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A Tripanossomíase Americana antes de Carlos Chagas - Instituto de ...

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A Tr i pa n o s s o m í a s e Am e r i c a n a an t e s <strong>de</strong> Ca r l o s Ch a g a sAmerican Trypanosomiasis before <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong>Cristina B. M. F. Gurgel 1 , Christiane Vanessa Magdalena 2 , Larissa Fabbri Prioli 2Re s u m oEm 1909 <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong> presenciou uma nova en<strong>de</strong>mia em plena ascensão – a<strong>Tripanossomíase</strong> Sul-<strong>Americana</strong>, em sua homenagem <strong>de</strong>nominada Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>– possível resultado <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sastre ecológico que lentamente se firmava. Estudosatravés da técnica <strong>de</strong> PCR <strong>de</strong>monstraram a presença do parasita entre os indígenaspré-colombianos e a transmissão oral do Trypanossoma, através da ingestão <strong>de</strong> carnecrua ou mal cozida <strong>de</strong> animais silvestres, po<strong>de</strong> ter sido relevante entre esses povos.Neste trabalho mostra-se que a presença <strong>de</strong> vetores e <strong>de</strong> sintomas da doença pô<strong>de</strong>ser notada durante o período colonial e no império.Pa l a v r a s-c h a v eDoença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>, transmissão, Brasil-Colônia, Brasil-Império, história damedicinaAb s t r a c tIn 1909 <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong> observed the ascension of a disease – American trypanosomiasis(<strong>Chagas</strong> Disease) – as a possible result of an ecological disaster. Polymerase ChainReaction (PCR) technique studies have <strong>de</strong>monstrated the presence of the parasiteamong pre-Columbian native American populations and the oral transmission of theTrypanossoma; the ingestion of raw or un<strong>de</strong>rcooked meat of wild animals may havebeen relevant in the disease transmission among those people. In this retrospectivestudy it is shown that evi<strong>de</strong>nce of the vectorial presence and symptoms of the illnesscould also be <strong>de</strong>tected during the colonial and imperial periods in Brazil.Ke y w o r d s<strong>Chagas</strong> disease, transmission, Brazil, colonial period, empire, history of medicine1.In t r o d u ç ã oDurante a primeira década do século XX, o jovem e <strong>de</strong>dicado médico <strong>Carlos</strong><strong>Chagas</strong> foi enviado para o interior <strong>de</strong> Minas Gerais para combater a malária,que castigava os operários da Estrada <strong>de</strong> Ferro Central do Brasil. O avanço daferrovia <strong>de</strong>pendia da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus trabalhadores e muitos guardavam na memória1Mestre em Clínica Médica. Professora Assistente <strong>de</strong> Clínica Médica da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas – SP eMédica Assistente <strong>de</strong> Cardiologia do Hospital e Maternida<strong>de</strong> Celso Pierro – Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas – SP.End: Rua MMDC, n 47 apt. 101. Cep: 13025-130 E-mail: cbfmgurgel@ig.com.br2Graduanda da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Campinas.C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009 – 827


C ristina B. M. F. Gu r g e l , Ch r i s t i a n e Va n e s s a Ma g d a l e n a , La r i s s a Fa b b r i Pr i o l ia tragédia que a mesma doença causara na construção da Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré, a“ferrovia do diabo” (Souza, 2005). Respaldado por avanços que a ciência estavaalcançando a passos largos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século XIX, <strong>Chagas</strong> iniciou sua lutacontra os mosquitos transmissores. Contudo, em meio a um trabalho frenético,intrigou-se com outro inseto local, que a sabedoria popular chamara <strong>de</strong> “barbeiros”,pelo hábito <strong>de</strong> picar os rostos <strong>de</strong> suas vítimas. O senso <strong>de</strong> observação e a extremaperspicácia do cientista levaram a estudá-los e <strong>de</strong>scobrir, com a ajuda <strong>de</strong> seuscompanheiros do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Manguinhos (posteriormente <strong>Instituto</strong> OswaldoCruz), que esses insetos podiam transmitir parasitas. Os protozoários por eleencontrados – Trypanosoma cruzi – foram estudados e <strong>de</strong>scritos como causadores<strong>de</strong> uma doença humana, após a constatação da sua presença no sangue <strong>de</strong> umamenina <strong>de</strong> dois anos com febre e hepatoesplenomegalia. O pesquisador <strong>de</strong>dicou-seentão a <strong>de</strong>linear os mecanismos <strong>de</strong> transmissão e vários aspectos da sintomatologiae patogenia da moléstia, que passou a ser conhecida como Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>(Lewinsohn, 1979; Dias, 2000; Lewinsohn, 2003).<strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong>, enviado a Minas Gerais com um objetivo específico, <strong>de</strong>frontousecom uma doença parasitária <strong>de</strong>sconhecida, então em franca expansão. Noentanto, o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> casos por ele observados teve origem muito anteriorà chegada dos trilhos da estrada <strong>de</strong> ferro.2.Tr y p a n o s o m a c r u z i e Do e n ç a d e Ch a g a s: o r i g e n sAs origens e causas <strong>de</strong> uma doença são difíceis <strong>de</strong> serem i<strong>de</strong>ntificadas apenaspor narrativas históricas ou mesmo médicas – por muito tempo os diversosmales foram julgados como fenômenos sobrenaturais, tanto por leigos quantopor médicos. Contudo, no transcorrer <strong>de</strong> séculos, quando a ciência finalmentetomou o lugar do fantástico, ela pô<strong>de</strong> apresentar, cada vez mais, respostascoerentes às perguntas até então envolvidas em mistério. No caso da Doença <strong>de</strong><strong>Chagas</strong>, a <strong>de</strong>scoberta e a elucidação <strong>de</strong> seus aspectos clínicos, fisiopatológicos epropedêuticos foram <strong>de</strong>senvolvidas graças aos avanços médicos que fervilharamno início do século XX e que não cessaram a partir <strong>de</strong> então, apesar <strong>de</strong> algunstropeços. Com o progresso nas últimas décadas, a ciência pô<strong>de</strong> usar a seu favoruma arma po<strong>de</strong>rosa na <strong>de</strong>scoberta e diagnóstico <strong>de</strong> doenças parasitárias: o estudodo DNA. Este foi o método usado para esclarecer o enigma das origens do agentecausador da Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>.Os resultados das pesquisas sugerem que o Trypanosoma cruzi e o Trypanosomabrucei, causador da doença do sono, tiveram origem comum há cerca <strong>de</strong> 100milhões <strong>de</strong> anos, quando América e África estavam unidas. Des<strong>de</strong> então, apóssofrerem mutações e adaptações, cada parasita tornou-se exclusivo <strong>de</strong> cada828 – C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009


A Tr i p a n o s s o m í a s e Am e r i c a n a a n t e s d e Ca r l o s Ch a g a scontinente (Ujvari, 2003). Tamanha antiguida<strong>de</strong> implica a dúvida sobre como osTrypanosomas conseguiram sobreviver por tanto tempo já que, seguindo a escalaevolutiva, os mamíferos hoje por eles parasitados sequer existiam.Filogeneticamente, insetos hematófagos prece<strong>de</strong>m mamíferos e pássaros.Isso significa que para sobreviver os microorganismos que eles originalmentetransportavam tiveram <strong>de</strong> parasitar répteis e anfíbios para <strong>de</strong>pois, com a evoluçãodas espécies, sofrerem diferenciação e adaptação aos animais <strong>de</strong> sangue quente.Essa teoria parece pertinente para todos os protozoários, e em particular para osTrypanosomae, que até o presente não parecem estar totalmente diferenciados e, <strong>de</strong>staforma, conseguem parasitar espécies distintas <strong>de</strong> mamíferos (Sournia, 1984).Na natureza, uma vez adaptado para o parasitismo <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sanguequente, o ciclo <strong>de</strong> vida do parasita encontrava-se em relativo equilíbrio. Tatuse pequenos roedores parecem ter se ajustado perfeitamente ao convívio doTrypanosoma, até que a inserção humana neste circuito levou ao surgimento dadoença propriamente dita. Contudo, não se po<strong>de</strong> dizer que a simples presençahumana tenha <strong>de</strong> pronto <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado a moléstia. A relação do homem com omeio ambiente é recíproca e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e fatores físicos, sociais, culturais ebiológicos interagem continuamente (Lacaz, 2003). No caso da doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>,um hábito dos primitivos habit<strong>antes</strong> das Américas po<strong>de</strong> ter sido uma das causaspara a contaminação <strong>de</strong>ssa população – a ingestão <strong>de</strong> carne crua <strong>de</strong> animaisreservatórios (Rothhammer et al., 1985).A ingestão <strong>de</strong> pequenos roedores e camelí<strong>de</strong>os foi supostamente o meioinicial <strong>de</strong> contaminação pelo Trypanosoma em grupamentos indígenas mais antigosencontrados tanto no Peru (7000 anos) quanto no Chile (4000 anos). Estes períodossão anteriores à instituição do se<strong>de</strong>ntarismo dos povos nativos, mas acredita-se quea doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> só teria se tornado epi<strong>de</strong>miologicamente significativa apósa adaptação do principal vetor, o Triatoma infestans, ao domicílio. (Araújo et al.,2000; Guhl et al., 2000). No Chile foram encontradas múmias bem preservadas,<strong>de</strong> diferentes períodos, formadas naturalmente pelas áridas condições climáticasdo <strong>de</strong>serto do Atacama, que favoreceram o estudo paleopatológico. Em achadoscom datações <strong>de</strong> 470 a.C a 600 d.C.,sob a técnica do C-14, foram encontradosmegacólon com presença importante <strong>de</strong> coprólitos em 9, cardiomegalia comevidência histopatológica <strong>de</strong> fibrose em 2 e megaesôfago em 1, <strong>de</strong>ntre as 22 múmiasem que foi possível tal análise. Curiosamente, a distribuição das diferentes formasclínicas nas múmias condiz com a situação endêmica chilena atual (Rothhammeret al., 1985).Evidências da presença remota da tripanossomíase também foram encontradasnos Estados Unidos (vale do Rio Gran<strong>de</strong>) e no Brasil. Infelizmente, a difícilC a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009 – 829


C ristina B. M. F. Gu r g e l , Ch r i s t i a n e Va n e s s a Ma g d a l e n a , La r i s s a Fa b b r i Pr i o l ipreservação <strong>de</strong> remanescentes biológicos em áreas tropicais e subtropicais é umfator que reduz as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisas paleopatológicas, pois as mumificaçõesnaturais ou artificiais são relativamente raras. No sítio arqueológico da serra daCapivara (Piauí), consi<strong>de</strong>rado um dos mais antigos das Américas, apesar <strong>de</strong> suasdatações terem <strong>de</strong>spertado polêmica, encontraram-se vestígios da presença <strong>de</strong>animais reservatórios e vetores em áreas ocupadas pelos primitivos habit<strong>antes</strong>.Ao longo do rio Peruaçu, norte <strong>de</strong> Minas Gerais, a presença do Trypanosoma foiconfirmado nos <strong>de</strong>spojos <strong>de</strong> uma mulher falecida entre 1200 e 600 anos atrás,através da técnica da PCR __ reação em ca<strong>de</strong>ia da polimerase __ que permiteampliação in vitro <strong>de</strong> regiões específicas <strong>de</strong> DNA (Reinhard et al., 2003; Gonçalveset al., 2002; Araújo et al., 2005; Souza et al., 1994). Na mesma região, a técnicatornou possível o achado do DNA parasitário em uma quantida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>indivíduos, cujos remanescentes estão estimados com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7000 a 600anos <strong>antes</strong> do presente __ prova <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> que o parasitismo existiu entre osindígenas no Brasil no período pré-colombiano (Fernan<strong>de</strong>s, 2007).A Do e n ç a d e Ch a g a s e o s brasilíndiosDurante milênios o território brasileiro foi morada <strong>de</strong> diferentes grupamentosindígenas, mas não existem dados concretos sobre a real pressão ecológica exercidapor esses povos. É possível que parte das florestas encontradas por Cabral e os queo suce<strong>de</strong>ram fosse secundária, resultado da agricultura <strong>de</strong> coivara (queima da matae posterior plantio), cujas áreas eram reaproveitadas ciclicamente após um períodovariável <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação humana. Seminôma<strong>de</strong>s, os indígenas retornavam a sítiosantigos para facilitar a caça e o manuseio da terra, pois a floresta ali encontradanão mais seria tão <strong>de</strong>nsa (Scha<strong>de</strong>n, 1960; Moonen, 1983; Dean, 1996).Este hábito permitiu que gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> mata nativa ficassem virtualmenteintocadas. Os vetores da tripanossomíase, nestas condições, não estariam ameaçadosem seu habitat e em sua fonte alimentar: o sangue <strong>de</strong> animais silvestres. Casohouvesse a transmissão, esta seria meramente aci<strong>de</strong>ntal, por invasão domiciliarvetorial, secundária ao esgotamento <strong>de</strong> animais por algum fenômeno natural oupela caça. Contudo, a ingestão <strong>de</strong> carne crua ou semicrua <strong>de</strong> animais contaminados– hábito arraigado entre nativos que usavam calor e fumaça como técnica <strong>de</strong>conservação alimentar (Câmara Cascudo, 2004) – po<strong>de</strong> ter sido a forma inicial<strong>de</strong> infecção do Trypanosoma entre os brasilíndios, tal qual supostamente ocorrerano Peru e no Chile (Gurgel et al., 2007).A alimentação não foi a única maneira possível <strong>de</strong> contaminação indígena.As habitações, feitas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira interligada a cipós e barro e cobertas com folhas<strong>de</strong> palmeiras, reuniam condições para abrigar os agentes transmissores. Várias830 – C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009


A Tr i p a n o s s o m í a s e Am e r i c a n a a n t e s d e Ca r l o s Ch a g a sfamílias ali conviviam, distribuíam-se re<strong>de</strong>s estendidas sobre pequenas fogueirasque serviam para aquecer os nativos durante a noite, afugentar insetos e... mausespíritos. A temperatura <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas habitações sem janelas – verificada porpesquisadores entre índios na Amazônia contemporânea – é surpreen<strong>de</strong>ntementeconstante e agradável (Coimbra, s/d). Sua cobertura <strong>de</strong> palha favorece umaboa ventilação, impedindo que o ar fique estagnado e a fumaça das fogueiras seacumule. O problema nessas versáteis habitações está na formação <strong>de</strong> frestas emsuas pare<strong>de</strong>s, escon<strong>de</strong>rijo preferencial dos barbeiros. Em épocas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrioambiental, os insetos po<strong>de</strong>riam ter se adaptado ao convívio humano e talvez asfogueiras ajudassem a espantá-los, mas é impossível afirmar que impedissem suainvasão domiciliar (Coimbra, s/d ; Gurgel et al., 2007).3. A Do e n ç a d e Ch a g a s n o Br a s i l Co l o n i a l e Im p é r i oNo período inicial da colonização europeia, não existem <strong>de</strong>scrições conhecidasda doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> e sequer <strong>de</strong> seus vetores – os indígenas possuíam apenas o<strong>de</strong>signativo genérico <strong>de</strong> “aravers” (arabê ou aravé) para besouros, baratas e similares(Ayrosa, 1980); os colonizadores não estariam interessados em um inseto semvalor comercial e a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um inseto como um transmissor <strong>de</strong> doenças erainconcebível ao mundo oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> então.As áreas litorâneas – on<strong>de</strong> a presença vetorial é insignificante – foram asprimeiras vítimas da exploração comercial no Brasil. A brutal extração <strong>de</strong> paubrasil,apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>letéria, manteve a mata natural ao seu redor, mas a cultura <strong>de</strong>cana, cultivada em larga escala ao longo da costa, foi particularmente <strong>de</strong>sastrosapara o meio ambiente. Ela teria eliminado cerca <strong>de</strong> 1000Km² da Mata Atlânticae a extração da lenha, necessária para a produção <strong>de</strong> açúcar, outros 1200Km²,até o fim do século XVII (Dean, 1994).Maior impacto ambiental ocorreu durante o ciclo da mineração e <strong>de</strong>poiscom a agricultura em larga escala, representada pelas gran<strong>de</strong>s plantações <strong>de</strong>café e a revitalização da cana-<strong>de</strong>-açúcar. Estima-se que a mineração do séculoXVIII tenha danificado muito mais a Mata Atlântica que a agricultura <strong>de</strong>subsistência nos primeiros duzentos anos após o <strong>de</strong>scobrimento, por causa danecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir alimentos para as áreas mineradoras que contavamcom uma superpopulação ávida por suas riquezas (Sanches, 2003). Em épocassubsequentes, gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terra foram <strong>de</strong>rrubadas à medida que o cultivoda cana-<strong>de</strong>-açúcar se estendia do litoral paulista às várzeas do Tietê e ao Valedo Paraíba; e os cafezais, espalhando-se a partir do Rio <strong>de</strong> Janeiro, dizimavam afloresta nativa <strong>de</strong>ste estado e em São Paulo, Minas Gerais e Paraná. De acordocom relatos da época, os incêndios provocados para o <strong>de</strong>smatamento eram tãoC a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009 – 831


C ristina B. M. F. Gu r g e l , Ch r i s t i a n e Va n e s s a Ma g d a l e n a , La r i s s a Fa b b r i Pr i o l iintensos que durante dias ou mesmo meses a fumaça impedia a visualização dosol (Veiga et al., 2003).A abertura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s campos propiciou a migração <strong>de</strong> um invasor queprecisava <strong>de</strong>les para po<strong>de</strong>r se disseminar. Era o Triatoma infestans, vindo dos An<strong>de</strong>se que possuía exclusivo hábito domiciliar – ao contrário <strong>de</strong> outros triatomíneos– daí sua gran<strong>de</strong> importância vetorial na Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>. Este foi o insetopossivelmente <strong>de</strong>scrito em 1590 pelo padre Reginaldo Lizarraga, quando passavapor Tucumán, Argentina:“... estes têm um ferrão com que picam, à noite, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> apagada a luz, tão <strong>de</strong>licadamenteque não se sente... são torpes dos pés por os terem longos e <strong>de</strong>lgados, e enchem a barrigacom o sangue sugado, não po<strong>de</strong>ndo andar” (Lausi, 1975).Também foi ele que incomodou Charles Darwin em sua viagem rumo aGalápagos em 1835:“Dormimos na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Luxan, pequena vila cercada <strong>de</strong> jardins que forma o maismeridional dos distritos cultivados da província <strong>de</strong> Mendoza, a 5 léguas ao sul dacapital. De noite sofri um ataque (não é exagerado o termo) <strong>de</strong> benchucas, uma espécie<strong>de</strong> reduvií<strong>de</strong>o, o gran<strong>de</strong> percevejo negro dos Pampas. É repugnante sentir os gran<strong>de</strong>sinsetos macios, sem asas, compridos <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> uma polegada, rastejando sobre o corpoda gente. Antes <strong>de</strong> sugar, eles estão <strong>de</strong>lgados, mas <strong>de</strong>pois ficam arredondados e inchados<strong>de</strong> sangue e assim são facilmente esmagados...” (Darwin, 1979)Ao invadir os recém-abertos campos no Brasil do século XIX, o Triatomainfestans encontrou uma população pobre que perpetuava o hábito indígena natécnica <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> suas moradias, com materiais que estivessem disponíveisna natureza: o pau-a-pique. Não por acaso a partir <strong>de</strong>sta época encontram-se<strong>de</strong>scrições que sugerem fortemente alguns sintomas produzidos pela doença, emespecial a forma digestiva. Apesar <strong>de</strong> a constipação intestinal crônica progressivaocorrer em uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> afecções, o mesmo não acontece com adisfagia <strong>de</strong> mesmas características. Contudo, o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> casos observadosao mesmo tempo indica muito mais uma doença parasitária que congênita,<strong>de</strong>generativa ou neoplásica (Kid<strong>de</strong>r, 1941; Gurgel, 2007).4. Os possíveis r e l a t o s s o b r e a Do e n ç a d e Ch a g a s n o s s é c u l o s XVIIIe XIXSeria impossível atribuir distúrbios cardíacos presentes na população colonialcomo secundários à Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>. Os sintomas estavam presentes, masa falta <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong> impe<strong>de</strong> um diagnóstico <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> suas causas. Em832 – C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009


A Tr i p a n o s s o m í a s e Am e r i c a n a a n t e s d e Ca r l o s Ch a g a scontrapartida, a forma digestiva da doença apresenta sintomas mais peculiaresque po<strong>de</strong>m ajudar em sua i<strong>de</strong>ntificação. É o que acontece no Erário Mineral, <strong>de</strong>Luís Gomes Ferreira, cirurgião que viveu em Minas Gerais do século XVIII. Oautor assim <strong>de</strong>screve casos <strong>de</strong> vólvulo (“tripa que dá volta”):“As causas <strong>de</strong>sta tão terrível enfermida<strong>de</strong> pela maior parte são dureza e a ressecaçãodo excremento, (grifo nosso) ou <strong>de</strong> inflamação dos intestinos... impedindo-se a saídados flatos, dos excrementos e dos humores...pela <strong>de</strong>mora que tudo faz, se enfraquece avirtu<strong>de</strong> ou faculda<strong>de</strong> expulsiva dos intestinos e faz sair pela boca o que havia <strong>de</strong> sairpor baixo...” (Ferreira, 2002).O século XIX testemunhou o surgimento <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> cientistas europeusque vislumbravam nas exóticas viagens a continentes estranhos, a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir e estudar as maravilhas da natureza; mas terminaram por <strong>de</strong>screveralgumas doenças que acometiam a população colonial. O viajante Saint Hilaire,durante sua visita à Santa Catarina em 1820, testemunhou a provável presença domegacólon entre a população: “... Segundo me disse o cirurgião da Villa <strong>de</strong> S. Francisco,a morphéa é felizmente <strong>de</strong>sconhecida em toda a ilha, sendo, no entanto, muito communs asfebres intermittentes e as obstruções (volvo) (grifo nosso)...” (Saint Hilaire, 1936). Spix eMartius, nas primeiras décadas do século XIX, citaram a presença do “mal <strong>de</strong>engasgo” nos sertões da Bahia e Piauí e teorizaram que tal mal “... consiste orana irritação da cartilagem do processo xifoi<strong>de</strong>, curvada para <strong>de</strong>ntro, ora no endurecimento docárdia...” (Spix et al., 1981).As riquezas da cana e do café atraíam colonos que também contribuíram na<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> moléstias que afligiam seu novo país. O missionário norte-americanoFletcher, resi<strong>de</strong>nte no Brasil entre 1851 e 1855 testemunhou a existência <strong>de</strong>pacientes com claros sintomas <strong>de</strong> megaesôfago juntamente com o médicoamericano Joseph Reinhardt:“... Os brasileiros chamam-na <strong>de</strong> mal <strong>de</strong> engasgo. O primeiro sintoma <strong>de</strong> sua existênciaé certa dificulda<strong>de</strong> em engolir... As pessoas assim afetadas parecem gozar <strong>de</strong> boa saú<strong>de</strong>,mas em cinco ou seis anos morrem literalmente <strong>de</strong> fome... (O dr.) informou-me que foichamado a visitar um homem sofrendo <strong>de</strong>sta enfermida<strong>de</strong>... e para espanto seu, encontrou,no mesmo quarto, nada menos que nove pessoas <strong>de</strong> mal semelhante (grifo nosso)... Nãose conhece a extensão total do país on<strong>de</strong> grassa o mal <strong>de</strong> engasgo mas, sabe-o comcerteza, abrange entre Limeira (duzentas milhas do litoral) e Goiás – uma distância <strong>de</strong>quatrocentas milhas. Não é encontrada na costa...” (Kid<strong>de</strong>r, 1941).Uma das <strong>de</strong>scrições mais famosas, compatível com a forma digestiva dadoença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> foi feita em uma obra <strong>de</strong> ficção, escrita pelo engenheiro militarC a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009 – 833


C ristina B. M. F. Gu r g e l , Ch r i s t i a n e Va n e s s a Ma g d a l e n a , La r i s s a Fa b b r i Pr i o l iAlfredo d’Escragnolle Taunay – o Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taunay. O autor <strong>de</strong> “Inocência”,romance publicado pela primeira vez em 1873, refere-se ao “mal do engasgo”e “mal <strong>de</strong> encalhe” como doenças que grassavam nos sertões. “Encalhado”era a <strong>de</strong>nominação dada no norte <strong>de</strong> Minas Gerais àqueles que apresentavamconstipação intestinal. Quanto ao megaesôfago, em um trecho <strong>de</strong> seu livro, umdos personagens conta-nos que: “O que me aflege mais é que há comidas então que nãome passam pela goela... Boto os pedacinhos no bucho e parece-me que <strong>de</strong>ntro tenho um bolo queme está a subir e <strong>de</strong>scer pela garganta...” (Meneguelli, 1992).Na literatura médica nacional do século XIX, a primeira <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>sintomas compatíveis com o megaesôfago data também <strong>de</strong> 1873. Na segundaedição do Dicionário <strong>de</strong> Medicina Doméstica e Popular, Theodoro Langgaard, médicodinamarquês resi<strong>de</strong>nte na região <strong>de</strong> Campinas, informa sobre a en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>do “mal <strong>de</strong> engasgo” em Goiás e sua crescente presença em Minas Gerais e SãoPaulo (Langgaard, 1873).Martins Costa, na tradução con<strong>de</strong>nsada e refundida <strong>de</strong> Wappaeus, GeographiaPhysica do Brasil, edição <strong>de</strong> 1884 fez a seguinte observação:“Há também nessas regiões (Curvelo, MG) uma moléstia endêmica a que os habit<strong>antes</strong>chamam <strong>de</strong> mal <strong>de</strong> engasgo... os que pa<strong>de</strong>cem essa moléstia não po<strong>de</strong>m engolir os alimentos,cada bolo <strong>de</strong> comida é empurrado por alguns goles <strong>de</strong> água” (Costa, 1884).Em alguns <strong>de</strong>sses relatos <strong>de</strong>stacam-se as opiniões <strong>de</strong> médicos brasileiros – namaioria das vezes, eles sequer têm seus nomes citados – que haviam atribuído aacalasia como a causa para os sintomas esofágicos. Infelizmente, não há nenhumapublicação médica conhecida sobre o assunto e parece que tais atribuiçõespermaneceram no terreno das especulações.Contudo, a correlação entre doença e seus sintomas, parasitismo e transmissãovetorial, jamais existiu <strong>antes</strong> <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong>, cuja contribuição para a ciênciamédica é inegável. A medicina precisou galgar um longo caminho para ultrapassarconceitos – e preconceitos – medievais, e para isso teve que contar com o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pelo menos duas ciências fundamentais, a química (bioquímica)e a biologia. Na época da <strong>de</strong>scoberta da doença, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão<strong>de</strong> doenças parasitárias através <strong>de</strong> insetos era relativamente recente, impedindoos pesquisadores <strong>de</strong> períodos pregressos <strong>de</strong> aventarem esta possibilida<strong>de</strong>.5. Co n c l u s õ e sNão obstante existirem outros mecanismos <strong>de</strong> difusão da doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> –como a oral, que po<strong>de</strong> ter sido significativa entre os indígenas –, a transmissãovetorial é reconhecida, tanto no passado quanto no presente, como aquela que834 – C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009


A Tr i p a n o s s o m í a s e Am e r i c a n a a n t e s d e Ca r l o s Ch a g a spermitiu que a <strong>Tripanossomíase</strong> Sul-<strong>Americana</strong> se tornasse epi<strong>de</strong>miologicamenteexpressiva. Neste contexto é preciso frisar que, apesar da inexistência do Triatomainfestans no Brasil <strong>antes</strong> do século XIX, inseto consi<strong>de</strong>rado nas regiões Sul eSu<strong>de</strong>ste como o principal transmissor, outros vetores po<strong>de</strong>riam ter assumido nestase nas <strong>de</strong>mais regiões brasileiras um papel relevante na propagação da moléstia(Rothhammer, 1985; Silveira et al., 1994). O Nor<strong>de</strong>ste, on<strong>de</strong> é observado umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> chagásicos, é um mo<strong>de</strong>lo notório: ali o Triatoma infestans jamaisfoi o principal vetor da doença (Lucena, 1970).Existem espécies reconhecidamente nativas <strong>de</strong> triatomíneos, tais como oPanstrongylos megistus e o Triatoma brasiliensis, cujas características comportamentaisprincipais incluem o hábito <strong>de</strong> invadir o domicílio mesmo quando não estão esgotadasas fontes alimentares no peridomicílio (Silveira et al., 1994). Assim, surtos da doença<strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> po<strong>de</strong>m ter ocorrido em certas populações <strong>antes</strong> da infestação territorialdo Triatoma infestans por aci<strong>de</strong>ntes ambientais, naturais ou provocados. Maiorexemplo é o próprio episódio da <strong>de</strong>scoberta da doença: o triatomíneo que tantointrigou <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong> em Lassance foi o nativo Panstrongylos megistus. O Triatomainfestans foi <strong>de</strong>tectado em Minas Gerais apenas a partir <strong>de</strong> 1910, vindo do interior<strong>de</strong> São Paulo, que se infestara no século anterior, e apenas alcançou Lassanceapós 1950. Um intrigante achado corrobora uma gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptaçãodos triatomíneos e em especial, do P. Megistus: ele não mais foi capturado nestaregião após 1985, o que sugere que na época da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong>, elechegara à região por transporte passivo <strong>de</strong> populações vindas do sul e apresentaraum comportamento exclusivamente domiciliar (Dias et al., 2002).As migrações humanas e suas consequências para o ambiente certamentecontribuíram para a invasão do Triatoma infestans, o que, pelo menos no su<strong>de</strong>stedo Brasil, levou a resultados <strong>de</strong>sastrosos. Esta população migrante, algoz paracom a natureza que encontrou, tornou-se ao mesmo tempo sua vítima por estarimunologicamente <strong>de</strong>spreparada para enfrentar um parasita que nela habitava.A extrema virulência da Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> observada nas primeiras décadas doséculo XX sugere que a inserção significativa do parasita no Brasil, ao contráriodos países andinos, tenha sido recente.A importância da transmissão oral e vetorial (por insetos nativos) datripanossomíase no passado é um alerta para as gerações futuras. Por menor quefosse a significância epi<strong>de</strong>miológica, houve vítimas e elas estão, através <strong>de</strong> novastécnicas investigativas, nos contando suas histórias. Assim, para a erradicação damoléstia, o combate ao Triatoma infestans é <strong>de</strong> valor inquestionável, mas não po<strong>de</strong>ser a única frente <strong>de</strong> batalha contra a Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong>.C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009 – 835


C ristina B. M. F. Gu r g e l , Ch r i s t i a n e Va n e s s a Ma g d a l e n a , La r i s s a Fa b b r i Pr i o l iR e f e r ê n c i a sAr a ú j o, A.; Fe r r e i r a, L. F.; Ca m i l l o-Co u r a, L.; Go n ç a l v e s, M. Parasitos,parasitismo e paleoparasitologia molecular. Anais Aca<strong>de</strong>mia Nacional <strong>de</strong> Medicina.v. 160, n. 1, p. 20 - 27, 2000.Ar a ú j o, A.; Cr u z, K. D.; Ja n s e n, A. M.; Re i n h a r d, K.; Fe r r e i r a, L. F.Paleoparasitology of <strong>Chagas</strong> disease. Revista da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Medicina Tropical.v. 38, suppl I, p. 490 - 490, 2005.Ay r o s a P. [comentário]. In: Léry J. Viagem à Terra do Brasil. (Original <strong>de</strong> 1578).Tradução e notas <strong>de</strong> Sergio Milliet; bibliografia <strong>de</strong> Paul Gaffarel; colóquio nalíngua brasílica e notas tupinológicas <strong>de</strong> Plínio Ayrosa. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia;São Paulo: Ed. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1980.Câ m a r a Ca s c u d o, L. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Editora Global,2004. 960p.Co i m b r a Jr., C. E. A habitação Suruí e suas implicações epi<strong>de</strong>miológicas. In:Ibanez, N.; Martin, A.; Teixeira, A. M. Adaptação a enfermida<strong>de</strong> e sua distribuição entregrupos indígenas da Bacia Amazônica. Centro <strong>de</strong> Estudos e Pesquisa em AntropologiaMédica. Conferência apresentada em Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Pediatria, 25, SãoPaulo, s/d. Ca<strong>de</strong>rnos CEPAM, 1, p.120 – 138, s/d.Co s t a, M. Salubrida<strong>de</strong>, epi<strong>de</strong>mias e moléstias rein<strong>antes</strong>. In: Wappaeus, J. E.A geographia physica do Brasil (edição refundida e con<strong>de</strong>nsada). Rio <strong>de</strong> Janeiro: G.Leuzinger & Filhos. 1884; p. 202-205.Da r w i n, C. The Voyage of the Beagle. Nova York: Dent-Dutton; 1979, cap. 15, p316. In: Lewinsohn, R. Três Epi<strong>de</strong>mias. Lições do Passado. 1ª Ed. Campinas, SãoPaulo: Editora da Unicamp, p. 272, 2003.De a n, W. A ferro e fogo. A história e a <strong>de</strong>vastação da Mata Atlântica Brasileira. 3ª Ed. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1996. 484p.Di a s, J. C. P. <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong>. Alguns aspectos históricos. Revista <strong>de</strong> Patologia Tropical.v. 29, p. 19 - 29, 2000.Di a s, J. C. P.; Ma c h a d o, E. M. M.; Bo r g e s, E. C.; Mo r e i r a, E. F.; Gontijo,C.; Az e r e d o, B. V. M. Doença <strong>de</strong> <strong>Chagas</strong> em Lassance, MG. ReavaliaçãoClínico-Epi<strong>de</strong>miológica 90 anos após a Descoberta <strong>de</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Chagas</strong>. Revistada Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Medicina Tropical. v. 35, p. 2, p. 167 - 176, 2002.836 – C a d . Sa ú d e Co l e t ., Rio d e Ja n e i r o , 17 (4): 827 - 839, 2009


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