Outros processos vêm contribuindo para a <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>stes ecossistemas, <strong>de</strong>stacando-seaterros irregulares das margens e <strong>de</strong>smatamentos, <strong>que</strong> reduzem progressivamente a coberturavegetal nativa; construções <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> comunicação, <strong>que</strong> alteraram o regime salino da lagoa <strong>de</strong>Marapendi (atualmente mesohalina), extinguindo a ictiofauna nativa (“os peixes <strong>que</strong> encontrei nasminhas excursões na lagoa <strong>de</strong> Marapendi são os <strong>que</strong> habitam águas fluviais”, Correa, 1936) edragagens mal dimensionadas. Quanto ao último aspecto, Moraes et al. (1994), reportaram <strong>que</strong>as dragagens realizadas na laguna <strong>de</strong> Jacarepaguá por empresas particulares acarretaram umaumento excessivo da profundida<strong>de</strong>, chegando a 10 metros em algumas áreas.Os sinais da <strong>de</strong>gradação lagunar encontram-se bem documentados, tendo-se registradoeutrofização (Coelho e Fonseca, 1981), contaminação bacteriana (Zee et al., 1992), mortanda<strong>de</strong><strong>de</strong> peixes (Nehab e Barbosa, 1984; Coutinho, 1986; Andreata et al., 1992), proliferação <strong>de</strong>vetores e doenças (Nehab e Barbosa, op. cit.) e aumento da DBO (Coutinho, op. cit.). Em síntese,um quadro geral <strong>de</strong> péssima qualida<strong>de</strong> da água (Stranch et al., 1982).Moraes et al. (1994) ressalta a redução na mortanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes nos últimos anos, relacionandoo fato não a diminuição da poluição, mas sim a <strong>que</strong>da expressiva dos esto<strong>que</strong>s populacionais da<strong>maior</strong> parte das espécies originalmente presentes. Durante as mortanda<strong>de</strong>s, a savelha(Brevoortia pectinata), por possuir hábito alimentar planctófago, é a espécie <strong>mais</strong> afetada,totalizando a <strong>maior</strong> quantida<strong>de</strong> coletada pela COMLURB (Moraes et al., op cit.).FEEMA (1990) relata <strong>que</strong> em 1989 foram realizadas visitas <strong>de</strong> caráter técnico às lagunas <strong>que</strong>integram o complexo lagunar da baixada <strong>de</strong> Jacarepaguá, para uma reavaliação das condições<strong>de</strong>stes ecossistemas. Os principais problemas diagnosticados foram:− Degradação das áreas <strong>de</strong> proteção das lagunas, especialmente pelo lançamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos;− Assoreamento das <strong>lagoas</strong>, indicado pela formação <strong>de</strong> espigões e ilhas, impedindo o livretrânsito <strong>de</strong> pe<strong>que</strong>nas embarcações e propiciando o acréscimo <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>sparticulares;− Construções com total <strong>de</strong>srespeito à faixa marginal <strong>de</strong> proteção, invadindo o espelho d’água;− Represamento dos <strong>rio</strong>s poluídos, <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vegetação aquática;− Desenvolvimento <strong>de</strong> condições anoxibióticas, em virtu<strong>de</strong> da alta concentração <strong>de</strong> esgoto e apresença <strong>de</strong> vegetação aquática em <strong>de</strong>composição;− Liberação <strong>de</strong> gases tóxicos <strong>de</strong> odor <strong>de</strong>sagradável;− Acréscimo <strong>de</strong> carga orgânica e nutrientes− Mortanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixesApesar dos impactos sofridos por estes sistemas, permanece nos mesmos uma ictiofaunadiversificada, quando comparada a outros sistemas lagunares e lacustres costeiros do Estado doRio <strong>de</strong> Janeiro (Bizerril et al., 1995). Assim, reunindo os dados disponíveis, são contabilizadas 67espécies como ocorrentes nas lagunas da baixada <strong>de</strong> Jacarepaguá, as quais encontram-selistadas no Quadro 3.4.33
Quadro 3.4 – Ictiofauna das lagunas da baixada <strong>de</strong> JacarepaguáELOPIFORMESLAGOA DATIJUCALAGOA DEMARAPENDILAGOA DEJACAREPAGUÁELOPIDAEElops saurus Linnaeus, 1766 X X -CLUPEIDAEBrevoortia aurea (Spix, 1829) X X XSardinella <strong>br</strong>asiliensis (Steindachner, 1879) X X XAnchoa januaria (Steindachner, 1879) X X -A. tricolor (Agassiz, 1829) X X -ERYTHRINIDAEHoplias malabaricus (Bloch, 1794) - - XARIIDAEGeni<strong>de</strong>ns geni<strong>de</strong>ns (Valenciennes, 1839)PIMELODIDAERhamdia sp.Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) - - XHypostomus punctatus Valenciennes, 1840GYMNOTIFORMESGYMNOTIDAEGymnotus carapo Linnaeus, 1758 - - XBELONIDAEStrongylura timucu (Wallbaum, 1792)POECILIIDAEPoecilia vivipara Schnei<strong>de</strong>r, 1801 X X XP. reticulata Peters, 1854Phallopthychus januarius (Hensel, 1868) X X XPhalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) - - XANABLEPIDAEJenynsia multi<strong>de</strong>ntata (Jenyns, 1842) X X XATHERINIDAEXenomelaniris <strong>br</strong>asiliensis (Quoy e Gaimard, 1824) X X XSYNGNATHIFORMESSYNGNATHIDAEOostethus lineatus (Kaup, 1856) X X -SYNBRANCHIDAESyn<strong>br</strong>anchus marmoratus Bloch, 1795BATRACHOIDIFORMESBATRACHOIDIDADEPorichthys porosissimus (Valenciennes, 1837)DACTYLOPTERIDAEDactyopterus volitans (Linnaeus, 1758) X - -PERCIFORMESURANOSCOPIDAEAstroscopus ygraecum (Cuvier, 1829) X - -Centropomus parallelus Poey, 1860C. un<strong>de</strong>cimalis (Bloch, 1792) X - -CARANGIDAECaranx bartholomei Cuvier, 1833 X - -(continua)34