12.07.2015 Views

A Natureza da Filosofia e o seu Ensino - Desidério Murcho

A Natureza da Filosofia e o seu Ensino - Desidério Murcho

A Natureza da Filosofia e o seu Ensino - Desidério Murcho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Educação e <strong>Filosofia</strong>caso, por ser uma disciplina histórica, e como tal empírica, aserie<strong>da</strong>de acadêmica <strong>da</strong> disciplina já não fica em causa. Para usaro exemplo anterior, não se trata já de pensar diretamente sobre oproblema de saber se é imoral provocar dor nos animais nãohumanos, problema desconfortável porque não pode ser tratadoempiricamente. Em história <strong>da</strong> filosofia procura-se, antes, explicarcui<strong>da</strong>dosamente o pensamento de um <strong>da</strong>do filósofo, como Kantou Peter Singer, sobre este tema. E agora as metodologias já sãoclaramente reconhecíveis como aceitáveis do ponto de vista docientismo porque são metodologias empíricas: trata-se de interpretardocumentos, cotejar fontes, confrontar comentadores. Estasubstituição <strong>da</strong> filosofia pela sua história tem um aspecto irônico eaté divertido. É que se os filósofos tivessem os mesmos pruridosquanto ao caráter a priori <strong>da</strong> filosofia, não haveria filosofia para sepoder fazer a sua história.Em conclusão, a filosofia não é uma disciplina empírica comoa física ou a história; é uma disciplina a priori como a matemática.Contudo, em filosofia não há métodos formais de prova. Namatemática estu<strong>da</strong>m-se exclusivamente aqueles problemas quepodem ser resolvidos recorrendo aos métodos formais <strong>da</strong> própriamatemática. Em filosofia, contudo, não há quaisquer métodosformais de prova. Podemos usar a lógica, e devemos, mas a lógica éapenas instrumental: não resolve os problemas <strong>da</strong> filosofia, nemdetermina o que é ou não um problema filosófico. Num certo sentido,um problema é filosófico precisamente quando não há quaisquermetodologias científicas, nem formais, para tentar resolvê-lo.Os problemas <strong>da</strong> filosofiaEsclareci<strong>da</strong> brevemente a natureza <strong>da</strong> filosofia, vejamos agorabrevemente os <strong>seu</strong>s elementos constituintes. A filosofia ocupa-sede problemas que se caracterizam, entre outras coisas, por nãoserem susceptíveis de serem estu<strong>da</strong>dos recorrendo a metodologiasempíricas nem formais. Em termos mais positivos, os problemas<strong>da</strong> filosofia caracterizam-se por terem um caráter iminentementeconceptual.Educ. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.86Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd863/24/2009, 5:12 PM


Educação e <strong>Filosofia</strong>filosofia é apenas uma questão de apreciar e aplaudir as idéias dosfilósofos, mas não de as discutir. Se usarmos um termo como“perspectiva”, por exemplo, poderemos ser levados a pensar queca<strong>da</strong> qual tem a sua perspectiva, não fazendo sentido discuti-laspara saber que perspectivas são mais plausíveis. Assim, o termo“teoria” surge como mais claramente neutro; uma teoria é umaidéia razoavelmente sofistica<strong>da</strong> e articula<strong>da</strong> que alguém defende.Precisamente porque os problemas <strong>da</strong> filosofia são de caráterconceptual, também as teorias filosóficas o são. As teorias filosóficasnão são empíricas nem formais. Distinguem-se assim <strong>da</strong>s teorias<strong>da</strong> biologia ou <strong>da</strong> matemática. E, pelas mesmas razões que ocientismo tem relutância em aceitar a reali<strong>da</strong>de dos problemas <strong>da</strong>filosofia, tem relutância em aceitar que uma teoria possa seracademicamente séria não sendo empírica nem formal. Mas asteorias filosóficas não são empíricas nem formais porque nenhumateoria empírica ou formal parece poder resolver os problemas <strong>da</strong>filosofia. E portanto, <strong>da</strong><strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de dos problemas <strong>da</strong> filosofia,a teorização filosófica é o único tipo de coisa a fazer, se nãoquisermos fingir que os problemas não existem.E chegamos ao aspecto central <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de filosófica: aargumentação. Os argumentos sustentam as teorias. Isto nãoacontece apenas em filosofia; to<strong>da</strong>s as teorias, sejam científicas,históricas ou filosóficas, se sustentam em argumentos. A diferençaé que os argumentos científicos que sustentam as teorias <strong>da</strong> ciênciatêm tendência para desaparecer de vista, por causa dos dois aspectosque discutimos no início:1) Por um lado, a ciência apresenta resultados, e isso é que pareceinteressar às pessoas, e não as razões que temos para pensar quetais teorias são ver<strong>da</strong>deiras ou aproxima<strong>da</strong>mente ver<strong>da</strong>deiras. Aspessoas parecem mais interessa<strong>da</strong>s em compreender teoriascientíficas que pressupõem que são ver<strong>da</strong>deiras porque aceitam aautori<strong>da</strong>de dos cientistas do que em saber que razões têm oscientistas para pensar que são ver<strong>da</strong>deiras.2) Por outro lado, as instituições de ensino estão vocaciona<strong>da</strong>s paratransmitir teorias de modo algo autoritário, como resultadosconsensuais que não devem ser postos em causa. E é pena, porqueEduc. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.89Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd893/24/2009, 5:12 PM


Educação e <strong>Filosofia</strong>outra coisa que não meras opiniões de senso comum quando lhesfazemos uma pergunta genuinamente filosófica. É por isso que emalgumas instituições de ensino <strong>da</strong> filosofia nunca se fazem taisperguntas aos estu<strong>da</strong>ntes; ninguém lhes pergunta se há livre-arbítrioou se Deus existe ou o que é a arte ou o conhecimento. Tudo o quese pede ao estu<strong>da</strong>nte é que comente textos de filósofos queprocuram responder a esses mesmíssimos problemas, que oestu<strong>da</strong>nte contudo não tem o direito de discutir diretamente. Seminstrumentos filosóficos adequados, o estu<strong>da</strong>nte fica reduzido àmera erudição histórica ou à opinião de senso comum — doisextremos que resultam <strong>da</strong> mesmíssima deficiência no ensino <strong>da</strong>filosofia. E para evitar a opinião de senso comum, as instituiçõesde ensino optam decidi<strong>da</strong>mente pela erudição histórica e pelocomentário de texto.Contudo, não basta que o estu<strong>da</strong>nte domine os instrumentoscríticos <strong>da</strong> filosofia. É também preciso que tenha a informaçãoteórica relevante. Ao estu<strong>da</strong>r um problema filosófico qualquer, oestu<strong>da</strong>nte tem de ter conhecimento dos diferentes tipos de teoriasque procuram responder ao problema — e respectivas críticas. Aoestu<strong>da</strong>r cui<strong>da</strong>dosamente as teorias <strong>da</strong> filosofia e respectivas críticas,o estu<strong>da</strong>nte está também a aprender, por ostensão, a construirteorias e a apresentar críticas. E deve ser estimulado a fazê-lo.Neste processo, a história <strong>da</strong> filosofia não fica esqueci<strong>da</strong>, nema bibliografia primária. Pois é na história <strong>da</strong> filosofia, tanto antigacomo mais recente, que se encontram formulados os problemas,teorias e argumentos <strong>da</strong> filosofia. Contudo, é preciso evitarcui<strong>da</strong>dosamente dois extremos:1) O historicismo consiste em substituir a filosofia pela sua história.O estu<strong>da</strong>nte não aprende a filosofar, mas apenas a explicar asfilosofias alheias, e eventualmente a reinterpretá-las infinitamente— nos piores casos, pensando que ao fazer isso está a fazer filosofia.2) O enciclopedismo consiste em substituir a filosofia por listas deteorias. O estu<strong>da</strong>nte não aprende igualmente a filosofar, mas apenasa fazer tipologias de teorias.Estes dois extremos são duas maneiras de evitar o ensinoEduc. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.92Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd923/24/2009, 5:12 PM


Educação e <strong>Filosofia</strong>O obstáculo <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>deVimos que a natureza <strong>da</strong> filosofia levanta obstáculos sérios ao<strong>seu</strong> ensino. A filosofia é fun<strong>da</strong>mentalmente discussão de idéias eas instituições de ensino podem não estar vocaciona<strong>da</strong>s paraacolher tal coisa. Mas este não é o único obstáculo ao ensino <strong>da</strong>filosofia; a própria cultura em que estamos envolvidos pode serum obstáculo à filosofia. Se vivermos numa cultura autoritária,teremos dificul<strong>da</strong>de em questionar os grandes filósofos do passado.Em vez de ler ativa e filosoficamente um texto filosófico, faremosuma leitura na qual nunca se investiga cui<strong>da</strong>dosamente se as idéiasdo filósofo são plausíveis ou se os <strong>seu</strong>s argumentos são cogentes.Ca<strong>da</strong> filósofo será uma espécie de paradigma incomensurável,perdendo nós o direito a procurar refutá-lo, ou criticá-lo. Essaatitude será vista como arrogância.Contudo, não se vê Descartes, Aristóteles ou Kant a fazerapenas comentários historiográficos de textos filosóficos. Vemos,pelo contrário, que estes filósofos defendem as suas próprias idéias,e procuram eventualmente refutar ou melhorar as idéias dos <strong>seu</strong>santecessores. É isto que é fazer filosofia. Mas se vivermos numacultura autoritária, teremos dificul<strong>da</strong>de em filosofar porque teremosdificul<strong>da</strong>de em assumir uma atitude crítica perante as idéias dosfilósofos. As idéias dos filósofos serão encara<strong>da</strong>s como insusceptíveisde discussão direta e clara; por exemplo, perguntar se a teoriatranscendental do tempo de Kant é plausível e se os argumentospor ele avançados a <strong>seu</strong> favor são cogentes parecerá quase umaatitude irreverente. Mas sem esta atitude, irreverente ou não, nãohá filosofia. Poderá haver histórias <strong>da</strong> filosofia, comentários detextos filosóficos — mas não haverá filosofia.Numa cultura autoritária haverá a tendência para usar osfilósofos como autori<strong>da</strong>des, substituindo os argumentos quedeveríamos usar para defender idéias pela autori<strong>da</strong>de dos filósofos.O trabalho acadêmico em filosofia torna-se então o seguinte.Imagine-se que alguém defende ou lhe parece plausível uma <strong>da</strong><strong>da</strong>idéia X. Numa cultura autoritária, o trabalho acadêmico consistiránisto: essa pessoa procurará encontrar um ou mais filósofos queEduc. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.94Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd943/24/2009, 5:12 PM


Educação e <strong>Filosofia</strong>defen<strong>da</strong>m X, ain<strong>da</strong> que vagamente. E o <strong>seu</strong> trabalho consistiráentão em expor as idéias desse filósofo sobre X, sem <strong>da</strong>r grandeimportância aos próprios argumentos usados por esse filósofo.Afinal, não se trata realmente de discutir a plausibili<strong>da</strong>de de Xcom base em argumentos, mas apenas de exibir as credenciaisautoritárias <strong>da</strong> idéia X.Numa cultura autoritária, ninguém poderá disputar X,precisamente porque esta é a idéia de um grande filósofo, cujorepresentante distante está perante nós. Tudo o que poderemosfazer é contrapor outro filósofo igualmente famoso, que defende ocontrário de X, e depois ca<strong>da</strong> qual escolhe o filósofo <strong>da</strong> suapreferência. Mas a própria idéia X não pode ser discuti<strong>da</strong>. Naver<strong>da</strong>de, qualquer tentativa de discussão poderá até ser mal vista.Dado que não se pode discutir idéias sem discutir argumentos, ospróprios argumentos ficarão sob suspeita, e poderão ser encaradoscomo “redutores” e “opressores”. Numa cultura autoritária, nãose considerará redutor nem opressor aceitar os filósofos comoautori<strong>da</strong>des inquestionáveis; mas será vista com desconfiança aativi<strong>da</strong>de filosófica de discutir idéias livremente.O tipo de trabalho que acabamos de descrever é academicamentefraudulento. É o equivalente <strong>da</strong> supressão de provas em história,por exemplo, ou em biologia. Imagine-se um historiador que defendeuma idéia sobre qualquer aspecto <strong>da</strong> política do séc. XV, porexemplo. Se ele apresentar apenas os documentos históricoscompatíveis com tal idéia, suprimindo cui<strong>da</strong>dosamente todos osdocumentos históricos incompatíveis com a sua idéia, estará acometer uma fraude acadêmica. Ora, é precisamente isso que sefará em filosofia, caso se substitua a autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> argumentaçãopela autori<strong>da</strong>de dos filósofos do passado: escolhe-se cui<strong>da</strong>dosamenteos filósofos com os quais concor<strong>da</strong>mos, e ignoramos os outros. Estetipo de trabalho é academicamente indefensável.A escolha de conteúdosAntes de terminar, é importante abor<strong>da</strong>r alguns aspectos maispragmáticos do ensino filosófico <strong>da</strong> filosofia.Educ. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.95Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd953/24/2009, 5:12 PM


Educação e <strong>Filosofia</strong>Um problema recorrente no ensino <strong>da</strong> filosofia é a escolha dosconteúdos a lecionar em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s cadeiras que compõem ocurrículo acadêmico. O que vamos lecionar em Estética, Ética,Teoria do Conhecimento, Metafísica, etc.? 8 O historicismo e oenciclopedismo já referidos são duas formas a evitar de respondera este problema.A abor<strong>da</strong>gem historicista consiste em escolher um ou doisfilósofos apenas que o professor geralmente conhece melhor porqueos estu<strong>da</strong> na sua investigação, e reduz-se a disciplina ao que taisfilósofos disseram sobre tais temas. Assim, o estu<strong>da</strong>nte fica semconhecer, por exemplo, nem mesmo uma parte central <strong>da</strong> éticacontemporânea — em vez disso, estu<strong>da</strong> apenas aspectos <strong>da</strong> éticade Aristóteles e de Kant, por exemplo.A abor<strong>da</strong>gem enciclopedista consiste em fazer listas deproblemas, teorias e argumentos <strong>da</strong> ética, por exemplo, mas comum grau tal de generali<strong>da</strong>de que o estu<strong>da</strong>nte não contata realmentecom qualquer um dos mais importantes filósofos <strong>da</strong> área, tantoantigos como modernos.As duas abor<strong>da</strong>gens devem ser evita<strong>da</strong>s, mas ambas têmvantagens. A abor<strong>da</strong>gem historicista tem a vantagem de fazer oestu<strong>da</strong>nte contatar com um ou outro locus classicus <strong>da</strong> área, apesarde ignorar muitos outros. A abor<strong>da</strong>gem enciclopedista tem avantagem de <strong>da</strong>r ao estu<strong>da</strong>nte uma visão abrangente <strong>da</strong> disciplina,tal como ela é hoje estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.Uma abor<strong>da</strong>gem correta concilia as vantagens de ambas,procurando evitar-lhes os defeitos. Por um lado, apresenta aoestu<strong>da</strong>nte aquilo a que por vezes se chama uma geografia conceptual<strong>da</strong> área. Ou seja, apresenta ao estu<strong>da</strong>nte um conjunto dos maisimportantes problemas <strong>da</strong> área em causa, assim como <strong>da</strong>srespectivas famílias de teorias, juntamente com os <strong>seu</strong>s pontos fortese fracos. Mas para ca<strong>da</strong> família de teorias escolhe loci classici8Veja-se o meu artigo “As Disciplinas <strong>da</strong> <strong>Filosofia</strong>”, in Renovar o <strong>Ensino</strong> <strong>da</strong> <strong>Filosofia</strong>,org. de Desidério <strong>Murcho</strong> (Lisboa: Gradiva, 2003), no qual apresento brevementealguns dos conteúdos centrais de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s disciplinas filosóficas, além dedistinguir as diferentes disciplinas <strong>da</strong> filosofia.Educ. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.96Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd963/24/2009, 5:12 PM


Educação e <strong>Filosofia</strong>contrastantes, do passado ou do presente, que o estu<strong>da</strong>nte analisarápormenoriza<strong>da</strong>mente. Assim, o estu<strong>da</strong>nte ganha simultaneamenteuma visão abrangente e bem organiza<strong>da</strong> dos problemas, teorias eargumentos <strong>da</strong> área disciplinar em causa; mas não perde o contatocom a bibliografia primária. A organização conceptual dosproblemas, teorias e argumentos permite ao estu<strong>da</strong>ntecontextualizar filosoficamente os textos escolhidos; ou seja, oestu<strong>da</strong>nte compreende o problema que está em causa naquele texto,que tipo de teoria está em causa, que dificul<strong>da</strong>des tal tipo de teoriaenfrenta, e que teorias alternativas existem. 9ConclusãoO estu<strong>da</strong>nte que entra numa universi<strong>da</strong>de convencido de quevai poder tornar-se um filósofo e ter o mesmo tipo de ativi<strong>da</strong>deque têm os filósofos descobre gradualmente que afinal não é assim.Dele não se espera realmente que filosofe, nem lhe são fornecidosos instrumentos para isso. Dele espera-se apenas que compreen<strong>da</strong>as idéias dos filósofos do passado; ou que reinterprete os <strong>seu</strong>sescritos; ou que se torne um especialista e defensor incondicionaldo <strong>seu</strong> filósofo de eleição; ou que faça qualquer outra coisa. O quenão se espera dele é que tente resolver a questão de saber se háuniversais, por exemplo; ou se Deus existe; ou o que é a arte; ou sena ética só as intenções contam. A sua ativi<strong>da</strong>de acadêmicaconsistirá quase exclusivamente em relatórios sobre o que osfilósofos pensam. Não consistirá em tentativas progressivamentemais sofistica<strong>da</strong>s para filosofar. Tal pretensão pode até ser vistacomo ridícula.9Com Aires Almei<strong>da</strong>, organizei a antologia Textos e Problemas de <strong>Filosofia</strong> (Lisboa:Plátano, 2006), no qual procuramos pôr em prática algo semelhante ao que estáaqui brevemente explicado. Nos livros didáticos A Arte de Pensar (Lisboa:Didáctica, várias edições), procurei também pôr em prática esta abor<strong>da</strong>gem doensino <strong>da</strong> filosofia. Note-se que em ambos os casos se trata de livros para oensino secundário português, o que significa que temos de obedecer a umprograma nacional de filosofia profun<strong>da</strong>mente deficiente.Educ. e Filos., Uberlândia, v. 22, n. 44, p. 79-99, jul./dez. 2008.97Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd973/24/2009, 5:12 PM


Educação <strong>Filosofia</strong> N.44 2008.pmd1003/24/2009, 5:12 PM

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!