A arte rupestre no Rio Grande do Sul: - Semiótica e Estereoscopia
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A <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>:- Semiótica e <strong>Estereoscopia</strong>Lizete Dias de Oliveira 1FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 469
RESUMODescreve os resulta<strong>do</strong>s de pesquisa realizada <strong>no</strong> sítio arqueológico Morro das Pedras na cidade deSão Pedro de Alcântara, RS. Analisa o processo de medições através <strong>do</strong> registro das imagens <strong>rupestre</strong>sutilizan<strong>do</strong> os recursos da estereoscopia e da fotointerpretação. Destaca que as medições assimrealizadas apresentam um maior grau de precisão e que o seu georeferenciamento possibilita a suainserção na paisagem. Explicita as bases teóricas que <strong>no</strong>rteiam a pesquisa: a teoria Geral <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>sque entende da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como Sig<strong>no</strong> de sociedades passadas e coloca o pesquisa<strong>do</strong>r <strong>no</strong> seupapel de agente <strong>do</strong> conhecimento sobre esses sig<strong>no</strong>s.PALAVRAS-CHAVEArte <strong>rupestre</strong>. Arqueologia <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>. Semiótica. Esterescopia.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 470
1 INTRODUÇÃOO estu<strong>do</strong> sobre a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> apresenta a dificuldade de que para expressar conceitos sobre a imagemtemos a necessidade <strong>do</strong> discurso verbal. Assim, a análise sobre a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> permanece apoiadaem modelos logocêntricos que consideram a imagem sob o mesmo referencial teórico utiliza<strong>do</strong> para osig<strong>no</strong> lingüístico. Entretanto, se temos necessidade da palavra para explicar as imagens, sabemosque <strong>no</strong> discurso verbal existe uma p<strong>arte</strong> icônica e uma p<strong>arte</strong> indicial. Entenden<strong>do</strong> que a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>manifesta-se como uma função sígnica, a Teoria Geral <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>s confere às imagens um status próprio,tornan<strong>do</strong> possível o desenvolvimento de instrumentos de análise dentro de um mesmo referencial teóricoe sua observação simultaneamente sob vários pontos-de-vista: sob seu aspecto icônico, sob seu aspectoindexical ou como uma imagem simbólica, e nesse senti<strong>do</strong> codificada culturalmente. Neste estu<strong>do</strong>enfocamos especificamente o sítio arqueológico Morro das Pedras, localiza<strong>do</strong> <strong>no</strong> município de SãoPedro de Alcântara, <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>. Através <strong>do</strong> registro de suas imagens, com os recursos daestereoscopia e da fotointerpretação estabelecemos medições com um maior grau de precisão assimcomo, através <strong>do</strong> georeferenciamento, estudamos sua inserção na paisagem.As imagens que <strong>no</strong>s chegam da Pré-história são envoltas em um misto de mistério e fascinação.Conhecer o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtores dessas imagens, sua imagens mentais, o meio ambiente emque viviam é isso que buscamos através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>. Nesse estu<strong>do</strong>propomos o estu<strong>do</strong> da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> a partir da grade teórico-meto<strong>do</strong>lógica oferecida pela TeoriaGral <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>s, desenvolvida por Charles Sanders Peirce.Enfocaremos principalmente o sítio Morro das Pedras, que foi registra<strong>do</strong> em 1967 e que recebeuquatro visitas por diferentes equipes de pesquisa<strong>do</strong>res. Dentro <strong>do</strong> projeto “Arte Rupestre <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong><strong>do</strong> <strong>Sul</strong>”, os trabalhos neste sítio apenas começam a ser desenvolvi<strong>do</strong>s.Desde seu registro, em 1967, esse sítio foi visita<strong>do</strong> quatro vezes: em 1995 quan<strong>do</strong> foram encontra<strong>do</strong>svinte e um blocos com gravuras, em 1998 (LIMA, 2005), em 2003 e em 2004. Apesar da importância<strong>do</strong> sítio, nunca foi publica<strong>do</strong> nenhum estu<strong>do</strong> sistemático. O <strong>do</strong>cumento de maior importância permaneceainda a ficha de registro de sítios da Faculdade de Filosofia e Letras de São Leopol<strong>do</strong> (InstitutoAnchieta<strong>no</strong> de Pesquisas) <strong>do</strong>cumento <strong>no</strong> qual <strong>no</strong>s basearemos nesse artigo.2 A ARTE RUPESTRE NO BRASIL: OS INTERPRETANTESA existência de grafismos <strong>rupestre</strong>s <strong>no</strong> Brasil é mencionada desde o século <strong>do</strong> descobrimento. Aprimeira <strong>no</strong>tícia de inscrições <strong>rupestre</strong>s data de 1598, quan<strong>do</strong> o Capitão-mor Coelho de Carvalhocopiou gravações <strong>rupestre</strong>s <strong>no</strong> rio Araçoagipe, que foram publicadas em 1618 na obra “Diálogodas <strong>Grande</strong>zas <strong>do</strong> Brasil”. No século seguinte, em “Lamentações Brasílicas”, escritas entre 1799e 1817, o padre Francisco Teles de Menezes registrou 274 sítios arqueológicos com gravações epinturas <strong>no</strong> Ceará, Paraíba, <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> Norte, Piauí e Pernambuco, interpretan<strong>do</strong>-os comomapas de tesouros (MENDONÇA DE SOUZA, 1991).FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 471
Ao longo <strong>do</strong> tempo, a visão sobre a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> variou de acor<strong>do</strong> com a visão de mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s diversospesquisa<strong>do</strong>res. Primeiramente pensou-se que a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> teria si<strong>do</strong> produzida como um simplesprazer estético. Depois sela passou a ser explicada como fruto da magia, com o objetivo de intervir navida real, como, por exemplo, a Magia da Caça ou a Magia da Fertilidade. Outros autores a viam comouma forma de escrita associada a uma civilização megalítica de Atlântida (BRANDÃO, 1914 apudMENDONÇA DE SOUZA, 1991, p. 86), ou como lápides mortuárias onde constava o <strong>no</strong>me e agenealogia <strong>do</strong> indígena (GASPAR , 2003)No século XX, foi entendida como um sistema de comunicação. Do ponto de vista da semiologia, a<strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> passou a ser considerada um código simbólico, que deveria ser decifra<strong>do</strong>, como umtexto. Em analogia à linguagem, os <strong>arte</strong>fatos seriam sistemas de sig<strong>no</strong>s que comunicariam significa<strong>do</strong>snão verbais dentro de uma visão de conjunto, buscan<strong>do</strong>-se a organização interna <strong>no</strong>s painéis.Outra vertente viu na <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> uma representação de fenôme<strong>no</strong>s celestes, ou, ainda, identifican<strong>do</strong>as imagens como resulta<strong>do</strong> de transes de xamãs.Se uma corrente buscou estabelecer padrões espaciais, pressupon<strong>do</strong> uma padronização <strong>do</strong>s <strong>arte</strong>fatos<strong>no</strong> que se refere à forma e às suas propriedades espaciais, outra renunciou a essa busca de padrõesculturais, colocan<strong>do</strong> o foco na interpretação e perceben<strong>do</strong> os registros como textos a sereminterpreta<strong>do</strong>s por aqueles que os fizeram e os utilizaram. Como um texto, o registro arqueológicoadmitiria várias leituras: de quem o fez e de quem o lê.3 A ARTE RUPESTRE NO RS: O SÍTIO MORRO DAS PEDRAS E SUAS GRAVURAS RUPESTRESNo <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, a pesquisa sobre a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> encontra-se em um esta<strong>do</strong> inicial, tanto <strong>no</strong> quediz respeito aos aspectos teóricos, como <strong>no</strong> desenvolvimento de méto<strong>do</strong>s de registro e preservação.Os primeiros registros, feitos por ama<strong>do</strong>res, foram elabora<strong>do</strong>s na década de 1930 e, desde então,muitos exemplares da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> já foram destruí<strong>do</strong>s ou danifica<strong>do</strong>s.A maioria <strong>do</strong>s sítios com <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> situam-se na escarpa <strong>do</strong> Planalto Meridional, o que representauma fronteira geológica separan<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> em duas metades. O Planalto, a p<strong>arte</strong> mais elevada <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, é constituí<strong>do</strong> de arenitos da formação Botucatu e recoberto por derramamento de lavasbasálticas da Serra Geral. A p<strong>arte</strong> inferior é constituída de sedimentos paleozóicos, apresentan<strong>do</strong> umaárea de relevo muito suave, cujas altitudes médias encontram-se ao re<strong>do</strong>r de 100m.No <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, até o momento foram registra<strong>do</strong>s apenas vinte e <strong>do</strong>is sítios com <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>,distribuí<strong>do</strong>s em dezesseis municípios. Esse número pouco expressivo revela o esta<strong>do</strong> inicial daspesquisas, pois acreditamos que muitas gravuras estão encobertas pela densa mata que reveste osparedões da escarpa da serra. Dos sítios registra<strong>do</strong>s foram escava<strong>do</strong>s 40%, sen<strong>do</strong> que 30% dasgravuras foram classificadas e 70 % foram descritas. (LIMA, 2005).FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 472
As imagens são gravadas em arenito ou basalto, principalmente pela técnica de incisão e polimento,com profundidade que varia de 0,2 a 2,5 cm. A maior p<strong>arte</strong> das gravuras é encontrada em blocosisola<strong>do</strong>s ou agrupa<strong>do</strong>s, abrigos, paredões e grutas. Segun<strong>do</strong> classificação oferecida por André Prous(1992, p.511), a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> pertenceria à tradição Meridional, cujascaracterísticas principais seriam a ocorrência de “[ . . . ] gravuras geométricas lineares nãofigurativas,incluin<strong>do</strong> o tema (o ‘tridáctilo’) típico <strong>do</strong>s estilos pampea<strong>no</strong>s da Argentina”.Atualmente estudamos o sítio Morro das Pedras (RS/100) que, ao contrário da maioria <strong>do</strong>s sítios com<strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, encontra-se na planície costeira <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (Figuras 1 e 2). Trata-se de um sambaquimuito próximo ao litoral, cuja filiação cultural é difícil de estabelecer, pois se encontra geograficamentemuito longe <strong>do</strong>s outros sítios registra<strong>do</strong>s. Além disso, os motivos representa<strong>do</strong>s, como veremos aseguir, são diversos daqueles encontra<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s paredões da serra.O sítio Morro das Pedras foi registra<strong>do</strong> em 1967 pelos arqueólogos Pedro Inácio Schmitz, José ProenzaBrocha<strong>do</strong>, Miguel Bombim e Ítala Becker. Segun<strong>do</strong> ficha de registro, trata-se de um:[ . . . ] montículo de forma elíptica que mede 150m X 60m X 9,5 m rodea<strong>do</strong> de N-NO a S-Sw por um verdadeiro muro de pedras (afloramento basáltico) quecomeçam pequenas e separadas (+-5cm) a N-NE, são muito altas ao SE e médiasa W. Na direção de SE se extende (sic) um aponta de grandes pedras(aproximadamente 1m de altura), continuação das da “paliçada” que rodeia omontículo. A metade ESE <strong>do</strong> montículo é quase plana superiormente livre egrandes pedras. A metade ONO é irregular e coberta de blocos de pedra algunsbastante grandes e mato cerra<strong>do</strong>. As faldas de montículos tem planta<strong>do</strong>seucaliptos e aproximadamente <strong>no</strong> centro situam-se os ranchos <strong>do</strong> arrendatário.A metade ESSE está sen<strong>do</strong> utilizada como roça há bastante tempo; a metadeONO, atualmente coberta de mato, informam que também já foi plantada, existemalgumas bananeiras. O montículo encontra-se isola<strong>do</strong> em meio de um terre<strong>no</strong>pla<strong>no</strong>, panta<strong>no</strong>so, inundável, utiliza<strong>do</strong> como arrozal, que se estende até o rioMonteiro, distante uns 500m. Nestes terre<strong>no</strong>s encontram-se coqueiros (gerivá) ematos de banha<strong>do</strong> (SCHMITZ, BROCHADO, BOMBIM e BECKER, 1967).Na figura 3, feita a partir de cópia de <strong>do</strong>cumento pouco legível, pode-se observar uma cópia croquiproduzida pelos pesquisa<strong>do</strong>res, com modificações apenas gráficas nas a<strong>no</strong>tações para oferecer ummelhor entendimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. Em um segun<strong>do</strong> momento, vetorizamos as curvas de nívelapresentadas na ficha de registro (Figura 4). Finalmente, relacionamos as curvas de nível às imagensaéreas e georeferenciamos o sítio (22J UTM 611666 – 6758674) (Figura 5). Nessas imagens, podemosperceber a plantação de arroz, que aproveitou o alagamento <strong>do</strong> terre<strong>no</strong>. Percebemos também asárvores indicadas pelos pesquisa<strong>do</strong>res.Conforme afirmamos anteriormente, esse sítio sofreu apenas uma intervenção, <strong>no</strong> momento de seucadastro, em 1967, quan<strong>do</strong> foram abertos <strong>do</strong>is poços-teste. Conforme indica<strong>do</strong> <strong>no</strong> croqui (Figura 3), oponto zero de altitude relativa encontra-se junto a uma estrutura de pedra, que foi marcada como“poço”. Os <strong>do</strong>is poços-teste foram abertos em altitudes diferenciadas em relação ao ponto zero, sen<strong>do</strong>o primeiro entre as curvas de nível 3,5 e 5 metros e o segun<strong>do</strong> entre 6,5 e 8 metros, não oferecen<strong>do</strong> apossibilidade de relacioná-los como forma de estabelecer alguma continuidade estratigráfica.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 473
Quadro 1PT01 (100 X 70 X 230 cm)Dimensões Solo Material0 a 90 cm Terra par<strong>do</strong>-escura Ero<strong>do</strong>na Mactroides (exclusivamente)90 a 120 cm Terra par<strong>do</strong>-escura Gastrópodes lacustresMaterial lítico: quebra coquinhos, peso de rede e materialpoli<strong>do</strong>120 a 150 cm Areia mais clara Ero<strong>do</strong>na mactroides e ampulárias. Não há evidências desinais de carvão150 a 230 cm Terra par<strong>do</strong>-escura Com gastrópodes lacustres, às vezes reuni<strong>do</strong>s emconglomera<strong>do</strong>s230 cm Aparecem Ero<strong>do</strong>na mactroidesFonte: Cadastro <strong>do</strong>s Sítios Arqueológicos <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, 1967.O primeiro foi aberto a uma profundidade de 230 cm, apresentan<strong>do</strong> uma importante diversidade demateriais orgânicos e culturais, conforme quadro abaixo (Quadro 1). Nele, podemos observar a presençade conchas em várias camadas, gastrópodes lacustres, material relaciona<strong>do</strong> à pesca.Quadro 2PT02 (100 X 70 X 100 cm)Dimensões Solo Material0 a 15 cm Terra preta, humosa ecompactaSem conchas. Ossos huma<strong>no</strong>s espalha<strong>do</strong>s <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>revolvi<strong>do</strong> pelo roça<strong>do</strong>15 a 70 cm Terra preta, humosa eMaterial lítico: quebra coquinhoscompacta70 a 100 cm Terra preta, humosa e Carvão, sementes calcinadas e raras lentes de carvãocompacta100 cm Solo amarela<strong>do</strong>,estéril com pedra emdecomposiçãoFonte: Cadastro <strong>do</strong>s Sítios Arqueológicos <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, 1967.O segun<strong>do</strong> poço-teste, aberto a uma profundidade de 1 metro, apresentou, além de material cultural,ossos huma<strong>no</strong>s, conforme pode ser observa<strong>do</strong> <strong>no</strong> quadro abaixo (Quadro 2). Os mesmospesquisa<strong>do</strong>res (Op.cit., 1967) informam, que “[ . . . ] frequentemente os mora<strong>do</strong>res encontram ossadashumanas, que são enterradas <strong>no</strong>vamente”. Isso indica que a presença de ossos nessa camada podeser resulta<strong>do</strong> de ação antrópica. Segun<strong>do</strong> a ficha de cadastro, esse material foi transferi<strong>do</strong> para oGabinete de Arqueologia da UFRGS, local onde se encontra atualmente.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 474
Ainda conforme ficha de cadastro <strong>do</strong> sítio:Nas colunas de basalto que cercam o montículo existem ranhuras que Bombiminterpretou como gravações <strong>rupestre</strong>s. Os motivos são geometrizantes:quadricula<strong>do</strong>s; peque<strong>no</strong>s traços paralelos, dispostos em ângulo em relação comum outro maior horizontal; e orbiculares (Cadastro <strong>do</strong>s Sítios Arqueológicos <strong>do</strong><strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, 1967)Apesar da intensa atividade agrícola ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sítio, grande p<strong>arte</strong> <strong>do</strong>s blocos cita<strong>do</strong>s continua disposta<strong>no</strong>s locais indica<strong>do</strong>s <strong>no</strong> momento da primeira visita ao sítio (Figura 1):Entre os afloramentos basálticos da barranca e <strong>do</strong> esporão encontram-seimplementos líticos lasca<strong>do</strong>s. E nas colunas de basalto os riscos já referi<strong>do</strong>s.Estas ‘gravuras’ quase sempre se encontram a pouca altura acima <strong>do</strong> solo atuale em locais esconsos e pouco acessíveis para o trabalho. Os traços sãocaracteristicamente fi<strong>no</strong>s e profun<strong>do</strong>s, parecen<strong>do</strong> ter si<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s por raspagemcom instrumentos de gume estreito. Não há sinal algum de picoteamento como<strong>no</strong>s demais desenhos ou gravações <strong>rupestre</strong>s de índios <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil. Diversasdessas gravuras parecem ter si<strong>do</strong> destruídas ou transportadas <strong>do</strong> local; entreelas um peque<strong>no</strong> matacão achata<strong>do</strong> (40 X 50 X 15 cm) com 4 ou 5 representaçõesde peixes, fotografadas por Bobim em 1965 (Op.cit., 1967)Conforme indica a ficha, as gravuras não indicam marcas de técnica de picoteamento, como encontradasna tradição Meridional estabelecida por Proust, que classificou a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> a partir de critériostemáticos, ou icônicos, como veremos a seguir.Em todas as visitas realizadas <strong>no</strong> sítio foram realiza<strong>do</strong>s registros fotográficos (Figuras 6, 7, 8, 9,10 e 11). Atualmente estamos inician<strong>do</strong> um trabalho de registro fotográfico das gravuras queserão utilizadas para a produção de estereomodelos com os quais poderemos estabelecer medidasconfiáveis, a partir da fotogrametria de curta distância.Interpretar a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como texto, como mapa, como resulta<strong>do</strong> de padrões socialmente estabeleci<strong>do</strong>s,como códigos que refletem diversas posições teóricas <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res <strong>no</strong>s diversos enfoquesinterpretativos são diversas formas de abordagens que podem, muitas vezes, serem complementares. Asemiótica pode <strong>no</strong>s oferecer uma grade teórico-meto<strong>do</strong>lógica que coloca essas interpretações em diversosníveis estabelecen<strong>do</strong> os critérios emprega<strong>do</strong>s por cada um <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res.4 ARTE RUPESTRE & SEMIÓTICA : SIGNO E CONHECIMENTOA Semiótica é uma teoria <strong>do</strong> conhecimento. Conhecer algo é representá-lo através de sig<strong>no</strong>s, pois umsig<strong>no</strong> sempre representa alguma coisa, seu objeto. Tu<strong>do</strong> pode ser representa<strong>do</strong> através de sig<strong>no</strong>s.Charles Peirce (apud LEFEBVRE, s/d), seu cria<strong>do</strong>r, afirmava que os sig<strong>no</strong>s servem para pensar econhecer, ou seja, o sig<strong>no</strong> é instrumento <strong>do</strong> conhecimento e da razão.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 475
As imagens <strong>rupestre</strong>s são sig<strong>no</strong>s que chegam <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Sig<strong>no</strong>s de um outro mun<strong>do</strong>, de um outroUmwelt, para usar um conceito empresta<strong>do</strong> da biologia. É um mun<strong>do</strong> modelo em que toda a espécieanimal vive um mun<strong>do</strong> da experiência <strong>do</strong> dia-a-dia, <strong>do</strong> cotidia<strong>no</strong>. Em qualquer época de <strong>no</strong>ssa existênciaprocuramos alimento, <strong>no</strong>s movimentamos e fazemos <strong>no</strong>sso próprio caminho, dentro de um ambienteseletivamente reconstituí<strong>do</strong> e organiza<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> <strong>no</strong>ssas necessidades e interesses. O Umwelt épovoa<strong>do</strong> de sig<strong>no</strong>s e é a partir <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s que formamos <strong>no</strong>ssa percepção de mun<strong>do</strong>.É o Umwelt das sociedades pretéritas que o arqueólogo, de seu próprio Umwelt, procura reconstituiratravés de pistas que chegaram de um passa<strong>do</strong>, fragmentos de mun<strong>do</strong>s que não existem mais, masque foram registra<strong>do</strong>s intencionalmente em to<strong>do</strong>s os continentes. No sul da Argentina, por exemplo, osítio Cueva de Las Ma<strong>no</strong>s (Figura 1) é reconheci<strong>do</strong> por sua importância. Nele podemos facilmenteidentificar três elementos: a imagem de mãos (o Representamen ou Sig<strong>no</strong>), as mãos que foramrepresentadas (o Objeto <strong>do</strong> sig<strong>no</strong>) e o poder deste sig<strong>no</strong> assegurar o entendimento/cognição da relação<strong>do</strong> Sig<strong>no</strong> (imagens de mãos) com seu Objeto (as mãos) (o Interpretante). Esses conceitos sãofundamentais: um Objeto, que determina seu Sig<strong>no</strong>, que determina seu Interpretante. Todas asinterpretações feitas para a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> são Interpretantes que foram determina<strong>do</strong>s indiretamente poruma escolha de uma das características <strong>do</strong> Objeto que o Sig<strong>no</strong> representa.Evidentemente que a semiose, a ação <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s, é uma cadeia de eventos na qual não localizamosnem seu início nem seu final. To<strong>do</strong> e qualquer recorte é artificial, apenas um artifício meto<strong>do</strong>lógico,pois um objeto <strong>do</strong> sig<strong>no</strong> determina o sig<strong>no</strong>, que determina o interpretante, que se transforma emum sig<strong>no</strong>, que produz um interpretante. Com a semiótica é possível explicitarmos apenas p<strong>arte</strong>dessa cadeia sígnica.Na relação com o Objeto <strong>do</strong> sig<strong>no</strong> (as mãos), o próprio Sig<strong>no</strong> (a representação das mãos) podeassumir três formas: representar através de suas qualidades (Ícone), através de uma relação essencial(Índice) ou através da forma pela qual o Objeto determina sua interpretação (Símbolo). Essas relaçõesentre o Objeto e seu Sig<strong>no</strong> são formas pelas quais podemos conhecer o Objeto <strong>do</strong> sig<strong>no</strong>.Quan<strong>do</strong> estudamos a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, buscamos uma “volta” ao Objeto, que só é possível através <strong>do</strong>sSig<strong>no</strong>s que os representam e que povoaram seu Umwelt. A Semiótica estuda to<strong>do</strong>s os tipos possíveisde ações <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>s, ou seja, todas as possíveis semioses.Consideran<strong>do</strong> que o Objeto, <strong>no</strong> caso as mãos, foram representadas pelo Sig<strong>no</strong> enfocan<strong>do</strong> apenassuas qualidades visuais, estamos consideran<strong>do</strong>-o como Sig<strong>no</strong> Icônico. Podemos também entenderos desenhos de mãos como um Índice, ou seja, que a imagem da mão (Sig<strong>no</strong> Indicial) permiteconhecer a mão a partir de uma conexão essencial estabelecida com a mão, nesse caso específicoda técnica empregada na Cueva de Las Ma<strong>no</strong>s. Se existe a representação é porque existiu amão que serviu como modelo. Mas, se <strong>no</strong>s focarmos na mão representada <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> daimagem, poderemos interpretá-la como sig<strong>no</strong> de um ritual de luto que vários grupos da regiãoplatina praticavam, cortan<strong>do</strong> uma falange para cada parente morto estamos consideran<strong>do</strong> arepresentação das mãos como Sig<strong>no</strong> Simbólico.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 476
Em resumo, podemos conhecer a mão através de suas qualidades, através das relações essenciaisou através de sua capacidade de ser interpreta<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com o recorte escolhi<strong>do</strong> estaremosconhecen<strong>do</strong> a mão como um ícone, um índice ou um símbolo.Utilizamos o exemplo da Cueva de Las Ma<strong>no</strong>s que, por ser extremamente figurativo, é relativamentefácil para entender as relações semióticas estabelecidas. Mas existem também imagens em que<strong>no</strong>s deparamos com sig<strong>no</strong>s que não possuem um caráter significativo tão imediato, como porexemplo, as gravuras <strong>do</strong> sítio Morro das Pedras (Figuras 6, 7, 8, 9, 10 e 11), que apresentam amaior p<strong>arte</strong> de seus grafismos geometrizantes. Quais são os Objetos representa<strong>do</strong>s por essesSig<strong>no</strong>s? A semiótica apresenta a possibilidade de que os Objetos <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>s podem ou não teruma existência física, concreta.A Teoria Geral <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>s apresenta uma resposta para a primeira dificuldade que encontramospara estudar a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>. Qualquer descrição ou análise de representações visuais esbarra naimpossibilidade de construção de um metadiscurso somente com imagens, sem fazer recurso <strong>do</strong>discurso verbal. Para suprir essa indeterminação das imagens é preciso efetuar-se registrosprecisos, sob diversas formas, como croquis, fotografias, tentan<strong>do</strong> obter o máximo de informaçõesestabelecen<strong>do</strong> um Interpretante próximo ao pretendi<strong>do</strong> pelo Sig<strong>no</strong>.Por exemplo, quan<strong>do</strong> o sítio das Pedras foi cadastra<strong>do</strong>, os pesquisa<strong>do</strong>res descreveram as gravurasque apresentavam “[. . .] motivos são geometrizantes: quadricula<strong>do</strong>s; peque<strong>no</strong>s traços paralelos,dispostos em ângulo em relação com um outro maior horizontal; e orbiculares [. . .] um peque<strong>no</strong>matacão achata<strong>do</strong> (40 X 50 X 15 cm) com 4 ou 5 representações de peixes” (Cadastro <strong>do</strong>s SítiosArqueológicos <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, 1967). Quan<strong>do</strong> o pesquisa<strong>do</strong>r refere-se a “peixes”, a idéiafica indefinida, pois cada leitor pensará em um peixe em particular, fruto de um somatório deexperiências sensoriais de cada indivíduo. Isso ocorre porque uma palavra sozinha não indicanada; ela precisa ter referência que a ligue a uma ocorrência em particular.Dessa forma, se por um la<strong>do</strong> não existe possibilidade de criação de um metadiscurso visual sobreas imagens feito apenas por imagens, por outro, o discurso verbal exige, necessariamente, umap<strong>arte</strong> icônica e uma p<strong>arte</strong> indicial para ser compreendi<strong>do</strong>. Semioticamente, a língua falada ouescrita, para ser compreendida, ou seja, os sig<strong>no</strong>s simbólicos, precisam necessariamente referirsea um ícone e a um índice. Para entendermos essa afirmação em sua plenitude vamos detalharas características gerais de ícones, índices e símbolos.4.1 A <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como ÍconeEntender a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como um ícone implica considerá-la nas suas qualidades. Um Sig<strong>no</strong> Icônicoapresenta similaridades com o seu Objeto. Semioticamente, não é necessário que os Objetos <strong>do</strong>ssig<strong>no</strong>s tenham uma existência física, mas é necessário que o intérprete tenha algum tipo de experiênciacolateral para entender a mensagem representada. O Sig<strong>no</strong> icônico é regi<strong>do</strong> por similaridades,comparações e analogias em uma relação de natureza hipotética com o Objeto (OLIVEIRA, 1999, p. 30).FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 477
Essas similaridades apresentam três graus possíveis, que correspondem a três tipos de sig<strong>no</strong>sicônicos: a imagem (aparência), o diagrama (analogia com p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> objeto) e a metáfora(paralelismo com algo diferente <strong>do</strong> objeto).O primeiro grau de similaridade mantém a representação em um nível de aparência. Qualidadescomo a forma, a cor, a textura, o volume, o movimento entram na relação de similaridade. As mãosrepresentadas nas paredes podem ser entendidas como ícone, se considerarmos a similaridadeexistente entre o sig<strong>no</strong> (a representação das mãos) e o objeto <strong>do</strong> sig<strong>no</strong> (as próprias mãos queserviram de modelo).O segun<strong>do</strong> grau estabelece uma similaridade entre o sig<strong>no</strong> e apenas p<strong>arte</strong>s <strong>do</strong> objeto. Um bomexemplo disso são os mapas, uma p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> mapa representa uma p<strong>arte</strong> de algum lugar sobre oglobo terrestre. Os croquis produzi<strong>do</strong>s durantes trabalhos em campo que servem para registrar ossítios, são exemplos de ícones em seu segun<strong>do</strong> grau de similaridade, pois cada ponto marca<strong>do</strong><strong>no</strong> croqui representa algum ponto <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> <strong>do</strong> sítio arqueológico.Se entendermos a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como uma tentativa de cartografar seu Umwelt, estaremosreconhecen<strong>do</strong> <strong>no</strong> ícone seu segun<strong>do</strong> grau de similaridade. É consideran<strong>do</strong> a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> comoum ícone em seu segun<strong>do</strong> grau que, em “Lamentações Brasílicas”, escritas entre 1799 e 1817, opadre Francisco Teles e Menezes buscou decifrá-las fazen<strong>do</strong> uso de tábuas astronômicas(MENDONÇA, 1991, p. 54). Essa corrente, inaugurada <strong>no</strong> século XVII, encontra uma vertente nachamada Arqueoastro<strong>no</strong>mia, bastante difundida <strong>no</strong> século XX.O terceiro grau de similaridade estabelece um paralelo entre um caráter representativo <strong>do</strong> Sig<strong>no</strong> e ocaráter representativo <strong>do</strong> Objeto. O caráter representativo refere-se ao que dá ao sig<strong>no</strong> o poder derepresentar alguma coisa diferente dele mesmo. Representações de quimeras, que combinam aspectoshuma<strong>no</strong>s e aspectos de animais, podem ser consideradas um tipo de metáfora visual, ao representaremas qualidades de xamãs em transe.4.2 A <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como ÍndicePodemos também estudar a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> através de seus aspectos físicos, reconhecen<strong>do</strong> uma ligaçãoexistencial com seu objeto. Os índices são prioritariamente sin-sig<strong>no</strong>s 2 com os quais nós <strong>no</strong>sconfrontamos ao longo de <strong>no</strong>ssa vida. A sobrevivência de todas as espécies, e cada um <strong>do</strong>s membrosindividuais de cada espécie, depende <strong>do</strong> deciframento correto <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s indexicais.Os índices têm necessidade da existência de seu objeto, com o qual ele estabelece uma relaçãodinâmica, independentemente de ser interpreta<strong>do</strong> ou não. Dito de outra forma: o Sig<strong>no</strong> Indicial representaa relação dinâmica entre o Objeto e o Sig<strong>no</strong>.Uma característica importante <strong>do</strong> Índice está <strong>no</strong> fato de possuir em si um Ícone. O Sig<strong>no</strong> Indicialcomporta é constituí<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is elementos: que substitui o objeto através da relação concreta eFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 478
outro que constitui sua p<strong>arte</strong> ícone, ou seja, que representa o sig<strong>no</strong> como qualidade <strong>do</strong> objeto. Osdesenhos das mãos podem, além de sua similaridade (Ícone) ser interpreta<strong>do</strong>s como sig<strong>no</strong>sindiciais pois, sem a mão que serviu de molde (Objeto <strong>do</strong> sig<strong>no</strong>), não seria possível existir o Sig<strong>no</strong>(a representação das mãos). Contu<strong>do</strong>, a informação que faz agir como um Sig<strong>no</strong> não está nap<strong>arte</strong> icônica, mas na sua p<strong>arte</strong> indicial, ou seja, na conexão dinâmica, factual, existencial entre asque serviram de modelo para as imagem registrada.Um exemplo importante de Sig<strong>no</strong>s Indiciais são os registros visuais utiliza<strong>do</strong>s pela arqueologia. Naarqueologia, os méto<strong>do</strong>s de prospecção geofísica, as fotografias aéreas e as imagens de satélite sãosig<strong>no</strong>s indiciais das sociedades passadas. A estereoscopia repousa na representação <strong>do</strong> Objeto <strong>do</strong>sig<strong>no</strong>, principalmente a partir de uma relação concreta com o Objeto que afeta o Sig<strong>no</strong> por sua existênciasingular - os objetos dinâmicos <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s - e como sin-sig<strong>no</strong>, os índices revelam e reenviam aos seusobjetos. <strong>Estereoscopia</strong> é particularmente importante para o estu<strong>do</strong> da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> pois permiteestabelecer medições em três dimensões com bastante precisão através da fotogrametria de curtadistância <strong>do</strong>s motivos representa<strong>do</strong>s nas gravuras.Os olhos <strong>do</strong> Homo sapiens são separa<strong>do</strong>s por aproximadamente 6,5 cm, sen<strong>do</strong> que o objeto épercebi<strong>do</strong> de maneira ligeiramente diferente por cada um <strong>do</strong>s olhos. Essa disparidade retiliana é aprincipal responsável pela visão bi<strong>no</strong>cular estereoscópica. O processo de percepção visual bi<strong>no</strong>cularpode convencionalmente ser segmenta<strong>do</strong> em convergência (os olhos focam o mesmo objeto em umadeterminada distância), acomodação (os cristali<strong>no</strong>s se adaptam a essa distância) e fusão (as duasimagens <strong>do</strong>s olhos são fundidas <strong>no</strong> hemisfério direito).A estereoscopia artificial reproduz as condições de percepção humana através de pares de fotografiassemelhantes ao campo total da visão humana, crian<strong>do</strong> artificialmente a disparidade retiliana, comoocorre na visão bi<strong>no</strong>cular natural. O cérebro funde as duas imagens fotográficas (com 60% desemelhança <strong>no</strong> estereopar) e produz o estereomodelo artificial, uma imagem virtual tridimensional.Vários méto<strong>do</strong>s utilizam as propriedades da luz para produzir estereoscopia: a refração da luz(estereoscópico de lentes), a reflexão (estereoscopia de espelhos), a polarização (polaróides) ou aabsorção de cores complementares (anaglifos). No <strong>no</strong>sso estu<strong>do</strong> utilizamos prioritariamente os anaglifosque possibilitam a produção <strong>do</strong> estereomodelo via digital. Seu princípio baseia-se na absorção decores complementares (magenta, cia<strong>no</strong> e amarelo) pelas cores primárias (verde, vermelho e azul).Produzin<strong>do</strong> uma das fotos <strong>do</strong> estereopar em magenta e a outra em cia<strong>no</strong>, que, quan<strong>do</strong> observadasatravés de óculos com filtro verde e vermelho, respectivamente, em um fun<strong>do</strong> branco, produzirá umareação diferenciada em cada olho. O olho com filtro vermelho não vê a imagem magenta, que seconfunde com o vermelho, mas enxerga a imagem cia<strong>no</strong> em preto <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> branco, pela absorção <strong>do</strong>cia<strong>no</strong> pelo vermelho. Analogamente, o olho com filtro verde não vê a imagem cia<strong>no</strong>, que se confundecom o verde e enxerga a imagem magenta em preto <strong>no</strong> fun<strong>do</strong> branco. A fusão das duas imagens,percebidas por cada olho, produz o estereomodelo em preto e branco. No <strong>no</strong>sso estu<strong>do</strong> tratamos asimagens da mesma forma que se tratam as fotografias aéreas, ou seja, foi preciso ortorretificá-las. Oestereomodelo virtual geralmente acentua o relevo, efeito que chamamos de exagero vertical positivo.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 479
4.3 A <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como SímboloO símbolo é um sig<strong>no</strong> cuja virtude repousa na generalidade, numa lei, numa regra, em um costumeou numa convenção da qual o símbolo é porta<strong>do</strong>r. O funcionamento de um Sig<strong>no</strong> como Símbolodepende precisamente dessa lei ou regra que determinará seu Interpretante. O símbolo é em si,somente uma mediação, um meio geral que permite o desenvolvimento de um interpretante. Defato, é <strong>no</strong> interpretante que reside sua razão de ser.Conforme já afirmamos, em um índice existe sempre uma p<strong>arte</strong> ícone. Por sua vez, em um símbolo,existe sempre uma p<strong>arte</strong> indicial e uma p<strong>arte</strong> ícone. O símbolo isola<strong>do</strong> não mostra nada, é precisoconectá-lo ao seu objeto. Quan<strong>do</strong>, na ficha cadastral <strong>do</strong> sito Morro das Pedras afirmou-se apareceremfiguras de peixes, a palavra peixe, se não conectada à imagem da gravura concreta a que o pesquisa<strong>do</strong>rfazia referência, não tinha nenhum poder de significação, pois cada leitor, repetimos, imaginará umpeixe em especial, resulta<strong>do</strong> de todas as experiências de “peixe” ao longo de sua vida.Em uma leitura lógica tradicional, Peirce (1987) considerou duas propriedades semióticas <strong>do</strong>sig<strong>no</strong>; a compreensão (profundidade) e a extensão (aplicação).A extensão, de<strong>no</strong>tação ou aplicação desempenham o poder referencial <strong>do</strong> símbolo e correspondeao seu ingrediente indicial. A p<strong>arte</strong> indicial de um símbolo liga-o ao seu objeto, conectar o discursoa uma experiência particular. Essa p<strong>arte</strong> indicial possui somente uma qualidade conecta<strong>do</strong>ra, elanão tem um poder de significar. Entretanto, para compreender um Símbolo, é preciso um Índiceque seja uma ocorrência <strong>do</strong> “aqui e agora”, que coloca o pensamento em relação a uma experiênciaparticular, ou a uma série de experiências conectadas por relações dinâmicas. Esse é o caso dafotografia da gravura de peixe, pois, a partir <strong>do</strong> momento em que ela é mostrada, podemos ver aque “peixe” o pesquisa<strong>do</strong>r fazia referência.A co<strong>no</strong>tação ou profundidade corresponde ao seu ingrediente icônico. A p<strong>arte</strong> ícone de um Símbolo foipor Peirce de idéia geral e a p<strong>arte</strong>-símbolo de um símbolo foi chamada de conceito 3 . A função da p<strong>arte</strong>ícone(idéia geral ou significação) é a de atualizar a p<strong>arte</strong>-símbolo (o conceito ou senti<strong>do</strong>). É por essacaracterística que Peirce sempre repetiu que o Símbolo significa seu objeto por meio de um hábito ede uma associação de idéias. A idéia geral será a fusão resultante a partir de situações repetidas deexperiências particulares. A idéia geral seria a gestalt, a forma ou a unidade imediatamente percebida.Finalmente, é preciso explicitar uma <strong>no</strong>ção-chave para a Arqueologia: a Réplica de um Símbolo. Aréplica concretiza a atualização <strong>do</strong> conceito, tanto na manifestação de<strong>no</strong>tativa aplicável (Índice), comona sua manifestação icônica (a idéia geral). Na <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, cada fragmento representação é um sinsig<strong>no</strong>,e as tradições são legi-sig<strong>no</strong>s. O legi-sig<strong>no</strong> é uma lei ou uma regra que preside a formação deuma certa classe de sin-sig<strong>no</strong>s. Todavia, na cultura material trata-se de um sin-sig<strong>no</strong> chama<strong>do</strong> réplica<strong>do</strong> legi-sig<strong>no</strong>. A réplica de um símbolo é um tipo especial de índice usa<strong>do</strong> para aplicar uma regra geral,ou hábito de ação, ou expectativa associada com o símbolo a qualquer coisa de particular. Por exemplo,cada <strong>arte</strong>fato é, ao mesmo tempo, a atualização e a materialização dessa regras definidas culturalmente.Por exemplo, quan<strong>do</strong> Desidério Aitay interpretou os grafismos de da lagoa de Itapeva (SP) (GASPAR2003) identifican<strong>do</strong> a estrutura que ordenava as figuras que compunham um painel comparan<strong>do</strong>-os amitos Jê e com sua visão de oposição binária, ele os considerou como Símbolos.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 480
Cada Tradição de <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> é a materialização de unidades classificadas de acor<strong>do</strong> com regrasestabelecidas a posteriori, que reúnem em um conjunto réplicas individuais. Essa classificaçãoprocura uma convenção cultural, como símbolos.Por entender a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como um símbolo, faz-se uma analogia com as famílias lingüísticas,como se fossem textos. A partir dessa analogia, os estu<strong>do</strong>s analisam a <strong>arte</strong> de um ponto de vistalogocêntrico, consideran<strong>do</strong> a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como um texto escrito, desconsideran<strong>do</strong> ascaracterísticas <strong>do</strong>s ícones e <strong>do</strong>s índices que fazem p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> próprio símbolo.A Semiótica possibilita a análise através de sua imagem (Ícone), de sua existência física (Índice) edentro de uma convenção cultural (Símbolo). Todas as alternativas analíticas oferecidas pelas tríadesda semiótica peirceana permitem o aperfeiçoamento de um Interpretante que leve em consideraçãoos aspectos intrínsecos e extrínsecos da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, manifestação cultural que foi produzida desdeos primórdios da humanidade, dentro de um Umwelt específico.5 CONCLUSÃOO sítio arqueológico Morro das Pedras é extremamente importante, tanto por sua localização geográfica,distante <strong>do</strong>s outros sítios com <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, quanto por sua singularidade <strong>no</strong>s motivos, e ainda por seuesta<strong>do</strong> de conservação. Nosso trabalho está apenas inician<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como pressuposto básico acautela que deve pautar toda a pesquisa em Arqueologia.Procuramos explicitar as bases teóricas que <strong>no</strong>rteiam <strong>no</strong>ssa pesquisa, baseada na teoria Geral<strong>do</strong> Sig<strong>no</strong>s, que oferece uma possibilidade de entendimento da <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> como sig<strong>no</strong> desociedades passadas, mas também colocan<strong>do</strong> o pesquisa<strong>do</strong>r <strong>no</strong> seu papel de agente <strong>do</strong>conhecimento sobre esses sig<strong>no</strong>s. A visão que temos sobre a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> é fruto <strong>do</strong> Interpretanteconstruí<strong>do</strong> para interpretar esses sig<strong>no</strong>s. Buscamos um aprimoramento desse Interpretante , deforma a <strong>no</strong>s aproximarmos o máximo possível <strong>do</strong>s Objetos <strong>do</strong>s sig<strong>no</strong>s que determinaram os Sig<strong>no</strong>s(gravuras <strong>rupestre</strong>s) que chegam até nós .Quan<strong>do</strong> observamos a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, podemos ser incapazes de determinar o objeto de certaspropriedades que aparecem sobre as pareces rochosas por diferentes razões. Por exemplo, pornão possuir o conceito que permita identificar as qualidades mostradas pelo ícone; seja por sermosincapazes de distinguir qualidades próprias aos objetos representa<strong>do</strong>s; seja por não possuir ohábito de ligar as qualidades visuais percebidas com as coisas que foram representadas atravésde conceitos e de coisas.Vimos que as diferentes interpretações sobre a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>, desde que foram registradas pela primeiravez, ainda <strong>no</strong> século XVI, mudaram ao longo <strong>do</strong> tempo, em conseqüência <strong>do</strong>s aspectos <strong>do</strong> Objetopercebi<strong>do</strong>s pelos pesquisa<strong>do</strong>res, como ícones, como índices ou como símbolos. De fato, os Íconessão basea<strong>do</strong>s em relações hipotéticas de similaridade com o Objeto, enquanto que função <strong>do</strong> Sig<strong>no</strong>será sempre a posteriori, na dependência de um intérprete, que estabelecerá uma relação deFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 481
comparação por semelhança entre duas qualidades - aquela que o Ícone exibe -, e uma outra, quefuncionará como Objeto <strong>do</strong> Ícone. Os Símbolos são comanda<strong>do</strong>s por abstrações gerais, que sãoestabelecidas também pelo intérprete. Os Índices, por sua vez, têm sua virtude na existência presente,conectada à uma outra função, que consiste em atrair a atenção de um intérprete em direção a essaconexão. Ou seja, têm necessidade <strong>do</strong> objeto para existir como sig<strong>no</strong>. Em outras palavras, a busca porum objeto concreto, físico, palpável, só é necessária quan<strong>do</strong> percebemos o Sig<strong>no</strong> como Índice. Símbolose Ícones não têm necessidade de objetos concretos para agir. Essa constatação <strong>no</strong>s libera da concretudeopressora na qual a ciência repousou durante séculos, abrin<strong>do</strong> espaço ao intangível, ao puramenteimaginável dentro <strong>do</strong> pensamento científico.Para finalizar, gostaríamos de fazer uma última diferenciação estabelecida por Peirce, entre ocorrênciae fato. Uma ocorrência, que analisamos em termos de coisas ou de eventos, é necessariamente real,mas não pode ser conhecida ou imaginada em to<strong>do</strong>s os seus detalhes. Uma ocorrência é uma fatia <strong>do</strong>universo. Um fato é o que, de um universo real, pode ser representa<strong>do</strong> por uma espécie de extrato <strong>do</strong>pensamento, combina<strong>do</strong> com diversas circunstâncias que fazem p<strong>arte</strong> dele. Um fato isola<strong>do</strong> não existe.(Peirce, Ms. 647, p.8, apud LEFEBVRE, s/d). Fazen<strong>do</strong> um exercício de imaginação, poderíamos <strong>no</strong>sperguntar quantos fatos poderiam ter ocorri<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> foram feitas as gravuras <strong>do</strong> Morro das Pedras?Existiram o artista que gravou, os bloco onde foram feitas as gravuras, a paisagem onde está inseri<strong>do</strong>o sítio, provavelmente muito diferente <strong>do</strong> atual, outras indivíduos <strong>do</strong> grupo, etc.. Dessa forma, há umainfinidade de fatos presentes que não poderemos nunca representar em sua totalidade. Nessa fatia <strong>do</strong>universo residem coisas que não conhecemos ainda e que não conheceremos jamais. Porém isso não<strong>no</strong>s impede que possamos “conhecer” a <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong>.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 482
Imagem 01Pa<strong>no</strong>râmica <strong>do</strong> Morro das Pedras – Vista Norte – <strong>Sul</strong>Imagem 02Vista aérea <strong>do</strong> Morro das PedrasFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 483
Imagen 03Croqui <strong>do</strong> Sítio Morro das Pedras basea<strong>do</strong> registro produzi<strong>do</strong> em 1969FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 484
Imagem 04Carta vetorizada <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasImagem 05Vista aérea <strong>do</strong> Morro das Pedras com curvas de nível vetorizadasFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 485
Imagem 06Gravuras <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasImagem 07Gravuras <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 486
Imagem 08Gravuras <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasImagem 09Gravuras <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 487
Imagem 10Gravuras <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasImagem 11Gravuras <strong>do</strong> Sítio Morro das PedrasFUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 488
Notas1Doutora em Arqueologia pela Université de Paris I - Professora <strong>do</strong> Programa de Pós-graduação emComunicação e Informação Faculdade de Biblioteco<strong>no</strong>mia e Comunicação FABICO/UFRGS. Trabalhoapresenta<strong>do</strong> <strong>no</strong> II Simpósio Internacional O Povoamento das Américas, na cidade de São Raimun<strong>do</strong>Nonato, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauí, em dezembro de 2006. Endereço eletrônico: lee7@ufrgs.br2O Sig<strong>no</strong> segun<strong>do</strong> sua própria natureza são classifica<strong>do</strong>s comoquali-sig<strong>no</strong>(remetem à qualidades sensoriais ou abstratas)sin-sig<strong>no</strong>(têm uma existência singular e única ligada à experiência direta) elegi-sig<strong>no</strong>(atualizam leis, regularidades, convenções, costumes).3Ransdell chama o conceito (p<strong>arte</strong>-símbolo) de senti<strong>do</strong> e a idéia geral (p<strong>arte</strong>-ícone) de significação.Referências bibliográficasBROCHADO, José P. e SCHMITZ, Pedro I. Petróglifos <strong>do</strong> estilo Pisadas <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>. In.:Estu<strong>do</strong>s Ibero-America<strong>no</strong>s. Porto Alegre: EDIPUC, 1976.CONSENS, Mario. San Luis - el <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> de sus sierras. San Luis: Fon<strong>do</strong> Editorial Sanluiseño,1997.DEELY, John. Semiótica Básica. São Paulo: Ática, 1993.Introdução à Semiótica: história e <strong>do</strong>utrina.Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1995.GASPAR, M. A <strong>arte</strong> <strong>rupestre</strong> <strong>no</strong> Brasil. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.GERVEREAU, Laurent. Voir, Comprendre, Analyser les Images. Paris: La Découverte, 2000.GUILAINE, Jean. Arts et Symboles du Néolithique à la Protohistoire. Paris: Editions Errance, 2003.LEFEBVRE, Martin. La photo, l´indice et le vague. s/d (manuscrito).LIMA, Taís Vargas. Gravuras <strong>rupestre</strong>s <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>: processo de <strong>do</strong>cumentaçãoe educação para sua preservação e valorização. Dissertação de Mestra<strong>do</strong> – Pontifícia UniversidadeCatólica <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, Curso de Pós-Graduação em História, 1996.Estu<strong>do</strong> das representações <strong>rupestre</strong>s <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> / Brasil. Tese de Doutora<strong>do</strong> – PontifíciaUniversidade Católica <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, Curso de Pós-Graduação em História, 2005.LIMA, Taís, V. e BROCHADO, José. Petróglifos <strong>do</strong> Abrigo <strong>do</strong> Barreiro. In: Estu<strong>do</strong>s Ibero-America<strong>no</strong>s. PortoAlegre: EDIPUC, 1994.MENDONÇA DE SOUZA, A. História a Arqueologia Brasileira. In.: Pesquisas. São Leopol<strong>do</strong>: Instituto Anchieta<strong>no</strong>de Pesquisas, 1991.OLIVEIRA, Lizete Dias de Oliveira. Les réductions Guarani de la Province Jésuite du Paraguay - étude historique etsémiotique. Lille: Presses Universitaires Septentrion, 1999.A Teoria Geral <strong>do</strong>s Sig<strong>no</strong>s como instrumento de análise da Arte Rupestre. Anais <strong>do</strong> I Taller Internacional de ArteRupestre. Havana, 2002.PEIRCE, Charles Sanders. Obra Lógico Semiótica. Madrid: Taurus, 1987.PESSIS, Anne-Marie. Imagens da pré-história: Parque Nacional da Serra a Capivara. São Paulo: FUMDHAM/PETROBRAS, 2003.FUMDHAMentos VII - Lizete Dias de Oliveira 489
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