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a cor do mêsOs investigadores (...) debateram três facetas relacionadas com o facto de 50 milhões de jovens europeus estaremconectados online: O que fazem eles? O que fazemos nós? O que é necessário fazer?(...) Como estão a reconfigurar-se as relações sociais, as formas de socialização e os processos de aprendizagem, comas novas ferramentas de comunicação?IE / FNCompetências de navegaçãoCOMUNICAÇÃOe escolaManuel PintoUniversidade do MinhoErva moira02a páginada educaçãojulho 2006Um estudo realizado este ano em nove países da União Europeia, incluindo Portugal, mostra como osadolescentes dos 12 aos 18 anos se encontram imersos no ambiente configurado pelas novas redesde comunicação e pelos novos media. O telemóvel, a Internet e as consolas de jogos vídeo constituemplataformas que configuram praticas e relações sociais e novas formas de ocupar o tempo. Noventapor cento dos 9000 inquiridos utilizam a Internet, sobretudo a partir de casa, e 70 por cento recorremao SMS para comunicar, de acordo com o estudo apresentado em 12 de Junho último, em Bruxelas.Não deixa de ser sintomático o modo como uma parte significativa da imprensa portuguesa pegounos resultados deste estudo que, recorde-se, visava conhecer as formas de apropriação dos novosmedia por parte dos adolescentes europeus. Com base no trabalho veiculado pela agência Lusa, oque interessou os media foi o facto de os pais controlarem pouco excepto em período de testes ede exames o consumo de Internet dos filhos. Ora, na apresentação de Bruxelas, os investigadoresparticipantes debateram três facetas relacionadas com o facto de 50 milhões de jovens europeusestarem conectados online: O que fazem eles? O que fazemos nós? O que é necessário fazer?O controlo do consumo de Internet pode ser um problema a considerar. Mas qual a razão que levaa eleger precisamente esse aspecto, quando há tantos outros dignos de atenção e, porventura,não menos importantes? O que se passa com os jogos online? Quem conhece os conteúdos dosblogues dos adolescentes e os interesses e perspectivas que exprimem? Como estão a reconfigurar-seas relações sociais, as formas de socialização e os processos de aprendizagem, com asnovas ferramentas de comunicação? Como se redefinem os usos dos media mais tradicionais,neste novo quadro em permanente metamorfose?É caso para interrogar essa quase-obsessão com os potenciais malefícios da Internet e o correlativoquase-silêncio que assim se abate sobre as vozes dos mais jovens. É evidente que uma atitude«O anjo de pernas tortas»É incontornável. O futebol é incontornável. “A um passe de Didi, Garrincha avança”. Os heróis domomento têm outros nomes. Didi foi o melhor jogador do campeonato do Mundo de 1958. Brasileiro,como Garrincha, o anjo das pernas tortas que também jogou nesse campeonato realizado na Suécia.“Colado o couro aos pés o olhar atento”. Parece coisa de relato radiofónico mas é apenas o segundoverso de um soneto, de Vinícius de Morais. “Dribla um, dois, depois descansa, // como a medir olanço do momento”. Um outro escritor, italiano, diz que “a poesia no futebol são os lances de invenção,os dribles e os golos - Bola na rede é pura poesia, é o instante sublime do soneto.”. Julgoque o texto é de Pasolini.Fiori Gigliotti era brasileiro claramente de origem italiana. Morreu na véspera da abertura do Campeonatodo Mundo Germany 2006. Tinha 77 anos de idade e dez campeonatos do Mundo de futebolcomo relatador radiofónico. Não esteve, há quatro anos, no Campeonato da Coreia / Japão nemapenas para dizer “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo” , uma das suas frases preferidas.Volto a Vinícius de Moraes e ao anjo das pernas tortas: “Vem-lhe o pressentimento; ele se lança //Mais rápido que o próprio pensamento, // Dribla mais um, mais dois; a bola trança // Feliz, entre seuspés - um pé-de-vento!”. Garrincha era apelido. Na verdade é nome de pássaro de cauda vermelha,de ingenuidade acerca dos riscos de uma relação encantadae acrítica com a Internet (e com outros media) seriatão grave como aquela obsessão. Mas definir os termosde referência destas novas plataformas sobretudo emtorno da agenda dos potenciais perigos é adoptar a pioratitude possível: a atitude moralizante ou moralista comocapa para o medo próprio face a um mundo em ebuliçãoque se projecta povoado de fantasmas.Já a propósito da implantação da televisão se aplicou umvelho provérbio que volta a ser oportuno recordar nestecontexto: se viveres junto à praia, é preferível que ensineso teu filho a nadar a que construas um muro que osepare do mar.A nossa questão já nem está em viver junto à praia: defacto, vivemos já no mar. Num oceano agitado e de correntesfortes. E as nossas ferramentas para nele navegartalvez não sejam as que seriam necessárias e desejáveis.Avisados embora para os perigos, precisamos de investiré no desenvolvimento das competências de navegação.Que estão longe de serem eminentemente técnicas.Recorrendo a outro provérbio (oriental), mais vale acenderuma luz do que maldizer a escuridão.que o Garrincha caçava, em Pau Grande, quando era pequeno.“Num só transporte a multidão contrite // Em ato de morte se levanta egrita // Seu uníssono canto de esperança. // // Garrincha, o anjo, escutae atende: - Gooooool! // É pura imagem: um G que chuta um O // Dentroda meta, um L. É pura dança!”Torcidas de Angola, do Brasil e de Portugal, carinhosamente, bom dia,boa tarde ou boa noite, conforme a hora e o local onde se encontrem.Bordões de futebol, à Fiori Gigliotti, relatador desportivo que fazia da rádiouma oficina de poesia. À maneira dele, é claro, mas nem por isso menospoesia, que é coisa que também pode andar, de quando em vez, de braçodado com o futebol.Júlio RoldãoJornalista, Porto

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