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asPectOs PeriOdOntais em Pacientes cOm fissuras labiOPalatinas

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Muncinelli EAG • Oliveira GHC • Esper LA • de Almeida ALPFcas, EOAS). Como consequência, pode ser observada a presença decicatrizes e tecido fibroso na região anterior, desencadeando umvestíbulo raso com pouca faixa de gengiva inserida e mobilidadeda marg<strong>em</strong> gengival 4,7 (Figuras 2). Estas características <strong>em</strong> associaçãocom a tensão do lábio pod<strong>em</strong> interferir na expressão facial,na fonética, no tratamento ortodôntico, na reabilitação protéticae no cuidado com a higiene oral. A técnica da vestibuloplastiaassociada ao enxerto gengival livre t<strong>em</strong> sido muito utilizada parasolucionar essa alteração 21-22 .Outro aspecto de extr<strong>em</strong>a relevância refere-se à frequênciade recessões <strong>em</strong> dentes adjacentes à fissura (Figura 3). Estesdentes chegam a apresentar dez vezes mais recessões que nosmesmos dentes de indivíduos não fissurados e merec<strong>em</strong> atençãoespecial durante o tratamento odontológico 23 . A maior prevalência<strong>em</strong> uma população brasileira foi encontrada nos caninos superioresdireitos 4 . T<strong>em</strong> sido observada alta incidência de recessões <strong>em</strong>primeiros molares superiores, o que pode ser explicado pela presençade bandas ortodônticas desde a infância até a vida adulta 5 .DiscussãoA reabilitação de indivíduos com <strong>fissuras</strong> labiopalatinas representaum desafio para os clínicos, tanto do ponto de vista funcionalcomo estético, e necessita da participação de equipes inter <strong>em</strong>ultidisciplinares para obter os resultados esperados. Esta revisãoda literatura objetivou apontar as principais características periodontaisrelacionadas aos indivíduos com fissura de lábio e palatoe possibilitar que clínicos não inseridos <strong>em</strong> centros especializadosconheçam as particularidades deste grupo de pacientes.Foi possível observar que os trabalhos são quase unânimes <strong>em</strong>relatar um elevado índice de placa, principalmente devido à extensaterapia ortodôntica 10,15-16 . Além disso, probl<strong>em</strong>as mucogengivais associadospod<strong>em</strong> dificultar a higienização, agravando, dessa forma,a condição clínica. Quase a totalidade dos estudos ressalta a importânciade controles periodontais periódicos e constante motivaçãodos pacientes para que o tratamento seja concluído <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>pohábil e reduza o risco de destruição periodontal 24 .Nos indivíduos com <strong>fissuras</strong> labiopalatinas, o mecanismo de formaçãoda DP <strong>em</strong> nada se diferencia do indivíduo s<strong>em</strong> esta anomalia 4 . Oinício da colonização bacteriana até a destruição dos tecidos periodontaisacontece pelos mesmos mecanismos já conhecidos, entretanto,ainda não é clara a epid<strong>em</strong>iologia desta doença nesta população. Grandeparte dos autores comparou a região da fissura com outra regiãonão acometida e deixou de avaliar os d<strong>em</strong>ais sítios ou sextantes. Alémdisso, muitos estudos utilizaram uma amostra pequena com ampladiferença de idade, o que difere dos estudos epid<strong>em</strong>iológicos da DP,consagrados na literatura 25-26 , <strong>em</strong> indivíduos não fissurados. Deve-seconsiderar que uma das principais características da DP é ser sítio dependente;o que sugere que <strong>em</strong> muitos estudos, ela pode ter sidosubestimada ou superestimada. Ao que tudo indica, a fissura não predispõeo desenvolvimento da DP dos dentes adjacentes.A realização de cirurgias mucogengivais <strong>em</strong> pacientes comfissura labiopalatinas como vestibuloplastia, enxerto gengival livrepara aumento e/ou ganho de faixa de gengiva queratinizada eFiguras 2 – A. Brida cicatricial decorrente da cirurgia deEOAS ocasionando dificuldade de higienização por partedo paciente. B. Brida cicatricial decorrente de cirurgia deEOAS, ausência de mucosa queratinizada, inflamação detecido marginal. C. Ausência de mucosa queratinizada,profundidade de vestíbulo diminuída, mobilidade damarg<strong>em</strong> gengival decorrentes de cirurgias anteriores.Figura 3 – Recessãogengival <strong>em</strong> canino superioradjacente a fissura.362PerioNews 2012;6(4):359-63


Periodontiaprocedimentos para recobrimento radicular são muito frequentes.Este protocolo terapêutico t<strong>em</strong> sido rotineiramente aplicadono setor de Periodontia do HRAC-USP, apresentando altas taxas desucesso, proporcionando ao paciente melhores condições de manutençãoda higienização e favorecendo a saúde gengival/bucalque impacta <strong>em</strong> sua qualidade de vida.Dessa forma, acreditamos que cirurgiões-dentistas não inseridos<strong>em</strong> centros especializados dev<strong>em</strong> fornecer tratamento a pacientesfissurados quando necessário, especialmente de manutençãoperiodontal, que <strong>em</strong> nada se diferencia de um indivíduo s<strong>em</strong> fissura.Conclusão• Dentro das limitações desta revisão acredita-se que o conhecimentodos aspectos periodontais encontrados nos pacientescom fissura de lábio e palato é trivial para o periodontista proporcionarum plano de tratamento adequado e b<strong>em</strong> indicado.• Os trabalhos suger<strong>em</strong> que populações com <strong>fissuras</strong> labiopalatinaspossu<strong>em</strong> condições periodontais s<strong>em</strong>elhantes a pacientesnão fissurados. Terapias periodontais de suporte dev<strong>em</strong> ser fort<strong>em</strong>enteinstituídas para assegurar o sucesso do tratamento.• Em acréscimo, é importante destacar que um planejamento terapêuticomultidisciplinar e multiprofissional é fundamental edeterminante para o sucesso <strong>em</strong> longo prazo do tratamento ea satisfação do paciente.Nota de esclarecimentoNós, os autores deste trabalho, não receb<strong>em</strong>os apoio financeiro para pesquisa dadopor organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.Nós, ou os m<strong>em</strong>bros de nossas famílias, não receb<strong>em</strong>os honorários de consultoria oufomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com apublicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos <strong>em</strong> organizações quetambém possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não receb<strong>em</strong>oshonorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possamter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos <strong>em</strong>pregados pelaentidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ouroyalties, n<strong>em</strong> trabalhamos como test<strong>em</strong>unha especializada, ou realizamos atividadespara uma entidade com interesse financeiro nesta área.Endereço para correspondência:Ana Lúcia Pompéia Fraga de Almeida (Hospital de Reabilitação de AnomaliasCraniofaciais - Periodontia)Rua Silvio Marchione, 3-20 – Vila Universitária17012-230 – Bauru – SPanalmeida@usp.brReferências1. Nag<strong>em</strong> Filho HMN, Rocha RGF. Contribuição para oestudo da prevalência das malformações congênitaslabiopalatinas na população escolar de Bauru. Rev FacOdontol 1968;6(2);111-28.2. Silva-Filho OG, Freitas JAS. Caracterização morfológicae orig<strong>em</strong> <strong>em</strong>briológica. 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