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Os Planos de Saúde Empresariais no Brasil: Notas para a Regulação ...

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1<strong>Os</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Empresariais</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: <strong>Notas</strong> <strong>para</strong> a RegulaçãoGovernamentalLigia BahiaIntrodução<strong>Os</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> empresarias representam uma importante parcela dosegmento <strong>de</strong> assistência médica suplementar. Segundo informações da PesquisaNacional por Amostra <strong>de</strong> Domicílios realizada pelo Ibge (Pnad 98), entre os cerca <strong>de</strong> 16milhões <strong>de</strong> titulares <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pelo me<strong>no</strong>s 60% estão diretamente vinculadosaos pla<strong>no</strong>s empresariais (tabela 1 anexo). Esta proporção é um pouco me<strong>no</strong>r daquelaencontrada por uma pesquisa do Ibope sobre assistência à saú<strong>de</strong> realizada em 1998(65% <strong>de</strong> contratos empresariais). Estes últimos dados sugerem uma certa associaçãoentre a forma <strong>de</strong> contratação (individual ou empresarial) e a renda. Encontrariam-seproporcionalmente mais pessoas afiliadas aos pla<strong>no</strong>s individuais nas maiores faixas <strong>de</strong>renda (tabela 2 anexo).Este sub-segmento da assistência médica suplementar é movido por umacomplexa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos que entrecruzam os contratos entre empresasempregadoras, empresas <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, hospitais e provedores <strong>de</strong> serviços. Defato, os pla<strong>no</strong>s empresariais representam o principal eixo sobre o qual se movem agran<strong>de</strong> maioria das empresas médicas, as seguradoras, inúmeros estabelecimentos <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e profissionais médicos.A lógica que presi<strong>de</strong> os contratos formais ou não dos pla<strong>no</strong>s empresariais <strong>no</strong><strong>Brasil</strong> é bastante distinta da que orienta os pla<strong>no</strong>s individuais. <strong>Os</strong> pla<strong>no</strong>s empresa sãomediados por contratos que pressupõem um risco homogêneo <strong>para</strong> os integrantes <strong>de</strong>apólices coletivas. Decorrem daí cálculos <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s per capita (communityratio). <strong>Os</strong> contratos dos pla<strong>no</strong>s individuais são mais <strong>de</strong>talhados e baseiam-se em umaavaliação personalizada do risco (experience ratio). <strong>Os</strong> contratos entre empresasempregadoras e operadoras <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s são formais, mas o mesmo não ocorre na relaçãoentre o estipulante (empregador) e empregado. <strong>Os</strong> clientes <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s coletivos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>costumam dispor <strong>de</strong> garantia efetiva, mas não contratual <strong>de</strong> coberturas e preços.Mas isso não impe<strong>de</strong> que as coberturas dos pla<strong>no</strong>s empresariais sejam maisamplas do que as dos individuais. O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha das empresas empregadoras e o<strong>de</strong> vocalização <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas e pressão conjunta dos empregados aliado a lógica da


2homogeneização e diluição dos riscos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s grupos resulta em padrõesassistenciais mais pródigos e <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r custo (pelo me<strong>no</strong>s 60% mais baixos) do que oscontratos individuais. Daí a ênfase dos instrumentos legais <strong>no</strong>s pla<strong>no</strong>s individuais.Contudo a restrita formalização dos contratos <strong>no</strong> âmbito das empresasempregadoras e sobretudo a influência <strong>de</strong>stes gran<strong>de</strong>s compradores <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s eserviços privados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relação entre a ANS e osestabelecimentos empresariais <strong>de</strong>ve ser examinada, consi<strong>de</strong>rando-os como um doselementos centrais <strong>de</strong>ste mercado <strong>de</strong> assistência médica suplementar. Por outro ladoas transformações <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho - redução das gran<strong>de</strong>s plantas industriais,precarização e informalização do trabalho - afetam o mercado <strong>de</strong> assistência médicasuplementar remetendo à ANS mais um <strong>de</strong>safio: o <strong>de</strong> regulação, monitoramento daviabilida<strong>de</strong> assistencial e econômico-financeira e estímulo aos contratos <strong>para</strong>trabalhadores <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte e autô<strong>no</strong>mos.A Constituição do Mercado <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>Empresariais</strong>Des<strong>de</strong> seu início, o empresariamento da medicina <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> esteve fortementeligado a <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s empresariais, especialmente da indústria<strong>de</strong> São Paulo que buscava alternativas assistenciais mais eficientes do que a daPrevidência Social <strong>para</strong> seus trabalhadores. As empresas médicas (cooperativasmédicas e empresas <strong>de</strong> medicina <strong>de</strong> grupo), incentivadas pelas políticas <strong>de</strong> privatizaçãoemanadas da Previdência Social surgiram em São Paulo, em meados da década <strong>de</strong> 60se expandiram durante os a<strong>no</strong>s 70 através dos convênios-empresa. Estes convêniosforam financiados pela Previdência através <strong>de</strong> pagamento per capita dos trabalhadores eseus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>para</strong> empresas que optassem pelo atendimento <strong>de</strong> seustrabalhadores por medicinas <strong>de</strong> grupo, empresas médicas ou estruturassem uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>provedores <strong>de</strong> serviços administrada pela própria empresa (Cor<strong>de</strong>iro, 1984, Giffoni, 1981,Bahia, 1999). No final dos a<strong>no</strong>s 70, os convênio-empresa <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser intermediadospela Previdência Social, passando a ser celebrados diretamente entre empresasempregadoras e as empresas médicas.Até meados dos a<strong>no</strong>s 80, do mercado <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estava, quase queexclusivamente conformado pelos pla<strong>no</strong>s empresa. Nesta época, uma parte significativa


3das gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, como a Interclínicas, a Intermédica, a Medial,a Gol<strong>de</strong>n Cross e a Unimed e os pla<strong>no</strong>s próprios das gran<strong>de</strong>s montadoras, empresasestatais e <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> categorias como os bancários já estavam consolidados. Em1981, segundo a Abramge, as medicinas <strong>de</strong> grupo respondiam pela cobertura <strong>de</strong> 8,5milhões <strong>de</strong> pessoas ou seja aproximadamente meta<strong>de</strong> dos seus 18,3 milhões <strong>de</strong>clientes contabilizados em 1999.<strong>Os</strong> pla<strong>no</strong>s empresa contratados <strong>de</strong> empresas médicas eram via <strong>de</strong> regraintegralmente financiados pelas empresas empregadoras. Uma parcela das empresascom pla<strong>no</strong>s próprios, especialmente as do setor privado também custeava totalmente ospla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos seus trabalhadores. Nas empresas estatais e as categorias quemantinham entida<strong>de</strong>s júridicas <strong>para</strong>lelas como caixas <strong>de</strong> assistência os empregadossempre contribuíram <strong>para</strong> o financiamento <strong>de</strong> seus pla<strong>no</strong>s. O cardápio <strong>de</strong> serviçosacoplado a estes pla<strong>no</strong>s era variado. De acordo com o status da empresa/ categoriaprofissional/ nível hierárquico o atendimento aos empregados podia se restringir aoacesso a estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/ consultórios médicos da empresa médicacontratada, facultar o atendimento em serviços próprios da empresa empregadora oupermitir a livre escolha <strong>de</strong> serviços através do reembolso <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas.Nos últimos a<strong>no</strong>s da década <strong>de</strong> 80, este mercado se modificou substancialmente eadquiriu suas atuais características. Algumas empresas <strong>de</strong> medicina <strong>de</strong> grupo,particularmente a Gol<strong>de</strong>n Cross romperam com as relações conveniais, maisterritorializadas entre empresas e passaram a comercializar pla<strong>no</strong>s individuais compadrões <strong>de</strong> cobertura muito diferenciados. Alguns <strong>de</strong>stes pla<strong>no</strong>s passaram a garantiratendimento em qualquer lugar do país e outros a assegurar assistência internacional,indo <strong>de</strong> encontro às <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> trabalhadores autô<strong>no</strong>mos/ que dispunham renda<strong>para</strong> pagar um pla<strong>no</strong>/ seguro saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> funcionários públicos que mesmo cobertos poresquemas assistenciais alternativos – a exemplo <strong>de</strong> categorias <strong>de</strong> funcionários institutos<strong>de</strong> aposentadorias e pensões <strong>de</strong> servidores estaduais e municipais, como os magistrados- que estruturaram pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> autogestão.Aqueles que já estavam cobertos por pla<strong>no</strong>s privados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandaram umaampliação e sobretudo a oferta <strong>de</strong> serviços especializados. Em <strong>de</strong>corrência disso, autilização complementar <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicos e privados <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> dascamadas médias se modificou. O consumo <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se tor<strong>no</strong>u quase queexclusivamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>no</strong> que se refere as coberturas


4previstas pelas operadoras e os serviços públicos passaram a ser acionados apenas<strong>para</strong> o atendimento <strong>de</strong> problemas não cobertos pelas empresas <strong>de</strong> assistênciasuplementar ou <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s típicas da saú<strong>de</strong> pública, comovacinações.À esta ampliação das <strong>de</strong>mandas correspon<strong>de</strong>u uma extensão <strong>de</strong> coberturatraduzida operacionalmente pela montagem <strong>de</strong> extensas re<strong>de</strong>s cre<strong>de</strong>nciadas adicionaisaos serviços próprios das empresas médicas e <strong>de</strong> algumas empresas empregadoras. Asrelações entre empresas médicas e empresas empregadoras com os provedores <strong>de</strong>serviços resultaram em um padrão multi-convenial dos prestadores privados queaten<strong>de</strong>m aos clientes dos mais variados convênios, <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s individuais e do SUS. Porsua vez, estas re<strong>de</strong>s cre<strong>de</strong>nciadas praticamente eliminaram a modalida<strong>de</strong> reembolso,que se tor<strong>no</strong>u prerrogativa exclusiva <strong>de</strong> um número muito restrito <strong>de</strong> clientes <strong>de</strong> nívelexecutivo. Além disso muitas empresas empregadoras <strong>de</strong>cidiram transformar pla<strong>no</strong>s nãocontributários em contributários e introduziram mecanismos <strong>de</strong> co-pagamento <strong>para</strong>utilização <strong>de</strong> serviços.Este padrão <strong>de</strong> empresariamento mais extenso e integrado se completou com aatuação mais sistemática das seguradoras <strong>no</strong> ramo saú<strong>de</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1989 quando aSuperintendência <strong>de</strong> Seguros Privados (Susep) as autorizou a referenciar serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> 1 , sinalizando uma a<strong>de</strong>são <strong>de</strong>stas empresas ao mo<strong>de</strong>lo brasileiro das re<strong>de</strong>scre<strong>de</strong>nciadas e não ao do in<strong>de</strong>nização das perdas financeiras. As seguradorasdisputaram clientes individuais e empresas com as empresas médicas e expandiram suasativida<strong>de</strong>s à administração <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> autogestão, adquirindo também, através daterceirização <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> gerência, clientes <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s próprios <strong>de</strong> empresasempregadoras.Mais recentemente, apesar da inclusão <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos segmentos ao mercado <strong>de</strong>pla<strong>no</strong>s e seguros saú<strong>de</strong> surgem indícios <strong>de</strong> que a recessão está provocando uma certaretração <strong>no</strong> volume <strong>de</strong> clientes <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. <strong>Os</strong> próprios dirigentes dasoperadoras <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s e seguros 2 ou consultores 3 admitem que não há um crescimento1 <strong>Os</strong> instrumentos legais relacionados com o seguro saú<strong>de</strong> Decreto Lei 73/66 e sua regulamentaçãoimpediam a vinculação <strong>de</strong> provedores <strong>de</strong> serviços às seguradoras2 “O a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1997 foi o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r crescimento na história da Amil, as seguradoras tiveram resultadosoperacionais negativos”. Antonio Jorge Kropf (Diretor Técnico da Amil) durante conferência <strong>no</strong> seminário - OImpacto da Regulamentação nas Operações <strong>de</strong> Seguros realizado pela Fundação Nacional Escola <strong>de</strong>Seguros (a<strong>no</strong>tações pessoais, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1998)


5contínuo do número <strong>de</strong> clientes <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s e seguros. Por outro lado, as mudanças <strong>no</strong>mercado <strong>de</strong> trabalho estimulam mecanismos <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong> agregados 4 (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesnão diretos) e <strong>de</strong>sempregados 5 aos pla<strong>no</strong>s próprios <strong>de</strong> algumas empresas, ampliando amassa <strong>de</strong> clientes <strong>de</strong> algumas empresas.Uma síntese <strong>de</strong>stas mudanças se encontra <strong>no</strong> quadro 1, que mostra um processoacelerado <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> um importante segmento econômico que ultrapassa muito amotivação inicial <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> assistência médico-hospitalar diferenciada <strong>para</strong> ostrabalhadores <strong>de</strong> algumas empresas.3 “A recessão já existe entre nós e vamos viver um processo econômico <strong>de</strong> proporções alarmantes. Essahistória que o setor [<strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s e seguros saú<strong>de</strong>] cresce é balela. Se existe uma redução donúmero <strong>de</strong> trabalhadores das gran<strong>de</strong>s e médias empresas, o setor <strong>de</strong>cresce. A indústria que era a gran<strong>de</strong>contratante <strong>de</strong> empresas [<strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>] está diminuindo. É comum que uma indústria com 5.000trabalhadores antigamente agora tenha 2.000. Há uma mudança <strong>no</strong> perfil <strong>de</strong> empregos em direção aprestação <strong>de</strong> serviços que não é contratante <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Essa mudança po<strong>de</strong> não impactar aproporção empregados/<strong>de</strong>sempregados mas impacta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratantes das operadoras <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s.<strong>Os</strong> números que tem por aí são <strong>de</strong> 40 milhões [<strong>de</strong> pessoas cobertas por pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>]. Eu não acreditonesse número. Eu acredito que existam <strong>no</strong> máximo 30 a 35 milhões com pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>” Cláudio da RochaMiranda (Consultor) durante palestra na I Jornada <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> realizada pela Fundação Getúlio Vargas(a<strong>no</strong>tações pessoais, Rio Janeiro, 20 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1997).4 O pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> agregados da Caixa <strong>de</strong> Assistência do Banco do <strong>Brasil</strong>, que inicia a inclusão <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos clientespartir <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1997 possui atualmente cerca <strong>de</strong> 200.000 pessoas. Ao <strong>de</strong><strong>no</strong>minado pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>associados, que se refere aos empregados ativos, aposentados, pensionistas e seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do Bancose vinculam 300.000 pessoas.5 A Caberj, que foi mantida após a privatização do Banerj criou um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> agregados em 1996 <strong>para</strong> prestarcobertura aos ex-funcionários.


6Quadro 1. Mudanças <strong>no</strong> Mercado <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> e Seguros Saú<strong>de</strong> na Década <strong>de</strong> 90DemandasTrabalhadores Assalariadosdo Setor PrivadoTrabalhadores Autô<strong>no</strong>mos/Trabalhadores <strong>de</strong> PequenasEmpresa com AltosRendimentosFuncionários Públicos <strong>de</strong>Instituições Fe<strong>de</strong>raisFuncionários Públicos <strong>de</strong>Instituições Estaduais eMunicipaisTrabalhadores Autô<strong>no</strong>mos/Trabalhadores <strong>de</strong> PequenasEmpresa com BaixosRendimentosElegibilida<strong>de</strong>/ Padrão Assistencial/FinanciamentoAmpliação da re<strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciada <strong>de</strong>provedores <strong>de</strong> serviços<strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> individuais/ Atendimentoatravés <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s cre<strong>de</strong>nciadas <strong>de</strong>serviçosAmpliação da re<strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciada <strong>de</strong>provedores <strong>de</strong> serviços/ A<strong>de</strong>sãoaos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> outras instituiçõespúblicas (Geap) / Contratação <strong>de</strong>pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresasmédicas ou seguradoras/Estruturação <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>para</strong>absorver funcionários <strong>de</strong>mitidos e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes agregadosIntrodução <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> copagamentoAmpliação da re<strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciada <strong>de</strong>provedores <strong>de</strong> serviços/Contratação <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><strong>de</strong> empresas médicas ouseguradoras/<strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> individuais/ Atendimentoatravés <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s próprias <strong>de</strong>serviços <strong>de</strong> empresas médicasregionalizadasReorganização/ Criação <strong>de</strong>Empresas <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> eSeguros Saú<strong>de</strong>Entrada das Seguradoras <strong>no</strong>MercadoConsolidação <strong>de</strong> “Empresascom Atuação Nacional”(p.ex. Amil, Gol<strong>de</strong>n Cross)Criação <strong>de</strong> empresas(associações, entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>previdência fechada)Diversificação da atuaçãodas gran<strong>de</strong>s empresas e daUnimed, inclusive <strong>no</strong> quetange a aquisição edistribuição<strong>de</strong>medicamentos (p.ex. aFarmalife do grupo Amil e asUsimed’s)Associações entreempresas <strong>de</strong> assistênciamédica suplementar <strong>de</strong>distintas naturezas júridicoinstitucional. Formação <strong>de</strong>grupos empresariaisCriação <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong>medicina <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong>peque<strong>no</strong> porte ecomercialização <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>spor hospitais filantrópicos <strong>de</strong>cida<strong>de</strong>s interioranas


7Perfil do Mercado <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>Empresariais</strong>As pesquisas sobre pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> benefícios das empresas brasileiras realizada pelaTowers Perrin <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988 até 1999 abrangendo um número restrito <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong>maior porte mostram que praticamente todas as gran<strong>de</strong>s empresas possuem pla<strong>no</strong>sprivados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e um percentual elevado <strong>de</strong>stas também disponibilizam seguros <strong>de</strong>vida e pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> previdência complementar <strong>para</strong> seus empregados (tabela 3).Para aproximadamente 49% das empresas pesquisadas pela Towers Perrin em1999 o custo dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> representou entre 5% a 9% <strong>de</strong> sua folha <strong>no</strong>minal <strong>de</strong>salários (gráfico 1). Informações da Abraspe corroboram estes resultados. Segundodados, coletados por esta entida<strong>de</strong>, durante 1999, as empresas privadas com pla<strong>no</strong>spróprios comprometeram em média 5,12 <strong>de</strong> sua folha <strong>no</strong>minal com assistência médicohospitalarprivada.Gráfico 1Proporção <strong>de</strong> Empresas segundo Faixas <strong>de</strong> Custo Total (empresa +empregado) <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> como % da Folha <strong>de</strong> Salários<strong>Brasil</strong> - 19994030201009%Fonte:TowersPerrin, 2000Além dos pla<strong>no</strong>s/ seguros saú<strong>de</strong>, que restringem suas coberturas a assistênciamédico-hospitalar, muitas empresas propiciam acesso <strong>de</strong> seus empregados amedicamentos, óculos, lentes e assistência odontológica através <strong>de</strong> reembolso e pla<strong>no</strong>sadicionais aos <strong>de</strong><strong>no</strong>minados convênios médicos. Portanto, as <strong>de</strong>spesas das empresas


8com os benefícios relacionados diretamente com saú<strong>de</strong> ultrapassam aquelas com opagamento <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou com a utilização <strong>de</strong> serviços médico-hospitalares. Acomposição da cesta <strong>de</strong> benefícios, incluindo os <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, varia muito entre asempresas. Embora seja possível i<strong>de</strong>ntificar algumas características das empresasfortemente associadas a um cardápio <strong>de</strong> benefícios mais amplos. Empresas <strong>de</strong> maiorporte, pertencentes aos setores mais dinâmicos da eco<strong>no</strong>mia e/ou mo<strong>no</strong>polizados eaquelas que possuem trabalhadores mais organizados, ten<strong>de</strong>m a oferecer uma cesta <strong>de</strong>benefícios mais pródiga (Cantor et alli, 1995).Disparida<strong>de</strong>s entre os benefícios das pequenas e gran<strong>de</strong>s empresas sãosobejamente conhecidas. Nos EUA, parte dos trabalhadores <strong>de</strong> pequenas empresascompõe uma das parcelas da população que não está vinculada a nenhuma alternativaformal <strong>de</strong> proteção social, o que estimulou a adoção <strong>de</strong> incentivos tributários visando ainclusão <strong>de</strong>stes trabalhadores em pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, bem como garantir a portabilida<strong>de</strong>do pla<strong>no</strong> <strong>para</strong> aqueles que mudassem <strong>de</strong> emprego (Nichols e Blumberg, 1998).No <strong>Brasil</strong> a associação entre cobertura <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o vínculoempregatício a empresas <strong>de</strong> maior porte é bastante nítida como mostram os resultadosda Pesquisa sobre Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida do Ibge (gráfico 2). Contudo, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>organização <strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas categorias profissionais ou empresas quereúnem um contingente reduzido <strong>de</strong> pessoas, é dig<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>ta. Exemplos disso po<strong>de</strong>mser encontrados em associações/ sindicatos <strong>de</strong> servidores públicos como os fiscais dareceita fe<strong>de</strong>ral, magistrados <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados estados da fe<strong>de</strong>ração que mantém pla<strong>no</strong>spróprios e funcionários <strong>de</strong> fundações públicas. Isso sugere a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar àanálise das coberturas por pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> empresariais aspectos relacionados àcapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vocalização <strong>de</strong> interesses da <strong>de</strong>manda, tais como a maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>articulação <strong>de</strong> categorias/ trabalhadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas empresas <strong>para</strong> lograr benefíciosdiferenciados, bem como perscrutar as influências e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação <strong>de</strong>profissionais médicos, empresas médicas e seguradoras junto as empresasempregadoras.


9Gráfico 2Proporção <strong>de</strong> Pessoas Cobertas por <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> e Seguros Saú<strong>de</strong> segundo Porteda Empresa em que Trabalha - Regiões Nor<strong>de</strong>ste e Su<strong>de</strong>ste, 1996/199770.060.050.040.030.0Nor<strong>de</strong>steSu<strong>de</strong>steTotal20.010.00.0>1 e < 19 >20 e < 99 > 100 e 200Fonte: PPV/IBGE, 1999Bahia, LDados Ajustados porViacava, F.Uma outra característica, intrinsecamente associada ao porte da empresa, o ramo<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da empresa também influi sobre o perfil <strong>de</strong> cobertura por pla<strong>no</strong>s privados <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. A cobertura dos pla<strong>no</strong>s empresariais está dirigida principalmente <strong>para</strong> ostrabalhadores da industria da transformação (23,5%), <strong>para</strong> os inseridos em ativida<strong>de</strong>ssociais (20,8%) e integrantes da administração pública (15,3%). <strong>Os</strong> pla<strong>no</strong>s individuaisvoltam-se em primeiro lugar <strong>para</strong> o comércio (21,4%) e a seguir <strong>para</strong> as ativida<strong>de</strong>s sociais(17,9%) e <strong>para</strong> a prestação <strong>de</strong> serviços auxiliares à ativida<strong>de</strong> econômica (15,3%)(gráfico 3).


10Gráfico 3Cobertura <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> segundo Ramo <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong> e Forma <strong>de</strong> ContrataçãoPnad/ Ibge<strong>Brasil</strong> 1998Outas Ativida<strong>de</strong>sAdministração PúblicaSocialTransporte e ComunicaçãoServiços AuxiliaresPrestação <strong>de</strong> ServiçosComércio <strong>de</strong> MercadoriasOutras Ativida<strong>de</strong>s IndustriaisPla<strong>no</strong> EmpresarialPla<strong>no</strong> IndividualOutra Forma <strong>de</strong>ContrataçãoIndústria da CosntruçãoIndústria da TranformaçãoAgricola0% 20% 40% 60% 80% 100%É plausível admitir uma relação entre empresas empregadoras <strong>de</strong> maior porte comgran<strong>de</strong>s operadoras <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em função das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiciarcoberturas compatíveis com a diversificação territorial dos complexos empresariais, o<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> funcionários em âmbito nacional e internacional e <strong>de</strong> outras transaçõescomerciais e financeiras entre as operadoras e as firmas. Todavia não é possívelestabelecer uma única regra <strong>de</strong> aproximação entre as empresas empregadoras eoperadoras. Existem gran<strong>de</strong>s operadoras que possuem uma parcela significativa <strong>de</strong>clientes <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s individuais e aquelas <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte que atuam exclusivamente <strong>no</strong>mercado <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais. Tampouco a realida<strong>de</strong> admite uma associaçãoautomática entre os tipos <strong>de</strong> operadoras segundo natureza júridico-institucional e osatributos das empresas empregadoras. As medicinas <strong>de</strong> grupo, cooperativas médicas eseguradoras estão fortemente presentes <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais. Emboraa variação do número <strong>de</strong> empresas empregadoras vinculadas a cada uma das quatro


11modalida<strong>de</strong>s do mercado da assistência médica suplementar sugira uma clara ligação dasgran<strong>de</strong>s empresas com os pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> autogestão, das medicinas <strong>de</strong> grupo e dasUnimed's com empresas empregadoras <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte conforme se <strong>de</strong>duz dos dadosdo quadro 2.Quadro 2Número <strong>de</strong> Clientes Institucionais <strong>de</strong> Medicinas <strong>de</strong> Grupo, Cooperativas e Número <strong>de</strong>Empresas e Empregados com <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Autogestão<strong>Brasil</strong>Modalida<strong>de</strong> Empresarial Número <strong>de</strong> Empresas Número Total <strong>de</strong> ClientesEmpregadorasMedicinas <strong>de</strong> Grupo (1998)* 48.500 18.300.000**Unimed's (1999) 70.000 11.000.000**Autogestões (2000) 364 11.000.000Fontes: Abramge, 1999, Unimed, 1999 apud bahia, L. (1999) Dados sobre autogestõesextraídos do Informe <strong>de</strong> Imprensa Abramge 2000Mesmo consi<strong>de</strong>rando a lacuna <strong>de</strong> informações sobre o número <strong>de</strong> firmas quecontratam seguradoras <strong>para</strong> a operação <strong>de</strong> seus pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é <strong>no</strong>tável o imensonúmero <strong>de</strong> empresas empregadoras que não estão envolvidas com o mercado <strong>de</strong>assistência suplementar. Somadas as empresas empregadoras com pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>representam me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 10% do total <strong>de</strong> 1.968.276 estabelecimentos empresariaisregistrados pela Relação Anual <strong>de</strong> Informações Sociais (Rais/1997).Tipos <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>Empresariais</strong>Sabe-se que uma mesma empresa empregadora po<strong>de</strong> estabelecer contratos comuma ou mais operadora bem como oferecer alternativas quanto ao padrão dos pla<strong>no</strong>s.Nos EUA as empresas empregadoras, especialmente as <strong>de</strong> maior porte freqüentementedisponibilizam mais <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>, isto é produto <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma operadora <strong>para</strong> seusempregados (quadro 3). Este leque <strong>de</strong> alternativas tem sido incentivado pelas políticasgovernamentais com o intuito <strong>de</strong> proteger os consumidores da seleção <strong>de</strong> riscos dasoperadoras e reduzir preços. Tais políticas pressupõem que as firmas, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>importantes financiadores do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, contrarestem a espiral <strong>de</strong> gastos comassistência médico-hospitalar.


12Quadro 3Mercado <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> segundo Proporção <strong>de</strong> Opções por Porte da EmpresaEmpregadora - EUA 1996Nº <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> Pequena Empresa (%) Gran<strong>de</strong> Empresa (%)1 pla<strong>no</strong> 80 472 pla<strong>no</strong>s 14 233 ou mais pla<strong>no</strong>s 6 30Fontes: Health Insurance Association of America, 1998 e KPMG Peat Marwick, 1996Adaptado <strong>de</strong> Ginsburg e Hunt, 1997: 106. Extraído <strong>de</strong> Bahia, L. (1999)No <strong>Brasil</strong> as firmas realizam, quase sempre, contratos com única operadora.Exceções são encontradas <strong>para</strong> empresas que possuem ativida<strong>de</strong>s em váriaslocalida<strong>de</strong>s, nas quais a operadora selecionada preferencialmente não dispõe re<strong>de</strong>assistencial. Isso, por um lado, permite que os contratos sejam realizados consi<strong>de</strong>randoescalas a<strong>de</strong>quadas <strong>para</strong> a negociação <strong>de</strong> coberturas e preços, mas reduz a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> escolha dos empregados.Porém, a variação entre os padrões <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s oferecidos por uma mesmaoperadora ou ainda organizados pelas próprias empresas empregadoras vem seampliando. A padronização dos pla<strong>no</strong>s está associada com uma hierarquização das<strong>de</strong>mandas segundo status sócio-econômico. A Towers Perrin i<strong>de</strong>ntifica 4 padrões <strong>de</strong>pla<strong>no</strong>s segundo os níveis hierárquicos das empresas e registra que em 83% dasempresas pesquisas os quadros <strong>de</strong> diretoria estavam cobertos por pla<strong>no</strong>s executivos e73% das firmas oferecem o pla<strong>no</strong> básico <strong>para</strong> o pessoal operacional (quadro 4). Mastambém existe uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas estatais e multinacionais quemantém um único padrão assistencial <strong>para</strong> todos os empregados.Quadro 4Proporção <strong>de</strong> Empresas segundo Tipos <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> por Nível Hierárquico dos Empregados<strong>Brasil</strong> 1999Nível Pla<strong>no</strong> Básico Pla<strong>no</strong> Intermediário Pla<strong>no</strong> Superior Pla<strong>no</strong> ExecutivoHierárquicoDiretoria 12% 14% 23% 86%Gerência 14% 41% 68% 58%Administração 80% 56% 38% 7%Operacional 73% 36% 25% 3%Fonte: Towers Perrin - Pesquisa <strong>de</strong> Benefícios, 2000


13<strong>Os</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais po<strong>de</strong>m ser operados por empresas comerciais(medicinas <strong>de</strong> grupo, cooperativas médicas ou seguradoras) ou ainda organizados pelaspróprias empresas empregadoras (autogestões). Ambos sub-segmentos o comercial e onão lucrativo ocupam importantes posições <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais. Estessegmentos tipicamente se diferenciam pela forma <strong>de</strong> gestão do risco. As autogestões sãoformas <strong>de</strong> retenção do risco pelas empresas empregadoras, enquanto que as empresascomerciais configuram alternativas <strong>de</strong> transferência dos riscos das <strong>de</strong>spesas assistenciais<strong>para</strong> operadoras especializadas.Nos últimos a<strong>no</strong>s houve uma intensificação da interpenetração do segmentocomercial <strong>no</strong> não lucrativo através da ampliação dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> autogestão administradospor empresas <strong>de</strong> medicina <strong>de</strong> grupo, cooperativas médicas e seguradoras. Por outro ladodisso observavam-se movimentos <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> algumas autogestões por meio daadministração <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> outras firmas. Em outras palavras, crescem os <strong>de</strong><strong>no</strong>minadospla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> custo operacional (pós-pagamento) que já ocupam mais <strong>de</strong> 50% dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s empresas empregadoras (Towers Perrin 2000). Tais produtos são híbridos poisadmitem uma administração terceirizada mas preservam uma característica mutualista,uma vez que o risco não há transferência do risco da empresa empregadora <strong>para</strong> aoperadora que administra o pla<strong>no</strong>.Desafios à Regulação<strong>Os</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais remetem importantes <strong>de</strong>safios à regulação governamental.Como preservar as coberturas <strong>para</strong> aqueles afastados temporariamente do mercado <strong>de</strong>trabalho (<strong>de</strong>sempregados) e <strong>para</strong> os aposentados, que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> pertencer ao grupo <strong>de</strong>trabalhadores ativos? Será que os preceitos legais que estipulam a manutenção dascoberturas, condicionada ao tempo anterior <strong>de</strong> contribuição e a <strong>de</strong>missão sem justacausa, são suficientes <strong>para</strong> resguardar os direitos <strong>de</strong>stes segmentos populacionais?A legislação não faz referência a dois importantes aspectos relacionados aospla<strong>no</strong>s empresariais a elegibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (que é arbitrada diretamente pelaempresa empregadora) e aos subsídios tributários envolvidos com financiamento dospla<strong>no</strong>s empresariais. <strong>Os</strong> subsídios cruzados neste segmento, isto é pessoas com mais <strong>de</strong>um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (titular <strong>de</strong> um pla<strong>no</strong> empresarial e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte como cônjuge <strong>de</strong> outroou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mais um pla<strong>no</strong> na condição <strong>de</strong> filho <strong>de</strong> pai e mãe vinculados a pla<strong>no</strong>s


14empresariais) são <strong>no</strong>tórios e certamente <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>aperfeiçoamento das <strong>no</strong>rmas legais.Uma outra dimensão extremamente complexa mas que não po<strong>de</strong> ser<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada diz respeito aos mo<strong>de</strong>los assistenciais erigidos pelos pla<strong>no</strong>sempresariais. A especialização, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha dos provedores <strong>de</strong> serviços ea não responsabilização pelo acompanhamento sistemático dos clientes e a rarefação <strong>de</strong>ações voltadas à prevenção e promoção da saú<strong>de</strong> constituem os traços principais dosesquemas assistenciais privados voltados ao pronto atendimento curativo dostrabalhadores especializados e seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. É certo que estes mo<strong>de</strong>los secontrapõem aos mecanismos <strong>de</strong> racionaliização da utilização dos serviços do SUS (filas,senhas etc) mas estão distantes das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência integral à saú<strong>de</strong>.Por fim é fundamental refletir sobre a manutenção e mesmo ampliação domercado <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais <strong>no</strong> contexto da <strong>de</strong>sestruturação do mercado <strong>de</strong> trabalho.Como estimular a associação entre potenciais clientes <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> inseridos emempresas <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte ou <strong>no</strong> mercado informal? Como incentivar a oferta <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>sa<strong>de</strong>quados às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>manda? Como conferir viabilida<strong>de</strong> econômicofinanceiraa estes produtos e operadores?Qual o papel da ANS na regulação do mercado <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s empresariais e namelhoria dos níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos brasileiros?


15Tabela 1Titulares <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> segundo Financiamento do Prêmio<strong>Brasil</strong> 1998Responsável Número Absoluto %Somente Empregador 2,130,459 13. 18Empregador-Empregado 7,441,827 46. 04Individual 4,935,750 30. 54Outra 1,642,422 10. 16Sem Declaração 12,534 . 08Total 16,162,992 100Fonte: Pnad/ Ibge 1998Tabela 2Financiamento do Prêmio dos <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><strong>Brasil</strong> -Fevereiro <strong>de</strong> 1998Renda Familiar (em SM)até 2 SM 2 a 5 SM 5 a 10 SM > que 10 SM Total% % % % %Empresa como Titular 32 38 47 38 39Empresa como Depen<strong>de</strong>nte 37 38 20 23 27Individual 34 25 34 42 35Pesquisa <strong>de</strong> Opinião Pública - Ibope, 1998Tabela 3Proporção <strong>de</strong> Empresas que Conce<strong>de</strong>m Benefícios Selecionados do Inquérito da Towers Perrin<strong>Brasil</strong> 1988-1996*1988 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1999<strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> Saú<strong>de</strong> 98.51 97.80 99.38 97.09 97.05 94.48 97.70 92.74 100.00Seguro <strong>de</strong> Vida 89.55 92.04 90.74 91.26 94.22 88.31 91.57 87.13 94.00Previdência34.83 34.96 37.65 42.07 48.08 48.05 52.49 52.15 68.00PrivadaFonte: <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Benefícios <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> - Towers Perrin


16Referências BibliográficasABRAMGE (Associação <strong>Brasil</strong>eira <strong>de</strong> Serviços Assistenciais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Própriosdas Empresas) (2000) Informe <strong>de</strong> Imprensa. São Paulo: AbramgeBahia, L. (1999) Mudanças e padrões das relações público-privado: seguros epla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Tese <strong>de</strong> Doutorado. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Escola Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Pública. Fundação <strong>Os</strong>waldo Cruz.BNDES (1996) Qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> na indústria brasileira. Rio <strong>de</strong> janeiro:BNDES, CNI, Sebrae.Cantor, J.C., Long, S. H. and Marquis, S. Private employment-based healthinsurance in ten states. Health Affairs 14 (2): 199--211, 1995.Cor<strong>de</strong>iro, H. (1984) As empresas médicas: as transformações capitalistas daprática médica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edições Graal.Giffoni, R.M. (1981) Assistência médica e as relações <strong>de</strong> trabalho na empresa: omo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> convênio com a Previdência Social. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. São PauloUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.IBGE (1998) Pesquisa sobre padrões <strong>de</strong> vida 1997 (micro-dados). Rio <strong>de</strong> Janeiro:Fundação Instituto <strong>Brasil</strong>eiro <strong>de</strong> Estatística; Departamento <strong>de</strong> População e IndicadoresSociais.____ (2000) Pesquisa nacional por amostra <strong>de</strong> domicílios: acesso e utilização <strong>de</strong>serviços 1998. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fundação Instituto <strong>Brasil</strong>eiro <strong>de</strong> Estatística; Departamento<strong>de</strong> População e Indicadores Sociais.IBOPE (1998) (Instituto <strong>Brasil</strong>eiro <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Opinião) Utilização <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Nichols, L. M. e Blumberg, L. J. (1998) A different kind of “new fe<strong>de</strong>ralism? TheHealth Insurance Portability and Accontability Act of 1996. Health Affairs v 17(3): 25-40.Towers Perrin (2000) Pesquisa <strong>de</strong> <strong>Pla<strong>no</strong>s</strong> <strong>de</strong> Benefícios <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.

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