O aumento do uso das proteínas terapêuticasna indústria farmacêutica temsalientado questões como a sua estabilidadedurante o período de estocageme a liberação eficaz de forma a evitar aocorrência de efeitos adversos. Modificaçõesquímicas controladas tais comosubstituições, acilação e peguilação têmcumprido algumas, mas não todas assuas promessas, enquanto sistemas poliméricosde liberação prolongada podemdesempenhar um papel importante(FROKJAER AND OTZEN, 2005).Devido a suas propriedades de liberaçãosustentada e prolongada, ao pequenotamanho e a biocompatibilidadecom tecidos e células, as nanopartículaspodem ser sistemas promissores paraa administração de proteínas e peptídeos(RIEUX et al., 2006.).3. NANOPARTÍCULASA aplicação de materiais poliméricoscom finalidades terapêuticas está crescendomuito rápido e tem sido evidenciadaem diversos campos como engenhariade tecidos, implante de dispositivosmédicos e órgãos artificiais, próteses,oftalmologia, odontologia, reparoósseo e outros (NAIR AND LAURENCIN,2007).Os sistemas poliméricos estão sendoamplamente estudados e utilizados, enão só permitem uma liberação lenta egradual do fármaco, como tambémpodem possibilitar o direcionamento aalvos específicos do organismo, comosítios de inflamação ou tumor.Embora o conceito de sistemas de liberaçãode fármacos não seja novo, umgrande progresso tem ocorrido no tratamentode uma variedade de doenças.O transporte de fármacos para o localde ação é considerado o aspecto maisimportante, e para que este consiga liberaruma dose eficaz do fármaco nolocal de ação são necessários veículosadequados. As nanopartículas apresentamaplicações potenciais na administraçãode substâncias terapêuticas como objetivo de aumentar a eficiência dotransporte de fármacos e melhorar osperfis de liberação (KUMAR, 2000).A nanotecnologia pode ser definidacomo um campo científico multidisciplinarbaseado no desenvolvimento, nacaracterização, na produção e na aplicaçãode estruturas, dispositivos e sistemascom forma e tamanho na escalananométrica. Atualmente há um investimentoglobal na nanotecnologia emtorno de U$ 7 bilhões e estima-se para2011-2015 um investimento de cerca deU$ 1,5 trilhão (STYLIOS et al., 2005).56 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>37</strong>Na nanomedicina, ou seja, no desenvolvimentode tratamentos efetivos baseadosna nanotecnologia, ocorre a interseçãode diferentes áreas, entre elasa biologia, a química, a física, as engenhariasquímica e mecânica, a ciênciade materiais e a medicina clínica(FAROKHZAD AND LANGER, 2006).Os primeiros esforços na nanomedicinaforam focados no aumento daspropriedades das modalidades terapêuticase de diagnóstico já disponíveis.Recentemente, houve uma alocaçãode $144 milhões pelo InstitutoNacional do Câncer e $54 milhões peloInstituto Nacional do Coração, Pulmãoe Sangue nos Estados Unidos para apesquisa em nanotecnologia nos anosde 2004 e 2005, respectivamente. Essesinvestimentos, juntamente como ogrande aumento do número de patentesna área nos últimos cinco anos,ampliou significativamente o interessedos pesquisadores pela nanomedicina(FAROKHZAD AND LANGER,2006).A nanomedicina ainda se encontra nosestágios iniciais e este assunto aindaprecisa ser amadurecido. O que se esperaé uma entrada contínua de novasplataformas de nanotecnologia queapresentarão um grande impacto positivoem diferentes níveis, incluindo:a detecção de alterações molecularescausadoras de doenças, diagnóstico eimagem de doenças, transporte de fármacos,sistemas multifuncionais paraaplicações terapêuticas e de diagnóstico,veículos que aumentem a eficáciain vivo de agentes terapêuticos etecnologias nanométricas que acelerema pesquisa científica (FAROKHZADAND LANGER, 2006).No campo da nanotecnologia os sistemasde liberação controlada de fármacosse destacam e têm apresentadoum crescente avanço (EMERICHAND THANOS, 2006). Entre eles, as nanopartículasforam inicialmente desenvolvidasem meados dos anos 70 como objetivo de transportar substânciasnos organismos, tecidos ou até mesmocélulas, para melhorar a eficáciaterapêutica e diminuir o efeito tóxicodas substâncias nelas carreadas (MON-TASSER et al., 2000; FATTAL et al., 2002).Elas foram inicialmente desenvolvidascomo sistemas de transporte para vacinase fármacos antineoplásicos. Visandoaumentar a captação pelo tumor,a estratégia de transporte do fármacopara o local específico foi empregadae o primeiro passo importanteda pesquisa objetivou o desenvolvimentode métodos para redução dacaptação das nanopartículas pelas célulasdo sistema reticular endotelial. Simultaneamente,a utilização das nanopartículaspara diferentes vias de administraçãotambém foi estudada (KUMAR, 2000).Nas últimas quatro décadas, a tecnologiapolimérica de liberação controlada apresentouum impacto nas diferentes áreasda medicina, sendo elas, principalmente,a oftalmologia, a pneumologia, a relacionadaà dor, a endocrinologia, a cardiologia,a ortopedia, a imunologia e a neurologia,com diferentes produtos já presentesna prática clínica (FAROKHZADAND LANGER, 2006). O mercado anualno mundo de sistemas poliméricos deliberação controlada, incluindo os sistemasde liberação de fármacos, é estimadoem 60 bilhões de dólares e estes sistemasestão sendo utilizados por mais de100 milhões de pessoas a cada ano.As nanopartículas são sistemas coloidaispoliméricos com tamanho entre 10 e 1000nm (RIEUX et al., 2006), nos quais o fármacopode se encontrar dissolvido, recoberto,encapsulado ou disperso. Elassão classificadas em duas categorias, asnanoesferas e as nanocápsulas, as quaisdiferem entre si segundo a composiçãoe a organização estrutural. As nanocápsulassão sistemas vesiculares em que ofármaco encontra-se no interior de umacavidade aquosa ou oleosa circundadapor uma membrana polimérica, ou podendotambém ser encontrado adsorvidona membrana polimérica. As nanoesferassão formadas por uma matriz polimérica,onde o fármaco encontra-se dispersoou adsorvido (Figura 1) (ABDE-LWAHED et al., 2006). Estes sistemas podempromover um aumento da solubilidadedo fármaco neles incorporado, protegeras substâncias de degradação e modificarsua distribuição (LACOEUILLE etal., 2007; RIEUX et al., 2006; SCHAFFAZI-CK et al., 2003).Diferentes aplicações terapêuticas dasnanopartículas têm sido estudadas, principalmentepara administração pelas viasparenteral e oral. Por meio da administraçãoparenteral, objetiva-se uma distribuiçãomais seletiva do fármaco, aumentando,assim, seu índice terapêutico. Comrelação à administração oral, as pesquisastêm sido direcionadas principalmenteà diminuição dos efeitos adversos e àproteção de fármacos passíveis de degradaçãono trato gastrointestinal, taiscomo peptídeos e proteínas, aumentandoa biodisponibilidade dos mesmos(KUMAR, 2000; RIEUX et al., 2006; REISet al., 2007).As vantagens da utilização de nanopartículasincluem a liberação controlada e/ou prolongada da substância nelas en-
capsuladas, a redução de efeitos adversosassociados à substância, a proteçãode compostos da inativação antes de atingiremo local de ação, o aumento da penetraçãointracelular e o aumento da atividadefarmacológica (TEIXEIRA et al.,2005).Diferentes métodos são encontrados parao preparo de nanopartículas, os quais permitema modulação da sua estrutura, dasua composição e das suas propriedadesfisiológicas (RIEUX et al., 2006). A escolhado método de preparo depende dopolímero e da solubilidade do fármaco aser encapsulado. Estes métodos podemser classificados em duas categorias principais,sendo elas a polimerização de monômerose a utilização de polímeros préformados(REIS et al., 2006). Com exceçãodos alquilcianoacrilatos e do malonatode poli-dialquilmetilideno, grandeparte dos monômeros adequados para oprocesso de polimerização micelar promovemuma formação de polímeros nãobiodegradáveis ou que se degradam muitolentamente. Além disso, as moléculas residuaisno meio de polimerização podemser mais ou menos tóxicas, o que requera purificação do material. Para contornaras limitações dos métodos de polimerizaçãode monômeros, têm sido empregadosos métodos de preparo utilizandopolímeros pré-formados.Entre os métodos que utilizam polímerospré-formados, a técnica de dispersão depolímeros pré-formados tem sido a maisempregada. Nela, o polímero é dispersoem um solvente orgânico imiscível comágua como o diclorometano, o clorofórmioe o acetato de etila. A dispersão formadaé emulsificada com uma fase aquosacontendo um emulsionante e a faseorgânica é então evaporada. Após evaporaçãocompleta do solvente orgânicoas nanopartículas são separadas por meiode centrifugação (RIEUX et al., 2006) epodem ser armazenadas como suspensãoou serem liofilizadas.4. POLÍMEROSPara que um polímero seja caracterizadocomo biomaterial ele não deve ser causadorde resposta inflamatória ou reaçõestóxicas no local de aplicação, deve apresentaruma meia-vida adequada, o seutempo de degradação deve ser compatívelcomo o processo de cicatrização ouregeneração, deve apresentar propriedadesmecânicas adequadas à aplicação desejada,seus produtos de degradação nãodevem ser tóxicos, devem ser capazes deserem metabolizados e eliminados do organismo,e devem apresentar permeabilidadeapropriada à aplicação desejada.Os sistemas de liberação de peptídeose proteínas são preparados, geralmente,a partir de polímeros biodegradáveis.No entanto, o desenvolvimentode sistemas biodegradáveis requer ocontrole de um maior número de variáveisjá que a cinética de degradaçãodo polímero, in vivo, deve permanecerconstante para que seja obtidauma liberação controlada da substância.Portanto, fatores como o pH ea temperatura, que podem promoverum aumento ou uma redução na velocidadede degradação do sistema,devem ser avaliados durante o desenvolvimento(DASH AND CUDWORTHII, 1998).Tanto os polímeros sintéticos quantoos naturais têm sido amplamente estudadoscomo biomateriais. O processode biodegradação envolve a clivagemhidrolítica ou enzimática das ligaçõeslevando a erosão do materialpolimérico (NAIR AND LAURENCIN,2007).Os polímeros naturais podem ser consideradoscomo os primeiros biomateriaisutilizados clinicamente. No entanto,apesar de apresentarem algumasvantagens, eles podem promover umaatividade antigênica, a qual está associadaao seu processo de purificação,e também podem transmitir doenças.Como exemplos de polímeros naturais,destacam-se aqueles à base de proteínascomo as albuminas bovina e humana,o colágeno e a gelatina.Os polímeros sintéticos, geralmente,são biologicamente inertes, apresentampropriedades mais previsíveis,maior uniformidade lote a lote, alémde outros fatores. Eles são representadospelas poliamidas, pelos poliaminoácidos,pelos polialquilcianacrilatos,pelos poliésteres, pelos poli (ortoésteres),pelos poliuretanos e pelas poliacrilamidas.A natureza dos polímeros empregadosem sistemas de liberação de fármacosinfluencia significativamente no tamanhoe no perfil de liberação do sistema.Os polímeros biodegradáveis sintéticostêm apresentado crescente interessena aplicação como sistemas deliberação, já que os naturais apresentam,geralmente, uma rápida liberaçãodo fármaco. Os principais critérios naseleção de um polímero são, principalmente,a biodisponibilidade, a biocompatibilidadee a sua velocidade dedegradação (RIEUX et al., 2006).O perfil e o mecanismo de liberaçãodo fármaco dependem da natureza dopolímero e também das propriedadesfísico-químicas da substância nele incorporada.Alguns polímeros são menossensíveis às condições empregadas nosprocessos de preparação, o que pode serdevido à sua composição química, à suamassa molar e à sua cristalinidade (RIEUXet al., 2006).Os polímeros biodegradáveis mais utilizadosatualmente são os poliésteres, taiscomo a poli(ε-caprolactona), o poli(D,Llático)(PLA) e os copolímeros derivadosdos ácidos lático e glicólico (PLGA) (DASHAND CUDWORTH II, 1998). São polímerostermoplásticos e constituem a classemais antiga e a mais estudada dos polímerosbiodegradáveis (NAIR AND LAU-RENCIN, 2007). Eles podem ser preparadosa partir de uma variedade de monômerospela abertura do anel e por vias depolimerização dependendo da unidademonomérica. Os derivados dos ácidos láticoe glicólico foram empregados comomaterial de fios de sutura na década de1960 e, desde então, outros poli-ésteresalifáticos foram desenvolvidos como polímerosbiodegradáveis e têm despertadobastante atenção devido a biocompatibilidadee aos perfis de degradação controláveisque apresentam.5. ESTUDOS E PATENTES DAAPLICAÇÃO DE NANOPARTÍCULASPARA A ADMINISTRAÇÃO DEBIOFÁRMACOSAlguns estudos têm demonstrado que asnanopartículas podem prolongar a liberaçãoe também aumentar a biodisponibilidadede peptídeos e proteínas.Sánchez e colaboradores (2003) desenvolverammicro e nanopartículas para administraçãoparenteral de interferon. Nesteestudo, foi realizada uma comparaçãoda taxa de encapsulamento e da liberaçãodo peptídeo a partir de micro e nanopartículaspreparadas por diferentestécnicas de encapsulamento, utilizando ocopolímero dos ácidos lático e glicólico(PLGA) como matriz e contendo poloxamercomo agente estabilizante. Os resultadosmostraram que o interferon podeser eficientemente encapsulado em microe nanopartículas. Os sistemas exibiramum perfil de liberação similar e a integridadee a bioatividade da substânciaforam mantidas. A atividade antiproliferativado interferon variou dependendoda formulação desenvolvida.Nanopartículas de polietilenoglicol e ácidopoli-lático contendo um peptídeo neuroprotetor(peptídeo intestinal vasoativo)para administração intranasal tambémforam estudadas (GAO et al., 2007). A biodistribuição,a liberação no cérebro e oefeito neuroprotetor da formulação foramavaliados. Os resultados mostraram que<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & <strong>Desenvolvimento</strong> - nº <strong>37</strong> 57
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