JORNAL DE LEIRIA | 13 DE OUTUBRO DE 2005 | V | I | V | E | R | 4 |Entreo Céu...MÁRIO MATIASA precisar <strong>de</strong>novas instalações,a Caixa <strong>de</strong>Crédito AgrícolaMútuo <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> está arecuperar o"Palácio dosAtaí<strong>de</strong>s", umedifício histórico localizado no"Terreiro". A instituição preten<strong>de</strong>gastar cerca <strong>de</strong> ummilhão <strong>de</strong> euros na obra. Uminvestimento que revela ocariz social da entida<strong>de</strong> bancária,presidida por MárioMatias, e que surge <strong>de</strong>pois dacriação <strong>de</strong> uma fundação paraapoio à comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><strong>de</strong>senvolve a sua activida<strong>de</strong>financeira.JOÃO RICARDOJoão Ricardoapurou-se parao Mundial daAlemanha pelaselecção <strong>de</strong>Angola. Umfeito históricopara o país epara o jogador.No entanto, com 35 anos,João Ricardo continua semclube para jogar. Vai continuara treinar com o Portomosensee, quem sabe, oMundial não lhe abrirá umaporta.JORGEN MORTENSENEmbora se possavir a confirmarque os terrenosdo Parqueda Cerca, naMarinha Gran<strong>de</strong>,estão contaminadoscommetais pesados,não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser suspeito ofacto <strong>de</strong> Jorgen Mortensennão ter divulgado as análises<strong>de</strong> imediato. Estranhamente,os resultados dos examesforam conhecidos poucos diasantes das eleições...... e oInferno| Pessoalíssimo|O cumpridor <strong>de</strong> promessasJoão Salgueiro cumpriu segunda-feira a sua primeira promessa,<strong>de</strong>pois da eleição como presi<strong>de</strong>nte da Câmara <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Mós. Apósos festejos da noite anterior, o autarca ainda arranjou forças para ir apé a Fátimaagra<strong>de</strong>cer a NossaSenhora a"coragem" e oânimo dadodurante a campanha.A acompanhá-loestiveramalgunsjovens do staffda sua candidatura,on<strong>de</strong> nãofaltaram os seusfilhos.CEDIDA PELO "O PORTOMOSENSE"Reciclagem não, copo na mãoNa noite <strong>de</strong> encerramento da campanha eleitoral <strong>de</strong> RaulCastro em <strong>Leiria</strong>, uma extensa comitiva socialista <strong>de</strong>cidiurumar ao Terreiro. Pessoalíssimo sabe que o objectivo <strong>de</strong>Raul Castro, Carlos André, José Manuel Silva e companhiaseria <strong>de</strong>positar o material que sobrou da campanha nos contentores<strong>de</strong> reciclagem ali instalados. Ao que parece, o empenhoda Juventu<strong>de</strong> Socialista foi tanto, que não havia umúnico panfleto para reciclar.E se não há trabalho a fazer, vamos lá beber um copito.“Temos unspaspalhos <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> câmara a dizer quenão é preciso tirar oaeroporto da cida<strong>de</strong>.Parece que estão àespera que chegue umavião cheio <strong>de</strong> gente ese espatife em cima dashabitações“ANTHÍMIO DE AZEVEDO, EMENTREVISTA AO JORNAL DELEIRIA, SOBRE O AEROPORTODA PORTELA“Só aceitei sercandidato em Agosto.Até constava emÓbidos que o PS nãoapresentaria umacandidatura.Candidatei-me, comoin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, por umaquestão <strong>de</strong>participaçãocívica“JOSÉ MACHADO, CANDIDATODO PS À CÂMARA DEÓBIDOSTVI lança confusãoAntónio Pereira Gonçalves, jornalista da TVI, não conseguia disfarçara <strong>de</strong>cepção por o canal <strong>de</strong> televisão <strong>de</strong> que é correspon<strong>de</strong>nte seter enganado nas projecções, que davam a vitória ao socialista RaulCastro. Talvezpor isso, o jornalistaoptoupor aguardar nocarro a contagemfinal dosvotos, antes <strong>de</strong>cobrir o discursovitorioso <strong>de</strong>Isabel Damasceno,na se<strong>de</strong>do PSD.A música quando nasce é para todosJá passava da meia noite <strong>de</strong> sábado (encerramento da campanhaeleitoral) quando a tuna académica da Escola Superior <strong>de</strong> Educação,reunida numa esplanada do Terreiro, reparou que José Manuel Silva,cabeça <strong>de</strong> lista à Assembleia Municipal pelo PS, se encontrava do outrolado da rua. Sem hesitar, a estudantada fez questão <strong>de</strong> convidar o exprofessora cantar o tema Linda <strong>Leiria</strong>. Pessoalíssimo registou o momento...e faz aqui um louvor à tuna <strong>de</strong>mocrática, que horas antes tinhatocado na festa <strong>de</strong> encerramento <strong>de</strong> campanha do PSD.| N a p o n t a d a l í n g u a |“Apesar do tempo,do <strong>de</strong>sgaste e <strong>de</strong>alguns erros quecometo, o povo confiaem mim“FERNANDO COSTA, REELEITOPRESIDENTE DA CÂMARA DECALDAS DA RAINHA“Tenho a faca e oqueijo na mão“ISABEL GONÇALVES,VEREADORA DA CÂMARAMUNICIPAL DE LEIRIA
TalentosPedro Men<strong>de</strong>sEngenheiro mecânico e <strong>de</strong>signerQue produtos cria?Produtos <strong>de</strong> iluminação e algunsobjectos como mesas e ca<strong>de</strong>iras.Nestes não tenho investido tantopor falta <strong>de</strong> espaço físico para trabalhar.Os can<strong>de</strong>eiros são peçasmais pequenas e fáceis <strong>de</strong> armazenar,embora mais difíceis <strong>de</strong>produzir, porque envolvem umasérie <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> segurança ediversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais.Quais os materiais que utiliza?Trabalho o aço, plásticos, vidro,ma<strong>de</strong>ira,... Neste momento estoua trabalhar em materiais compósitos(mistura). São materiais queprocuro eu criar com um <strong>de</strong>terminadoefeito, ou <strong>de</strong>terminadasproprieda<strong>de</strong>s físicas. Tenho feitoalgum trabalho <strong>de</strong> pesquisa nessedomínio, o que é complicadofazer no espaço do atelier, on<strong>de</strong>não tenho os instrumentos necessários.É um trabalho <strong>de</strong> laboratórioe há <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> testesque não tenho condições <strong>de</strong>fazer, ou faço-os <strong>de</strong> uma maneiraarcaica.Como é que o <strong>de</strong>sign surgeno seu trabalho?Quando faço o <strong>de</strong>senvolvimentodo produto, salvo raras excepções,é sempre a pensar numa possívelprodução industrial, isto é, <strong>de</strong> formaa ser possível reproduzi-lo emsérie. Quando <strong>de</strong>senvolvo um produtoque não é para produzir emsérie, por uma questão <strong>de</strong> protecção,torno-o difícil <strong>de</strong> copiar. Masnormalmente é <strong>de</strong>senvolvido numcontexto <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ediçõeslimitadas, <strong>de</strong> reprodução das peçase não como peça única. Porquesenão, não fazia coisas tão certas,tão exactas.Design e conceito estético:como é que po<strong>de</strong>m coexistir?Tenho o meu conceito estético,não digo se é bom ou mau.O que consi<strong>de</strong>ro bom não é propriamenteo conceito estético dacoisa, é o trabalho que está por<strong>de</strong>trás e a concepção da peça emsi. Há coisas que esteticamentenão aprecio, mas percebo se otrabalho está bem feito. E issoconsi<strong>de</strong>ro bom <strong>de</strong>sign. O <strong>de</strong>signvai além do conceito estético.Des<strong>de</strong> os materiais que utiliza, amaneira como é produzido, a qualida<strong>de</strong>.No seu trabalho, on<strong>de</strong> é quea engenharia e o <strong>de</strong>sign se cruzam?Na licenciatura <strong>de</strong> engenhariaaprendi muita matemática, químicae física, que me <strong>de</strong>ram asbases para hoje jogar com as matériasque utilizo e fazer coisas diferentes.Quando estudo um plástico,por exemplo, estudo os seuscomponentes e experimento fazeralterações para o que pretendo.PAULA CARVALHOPara mim a licenciatura em engenhariafoi óptima. Se tivesse tiradoum curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign industrialfazia as minhas coisas no computadore ia apresentar os meusprojectos a quem pu<strong>de</strong>sse fazer ascoisas. Assim não, faço as coisase arranjo forma, por mais difícilque seja, <strong>de</strong> as produzir.Qual a sua relação com o mercado?Tenho algumas peças queembora tenham o meu sentidoestético, são essencialmente peçaspara ven<strong>de</strong>r e que por isso estão<strong>de</strong>ntro das tendências. Nos últimos10 anos an<strong>de</strong>i numa ondarotulada <strong>de</strong> retro, dos anos cinquentae sessenta, que agora estáem força. Uma onda que supostamentevou tentar abandonar,porque o meu mercado tem queser diferente do das massas. Talvezpor ser um povo com umaalma triste, como se costuma dizer,parece-me que em Portugal aonda retro não está a ter muitosucesso. As pessoas que estão àfrente do nosso país e das gran<strong>de</strong>sempresas nasceram no tempoda ditadura, e isso reflecte-sena educação, nos costumes. Antesdo 25 <strong>de</strong> Abril Portugal era cinzento,toda a gente se vestia <strong>de</strong>preto e cores escuras. E isso aindase reflecte muito nas nossastendências e o o que vinga nonosso país. Apesar <strong>de</strong> isto agorapo<strong>de</strong>r mudar, como os gran<strong>de</strong>sgrupos IKEA, a Habitat. O efeitoIKEA chega à televisão, comos programas e as novelas a teremcenários mais mo<strong>de</strong>rnos e maisapelativos. O que po<strong>de</strong> alterar acultura estética das pessoasArte e engenhoQue projectos tem para ofuturo?De tudo o que já fiz, escolhero que acho que tem mais valida<strong>de</strong>em termos comerciais parano futuro os po<strong>de</strong>r produzir. Nuncanuma escala <strong>de</strong> massas, masnuma produção limitada a umcerto tipo <strong>de</strong> clientes. O meumaior gozo é o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentodo produto e não propriamenteo aspecto estético. Dá--me gozo a concepção, a produção,a maneira <strong>de</strong> conseguir chegarao resultado, as técnicas <strong>de</strong> produção.Perco menos tempo naparte <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign estético da peçae mais na <strong>de</strong> concepção e produção.É essa a minha mais-valiaem relação a um <strong>de</strong>signer industrial,o meu know- how <strong>de</strong> engenheiro.Paula CarvalhoDes<strong>de</strong> sempre se lembra <strong>de</strong> fazer os seus brinquedos e adorava fazer construções <strong>de</strong> “Lego”.Pedro Men<strong>de</strong>s estudou por <strong>Leiria</strong>, rumando <strong>de</strong>pois a Coimbra, on<strong>de</strong> cursou Engenharia Mecânica.Foi durante o curso que criou os primeiros objectos <strong>de</strong> iluminação que, naturalmente,começaram cada vez a ocupar mais tempo e espaço na sua vida. Actualmente, é no atelierque tem nos arredores <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> que o engenheiro mecânico e o <strong>de</strong>signer se conjugam e dãoforma aos objectos <strong>de</strong> iluminação e <strong>de</strong>coração on<strong>de</strong> se conciliam a engenharia, o <strong>de</strong>sign e acriativida<strong>de</strong>. Pelo meio, surge o teatro. No Nariz – Teatro <strong>de</strong> Grupo, mas faz questão <strong>de</strong> dizerque é “amador”, que as peças em que participa têm alguma “exigência”, mas que não sãoum trabalho contínuo e árduo. Fá-lo por mero gosto e diversão.Para além dascasas <strong>de</strong>amigos, os seuscan<strong>de</strong>eirosiluminamespaços poron<strong>de</strong> muitagente passa,como algunsbares <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>.Pedro Men<strong>de</strong>saquilo quegosta, juntandonos seusobjectos quecriativida<strong>de</strong>,qualida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>sign e muitaengenharia.| V | I | V | E | R | 5 |JORNAL DE LEIRIA | 13 DE OUTUBRO DE 2005