>de</strong>slocamento relativo entre o FRP e o betão; A <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> corte na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo é <strong>de</strong>spreza<strong>da</strong>, visto esta ser muito fina,com reduzi<strong>da</strong>s variações <strong>de</strong> espessura; A máxima extensão <strong>de</strong> compressão no betão é 0,003; A resistência à tracção do betão é <strong>de</strong>spreza<strong>da</strong>; Assume-se que o diagrama tensão versus extensão do aço é elástico-linear até à suacedência, seguido <strong>de</strong> comportamento perfeitamente plástico; Admite-se que o CFRP é caracterizado por uma lei linear e elástica tensão-extensão atéà rotura.A análise <strong>de</strong> elemento reforçados com FRP à flexão, <strong>de</strong>ve ser basea<strong>da</strong> no equilibro <strong>de</strong>forças e na compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensões. Quando a rotura é responsabiliza<strong>da</strong> pelo sistema <strong>de</strong>FRP, qualquer diagrama <strong>de</strong> extensões correspon<strong>de</strong>nte ao modo <strong>de</strong> rotura tem um valor fixopara a extensão do FRP, :(2.8)On<strong>de</strong>:- Extensão característica na rotura do sistema <strong>de</strong> reforço adoptado– Coeficiente inerente ao tipo <strong>de</strong> rotura do FRP.21


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’s– Coeficiente <strong>de</strong> conversão do ambiente. Na Tabela 2.4 são enunciados os possíveisvalores a serem atribuídos a este coeficiente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> fibra/a<strong>de</strong>sivo e <strong>da</strong>scondições <strong>de</strong> exposição.Tabela 2.4 - Valores para o coeficiente <strong>de</strong> conversão <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> exposição (CNR-DT 200:2004).Condições <strong>de</strong> exposição do laminado Tipo <strong>de</strong> fibra/a<strong>de</strong>sivoArami<strong>da</strong>/Epoxy 0,85Inserido no betão (técnica NSM) Carbono/Epoxy 0,95Vidro/Epoxy 0,75Arami<strong>da</strong>/Epoxy 0,75ExternoCarbono/Epoxy 0,85Vidro/Epoxy 0,65Arami<strong>da</strong>/Epoxy 0,70Ambientes agressivosCarbono/Epoxy 0,85Vidro/Epoxy 0,50A distribuição <strong>da</strong>s extensões ao longo <strong>da</strong> secção transversal <strong>de</strong>verá ser linear, <strong>de</strong>modo a satisfazer os requisitos atrás enunciados. As restantes extensões <strong>de</strong>verão sercalcula<strong>da</strong>s pelas fórmulas seguintes: FRP: (2.9) Betão (compressão): (2.10) Aço (compressão): (2.11) Aço (tracção): (2.12)On<strong>de</strong>:- Representa a extensão última do betão à compressão;- Representa a posição do eixo neutro. O valor <strong>de</strong>ste é quantificado pela distância entre aposição do eixo neutro e a fibra mais comprimi<strong>da</strong> <strong>da</strong> secção transversal (ver Figura 2.9).22


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaFRPa) b) c)Figura 2.9 – Esquema <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças e diagrama <strong>de</strong> extensões: a)secção reforça<strong>da</strong>; b)diagrama <strong>de</strong> extensões; c) equilíbrio <strong>de</strong> forças (CNR-DT 200:2004)Em casos <strong>da</strong> rotura ocorrer pelo esmagamento do betão na zona comprimi<strong>da</strong> com acedência <strong>da</strong>s armaduras em tracção, a extensão do betão tem um valor fixo,. O<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s extensões ao longo <strong>da</strong> secção continua a ser calculado <strong>de</strong> forma agarantir a lineari<strong>da</strong><strong>de</strong> exigi<strong>da</strong> por ACI 440: FRP: (2.13) Betão (compressão): (2.14) Aço (compressão): (2.15) Aço (tracção): (2.16)A posição do eixo neutro, para as duas situações, é expressa segundo uma equação<strong>de</strong> equilibro <strong>de</strong> forças ao longo do eixo <strong>da</strong> viga:(2.17)O momento resistente do elemento reforçado po<strong>de</strong> ser calculado usando umaequação <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> momentos:(2.18)Se o aço se encontrar na fase elástica, a tensão é obti<strong>da</strong> pela lei <strong>de</strong> Hooke com baseno módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço. Caso o aço apresenta um comportamento plástico atensão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> é a tensão <strong>de</strong> cedência, .23


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sInicialmente consi<strong>de</strong>rou-se que o FRP tem um comportamento linear até à rotura,então a tensão será obti<strong>da</strong> pela lei <strong>de</strong> Hooke, com base na extensão e no módulo <strong>de</strong>elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do FRP.Paralelamente ao dimensionamento do reforço a aplicar, é necessário verificar aresistência ao corte, porque um incremento na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente po<strong>de</strong>rá implicar numarotura não por <strong>de</strong>stacamento do FRP ou esmagamento do betão, mas sim por corte. Com aintervenção num elemento <strong>de</strong> betão a carga resistente aumenta, contudo a armaduratransversal existente po<strong>de</strong>rá não suportar a nova carga actuante e entrar em colapso (CNR-DT 200:2004).2.3.2 Dimensionamento do reforço à flexão, com a técnica NSMNo dimensionamento do reforço com a técnica NSM, também se consi<strong>de</strong>ra as mesmashipóteses <strong>de</strong> cálculo associa<strong>da</strong>s à técnica EBR. Segundo o procedimento aconselhado peloACI 440.2R, o dimensionamento <strong>de</strong> um reforço rege-se segundo um procedimento <strong>de</strong>tentativa-erro. A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> posição do eixo neutro é um processo iterativo, ou seja,inicialmente arbitra-se um valor para c e calcula-se as tensões e extensões dos materiaiscom base neste valor. O valor calculado e o valor arbitrado inicialmente são comparados ese forem coerentes, o valor para a posição do eixo neutro foi encontrado. Caso contrário,outro valor <strong>de</strong>ve ser assumido e o processo <strong>de</strong>ve ser repetido até convergir (ACI 2008). NaFigura 2.10 são apresentados esquemas <strong>de</strong> digrama <strong>de</strong> extensões e equilíbrio <strong>de</strong> forças, noqual se baseou para calcular as extensões e tensões.a) b) c)Figura 2.10 – Esquema <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças e diagrama <strong>de</strong> extensões (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> ACI 2008)24


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaIn<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> posição do eixo neutro, c, a extensão do material <strong>de</strong> reforço é<strong>de</strong>terminado pela seguinte fórmula:(2.19)Se a inequação for ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, então o elemento reforçado irá apresentar uma roturapor esmagamento do betão; porém se então a rotura ocorrerá pelo FRP.A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> tensão instala<strong>da</strong> no laminado, , é obti<strong>da</strong> pela lei <strong>de</strong> Hooke, jáque este material apresenta um comportamento linear até à rotura:(2.20)Com base no diagrama <strong>de</strong> extensões po<strong>de</strong>-se estimar a extensão do aço, :(2.21)A tensão do aço,, é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pela curva tensão-extensão:(21)A posição do eixo neutro, c, po<strong>de</strong> ser estima<strong>da</strong> usando a fórmula adjacente:(2.22)Os parâmetros e estão associados à <strong>de</strong>finição do bloco <strong>de</strong> tensões no betão,equivalente a uma distribuição não linear <strong>de</strong> tensões.Após a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> posição do eixo neutro, a resistência à flexão <strong>da</strong> secção doelemento reforçado po<strong>de</strong> ser obti<strong>da</strong> <strong>da</strong> seguinte forma:(2.23)Associado ao FRP, consi<strong>de</strong>ra-se um factor <strong>de</strong> redução . Este factor éaplicado à contribuição do FRP <strong>de</strong> modo a reflectir as incertezas inerentes aos sistemas <strong>de</strong>reforço com FRP, comparativamente com o aço e o betão (ACI 2008).25


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’s2.4 TÉCNICAS DE REFORÇO À FLEXÃO DE ACORDO COM AS TÉCNICAS MF-FRP E MF-EBR2.4.1 Técnica MF-FRPA técnica <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> por Mechanically Fastened Fiber Reinforced Polymer (MF-FRP) surge com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contornar tanto os aspectos negativos como também osmodos <strong>de</strong> rotura frágeis <strong>da</strong> técnica EBR. MF-FRP trata-se <strong>de</strong> uma técnica <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong>estruturas promissora, particularmente on<strong>de</strong> a rapi<strong>de</strong>z do reforço e o urgente uso sãocruciais. Contudo o reforço com esta técnica está <strong>de</strong>stinado a estruturas com período <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> útil limitado (Bank 2004).Com o método MF-FRP, o reforço é obtido através <strong>da</strong> fixação do laminado ao betão,recorrendo a parafusos. Este método é consi<strong>de</strong>rado rápido, utiliza ferramentasconvencionais, materiais leves e não requer trabalho qualificado para executá-lo. Alémdisso, ao contrário do método EBR, este não necessita <strong>de</strong> uma extensa preparação <strong>da</strong>superfície que recebe o reforço e permite o uso imediato <strong>da</strong> estrutura após reforça<strong>da</strong> (Banket al. 2007). No entanto, com a fixação mecânica é inevitável a criação <strong>de</strong> concentrações <strong>de</strong>tensões (Lamanna 2002).O processo <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong>sta técnica acarreta aspectos negativos, quecondicionam o bom funcionamento e longevi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> própria técnica. Uma vez que a fixaçãoé feita através <strong>de</strong> um material metálico, este estará sujeito a fenómenos <strong>de</strong> corrosão. Comose trata <strong>de</strong> uma técnica <strong>de</strong> reforço ain<strong>da</strong> em fase <strong>de</strong> estudo, tanto a corrosão como aconsequência <strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção dos buracos no material <strong>de</strong> reforço, necessitam <strong>de</strong> seraprofun<strong>da</strong>dos. Além disso, é fun<strong>da</strong>mental aperfeiçoar a metodologia <strong>de</strong> dimensionamento,<strong>de</strong> maneira a obter o comportamento dúctil <strong>de</strong>sejável para técnica <strong>de</strong> MF-FRP (Bank 2004).Na implementação <strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong> reforço, o tipo <strong>de</strong> parafuso a utilizar <strong>de</strong>ve sertomado em conta. Parafusos <strong>de</strong> comprimento reduzido po<strong>de</strong>m incutir um <strong>de</strong>stacamentoprecoce do CFRP para cargas relativamente baixas. Para além do comprimento, se odiâmetro do próprio parafuso a empregar for consi<strong>de</strong>ravelmente elevado, a implementação<strong>da</strong> bucha po<strong>de</strong>rá gerar fissuras iniciais. Este tipo <strong>de</strong> fendilhação inicial ain<strong>da</strong> po<strong>de</strong>rá seragravado em casos <strong>da</strong> fixação ser feita segundo duas fileiras <strong>de</strong> parafusos (Rizzo 2005).A ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema MF-FRP po<strong>de</strong>rá ser incrementa<strong>da</strong>, comparativamente àtécnica EBR, se forem utilizados parafusos compridos implementados no material <strong>de</strong> reforço26


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigapreviamente furado. Consequentemente, com a técnica MF-FRP é possível obter uma roturagradual do betão comprimido que não seja súbita e inespera<strong>da</strong>.Para as fixações mecânicas po<strong>de</strong>m-se apontar cinco modos <strong>de</strong> rotura (ASTM 2005;Lamanna 2002). Na figura adjacente são apresentados esquemas <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> modo <strong>de</strong> rotura.Modos <strong>de</strong> rotura principais:(a) (b) (c)Modos <strong>de</strong> rotura secundários:(d)(e)a) Rotura por esmagamento (bearing). Caracterizado por esmagamento do material emredor <strong>da</strong> área <strong>de</strong> contacto do parafuso. Trata-se <strong>de</strong> uma rotura gradual e progressiva;b) Rotura por tracção pura (net-tension). Resultado <strong>de</strong> uma concentração <strong>de</strong> tensões naproximi<strong>da</strong><strong>de</strong> do furo, gerando fen<strong>da</strong>s que se propagam ao longo <strong>da</strong> secção dolaminado, perpendicular à direcção do carregamento imposto;c) Rotura por corte (shearout). Ocorre com o aparecimento <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> corte paralelas àdirecção do carregamento, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a zona do furo até à extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> dolaminado;d) Rachadura do laminado (cleavage);e) Rompimento do laminado (tearout).Figura 2.11 - Modos <strong>de</strong> rotura <strong>de</strong> laminados <strong>de</strong> FRP (ASTM D5961 2005)Dos cinco modos enunciados, consi<strong>de</strong>ram três como sendo principais: rotura poresmagamento, por tracção pura e por corte. Os restantes modos <strong>de</strong> rotura são consi<strong>de</strong>radoscomo sendo secundários porque apenas se <strong>de</strong>senvolvem após o esmagamento do laminadoter ocorrido. Na caracterização do laminado, quando estes apresentam estes tipos <strong>de</strong> rotura,os resultados <strong>de</strong>stes ensaios são consi<strong>de</strong>rados inválidos.27


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sPerante os vários modos <strong>de</strong> rotura, o mais <strong>de</strong>sejado é a rotura por esmagamento emredor do parafuso, porque a fixação é capaz <strong>de</strong> manter a resistência até níveis <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento significativos. Os restantes dois modos <strong>de</strong> rotura principais ten<strong>de</strong>m a se<strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong> forma mais frágil (Lamanna 2002).2.4.2 Técnica MF-EBRNo presente trabalho não será aplica<strong>da</strong> a técnica MF, mas sim uma técnica que reúnecaracterísticas <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> ancoragens metálicas com a técnica EBR, ao qual foi<strong>de</strong>signa<strong>da</strong> <strong>de</strong> MF-EBR (Mechanically Fastened and Externally Bon<strong>de</strong>d Reinforcement, nanomenclatura inglesa). O procedimento <strong>de</strong> reforço <strong>de</strong>sta técnica comporta as seguintesetapas (Coelho 2010):1. Marcação e realização do furo;2. Preparação <strong>da</strong> superfície do elemento a reforçar. O tratamento <strong>de</strong>ve ser feito conformefoi mencionado no ponto referente à técnica EBR;3. Limpeza tanto <strong>da</strong> superfície trata<strong>da</strong> como do furo com ar comprimido, <strong>de</strong> maneira a retirarqualquer tipo <strong>de</strong> resíduo criado pelas fases <strong>de</strong> furação e tratamento <strong>de</strong> superfície;4. Colocação dos parafusos. Inicialmente aplica-se uma bucha química e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> insereseo parafuso até à profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> pretendi<strong>da</strong>. Antes <strong>de</strong> seguir para as seguintes etapas abucha química <strong>de</strong>ve ter uma semana <strong>de</strong> cura;5. Furação no laminado;6. Aplicação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo epoxy tanto no material <strong>de</strong> reforço previamente furado como nasuperfície a ser reforça<strong>da</strong>;7. Aplicação do material <strong>de</strong> reforço na zona com a<strong>de</strong>sivo. O reforço <strong>de</strong>verá ser comprimidoao betão e o excesso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo removido;8. Se for previsto pré-esforço nos parafusos, este <strong>de</strong>ve ser aplicado <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> cura dosistema <strong>de</strong> reforço.Esta nova técnica abre novos campos <strong>de</strong> aplicação dos sistemas <strong>de</strong> reforço, pois coma técnica EBR, apenas se conseguia reforçar vigas e lajes à flexão ou ao corte, mas com ainserção <strong>de</strong> ancoragens metálicas o reforço po<strong>de</strong>rá ser aplicado a outros elementosestruturais como nós <strong>de</strong> pórticos (Coelho 2010).28


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga2.5 FADIGAA fadiga po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como sendo um <strong>da</strong>no estrutural progressivo e permanente, queocorre quando a estrutura está sujeita a acções repeti<strong>da</strong>s. Este <strong>da</strong>no gradual culmina numapropagação <strong>de</strong> micro-fen<strong>da</strong>s, que posteriormente po<strong>de</strong>rão comprometer a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>estrutura ou ain<strong>da</strong> mesmo o seu colapso. A fadiga do betão está associa<strong>da</strong> com o<strong>de</strong>senvolvimento interno <strong>de</strong> micro-fissuras, tanto na interface cimento/agregado como naprópria matriz.O conceito <strong>de</strong> fadiga tem vindo a ser estu<strong>da</strong>do por to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica, e atémesmo o comportamento <strong>de</strong> alguns materiais à fadiga, como o aço, é praticamenteconhecido. Porém, o comportamento <strong>de</strong> materiais compósitos, como o betão, quandosubmetidos a cargas <strong>de</strong> fadiga têm vindo a suscitar gran<strong>de</strong> interesse a nível internacional,<strong>de</strong>vido a alguns aspectos que se passaram a observar a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, po<strong>de</strong>ndo<strong>de</strong>stacar-se os seguintes (RILEM 1984): O uso <strong>de</strong> materiais mais resistentes combinados com metodologias <strong>de</strong> cálculo maisrefina<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>ndo origem a estruturas mais esbeltas, cujo as cargas permanentesrepresentam uma pequena parte <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> carga <strong>da</strong> própria estrutura. O uso <strong>de</strong> novos tipos <strong>de</strong> estruturas, como estruturas marítimas, sujeitas a acções dovento e <strong>da</strong>s marés. Os efeitos <strong>de</strong> cargas repeti<strong>da</strong>s, nas características dos materiais, po<strong>de</strong>rão comprometeras condições <strong>de</strong> serviço, mesmo que não cause uma rotura por fadiga.A fadiga po<strong>de</strong>rá ocorrer para acções <strong>de</strong> carregamentos cíclicos, ou seja, quando ummaterial está submetido a acções que variam segundo o tempo. A acção continua <strong>de</strong>ste tipo<strong>de</strong> carregamento conduz, por ventura, ao fenómeno <strong>de</strong> fadiga, no qual é traduzido por umagama <strong>de</strong> tensões, uma máxima e uma mínima, aplica<strong>da</strong>s durante um <strong>de</strong>terminado intervalo<strong>de</strong> tempo.As acções dinâmicas não são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como permanentes ou quasepermanentes,contudo alguns tipos <strong>de</strong>stas acções flutuam continuamente ao longo dotempo, acabando por ocorrer durante to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> útil <strong>da</strong> estrutura (Cachim 2000). Devido àsua relevância, po<strong>de</strong>m-se salientar as seguintes cargas: Acções <strong>de</strong> tráfego; Acções sísmicas; Acção do vento em estrutura <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> esbeltez; Efeito <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s do mar em obras marítimas;29


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’s Equipamentos industriais; Variação diferencial <strong>de</strong> pressões hidrostáticas e <strong>de</strong> temperatura.1984):As acções dinâmicas supracita<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>m ser agrupa<strong>da</strong>s em três categorias (RILEM, Acções <strong>de</strong> impacto – caracteriza<strong>da</strong>s por eleva<strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> carregamento; Acções cíclicas baixas – caracteriza<strong>da</strong>s por baixo número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> elevados níveis <strong>de</strong>tensão. Trata-se <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga baixos, no qual o número <strong>de</strong> ciclos vagamenteultrapassa os 1000 ciclos; Acções cíclicas altas – caracteriza<strong>da</strong>s por um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> baixos níveis<strong>de</strong> tensão. Trata-se <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga altos, no qual o número <strong>de</strong> ciclos ultrapassa os1000 ciclos.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> catalogação acima <strong>de</strong>scrita, há outros actores, como Hsu(1981), que <strong>de</strong>finem, para as mesmas acções cíclicas, várias categorias (Tabela 2.5):Tabela 2.5 – Espectro <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> fadiga (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Hsu 1981)Ciclos <strong>de</strong> fadiga baixos Ciclos <strong>de</strong> fadiga altos Ciclos <strong>de</strong> fadiga muito altosEstruturas sujeitas asismosPavimentos<strong>de</strong>aeroportos epontesEstra<strong>da</strong>s epontesferroviárias,pavimentos <strong>de</strong>auto-estra<strong>da</strong>sEstruturas <strong>de</strong>tráfego <strong>de</strong> altaveloci<strong>da</strong><strong>de</strong>Estruturasmarítimas1 10 1 10 2 10 3 10 4 10 5 10 6 10 7 10 8 10 92.5.1 Mecanismo <strong>de</strong> fadigaO mecanismo <strong>de</strong> fadiga ain<strong>da</strong> não é completamente compreendido e mesmo as teorias queexplicam o inicio e propagação <strong>da</strong>s fen<strong>da</strong>s não chegam a um consenso. Murdock e Kesler(1960) afirmam que o inicio do fenómeno <strong>de</strong> fadiga po<strong>de</strong>-se ser associado à <strong>de</strong>terioraçãogradual <strong>da</strong> ligação entre o agregado graúdo e a matriz ligante. A rotura do elementoestrutural ocorre com a rotura <strong>da</strong> matriz (Murdock et al. 1960).Antrim (1967), por outro lado, consi<strong>de</strong>ra que a rotura por fadiga é proveniente <strong>da</strong>formação e propagação <strong>de</strong> pequenas fen<strong>da</strong>s na matriz cimenticia, no qual irão enfraquecera secção ao ponto <strong>de</strong> esta não suportar a carga aplica<strong>da</strong>. O autor ain<strong>da</strong> garante que o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente <strong>da</strong> razão água-cimento e napresença <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> retracção existentes na matriz cimentícia (Antrim 1967).30


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaOs mo<strong>de</strong>los acima mencionados são ain<strong>da</strong> bastante teóricos, em parte porque osresultados obtidos em ensaios laboratoriais não vão <strong>de</strong> encontro aos verificados nareali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em casos reais, a tensão instala<strong>da</strong> nas estruturas correntes é inferior a 50% <strong>da</strong>resistência do betão, sendo assim não é possível levar a estrutura à rotura por fadiga(RILEM 1984). Contudo, mesmo assim po<strong>de</strong>-se concluir que a fadiga no betão estáassocia<strong>da</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento interno <strong>de</strong> micro-fen<strong>da</strong>s tanto na interface matriz cimentíciaagregadocomo na própria matriz.2.5.2 Respostas ao fenómeno <strong>de</strong> fadigaInerente ao fenómeno <strong>de</strong> fadiga, surge um outro conceito <strong>de</strong>nominado por limite <strong>de</strong> fadiga,N. Este novo parâmetro surge como resposta à fadiga, no qual <strong>de</strong>fine o número máximo <strong>de</strong>ciclos <strong>de</strong> carregamento que uma estrutura consegue suportar, sem que ocorra um acumular<strong>de</strong> <strong>da</strong>nos e eventual rotura. O limite <strong>de</strong> fadiga é variável e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s características domaterial e <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> carregamento impostas. Outra alternativa como resposta àfadiga, é a resistência à fadiga ou nível <strong>de</strong> tensão, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> por S. O nível <strong>de</strong> tensãorepresenta a fracção <strong>da</strong> resistência monotónica que uma estrutura po<strong>de</strong>rá suportar para um<strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> ciclos:(2.24)Sendo:– Tensão aplica<strong>da</strong> ao elemento <strong>de</strong> betão- Resistência estática do elemento <strong>de</strong> betãoCom a <strong>de</strong>finição do conceito <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> tensão, surge um outro parâmetro, comrelevância no estudo <strong>da</strong> fadiga, <strong>de</strong>nominado razão <strong>de</strong> fadiga, R. A razão <strong>de</strong> fadiga é a razãoentre os níveis <strong>de</strong> tensão mínimo ( ) e máximo ( ).(2.25)A <strong>de</strong>formação total do betão fruto do carregamento cíclico divi<strong>de</strong>-se em duascomponentes, <strong>de</strong>formação elástica ( ) e uma <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo ( )(Holmen 1979):(2.26)A <strong>de</strong>formação está associa<strong>da</strong> apenas ao carregamento cíclico, no qual se po<strong>de</strong><strong>de</strong>tectar três fases distintas na sua evolução:31


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sI. Crescimento rápido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio até cerca <strong>de</strong> 10% do limite <strong>de</strong> fadiga;II. Crescimento uniforme <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 10% até cerca <strong>de</strong> 80% do limite <strong>de</strong> fadiga;III. Crescimento rápido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 80% do limite <strong>de</strong> fadiga até ao colapso do elemento.Na Figura 2.12 apresenta-se o resultado <strong>de</strong> um ensaio efectuado pelo método <strong>da</strong>veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do impulso ultra-sónico, em que niti<strong>da</strong>mente se po<strong>de</strong> observar as três fasessupracita<strong>da</strong>s.RoturaDeformação, εtN.º <strong>de</strong> ciclosFigura 2.12 - Dano acumulado sob compressão <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> constante basea<strong>da</strong> em três métodos<strong>diferentes</strong> <strong>de</strong> medição (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Kim et al. 2008)2.5.3 Ensaios <strong>de</strong> fadigaOs ensaios que visam o estudo do comportamento à fadiga constituem um processomoroso, já que os elementos a ser testados po<strong>de</strong>m ser submetidos a uma vasta gama <strong>de</strong>acções. O estudo em materiais compósitos à fadiga é baseado em carregamentos <strong>de</strong>amplitu<strong>de</strong> variável que constituem em dois ou mais blocos <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> constante, para doisou mais níveis <strong>de</strong> tensão e razões <strong>de</strong> fadiga. A variação <strong>da</strong>s cargas ao longo do tempo,normalmente, rege-se segundo uma função sinusoi<strong>da</strong>l (ver Figura 2.13):(2.27)32


Tensão aplica<strong>da</strong>, σEficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaSendo,- Tensão média aplica<strong>da</strong>– Amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> carregamento– Tempo- Frequência do carregamentoTensão máxima,Amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> carregamento,Tensão média,Tensão mínima,Tempo, tFigura 2.13 – Carregamento cíclico típico (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Post 2008)Os ensaios que recorrem a blocos <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> constante são simples <strong>de</strong>realizar em ambiente laboratorial, porém, em situação real, não são representativos, no qualnão se garante o mesmo estado <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos nos materiais.A resposta do betão à fadiga é condiciona<strong>da</strong> por distintos parâmetros, tais como: agama <strong>de</strong> tensões aplica<strong>da</strong>s, a frequência <strong>de</strong> carregamento, a composição do betão, ascondições <strong>de</strong> mistura e cura. O efeito <strong>da</strong> frequência adopta<strong>da</strong> no ensaio está associado àgama dos níveis <strong>de</strong> tensão impostos, isto é, para níveis <strong>de</strong> tensão abaixo <strong>de</strong> 0.75, po<strong>de</strong>-seafirmar que a influência <strong>de</strong> frequências <strong>de</strong> carregamento entre 1 e 15 Hz no limite <strong>de</strong> fadigapo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>spreza<strong>da</strong> (ACI 1974). No caso <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> tensão elevados, já se po<strong>de</strong> verificarque um aumento <strong>da</strong> frequência <strong>de</strong> carregamento implica um aumento do limite <strong>de</strong> fadiga(Cornellisen 1984, CEB 1988).O <strong>da</strong>no proveniente do carregamento dinâmico não po<strong>de</strong> ser quantificado com basena resistência estática do elemento posteriormente ao ensaio. Alguns autores verificaramque provetes após serem submetidos a acção cíclicas com uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> razão <strong>de</strong>fadiga, apresentavam um aumento <strong>de</strong> resistência quando testados estaticamente.(Gheorghiu et al, 2005)33


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sOs ensaios <strong>de</strong> fadiga geralmente apresentam uma gran<strong>de</strong> discrepância <strong>de</strong> resultadose, para tal, é necessário ensaiar vários provetes para ca<strong>da</strong> nível <strong>de</strong> tensão, <strong>de</strong> maneira agerar a curva S-N <strong>de</strong> um betão em específico. Estas curvas S-N, também <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s porcurvas <strong>de</strong> Wöhler, regem-se segundo uma representação semi-logarítmica, em que o nível<strong>de</strong> tensão máximo (S máx ) se encontra no eixo <strong>da</strong>s or<strong>de</strong>nas e o número <strong>de</strong> ciclos queconduzem à rotura (N f ) no eixo <strong>da</strong>s abcissas. As curvas S-N são representa<strong>da</strong>s para umnível <strong>de</strong> tensão mínimo constante (S min =constante) ou para uma razão <strong>de</strong> fadiga constante(R=constante). Na Figura 2.14, é representado uma curva típica S-N.Figura 2.14 – Representação esquemática <strong>de</strong> uma curva típica S-N (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Dieter 1976)Ao aplicar conceitos <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, é possível obter uma relação entre aprobabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> rotura (P) e o número <strong>de</strong> ciclos até à rotura, obtendo-se as curvas S-N-P,como se po<strong>de</strong> verificar na Figura 2.15 (Holmen 1979).34


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaFigura 2.15 – Representação esquemática <strong>de</strong> uma curva típica S-N-P (Holmen1979)2.5.4 Fadiga em FRP’sAo contrário do que é verificado no aço, a fadiga em materiais compósitos como betão eFRP‟s, não ocorre com o aparecimento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma única fen<strong>da</strong>, mas pelo<strong>de</strong>senvolvimento simultâneo <strong>de</strong> inúmeras fen<strong>da</strong>s que tornam impossível quantificar o <strong>da</strong>nopor fadiga (Talreja 2008). No caso dos FRP‟s, o <strong>da</strong>no por fadiga po<strong>de</strong> apresentar váriostipos <strong>de</strong> rotura, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do número <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s gera<strong>da</strong>s: rotura <strong>da</strong> fibra,fissuração <strong>da</strong> matriz, <strong>de</strong>laminação e <strong>de</strong>stacamento (Sevostianov et al. 2003).O primeiro tipo <strong>de</strong> rotura a surgir num compósito quando sujeito a cargas uniaxiais é a<strong>de</strong>scolagem <strong>da</strong> interface, <strong>de</strong>vido à per<strong>da</strong> <strong>de</strong> ligação na interface entre as fibras e a matrizenvolvente. Esta per<strong>da</strong> <strong>de</strong> ligação faz com que haja um <strong>de</strong>slocamento relativo <strong>da</strong>s fibras àmatriz, provocando micro-fissuras que, ao propagarem, irão gerar fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> dimensõesconsi<strong>de</strong>ráveis na matriz. Com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s fen<strong>da</strong>s, há uma redução <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z nadirecção normal às fibras, que conduz a uma redução na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga docompósito. A propagação <strong>da</strong>s fissuras po<strong>de</strong> ocorrer segundo a direcção longitudinal, queconsequentemente provoca a separação <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s inerentes. Este fenómeno <strong>de</strong>nominasepor <strong>de</strong>laminação.O <strong>da</strong>no <strong>da</strong>s fibras surge após os outros tipos <strong>de</strong> rotura estarem presenciados. Asfibras, que agora estão separa<strong>da</strong>s do resto do compósito, são sujeitas a maiores esforçospara o mesmo carregamento, fruto <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> secção resistente.35


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sNa abor<strong>da</strong>gem do conceito <strong>de</strong> fadiga nos FRP‟s, o parâmetro <strong>de</strong> resistência à fadigaS, <strong>de</strong>ve ser substituído pela extensão do material. Compósitos com <strong>diferentes</strong> volume <strong>de</strong>fibras irão apresentar <strong>diferentes</strong> valores para a resistência, sendo que quanto maior ovolume <strong>de</strong> fibras maior será a resistência do compósito, porém a extensão <strong>de</strong> rotura é amesma. A extensão <strong>de</strong> rotura é condiciona<strong>da</strong> pelas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do material, assim sendo aresposta à fadiga <strong>de</strong>ve ser basea<strong>da</strong> na extensão dos materiais compósitos e não na gama<strong>de</strong> tensões. Mesmo se comparar laminados com <strong>diferentes</strong> orientações <strong>da</strong>s fibras, concluiseque a rotura final do compósito se cinge pela rotura <strong>da</strong>s fibras, isto é, a extensão <strong>de</strong>rotura será igual, embora a resistência do compósito seja diferente.2.5.5 Fadiga no betãoComo já foi referenciado, a fadiga no betão caracteriza-se pelo aparecimento <strong>de</strong> inúmerasfen<strong>da</strong>s. Quando essas cargas <strong>de</strong> fadiga são <strong>de</strong> compressão, po<strong>de</strong>-se observar doisfenómenos: inicialmente a resistência do betão aumenta, <strong>de</strong>vido a um rearranjo <strong>da</strong> estruturainterna que leva a uma consoli<strong>da</strong>ção do material. Após o rearranjo <strong>da</strong> estrutura, <strong>de</strong>para-secom um fenómeno contrário: as acções aplica<strong>da</strong>s provocam <strong>da</strong>nos no material queprevalecem ao fenómeno <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção do mesmo.A resistência à fadiga é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como a máxima tensão que o material conseguesuportar para um específico número <strong>de</strong> ciclos. Ao contrário do que se passa no aço, o limite<strong>de</strong> tensão no betão ain<strong>da</strong> não está <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>terminado, ou seja, ain<strong>da</strong> não háconsenso num valor para o nível <strong>de</strong> tensão do betão ao qual este po<strong>de</strong> ser submetido semsofrer qualquer <strong>da</strong>no estrutural (RILEM 1984).Em situações em que o elemento <strong>de</strong> betão a estu<strong>da</strong>r possui armadura, a resposta aocarregamento cíclico é condiciona<strong>da</strong> pela interacção entre o aço e o betão. Em elementossujeitos à flexão que sejam subarmados, a fadiga surge na armadura, por outro lado, emsituações <strong>de</strong> elementos superarmados, a rotura por flexão ou corte é bastante maiscomplexa. No caso <strong>da</strong> rotura por fadiga <strong>de</strong> uma ou mais barras <strong>de</strong> armadura não implicamnecessariamente o colapso <strong>da</strong> estrutura.A rotura do betão armado à fadiga po<strong>de</strong> ocorrer segundo distintas formas, <strong>de</strong>pendo <strong>de</strong>alguns factores como a<strong>de</strong>rência entre o betão e o aço, resistência ao corte, etc. Se aresistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência entre betão e o betão for satisfatória, a rotura surge na porção <strong>de</strong>betão situa<strong>da</strong> em redor <strong>da</strong> armadura, on<strong>de</strong> a resistência à tracção é excedi<strong>da</strong>. Se aresistência ao corte do betão for consi<strong>de</strong>rável, a fadiga ocorre no perímetro <strong>da</strong> armadura(Meneghetti 2007).36


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga2.5.6 Fadiga no a<strong>de</strong>sivo epoxyAssociado à constante evolução tecnológica e ao consumo crescente <strong>de</strong> FRP‟s, o uso <strong>da</strong>sresinas epoxy no ramo <strong>de</strong> engenharia civil tem vindo a aumentar. Este forte crescimento noseu consumo, é fruto <strong>da</strong> consciencialização <strong>da</strong>s vantagens no seu uso, por parte dosempreen<strong>de</strong>dores. Este tipo <strong>de</strong> material acarreta algumas vantagens como: facili<strong>da</strong><strong>de</strong> naaplicação, rápi<strong>da</strong> cura à temperatura ambiente sem libertação <strong>de</strong> subprodutos, boa a<strong>de</strong>sãoa vários tipos <strong>de</strong> materiais, excelente resistência química, baixa retracção, baixa fluência,boa resistência mecânica, gran<strong>de</strong> durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os a<strong>de</strong>sivos epoxy disponíveis comercialmente para aplicações em engenharia civilgeralmente adoptam a forma <strong>de</strong> formulações bi-componentes, constituí<strong>da</strong>s por um agenteprincipal (resina) e um catalisador (endurecedor), que só <strong>de</strong>vem ser misturados momentosantes <strong>da</strong> aplicação. Qualquer dos dois componentes só por si não apresenta característicasfísicas favoráveis à sua aplicação. O agente resina ao ser combinado com um endurecedorirá criar uma formulação epoxy, com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas e químicas bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, comoresistência à tracção que ron<strong>da</strong> valores entre os 30 MPa e os 90 MPa, enquanto aresistência à compressão apresenta valores entre 120 MPa e 210 MPa. Para além <strong>de</strong>stasproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas, o a<strong>de</strong>sivo resina epoxy apresenta uma extensão última por volta<strong>de</strong> 1.6%, módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> entre 4 e 8 GPa, boa resistência química e uma excelentea<strong>de</strong>rência ao betão (Meneghel 2005).O a<strong>de</strong>sivo epoxy tem como funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, conferir a a<strong>de</strong>rência necessária entre olaminado e o betão, <strong>de</strong> maneira a transferir as tensões tangenciais do laminado para obetão. Além <strong>de</strong> garantir a transferência <strong>de</strong> tensões, a resina epoxy é um material isolante,fornecendo assim, uma maior resistência à rotura do conjunto laminado-a<strong>de</strong>sivo-betão(LAB).O conjunto laminado-a<strong>de</strong>sivo-betão suporta três modos <strong>de</strong> rotura (ver Figura 2.16): Rotura do a<strong>de</strong>sivo, que ocorre na interface entre o a<strong>de</strong>sivo e o material a ligar. Este modo<strong>de</strong> rotura surge quando o material a ligar é mais resistente que o a<strong>de</strong>sivo. Rotura coesiva, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> rotura i<strong>de</strong>al para o a<strong>de</strong>sivo. Este modo <strong>de</strong> rotura ocorre nointerior <strong>de</strong> um dos materiais que formam a ligação. Rotura mista, como o nome indica é uma mistura dos dois modos <strong>de</strong> roturasupramencionados. Normalmente este tipo <strong>de</strong> rotura ocorre <strong>de</strong>vido ao mau estado domaterial base e/ou à ina<strong>de</strong>quação <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo para efectuar a ligação dosmateriais.37


Capitulo 2 – Reforço <strong>de</strong> elementos estruturais à flexão com recurso a CFRP’sBetãoA<strong>de</strong>sivo BetãoA<strong>de</strong>sivo BetãoA<strong>de</strong>sivoLaminadoLaminadoLaminadoa) b) c)Figura 2.16 – Tipos <strong>de</strong> rotura na ligação laminado-a<strong>de</strong>sivo-betão: a) rotura do a<strong>de</strong>sivo; b) roturacoesiva; c) rotura mista (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> CNR-DT 200: 2004)38


30020 20300Capítulo IIIPROGRAMA EXPERIMENTAL3.1 PROGRAMA E CONFIGURAÇÃO DOS ENSAIOSA presente dissertação visa o estudo <strong>da</strong> eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas <strong>de</strong> reforçosubmeti<strong>da</strong>s a cargas monotónicas e <strong>de</strong> fadiga. Para o efeito foram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s oito vigas<strong>de</strong> betão armado com 2.2 m <strong>de</strong> comprimento e com uma secção <strong>de</strong> 200x300 mm 2 (verFigura 3.1).F/2C L2Ø105Ø10Ø6@100Ø6@1003Ø103169 69 31200100900 100a) b)Figura 3.1 – Viga <strong>de</strong> referência: a) secção transversal; b) vista longitudinal <strong>da</strong> viga. Nota: To<strong>da</strong>s ascotas encontram-se em milímetros.Das oitos vigas apenas seis serão reforça<strong>da</strong>s segundo algumas <strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong>scritasno capítulo anterior: EBR, NSM e MF-EBR (ver Figura 3.2). As restantes duas vigas serãousa<strong>da</strong>s como vigas <strong>de</strong> referência, não sendo por isso, reforça<strong>da</strong>s.


300300300Capitulo 3 – Programa ExperimentalNa Tabela 3.1 é <strong>de</strong>scriminado os tipos <strong>de</strong> reforço a serem efectuados:Tabela 3.1 – Programa <strong>de</strong> reforçoTipo <strong>de</strong> ensaio Tipo <strong>de</strong> reforço Tipo <strong>de</strong> laminadoSem reforço (Viga <strong>de</strong> referência) -Ensaios monotónicosTécnica EBRTécnica MF-EBRTécnica NSMUnidireccionalMulti-direccionalUnidireccionalSem reforço (Viga <strong>de</strong> referência) -Ensaios <strong>de</strong> fadigaTécnica EBRTécnica MF-EBRTécnica NSMUnidireccionalMulti-direccionalUnidireccional5Ø10Ø6@1005Ø10Ø6@1005Ø10Ø6@100CFRP2x(30x1.4)NSM4x(15x1.4)MDL-CFRP2x(30x2.1)4530 50 30 452004040 40 40 402004530 50 30 45200a) b) c)Figura 3.2 – Pormenor <strong>da</strong>s secções transversais <strong>da</strong>s vigas reforça<strong>da</strong>s: a) EBR; b) NSM; c) MF-EBR.Nota: To<strong>da</strong>s as cotas encontram-se em milímetros.No reforço <strong>da</strong>s seis vigas foram utilizados <strong>diferentes</strong> dimensões e tipos <strong>de</strong> laminados,mas sempre mantendo a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> material <strong>de</strong> reforço. Na Tabela 3.2 são<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s as dimensões dos laminados utilizados para ca<strong>da</strong> técnica <strong>de</strong> reforço. Nesta tabela, e são espessura, comprimento e largura dos laminados respectivamente e é apercentagem <strong>de</strong> armadura longitudinal equivalente, sendo <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela seguinte equação:(3.1), on<strong>de</strong> b é a largura <strong>da</strong> viga, A s e A f são as áreas <strong>da</strong> secção transversal <strong>da</strong> armaduralongitudinal e do sistema <strong>de</strong> reforço, respectivamente; E s e E f são os módulos <strong>de</strong>40


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaelastici<strong>da</strong><strong>de</strong> do aço e o CFRP, reciprocamente; e d s e d f representam a distância entre afibra <strong>de</strong> betão comprimido mais afasta<strong>da</strong> e o centro geométrico <strong>da</strong> armadura longitudinal edo CFRP, respectivamente.Tabela 3.2 – Dimensões dos laminados utilizados em ca<strong>da</strong> técnica <strong>de</strong> reforçoViga Tipo <strong>de</strong> laminado N.º laminadost f[mm]L f[mm]w f[mm] s,eq[%]REF - - - - - 0.439EBR Unidireccional 2 1.41 1400 30 0.550MF-EBR Multi-direccional 2 2.07 1400 30 0.553NSM Unidireccional 4 1.41 1400 15 0.561As vigas foram submeti<strong>da</strong>s a ensaios <strong>de</strong> flexão a quatro pontos, sob carregamentomonotónico ou <strong>de</strong> fadiga. Os ensaios estáticos foram realizados sob controlo <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento a 20 m/s por intermédio do LVDT – linear variable differential transducer,situado na secção a meio vão (LVDT3 na Figura 3.3). Tal como se po<strong>de</strong> observar naFigura 3.3, existem quatro LVDT‟s adicionais que serviram para registar os <strong>de</strong>slocamentosem outros pontos relevantes, nomea<strong>da</strong>mente nos pontos <strong>de</strong> carga (LVDT2 e LVDT4) e nasextremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do laminado (LVDT1 e LVDT5). Além disso, foram usados extensómetros (SG– Strain Gauges) para medir as extensões na armadura longitudinal (SG s1 e SG s2 ) e nossistemas <strong>de</strong> FRP (SG f1 a SG f8 ). A localização <strong>de</strong>sta instrumentação está também incluí<strong>da</strong> naFigura 3.3. A carga aplica<strong>da</strong> foi medi<strong>da</strong> por intermédio <strong>de</strong> uma célula <strong>de</strong> carga com 500 kN<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima.41


404040200404045 3050 30 4520045 3050 30 45200200LVDT1LVDT2LVDT3LVDT4LVDT5300Capitulo 3 – Programa ExperimentalF/2C LF/2(a)To<strong>da</strong>s as vigas100300600200 600 300 100(b)To<strong>da</strong>s as vigasSGs1SGs2100300 100 5001003Ø10(c)Viga EBRSGf1SGf2SGf3SGf4UD-CFRP100 300 150 150 300 100(d)Viga MF-EBRSGf1SGf2SGf3SGf4100100100100100100100100100100100100100MDL-CFRP100 300 100 200 300 100(e)Viga NSMSGf5SGf6SGf7SGf8SGf1SGf2SGf3 SGf4UD-CFRP100 300 150 150 300 100Linha ApoioExtremi<strong>da</strong><strong>de</strong>do FRPLinha <strong>de</strong>cargaMeio vãoFigura 3.3 - Instrumentação adopta<strong>da</strong>: (a) transdutores <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento; (b) extensometria naarmadura; (c) extensómetros nos laminados <strong>da</strong> viga EBR; (d) extensómetros nos laminados <strong>da</strong> vigaMF-EBR; (e) extensómetros nos laminados <strong>da</strong> viga NSM.42


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAISNas secções que se seguem <strong>de</strong>screvem-se os procedimentos adoptados na caracterizaçãodos materiais usados no presente programa experimental, bem como, os principaisresultados obtidos.3.2.1 BetãoA caracterização mecânica do betão foi efectua<strong>da</strong> na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> realização dos ensaios <strong>de</strong>flexão <strong>da</strong>s vigas. Assim realizaram-se ensaios <strong>de</strong> compressão uniaxiais em seis provetescilíndricos <strong>de</strong> 150 mm <strong>de</strong> diâmetro e 300 mm <strong>de</strong> altura, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar aresistência do betão à compressão e o valor do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os ensaios para obter a resistência à compressão e módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> foramefectuados com controlo <strong>de</strong> força, a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 0.5 MPa e <strong>de</strong> acordo com asrecomen<strong>da</strong>ções existentes nas normas NP EN 12390-3:2009 (2009) e LNEC E397-1993(1993), respectivamente.O ensaio relativo ao módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> é um ensaio não <strong>de</strong>strutivo, po<strong>de</strong>ndoapenas ser efectuado após o conhecimento <strong>da</strong> resistência à compressão do correspon<strong>de</strong>ntebetão. Para tal um dos seis provetes é levado à rotura <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>terminar a suaresistência à compressão. Com base no valor <strong>da</strong> resistência obtido à compressão, <strong>de</strong>finamseos valores limite dos ciclos <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>scarga. Na Figura 3.4 é apresentado o setupadoptado para os ensaios <strong>de</strong> compressão.Foram efectuados 5 ciclos <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>scarga em ca<strong>da</strong> provete cilíndrico. O valor domódulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> foi obtido consi<strong>de</strong>rando apenas as zonas em carga - troço recto dográfico em que o <strong>de</strong>slocamento aumenta. Para ca<strong>da</strong> troço, o critério <strong>de</strong> vali<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> leiturausado foi , sendo o valor <strong>da</strong> extensão média no ponto máximo <strong>da</strong> rectaem carga - zona em patamar; e o valor <strong>da</strong> extensão no ponto mínimo <strong>da</strong> recta em carga -ponto <strong>de</strong> inflexão <strong>da</strong> recta em <strong>de</strong>scarga para a recta em carga. Para os troços válidos, ovalor do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> foi obtido através do quociente entre a diferença <strong>de</strong> tensõese extensões nos pontos extremos <strong>de</strong>sse troço:. Na Figura 3.5 po<strong>de</strong>seobservar o gráfico que se obtém num ensaio <strong>de</strong> compressão para <strong>de</strong>terminar o módulo<strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar os ciclos <strong>de</strong> carga/<strong>de</strong>scarga e os respectivos troços.43


Deslocamento [mm]Capitulo 3 – Programa Experimentala) b) c)Figura 3.4 – Ensaio <strong>de</strong> compressão uniaxial: a) Ensaio para obtenção do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>; b)Ensaio para <strong>de</strong>terminar a resistência à compressão; c) Rotura do provete.1.00.80.60.40.20.00 250 500 750 1000CiclosFigura 3.5 – Gráfico obtido no ensaio <strong>de</strong> compressão para obtenção do módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>Na Tabela 3.3 são apresentados os valores obtidos dos ensaios <strong>de</strong> compressãouniaxiais a 3 anos. On<strong>de</strong> A, F c,máx , f c e E c são, respectivamente, a área <strong>da</strong> secção doprovete, a força <strong>de</strong> compressão máxima, a resistência à compressão e o módulo <strong>de</strong>elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>.44


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaProveteTabela 3.3 – Valores obtidos dos ensaios <strong>de</strong> compressão a 3 anosMassa[kg]Diâmetro[mm]Altura[mm]A [mm 2 ]F c,máx[kN]f c [MPa]P1 11.90 150.00 296.00 17671.46 917.70 51.93 -E c[GPa]P2 12.10 151.00 299.00 17907.86 988.90 55.22 30.82P3 12.05 149.00 310.00 17436.62 909.60 52.17 31.24P4 11.95 150.00 298.00 17671.46 917.60 51.93 29.25P5 11.95 151.00 299.00 17907.86 913.00 50.98 31.49P6 12.00 150.00 298.00 17671.46 994.20 56.26 33.03Média11.99(1%)150.17(1%)300.00(2%)17711.12(1%)940.17(4%)53.08(4%)31.17(4%)Nota: os valores percentuais, entre o parêntesis, referem-se aos correspon<strong>de</strong>ntes coeficientes <strong>de</strong>variaçãoCom os valores obtidos nos ensaios <strong>de</strong> compressão a 3 anos, po<strong>de</strong> estimar-se aclasse do betão utilizado, aos 28 dias. Com base no Eurocódigo 2, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar aresistência característica do betão à compressão aos 28 dias, que posteriormente irá<strong>de</strong>signar a classe do betão ensaiado. Inicialmente calcula-se a resistência à compressãoaos 28 dias, através <strong>da</strong>s expressões 3.2 e 3.3:(3.2)(3.3)Em que é a resistência do betão à compressão a uma i<strong>da</strong><strong>de</strong> t (dias); é umcoeficiente que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> do betão, t (dias); s é um coeficiente associado ao tipo <strong>de</strong>cimento utilizado na amassadura. Neste caso foi utilizado um cimento <strong>da</strong> classe R, entãoadoptou-se .Tendo em conta o valor <strong>da</strong> resistência à compressão aos 28 dias conclui-se que o betãoutilizado no fabrico <strong>da</strong>s vigas é <strong>da</strong> classe C35/45.45


Capitulo 3 – Programa Experimental3.2.2 AçoO aço utilizado na armadura longitudinal e transversal foi o A400 NR SD. Inerente a outroprojecto, foram efectuados ensaios <strong>de</strong> tracção tendo em vista a sua caracterização (Bonaldo2008), com base nas normas ASTM A370 (2002) e EN 10 002-1 (1990). Na Tabela 3.4 éapresentado os valores para tensão <strong>de</strong> cedência, máxima e respectivas extensões.Tabela 3.4 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do açoAçoζ sy[MPa]ζ smáx[MPa]ε sy [%] ε smáx [%] E [GPa]452 475 0.236 13.375 191.5*455 475 0.253 16.0 179.8** (E é o módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>)Em que σ sy e σ smáx são, respectivamente, a tensão <strong>de</strong> cedência e a tensão máxima do aço.As ε sy e ε smáx são, nomea<strong>da</strong>mente, as extensões do aço, para a tensão <strong>de</strong> cedência e tensãomáxima.3.2.3 CFRPNo reforço <strong>da</strong>s três vigas foram utilizados dois tipos <strong>de</strong> laminado <strong>de</strong> CFRP: um laminadounidireccional para as técnicas <strong>de</strong> reforço NSM e EBR, um laminado multidireccional para atécnica MF-EBR.O laminado multi-direccional <strong>de</strong> CFRP (MDL-CFRP), utilizado na viga MF-EBR foiconcebido e produzido para um projecto <strong>de</strong> investigação que preten<strong>de</strong> explorar aspossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s do seu uso no reforço estrutural. O MDL-CFRP é composto por um laminadounidireccional pré-fabricado <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> carbono (CFRP) com a marca regista<strong>da</strong>CFK®150/2000 (CFK). A direcção principal <strong>da</strong>s fibras do laminado CFK (0 o ) coincidiu com adirecção <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> carga. Em ca<strong>da</strong> face do laminado CFK, foram cola<strong>da</strong>s duascama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um pré-preg unidireccional <strong>de</strong> carbono com fibras orienta<strong>da</strong>s a ±45º. Este prepregtem a marca regista<strong>da</strong> TEXIPREG®HS160 REM (HS) (ver Figura 3.6). Para a cura doHS e consequentemente para a produção do MDL-CFRP foi utilizado um equipamento <strong>de</strong>autoclave. Os procedimentos para a produção <strong>de</strong> laminados (ver Figura 3.7) são <strong>de</strong>scritosnoutra publicação (Coelho 2010). Após a produção, o laminado multi-direccionalapresentava uma espessura <strong>de</strong> 2.07 mm e um comprimento <strong>de</strong> 1400 mm.46


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaFilme <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>nteMantaSaco <strong>de</strong> vácuoTEXIPREG® HS 160 REM+45º-45º"Peel-ply"RespiroCFK® 150/20000ºTEXIPREG® HS 160 REM-45º+45ºVe<strong>da</strong>nteMol<strong>de</strong> com<strong>de</strong>smol<strong>da</strong>nteLaminadomulti-direccional(a)(b)Figura 3.6 - Produção do MDL-CFRP: (a) Sequência <strong>de</strong> empilhamento e materiais utilizados (secçãotransversal); (b) Setup usado no processo <strong>de</strong> cura em autoclave (Coelho 2010).(a) (b) (c)(d) (e) (f)Figura 3.7 - Fases <strong>da</strong> produção do MDL-CFRP: (a) lixagem do CFK; (b) aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>smol<strong>da</strong>ntenas várias peças em contacto com o laminado; (c) empilhamento do CFK e do HS; (d) aplicação <strong>de</strong>uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> peel-ply no topo do empilhamento; (e) aplicação <strong>de</strong> um saco <strong>de</strong> vácuo; (f) introduçãodo MLD-CFRP na máquina <strong>de</strong> autoclave (Coelho 2010).Nas vigas reforça<strong>da</strong>s com as técnicas EBR e NSM foi usado o laminado unidireccionalCFK150/2000.Foram realizados ensaios <strong>de</strong> tracção <strong>de</strong> acordo com a norma ISO 527-4:1997 paraambos os laminados (CFK e MDL-CFRP) para avaliar suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tracção. Aavaliação <strong>da</strong> resistência ao esmagamento do MDL-CFRP foi efectua<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com aASTM D5961/D5961M-05 (Coelho 2010). Os resultados obtidos são apresentados naTabela 3.5.47


Capitulo 3 – Programa ExperimentalTabela 3.5 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas dos dois tipos <strong>de</strong> laminados à tracçãoTipo <strong>de</strong>laminado[MPa] [%] E [GPa]CFK 2435 1.50 158MDL-CFRP 1866 1.58 118A tensão normal máxima,máxima, regista<strong>da</strong> ao longo do ensaio <strong>de</strong> caracterizaçãotransversal, A, <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> provete:, foi calcula<strong>da</strong> através do quociente entre a força, e a área média <strong>da</strong> secção(3.4)A extensão <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> provete ao longo do ensaio foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> com base nos<strong>de</strong>slocamentos medidos pelo clip gauge e no comprimento <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>ste, L 0 , em queΔL 0 correspon<strong>de</strong> à variação do comprimento L 0 :(3.5)A partir <strong>de</strong>sta extensão foi possível <strong>de</strong>terminar o módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, E, sendo esteigual ao valor do <strong>de</strong>clive <strong>da</strong> recta obti<strong>da</strong> por regressão linear <strong>da</strong> curva em que esta extensãofigura nas abcissas e a tensão nas or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s. A extensão máxima associa<strong>da</strong> ao valor <strong>da</strong>máxima tensão, , foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pelo quociente entre a tensão máxima e o módulo <strong>de</strong>elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, atrás calculados:(3.6)48


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga3.2.4 A<strong>de</strong>sivo epoxyO a<strong>de</strong>sivo utilizado no reforço <strong>da</strong>s vigas foi o S&P Resin 220 epoxy adhesive. Este éfornecido em dois componentes separados, A e B, sendo misturados apenas no momento<strong>de</strong> aplicação. Na Tabela 3.6 são apresenta<strong>da</strong>s as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do a<strong>de</strong>sivo.Tabela 3.6 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do a<strong>de</strong>sivo S&P Resin 220Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>ValorDensi<strong>da</strong><strong>de</strong> [g/cm 3 ] 1.75Resistência à compressão [MPa] >90Resistência à tracção por flexão [MPa] >30Resistência do a<strong>de</strong>sivo-betão [MPa] 3Resistência do a<strong>de</strong>sivo-laminado [MPa] 3Vali<strong>da</strong><strong>de</strong> do a<strong>de</strong>sivo pronto [minutos] >60I<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima do betão antes <strong>da</strong> aplicação [semanas] 3 a 6Razão <strong>de</strong> mistura [A/B] 4/13.2.5 AncoragensPara fixar mecanicamente o laminado ao betão <strong>de</strong> acordo com a técnica MF-EBR foiadoptado um sistema <strong>de</strong> ancoragem química <strong>da</strong> Hilti. Este sistema é composto pela resinaHIT-HY 150 MAX, varões roscados M10 <strong>de</strong> classe 5.8 e anilhas <strong>de</strong> aba larga DIN9021. Deacordo com a ficha técnica do produto, com este sistema <strong>de</strong> ancoragem po<strong>de</strong> ser aplicadoum momento <strong>de</strong> aperto máximo <strong>de</strong> 20 Nm (valor característico). Esse valor é muitoconservador, porque introduz coeficientes <strong>de</strong> segurança muito elevados. Nesse contexto,foram realizados testes em provetes adicionais para avaliar o maior momento <strong>de</strong> aperto quepo<strong>de</strong> ser aplicado a este sistema <strong>de</strong> ancoragem. A partir <strong>de</strong>sses testes um valor médio <strong>de</strong>40 Nm foi adoptado para a viga MF-EBR.3.3 Fabrico e reforço <strong>da</strong>s vigasA presente dissertação dá continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a um projecto individual iniciado em 2008, on<strong>de</strong> oobjectivo era estu<strong>da</strong>r o comportamento à fadiga <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> betão reforça<strong>da</strong>s comCFRP. O programa experimental previamente i<strong>de</strong>alizado, proponha o reforço <strong>de</strong> vigassegundo duas técnicas: NSM e EBR. No caso <strong>da</strong> técnica EBR, as vigas iam ser reforça<strong>da</strong>srecorrendo a laminados unidireccionais e multi-direccionais (Rodrigues 2008).49


Capitulo 3 – Programa ExperimentalNo seguimento <strong>de</strong>sse projecto, apenas se dimensionou e executou-se um conjunto <strong>de</strong> oitovigas e respectivas armaduras e sistema <strong>de</strong> reforço.Com a presente tese, propôs-se <strong>da</strong>r seguimento ao estudo já iniciado, contudo em vez <strong>de</strong>utilizar a técnica EBR com <strong>diferentes</strong> tipos <strong>de</strong> laminados, optou-se por aplicar esta técnicaapenas com recurso a laminados unidireccionais, e <strong>de</strong>cidiu-se implementar a técnica MF-EBR recorrendo a laminados multi-direccionais.3.3.1 EBRNo reforço <strong>da</strong>s vigas com a técnica EBR seguiu-se um procedimento referido do Capítulo 2<strong>da</strong> presente tese. Como tal a aplicação dos laminados <strong>de</strong> CFRP compreen<strong>de</strong>u as seguintesetapas (ver Figura 3.8): Delimitação <strong>da</strong> região que irá receber o material <strong>de</strong> reforço; Tratamento <strong>da</strong> superfície com recurso a um martelo <strong>de</strong> agulhas Hilti TE 106. Assim asuperfície irá apresentar uma textura rugosa <strong>de</strong> modo a melhorar a a<strong>de</strong>rência dolaminado ao betão; Limpeza <strong>da</strong> superfície trata<strong>da</strong> com jacto <strong>de</strong> ar comprimido, para remover qualquer tipo <strong>de</strong>resíduo; Aplicação <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva em torno <strong>da</strong> zona que irá receber o laminado, <strong>de</strong> maneira alimitar a área <strong>de</strong> colagem; Aplicação <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva na face do laminado que ficará exposta; Aplicação do a<strong>de</strong>sivo epoxy no laminado e na zona limita<strong>da</strong> na superfície do betão; Colocação do CFRP na área <strong>de</strong> colagem. Nesta fase <strong>de</strong>ve pressionar-se o laminadocontra o betão, <strong>de</strong> modo a que este fique nivelado e que cama<strong>da</strong> do a<strong>de</strong>sivo epoxy sejahomogénea com uma espessura entre 1 a 2 mm; Remoção do excesso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo e <strong>da</strong> fita a<strong>de</strong>siva à volta <strong>da</strong> área <strong>de</strong> colagem.50


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaa) b)c) d)Figura 3.8 – Aplicação <strong>da</strong> técnica EBR: a) Tratamento <strong>da</strong> superfície; b) Aplicação do a<strong>de</strong>sivo epoxy;c) Remoção do excesso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo; d) Reforço concluído.51


Capitulo 3 – Programa Experimental3.3.2 NSMPara a inclusão dos laminados <strong>de</strong> CFRP no betão <strong>de</strong> recobrimento realizaram-se entalhescom 20 mm <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> e 5 mm <strong>de</strong> largura. Para tal, recorreu-se a uma máquina <strong>de</strong>corte Hilti, com uma serra <strong>de</strong> 5 mm <strong>de</strong> espessura. A execução do reforço <strong>da</strong>s vigas com atécnica NSM, comportou as seguintes fases (ver Figura 3.9): Realização do entalhe e sua limpeza com recurso a ar comprimido para removerqualquer tipo <strong>de</strong> resíduo; Circunscrição <strong>da</strong> zona do entalhe com fita a<strong>de</strong>siva; Preenchimento do entalhe com a<strong>de</strong>sivo epoxy; Aplicação do a<strong>de</strong>sivo epoxy em ambas as faces do laminado <strong>de</strong> carbono; Introdução do CFRP no entalhe; Remoção do excesso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo e <strong>da</strong> fita a<strong>de</strong>siva.a) b) c)Figura 3.9 – Aplicação <strong>da</strong> técnica NSM: a) Circunscrição <strong>da</strong> zona do entalhe com fita a<strong>de</strong>siva; b)Aplicação do CFRP; c) Remoção <strong>da</strong> fita a<strong>de</strong>siva e cura do sistema <strong>de</strong> reforço.52


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga3.3.3 MF-EBRA técnica MF-EBR é a que apresenta um procedimento mais moroso e minucioso, vistotratar-se <strong>de</strong> uma combinação <strong>da</strong>s técnicas MF e EBR. A aplicação <strong>de</strong>sta técnica segue asseguintes fases (ver Figura 3.10): Realização <strong>da</strong> furação <strong>da</strong>s vigas; <strong>de</strong> maneira a garantir a verticali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos furos, esteforam realizados com recurso a uma caroteadora Hilti, mo<strong>de</strong>lo DD EC-1, com uma coroadiamanta<strong>da</strong> DD-C 10/150 <strong>de</strong> 10 mm <strong>de</strong> diâmetro. Os furos foram limpos com jacto <strong>de</strong> arcomprimido; Aplicação dos parafusos: inicialmente, fez-se introduzir um químico (Hilti 150 max) nadosagem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pelo fornecedor e imediatamente após, aplicou-se o parafuso até àprofundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 mm; Tratamento <strong>de</strong> superfície. Tal como na técnica EBR, o tratamento <strong>de</strong> superfície realizouse<strong>da</strong> mesma forma, mas <strong>de</strong>sta vez com especial atenção para não <strong>da</strong>nificar o parafusonem a zona circun<strong>da</strong>nte. Este tratamento foi efectuado com um martelo <strong>de</strong> agulhas Hilti,mo<strong>de</strong>lo TE 106. Furação do laminado: numa primeira fase marcou-se a posição exacta dos parafusosnuma placa <strong>de</strong> acrílico transparente, com as mesmas dimensões do laminado. Com basena marcação fura-se a placa <strong>de</strong> acrílico. Posteriormente ao acrílico ser furado, proce<strong>de</strong>useà furação do laminado tendo por base o “negativo” em acrílico; Delimitação <strong>da</strong> zona a ser reforça<strong>da</strong>, com fita-a<strong>de</strong>siva; Aplicação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo epoxy na superfície trata<strong>da</strong> e na face do laminado a ser cola<strong>da</strong>.Antes <strong>da</strong> aplicação do a<strong>de</strong>sivo epoxy, o laminado foi limpo com acetona e a superfície <strong>de</strong>betão limpa através <strong>de</strong> jacto <strong>de</strong> ar comprimido; Colocação do laminado na zona <strong>de</strong> colagem e aplicação <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> modo a que olaminado ficasse nivelado e que a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo apresentasse uma espessurahomogénea <strong>de</strong> 1 a 2 mm; Remoção do excesso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo e limpeza <strong>da</strong> zona rosca<strong>da</strong> dos parafusos; Aplicação do pré-esforço: o pré-esforço é aplicado segundo duas fases: no dia anterior aoensaio é aplicado, nos parafusos, um momento <strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 40 Nm; no dia do ensaio.Foi efectuado um reaperto para o mesmo valor.53


Capitulo 3 – Programa Experimentala)b)c) d) f)e)Figura 3.10 – Aplicação <strong>da</strong> técnica MF-EBR: a) Furação <strong>da</strong> superfície a ser reforça<strong>da</strong>; b) Furação dolaminado após a aplicação dos parafusos; c) Aplicação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivo epoxy na superfície do laminadoem contacto com o betão; d) Limitação <strong>da</strong> área a ser reforça<strong>da</strong>; e) Aplicação do laminado; f) Cura doa<strong>de</strong>sivo epoxy.54


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaDado que esta técnica é muito recente, todo o procedimento <strong>de</strong> aplicação ain<strong>da</strong> seencontra em fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Durante todo o processo <strong>de</strong>parou-se em algunsaspectos que po<strong>de</strong>rão melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do reforço realizado, tais como: o tratamento <strong>da</strong>superfície <strong>de</strong>ve ser realizado após a aplicação dos parafusos e cura do químico, pois casocontrário o químico a<strong>de</strong>re às rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> superfície tornando-se bastante difícil <strong>de</strong>remover. Além disso, a broca “ataca” a superfície, previamente trata<strong>da</strong>, <strong>de</strong> forma irregular,po<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong>nificar a boca do furo (ver Figura 3.11). Com a furação a ser realiza<strong>da</strong>inicialmente torna-se mais fácil controlar a precisão do furo.a) b)Figura 3.11 – Furação <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> betão antes/após do tratamento <strong>da</strong> mesma: a) Furação semtratamento prévio – furo mais preciso; b) Furação após o tratamento <strong>da</strong> superfície, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>observar um ataque irregular <strong>da</strong> broca no betão.55


Capítulo IVENSAIOS DE FLEXÃO EM VIGAS SUBMETIDAS A ACÇÕESMONOTÓNICAS E DE FADIGA4.1 INTRODUÇÃONo presente capítulo apresentam-se os principais resultados obtidos no programa <strong>de</strong>ensaios realizado e <strong>de</strong>scrito no capítulo anterior. Estes resultados foram posteriormenteanalisados em termos do padrão <strong>de</strong> fendilhação, cargas <strong>de</strong> fendilhação, cedência <strong>da</strong>armadura e máxima, bem como níveis <strong>de</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> e extensão nas armaduras e FRP‟s.4.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS MONOTÓNICOSNa Tabela 4.1 são apresentados os principais resultados obtidos nos ensaios monotónicos.Neste quadro, o significado dos símbolos é o seguinte: cr – <strong>de</strong>formação no inicio <strong>da</strong> fendilhação do betão;F cr – carga no inicio <strong>da</strong> fendilhação do betão; y – <strong>de</strong>formação no inicio <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em cedência <strong>da</strong> armadura;F y – carga no inicio <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em cedência <strong>da</strong> armadura; max – <strong>de</strong>formação para a carga máxima;F max – carga máxima; fu – extensão ultima do laminado <strong>de</strong> acordo com os resultados obtidos nos ensaios <strong>de</strong>tracção; fy – extensão máxima na viga FRP para F y ; fmax – extensão máxima no FRP para F max .Numa primeira análise <strong>da</strong> tabela, concluiu-se que a técnica <strong>de</strong> reforço mais eficaz foi aMF-EBR, não só pelo valor <strong>da</strong> carga máxima atingi<strong>da</strong> ser superior às restantes vigas(F máx = 148.2 kN), mas também em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na rotura e razão extensãomáxima/última.


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaVigaIniciofendilhaçãoF cr cr[kN] [mm]Tabela 4.1 - Principais resultados obtidos nos ensaios monotónicos.Cedência <strong>da</strong>armaduraF y y[kN] [mm]CargaMáximaF max[kN] max[mm] max / y fy / fu[%] fmax / fu[%]Modo <strong>de</strong>rotura do FRPREF 29 0.36 70 3.8 79.3 22.6 5.95 - - -EBR 25 0.27 90 4.1MF-EBR32 0.38 96 4.2NSM 29 0.40 104 4.9108.4*(37%)7.4 1.80 24.0 36.6 Destacamento148.2*(87%)18.3 4.35 15.8 69.3 Esmagamento147.3*(86%)14.6 2.98 23.4 63.3 Destacamento* (F max F max,REF )/ F max,REF , em que F max,REF é a carga máxima <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência.Em comparação com a técnica EBR, po<strong>de</strong> observar-se que a técnica MF-EBR teve umincremento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> 50%. Esse comportamento superior não po<strong>de</strong> serexplicado pela maior rigi<strong>de</strong>z axial do laminado, E f A f , uma vez que a relação entre o E f A f doMDL-CFRP e o E f A f do CFK (usado na viga EBR) só é igual a 1.08. As ancoragens préesforça<strong>da</strong>scontribuíram para a maior eficácia <strong>da</strong> técnica <strong>de</strong> reforço MF-EBR. De fato,enquanto o sistema <strong>de</strong> EBR rompeu por <strong>de</strong>scolagem (ver Figura 4.2) e o sistema NSM porrip-off (separação <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> betão que inclui os laminados <strong>de</strong> CFRP ver Figura 4.4), osistema MF-EBR rompeu por esmagamento (ver Figura 4.3). A presença <strong>da</strong>s ancoragensevitou a <strong>de</strong>scolagem prematura dos laminados, assim como o <strong>de</strong>stacamento dorecobrimento.Ao analisar a tabela anterior, verifica-se que a carga correspon<strong>de</strong>nte ao inicio <strong>de</strong>fendilhação é maior para a viga MF-EBR. Tal facto po<strong>de</strong> ser também explicado pelaimplementação <strong>de</strong> ancoragens pré-esforça<strong>da</strong>s, cuja pré-tensão induz um estado <strong>de</strong>compressão na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> betão que retar<strong>da</strong> o início <strong>de</strong> fendilhação. Este fenómeno induz,na viga MF-EBR, um incremento na rigi<strong>de</strong>z, como se po<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar, entre o inicio <strong>da</strong>fendilhação do betão e o início <strong>da</strong> cedência do aço, em relação às restantes vigas. Combase no gráfico <strong>da</strong> Figura 4.1, po<strong>de</strong>-se constatar que, após o aço entrar em cedência, a vigaNSM apresenta uma rigi<strong>de</strong>z maior, uma vez que nesta técnica, os laminados estãototalmente embebidos no betão.As vigas EBR e NSM apresentam um comportamento frágil quando entram em rotura,não po<strong>de</strong>ndo ser possível <strong>de</strong>terminar quando o sistema entra em colapso. Na viga MF-EBR,verifica-se o contrário, ou seja, a viga apresenta um comportamento dúctil quando entra emrotura. Para além <strong>da</strong> técnica MF-EBR alcançar uma força máxima maior do que as restantesvigas, um dos aspectos mais favorável <strong>de</strong>sta técnica é o nível <strong>de</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> (4.35), que foimuito superior ao registado nas outras duas vigas reforça<strong>da</strong>s, EBR (1.80) e NSM (2.98).58


Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga175150125100755025REFEBRMF-EBRNSM00 10 20 30 40Deslocamento a meio vao [mm]Figura 4.1 - Relação força versus <strong>de</strong>slocamento nas vigas.Figura 4.2 - Modo <strong>de</strong> rotura do laminado CFK na viga EBR.59


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaa)b) c)Figura 4.3 - Modo <strong>de</strong> rotura do laminado MDL-CFRP na viga MF-EBR: a) Aspecto global <strong>da</strong> viga; b)Pormenor do sistema <strong>de</strong> ancoragem; c) Pormenor do esmagamento do laminado.Figura 4.4 - Modo <strong>de</strong> rotura do laminado CFK na viga NSM.Nas Figuras 4.5 a 4.8 são apresentados os padrões <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong>s quatro vigassubmeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas. Observando as quatro figuras po<strong>de</strong> afirmar-se que aviga <strong>de</strong> referência apresenta uma área <strong>de</strong> fendilhação mais restrita. A viga EBR nãoapresenta um padrão <strong>de</strong> fendilhação semelhante às restantes vigas reforça<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vido ao60


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga<strong>de</strong>stacamento precoce do sistema <strong>de</strong> reforço, que impossibilita a viga <strong>de</strong> resistir a cargasmais eleva<strong>da</strong>s e consequentemente uma maior <strong>de</strong>formação.Assim, no caso <strong>da</strong>s vigas MF-EBR e NSM observa-se o sucessivo aparecimento <strong>da</strong>sfen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> corte. A partir <strong>de</strong>stes padrões <strong>de</strong> fendilhação é também possível concluir que adistância média entre fen<strong>da</strong>s <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência, EBR, NSM e MF-EBR é <strong>de</strong> 112 mm,101 mm e 105 mm, respectivamente.Figura 4.5 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência.Figura 4.6 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga EBR.Figura 4.7 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga NSM.61


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaFigura 4.8 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga MF-EBR.As Figuras 4.9 a 4.12 apresentam as extensões no FRP para as quatro secçõesmonitoriza<strong>da</strong>s (ver Figura 3.3 do Capítulo 3). A partir dos gráficos <strong>de</strong>stas figuras é visívelque, para um <strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong> carga aplica<strong>da</strong>, a máxima extensão ocorre na viga EBR,enquanto as extensões mínimas foram regista<strong>da</strong>s na viga MF-EBR. Este fenómeno eraexpectável já que braço interno do sistema EBR (d f ) é maior, quando comparado com o d f dosistema <strong>de</strong> NSM. No caso <strong>da</strong> viga MF-EBR, os parafusos permitem retar<strong>da</strong>r a per<strong>da</strong> <strong>de</strong>a<strong>de</strong>rência do laminado, por isso é compreensível que entre parafusos, on<strong>de</strong> osextensómetros foram instalados, as extensões regista<strong>da</strong>s sejam menores quandocomparado com as restantes técnicas. Porém junto dos parafusos a concentração <strong>de</strong>tensões no laminado é eleva<strong>da</strong>, conduzindo à rotura local do laminado ao atingir a suaresistência ao esmagamento. Após esta rotura ocorrer, verifica-se um incremento no valor<strong>da</strong> extensão regista<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vido a uma transferência <strong>de</strong> extensões <strong>da</strong> zona <strong>de</strong> tensão emredor do parafuso para a zona intermédia entre parafusos. Estas figuras também mostramque a extensão máxima absoluta foi regista<strong>da</strong> nos laminados <strong>da</strong> viga MF-EBR. Isso ocorreuno SG f2 , entre a terceira e a quarta linha <strong>de</strong> parafusos (ver Figura 3.3d), <strong>de</strong>vido à acção <strong>de</strong>uma escora diagonal <strong>de</strong> compressão do betão nesta zona (ver Figura 4.3).62


Força [kN]Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga175150125100755025EBRMF-EBRNSM00 500 1000 1500 2000 2500 3000Exensao [1/10 6 ]Figura 4.9 - Relação força versus extensão no laminado em SG f1 – a curva para a viga NSMcorrespon<strong>de</strong> à média entre SG f1 e SG f5 (ver Figura 3.3 (c) a (e)).175150125100755025EBRMF-EBRNSM00 3000 6000 9000 12000 15000Extensao [1/10 6 ]Figura 4.10 - Relação força versus extensão no laminado em SG f2 – a curva para a viga NSMcorrespon<strong>de</strong> à média entre SG f2 e SG f6 (ver Figura 3.3 (c) a (e)).63


Força [kN]Força [kN]Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga175150125100755025EBRMF-EBRNSM00 3000 6000 9000 12000Extensao [1/10 6 ]Figure 4.11 - Relação força versus extensão no laminado em SG f3 – a curva para a viga NSMcorrespon<strong>de</strong> à média entre SG f3 e SG f7 (ver Figura 3.3 (c) a (e)).175150125100755025EBRMF-EBRNSM00 3000 6000 9000 12000Extensao [1/10 6 ]Figure 4.12 - Relação força versus extensão no laminado em SG f4 – a curva para a viga NSMcorrespon<strong>de</strong> à média entre SG f4 e SG f8 (ver Figura 3.3 (c) a (e)).Nas Figuras 4.13 a 4.15 são apresenta<strong>da</strong>s as extensões nos laminados <strong>de</strong> CFRP paratrês níveis <strong>de</strong> carga distintos: início <strong>de</strong> fendilhação, início <strong>de</strong> cedência do aço e na cargamáxima. Nestes gráficos, a localização <strong>da</strong> SG é referi<strong>da</strong> à extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> esquer<strong>da</strong> dos64


Extensao [1/10 6 ]SGf1SGf2SGf3SGf4Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigalaminados. Como esperado, a partir <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> do laminado até o ponto <strong>de</strong> carga(comprimento do vão <strong>de</strong> corte <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>), a variação <strong>da</strong> extensão ao longo do laminadoaumentou quase linearmente até ao nível <strong>de</strong> carga correspon<strong>de</strong>nte ao início <strong>da</strong> cedência doaço, o que reflecte a variação do momento flector aplicado. Como já foi mencionado, asextensões mínimas no laminado <strong>da</strong> viga MF-EBR até ao início <strong>da</strong> cedência são justifica<strong>da</strong>spela alta concentração <strong>de</strong> tensão em torno dos parafusos, levando a valores mínimos naszonas intermediárias entre parafusos consecutivos, on<strong>de</strong> estão instalados os SG f . Noentanto, a presença dos parafusos permitiu o <strong>de</strong>senvolvimento do maior campo <strong>de</strong>extensões no comprimento do vão <strong>de</strong> corte, o que justifica a maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga eductili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> viga MF-EBR.12000100008000Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima60004000200000 100 200 300 400 500 600 700 800Localizaçao do extensometro [mm]Figura 4.13 - Evolução <strong>da</strong>s extensões nos SG f aplicados nos laminados <strong>da</strong> viga EBR(ver Figura 3.3 (c)).65


Extensao [1/10 6 ]SGf1SGf2SGf3SGf4Extensao [1/10 6 ]SGf1SGf2SGf3SGf4Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga12000100008000Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima60004000200000 100 200 300 400 500 600 700 800Localizaçao do extensometro [mm]Figura 4.14 - Evolução <strong>da</strong>s extensões nos SG f aplicados nos laminados <strong>da</strong> viga MF-EBR(ver Figura 3.3 (d)).12000100008000Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima60004000200000 100 200 300 400 500 600 700 800Localizaçao do extensometro [mm]Figura 4.15 - Evolução <strong>da</strong>s extensões nos SG f aplicados nos laminados <strong>da</strong> viga NSM(ver Figura 3.3 (e)).As Figuras 4.16 a à 4.19 representam a evolução <strong>da</strong> <strong>de</strong>formação ao longo docomprimento <strong>da</strong>s vigas para <strong>de</strong>terminados níveis <strong>de</strong> carga: inicio <strong>de</strong> fendilhação, cedência<strong>da</strong>s armaduras e carga última. Nestes gráficos po<strong>de</strong> observar-se que a menor <strong>de</strong>formaçãoocorreu na viga EBR, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>stacamento precoce do sistema <strong>de</strong> reforço.66


Deslocamento [mm]Deslocamento [mm]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaAo comparar a viga NSM e MF-EBR, po<strong>de</strong> afirmar-se que o sistema <strong>de</strong> reforço usadona técnica MF-EBR confere à viga uma maior rigi<strong>de</strong>z inicial do que no sistema NSM (menor<strong>de</strong>formação vertical). Porém a partir <strong>da</strong> cedência <strong>da</strong>s armaduras, a viga MF-EBR per<strong>de</strong>gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> sua rigi<strong>de</strong>z, exibindo um comportamento dúctil, acabando por alcançar uma<strong>de</strong>formação vertical superior ao verificado na viga NSM.0-5-10-15-20Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima-250 400 800 1200 1600 2000Comprimento <strong>da</strong> viga [mm]Figura 4.16 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência.0-2-4-6Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima-80 400 800 1200 1600 2000Comprimento <strong>da</strong> viga [mm]Figura 4.17 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga EBR.67


Deslocamento [mm]Deslocamento [mm]Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga0-5-10-15Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima-200 400 800 1200 1600 2000Comprimento <strong>da</strong> viga [mm]Figura 4.17 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga NSM.0-5-10-15Inicio <strong>de</strong> fendilhaçaoCedênciaCarga ultima-200 400 800 1200 1600 2000Comprimento <strong>da</strong> viga [mm]Figura 4.19 – Evolução do <strong>de</strong>slocamento vertical <strong>da</strong> viga MF-EBR.68


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga4.3 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE FADIGAO programa <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> fadiga foi <strong>de</strong>finido com base nos resultados obtidos nosensaios monotónicos. Assim na Tabela 4.2 é apresentado o nível <strong>de</strong> carga imposto a ca<strong>da</strong>viga para a realização dos ensaios <strong>de</strong> fadiga. Inicialmente as vigas são carrega<strong>da</strong>s até àforça máxima, F max,fat , com o intuito <strong>de</strong> registar o inicio <strong>da</strong> fendilhação. As vigas são <strong>de</strong>segui<strong>da</strong> <strong>de</strong>scarrega<strong>da</strong>s <strong>de</strong> modo a marcar a fendilhação na viga e novamente carrega<strong>da</strong>saté à força média, F med,fat . Com a carga na força média, inicia-se a aplicação <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>ciclos <strong>de</strong> fadiga a uma frequência, f, <strong>de</strong> 2 Hz. Após os ciclos <strong>de</strong> fadiga, as vigas foramcarrega<strong>da</strong>s monotonicamente até a rotura.Tabela 4.2 – Níveis <strong>de</strong> carregamento impostos nos ciclos <strong>de</strong> fadiga.VigaF max,mon[kN]25% <strong>de</strong>F max,mon55% <strong>de</strong>F max,monF min,fat[kN]F med,fat[kN]F max,fat[kN]Amplitu<strong>de</strong>[kN]REF 79.3 19.8 43.6 20 32.5 45 25EBR 108.4 27.1 59.6 30 45 60 30NSM 147.3 37.1 81.5 40 60 80 40MF-EBR148.2 36.8 81.0 40 60 80 40f[Hz]2Nota: F max,fat é a carga máxima aplica<strong>da</strong> durante os ciclos <strong>de</strong> fadiga; F min,fat é a carga mínimaaplica<strong>da</strong> durante os ciclos <strong>de</strong> fadiga; F med,fat é a carga média aplica<strong>da</strong> durante os ciclos <strong>de</strong>fadiga.Na Tabela 4.3 são apresentados os principais resultados obtidos nos ensaios <strong>de</strong>fadiga. Na viga NSM não foi possível registar o inicio <strong>de</strong> fendilhação. Neste quadro, osignificado dos símbolos é o seguinte: cr – <strong>de</strong>formação no inicio <strong>da</strong> fendilhação do betão;F cr – carga no inicio <strong>da</strong> fendilhação do betão; y – <strong>de</strong>formação no inicio <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em cedência <strong>da</strong> armadura;F y – carga no inicio <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> em cedência <strong>da</strong> armadura; max – <strong>de</strong>formação para a carga máxima;F max – carga máxima; fu – extensão ultima do laminado <strong>de</strong> acordo com os resultados obtidos nos ensaios <strong>de</strong>tracção; fy – extensão máxima no FRP para F y ; fmax – extensão máxima no FRP para F max .69


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaNuma primeira análise <strong>da</strong> tabela, concluiu-se que a técnica <strong>de</strong> reforço mais eficaz foi aNSM, não só pelo valor <strong>da</strong> carga máxima atingi<strong>da</strong> ser superior às restantes vigas(F máx = 160.7 kN), mas também em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na rotura e razão extensãomáxima/última.VigaIniciofendilhaçãoF cr cr[kN] [mm]Tabela 4.3 - Principais resultados obtidos nos ensaios <strong>de</strong> fadiga.Cedência <strong>da</strong>armaduraF y y[kN] [mm]Carga máximaF max[kN] max[mm] max / y fy / fu[%] fmax / fu[%]Modo <strong>de</strong>rotura do FRPREF 20 0.26 66 2.5 79.9 23.3 9.32 - - -EBR 27 0.32 94 3.0MF-EBR31 0.35 101 2.2NSM - - 105 3.3114.2*(43%)7.1 2.37 14.6 29.6 Destacamento147.2*(84%)11.4 5.7 15.0 63.4 Esmagamento160.7*(101%)22.2 6.73 15.4 55.7 Destacamento* (F max F max,REF )/ F max,REF , em que F max,REF é a carga máxima <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência.Comparativamente com as vigas dos ensaios monotónicos, as vigas submeti<strong>da</strong>s acargas <strong>de</strong> fadiga, exceptuando a viga MF-EBR, apresentam incrementos na força <strong>de</strong>cedência <strong>da</strong>s armaduras e máxima, provavelmente <strong>de</strong>vido a tempo <strong>de</strong> cura do a<strong>de</strong>sivosuperior ao <strong>da</strong>s vigas dos ensaios monotónicos. Outra explicação plausível é o fenómeno <strong>de</strong>endurecimento do aço durante os ciclos <strong>de</strong> fadiga, que levaram a valores superiores <strong>da</strong>força <strong>de</strong> cedência e máxima.Nas Figuras 4.21 e 4.22 são apresentados os gráficos força versus <strong>de</strong>slocamento ameio vão <strong>da</strong>s quatro vigas, antes e após os ciclos <strong>de</strong> fadiga, respectivamente. Inicialmenteas vigas foram carrega<strong>da</strong>s até a um certo nível <strong>de</strong> carga, com o intuito <strong>de</strong> registar o inicio <strong>da</strong>fendilhação (ver Figura 4.20). Após aplicação <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> fadiga, as vigas foramcarrega<strong>da</strong>s monotonicamente até a rotura (ver Figura 4.21). Analisando o gráfico <strong>da</strong>Figura 4.21 po<strong>de</strong> afirma-se que até à cedência <strong>da</strong> armadura, a viga MF-EBR é a queapresenta uma maior rigi<strong>de</strong>z, porém após este nível <strong>de</strong> carga a sua rigi<strong>de</strong>z vai diminuindoaté entrar em rotura. Ao analisar as curvas <strong>da</strong>s vigas NSM e MF-EBR, conclui-se que, apósa armadura entrar em cedência, a rigi<strong>de</strong>z <strong>da</strong> viga NSM diminui mais lentamente que na vigaMF-EBR, <strong>de</strong>vido aos laminados <strong>de</strong> FRP estarem inseridos no betão <strong>de</strong> recobrimento,acabando assim por alcançar um valor maior para a força máxima.A viga MF-EBR alcançou um ligeiro menor valor <strong>da</strong> força máxima, em relação aosensaios monotónicos (ver Tabela 4.1), provavelmente porque o pré-esforço aplicado nasancoragens foi-se per<strong>de</strong>ndo, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga. Assim sendo a transferência <strong>de</strong>70


Força (kN)Força (kN)Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaesforços entre o betão e o laminado <strong>de</strong> CFRP ficou condiciona<strong>da</strong>, o que fez com que a forçamáxima <strong>da</strong> viga MF-EBR seja relativamente menor à obti<strong>da</strong> no ensaio monotónico.80604020RefEBRMF-EBR00 1 2 3 4 5Deslocamento a meio vao [mm]Figura 4.20 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong>s vigas <strong>de</strong> referência, EBR e MF-EBR, no inicio <strong>da</strong>180fendilhação.15012090603000 8 16 24 32 40Deslocamento a meio vao [mm]RefEBRNSMMF-EBRFigura 4.21 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong>s vigas, após os ciclos <strong>de</strong> fadiga.71


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaTal como nos ensaios monotónicos, as vigas apresentaram o mesmo modo <strong>de</strong> rotura,ou seja, as vigas EBR e NSM apresentaram um modo <strong>de</strong> rotura frágil com <strong>de</strong>stacamento doreforço nos dois casos (ver Figura 4.23 e 4.24, respectivamente). A viga MF-EBRapresentou para este ensaio um modo <strong>de</strong> rotura frágil, com o esmagamento e <strong>de</strong>laminaçãodo FRP (ver Figura 4.25). Nos ensaios monotónicos a viga MF-EBR apresentava o maiornível <strong>de</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> (ver Tabela 4.2), enquanto nos ensaios <strong>de</strong> fadiga apresenta um nível <strong>de</strong>ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> mais baixo (5.7). As vigas EBR e NSM apresentam níveis <strong>de</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.37e 6.73, respectivamente.Figura 4.23 – Modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong> viga EBR.Figura 4.24 – Modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong> viga NSM.72


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaa)b) c)Figura 4.25 – Modo <strong>de</strong> rotura <strong>da</strong> viga MF-EBR: a) esmagamento do laminado; b) <strong>de</strong>laminação dolaminado multi-direccional; c) vista geral do modo <strong>de</strong> rotura.Nas Figuras 4.26 a 4.29 são apresentados os padrões <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong>s quatro vigasensaia<strong>da</strong>s até à rotura <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> serem submeti<strong>da</strong>s a acções <strong>de</strong> fadiga. Observando ospadrões <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong>s vigas submeti<strong>da</strong>s a acções <strong>de</strong> fadiga com as vigas dos ensaiosmonotónicos, conclui-se que tanto a viga NSM como MF-EBR apresentam um maior número<strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> flexão. No caso <strong>da</strong> viga NSM submeti<strong>da</strong> a ensaios <strong>de</strong> fadiga, não só apresentauma maior fendilhação, como também as fen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> corte apresentam maior<strong>de</strong>senvolvimento. Este comportamento é compreensível visto que a força máxima regista<strong>da</strong>é superior à regista<strong>da</strong> no ensaio estático.Na fendilhação <strong>da</strong> viga EBR não há gran<strong>de</strong> diferença entre os dois tipos <strong>de</strong> ensaio,apenas po<strong>de</strong>ndo salientar-se que no caso <strong>da</strong> viga EBR submeti<strong>da</strong> a cargas monotónicas asfen<strong>da</strong>s estão menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s. Com a viga MF-EBR, no ensaio monotónico obteve-seum padrão <strong>de</strong> fendilhação similar ao do ensaio <strong>de</strong> fadiga.A partir <strong>de</strong>stes padrões <strong>de</strong> fendilhação é também possível concluir que a distânciamédia entre fen<strong>da</strong>s <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência, EBR, NSM e MF-EBR é <strong>de</strong> 127 mm, 103 mm e122 mm, respectivamente.73


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaFigura 4.26 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência.Figura 4.27 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga EBR.Figura 4.28 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga NSM.Figura 4.29 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação <strong>da</strong> viga MF-EBR.74


Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaNas Figuras 4.30 a 4.33 estão representados as curvas <strong>de</strong> variação força versus<strong>de</strong>slocamento a meio vão, para ca<strong>da</strong> viga, durante os ciclos <strong>de</strong> fadiga. Os valores aquirepresentados correspon<strong>de</strong>m a um ciclo entre ca<strong>da</strong> 100 000 ciclos.A partir <strong>de</strong>stas figuras é possível concluir que apesar <strong>de</strong> o equipamento ter cumpridoem termos médios os valores máximos e mínimo impostos, não o fez <strong>de</strong> forma rigorosa.50403020100 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Ciclos [10 5 ]Figura 4.30 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga.75


Força [kN]Força [kN]Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga7060504030200 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Ciclos [10 5 ]Figura 4.31 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga EBR, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga.908070605040300 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Ciclos [10 5 ]Figura 4.32 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga NSM, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga.76


Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga80706050400 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Ciclos [10 5 ]Figura 4.33 – Curva força versus <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> viga MF-EBR, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga.A Figura 4.34 apresenta um gráfico com o valor máximo e mínimo do <strong>de</strong>slocamento ameio vão ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga. Em ca<strong>da</strong> 100 000 ciclos foi registado o valor do<strong>de</strong>slocamento máximo e mínimo <strong>de</strong> um ciclo. No caso <strong>da</strong> viga MF-EBR o registo <strong>de</strong> valores,só se realizou a partir do ciclo 300 000, <strong>de</strong>vido a problemas técnicos.Analisando a Figura 4.34, verifica-se que ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga a <strong>de</strong>formaçãomáxima vai aumentando, excepto no caso <strong>da</strong> viga MF-EBR. Esta redução <strong>da</strong> <strong>de</strong>formaçãomáxima a meio vão ao longo dos ciclos indica que a viga MF-EBR ganhou rigi<strong>de</strong>z. A mesmaconclusão po<strong>de</strong> ser tira<strong>da</strong> ao analisar os gráficos <strong>da</strong> Figura 4.35. A viga MF-EBR é a única<strong>da</strong>s quatro que efectivamente apresenta uma rigi<strong>de</strong>z superior aquela que existe antes dosciclos <strong>de</strong> fadiga.77


Deslocamento a meio vao [mm]Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga1.501.251.00Ref_minRef_maxEBR_minEBR_maxNSM_minNSM_maxMF-EBR_minMF-EBR_max0.750.500.250.000 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100Numero <strong>de</strong> ciclos [10 3 ]Figura 4.34 – Deslocamento a meio vão <strong>da</strong>s vigas, ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga.78


Força [kN]Força [kN]Força [kN]Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga80100608060404020200AntesApos0 1 2 3 40AntesApos0 1 2 3 4Deslocamento a meio vao [mm]Deslocamento a meio vao [mm]a) b)1001208010080606040402000 1 2 3 4Deslocamento a meio vao [mm]AntesAposc) d)2000 1 2 3 4Deslocamento a meio vao [mm]AntesAposFigura 4.34 – Curvas força versus <strong>de</strong>slocamento a meio, antes e após os ciclos <strong>de</strong> fadiga: a) viga <strong>de</strong>referência; b) viga EBR; c) viga NSM; d) viga MF-EBR.De forma a contabilizar a variação <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z, calculou-se a rigi<strong>de</strong>z no inicio e final doensaio <strong>de</strong> fadiga. A rigi<strong>de</strong>z inicial,, é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>rando os valores registados noprimeiro ciclo, após 100 000 ciclos; por sua vez a rigi<strong>de</strong>z final,valores obtidos no ultimo ciclo do ensaio <strong>de</strong> fadiga. Assimé <strong>da</strong>do por:, é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> com os(4.1)em que, são a força máxima e mínima no ciclo inicial respectivamente; esão o <strong>de</strong>slocamento máximo e mínimo a meio vão do ciclo inicial, respectivamente.79


Capitulo 4 – Ensaios <strong>de</strong> flexão em vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaO valor <strong>de</strong>foi avaliado <strong>da</strong> seguinte forma:(4.2)em que, e são a força máxima e mínima do ciclo inicial respectivamente;esão o <strong>de</strong>slocamento máximo e mínimo a meio vão do ciclo inicial, respectivamente.Na Tabela 4.4, são apresentados os valores para o <strong>de</strong>slocamento máximo e mínimo<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> viga, no inicio e final do ensaio <strong>de</strong> fadiga. No caso <strong>da</strong> viga MF-EBR utilizou-se osvalores do ciclo 300 000.Tabela 4.4 – Deslocamento máximo e mínimos em [mm] <strong>da</strong>s vigas para o inicio e final dos ciclos <strong>de</strong>fadiga.N.º <strong>de</strong> Ref EBR MF-EBR NSMciclos[10 3 ]Min Max Min Max Min Max Min Max100 0.00539 0.84196 0.00211 0.78592 - - 0.00307 0.58531300 - - - - 0.05741 0.94386 - -1000 0.26893 1.23516 0.15475 0.98452 0.00312 0.82654 0.12357 0.77868Na Tabela 4.5 são apresentados os resultados para o cálculo <strong>da</strong> rigi<strong>de</strong>z no inicio e final dosensaios <strong>de</strong> fadiga. Ao analisar a tabela concluí-se que a viga MF-EBR ganhou rigi<strong>de</strong>z em7.6%, enquanto as vigas <strong>de</strong> referência, EBR e NSM per<strong>de</strong>ram rigi<strong>de</strong>z em 8.3%, 3% e12.1%, respectivamente.Tabela 4.5 – Valores para a variação <strong>da</strong> rigi<strong>de</strong>z ao longo dos ciclos <strong>de</strong> fadiga.ΔF i Δδ i k i ΔF f Δδ f k f ΔkRef 28.43 0.83657 33.99 30.12 0.96623 31.17 -8.30%EBR 31.85 0.78381 40.64 32.69 0.82977 39.40 -3.00%MF-EBR 39.58 0.88645 44.65 39.55 0.82342 48.03 7.60%NSM 43.78 0.58224 75.19 43.31 0.65511 66.11 -12.10%80


Capítulo VMODELAÇÃO NUMÉRICAO estudo do comportamento <strong>da</strong>s <strong>diferentes</strong> técnicas abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s na presente dissertação écomplementado com recurso à mo<strong>de</strong>lação numérica. Para tal os ensaios efectuados foramsimulados com recurso a uma ferramenta numérica, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> FEMIX 4.0 (Sena-Cruz et al.2007). Este software permite a análise <strong>de</strong> estruturas com base no método dos elementosfinitos (FEM).A utilização do método dos elementos finitos na simulação dos elementos estruturaisensaiados permite uma melhor interpretação/análise dos resultados experimentais, paraalém <strong>de</strong> contribuir para uma calibração mais ajusta<strong>da</strong> <strong>da</strong>s leis constitutivas existentes.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAISComo hipótese simplificadora, admitiu-se que as vigas apresentam comportamento emestado plano <strong>de</strong> tensão. Assim, na simulação do betão utilizaram-se elementos finitos tipoSerendipity <strong>de</strong> quatros nós e uma integração numérica <strong>de</strong> Gauss-Legendre com 2×2 pontos<strong>de</strong> integração <strong>de</strong>vido à estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> numérica que estes apresentam em análise não linearmaterial. As armaduras e os reforços foram simulados com elementos recurso a elementosfinitos <strong>de</strong> cabo integrados com 2 pontos <strong>de</strong> Gauss-Legendre. Para a simulação docomportamento não linear material do betão foi utilizado um mo<strong>de</strong>lo elasto-plástico queinclui a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> múltiplas fen<strong>da</strong>s fixas distribuí<strong>da</strong>s (Sena-Cruz 2005).O comportamento não linear <strong>da</strong>s armaduras foi simulado com recurso a uma lei uniaxial bilinear.Por sua vez, os laminados unidireccionais foram simulados com recurso a uma leiuniaxial linear até à rotura. As <strong>diferentes</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s adopta<strong>da</strong>s na simulação <strong>da</strong>s<strong>diferentes</strong> vigas encontram-se <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong>ste capítulo.


300Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação Numérica5.2 VIGA DE REFERÊNCIANa mo<strong>de</strong>lação <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência adoptou-se uma malha <strong>de</strong> elementos finitos <strong>de</strong> 253elementos (incluindo betão e armadura). Por razões <strong>de</strong> simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> apenas foi simula<strong>da</strong>meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> viga, tendo para o efeito, sido consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s as condições <strong>de</strong> simetria (verFigura 5.1). Assim, a viga encontra-se impedi<strong>da</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar na direcção X 3 no ponto A eimpedi<strong>da</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar na direcção X 2 ao longo do bordo vertical direito. Adicionalmente, aarmadura transversal existente na extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> direita é constituí<strong>da</strong> por um único ramo,enquanto na restante viga é constituí<strong>da</strong> por dois ramos.A espessura dos elementos <strong>de</strong> betão foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> igual à largura <strong>da</strong> viga, i.e.200 mm.O ensaio numérico foi realizado sob controlo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento através <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong>um <strong>de</strong>slocamento prescrito crescente na direcção X 3 no ponto B. Refira-se ain<strong>da</strong> que foiconsi<strong>de</strong>rado na simulação o efeito do peso próprio <strong>da</strong> estrutura.F/2Bx3Ax1x2100 900100Figura 5.1 – Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para a viga <strong>de</strong> referência: geometria, condições eapoio e carregamento. Nota: as dimensões estão em milímetros.5.2.1 BetãoCom vista à utilização do mo<strong>de</strong>lo elasto-plástico que inclui a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>múltiplas fen<strong>da</strong>s fixas distribuí<strong>da</strong>s é necessário <strong>de</strong>finir valores para diversos parâmetrosmateriais do betão. Os ensaios <strong>de</strong> compressão uniaxial efectuados (ver Capitulo 3)permitiram <strong>de</strong>terminar os referidos parâmetros. Na <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> resistência média dobetão, f ctm , à tracção consi<strong>de</strong>rou-se a expressão <strong>da</strong><strong>da</strong> na EN 1992-1-1:2004:(5.1)82


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga(5.2)em que f ck é o valor característico <strong>da</strong> resistência à compressão do betão. A energia <strong>de</strong>fractura do betão, G f , é a energia necessária para a propagação <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s, por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>área. Caso não haja informação a partir <strong>de</strong> ensaios experimentais, a energia <strong>de</strong> fracturapo<strong>de</strong> ser quantifica<strong>da</strong> através <strong>da</strong> seguinte expressão (CEB 1993):on<strong>de</strong>(5.3)é o valor base <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> fractura, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> dimensão máxima dosagregados. Na Tabela 5.1 são apresentados valores <strong>de</strong>dos agregados, :Tabela 5.1 – Valores <strong>de</strong> .[mm] [N.mm/mm 2 ]8 0.02516 0.03032 0.058consoante a dimensão máximaNo âmbito do presente trabalho foram usados agregados com dimensão não superiora 16 mm ( ásimulações é <strong>da</strong>dos por:. Assim, neste contexto o valor <strong>da</strong> energia <strong>de</strong> fractura usado nas(5.3b)N.mm/mm 2(5.3c)Na Tabela 5.2 são apresenta<strong>da</strong>s as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s materiais do betão leva<strong>da</strong>s emconsi<strong>de</strong>ração na simulação numérica requeri<strong>da</strong>s pelo mo<strong>de</strong>lo numérico na simulação dobetão (Sena-Cruz 2004).83


Tensao [MPa]Tensao [MPa]Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação NuméricaTabela 5.2 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do betão utiliza<strong>da</strong>s na simulação numérica.Coeficiente <strong>de</strong> Poisson υ c = 0.20Módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> [GPa] E c = 31.17Resistência média à compressão [MPa] f cm = 53.08Extensão correspon<strong>de</strong>nte à tensão máxima ε c1 = 0.00681Valor médio <strong>da</strong> resistência à tracção [MPa] f ctm = 3.8Energia <strong>de</strong> fractura do betão [N/mm] G f =0.097Parâmetro que <strong>de</strong>fine o modo I <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> fractura disponível para nova fen<strong>da</strong> P 1 = 2Factor <strong>de</strong> retenção ao corteQuadráticoÂngulo limite [º] α th = 305.2.2 AçoNa <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s leis constitutivas uniaxiais para os aços utilizaram-se as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sapresenta<strong>da</strong>s na Tabela 5.3. Estas tiveram como base a caracterização experimentalefectua<strong>da</strong> por Bonaldo (2008). Nesta tabela sy , sy , smax e smax correspon<strong>de</strong>m à extensão etensão <strong>de</strong> cedência e última, respectivamente. Consi<strong>de</strong>rou-se um módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>,E s , <strong>de</strong> 200 GPa. Na Figura 5.2 são apresentados <strong>de</strong> forma gráfica os diagramas tensãoversus extensão do aço simulado.Tabela 5.3 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do aço.Açoζ sy[MPa]ζ smáx[MPa]ε sy [%] ε smáx [%]452 475 0.236 13.375455 475 0.253 16.00060060040040020020000 60 120 180Extensao [10 -3 ](a)00 60 120 180Extensao [10 -3 ](b)Figura 5.2 – Diagrama tensão versus extensão para o aço: (a) varões ; (b) varões .84


Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga5.2.3 ResultadosNa Figura 5.3 é apresenta<strong>da</strong> a relação força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>slocamento a meio vãoobti<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> simulação numérica efectua<strong>da</strong> para a viga <strong>de</strong> referência. Adicionalmente étambém adiciona<strong>da</strong> a resposta obti<strong>da</strong> experimentalmente. A partir <strong>de</strong>stes resultados concluíseque o mo<strong>de</strong>lo simula com rigor suficiente os resultados obtidos experimentalmente, nãosó em termos <strong>de</strong> carga última, mas também inicio <strong>da</strong> fendilhação e cedência <strong>da</strong>s armaduraslongitudinais.907560453015NuméricoExperimental00 3 6 9 12 15Deslocamento a meio vao [mm]Figura 5.3 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente e experimentalmente paraa viga <strong>de</strong> referência.5.3 VIGA EBRPara o caso <strong>da</strong> simulação <strong>da</strong> viga EBR, utilizou-se a mesma geometria, condições <strong>de</strong> apoioe malha <strong>de</strong> elementos finitos e mo<strong>de</strong>los constitutivos para a simulação do betão e <strong>da</strong>sarmaduras que no caso <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência. Adicionalmente para a simulação do laminado<strong>de</strong> CFRP usaram-se elementos finitos <strong>de</strong> cabo 2D <strong>de</strong> 2 nós, com uma integração numéricacom recurso a 2 pontos <strong>de</strong> Gauss-Legendre e com uma lei uniaxial linear elástica até àrotura. O a<strong>de</strong>sivo foi simulado com recurso a elementos <strong>de</strong> interface <strong>de</strong> 4 nós e com umaintegração numérica com recurso a 3 pontos <strong>de</strong> Gauss-Lobato. A malha adopta<strong>da</strong> é85


300Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação Numéricaconstituí<strong>da</strong> por 507 elementos (betão, armadura e sistema <strong>de</strong> reforço), como se ilustra naFigura 5.4 e Figura 5.5.F/2x3x1x2100 300600100Figura 5.4 - Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para simular a viga EBR.(Nota: as dimensões estão em milímetros)BetãoA<strong>de</strong>sivoLaminadoFigura 5.5 – Pormenor do sistema <strong>de</strong> reforço: betão-a<strong>de</strong>sivo-laminado <strong>de</strong> CFRP.5.3.1 FRPOs valores <strong>da</strong> resistência à tracção longitudinal, módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> longitudinal emódulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> transversal, foram <strong>de</strong>terminados a partir <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong>caracterização do laminado unidireccional (ver Capitulo 3). Na simulação do laminado <strong>de</strong>CFRP, apenas se consi<strong>de</strong>rou a extensão e tensão última <strong>de</strong> tracção e iguais a 1.5% e2000 MPa, respectivamente. Na Figura 5.6 é apresentado graficamente o comportamentoadmitido para o laminado unidireccional.86


Tensao [MPa]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga210018001500120090060030000.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6Extensao [%]Figura 5.6 – Curva <strong>de</strong> comportamento do laminado unidireccional.5.3.2 A<strong>de</strong>sivo epoxyTal como referido anteriormente, o a<strong>de</strong>sivo epoxy foi simulado por intermédio <strong>de</strong> elementos<strong>de</strong> interface. Foi utiliza<strong>da</strong> uma lei <strong>de</strong> comportamento não linear para simular a relação entreas tensões <strong>de</strong> corte e o <strong>de</strong>slizamento ocorrido entre o FRP e o betão. Para tal utilizou-seuma formulação proposta por Sena-Cruz (2005):(5.4)on<strong>de</strong> e s m são a resistência máxima <strong>da</strong> ligação do a<strong>de</strong>sivo e o correspon<strong>de</strong>nte<strong>de</strong>slizamento. O valor adoptado para foi o indicado na ficha técnica do a<strong>de</strong>sivo (verTabela 3.6 do Capítulo 3), i.e.. Para o <strong>de</strong>slizamento consi<strong>de</strong>rou-se. Este valor foi seleccionado <strong>de</strong> modo a que a rotura numérica coincidisse com oobservado experimentalmente. Raciocínio idêntico foi adoptado para os parâmetros α e α‟.Assim, neste caso adoptaram-se os valores <strong>de</strong> e .Na Figura 5.7 ilustra-se graficamente a lei <strong>de</strong> corte versus <strong>de</strong>slizamento usa<strong>da</strong> nasimulação numérica.87


[MPa]Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação Numérica432100.0 0.1 0.2 0.3 0.4s [mm]Figura 5.7 – Curva do comportamento <strong>de</strong> ligação do a<strong>de</strong>sivo para a viga EBR.5.3.3 ResultadosNa Figura 5.8 é apresentado o resultado obtido em termos <strong>de</strong> força aplica<strong>da</strong> versus<strong>de</strong>slocamento a meio vão. Neste gráfico também se inclui a resposta experimental. Talcomo na simulação <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> referência, também neste caso o mo<strong>de</strong>lo numérico simulacom rigor o observado experimentalmente.88


100300Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga12010080604020NuméricoExperimental00 3 6 9 12 15Deslocamento a meio vao [mm]Figura 5.8 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente e experimentalmente paraa viga EBR.5.4 VIGA MF-EBRPara a simulação <strong>da</strong> viga MF-EBR, utilizou-se a mesma geometria, condições <strong>de</strong> apoio emalha <strong>de</strong> elementos finitos e mo<strong>de</strong>los constitutivos para a simulação do betão, <strong>da</strong>sarmaduras e do FRP que no caso <strong>da</strong> viga <strong>de</strong> EBR (ver Figura 5.9). Adicionalmente foramsimula<strong>da</strong>s as ancoragens com recurso a elementos <strong>de</strong> barra <strong>de</strong> pórtico 2D.F/2x3x1x2100 300600100Figura 5.9 – Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para a viga MF-EBR.(Nota: as dimensões estão em milímetros)89


Tensao [MPa]Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação Numérica5.4.1 FRPNo caso <strong>da</strong> viga MF-EBR, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente do laminado não é mobiliza<strong>da</strong> na suatotali<strong>da</strong><strong>de</strong> em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> existência <strong>da</strong>s ancoragens.Assim, em oposição ao laminado unidireccional, o MDL-CFRP foi simulado porintermédio <strong>de</strong> dois troços rectos. Consi<strong>de</strong>rou-se que o ponto <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> um troço paraoutro era <strong>de</strong>finido pelo ponto cuja tensão é igual a 390 MPa e a extensão igual a 0.33%; apartir <strong>de</strong>ste ponto consi<strong>de</strong>ra-se que a ancoragem entra em funcionamento. Admitiu-se que arotura do laminado ocorre para o valor <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 850 MPa, para uma extensão <strong>de</strong> 2%.Na Figura 5.10 po<strong>de</strong> observar-se o comportamento do laminado multi-direccional admitido.100080060040020000.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5Extensao [%]Figura 5.10 – Curva do comportamento do laminado multi-direccional.5.4.2 A<strong>de</strong>sivo epoxyPara mo<strong>de</strong>lar o a<strong>de</strong>sivo utilizado na viga MF-EBR, recorreu-se às mesmas aproximaçõesque na viga EBR, alterando apenas o valor do <strong>de</strong>slizamento, s m , e no parâmetro α‟.No caso <strong>da</strong> viga MF-EBR, pretendia-se que o <strong>de</strong>slizamento do a<strong>de</strong>sivo fosserelativamente pequeno, <strong>de</strong> modo a este não suportar gran<strong>de</strong>s extensões. Quando o<strong>de</strong>slizamento do a<strong>de</strong>sivo é alcançado, este entra em rotura e os esforços são transferidospara as ancoragens. Para obter este comportamento do a<strong>de</strong>sivo, consi<strong>de</strong>rou-se para α‟ um90


[MPa]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigavalor relativamente elevado para que quando o a<strong>de</strong>sivo entrar em rotura, este transfiraintegralmente os esforços para as ancoragens. Assim, para a simulação do a<strong>de</strong>sivoconsi<strong>de</strong>rou-se um e um . Na Figura 5.11 ilustra-se graficamente ocomportamento do a<strong>de</strong>sivo pré-pico e pós-pico admitido.432100.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12s [mm]Figura 5.11 – Curva do comportamento <strong>de</strong> ligação do a<strong>de</strong>sivo para a viga MF-EBR.5.4.3 AncoragensTal como referido anteriormente, as ancoragens metálicas foram simula<strong>da</strong>s com elementosbarra <strong>de</strong> pórtico 2D. Para este material admitiu-se comportamento elástico linear. Por issoapenas se <strong>de</strong>finiu o seu módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> e o coeficiente <strong>de</strong> Poisson:e, respectivamente.Nas ancoragens foi aplicado um pré-esforço através <strong>de</strong> um momento <strong>de</strong> aperto <strong>de</strong>40 Nm. Este pré-esforço foi simulado através <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> uma variação uniforme <strong>de</strong>temperatura com sinal negativo nos elementos que simulam as ancoragens. Para estimar opré-esforço no parafuso é necessário <strong>de</strong>terminar que força, P, resulta do momento <strong>de</strong> apertoaplicado. Assim(5.5a)Em que, P é a força resultante do momento <strong>de</strong> aperto, T aplicado ao parafuso <strong>de</strong> diâmetro,D. Logo,91


Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação Numérica(5.5b)A variação <strong>de</strong> comprimento, L, <strong>de</strong>vido a uma variação térmica, T, para uma barra <strong>de</strong>comprimento L é <strong>da</strong><strong>da</strong> porPor outro lado, a variação <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> uma barra quando submeti<strong>da</strong> a um esforçoaxial, N, <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> E, é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:(5.6)(5.7)Igualando as expressões (5.6) e (5.6) obtém-selogo(5.8a)(5.8b)5.4.4 ResultadosNa Figura 5.12, po<strong>de</strong> observar-se a curva obti<strong>da</strong> pela simulação numérica e a curvaresultante do ensaio experimental em termos <strong>de</strong> força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>slocamento a meiovão. Também neste caso a simulação numérica acompanha com elevado rigor o observadoexperimentalmente, em termos <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> fendilhação, <strong>de</strong> cedência e última, bem comoem termos <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z dos <strong>diferentes</strong> estados.92


Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga175150125100755025NuméricoExperimental00 5 10 15 20 25 30Deslocamento a meio vao [mm]Figura 5.12 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente e experimentalmentepara a viga MF-EBR.5.5 VIGA NSMO mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> viga NSM distingue-se <strong>da</strong>s restantes vigas reforça<strong>da</strong>s, porque nesta simulação<strong>de</strong>finem-se dois tipos <strong>de</strong> betão distintos (ver Tabela 5.5). Um tipo <strong>de</strong> betão igual ao que setem consi<strong>de</strong>rado até agora (betão tipo I) e outro mais fraco que restringiu-se à zona entre aarmadura longitudinal inferior e o sistema <strong>de</strong> reforço (betão tipo II). Para além <strong>de</strong> <strong>de</strong>scretizaro betão em dois tipos, o laminado FRP é simulado com elementos <strong>de</strong> cabo embebido e assuas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s mecânicas são as mesmas que no caso <strong>da</strong> viga EBR. Ao contrário <strong>da</strong>soutras vigas reforça<strong>da</strong>s, o a<strong>de</strong>sivo não é tomado em consi<strong>de</strong>ração no mo<strong>de</strong>lo. A malhaadopta<strong>da</strong> é constituí<strong>da</strong> por 523 elementos (ver Figura 5.13).93


300Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação NuméricaF/2x3x1x2100 300600100Figura 5.13 – Malha <strong>de</strong> elementos finitos adopta<strong>da</strong> para a viga NSM.(Nota: as dimensões estão em milímetros)Na Tabela 5.5 são apresentados os parâmetros inerentes a ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> betãoutilizado. Os restantes parâmetros consi<strong>de</strong>rados na simulação do mo<strong>de</strong>lo são iguais nosdois tipos <strong>de</strong> betão.Tabela 5.5 – Valor dos parâmetros para ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> betão.Betão do tipo IBetão do tipo IIResistência à tracção [MPa] 2.9 1.6Ângulo <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s [º] 89 3094


Força [kN]Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadiga5.5.1 ResultadosNa Figura 5.14 po<strong>de</strong> comparar-se o resultado obtido pela mo<strong>de</strong>lação numérica <strong>da</strong> vigaNSM com a curva do ensaio experimental. Até à força máxima o mo<strong>de</strong>lo numérico <strong>da</strong> vigaNSM é muito semelhante ao observado experimentalmente; porém a curva numérica a partir<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> altura não simula com rigor a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z/resistência observa<strong>da</strong>sexperimentalmente. Consi<strong>de</strong>rou-se que a “rotura” numérica ocorreu a partir do instante emque é impossível avançar com o processo <strong>de</strong> cálculo. Esta ausência <strong>de</strong> convergênciapo<strong>de</strong>rá ser atribuí<strong>da</strong> à muita concentração <strong>de</strong> fen<strong>da</strong>s.Na Figura 5.15 é apresentado o padrão <strong>de</strong> fendilhação do mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> viga NSM ecomo se po<strong>de</strong> notar, a zona do reforço está bastante fendilha<strong>da</strong> à semelhança do observadoexperimentalmente.180150120906030NuméricoExperimental00 5 10 15 20 25Deslocamento a meio vao [mm]Figura 5.14 – Força versus <strong>de</strong>slocamento a meio vão obtido numericamente e experimentalmentepara a viga NSM.95


Capitulo 5 – Mo<strong>de</strong>lação NuméricaFigura 5.15 – Padrão <strong>de</strong> fendilhação do mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> viga NSM.96


Capítulo VICONCLUSÕESA presente dissertação teve como objectivo comparar a eficiência <strong>de</strong> várias técnicas <strong>de</strong>reforço <strong>de</strong> estruturas existentes, com recurso a materiais poliméricos reforçados comfibras <strong>de</strong> carbono (CFRP - Carbon fiber reinforcement polymer), sob acções monotónicase <strong>de</strong> fadiga.Para tal realizou-se o reforço <strong>de</strong> vigas <strong>de</strong> 2.2 m <strong>de</strong> comprimento e <strong>de</strong> 200x300 mm 2<strong>de</strong> secção transversal, com três técnicas distintas: EBR (Externally bon<strong>de</strong>dreinforcement), que consiste na aplicação do material <strong>de</strong> reforço colado na superfície doelementos estrutural a ser reforçado; NSM (Near surface mounted), que consiste nainserção <strong>de</strong> laminados <strong>de</strong> FRP no betão <strong>de</strong> recobrimento; e MF-EBR (Mechanicallyfastened and externally bon<strong>de</strong>d reinforcement), que combina a técnica EBR com aaplicação <strong>de</strong> ancoragens metálicas ao longo do material <strong>de</strong> reforço, <strong>de</strong> maneira a fixareste ao betão.Dos ensaios monotónicos po<strong>de</strong> afirmar-se que a técnica mais eficaz foi a técnicaMF-EBR com uma força máxima <strong>de</strong> 148.2 kN. Em relação à viga <strong>de</strong> referência,representa um incremento <strong>de</strong> 87% na força máxima. As vigas reforça<strong>da</strong>s com as técnicasEBR e NSM alcançaram uma força máxima <strong>de</strong> 108.4 kN e 147.3 kN, respectivamente.Este valor <strong>da</strong> força máxima representa um incremento <strong>de</strong> 37% e 86% na força máximaem relação à viga <strong>de</strong> referência, para viga EBR e NSM respectivamente.Ao comparar a viga EBR e MF-EBR, conclui-se que a aplicação <strong>de</strong> ancoragens ébastante promissora, não só por haver uma melhor transferência <strong>de</strong> esforços entre osistema <strong>de</strong> reforço e o betão, mas também porque se consegue evitar uma rotura frágil.Tanto a viga EBR como NSM apresentam uma rotura precoce e frágil, o que com a vigaMF-EBR já não se verifica, porque o sistema <strong>de</strong> reforço entra em rotura poresmagamento do laminado, o que reflecte num comportamento dúctil. Para além <strong>da</strong>técnica MF-EBR alcançar uma força máxima maior do que as restantes vigas, um dos


Referências Bibliográficasaspectos mais favorável <strong>de</strong>sta técnica é o nível <strong>de</strong> ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> (4.35), que foi muitosuperior ao registado nas outras duas vigas reforça<strong>da</strong>s, EBR (1.80) e NSM (2.98).Após a realização dos ensaios monotónicos e com base nos resultados obtidos,realizou-se uma campanha <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> fadiga, com aplicação <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> ciclos auma frequência <strong>de</strong> 2 Hz. O nível <strong>de</strong> carregamento a ser imposto a ca<strong>da</strong> viga era<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> força máxima obti<strong>da</strong> nos ensaios monotónicos.Após a aplicação <strong>de</strong> 10 6 <strong>de</strong> ciclos as vigas foram ensaia<strong>da</strong>s monotonicamente até àrotura. A viga que alcançou o maior valor para força máxima foi a viga NSM, 160.7 kN,enquanto as vigas EBR e MF-EBR alcançaram 114.2 kN e 147.2 kN, respectivamente.Isto representa um incremento na forma máxima em relação à viga <strong>de</strong> referência(79.9 kN) <strong>de</strong> 101%, 84% e 43%, para as vigas NSM, MF-EBR e EBR, respectivamente.Analisando os valores obtidos po<strong>de</strong> afirmar-se que após um milhão <strong>de</strong> ciclos as vigasEBR e NSM apresentam valores superiores aos registados nos ensaios monotónicos.Este fenómeno po<strong>de</strong>rá eventualmente ser explicado pelo endurecimento do aço ao longodos ciclos <strong>de</strong> fadiga e também pelo tempo <strong>de</strong> cura do a<strong>de</strong>sivo superior nas vigas dosensaios <strong>de</strong> monotónicos.Ao longo dos ensaios <strong>de</strong> fadiga, po<strong>de</strong> afirmar-se que houve um ganho <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>da</strong>viga MF-EBR, enquanto as restantes vigas per<strong>de</strong>ram rigi<strong>de</strong>z. Ao comparar a rigi<strong>de</strong>z<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> no último ciclo com a do primeiro ciclo po<strong>de</strong> conclui-se que houve um ganho<strong>de</strong> 7.6% para a viga MF-EBR, enquanto as vigas EBR e NSM per<strong>de</strong>ram rigi<strong>de</strong>z em 3.0%e 12.1%, respectivamente.As vigas dos ensaios monotónicos foram simula<strong>da</strong>s numericamente através doprograma <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> elementos finitos, FEMIX 4.0. As vigas foram admiti<strong>da</strong>s comosubmeti<strong>da</strong>s a estado plano <strong>de</strong> tensão, tendo-se simulado o comportamento não linearmaterial do betão através <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo elasto-plástico com fendilhação distribuí<strong>da</strong>, <strong>da</strong>sarmaduras através <strong>de</strong> leis axiais não lineares e <strong>da</strong> interface FRP/betão (no caso <strong>da</strong>svigas EBR e MF-EBR). Nas simulações algumas <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos materiais, comobetão, aço, FRP, a<strong>de</strong>sivo e ancoragens foram calibra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira a que em conjuntotivessem o comportamento <strong>de</strong>sejável, i.e. a resposta numérica aproximasse, tanto quantopossível, os resultados experimentais. Assim, verificou-se que os mo<strong>de</strong>los numéricosobtidos para ca<strong>da</strong> viga simularam com rigor os resultados obtidos experimentalmente.98


Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaComo nota final refere-se que no âmbito <strong>de</strong>sta dissertação estudou-se a eficiência<strong>da</strong> técnica MF-EBR em comparação com as técnicas já existentes. Po<strong>de</strong> afirmar-se queesta técnica é bastante promissora, tanto a nível <strong>de</strong> carga máxima, como ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> emodo <strong>de</strong> rotura. Porém mais investigação <strong>de</strong>verá ser feita <strong>de</strong> modo a completar o estudodo seu comportamento.


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Eficiência <strong>de</strong> <strong>diferentes</strong> técnicas no reforço à flexão <strong>de</strong> vigas submeti<strong>da</strong>s a acções monotónicas e <strong>de</strong> fadigaGar<strong>de</strong>n, H. N., and Hollaway, L. C.,(1998) “An Experimental Study of the Influence ofPlate End Anchorage of Carbon Fiber Composite Plates Used to StrengthenReinforced Concrete Beams,” Composite Structures, Vol. 42.Gheorghiu C., Labossière P., Proulx J. (2005), “Fatigue and monotonic strength of RCbeams strengthened with CFRP‟s.”Holmen J.O. (1979), “Fatigue of concrete by constant and variable amplitu<strong>de</strong> loading”.Bulletin Nº 79-1, Division of Concrete Structures, NTH-Trondheim, 218 p.Hsu T.C., “Fatigue of plian concrete.” ACI Journal, Proceedings, 78, July-August 1981, p.292-305.Kim, Y., Hefferman, P. (2008), “Fatigue Behavior of Externally Strengthened ConcreteBeams with Fiber-Reinforced Polymers: State of the Art”, Journal of Composites forConstruction, Vol. 12, N.º 3.Lamanna, A. (2002), „„Flexural strengthening of reinforced concrete beams withmechanically fastened fiber reinforced polymer strips.‟‟ Dissertação para obtençãodo grau <strong>de</strong> Doutor pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Wisconsin-Madison, 287 p.LNEC E397-1993 (1993), “Concrete - Determination of the elasticity young modulus un<strong>de</strong>rcompression” Portuguese specification from LNEC.Meneghel, J. (2005), “Análise Experimental <strong>da</strong> A<strong>de</strong>rência entre o Concreto e Compósitoscom Tecido <strong>de</strong> Fibras <strong>de</strong> Carbono.” Dissertação para obtenção do grau <strong>de</strong> Mestreem Engenharia Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica do Rio <strong>de</strong> Janeiro.Meneghetti, L.C. (2007), “Análise do comportamento à fadiga <strong>de</strong> vigas <strong>de</strong> concretoarmado reforça<strong>da</strong>s com PRF <strong>de</strong> vidro, carbono e arami<strong>da</strong>.” Dissertação paraobtenção do grau <strong>de</strong> Doutor em Engenharia Civil pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do RioGran<strong>de</strong> do Sul, 277 p.Neubauer, U e Rostásy, F.S, 1997, “Design aspects of concrete structures strengthenedwith externally bon<strong>de</strong>d CFRP-plates”. Int. Conf. on Structural Faults & Repair-97,Edinburgh, p. 109-118.NP EN 12390-3:2009 (2009), “Testing har<strong>de</strong>ned concrete. Part 3: Compressive strengthof test specimens”.RILEM Committee 36-RDL (1984), “Long term random dynamic loading of concretestructures.”


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Anexo IFICHA TÉCNICA DO LAMINADO UNIDIRECCIONAL CFK EDO PRÉ-IMPREGNADO HS


107Anexo I


108Anexo I


110Anexo I

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