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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINANÁGILA CRISTINA HINCKELOS RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS E MATERIALIZAÇÃO DOSUJEITO LEITOR APRENDENTE NO PROJETO OPENLEARN DA OPENUNIVERSITYPalhoça2011
NÁGILA CRISTINA HINCKELOS RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS E A MATERIALIZAÇÃO DOSUJEITO LEITOR APRENDENTE NO PROJETO OPENLEARN DA OPENUNIVERSITYDissertação apresentada ao Curso <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> emCiências da Linguagem da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong>Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção <strong>do</strong>título <strong>de</strong> Mestre em Ciências da Linguagem.Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dra. Nádia Régia Maffi NeckelPalhoça2011
NÁGILA CRISTINA HINCKELOS RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS E A MATERIALIZAÇÃO DOSUJEITO LEITOR APRENDENTE NO PROJETO OPENLEARN DA OPENUNIVERSITYEsta dissertação foi julgada a<strong>de</strong>quada à obtenção <strong>do</strong>título <strong>de</strong> Mestre em Ciências da Linguagem e aprovadaem sua forma final pelo Curso <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Ciênciasda Linguagem da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> SantaCatarina.Palhoça, 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011.______________________________________________________Professora e orienta<strong>do</strong>ra, Dra. Nádia Régia Maffi NeckelUniversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Santa Catarina______________________________________________________Professora Dra. Dulce Márcia CruzUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina______________________________________________________Professora Dra. Jucimara RoeslerUniversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Santa Catarina______________________________________________________Professora Dra. Solange Leda GalloUniversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Santa Catarina
Dedico este trabalho ao meu amor maior: meufilho Luiz Felipe, que mesmo pequenino soubeenten<strong>de</strong>r minhas ausências nos momentos <strong>de</strong>produção. Dedico, também, a minha família,principalmente aos meus pais, aos meusirmãos e ao meu mari<strong>do</strong> que sempreacreditaram em meu potencial.
AGRADECIMENTOS“If you can dream, you can <strong>do</strong> it” (Walt Disney)Começo meus agra<strong>de</strong>cimentos com a frase acima, pelo simples fato <strong>de</strong> que tu<strong>do</strong>começou com um sonho, sonho este que se tornou realida<strong>de</strong>, materializan<strong>do</strong>-sediscursivamente. Esta dissertação não é apenas um texto ou um <strong>do</strong>cumento, é também parte<strong>de</strong> mim, da minha trajetória e, por consequência, parte da história das pessoas que estão aminha volta. Sen<strong>do</strong> assim agra<strong>de</strong>ço:Aos meus pais – por acreditarem que a Educação faria a diferença na minha vida.Ao Luiz Henrique e ao Lipe – por fazerem parte <strong>de</strong> toda a história no processo <strong>de</strong>construção <strong>do</strong> meu trabalho, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, apoian<strong>do</strong> e motivan<strong>do</strong>. Sem vocês eu não teriaconsegui<strong>do</strong>!À Carolina Rubin – por sua amiza<strong>de</strong> incondicional.Aos meus tantos outros amigos – <strong>de</strong> perto e <strong>de</strong> longe.Ao professor Murilo Matos Men<strong>do</strong>nça – que me aju<strong>do</strong>u com muitas informaçõesrelevantes com relação ao meu objeto <strong>de</strong> pesquisa.À Uni<strong>sul</strong> – por ser o espaço que me acolheu como profissional e como discente.E por fim, mas não menos importante:À professora orienta<strong>do</strong>ra Nádia Neckel pelas valiosas contribuições em meutrabalho.
E assim...Na dialética dança das contradiçõesVou tecen<strong>do</strong> meus diversos eusA<strong>de</strong>ntran<strong>do</strong> na minha própria complexida<strong>de</strong>Numa incessante busca <strong>de</strong> síntese <strong>do</strong> to<strong>do</strong> que sou.Um passo aqui outro aliSigo o caminho...De longa jornada.E como uma criançaNesse brincar <strong>de</strong> viverMe lambuzo com cada <strong>de</strong>scobertaE vou <strong>de</strong>svelan<strong>do</strong>-meRevelan<strong>do</strong> o que sou.Delicio-me com o néctar das floresEmbriago-me com as picadas <strong>do</strong>s espinhosE numa mistura <strong>de</strong> prazer e <strong>do</strong>rVou reconstruin<strong>do</strong>-me na dança das espirais.Estar junto-consciente-comigoInspira-me a olhar as estrelasNas noites escuras <strong>de</strong> minh'almaDeleitar-me nos dias<strong>de</strong>slumbrantes <strong>de</strong> solAo sabor <strong>de</strong> poesia...E agora só me resta, então...Reafirmar a aliança com meu próprio SerQue <strong>do</strong>rme e <strong>de</strong>spertaNa silenciosaE vibrante manifestação da vida.(Autor <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>)
RESUMOAo consi<strong>de</strong>rar os processos <strong>de</strong> movência <strong>de</strong> sujeitos e senti<strong>do</strong>s da/na socieda<strong>de</strong>contemporânea este trabalho tem como objetivo analisar o funcionamento <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong>aprendizagem virtual, a partir <strong>do</strong>s dispositivos meto<strong>do</strong>lógicos e analíticos da Análise <strong>do</strong>Discurso. Através <strong>de</strong>stes dispositivos far-se-á um recorte <strong>de</strong> análise que se constituí <strong>do</strong>contraponto entre duas forma-sujeito diferenciadas, que partem <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns discursivasdistintas: O aprendiz virtual da EaD e o Leitor Virtual da AD. A hipótese levantada por estapesquisa funda-se na existência <strong>de</strong> uma terceira forma-sujeito, que se constitui da articulaçãodas duas primeiras, já citadas. Para tanto, serão consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>s os elementos que, ao longo <strong>do</strong>s<strong>de</strong>slocamentos (<strong>de</strong> sujeitos e senti<strong>do</strong>s) <strong>do</strong>/no espaço virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn,corroborem para uma possível i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ste Leitor Apren<strong>de</strong>nte que se buscamaterializar. Durante o processo <strong>de</strong> análise, fundamentada no dispositivo teórico da AD,objetiva-se ainda i<strong>de</strong>ntificar as diferentes posições assumidas pelos sujeitos no/<strong>do</strong> ambientevirtual. Na <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> corpus através das ferramentas presentes no projeto OpenLearn e <strong>do</strong>LabSpace, evi<strong>de</strong>ncia-se as condições <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> sujeito apren<strong>de</strong>nte e marca-se ospossíveis movimentos <strong>de</strong> sujeitos. Esta movimentação confere ao sujeito, através da autoria<strong>de</strong> Recursos Educacionais Abertos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar-se para a posição <strong>de</strong> LeitorApren<strong>de</strong>nte, em “constante” construção <strong>de</strong> conhecimento. Como base teórica para taisformulações, buscou-se principalmente em Orlandi (2009), as noções <strong>de</strong> Função Autor eEfeito Autor; em Gallo (1995), a noção <strong>de</strong> Autoria e, em Morin (2008), a noção <strong>de</strong>Complexida<strong>de</strong>. Desta forma, o processo <strong>de</strong> análise apontou para a constituição <strong>de</strong> <strong>do</strong>issujeitos distintos: um referente à Análise <strong>do</strong> Discurso - sujeito leitor virtual- em contrapontocom outro sujeito, constituí<strong>do</strong> pela Educação a Distância - o aprendiz virtual; que emarticulação, <strong>de</strong>slocam-se para uma terceira posição, <strong>de</strong>nominada nesta pesquisa: Sujeito LeitorApren<strong>de</strong>nte. Sob a perspectiva da Análise <strong>do</strong> Discurso e <strong>do</strong>s dispositivos teóricos que <strong>de</strong>ramsuporte ao gesto <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong>ste trabalho, é possível, pelo menos em parte, dissolverantigos mo<strong>de</strong>los paradigmáticos <strong>de</strong> aluno real versus virtual.Palavras-chave: Análise <strong>do</strong> Discurso. Educação a Distância. Sujeito Leitor apren<strong>de</strong>nte.
ABSTRACTTaking into account the movement of subjects and meanings of/in the contemporary society,this study aims to analyze the functionality of virtual learning environments throughmetho<strong>do</strong>logical and analytical <strong>de</strong>vices of Discourse Analysis. The scope of analysis is theconcept of a “subject rea<strong>de</strong>r learner”, consi<strong>de</strong>ring the elements that, during the dislocations ofsubjects and meanings of/in the virtual space of the OpenLearn project, constitute itsmateriality. Another objective of this thesis is to i<strong>de</strong>ntify different positions taken by thesubjects in the learning action. In the corpus <strong>de</strong>scription, through the present tools inOpenLearn and LabSpace, the conditions of the production of the learner subject is evi<strong>de</strong>nt,as well as the marks of the possible movements of those subjects. This moving process of thesubjects, as authors of Open Educational Resources, provi<strong>de</strong>s their materialization into a“subject rea<strong>de</strong>r learner”, in a constant construction of knowledge. As a theoretical basis forthose formulations, Orlandi (2009) <strong>de</strong>als with the notions of Function-author and Effectauthor;Gallo (1995), with the notion of Authorship; and Morin (2008), with the notion ofComplexity. As a re<strong>sul</strong>t, the process of analysis highlighted the constitution of two differentsubjects: one subject constituted by the Discourse Analysis – virtual subject rea<strong>de</strong>r – incounterpoint to the other subject, constituted by Distance Education – the virtual learner.Within the Discourse Analysis perspective, the learning action dissolves, at least partially,traditional paradigmatic mo<strong>de</strong>ls relating real stu<strong>de</strong>nt versus virtual stu<strong>de</strong>nt.Key words: Discourse Analysis. Distance Education. Subject rea<strong>de</strong>r learner.
LISTA DE ILUSTRAÇÕESEsquema 1 – Percurso estrito da comunicação pedagógica.................................... 38Quadro 1 – Diferencian<strong>do</strong> o leitor <strong>do</strong> ensino presencial <strong>do</strong> ensino a distância........ 43Quadro 2 – Principais momentos da EaD no Brasil até o início <strong>do</strong> século XXI...... 47Figura 1 – Comparação entre o sistema aberto <strong>de</strong> educação e o sistemaconvencional...........................................................................................................Figura 2 – Áreas <strong>do</strong> conhecimento disponibilizadas <strong>de</strong>ntro da OpenUniversity..... 56Figura 3 – Mo<strong>de</strong>los com possibilida<strong>de</strong>s diferenciadas <strong>de</strong> rotas em um curso <strong>de</strong>história.....................................................................................................................Figura 4 – Recorte <strong>do</strong>s módulos para seleção <strong>do</strong>s programas.................................. 58Figura 5 – Layout da home <strong>do</strong> projeto OpenLearn.................................................. 60Figura 6 – As ferramentas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong> aprendizagem em uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>..................................................................................................................Figura 7 – Símbolo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da licença...................................................... 63Figura 8 – Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> licença da Creative Commons.............................................. 64Figura 9 – Fol<strong>de</strong>r explicativo <strong>do</strong>s recursos educacionais abertos no Brasil............. 65Figura 10 – Mo<strong>de</strong>lo informal <strong>de</strong> ensino (cilíndrico)................................................ 67Figura 11 – Espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> projeto OpenLearn.................................. 68Figura 12 – Seleção <strong>de</strong> postagem nos fóruns gerais da OpenLearn......................... 69Figura 13 – Diálogo em fóruns <strong>de</strong> línguas............................................................... 69Figura 14 – Seleção <strong>de</strong> postagens <strong>do</strong>s fóruns gerais da OpenLearn........................ 70Figura 15 – Recortes <strong>de</strong> algumas postagens reativas à certificação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>sfóruns temáticos..................................................................................................Figura 16 – Resposta <strong>de</strong> um usuário. Recortes <strong>de</strong> postagem relativa a certificação<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> fóruns temáticos.......................................................................................Figura 17 – Diálogo no fórum <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> negócios............................................. 73Figura 18 – Exclusão <strong>de</strong> um fórum sem justificativa............................................... 74Figura 19 – Exclusão <strong>de</strong> uma postagem sem justificativa........................................ 74Figura 20 – Exclusão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s justificada em postagem nos fóruns...................... 75Figura 21 – Exemplo <strong>de</strong> postagem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e criação <strong>de</strong> vínculos emfórum geral............................................................................................................Figura 22 – Exemplo <strong>de</strong> postagem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e criação <strong>de</strong> vínculos emfórum geral...............................................................................................................Figura 23 – Exemplo <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nos fóruns gerais................... 76Figura 24 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem................................................. 7749576170717676
Figura 25 – Conhecen<strong>do</strong> o perfil <strong>de</strong> um usuário..................................................... 77Figura 26 – Visualização <strong>do</strong> perfil <strong>de</strong> uma usuária................................................. 78Figura 27 – Mensagem <strong>de</strong> perfil priva<strong>do</strong>................................................................ 79Figura 28 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Sign In................................... 79Figura 29 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Browse................................... 80Figura 30 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Tags....................................... 80Figura 31 – Entran<strong>do</strong> no “My learningSpace”........................................................ 82Figura 32 - Entran<strong>do</strong> no “My learningSpace”…………………………………… 83Figura 33 – Participan<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>……………………………… 83Figura 34 – As unida<strong>de</strong>s já selecionadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> “My Learning Space”............. 84Figura 35 – Layout <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>......................................................... 85Figura 36 – Ferramentas presentes nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>..................................... 85Figura 37 – Detalhes <strong>de</strong> uma ví<strong>de</strong>o conferência...................................................... 86Figura 38 – Editan<strong>do</strong> o flash vlog............................................................................ 87Figura 39 – Acessan<strong>do</strong> os arquivos grava<strong>do</strong>s.......................................................... 87Figura 40 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa mental sobre o que é estratégia......................... 88Figura 41 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa conceitual sobre o que estratégia...................... 88Figura 42 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa conceitual sobre o que estratégia...................... 89Figura 43 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa <strong>de</strong> argumento sobre a posição da Kodak ......... 89Figura 44 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa da web sobre as cinco focas da concorrência.... 90Figura 45 – Exemplo <strong>de</strong> Learning Journal.............................................................. 91Figura 46 – Recorte <strong>de</strong> clubes <strong>de</strong> aprendizagem presentes na ferramenta............... 92Figura 47 – Recorte da ferramenta participantes...................................................... 93Figura 48 – Layout da página <strong>do</strong> LabSpace............................................................. 94Figura 49 – Acessan<strong>do</strong> os REAs no LabSpace........................................................ 96Figura 50 – Acessan<strong>do</strong> os REAs através <strong>do</strong> link “all units” no LabSpace............. 97Figura 51 – Acessan<strong>do</strong> um REAs no LabSpace....................................................... 98Figura 52 – I<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>-se com o local e os sujeitos............................................ 106Figura 53 – Deslocamento <strong>do</strong> sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.......................................... 110Figura 54 – Unida<strong>de</strong> Business and Management……………………………….... 115Figura 55 – Recorte <strong>de</strong> versões <strong>do</strong>s recursos educacionais abertos………………. 116Figura 56 – Relação quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usuários............................................................ 117Figura 57 – Rea<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> materiais por professor da Uni<strong>sul</strong>.............................. 118Figura 58 – Adaptação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> postada pela OU............................................... 119Figura 59 – RSS – busca rápida <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s......................................................... 122Figura 60 – Listagem com o nome <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>........................ 122
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASAnálise <strong>do</strong> Discurso................................................................................................. ADAparelhos I<strong>de</strong>ológicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>............................................................................ AIEAparelhos Repressores <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>............................................................................ AREBacharel em Artes.................................................................................................... BABacharel em Ciências............................................................................................... BscBritish Broadcast Corporation................................................................................. BBCCreative Commons................................................................................................... CCCondições <strong>de</strong> Produção............................................................................................ CPDiscurso Pedagógico................................................................................................ DPEducação a Distância................................................................................................ EaDEspaço Virtual <strong>de</strong> Aprendizagem............................................................................. EVAFormação Discursiva................................................................................................ FDMassashusetts Institute of Institute........................................................................... MITOpen Course Ware................................................................................................... OCWOpen University........................................................................................................ OUOpen Educational Resources................................................................................... OERsRecursos Educacionais Abertos............................................................................... REAsTecnologias da informação e comunicação ............................................................. TICs
SUMÁRIO1 APRESENTAÇÃO ...........................................................................................................131.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................142 REFERENCIAL TEÓRICO ...........................................................................................212.1.1 A i<strong>de</strong>ologia em Marx e Althusser...............................................................................232.1.2 A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> discurso em Foucault e a consequência discursiva em Pêcheux ........262.1.3 Formações Imaginárias e Formações Discursivas....................................................302.2 SUJEITO DO DISCURSO ..............................................................................................332.3 AS FORMAS DISCURSIVAS........................................................................................362.4 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO: DAS PRIMEIRAS FORMAS DE ENSINOAO ENSINO A DISTÂNCIA ..................................................................................................402.4.1 Um breve histórico <strong>do</strong> ensino a distância..................................................................442.4.2 As modalida<strong>de</strong>s em EaD .............................................................................................482.4.3 A Andragogia e a Heutagogia como princípios nortea<strong>do</strong>res da EaD.....................503 A OPEN UNIVERSITY.....................................................................................................533.1.1 As modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino na Open University..........................................................563.2 O PROJETO OPENLEARN E OS RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS ...........593.2.1 Recursos Educacionais Abertos (REAs) / Open Educational Resources (OERs) ..623.2.2 Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> OpenLearn (Learning Space) ..............663.2.2.1 O “My Learning Space” e suas ferramentas...............................................................813.2.2.2 LabSpace ....................................................................................................................944 METODOLOGIA.............................................................................................................994.1 O CORPUS ....................................................................................................................1015 O SUJEITO LEITOR APRENDENTE: DOS DESLOCAMENTOS ÀMATERIALIZAÇÃO NO PROJETO OPENLEARN......................................................1055.1 CONCLUSÕES .............................................................................................................1246 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................126REFERÊNCIAS ...................................................................................................................129
131 APRESENTAÇÃOAntes <strong>de</strong> iniciar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> pesquisa, faz-se necessárioapresentar-me para que aqueles que, por ventura, entrarem em contato com o meu texto,possam enten<strong>de</strong>r que o mesmo faz senti<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> meu lugar social, da posição sujeito queassumi ao longo <strong>de</strong> minha trajetória não só acadêmica, mas também pessoal. Outro aspectoimportante a ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> aqui é que não se tem a pretensão <strong>de</strong> construir axiomas, mas simencontrar outros caminhos, nem mais ou menos certos, apenas outras diretrizes que possam,por hora, fazer mais senti<strong>do</strong> ao contexto educacional que estamos vivencian<strong>do</strong> na atualida<strong>de</strong>.Contexto este marca<strong>do</strong> pelo advento da internet.Pensar a educação para mim, sempre foi um <strong>de</strong>safio. E, confesso, sinto-me movida poreles! Sen<strong>do</strong> filha <strong>de</strong> professora, não tive muito apoio ao escolher esta profissão, mas isso nãofoi motivo para que eu <strong>de</strong>sistisse <strong>de</strong>la. Mesmo que possa parecer um pouco utópico <strong>de</strong> minhaparte, sempre acreditei no po<strong>de</strong>r da educação para o <strong>de</strong>senvolvimento e modificação social; eé em prol <strong>de</strong>ste processo que venho estudan<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s últimos anos.Logo após terminar a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedagogia, tive aquela que consi<strong>de</strong>ro uma das maisimportantes experiências prático-profissionais da minha vida até o momento. Fui trabalhar emum colégio cuja meto<strong>do</strong>logia era pautada na transdisciplinarida<strong>de</strong>. Conhecer esta filosofiaeducacional foi imprescindível para que o meu olhar se expandisse. E foi assim que <strong>de</strong>ciditrabalhar com o ensino superior a distância, buscan<strong>do</strong> construir novos conceitos educacionais,diferentes das meto<strong>do</strong>logias pedagógicas para crianças, mas ainda pautada natransdiciplinarida<strong>de</strong>. Assim, ampliei meus horizontes, ressignifiquei minhas práticas ecomecei a estudar e enten<strong>de</strong>r um pouco mais sobre as teorias que sustentam o ensino adistância.Decidida a estudar a EaD, ingressei no mestra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ciências da Linguagem,inclinan<strong>do</strong>-me aos pressupostos teóricos da Análise <strong>do</strong> Discurso para dar seguimento aosmeus objetivos, que neste momento materializam-se em palavras.
141.1 INTRODUÇÃOO Brasil, assim como muitos países da América Latina teve seu sistema <strong>de</strong> ensinoformal copia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s padrões europeus e norte americanos sem levar em consi<strong>de</strong>ração que asculturas, as histórias e os sujeitos envolvi<strong>do</strong>s eram distintos. Nas instituições educacionaisestes mo<strong>de</strong>los foram marca<strong>do</strong>s pelo repasse unilateral <strong>de</strong> informações, sen<strong>do</strong> que o professorera, aparentemente, o centro <strong>do</strong> processo educacional e <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o saber.Mesmo <strong>de</strong>pois da década <strong>de</strong> 80, com o crescimento e a disseminação <strong>de</strong> propostaspedagógicas que davam ao aluno mais espaço nos processos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, aprática em sala <strong>de</strong> aula, na maioria <strong>do</strong>s casos, permaneceu autoritária e reprodutora. Estapercepção educacional <strong>de</strong> controle e homogeneização faz parte <strong>de</strong> um momento histórico emque se buscava a formação <strong>de</strong> indivíduos dóceis para convívio na socieda<strong>de</strong>, através danormalização e <strong>do</strong> disciplinamento. (FOUCAULT, 1993).Partin<strong>do</strong> da concepção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> líquida <strong>de</strong> Bauman (2001), po<strong>de</strong>mos afirmarque paralelamente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução e disciplinamento <strong>do</strong> indivíduo, aindapresente na socieda<strong>de</strong>, vem surgin<strong>do</strong> um novo perfil <strong>de</strong> sujeito marca<strong>do</strong> pela inconstância emobilida<strong>de</strong>, que busca quebrar com os antigos paradigmas <strong>de</strong> “soli<strong>de</strong>z” na busca <strong>de</strong> umaliberda<strong>de</strong>, mesmo que provisória. Diz-se provisória, no sentin<strong>do</strong> <strong>de</strong> que as ações, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssecontexto que ele <strong>de</strong>nomina “líqui<strong>do</strong>”, são voláteis e mutáveis.O que todas essas características <strong>do</strong>s flui<strong>do</strong>s mostram, em linguagem simples, é queos líqui<strong>do</strong>s, diferentemente <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s, não mantêm sua forma com facilida<strong>de</strong>. Osflui<strong>do</strong>s, por assim dizer, não fixam o espaço nem pren<strong>de</strong>m o tempo.Enquanto os sóli<strong>do</strong>s têm dimensões espaciais claras, mas neutralizam o impacto e,portanto, diminuem a significação <strong>do</strong> tempo (resistem efetivamente a seu fluxo ou otornam irrelevante), os flui<strong>do</strong>s não se atêm muito a qualquer forma e estãoconstantemente prontos (e propensos) a mudá-la; assim, para eles, o que conta é otempo, mais <strong>do</strong> que o espaço que lhes toca ocupar; espaço que, afinal, preenchemapenas ‘por um momento'. (BAUMAN, 2001, p. 09).Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muitos anos <strong>de</strong> transformações nas mais diversas esferas (sociais,educacionais, políticas, religiosas, econômicas, etc), e da presença <strong>de</strong>stes “novos” sujeitoscontemporâneos, as amarras da educação e da socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>gmática limitam, na maioria dasvezes, o ensino e o acesso ao conhecimento à estrutura <strong>de</strong> concreto que abriga tanto
15professores, quanto aprendizes, que aí estão para repassar ou receber saberes pré-construí<strong>do</strong>se historicamente marca<strong>do</strong>s pela subjetivida<strong>de</strong> “sólida” <strong>do</strong>minante. Sen<strong>do</strong> assim, apagam-se asinovações (celulares, iphones, mp3, etc). Ao invés <strong>de</strong> utilizarem-se <strong>de</strong>stas tecnologias comomeios nos processos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, muitos ainda preferem permanecer<strong>de</strong>scontextualiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> contemporâneo.No entanto, a educação em seu mo<strong>de</strong>lo tradicional, <strong>de</strong>ntro das escolas e<strong>universida<strong>de</strong></strong>s, vem sen<strong>do</strong> afetada pelo outro tipo <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>, que envolve este processo<strong>de</strong> liquefação <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> maneira que sua ‘forma’ já não mais encontra espaçoconfortável nas engrenagens que a priori funcionavam “tão bem” – grifa-se este termo porquese sabe que estas não eram perfeitas, mas supostamente refletiam um mecanismo completo eem funcionamento.De acor<strong>do</strong> com Roesler e Sartori (2005, p.15), estes ‘novos’ sujeitos são o reflexodas modificações e <strong>de</strong>scobertas científicas e tecnológicas, sen<strong>do</strong> que essas mudanças “afetamdiretamente o cotidiano das pessoas, no qual se verifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo cidadão,mais atuante, mais autônomo, mais crítico, mais participativo e disposto a apren<strong>de</strong>rcontinuamente”.As instituições <strong>de</strong> ensino exclusivamente presencial, mo<strong>de</strong>lo no qual pre<strong>do</strong>mina umsistema <strong>de</strong> ensino sintetiza<strong>do</strong> através <strong>de</strong> um critério disciplinar, obtém como re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>, namaioria das vezes, a absolutização <strong>do</strong> saber, contrapon<strong>do</strong>-se a outros espaços sociais, que jánão mais se apresentam assim. Neste senti<strong>do</strong>, a presença das tecnologias <strong>de</strong> informação ecomunicação (TICs), assim como as re<strong>de</strong>s sociais vem crescen<strong>do</strong> e <strong>de</strong>smitifican<strong>do</strong> osprocessos <strong>de</strong> aquisição <strong>do</strong> conhecimento.As potencialida<strong>de</strong>s educativas das re<strong>de</strong>s informáticas obrigam a repensar muitoseriamente a dimensão individual e coletiva <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> ensino- aprendizagem,os ritmos ou tempos <strong>de</strong> aprendizagem, as novas formas <strong>de</strong> estruturar a informaçãopara a construção <strong>do</strong> conhecimento. (...) Isso implica na construção <strong>de</strong> uma novapedagogia baseada nestes novos recursos, que possibilite e integre o local com oglobal; que contemple as diferentes opções multidisciplinares, interdisciplinares etransdisciplinares, mesmo que em diferentes graus <strong>de</strong> integração. (SANCHO,HERNANDEZ, 2008, p.73).
16O acesso ao saber através das novas tecnologias 1 , em que se <strong>de</strong>staca a internet,parece quase ilimita<strong>do</strong>, mas apesar da tendência geral <strong>de</strong> flexibilização <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los rígi<strong>do</strong>s<strong>de</strong> educação, ainda há muitas propostas pedagógicas <strong>de</strong> Educação a Distância que reproduzemos mo<strong>de</strong>los clássicos <strong>de</strong> ensino, ou seja, são organizadas por princípios autoritários quebuscam a homogeneida<strong>de</strong> e que se submetem a um controle formal.Morin (2008) fala em ‘inteligência geral’, que é a capacida<strong>de</strong> humana em reconhecera complexida<strong>de</strong> 2 e que aos poucos é podada pela socieda<strong>de</strong> através, basicamente, da educaçãoe <strong>do</strong>s preceitos morais. A falha <strong>de</strong>ssa percepção transforma os indivíduos marca<strong>do</strong>s pelareprodução social, <strong>de</strong>ntro da perspectiva atual, em iletra<strong>do</strong>s digitais, incapazes <strong>de</strong> acompanharo novo como uma extensão <strong>do</strong> que já existia. Esses indivíduos, simplesmente <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação por não conseguir perceber que coisas aparentemente distintas têmum ponto <strong>de</strong> ligação e po<strong>de</strong>m coexistir.Do que interessa <strong>de</strong>stacar aqui, se dirá que essa situação também po<strong>de</strong> ser observadana educação, esses sujeitos molda<strong>do</strong>s por práticas e discursos autoritários e reprodutores,acabam espelhan<strong>do</strong> e refletin<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>los alienadamente, não conceben<strong>do</strong> qualquer outraforma <strong>de</strong> ensino que não se assemelhe àquela a qual tiveram acesso. A imobilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> antigomo<strong>de</strong>lo parece não <strong>de</strong>ixar transparecer a relevância que a “liqui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s novos tempos” po<strong>de</strong>proporcionar.A EaD, ao mesmo tempo, vem marcada tanto pela tecnologia digital e pelo slogan <strong>de</strong>acesso, qualida<strong>de</strong> e flexibilida<strong>de</strong>, quanto pelo esvaziamento <strong>do</strong> convívio educacional. Essaaparente perda, por sua vez, po<strong>de</strong> ser re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> <strong>do</strong> distanciamento <strong>do</strong>s sujeitos aí envolvi<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s princípios da complexida<strong>de</strong>, conduzin<strong>do</strong>-os a:i) não compreensão da internet, por exemplo, como um espaço possível para práticasenriquece<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> ensino e aprendizagem, eii) não aceitação da re<strong>de</strong> como espaço possível <strong>de</strong> relacionamento, sem que a vantagemeconômica se coloque como o principal elemento.Apesar <strong>de</strong> ser uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino recente no Brasil, com pouco mais <strong>de</strong> 10(<strong>de</strong>z) anos, a EaD vem chaman<strong>do</strong> a atenção <strong>de</strong> sua ‘clientela’ em busca <strong>de</strong> especializações,pelo baixo custo e flexibilização <strong>de</strong> espaço e tempo. A educação e as escolas físicas1 Mesmo sen<strong>do</strong> um conceito muito abrangente, entenda-se por tecnologia, nesta pesquisa, a internet e <strong>de</strong>maisadventos provin<strong>do</strong>s <strong>de</strong>la, como as re<strong>de</strong>s sociais, comunida<strong>de</strong>s, sites, blogs, etc. Ainda assim, compreen<strong>de</strong>-se,nesse trabalho, a tecnologia como um meio e não um fim.2 A complexida<strong>de</strong> configura a percepção <strong>do</strong> to<strong>do</strong> através da junção das partes, que muito embora sejamseparadas pela disciplinarida<strong>de</strong> como forma <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong> absoluta, tem sempre uma linha <strong>de</strong>ligação na constituição <strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Retornar-se-á ao conceito <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sse autor, no referencial teórico.
17instituídas, assim, <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser espaços educativos em prol <strong>de</strong> um sistema capitalista,tornan<strong>do</strong>-se merca<strong>do</strong>s lucráveis nas mãos <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>tém o po<strong>de</strong>r. Ou seja, temos um discursopedagógico <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fortemente por outro administrativo/financeiro.Soma-se à essas dificulda<strong>de</strong>s, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo a distância espelhar-se nosmol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> presencial. Além disso, seus elementos e ferramentas <strong>de</strong>limitam uma posição <strong>de</strong>leitor aluno previsível e sem muitas possibilida<strong>de</strong>s verda<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> crescimento, ou seja, estealuno procura otimizar as relações <strong>de</strong> espaço e tempo com a educação e embora tenham umapostura <strong>de</strong> maior autonomia nos processos <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> conhecimento, terão que respeitarum cronograma, tirarão suas dúvidas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pedagógica com um professor eadministrativas com um tutor(monitor), realizarão ativida<strong>de</strong>s em que será avalia<strong>do</strong> e, caso oaproveitamento seja satisfatório, receberão a sua certificação. Mais adiante abordaremos <strong>de</strong>forma mais <strong>de</strong>talhada sobre a constitutivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> discurso pedagógico, tal como formula<strong>do</strong> naAnálise <strong>do</strong> Discurso.Na Europa, a EaD atinge seu auge com a Open University (OU), a partir da década<strong>de</strong> 70 (setenta), sen<strong>do</strong> que esta foi uma das instituições precursoras em EaD, que até hoje vemrompen<strong>do</strong> com discursos pedagógicos já cristaliza<strong>do</strong>s e disciplina<strong>do</strong>res, em prol <strong>de</strong> um ‘novo’sistema educacional. Paralelamente a oferta <strong>de</strong> cursos em regime fecha<strong>do</strong>, semi-aberto eaberto, a Open mantêm funcionan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2006, um projeto <strong>de</strong> Recursos EducacionaisAbertos (REA), patrocina<strong>do</strong> pela The William and Flora Hewllett Foundation, com a missão<strong>de</strong> oportunizar o acesso a educação e ao conhecimento. Em uma primeira análise observou-seque são conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> várias áreas <strong>de</strong> saber, não necessariamente liga<strong>do</strong>s, e que estãodispostos na re<strong>de</strong> com “livre” acesso a qualquer pessoa que <strong>de</strong>sejar se conectar e apren<strong>de</strong>r.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> tal cenário, toma-se como dispositivo teórico e meto<strong>do</strong>lógico aAnálise <strong>do</strong> Discurso 3 buscan<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong>r o gesto <strong>de</strong> interpretação <strong>do</strong> projeto OpenLearn.A partir <strong>de</strong> nossas primeiras pesquisas no ambiente virtual <strong>do</strong> projeto, levantamos comopossível hipótese, que a diferença entre o OpenLearn (principalmente o LabSpace) e omo<strong>de</strong>lo convencional <strong>de</strong> Educação a Distância é, principalmente, a presença <strong>de</strong> um ‘leitorvirtual’ (ORLANDI, 2008) que não busca o conhecimento para adquirir um título, muitoembora ele até possa obtê-lo.O projeto OpenLearn é um espaço <strong>de</strong> construção e acesso aberto ao saber, quefavorece, através <strong>do</strong>s Recursos Educacionais Abertos, a divulgação <strong>de</strong> informaçõesatravessadas pelos mais diversos discursos, sem limitações por grau, titulação, ida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>3 Análise <strong>do</strong> Discurso – <strong>do</strong>ravante simplesmente nomea<strong>do</strong> <strong>de</strong> AD.
18or<strong>de</strong>m financeira; tem-se nele inscrito um sujeito leitor em processo <strong>de</strong> contínuo aprendiza<strong>do</strong>,relacionan<strong>do</strong>-se com diferentes indivíduos, <strong>de</strong> diferentes interesses, e com um objetivo emcomum: o conhecimento.Desta forma, este trabalho terá como objetivo analisar o espaço virtual <strong>do</strong> projetoOpenLearn, mais especificamente o LabSpace, através <strong>do</strong>s dispositivos teóricos emeto<strong>do</strong>lógicos da AD, como forma <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os elementos que constituem materialida<strong>de</strong>e <strong>de</strong>terminam o sujeito Leitor nele inscrito. A justificativa principal para esta pesquisa está<strong>de</strong>limitada pela crença 4 em um novo sistema educacional, “aberto e acessível”, que acolha asnecessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s sujeitos nele inscritos e, possibilitan<strong>do</strong> a constituição da forma sujeito que sebusca i<strong>de</strong>ntificar ao longo <strong>de</strong>sta pesquisa: o Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte.No entanto, sabemos que toda instituição visa, no mínimo, sua subsistência e,portanto, está vinculada a princípios capitalistas. Assim faz-se necessário compreen<strong>de</strong>r ofuncionamento <strong>do</strong>s sujeitos envolvi<strong>do</strong>s em propostas “abertas”, pelas quais não se “cobra” 5 ,particularmente no que se refere ao projeto OpenLearn da Open University.Buscan<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>r aos objetivos propostos por esta pesquisa, a base teórica foipautada nas noções <strong>de</strong> Função autor e Efeito leitor <strong>de</strong> Orlandi (2009), na noção <strong>de</strong> Autoria <strong>de</strong>Gallo (2001) e na noção <strong>de</strong> Complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Morin (2008), que estão circunscritas nai<strong>de</strong>ntificação da materialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sujeito que passamos, durante o processo <strong>de</strong> análise,nominar <strong>de</strong> Leitor Apren<strong>de</strong>nte. O texto aqui apresenta<strong>do</strong> foi dividi<strong>do</strong> em três capítulos.No primeiro capítulo trabalharemos o referencial teórico que são as formaçõesdiscursivas, referentes à AD e a EaD, que darão fundamentação a este trabalho. Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong>histórico da Análise <strong>do</strong> Discurso, i<strong>de</strong>ntificar-se-á as correntes e concepções (i<strong>de</strong>ológicas ediscursivas) que contribuíram na constituição da AD, conforme proposto por Pêcheux. Destaforma <strong>de</strong>linearemos um trajeto passan<strong>do</strong> pelas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia em Marx e Althusser,bem como as perspectivas referentes ao discurso em Foucault, para a posterior construção dasteorias analíticas <strong>do</strong> discurso em Pêcheux.Depois <strong>de</strong> conhecer as condições <strong>de</strong> produção da Análise <strong>do</strong> discurso, passar-se-á aestudá-la mais a fun<strong>do</strong> a partir da apropriação <strong>do</strong> dispositivo teórico (condições <strong>de</strong> produção,4 Diz-se crença, pois esta é, também, uma hipótese levantada a partir <strong>de</strong> nossos primeiros olhares sobre o EspaçoVirtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn da Open University. Portanto, uma percepção empírica efeito <strong>de</strong> discurso<strong>de</strong>/em re<strong>de</strong>s; um pré construí<strong>do</strong>.
19as relações <strong>de</strong> força, as antecipações, o interdiscurso, as memórias e os esquecimentosdiscursivos), <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma mais afinca as noções relativas às formaçõesimaginárias, i<strong>de</strong>ológicas e discursivas; aos tipos <strong>de</strong> discurso (Lúdico, Polêmico e Autoritário)e ao sujeito, objeto <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>.Ainda em nosso referencial teórico trabalharemos <strong>de</strong> forma sucinta as primeirasformas <strong>de</strong> educação até chegar ao ensino a distância. Já sob este viés, será traça<strong>do</strong> umhistórico da EaD no Brasil e no mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> a evolução <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinonas ultimas décadas, principalmente <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> advento da internet. Além disso, o leitorpo<strong>de</strong>rá conhecer as meto<strong>do</strong>logias que dão fundamento a prática <strong>de</strong> ensino aos alunos adultosem EaD : a Andragogia e a Heutagogia, sen<strong>do</strong> que a primeira está relacionada ao adulto e asegunda à autonomia. Ainda neste capítulo falaremos sobre as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino em Ead(fechada e aberta) sen<strong>do</strong> que uma ocorre <strong>de</strong> forma mais autoritária, com mais pré-construí<strong>do</strong>se que <strong>de</strong>limitam os percursos <strong>do</strong>s sujeitos ali inscritos; e a outra, parte <strong>de</strong> uma concepção maisaberta possibilitan<strong>do</strong> ao aluno maior flexibilida<strong>de</strong> no seu trajeto <strong>de</strong> aprendizagem.Sob o viés <strong>do</strong>s dispositivos teóricos, meto<strong>do</strong>lógicos e analíticos da AD, esta pesquisase propôs a analisar o espaço virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn da Open University, maisespecificamente o LabSpace, procuran<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar a materialida<strong>de</strong> discursiva <strong>de</strong> um sujeitoleitor (apren<strong>de</strong>nte), através <strong>do</strong>s elementos que o diferenciam <strong>do</strong>s sujeitos <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>s pela AD(Análise <strong>do</strong> Discurso) e pela EaD (Educação a Distância).O segun<strong>do</strong> capítulo, relativo à <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> corpus, inicia-se pela exposição <strong>do</strong>histórico da Open University, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua constituição em 1926 até os dias atuais, com o usoextensivo das TICs - tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação (re<strong>de</strong>s sociais, canais em TVaberta, etc), e com a aplicação <strong>de</strong> ‘novas’ formas <strong>de</strong> oferecer ensino a distância (modalida<strong>de</strong>aberta e semi-aberta) que <strong>de</strong> alguma forma quebram antigos paradigmas educacionaisrelaciona<strong>do</strong>s ao currículo.Na sequência apresentar-se-á o projeto OpenLearn <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> sua trajetória <strong>de</strong>s<strong>de</strong> asua criação em 2006. O objetivo <strong>do</strong> projeto OpenLearn baseia-se no oferecimento <strong>de</strong> recursoseducacionais abertos - que são materiais das mais diferentes origens (materiais <strong>de</strong> aula, ppts,ví<strong>de</strong>os, unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino)- disponibiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma aberta pela Open University, através<strong>de</strong> uma licença chamada Creative Commons que legaliza a remixagem e utilização <strong>de</strong>stesrecursos na construção <strong>de</strong> outros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o autor original seja menciona<strong>do</strong>.5 Estamos consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> cobrança não só no âmbito econômico, mas principalmente no âmbitopedagógico.
20O Espaço virtual <strong>do</strong> projeto é forma<strong>do</strong> por diferentes ferramentas <strong>de</strong> interação(Fóruns, flash meeting, flash vlog, Learning journal, knowledge maps) que “possibilitam” aosujeito leitor a construção <strong>de</strong> conhecimento. Cada uma <strong>de</strong>las será explicada comopossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> sujeito leitor para Leitor Apren<strong>de</strong>nte, muito embora não sebuscará analisar nestes espaços a sua materialização. O Labspace, também presente noambiente virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn, é constituí<strong>do</strong> das mesmas ferramentas, possuin<strong>do</strong>ainda três possibilida<strong>de</strong>s para a construção <strong>de</strong> recursos educacionais abertos: IndieSpace,SectorSpace, ProjectSpace. Cada um <strong>de</strong>les refere-se a um público alvo diferente, sen<strong>do</strong> que aescolha <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> com a produção <strong>do</strong>s materiais noLabSpace.Em seguida, será <strong>de</strong>scrita a meto<strong>do</strong>logia, que em AD tem sua singularida<strong>de</strong>, porperceber no dito aquilo que não foi dito. É na meto<strong>do</strong>logia que estarão apontadas as formascom que os percursos foram transcorri<strong>do</strong>s na constituição <strong>do</strong> recorte e na <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong>corpus para <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa.Por fim, inicia-se o último capítulo <strong>de</strong>sta dissertação, on<strong>de</strong> através da análise <strong>do</strong>sda<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s durante a pesquisa, serão apresenta<strong>do</strong>s os elementos que conferemmaterialida<strong>de</strong> ao Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte fundamentan<strong>do</strong>-os com os princípiosmeto<strong>do</strong>lógicos e analíticos da AD.Diante <strong>de</strong>sta perspectiva, serão apresenta<strong>do</strong>s três mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong>materialização/textualização <strong>de</strong> sujeitos inscritos nesse ambiente <strong>de</strong> aprendizagem virtual:postagem inédita, remixagem <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s e tradução <strong>de</strong> materiais disponibiliza<strong>do</strong>s pela OU(Open University), sen<strong>do</strong> que este último também representa uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>remixagem.Para marcar o primeiro e o segun<strong>do</strong> caso, utilizar-se-á postagens realizadas porprofessores da Uni<strong>sul</strong>Virtual, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> pressuposto <strong>de</strong> que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dasdiscursivida<strong>de</strong>s a que os mesmos estão filia<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong> espaço virtual <strong>do</strong> OpenLearn, aposição assumida por eles no momento <strong>de</strong> sua vinculação ao ambiente virtual é <strong>de</strong> aluno ( <strong>de</strong>quem quer apren<strong>de</strong>r), sen<strong>do</strong> que, a partir da confluência da textualida<strong>de</strong> presente no ambientevirtual e das formações discursivas nas quais eles se inscrevem po<strong>de</strong>rão, ou não, assumir aposição <strong>de</strong> sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte. Dito <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, fala-se <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> autoria e nãoapenas <strong>de</strong> uma questão <strong>de</strong> estruturação <strong>do</strong>s links disponíveis, isto é, um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>funcionamento discursivo.O LabSpace é, então, o local em que o sujeito po<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar-se, inscreven<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>forma marcada no espaço, assumin<strong>do</strong> a função-autor, com toda a responsabilida<strong>de</strong> que esta
21posição <strong>de</strong> autoria representa e que, <strong>de</strong>sta forma, o materializará como Sujeito Leitor“Apren<strong>de</strong>nte” produzin<strong>do</strong> efeito-autor. É esse processo que se preten<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar durante ogesto analítico a que esta pesquisa se propõe.2 REFERENCIAL TEÓRICO“O discurso é o lugar em que se po<strong>de</strong>observar esta ligação entre língua e i<strong>de</strong>ologia,compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se como a língua produzsenti<strong>do</strong>s por/para os sujeitos”. (ORLANDI,2009, p.17).Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s dispositivos teóricos e meto<strong>do</strong>lógicos da Análise <strong>do</strong> Discurso <strong>de</strong>Pêcheux, iniciaremos a fundamentação mapean<strong>do</strong> conceitos fundamentais <strong>do</strong> dispositivoteórico. Tal percurso fornecerá o suporte necessário para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s dispositivosanalíticos discuti<strong>do</strong>s nesta dissertação, falan<strong>do</strong> acerca da i<strong>de</strong>ologia e das relações históricas,linguísticas e sociais entre os sujeitos.Pêcheux (2009) aponta que não existe discurso sem sujeito, assim como, também nãoexiste sujeito sem i<strong>de</strong>ologia. Este trabalho tem o intuito <strong>de</strong> dar significação a um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>tipo <strong>de</strong> sujeito 6 , heterogêneo, historicamente marca<strong>do</strong> e atravessa<strong>do</strong> por diversas formaçõesdiscursivas. Assim, falar sobre AD e, consequentemente, sobre i<strong>de</strong>ologia se faz muitopertinente.Muito embora a AD, tenha seu início em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, mais especificamentenos anos 60, o objeto <strong>de</strong> seu interesse (ORLANDI, 2009, p.17), que é “ a língua funcionan<strong>do</strong>para a produção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e que permite analisar unida<strong>de</strong>s além da frase, ou seja, o texto”; jáhavia si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> em outros momentos, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e sob pontos <strong>de</strong> vistabastante distintos.De acor<strong>do</strong> com Orlandi (2009), duas vertentes, uma americana e outra europeia,marcaram formas diferenciadas <strong>de</strong> se conceber a Análise <strong>do</strong> Discurso.Sob o ponto <strong>de</strong> vista estruturalista americano, <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> por Zalling Harris, a AD eraapreendida como um prolongamento da Linguística. O conceito <strong>de</strong> teoria discursiva, <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong>sta perspectiva, é justifica<strong>do</strong> pelo fato <strong>de</strong> texto e fala diferenciarem-se apenas por seu grau<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, ou seja, o texto é visto <strong>de</strong> maneira reduzida, uma vez que não se leva emconsi<strong>de</strong>ração as formas com que o senti<strong>do</strong> se institui.
22Já, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o olhar europeu, também estruturalista, a teoria discursiva eraapenas uma consequência <strong>de</strong> uma crise Linguística, mais especificamente da semântica. Masesta vertente <strong>de</strong>fine a exteriorida<strong>de</strong> como fundamental a partir da simbiose “entre o dizer e ascondições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>sse dizer”. (ORLANDI, 2009).De acor<strong>do</strong> com Orlandi (2009) a análise discursiva <strong>de</strong> linha francesa <strong>de</strong> Pêcheuxacontece sobre a conjunção entre a linguística, o materialismo histórico (marxismo) e apsicanálise.Apesar <strong>de</strong> Pêcheux utilizar-se da teoria saussureana para dar fundamentação ao quechamou <strong>de</strong> efeito metafórico, ele não dá crédito a simetria <strong>do</strong> par língua e fala, ven<strong>do</strong> nodiscurso uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ressignificação da fala saussureana. (MALDIDIER, 2003).Uma teoria <strong>do</strong> discurso é postulada, enquanto teoria geral da produção <strong>do</strong>sefeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s, que não será nem o substituto <strong>de</strong> uma teoria da i<strong>de</strong>ologianem o <strong>de</strong> uma teoria geral da produção <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s, que não seránem o substituto <strong>de</strong> uma teoria da i<strong>de</strong>ologia nem o <strong>de</strong> uma teoria <strong>do</strong>inconsciente, mas po<strong>de</strong>rá intervir no campo <strong>de</strong>stas teorias. (PÊCHEUX,apud MALDIDIER, 2003, p. 21).De acor<strong>do</strong> com Orlandi (2009), Pêcheux questiona e argumenta levan<strong>do</strong> em conta omaterialismo histórico pergunta<strong>do</strong> pelo simbólico, bem como se cerca da psicanálise paratrabalhar a i<strong>de</strong>ologia materialmente ligada ao inconsciente, sem ser apagada por ele, levan<strong>do</strong>em conta a historicida<strong>de</strong>. “É porque há essa ligação que as filiações históricas po<strong>de</strong>m-seorganizar em memórias e as relações sociais em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> significantes”. (ORLANDI, 2009,p.59).Desta forma, ao achar pontos <strong>de</strong> confluência entre teorias distintas, mas sem submetersepassivamente a elas, Pêcheux cria um novo objeto, o discurso, que passará a afetar aespecificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas formas <strong>de</strong> conhecimento conjuntamente.A AD, que <strong>de</strong> forma interligada tanto ao linguístico quanto ao social, tem suaexpressão “análise <strong>do</strong> discurso” popularizada <strong>de</strong> tal forma, que busca <strong>de</strong>limitar os seus pontos<strong>de</strong> atuação, não sen<strong>do</strong> suficiente, entretanto, marcar suas diferenças no âmago <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s daLinguagem. Maldidier (2003) aponta que para não se submeter a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter-seem uma linguística imanente, torna-se indispensável consi<strong>de</strong>rar outras dimensões. Assimsen<strong>do</strong>, a partir da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quadro teórico que alie o linguístico ao sócio-histórico, <strong>do</strong>is6 Trabalharemos mais adiante, com mais <strong>de</strong>talhes, a noção <strong>de</strong> sujeito ao longo <strong>de</strong>sta pesquisa.
23conceitos tornam-se fundamentais em AD: o <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia e o <strong>de</strong> discurso. “As duas gran<strong>de</strong>svertentes que vão influenciar a corrente francesa <strong>de</strong> AD são, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da i<strong>de</strong>ologia, osconceitos <strong>de</strong> Althusser e, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> discurso, as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Foucault.” (BRANDÃO, 2004, p.18). Sen<strong>do</strong> assim, a AD passa pela leitura da teoria da i<strong>de</strong>ologia, da teoria da sintaxe daenunciação e pela teoria <strong>do</strong> discurso, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> também a psicanálise.Roland Barthes, francês que se insere temporariamente (ou não) a diversosposicionamentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m teórica e analítica (marxismo, estruturalismo, psicanálise) atem-sea diferentes assuntos como linguística, semiótica, música, pedagogia, etc.; falan<strong>do</strong> da leituracomo escritura, ou seja, apontan<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver uma história da escritura,visto que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma/estilo utilizadas pelo autor há uma escolha consciente no quese refere ao questionamento levanta<strong>do</strong> pela linguagem.Segun<strong>do</strong> Orlandi (2006), assim como Foucault, Althusser e Lacan; Barthes tambémquestiona o que “ler” significa. “Em to<strong>do</strong>s eles a preocupação com a leitura <strong>de</strong>semboca noreconhecimento <strong>de</strong> que a leitura <strong>de</strong>ve se sustentar em um dispositivo teórico.” (ORLANDI,2006, p.13). Neste senti<strong>do</strong>, a leitura passa a ser <strong>de</strong>snaturalizada.Estan<strong>do</strong> discurso e i<strong>de</strong>ologia intimamente liga<strong>do</strong>s, faz-se necessário falar <strong>do</strong>s teóricosque serviram <strong>de</strong> suporte para que Pêcheux <strong>de</strong>senvolvesse a sua teoria analítica <strong>do</strong> discurso.2.1 AS CONCEPÇÕES IDEOLÓGICAS E DISCURSIVAS NA CONSTITUIÇÃO DAANÁLISE DO DISCURSO2.1.1 A i<strong>de</strong>ologia em Marx e AlthusserAntes <strong>de</strong> falar da i<strong>de</strong>ologia sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Althusser, que influenciou Pêcheuxna constituição da AD, abordar-se-á Marx, que também foi fonte <strong>de</strong> fundamentação para oprimeiro.Segun<strong>do</strong> Chauí (2004), muito embora Marx tenha escrito sobre a i<strong>de</strong>ologia sob umponto <strong>de</strong> vista generaliza<strong>do</strong>, seu texto parte <strong>de</strong> um pensamento historicamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>pelos filósofos alemães subsequentes a Hegel. Da mesma forma que o termo foi cunha<strong>do</strong> comsenti<strong>do</strong> negativo por Napoleão, Brandão (2004) diz que Marx também tratou da i<strong>de</strong>ologia
24com certa negativida<strong>de</strong>, no que diz respeito a abstração <strong>do</strong>s filósofos alemães em não percebera ligação entre a filosofia e a realida<strong>de</strong> alemã.Tanto Marx quanto Engels baseiam-se somente em da<strong>do</strong>s passíveis <strong>de</strong> constatação <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m empírica, uma vez que, ambos, vêem na i<strong>de</strong>ologia o isolamento entre a constituição dasi<strong>de</strong>ias e os percursos sócio-históricos pelos quais elas são produzidas, ou seja, buscam provaratravés da experiência a ligação entre a composição social e política e a produção das i<strong>de</strong>ias.Chauí (2004) evi<strong>de</strong>ncia que a i<strong>de</strong>ologia nasce para Marx neste momento como sen<strong>do</strong>um:(...) sistema or<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias ou representações e das normas e regrascomo algo separa<strong>do</strong> e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das condições materiais, visto que seusprodutores – os teóricos, os i<strong>de</strong>ólogos, os intelectuais – não estãodiretamente vincula<strong>do</strong>s à produção material das condições <strong>de</strong> existência. E,sem perceber, exprimem essa <strong>de</strong>svinculação ou separação através <strong>de</strong> suasi<strong>de</strong>ias. (...) As i<strong>de</strong>ias não aparecem como produtos <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong>homens <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s – aqueles que estão fora da produção material direta –mas como entida<strong>de</strong>s autônomas <strong>de</strong>scobertas por tais homens. (CHAUÌ,2004, p.26).Vale frisar, que este ponto <strong>de</strong> vista foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ilusório e positivista por Althusser(1985). Para ele, esta concepção estava em Marx, mas não era Marxista.O sistema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias visto afastadamente das suas condições materiais <strong>de</strong> produção,constrói a falsa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que este sistema seja autônomo e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> trabalho material,ou seja, estas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>svinculadas das <strong>de</strong>terminantes materiais que a constituíram passam aser entendidas como subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma classe <strong>do</strong>minante.Isto significa que, em termos <strong>do</strong> materialismo histórico e dialético, éimpossível compreen<strong>de</strong>r a origem e a função da i<strong>de</strong>ologia sem compreen<strong>de</strong>ra luta <strong>de</strong> classes, pois a i<strong>de</strong>ologia é um <strong>do</strong>s instrumentos da <strong>do</strong>minação <strong>de</strong>classe e uma das formas da luta <strong>de</strong> classes. A i<strong>de</strong>ologia é um <strong>do</strong>s meiosusa<strong>do</strong>s pelos <strong>do</strong>minantes para exercer a <strong>do</strong>minação, fazen<strong>do</strong> com que estanão seja percebida como tal pelos <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s. (CHAUÌ, 2004, p. 33).Ou ainda, segun<strong>do</strong> Althusser (1985, p.83):A i<strong>de</strong>ologia é então para Marx um bricolage imaginário, puro sonho, vazio evão, constituí<strong>do</strong> pelos ‘resíduos diurnos’ da única realida<strong>de</strong> plena e positiva,a da história concreta <strong>do</strong>s indivíduos concretos, materiais, produzin<strong>do</strong>materialmente sua existência. É neste senti<strong>do</strong> que, na I<strong>de</strong>ologia Alemã, ai<strong>de</strong>ologia não tem história, uma vez que sua história está fora <strong>de</strong>la, lá on<strong>de</strong>está a única história, a <strong>do</strong>s indivíduos concretos.
25Assim, para Marx a significação da palavra i<strong>de</strong>ologia também estava impregnada pelacrítica ao sistema capitalista <strong>de</strong> produção e pela luta <strong>de</strong> classes.Ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> um breve panorama Marxista acerca da I<strong>de</strong>ologia, segue-se estetema com a concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> Althusser, concepção esta a<strong>do</strong>tada por Pêcheux em suateoria <strong>do</strong> discurso.Para Althusser (1985), o Esta<strong>do</strong>, a partir da repressão ou da i<strong>de</strong>ologia, propicia ascondições necessárias tanto para a reprodução quanto para a perpetuação das condiçõesmateriais da classe <strong>do</strong>minante. Assim, tanto os Aparelhos Repressores <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (ARE),representa<strong>do</strong>s pelo governo, polícia, tribunal, prisão, etc; quanto os Aparelhos I<strong>de</strong>ológicos <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> (AIE), simboliza<strong>do</strong>s pela família, escola, política, direito, informação, etc; sãomecanismos que agem mutuamente, principalmente nos casos em que somente um <strong>do</strong>saparelhos não tem po<strong>de</strong>r suficiente para se fazer valer.Em um segun<strong>do</strong> momento <strong>de</strong> sua produção, Althusser <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a conceituaçãoi<strong>de</strong>ológica relativa à classe <strong>do</strong>minante e se empenha para tratar da i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> formageneralizada. Para explicá-la ele <strong>de</strong>senvolve 3 hipóteses: A primeira se refere a i<strong>de</strong>ologiacomo uma manifestação simbólica da relação <strong>de</strong> indivíduos com a sua realida<strong>de</strong> (concreta) e,sen<strong>do</strong> esta <strong>de</strong> caráter imaginário edifica um distanciamento da realida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong>ria ser umadas causas para a alienação. Althusser (1985, p.87) <strong>de</strong>fine que “não são suas condições reais<strong>de</strong> existência, seu mun<strong>do</strong> real que ‘os homens’ representam na i<strong>de</strong>ologia, o que é nelasrepresenta<strong>do</strong> é, antes <strong>de</strong> mais nada, a sua relação com as condições reais <strong>de</strong> existência.”A segunda hipótese Althusseriana se refere a i<strong>de</strong>ologia como constituinte <strong>do</strong> serhumano, sen<strong>do</strong> que a mesma é manifestada e materializada por ele através <strong>de</strong> suas açõessen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, consi<strong>de</strong>rada material. Portanto, as i<strong>de</strong>ologias não são feitas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, mas<strong>de</strong> práticas. De acor<strong>do</strong> com Althusser (1985) é importante levar em consi<strong>de</strong>ração que amatéria se expressa <strong>de</strong> várias maneiras, existin<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversas formas, mas todas filiadas “emúltima instância a matéria física”. (ALTHUSSER, 1985, p.89).Por fim, a última hipótese levantada por Althusser diz respeito ao entendimento <strong>de</strong> quea i<strong>de</strong>ologia interpela na criação <strong>do</strong> sujeito a partir <strong>do</strong> indivíduo concreto, ou seja, no momentoem que o indivíduo se insere e age <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as práticas <strong>de</strong>terminadas pelos AIE.A categoria <strong>de</strong> sujeito é constitutiva <strong>de</strong> toda i<strong>de</strong>ologia, mas ao mesmotempo, e imediatamente, - acrescentamos que a categoria <strong>de</strong> sujeito não éconstitutiva <strong>de</strong> toda i<strong>de</strong>ologia, uma vez que toda i<strong>de</strong>ologia tem por função (éo que a <strong>de</strong>fine) ‘constituir’ indivíduos concretos em sujeitos. É neste jogo <strong>de</strong>dupla constituição que se localiza o funcionamento <strong>de</strong> toda i<strong>de</strong>ologia, não
26sen<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ologia mais <strong>do</strong> que seu funcionamento nas formas materiais <strong>de</strong>existência <strong>de</strong>ste mesmo funcionamento. (ALTHUSSER, 1985, p.93).Neste senti<strong>do</strong>, a i<strong>de</strong>ologia existe no sujeito e através <strong>do</strong> sujeito. A teoria Althusserianaainda faz refletir, ao mencionar que tanto o leitor como o autor <strong>de</strong> um texto constituem-secomo sujeitos, sujeitos estes i<strong>de</strong>ológicos, por estarem “naturalmente” imersos na i<strong>de</strong>ologia.É a partir da leitura <strong>de</strong> Althusser que Pêcheux vai ser leva<strong>do</strong> a pensar nas relaçõesentre o discurso e a i<strong>de</strong>ologia. A seguir, tratar-se-á da constituição da noção <strong>de</strong> formaçãodiscursiva em Foucault e Pêcheux.2.1.2 A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> discurso em Foucault e a consequência discursiva em PêcheuxA discursivida<strong>de</strong>, como já menciona<strong>do</strong> anteriormente, já foi tema <strong>de</strong> outras esferas <strong>de</strong>interesse, sen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, trabalhada sob aspectos distintos.Nesta pesquisa, será dada atenção ao foco da fundamentação relativa à Análise <strong>do</strong>Discurso, levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração a noção <strong>de</strong> Formação Discursiva 7 (FD), que MichelPêcheux consi<strong>de</strong>rou e, que, <strong>de</strong>sta forma, integra sua teoria em Foucault.Foucault (1969, apud, BRANDÃO, 2004) 8 , aponta que os “discursos são como umadispersão, isto é, como sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong>s por elementos que não estão liga<strong>do</strong>s por nenhumprincípio <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong> maneira que a análise <strong>do</strong> discurso seria a responsável por <strong>de</strong>screverestes elementos <strong>de</strong>scontínuos, por meio <strong>de</strong> “regras <strong>de</strong> formação” que fossem capazes <strong>de</strong>conduzir a constituição <strong>do</strong> discurso, através da <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong>s elementos que o compõe(objetos, tipos <strong>de</strong> enunciação, conceitos, temas e teorias.).Estas regras <strong>de</strong>terminam uma “formação discursiva”, que é <strong>de</strong>limitada pela relaçãoentre os elementos (já expostos acima) no intuito <strong>de</strong> buscar uma regularida<strong>de</strong> no discurso, <strong>de</strong>forma que a análise <strong>de</strong> uma formação discursiva é marcada pela <strong>de</strong>scrição conjunta <strong>do</strong>senuncia<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>la fazem parte. (BRANDÃO, 2004).7 O conceito <strong>de</strong> formação discursiva segun<strong>do</strong> Pêcheux será trabalha<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>talhadamente adiante.8 A obra “A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Discurso” <strong>de</strong> Michel Foucault foi re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma aula inaugural, pronunciada em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1970, em Paris.
27A formação discursiva em Foucault é regida por um conjunto <strong>de</strong>regularida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>terminam sua homogeneida<strong>de</strong> e seu fechamento. È claroque Foucault pensou na transformação, mas esta tem que estar submetida àregra principal, a da regularida<strong>de</strong>. (INDURSKY, 2005, p. 03).Sen<strong>do</strong> assim, para Foucault (1971 apud INDURSKY, 2005) sempre que é possívelestabelecer uma regularida<strong>de</strong>, têm-se uma formação discursiva, <strong>de</strong> forma que estaregularida<strong>de</strong> consiste em “uma or<strong>de</strong>m, correlações posições e funcionamentos,transformações.” (IBID, p. 03).Indursky (2005) assinala ainda que Foucault afasta a i<strong>de</strong>ologia como princípioorganiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma repartição, por consi<strong>de</strong>rar que a i<strong>de</strong>ologia não é a<strong>de</strong>quada para servircomo princípio organiza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> uma FD.Muito embora Foucault tenha aponta<strong>do</strong> algumas bases para a análise discursiva, nãotinha o objetivo <strong>de</strong> fazer uma verificação da maneira como estas diretrizes se concretizam, jáque sua preocupação com o discurso não era <strong>de</strong> caráter linguístico. Mesmo assim, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com Brandão (2004), ele teve algumas i<strong>de</strong>ias muito significativas para o estu<strong>do</strong> da linguagem,entre elas estão: as concepções <strong>de</strong> discurso (prática <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> saberes, jogo estratégico,espaço em que saber e po<strong>de</strong>r se articulam), o conceito <strong>de</strong> formação discursiva, <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong>regras <strong>de</strong> formação e a diferenciação entre enunciação e enuncia<strong>do</strong>.Depois <strong>de</strong> acompanhar a perspectiva foucaultiana <strong>de</strong> discurso, bem como a percepçãoi<strong>de</strong>ológica althusseriana será possível enten<strong>de</strong>r melhor a constituição e a articulação <strong>de</strong> ambosos conceitos na formação da teoria da análise <strong>do</strong> discurso.A AD é fruto <strong>de</strong> diversos estu<strong>do</strong>s e, consequentemente, <strong>de</strong> diversos posicionamentosassumi<strong>do</strong>s, principalmente, por Pêcheux ao longo <strong>de</strong> sua trajetória. Estes posicionamentos,por sua vez, foram o re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> das convergências e divergências teóricas a<strong>do</strong>tadas porPêcheux no processo <strong>de</strong> materialização <strong>de</strong> sua teoria.Sen<strong>do</strong> assim, em AD po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s três perío<strong>do</strong>s distintos, e que juntos<strong>de</strong>ram materialida<strong>de</strong> ao que enten<strong>de</strong>mos por AD hoje. Em um primeiro momento, Pêcheuxbuscava i<strong>de</strong>ntificar os lugares <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que aconteciam em espaços discursivosrepresenta<strong>do</strong>s pelas condições <strong>de</strong> produção. (PECHEUX, 1983).No segun<strong>do</strong> momento houve um <strong>de</strong>slocamento que quebrou a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> máquinaestrutural fechada, sen<strong>do</strong> possível então perceber diferentes relações <strong>de</strong> força entre osprocessos discursivos. Foi aqui que Pêcheux instituiu a noção <strong>de</strong> formação discursiva(emprestada <strong>de</strong> Foucault). O sujeito <strong>do</strong> discurso continua a ser concebi<strong>do</strong> como efeito <strong>de</strong>assujeitamento à formação discursiva com a qual se i<strong>de</strong>ntifica.
28O terceiro momento da AD foi marca<strong>do</strong> pelas pesquisas sobre os enca<strong>de</strong>amentosdiscursivos, abordan<strong>do</strong> as questões relativas a construção <strong>do</strong>s objetos discursivos, <strong>do</strong>s lugares<strong>de</strong> enunciação e <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> vista.Sen<strong>do</strong> assim, a partir <strong>de</strong> agora, será aprofunda<strong>do</strong> um pouco mais sobre os conceitosconstruí<strong>do</strong>s em cada uma <strong>de</strong>stas etapas.Diferentemente <strong>do</strong> que <strong>de</strong>termina a comunicação, o discurso não é uma mensagem;além disso, não se apresenta <strong>de</strong> forma linearizada. Ao contrário, em AD o discurso, comofuncionamento da linguagem, relaciona sujeitos e senti<strong>do</strong>s marca<strong>do</strong>s pela história e emprocesso <strong>de</strong> constituição contínua (ORLANDI, 2009). Sen<strong>do</strong> as relações relativas à linguagemestabelecidas entre sujeitos condiciona<strong>do</strong>s por diferentes senti<strong>do</strong>s em diferentes situações,essas relações produzem efeitos diversos, comunican<strong>do</strong>, ou não. É preciso ressaltar que a ADnão trabalha com a comunicação, mas com a linguagem. Assim, o discurso é efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>entre interlocutores.Um <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> discurso para Orlandi (1987) estaria no fato <strong>de</strong> que a linguagem,por estar sempre em movimento e articulação, tem que ser consi<strong>de</strong>rada a partir <strong>de</strong> suascondições <strong>de</strong> produção. Assim falar em discurso, sob este viés, é dizer que a existência dalinguagem é histórica e social, sen<strong>do</strong> que o discurso é o lugar em que o social se materializa.Os sujeitos e a situação são Histórica – I<strong>de</strong>ológica e Socialmente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pelascondições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> um discurso. Em um senti<strong>do</strong> mais estrito, num contexto maislimita<strong>do</strong>, as condições <strong>de</strong> produção são representadas pelas particularida<strong>de</strong>s da enunciação,enquanto em um contexto mais amplo, abrangem o contexto sócio-histórico (i<strong>de</strong>ológico).Ten<strong>do</strong> o sujeito e a situação papel fundamental na significação <strong>do</strong> discurso (“senti<strong>do</strong> esujeitos se constituem se constituin<strong>do</strong>”), a memória discursiva é tecida em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>filiações, dito <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, são “saberes discursivos que tornam possível to<strong>do</strong> o dizer e queretornam sob a forma <strong>do</strong> pré-construí<strong>do</strong>” (ORLANDI, 2009, p.31), sen<strong>do</strong> que nestaperspectiva, a memória é <strong>de</strong>finida como interdiscurso, que é o conjunto <strong>de</strong> formulações feitasem um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, que já foram esquecidas e que, utilizadas em outro momento,parecem fazer senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Sen<strong>do</strong> assim, o interdiscurso presentificadizeres ao sujeito na significação <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong>terminada sócio-histórica ei<strong>de</strong>ologicamente.Em um discurso, o que é dito nunca é somente particular, pois as palavras sãosignificadas pela história e pela própria língua. (ORLANDI, 2009). Não existe um controletotal sobre o que se diz. Por isso, a análise <strong>do</strong> interdiscurso, na forma <strong>do</strong> pré-construí<strong>do</strong>, se faztão pertinente no entendimento das relações estabelecidas entre discurso, sujeito e i<strong>de</strong>ologia.
302.1.3 Formações Imaginárias e Formações DiscursivasAssim como as Condições <strong>de</strong> Produção e o interdiscurso, as Formações Imaginárias eas Formações Discursivas - com os seus Esquecimentos - também são estruturantes <strong>do</strong>discurso.Não existe um ponto <strong>de</strong> início e fim quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> discurso, pois um dito temrelações com diversos outros dizeres, <strong>de</strong> forma que o senti<strong>do</strong> será constituí<strong>do</strong> pela soma <strong>do</strong>sesquecimentos com a historicida<strong>de</strong> em que o mesmo foi proferi<strong>do</strong>. Mesmo assim, o sujeitopo<strong>de</strong> se antecipar, colocan<strong>do</strong>-se no lugar <strong>de</strong> seu interlocutor e preven<strong>do</strong> (imaginan<strong>do</strong>) osenti<strong>do</strong> que suas palavras vão produzir, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, regular sua argumentação aofalar com o seu ouvinte. Como não é o sujeito emissor <strong>do</strong> discurso que <strong>de</strong>termina o senti<strong>do</strong>,esta antecipação não é uma garantia <strong>de</strong> que o efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> será alcança<strong>do</strong>.Os Esquecimentos permitem ao sujeito ser atravessa<strong>do</strong> pelos discursos (com to<strong>do</strong>s osseus pré-construí<strong>do</strong>s) na construção <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, que para o falante parecerá ter si<strong>do</strong> por ele<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua constituição. Contu<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> já está posto, tornan<strong>do</strong>-secompreensível não pela vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito, mas pela forma como estão dispostos através dalíngua e da história. Cria-se, assim, a ilusão <strong>de</strong> um <strong>de</strong>scomprometimento histórico ei<strong>de</strong>ológico. Esta ilusão é fruto <strong>do</strong> que Pêcheux (2009) chamou <strong>de</strong> Esquecimentos Discursivos.Pêcheux (1975) <strong>de</strong>fine a existência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> Esquecimento, um liga<strong>do</strong> ài<strong>de</strong>ologia e outro que é referente à enunciação. Ele começa explican<strong>do</strong> o Esquecimentonúmero 2, relativo às escolhas argumentativas, justamente para marcar que o Esquecimentoi<strong>de</strong>ológico é inconsciente.Assim, o Esquecimento enunciativo está liga<strong>do</strong> às escolhas argumentativas utilizadaspelo sujeito na construção <strong>de</strong> um discurso, apontan<strong>do</strong> que um dizer específico po<strong>de</strong>ria seroutro. Pêcheux (2009, p.161) <strong>de</strong>fine o ‘esquecimento nº 2’ como o ‘esquecimento’ “pelo qualto<strong>do</strong> sujeito-falante “seleciona” no interior da formação discursiva que o <strong>do</strong>mina, isto é, nosistema <strong>de</strong> enuncia<strong>do</strong>s, formas e sequências que nela se encontram em relação <strong>de</strong> paráfrase.”As paráfrases, por sua vez, vêm dizer <strong>de</strong> outra forma aquilo que já foi dito. Assim, osprocessos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação com o que foi dito constituem os sujeitos.O Esquecimento número um é aquele relativo à i<strong>de</strong>ologia, ou seja, é um esquecimentoinconsciente que re<strong>sul</strong>ta da influência i<strong>de</strong>ológica.
31O exterior é radicalmente oculta<strong>do</strong> para o sujeito-falante que está sob a<strong>do</strong>minância <strong>de</strong>ssa formação discursiva, e isso em condições tais que to<strong>do</strong>acesso a esse exterior pela reformulação lhe seja proibi<strong>do</strong> por razõesconstitutivas referentes às relações <strong>de</strong> divisão-contradição que atravessamorganizamo ‘to<strong>do</strong> complexo das formações discursivas’ em um momentohistórico da<strong>do</strong>. (PÊCHEUX, 2009, p.165).Desta forma, os sujeitos acreditam que são os únicos autores <strong>de</strong> seus discursos, quan<strong>do</strong>na verda<strong>de</strong> cada palavra traz consigo um <strong>de</strong>terminante histórico e i<strong>de</strong>ológico, que é agrega<strong>do</strong>às condições <strong>de</strong> produção na constituição <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s.Outro mecanismo importante a ser trata<strong>do</strong> na significação <strong>de</strong> um discurso se refere àsrelações <strong>de</strong> força. Segun<strong>do</strong> Orlandi (2009), a partir <strong>de</strong>sta noção os senti<strong>do</strong>s são <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>spelo lugar <strong>do</strong> qual o sujeito fala, legitiman<strong>do</strong> e dan<strong>do</strong> valor ao que foi dito.Assim, tanto as relações <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> e força quanto as antecipações estão assentadassobre as formações imaginárias, <strong>de</strong> forma que não é a materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> lugar, ou <strong>do</strong>s sujeitos,que vão funcionar no discurso, mas sim as projeções <strong>de</strong>sta matéria.O senti<strong>do</strong> não existe em si (ORLANDI, 2009), mas é condiciona<strong>do</strong> pelas<strong>de</strong>terminantes i<strong>de</strong>ológicas inseridas no processo sócio-histórico <strong>de</strong> constituição das palavras,<strong>de</strong> forma que o senti<strong>do</strong> das mesmas po<strong>de</strong> ser altera<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a posição daqueles queas produzem. Ou seja, o senti<strong>do</strong> está relaciona<strong>do</strong> às formações i<strong>de</strong>ológicas em que estasposições se inserem.As formações discursivas são condicionadas pelas formações i<strong>de</strong>ológicas que balizamos senti<strong>do</strong>s, validan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, o que po<strong>de</strong> ou não ser dito. Sen<strong>do</strong> assim, contrariamenteao que ocorre na Arqueologia <strong>de</strong> Foucault (1969), Pêcheux (1975) afirma que a i<strong>de</strong>ologia,juntamente com o sujeito, <strong>de</strong>ve ser tomada como princípio organiza<strong>do</strong>r das formaçõesdiscursivas.De acor<strong>do</strong> com Indursky (2005), a formação discursiva tem seus saberes a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>spela forma-sujeito, representan<strong>do</strong> assim peculiar unicida<strong>de</strong>, principalmente quan<strong>do</strong> ocorre oque Pêcheux (1983) chamou <strong>de</strong> “tomada <strong>de</strong> posição” que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida da seguinte forma:a tomada <strong>de</strong> posição re<strong>sul</strong>ta <strong>de</strong> um retorno <strong>do</strong> ‘Sujeito’ no sujeito, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>que a não-coincidência subjetiva que caracteriza a dualida<strong>de</strong> sujeito/objeto,pela qual o sujeito se separa daquilo <strong>de</strong> que ele ‘toma consciência’ e apropósito <strong>do</strong> que ele toma posição, é fundamentalmente homogênea àcoincidência-reconhecimento pela qual o sujeito se i<strong>de</strong>ntifica consigomesmo, com seus ‘semelhantes’ e com o ‘Sujeito’. O ‘<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento’ <strong>do</strong>sujeito - como ‘tomada <strong>de</strong> consciência” <strong>de</strong> seus ‘objetos’ - é umareduplicação da i<strong>de</strong>ntificação... (PÊCHEUX, 1983, p.172).
32A partir da citação acima po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar que para Pêcheux, <strong>de</strong>ntro daperspectiva da reduplicação da i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> sujeito, só há lugar para os mesmos senti<strong>do</strong>s,fazen<strong>do</strong> da formação discursiva (como <strong>do</strong>mínio discursivo) homogênea e fechada. PorémPêcheux (2009) fala ainda em “modalida<strong>de</strong>s” para tomada <strong>de</strong> posição que tornam relativa a“reduplicação da i<strong>de</strong>ntificação”.De acor<strong>do</strong> com Indursky (2005), divi<strong>de</strong>m-se em duas, as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pêcheux:1) Superposição entre forma sujeito e o sujeito discursivo - esta modalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> serrepresentada pela reduplicação da i<strong>de</strong>ntificação, ou seja quan<strong>do</strong> o discurso <strong>do</strong> bom sujeitoespelha <strong>de</strong> forma espontânea o sujeito.2) Contraposição <strong>do</strong> sujeito à forma sujeito - esta contraposição geralmente é dada peladúvida sobre o que propõe a forma sujeito, <strong>de</strong> maneira que o sujeito <strong>do</strong> discurso se opõe aossaberes que tinha i<strong>de</strong>ntificação (to<strong>do</strong>s, ou alguns) pela formação discursiva que o atravessava.Esta modalida<strong>de</strong> caracteriza o discurso <strong>do</strong> mau sujeito.Sob este contexto, Orlandi (2009) expõe <strong>do</strong>is pontos para a melhor compreensão daformação discursiva. O primeiro fala que o senti<strong>do</strong> da<strong>do</strong> a uma formação discursiva éi<strong>de</strong>ologicamente marca<strong>do</strong> pela escolha <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada posição, ou seja, o senti<strong>do</strong> nãoestá na palavra em si, mas na discursivida<strong>de</strong>, que representa a forma <strong>de</strong> materializaçãoi<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong> discurso. Portanto, as palavras se articulam com outras palavras no discurso,sen<strong>do</strong> que este também é constituí<strong>do</strong> das conexões com outros dizeres. As formaçõesdiscursivas não são blocos homogêneos que funcionam <strong>de</strong> forma automática; ao contrário,“elas são constituídas pela contradição, são heterogêneas nelas mesmas e suas fronteiras sãofluídas, configuran<strong>do</strong>-se e reconfiguran<strong>do</strong>-se continuamente em suas relações” (ORLANDI,2009, p. 44), são um espaço historicamente transitório.A partir disso, tem-se aqui a noção <strong>de</strong> metáfora presente na análise <strong>do</strong> discurso, quenada mais é <strong>do</strong> que o uso <strong>de</strong> uma palavra ao invés <strong>de</strong> outra, construin<strong>do</strong> e estabelecen<strong>do</strong>senti<strong>do</strong>s. Desta forma, Pêcheux (1975) afirma que não existe senti<strong>do</strong> sem a metáfora, pois omesmo é da<strong>do</strong> sempre na transferência, na superposição, na relação e no jogo com as palavrasaté a construção <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>.O segun<strong>do</strong> ponto aborda que o senti<strong>do</strong> é percebi<strong>do</strong> em um discurso pelas formaçõesdiscursivas que o compõe. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> um dito, ele po<strong>de</strong>significar diferentemente em um discurso, <strong>de</strong> forma que a palavra por si só não <strong>de</strong>termina seu
33senti<strong>do</strong>, mas sim o contexto em que ela estiver inserida e as formações pelas quais ela estásen<strong>do</strong> articulada. Como o efeito <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> é i<strong>de</strong>ológico, apaga-se a sua materialida<strong>de</strong>. Assimtambém ocorre com o sujeito, que é constituí<strong>do</strong> pela soma das formações discursivas nasquais ele se insere.2.2 SUJEITO DO DISCURSOPara compreen<strong>de</strong>r quem é o sujeito da análise <strong>do</strong> discurso é necessário enten<strong>de</strong>r o queé a “forma sujeito”. Esta é reconhecida através da “existência histórica <strong>de</strong> qualquer indivíduo,agente das práticas sociais (ORLANDI, 2006, p.18), sen<strong>do</strong> que é através da análise <strong>do</strong>selementos discursivos que é possível entrar em contato com o sujeito <strong>do</strong> discurso.Para Pêcheux o lugar <strong>do</strong> sujeito não é oco, ele é preenchi<strong>do</strong> pela forma-sujeito, sen<strong>do</strong>que é através <strong>de</strong>sta “forma” que o indivíduo se inscreve nas formações discursivas (a que elese i<strong>de</strong>ntifica) e que o <strong>de</strong>termina.O sujeito da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> em AD é aquele ‘sujeito jurídico’ ou ‘ <strong>de</strong> direito’, efeito dasocieda<strong>de</strong> capitalista, que <strong>de</strong>termina o que diz e é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> na relação com os senti<strong>do</strong>s(ORLANDI, 2009), ou seja, um sujeito que tu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>, viven<strong>do</strong> quase sempre inconsciente adicotomia <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e submissão, sen<strong>do</strong> esta, a base <strong>do</strong> assujeitamento.O assujeitamento é produzi<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> ‘individualização<strong>do</strong> sujeito’, sen<strong>do</strong> este o fator principal para o funcionamento <strong>do</strong> governo no capitalismo.Submeten<strong>do</strong> o sujeito, mas ao mesmo tempo apresentan<strong>do</strong>-o como livre eresponsável, o assujeitamento se faz <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que o discurso apareça comoinstrumento (límpi<strong>do</strong>) <strong>do</strong> pensamento e um reflexo (justo) da realida<strong>de</strong>. Natransparência da linguagem é a i<strong>de</strong>ologia que fornece as evidências para quese apague o caráter material <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> e <strong>do</strong> sujeito. (ORLANDI, 2009,p.51).Do trecho acima é que se tira a percepção da literalida<strong>de</strong> 9 , que não configura soli<strong>de</strong>z,visto que não há uma previsão ou um senti<strong>do</strong> único. Esta literalida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ologicamentefalan<strong>do</strong>, é re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> histórico, que sofre as influências <strong>do</strong>s efeitos <strong>de</strong> discurso <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s9 O senti<strong>do</strong> literal na linguística imanente é aquele que uma palavra tem in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> seu uso em qualquercontexto. (ORLANDI, 2009, p.51).
34pelo assujeitamento, nas condições <strong>de</strong> produção e pelas relações <strong>de</strong> submissão <strong>do</strong> sujeito coma língua.Assim, o sujeito <strong>do</strong> discurso da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é aquele cuja forma histórica écapitalista, cuja existência é marcada na forma <strong>de</strong> pré-construí<strong>do</strong> pelos processos (muito maisverbaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que pratica<strong>do</strong>s efetivamente) <strong>de</strong> mundialização 10 , ao qual o ‘planeta’ vemsen<strong>do</strong> ‘obriga<strong>do</strong>’ a filiar-se.Há uma formação i<strong>de</strong>ológica capitalista <strong>do</strong>minante e que se pratica atravésda projeção <strong>de</strong> inúmeras formações discursivas que formam um complexo<strong>do</strong>minante: a formação discursiva da mundialização (...). Esse complexo <strong>de</strong>formações discursivas é a manifestação, na linguagem, <strong>do</strong> fato que ocapitalismo mantém-se em sua <strong>do</strong>minância, pratican<strong>do</strong>-se para não ser<strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>, por estas diferentes falas da mundialização. (ORLANDI, 2009,p.15).Se é possível dizer que a mundialização trouxe consigo um ‘novo’ jeito <strong>de</strong> pensarfalar-agirno mun<strong>do</strong>, marcan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ologias sob a forma <strong>de</strong> pré-construí<strong>do</strong>, há também apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afirmar que esta voz está na vibração <strong>do</strong>s movimentos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> (ROLNIK,1998) e não permite a construção <strong>de</strong> um juízo <strong>de</strong> valores sobre este, uma vez que ‘o mun<strong>do</strong>’,como local <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s, é singular e condiciona<strong>do</strong> pelas mesmas <strong>de</strong>terminaçõesi<strong>de</strong>ológicas que interpelam o indivíduo em sujeito.Rolnik (1995) diz que, para que ocorra uma mudança efetiva no âmbito social, tornasenecessário uma modificação da subjetivida<strong>de</strong> na base da qual funciona a socieda<strong>de</strong> em quevivemos. Neste senti<strong>do</strong>, o sujeito mo<strong>de</strong>rno é aquele que <strong>de</strong>sestabiliza antigos mo<strong>de</strong>los, quecontesta o que parecia incontestável em busca <strong>de</strong> algo novo e que aparentemente seja menosmanipulante.Aquela essência i<strong>de</strong>ntitária vivida como inabalável na época anterior, étomada <strong>de</strong> estranhamento, como se a casa estivesse sen<strong>do</strong> invadida por umestranho que teria imposto a sua presença, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> convite ouaceitação, já que ele é fruto <strong>do</strong> encontro com o outro, e que este encontro éinelutável. É como se com a instalação <strong>de</strong>ste intruso ficasse impossívelmanter a or<strong>de</strong>m na casa. Vou chamar <strong>de</strong> ‘estranho em nós’, esta experiência<strong>de</strong> ruptura <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> vigente, tal como vivida pelo suposto em si i<strong>de</strong>ntitário,em torno <strong>do</strong> qual se organiza o tipo <strong>do</strong>minante <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> daquelemomento, lembran<strong>do</strong> que este mesmo tipo continua a <strong>do</strong>minar ainda hoje,embora em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> agonia. (ROLNIK, 1995, p.52).
35Este sujeito mo<strong>de</strong>rno, então, é direciona<strong>do</strong> pelo me<strong>do</strong> ao “estranho em nós”, pois esterepresenta a ruptura e, esta quebra, consequentemente, configura a negação daquilo que, aprincípio, o constituiu e satisfez.Dizer que um sujeito é ‘fruto’ <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ologia marcada pelo capitalismo, segun<strong>do</strong>Orlandi (2009), não significa dizer que se está pensan<strong>do</strong> o sujeito <strong>de</strong> forma dicotomizada eestanque, mas sim, que estes sujeitos estão em constante transformação e movência.Orlandi (2009) afirma ainda que assim como a ambiência 11 proposta por Thibaud, aAD também enten<strong>de</strong> a confluência entre o “físico, espacial, humano e simbólico”(ORLANDI, 2009, p.17) como lugar <strong>de</strong> articulação da noção <strong>de</strong> espaço com a <strong>de</strong> sujeito,espaço este, em que os senti<strong>do</strong>s são constituí<strong>do</strong>s.A situação em sua totalida<strong>de</strong> serve <strong>de</strong> base para a composição <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e dasformas dadas às partes contidas neste to<strong>do</strong> – representada pelos diversos sujeitos ali inscritos -a partir <strong>do</strong>s pressupostos unificantes, a priori estabeleci<strong>do</strong>s pelo ‘espaço’.Assim, os senti<strong>do</strong>s são múltiplos e não se findam no momento em que se estabelecem,tanto é assim, que cada interlocutor <strong>de</strong> um discurso a partir da posição sujeito que ocupa vaiproduzir efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong>s.Esta posição ocupada pelo sujeito é que lhe confere i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Quan<strong>do</strong> o indivíduo seinterpela i<strong>de</strong>ologicamente em sujeito, apaga-se a construção da língua na história para que seevi<strong>de</strong>ncie como senti<strong>do</strong> já posto e, ao mesmo tempo, crie a impressão <strong>de</strong> o dito ter origemsomente na voz <strong>do</strong> sujeito que a profere. Neste senti<strong>do</strong>, Orlandi (2009, p. 49) afirma que aimpressão <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>-lá: é justamente quan<strong>do</strong> esquecemos quem disse “colonização”, quan<strong>do</strong>,on<strong>de</strong> e porquê, que este senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> colonização produz os seus efeitos.O ser sujeito discursivo, traz consigo a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> lugar ou posição que o sujeito assumee que, por este motivo, produzirá efeito sobre aquilo que ele fala. A ocupação <strong>de</strong>ste lugar nãoé tangível ao sujeito – pelo menos não diretamente – <strong>de</strong> forma que o mesmo não consegueacessar esta exteriorida<strong>de</strong> que o constitui.Morin enten<strong>de</strong> esta situação da seguinte forma:10 A mundialização segun<strong>do</strong> Orlandi (2009, p. 15) é um processo geo-histórico <strong>de</strong> extensão progressiva <strong>do</strong>capitalismo em escala planetária e que é ao mesmo tempo uma i<strong>de</strong>ologia (o liberalismo), uma moeda (odólar), um instrumento (o capitalismo), um sistema político (a <strong>de</strong>mocracia), uma língua (o inglês).11 O conceito <strong>de</strong> ambiência proposto por Thibaud, tal qual é coloca<strong>do</strong> por Eni Orlandi na obra “O discurso nacontemporaneida<strong>de</strong>” é uma crítica à objetivida<strong>de</strong> com que o espaço é reconheci<strong>do</strong> como uma extensãohomogênia, contínua e dizível.
36O indivíduo é o produto <strong>de</strong> um ciclo <strong>de</strong> reprodução. (...) Somos, portanto,produto e produtores, ao mesmo tempo. Assim, quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra ofenômeno social, são as interações entre os indivíduos que produzem asocieda<strong>de</strong>; mas a socieda<strong>de</strong> com sua cultura, suas normas retroage sobre osindivíduos humanos e os produz enquanto indivíduos sociais <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> umacultura. (MORIN, 2008, p.119).Nesse senti<strong>do</strong> Orlandi (2009, p.18) afirma que “uma certa ‘ambiência’, uma certasituação é constituída por certas condições <strong>de</strong> produção e, como somos sujeitosi<strong>de</strong>ologicamente constituí<strong>do</strong>s, uma situação se carrega <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e nos coloca em certadisposição significativa”. Esta disposição significativa é chamada por Orlandi <strong>de</strong> efeitoi<strong>de</strong>ológico, que nada mais é <strong>do</strong> que o condicionamento das ações <strong>do</strong> sujeito a um to<strong>do</strong>,conexo e significante. O movimento, sob este viés, se dá “em um espaço <strong>de</strong> interpretaçãoafeta<strong>do</strong> pelo simbólico e pelo político, <strong>de</strong>ntro da história e da socieda<strong>de</strong>.” (IBID, 2009).Por fim, po<strong>de</strong>-se afirmar que o sujeito da AD não é reconheci<strong>do</strong> no indivíduo, massim, no sujeito <strong>do</strong> discurso, ou seja, aquele marca<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ologia, pela história e pelosaspectos sociais sem se dar conta disso, ou seja, este sujeito crê que esteja nele a origem <strong>do</strong>senti<strong>do</strong> daquilo que ele fala e da postura que ele assume.2.3 AS FORMAS DISCURSIVASPara estabelecer uma forma <strong>de</strong> analisar o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um discurso, EniOrlandi criou uma tipologia que facilitasse este caráter exploratório, <strong>de</strong> forma que os critériospara esta análise baseiam-se na interação e articulação entre polissemia e paráfrase. Sen<strong>do</strong>assim, Orlandi (2009) explica que são três os tipos <strong>de</strong> discurso: o lúdico, o autoritário e opolêmico. Estes discursos po<strong>de</strong>m ser diferencia<strong>do</strong>s pela análise relacional entre o objeto <strong>do</strong>discurso e os interlocutores. Estas <strong>de</strong>nominações não atribuem um juízo <strong>de</strong> valor, sen<strong>do</strong>apenas uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> como funciona o discurso mediante suas <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m social, histórica e i<strong>de</strong>ológica.Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> pressuposto acima, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das <strong>de</strong>nominações que recebem,nenhum <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> discursos são fecha<strong>do</strong>s em si, ou seja, o que há “são misturas,
37articulações <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>” (ORLANDI, 2009, p.87) que dão ao analista, subsídios para que omesmo i<strong>de</strong>ntifique os funcionamentos <strong>do</strong>minantes <strong>de</strong> um discurso.O discurso lúdico é um discurso que se relaciona <strong>do</strong>minantemente com a polissemia,aquele em que “o referente está presente como tal, sen<strong>do</strong> que os interlocutores se expõe aosefeitos <strong>de</strong>sta presença inteiramente, regulan<strong>do</strong> sua relação com os senti<strong>do</strong>s.” (ORLANDI,2009, p.86).O discurso lúdico é ainda, aquele em que <strong>de</strong> alguma forma está presente nas “margensdas práticas sociais”, representan<strong>do</strong> a ruptura. O seu excesso é o non sense. (ORLANDI,2009).É importante lembrar que o lúdico <strong>do</strong> discurso não <strong>de</strong>ve ser visto como o brinque<strong>do</strong> <strong>do</strong>pedagógico, mas sim como uma forma <strong>de</strong> jogo <strong>de</strong> linguagem presente na Linguística.No discurso autoritário há uma tendência à paráfrase e, a polissemia aparece <strong>de</strong> formacontida, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a busca na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um único senti<strong>do</strong>. O locutor, neste caso, assumepapel principal, apagan<strong>do</strong> quase que completamente o objeto e a relação com o interlocutor.“O exagero é a or<strong>de</strong>m no senti<strong>do</strong> em se diz ‘isso é uma or<strong>de</strong>m’, em que o sujeito passa ainstrumento <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>.” (ORLANDI, 1987, p.16).Assim como menciona<strong>do</strong> anteriormente, no discurso lúdico, as pessoas po<strong>de</strong>m seguir atendência <strong>de</strong> comparar o tipo <strong>de</strong> discurso autoritário, por exemplo, com à personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>locutor. Esta falsa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>ve ser apagada, uma vez que a tipologia serve quase queexclusivamente como apoio teórico <strong>do</strong> analista no momento da análise e compreensão <strong>do</strong>funcionamento <strong>do</strong> discurso em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contexto social, i<strong>de</strong>ológico e histórico.Orlandi (2008) afirma que na socieda<strong>de</strong> atual é possível i<strong>de</strong>ntificar o discursoautoritário como o <strong>do</strong>minante, mas ao mesmo tempo enfatiza:Ao dizer que o discurso autoritário é <strong>do</strong>minante, estamos afirman<strong>do</strong> que ouso da linguagem está polariza<strong>do</strong> para o la<strong>do</strong> paráfrase. E isso se dá tambémno plano da reflexão. Vale dizer: O discurso autoritário é o discurso <strong>do</strong>mesmo e isto está refleti<strong>do</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, na concepção <strong>de</strong> linguagemque temos, na forma <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> da linguagem, nos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análisepropostos etc. Este é um <strong>de</strong>slize i<strong>de</strong>ológico que faz com que se atribua ànatureza da linguagem algo que é historicamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e se dá emrelação ao um discurso numa <strong>de</strong>terminada formação social. Se absolutiza oparcial. (ORLANDI, 2008, p.25).O que Orlandi preten<strong>de</strong> ressaltar, na citação acima, é que os tipos <strong>de</strong> discurso não sãodividi<strong>do</strong>s categoricamente. Sen<strong>do</strong> os discursos heterogêneos, estes po<strong>de</strong>m confluir entre astipologias (lúdico, autoritário e polêmico), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> polissemia e paráfrase queapresentam. Neste senti<strong>do</strong>, é correto dizer que não existe um discurso melhor ou pior e, assim,
38também não há um discurso mais correto, uma vez que seu valor é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelas condiçõesem que o mesmo se produz; evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, qual tipologia melhor irá seenquadrar.O discurso pedagógico (DP) é um discurso que <strong>de</strong>ntro da AD, por suas marcas textuaise condições <strong>de</strong> produção, tem sua tendência fortemente marcada pelo discurso autoritário,sen<strong>do</strong> este o seu discurso <strong>do</strong>minante. Vale lembrar que, assim como <strong>de</strong>fendia Orlandi estastipologias não são fechadas em si, portanto a <strong>do</strong>minância <strong>de</strong> um discurso não exclui aexistência <strong>do</strong>s outros.Orlandi (1987) elaborou um esquema para facilitar o entendimento <strong>do</strong> Discursopedagógico como um discurso autoritário.Esquema 1 – Percurso estrito da comunicação pedagógicaQuem Ensina O quê Para quem On<strong>de</strong>Imagem <strong>do</strong>professor (A)Inculca Imagem <strong>do</strong>referente (R)Imagemaluno (B)<strong>do</strong>EscolaMetalinguagemCiência/fatoAparelhosI<strong>de</strong>ológicos (X)Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORLANDI, 1987, p.16.Para explicar o esquema acima, Orlandi (1987) se apoia sob o vértice das formaçõesimaginárias <strong>de</strong> Pêcheux.Diante <strong>de</strong>sta premissa, a imagem <strong>do</strong>minante <strong>de</strong> um discurso pedagógico <strong>de</strong>veria serevi<strong>de</strong>nciada pela imagem que o aluno faz <strong>do</strong> referente, ou conforme as simbologias utilizadasno esquema <strong>de</strong> Orlandi: IB (R). Da mesma forma, a tática <strong>do</strong> discurso pedagógico <strong>de</strong>veriaestar fundamentada na pergunta pelo referente. Entretanto, o que se po<strong>de</strong> verificar é que noDP existe algo, como uma embalagem, que cria o sentimento <strong>de</strong> culpa e erro, dan<strong>do</strong> à imagem<strong>do</strong> professor, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste discurso “uma voz segura e autossuficiente.” (ORLANDI, 1987).No discurso pedagógico as perguntas são quase sempre diretas e objetivas, aparecen<strong>do</strong>como uma obrigação, fazen<strong>do</strong> com que o ensinar passe a ser um ato muito mais i<strong>de</strong>ológico <strong>do</strong>que pedagógico. O professor, neste contexto, cria (inculca) no aluno uma necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> queele preten<strong>de</strong> ensinar, instituin<strong>do</strong> uma utilida<strong>de</strong> que está <strong>de</strong>finida pelos valores sociais aosquais se propõe.
39Temos sempre a anulação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> referencial <strong>do</strong> ensino e suasubstituição por conteú<strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ológicos mascaran<strong>do</strong> as razões <strong>do</strong> sistema compalavras que merecem ser ditas por si mesmas: isto é, o conhecimentolegítimo. As mediações são sempre preenchidas pela i<strong>de</strong>ologia. (ORLANDI,1987, p. 18).Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Orlandi (1987), a inculcação se dá por outros fatores como: O “éporque é”- que é objetização/redução <strong>do</strong> conhecimento - e a cientificida<strong>de</strong> (ligada à naturezada informação) que po<strong>de</strong> ser estabelecida no discurso pedagógico pela metalinguagem e,também, através da apropriação <strong>do</strong> cientista pelo professor.O discurso pedagógico é pauta<strong>do</strong> na transmissão <strong>de</strong> informações e, para tanto, oprofessor utiliza-se <strong>de</strong> metalinguagens para facilitar o entendimento <strong>do</strong>s alunos, reduzin<strong>do</strong><strong>de</strong>sta forma a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma real compreensão <strong>do</strong>s fatos, uma vez que neste discurso(reduzi<strong>do</strong> e facilita<strong>do</strong>) proposto pelo professor, apagam-se as condições em que osconhecimentos foram construí<strong>do</strong>s, assim como, também, apaga-se a historicida<strong>de</strong> e os sujeitosque fizeram parte daquele discurso. Assim, o conhecimento chega ao aluno completamentecristaliza<strong>do</strong> e impregna<strong>do</strong> por uma i<strong>de</strong>ologia <strong>do</strong>minante.Esta mesma i<strong>de</strong>ologia vai subdividir os espaços <strong>de</strong>ntro das instituições <strong>de</strong> ensino,fragmenta<strong>do</strong>-as <strong>de</strong> tal forma, que a conexão entre elas tornar-se-á praticamente impossível.Isto também po<strong>de</strong> ser percebi<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o professor acaba assumin<strong>do</strong> e aproprian<strong>do</strong>-se davoz <strong>do</strong> cientista, sem marcar sua posição <strong>de</strong> media<strong>do</strong>r.Morin (2008) diz que a educação tem o vício <strong>de</strong> fragmentar, <strong>de</strong> simplificar emenosprezar o contexto em sua “busca pelo conhecimento”.Sen<strong>do</strong> todas as coisas causadas e causa<strong>do</strong>ras, ajudadas e ajudantes, mediatase imediatas, e todas elas mantidas por um elo natural e insensível, queinterliga as mais distantes e as mais diferentes, consi<strong>de</strong>ro impossívelconhecer as partes sem conhecer o to<strong>do</strong>, assim como conhecer o to<strong>do</strong>, semconhecer, particularmente, as partes. (PASCAL apud MORIN, 2008.p.25).O pensamento <strong>de</strong> Pascal traduz <strong>de</strong> forma clara que as estruturas formais vem buscan<strong>do</strong>reduzir o complexo ao simples, transformar o multidimensional em unidimensional, e em<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>stas atitu<strong>de</strong>s, construir mentalida<strong>de</strong>s atrofiadas que sejam incapazes <strong>de</strong> percebera globalida<strong>de</strong> das coisas, manten<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma a <strong>do</strong>minância <strong>de</strong> um discurso autoritário<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s discursos pedagógicos.
40O discurso polêmico é aquele que se consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong>sejável para uma socieda<strong>de</strong> em quese busca a criticida<strong>de</strong>. Nele é possível encontrar uma polissemia controlada equilibran<strong>do</strong>-setensamente com a paráfrase, <strong>de</strong> forma que o exagero configura a injúria (ORLANDI,1987).O objeto <strong>do</strong> discurso não fica obscuro pelos dizeres, mas movimenta-se na medida emque é disputa<strong>do</strong> pelos interlocutores, possuin<strong>do</strong> assim a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um sentin<strong>do</strong>,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> pressuposto assumi<strong>do</strong>.2.4 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO: DAS PRIMEIRAS FORMAS DE ENSINOAO ENSINO A DISTÂNCIAÉ muito difícil <strong>de</strong>finir especificamente quan<strong>do</strong> surgiu a primeira forma <strong>de</strong> educação,até porque faz parte da essência <strong>do</strong>s seres humanos, ensinar e apren<strong>de</strong>r. Na pré-história, porexemplo, os indivíduos mais velhos, ensinavam aos mais jovens as técnicas <strong>de</strong> caça, pesca ecoleta. Isso era repassa<strong>do</strong> e reproduzi<strong>do</strong> por mimetismo.De acor<strong>do</strong> com Aranha (2002), este perío<strong>do</strong> foi marca<strong>do</strong> pela homogeneida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong>tu<strong>do</strong> era <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Entretanto, mesmo que <strong>de</strong> forma inconsciente, esta socieda<strong>de</strong> era balizadapela seleção natural, ou seja, os que tinham mais <strong>de</strong>streza e força acabavam li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ogrupo.No perío<strong>do</strong> clássico, tanto os povos <strong>de</strong> origem grega, quanto os romanos foram fortespropulsores <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ários pedagógicos, inventan<strong>do</strong> as ciências como a astronomia, apedagogia, o direito, a aritmética, geometria e, também, a língua latina. Já neste perío<strong>do</strong> aeducação era exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma elite <strong>do</strong>minante, que ten<strong>do</strong> acesso a estes conhecimentos,passaria a manter-se no po<strong>de</strong>r.Na Ida<strong>de</strong> Média, os resíduos culturais advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> clássico, alia<strong>do</strong> a potênciaJudaico-cristã, ficam sobre a guarda da Igreja. Aranha (2002) afirma que, neste perío<strong>do</strong>,somente os monges sabiam ler fazen<strong>do</strong> da Igreja soberana no controle social, pautan<strong>do</strong>-se no‘saber divino’ para controlar a educação, os preceitos morais e éticos. É ainda neste perío<strong>do</strong>histórico que as primeiras Universida<strong>de</strong>s são criadas pelo incentivo burguês faminto <strong>de</strong>conhecimento.
41O Renascimento aponta a transição <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> medieval para a Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, <strong>do</strong>feudalismo para o capitalismo, com o resgate da percepção <strong>do</strong> homem em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s(antropocentrismo). É neste perío<strong>do</strong> que o interesse pela educação se expan<strong>de</strong>, principalmenteatravés da crescente criação <strong>de</strong> colégios. “Educar se torna uma questão <strong>de</strong> moda e umaexigência, segun<strong>do</strong> a nova concepção <strong>de</strong> homem”. (ARANHA, 2002, p.90). A meta da escola,não se resumia ao repasse <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s, mas também à formação moral.Embora esta socieda<strong>de</strong> rejeitasse aos antigos <strong>do</strong>gmas medievais, ainda abrigava em sio princípio da hierarquização, excluin<strong>do</strong> da educação, a maior parte da população.Foi na ida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna que a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> educação foi se solidifican<strong>do</strong>, juntamente com asmais diversas meto<strong>do</strong>logias que na gran<strong>de</strong> maioria das vezes, agregavam apenas uma nova‘roupagem’ daquilo que historicamente já estava <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>: or<strong>de</strong>m, disciplina,quantificação, enquadramento social, etc. De uma forma ou <strong>de</strong> outra, os aprendizes estavamsujeitos aos preceitos <strong>de</strong> um terceiro socialmente qualifica<strong>do</strong> para tal ação.Com o passar <strong>do</strong>s anos e, também, com a criação e passagem <strong>de</strong> diferentes teoriaspedagógicas <strong>de</strong>ntro das instituições <strong>de</strong> ensino, a educação foi seguin<strong>do</strong> caminhos <strong>de</strong> ilusóriaconsciência. Via-se que o mo<strong>de</strong>lo educacional até então proposto já não mais atendia ao perfil<strong>de</strong> aluno presente na socieda<strong>de</strong>, principalmente aqueles que haviam nasci<strong>do</strong> após o advento dainternet. Ou seja, havia um <strong>de</strong>sequilíbrio muito gran<strong>de</strong> entre a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alunos e ojeito como se ensinava.Talvez como uma forma <strong>de</strong> manter o disciplinamento, os responsáveis pela educaçãocomeçaram a pensar em outros formatos que pu<strong>de</strong>ssem chamar mais a atenção <strong>do</strong>s alunospara a educação formal. A alternativa foi, em alguns casos, <strong>de</strong>ixar que a tecnologia, tãopresente no cotidiano <strong>do</strong>s alunos fora da escola, fizesse também parte <strong>de</strong>la.Se por um la<strong>do</strong> esta i<strong>de</strong>ia teve sua parcela <strong>de</strong> contribuição, por outro se sabe que este“novo”, sem uma real significação, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o velho sob uma ‘nova’ perspectiva.Assim, <strong>de</strong> nada adiantou a tecnologia para os alunos, se os professores não sabiam comomanejar a máquina e fazer as relações necessárias com os conteú<strong>do</strong>s. É claro que não se po<strong>de</strong>generalizar, pois se assim for feito cai-se no mesmo abismo que a educação vem persistin<strong>do</strong>escorregar.Da mesma forma que a tecnologia entrou em sala <strong>de</strong> aula para dar maior mobilida<strong>de</strong> esignificação aos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s alunos da ‘era da informação’, pensou-se na tecnologia, também,para quebrar as barreiras <strong>de</strong> espaço e tempo que separavam os alunos adultos dasUniversida<strong>de</strong>s.
42Neste perío<strong>do</strong> já existiam, há anos, diversos programas que ofereciam educação adistância para alunos adultos. Estes mo<strong>de</strong>los geralmente eram sustenta<strong>do</strong>s meto<strong>do</strong>logicamentepor livros didáticos, aulas tele-transmitidas ou por correspondência.O surgimento da internet <strong>de</strong>ntro da educação a distância configura aquilo que em ADchama-se acontecimento discursivo. Ou seja, a partir <strong>do</strong> momento em que a internet passou afazer parte da EaD, quebra-se com um antigo paradigma <strong>de</strong> ensino (que continuou existin<strong>do</strong><strong>de</strong> forma suspensa) e abre-se portas para uma ‘nova’ forma <strong>de</strong> aprendizagem, on<strong>de</strong> os lugareshistoricamente construí<strong>do</strong>s passam a atuar em posições diferentes, crian<strong>do</strong> um certo<strong>de</strong>sequilíbrio entre as formações imaginárias que os indivíduos construíram e a realida<strong>de</strong>concreta que a EaD - na perspectiva online - se propõe a trabalhar.É importante levar em consi<strong>de</strong>ração que neste momento não cabe um juízo <strong>de</strong> valorsobre o mo<strong>de</strong>lo anterior à internet ou posterior à ela, pois enten<strong>de</strong>-se que o valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>cada situação, <strong>do</strong> momento histórico e das formações que o sujeito se inscreveu ao longo <strong>de</strong>sua vida. O que será feito, a partir <strong>de</strong> agora, é começar a <strong>de</strong>linear e i<strong>de</strong>ntificar os diferentessujeitos inscritos nestes processos e que darão subsídios para melhor enten<strong>de</strong>r o sujeito leitorapren<strong>de</strong>nte que se preten<strong>de</strong> materializar ao longo <strong>de</strong>sta pesquisa.Tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância, existe um sujeito leitor quefoi pensa<strong>do</strong> por outro sujeito, neste caso o autor, que tem o objetivo <strong>de</strong> planejar os estu<strong>do</strong>s,cronogramas e avaliações das disciplinas em um curso, para aten<strong>de</strong>r a um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>sujeito social que gera esta <strong>de</strong>manda.O que se percebe, no entanto, é que mesmo tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensinodistintas o perfil <strong>de</strong>ste sujeito leitor é muito similar, justamente pelo fato <strong>de</strong> que as pessoasque fazem uso da EaD, tentam transportar para o ensino a distância, as formações imagináriasconstruídas sobre os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ensino presencial, com o intuito <strong>de</strong> criar uma i<strong>de</strong>ntificação,mesmo que inconsciente, <strong>de</strong>stes padrões educacionais. É claro que não se tem a inocência <strong>de</strong>achar que nada da EaD remete ao ensino presencial, pois é evi<strong>de</strong>nte que o sujeito autor nomomento da construção <strong>do</strong> EVA também está impregna<strong>do</strong> por estes pré-construí<strong>do</strong>seducacionais, transportan<strong>do</strong> assim, as suas memórias acerca da educação para aquele espaçoque a priori <strong>de</strong>veria ser diferencia<strong>do</strong>.
43Quadro 1 – Diferencian<strong>do</strong> o sujeito leitor <strong>do</strong> ensino presencial para o ensino a distância.Ensino PresencialGra<strong>de</strong> curricular pré estabelecidaCertificaçãoEspaço <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>Tempo <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>ProfessorCronogramas <strong>de</strong> aulas e avaliaçõesFonte: Hinckel, 2011.Sujeito LeitorEnsino a DistânciaGra<strong>de</strong> curricular pré estabelecidaCertificaçãoEspaço abertoTempo parcialmente <strong>de</strong>limita<strong>do</strong>ProfessorProposta <strong>de</strong> Cronograma <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ecronogramas com datas fechadas paraavaliaçõesAcompanhan<strong>do</strong> o quadro apresenta<strong>do</strong> po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar claramente que, mesmo setratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino diferenciadas, em prática, o sujeito leitor <strong>do</strong> ensinopresencial, se transportou para o ensino a distância com pequenas modificações, relativasmais a presencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que a meto<strong>do</strong>logia propriamente dita. Ou seja, tanto em um mo<strong>de</strong>loquanto em outro, o aluno tem uma gra<strong>de</strong> curricular pré-<strong>de</strong>terminada institucionalmente; temum professor que pensará nos conteú<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> seu lugar social, <strong>de</strong>limitan<strong>do</strong> o que é, ounão, pertinente ensinar; existe um cronograma com datas chaves a serem seguidas (na EaDestas datas fixas se referem exclusivamente as avaliações <strong>de</strong> aprendizagem); e, por fim, oaluno testará seus conhecimentos em uma avaliação que a critério <strong>do</strong> professor terá seure<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> apto, ou não, para a aprovação <strong>do</strong> aluno.Diante <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s acima e preven<strong>do</strong> o percurso ao qual estará sujeita esta pesquisa,julga-se importante então, estabelecer e <strong>de</strong>finir o que se enten<strong>de</strong> especificamente porEducação a Distância, <strong>de</strong>linean<strong>do</strong> o seu percurso histórico, para então falarmos sobre quem éo nosso leitor apren<strong>de</strong>nte e como ele adquiri materialida<strong>de</strong>.O ‘cunho’ Educação a Distância (EaD), aponta à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> separação entre alunos eprofessores durante os processos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem. A<strong>de</strong>mais, para que estes objetivossejam atingi<strong>do</strong>s é necessário que se empregue artifícios, mais especificamente tecnologias,que permitam a transmissão <strong>de</strong> informações e a interação entre os sujeitos envolvi<strong>do</strong>s.(MOORE; KEARSLEY, 2008).É importante <strong>de</strong>ixar claro, que se enten<strong>de</strong> que não só o acesso a re<strong>de</strong> (internet)configura o que chamamos <strong>de</strong> tecnologia, mas que será a partir <strong>de</strong>sta vertente que será dadamaior ênfase.
442.4.1 Um breve histórico <strong>do</strong> ensino a distânciaNão se sabe muito especificamente quan<strong>do</strong> foi que a Educação a Distância começou.De acor<strong>do</strong> com Nunes (2009), é possível que a primeira vez que este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensino seregistrou como notícia foi em 1728, em um anúncio ao Jornal Gazzete <strong>de</strong> Boston, nos Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s, em que Caleb Philips, oferecia aulas a distância através <strong>de</strong> lições que eramencaminhadas todas as semanas por correspondência.Depois <strong>de</strong>ste registro, foram aparecen<strong>do</strong> outros cursos, alguns <strong>de</strong> extensão, outrospreparatórios para concursos públicos, isoladamente em diversos países <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s eEuropa, ten<strong>do</strong> como ponto em comum, a distância e o envio <strong>do</strong>s materiais porcorrespondência.Em 1928, a British Broadcasting Corporation (BBC), que é uma emissora pública <strong>de</strong>rádio e televisão <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>, cria cursos com o intuito <strong>de</strong> educar adultos, utilizan<strong>do</strong>rádio. Esta mesma tecnologia foi utilizada no Brasil na década <strong>de</strong> trinta. Deste perío<strong>do</strong> atémea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, as meto<strong>do</strong>logias referentes ao ensino por correspondência foram se<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> e sen<strong>do</strong> influenciadas <strong>de</strong> forma marcante pela insurgência <strong>do</strong>s novos meios <strong>de</strong>comunicação <strong>de</strong> massa, mais especificamente a televisão.O verda<strong>de</strong>iro avanço no que se refere a EaD no mun<strong>do</strong>, acontece a partir da década <strong>de</strong>60, “com a institucionalização <strong>de</strong> várias ações nos campos da educação secundária e superior,começan<strong>do</strong> pela Europa (França e Inglaterra) e se expandin<strong>do</strong> aos <strong>de</strong>mais continentes”.(NUNES, 2009, p.3). E, é neste cenário que, em 1969, surge na Inglaterra a Open University;e que a televisão educativa se consolida como forte aliada no acesso ao ensino, combinan<strong>do</strong>áudio e ví<strong>de</strong>o, que aos poucos foram sen<strong>do</strong> articula<strong>do</strong>s a outros meios, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>, <strong>de</strong>staforma, novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se obter o conhecimento.Com o surgimento <strong>de</strong> outras tecnologias, como o computa<strong>do</strong>r e a internet, osprocessos relativos a EaD vem se especializan<strong>do</strong> e promoven<strong>do</strong> uma mudança radical nospadrões, até então conheci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensino e aprendizagem. De acor<strong>do</strong> com Nunes (2009), aatualida<strong>de</strong> trabalha sob o viés das potencialida<strong>de</strong>s, articulan<strong>do</strong> telemática à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> re<strong>de</strong> eorganizações virtuais.Assim como no restante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a EaD no Brasil passou por uma série <strong>de</strong> momentosdiferencia<strong>do</strong>s, no que diz respeito ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferta, movimentan<strong>do</strong>-se na utilização <strong>de</strong>
45diferentes tecnologias, atualizan<strong>do</strong>-se a cada época, com o intuito <strong>de</strong> tornar os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ensino mais eficientes e váli<strong>do</strong>s para os alunos.Segun<strong>do</strong> Alves (2009), há registros históricos que apontam o Brasil como um <strong>do</strong>sprincipais países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento da EaD até a década <strong>de</strong> 70. Depois <strong>de</strong>steperío<strong>do</strong> houve certa estagnação <strong>do</strong> país e o avanço <strong>de</strong> outros no que diz respeito ao ensino adistância. Somente no final <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> – década <strong>de</strong> 90 – é que novas ações começarama ser implementadas na busca pelo crescimento da EaD no país.Os primeiros da<strong>do</strong>s e informações sobre a educação a distância no Brasil remontam oano <strong>de</strong> 1900, quan<strong>do</strong> alguns jornais <strong>de</strong> circulação da época, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, divulgavamcursos profissionalizantes por correspondência, sen<strong>do</strong> que os materiais eram encaminha<strong>do</strong>spelos correios, que naquele perío<strong>do</strong> realizavam suas entregas principalmente através <strong>do</strong>transporte ferroviário. (ALVES, 2009).Durante a década <strong>de</strong> 20, mais especificamente no ano <strong>de</strong> 1923, surge a RádioSocieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, que tinha a função <strong>de</strong> favorecer e possibilitar a educaçãopopular. Muito embora esta iniciativa privada tenha atingi<strong>do</strong> êxito, representava umapreocupação ao governo, pois este entendia que os programas po<strong>de</strong>riam abordar temas <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m subversiva.Conforme aponta Maia e Mattar (2007), no ano <strong>de</strong> 1936, diante das fortes pressõespolíticas e das exigências impostas <strong>de</strong> difícil cumprimento, a rádio foi <strong>do</strong>ada ao entãoMinistério Educação e Saú<strong>de</strong>. Um ano mais tar<strong>de</strong> é cria<strong>do</strong> o serviço <strong>de</strong> RadiodifusãoEducativa <strong>do</strong> Ministério da Educação.Vários foram os projetos brasileiros, principalmente <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> adultos que seutilizaram <strong>de</strong>ste meio radiofônico, entre eles: Movimento <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Base (1959),Mobral (1967). Em 1969, com a queima <strong>do</strong> estopim da revolução e a censura em alta, foramproibidas e abortadas todas as iniciativas educativas relacionadas a rádio educativa brasileira.Segun<strong>do</strong> Nunes (2009), talvez este seja um <strong>do</strong>s motivos da queda <strong>do</strong> Brasil nos avançosrelativos a EaD no mun<strong>do</strong>.Outro meio <strong>de</strong> propagação <strong>do</strong> ensino a distância foi a TV Educativa. O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>maior incentivo ocorreu entre as décadas <strong>de</strong> 60 e 70. Em 1967, os canais <strong>de</strong> TV educativaforam força<strong>do</strong>s, por <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> Código Brasileiro <strong>de</strong> telecomunicações, a transmitirprogramas educativos. No princípio foi uma obrigação, mas <strong>de</strong>pois da década <strong>de</strong> 90, <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com Alves (2009), ficaram <strong>de</strong>sobrigadas da cessão <strong>de</strong> horários diários para ateletransmissão <strong>de</strong> programas educativos.
46Uma das iniciativas mais louváveis, e que até hoje aten<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> adultos e jovensé a i<strong>de</strong>alizada pela Fundação Roberto Marinho, que criou diversos programas relaciona<strong>do</strong>s aeducação, sen<strong>do</strong> o principal <strong>de</strong>les o Telecurso. Esta fundação “atua por mecanismos <strong>de</strong> apoio,para que os alunos obtenham a certificação pelo po<strong>de</strong>r público.” (ALVES, 2009, p.10).Segun<strong>do</strong> Maia e Mattar (2007), o programa educacional atualmente intitula<strong>do</strong> comoTelecurso 2000, oferece um mix <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s para o estu<strong>do</strong>, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o programa natelevisão, até livros, ví<strong>de</strong>os e salas para que os alunos tenham acesso aos materiais <strong>de</strong> apoio.Assim como o rádio e a televisão, os computa<strong>do</strong>res e a internet também foram e,continuam sen<strong>do</strong>, gran<strong>de</strong>s alia<strong>do</strong>s nos processos <strong>de</strong> aquisição e acesso ao conhecimento. Se,no início, os computa<strong>do</strong>res eram caros e o acesso a internet era exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poucos,atualmente esta realida<strong>de</strong> vem se modifican<strong>do</strong> e tornan<strong>do</strong> cada vez mais acessível, não só oacesso as tecnologias, mas também aos benefícios educacionais que a mesmo po<strong>de</strong> trazer.Talvez, por este motivo seja possível notar um avanço da EaD brasileira, no perío<strong>do</strong>que vai <strong>do</strong> final <strong>do</strong>s anos oitenta até o início <strong>do</strong>s anos noventa, quan<strong>do</strong> esta modalida<strong>de</strong> passaa existir oficialmente no Brasil pela Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei9.394/96), reservan<strong>do</strong> um artigo específico para a EaD (art 80 12 ).O ano <strong>de</strong> 1998, segun<strong>do</strong> Maia e Mattar (2007), foi marca<strong>do</strong> pelas normatizações ecre<strong>de</strong>nciamentos para a oferta <strong>de</strong> EaD pelas instituições <strong>de</strong> ensino superior e escolas técnicasprofissionalizantes.Portanto, o final <strong>do</strong>s anos noventa trouxe juntamente com a internet e as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>comunicação, “reflexões sobre práticas e meto<strong>do</strong>logias pedagógicas que permitissem o uso <strong>de</strong>ferramentas interativas para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino-aprendizagem.” (MAIA EMATTAR, 2007, p.29).O progresso ocasiona<strong>do</strong> por estas reflexões teve como re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> a Portaria 2.253 <strong>de</strong>outubro <strong>de</strong> 2001, em que o Ministério da Educação regulamenta que os cursos <strong>de</strong> ensinosuperior po<strong>de</strong>m ter até 20% <strong>de</strong> sua carga horária oferecida a distância.Ilustran<strong>do</strong> o caminho histórico que a EaD percorreu, será agrupa<strong>do</strong> abaixo osmovimentos que representaram significativa expressão no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong><strong>de</strong> ensino.12 Art. 80. O Po<strong>de</strong>r Público incentivará o <strong>de</strong>senvolvimento e a veiculação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> ensino a distância,em to<strong>do</strong>s os níveis e modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, e <strong>de</strong> educação continuada.
47Quadro 2 – Principais momentos da EaD no Brasil até o início <strong>do</strong> século XXI.AnoPrincipais estágios <strong>do</strong> ensino a distância no Brasil1904 Ensino por correspondência1923 Educação pelo rádio1959 Movimento <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Base1965 Criação das TVs educativas pelo po<strong>de</strong>r público1967 Mobral1977 Telecurso1994 Início da oferta <strong>de</strong> cursos superiores a distância1995 Fundação da Abed (Associação Brasileira <strong>de</strong> Educação a Distância)1996 Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação (art. 80)1997 Criação <strong>de</strong> ambientes virtuais <strong>de</strong> aprendizagem1998 Decretos e portarias <strong>de</strong> normatização da EaD1999 Cre<strong>de</strong>nciamento oficial <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino superior para atuação namodalida<strong>de</strong> a distância.2001 Regulamentação <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> 20% <strong>do</strong>s cursos presenciais na modalida<strong>de</strong> adistância.Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Maia e Mattar (2007, p.32).Diante <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que foi exposto, no que diz respeito a história da EaD no Brasil e nomun<strong>do</strong>, Moore e Kearsley (2008) evi<strong>de</strong>nciam que a Educação a distância passou por cincoestágios <strong>de</strong> evolução, diferencia<strong>do</strong>s, principalmente pelas tecnologias empregadas em cadauma <strong>de</strong>stas fases.1. A primeira geração <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> por correspondência/ em casa/in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte proporcionou o fundamento para a educaçãoindividualizada a distância.2. A segunda geração, <strong>de</strong> transmissão por rádio e televisão, teve pouca ounenhuma interação <strong>de</strong> professores com alunos, exceto quan<strong>do</strong>relacionada a um curso por correspondência; porém, agregou asdimensões oral e visual à apresentação <strong>de</strong> informações aos alunos adistância.3. a terceira geração – as <strong>universida<strong>de</strong></strong>s abertas – surgiu <strong>de</strong> experiênciasnorte-americanas e integravam áudio, ví<strong>de</strong>o e correspondência comorientação face-a-face, usan<strong>do</strong> equipes <strong>de</strong> cursos em um méto<strong>do</strong> práticopara a criação e veiculação <strong>de</strong> instrução em uma abordagem sistêmica.4. A quarta geração utilizou a teleconferência por áudio, ví<strong>de</strong>o ecomputa<strong>do</strong>r, proporcionan<strong>do</strong> a primeira interação em tempo real <strong>de</strong>
48alunos com alunos e instrutores a distância. O méto<strong>do</strong> era aprecia<strong>do</strong>principalmente para treinamento corporativo.5. A quinta geração, a <strong>de</strong> classes virtuais online com base na internet, temre<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> em enorme interesse e ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escala mundial pelaeducação a distância, com méto<strong>do</strong>s construtivistas <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> ecolaboração, e na convergência entre texto, áudio e ví<strong>de</strong>o em uma únicaplataforma <strong>de</strong> comunicação. (MOORE; KEARSLEY, 2008, p.47).2.4.2 As modalida<strong>de</strong>s em EaDA EaD, como meio <strong>de</strong> aprendizagem e educação, possui <strong>do</strong>is sistemas <strong>de</strong> oferta: oformal e o informal. Dentro <strong>do</strong> sistema formal: tem-se a modalida<strong>de</strong> fechada (convencional) ea modalida<strong>de</strong> aberta; e, no sistema informal, têm-se vários projetos educacionais, mas nestapesquisa trabalhar-se-á especificamente com o Projeto OpenLearn <strong>de</strong> Recursos EducacionaisAbertos.Entre as modalida<strong>de</strong>s e sistemas apresenta<strong>do</strong>s, será dada ênfase aos mo<strong>de</strong>los esistemas que corroborem com esta pesquisa. A partir <strong>de</strong> agora será possível conhecer umpouco mais sobre a modalida<strong>de</strong> 13 aberta <strong>do</strong> sistema formal.O conceito <strong>de</strong> abertura relaciona<strong>do</strong> à aprendizagem em EaD é muito varia<strong>do</strong>. Deacor<strong>do</strong> com Santos (2009), estes sistemas englobam mais <strong>do</strong> que a aprendizagem, ou seja, ofoco também está condiciona<strong>do</strong> ao ensino. Há <strong>de</strong>finições que falam sobre a relação espaço etempo, que trabalham com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ritmo e necessida<strong>de</strong>s diferenciadas <strong>de</strong> aprendizagem(MANPOWER COMMISSION, 1984 apud SANTOS, 2009), ou consi<strong>de</strong>rações que enten<strong>de</strong>mque os mo<strong>de</strong>los abertos não <strong>de</strong>vem exigir qualificação mínima para o ingresso <strong>do</strong> aluno(BAILEY, 1987 apud SANTOS, 2009) - o que varia muito <strong>de</strong> uma instituição para outra - eainda, aqueles relaciona<strong>do</strong>s a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha (CUNNINGHAM, 1987 apud SANTOS,2009), on<strong>de</strong> o aluno será o propositor <strong>de</strong> sua forma <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r em conjunto com os méto<strong>do</strong>sofereci<strong>do</strong>s para ensinar.Os sistemas abertos são mais <strong>do</strong> que uma forma <strong>de</strong> aprendizagem, são umaforma <strong>de</strong> educação. A educação aberta, portanto, engloba as práticas <strong>de</strong>apren<strong>de</strong>r e ensinar. É mais abrangente <strong>do</strong> que somente um enfoque na13 A modalida<strong>de</strong> aberta no sistema informal será tratada no momento em que falarmos <strong>do</strong> projeto OpenLearn,mais adiante.
49aprendizagem; diz respeito a um sistema educacional que envolve oprofessor, o aluno, a instituição e o contexto. (SANTOS, 2009, p.290).Entre os fatores que caracterizam a abertura, em uma Universida<strong>de</strong> Aberta, estão a“flexibilida<strong>de</strong> na admissão <strong>de</strong> estudantes e a oferta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagemvariadas” (SANTOS, 2009, p.290). Assim, esta abertura é constituída por diversas escalasque vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o acesso ao ensino por estudantes sem comprovação mínima <strong>de</strong> qualificações 14 ,até a configuração modular que permite que os estudantes “criem” sua rota <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> notempo que precisam e, no final, obtenham certificação por cada módulo (se isso for necessárioao aluno).Santos (2009) elaborou uma análise comparativa entre o mo<strong>de</strong>lo aberto <strong>de</strong> ensino e omo<strong>de</strong>lo fecha<strong>do</strong> que se consi<strong>de</strong>rou muito conexa. Assim, para autora, em um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>ensino aberto - constituí<strong>do</strong> como educação formal, por possuir um vínculo institucional,curricular, pedagógico, com professores e avaliações, em prol <strong>de</strong> uma certificação - opercurso <strong>do</strong> aluno na construção <strong>de</strong> seu aprendiza<strong>do</strong> acontece <strong>de</strong> forma afunilada,contrapon<strong>do</strong>-se ao mo<strong>de</strong>lo fecha<strong>do</strong> (convencional) que ocorre <strong>de</strong> forma cíclica.Figura 1 – Comparação entre o sistema aberto <strong>de</strong> educação (afunila<strong>do</strong>) e o sistema convencional (cíclico).SISTEMA ABERTOSISTEMA FECHADOProcesso SeletivoQualificaçõesPréviasMensalida<strong>de</strong>sAvaliaçõesFonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santos, 2009.Como se po<strong>de</strong> perceber na figura acima, no sistema aberto o processo <strong>de</strong> entrada esaída <strong>do</strong> aluno ocorre <strong>de</strong> maneira afunilada, ou seja, há uma maior flexibilida<strong>de</strong> no ingresso.Contrariamente, durante a saída <strong>de</strong>ste aluno <strong>do</strong> sistema (que se constitui formal) é necessárioque ele vali<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> através das avaliações, no intuito <strong>de</strong> adquirir um diploma que14 Lembra-se que esta qualificação mínima é muito particular em cada instituição.
50lhe confere capacitação perante a socieda<strong>de</strong>. Já no sistema fecha<strong>do</strong> (cíclico), to<strong>do</strong>s os fatoressão inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, ou seja, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m uns <strong>do</strong>s outros. Ex: O aluno <strong>de</strong>ve ter qualificaçãoprévia para realizar o processo seletivo <strong>de</strong> ingresso em uma instituição. O processo seletivoinforma os indivíduos que passaram e estes estão condiciona<strong>do</strong>s a uma mensalida<strong>de</strong> 15 paraingresso. E por fim, o aluno só receberá a sua qualificação se passar pelos exames avaliativos<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.Em <strong>universida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> caráter aberto, as disciplinas são modulares, para que cada uma<strong>de</strong>las possa ser trabalhada separadamente, oferecen<strong>do</strong> uma certificação específica. Além <strong>do</strong>caráter <strong>de</strong> formação superior, as <strong>universida<strong>de</strong></strong>s abertas aten<strong>de</strong>m também aos indivíduosmovi<strong>do</strong>s por um interesse pessoal ou por <strong>de</strong>mandas empresariais <strong>de</strong> qualificação <strong>de</strong>funcionários, sen<strong>do</strong> que esta ocorre <strong>de</strong> maneira muito pontual, ou seja, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com osanseios especifica<strong>do</strong>s pela empresa.Conjuntamente a tu<strong>do</strong> o que foi exposto sobre a EaD, a meto<strong>do</strong>logia referente aeducação a distância vem caminhan<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> da teoria que dá suporte a educação <strong>de</strong> adultos,teoria esta conhecida como Andragogia.2.4.3 A Andragogia e a Heutagogia como princípios nortea<strong>do</strong>res da EaDA Andragogia é percebida atualmente como uma ciência, cuja teoria educacional édirecionada ao ensino <strong>de</strong> adultos; especialmente aqueles com espírito autônomo que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m“apren<strong>de</strong>r algo que seja importante para a sua vida e trabalho, passan<strong>do</strong> a ter um papel ativoem seu processo <strong>de</strong> aprendizagem e na realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s nas mesmas condições que os<strong>de</strong>mais participantes (professores e alunos)” (ALMEIDA, 2009, p.105), ou seja, este conceitoé uma expansão <strong>de</strong> outros conceitos educacionais já existentes e que consi<strong>de</strong>raram a educaçãocomo uma formação continuada, transpon<strong>do</strong>-se ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação escolar.Realizan<strong>do</strong> uma análise etimológica <strong>do</strong> termo Andragogia, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>tectar a relação<strong>do</strong> nome com o seu propósito. Andros vem <strong>do</strong> grego e significa adulto, enquanto agogus é omesmo que educar e conduzir. De acor<strong>do</strong> com Almeida (2009), a primeira vez que se utilizoueste termo foi em 1833, pelo professor Alexan<strong>de</strong>r Kapp, com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver os da<strong>do</strong>s15 Esta mensalida<strong>de</strong> também existe <strong>de</strong> forma subliminar no ensino público, só que é convertida para toda apopulação sob a forma <strong>de</strong> impostos.
51da teoria <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Platão, que realizava algumas experiências <strong>de</strong> indagação, interação edialética com um grupo <strong>de</strong> jovens e adultos.Tanto Chotguis (2007) quanto Mota (2009), citam Knowles (1984) para falar que aandragogia como mo<strong>de</strong>lo educacional tem suas bases apoiadas em pressupostos diferentes <strong>do</strong>smo<strong>de</strong>los pedagógicos que são direciona<strong>do</strong>s para crianças e jovens. Entre eles:- Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber – Esta necessida<strong>de</strong> esta relacionada a significação <strong>do</strong> sujeito comaquilo que vai apren<strong>de</strong>r. Toda energia dispensada para a aprendizagem só é eficiente quan<strong>do</strong>aquele que se dispõe a apren<strong>de</strong>r consegue compreen<strong>de</strong>r e i<strong>de</strong>ntificar por si quais os prós econtras da aprendizagem;- Autoconceito – O autoconceito reflete o <strong>de</strong>sejo daquele que apren<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser visto e sentir-secomo o responsável por suas <strong>de</strong>cisões, o que os torna resistentes a imposições;- Papel da experiência – A varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências vividas por um aluno adulto contribui <strong>de</strong>forma ímpar na significação <strong>do</strong> que é estuda<strong>do</strong> por vínculos associativos, que contextualizamo objeto <strong>de</strong> ensino no momento da aprendizagem;- Prontos para apren<strong>de</strong>r – Para que um aluno adulto aprenda, basta que este esteja pronto paraapren<strong>de</strong>r, ou seja, este aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser motiva<strong>do</strong> pela conquista <strong>de</strong> algum objetivo real erelevante para o aluno;- Caminhos para a aprendizagem – Se para as crianças a orientação educacional parte <strong>do</strong>sconteú<strong>do</strong>s ou <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da meto<strong>do</strong>logia), a Educação pautada naAndragogia <strong>de</strong>ve orientar e significar os conteú<strong>do</strong>s a partir da realida<strong>de</strong> concreta daquele quese propõe a apren<strong>de</strong>r;- Motivação – A motivação é fator fundamental para a aprendizagem <strong>do</strong>s adultos, seja elaexterna (emprego, salário, carreira, etc), ou interna (autoestima, realização, etc), sen<strong>do</strong> queesta última exerce maior po<strong>de</strong>r no momento <strong>de</strong> conquistar o conhecimento.Assim como o conceito <strong>de</strong> Andragogia, outro termo bastante dissemina<strong>do</strong> naperspectiva da Educação a Distância é o da Heutagogia. A Heutagogia representa aproativida<strong>de</strong> e a autonomia <strong>do</strong> aluno nos processos <strong>de</strong> aquisição <strong>do</strong> conhecimento, ou seja,traz consigo uma aproximação entre a aprendizagem e o compartilhamento <strong>de</strong> experiências,na negociação <strong>do</strong>s saberes e <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e elevan<strong>do</strong> a aprendizagem para a conscientização,no mesmo nível <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ários Freireanos.
52A busca <strong>de</strong> condições para ancorar a Heutagogia requer a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>princípios coerentes com a aprendizagem em contexto, a partir daexperiência <strong>de</strong> vida, da interação social e da educação transforma<strong>do</strong>ra ereflexiva, associa<strong>do</strong>s a meto<strong>do</strong>logias que atendam as necessida<strong>de</strong>sespecíficas da educação <strong>de</strong> adultos, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as contribuições dasTICs para a educação mediada por tecnologias. (ALMEIDA, 2009, p.106).O conceito <strong>de</strong> Heutagogia, assim, está diretamente liga<strong>do</strong> a questão da autonomia e damodificação <strong>do</strong> eixo nortea<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s processos educacionais. Se comumente é o professor queescolhe os caminhos; pelos princípios da Heutagogia estes <strong>de</strong>vem ser propostos pelo aluno,que assumem a responsabilida<strong>de</strong> por sua aprendizagem.Por conseguinte, ven<strong>do</strong> na EaD a criação <strong>de</strong> espaços que priorizem ocompartilhamento <strong>de</strong> experiências, <strong>de</strong> forma que estas façam senti<strong>do</strong> no contexto em que sãoconstruídas, enten<strong>de</strong>-se que tanto os princípios Andragógicos quanto os Heutagógicos sãofatores <strong>de</strong>terminantes que <strong>de</strong>vem ser percebi<strong>do</strong>s no espaço <strong>de</strong> possível materialização <strong>do</strong>Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> OpenLearn.Para que seja possível enten<strong>de</strong>r o projeto OpenLearn e as diferentes Forma-sujeito quenele estão previstos - sob a perspectiva da analista <strong>de</strong>ste trabalho- é necessário saber quais sãoas condições <strong>de</strong> produção, os discursos que atravessam este projeto e, para tanto, torna-seimprescindível fazer uma breve <strong>de</strong>scrição da Universida<strong>de</strong> que i<strong>de</strong>alizou o OpenLearn.
533 A OPEN UNIVERSITYA Open University foi uma das primeiras <strong>universida<strong>de</strong></strong>s a distância <strong>de</strong> sucesso.Foi criada sob a perspectiva <strong>de</strong> que as tecnologias <strong>de</strong> comunicação po<strong>de</strong>m ampliar e daracesso ao aprendiza<strong>do</strong> às pessoas que não tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar presencialmente.A i<strong>de</strong>ia começa com a BBC (British Broadcast Corporation). Em 1926, o educa<strong>do</strong>r ehistoria<strong>do</strong>r JC Stobart escreveu um memoran<strong>do</strong>, enquanto trabalhava para a BBC infantil,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> uma "<strong>universida<strong>de</strong></strong> sem fio”.Até o início <strong>do</strong>s anos sessenta as diferentes propostas estavam sen<strong>do</strong> discutidas. RCGWilliams da Institution of Electrical Engineers <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u uma "teleuniversity", que combinariabroadcast, palestras, textos <strong>de</strong> correspondência e visitas às <strong>universida<strong>de</strong></strong>s convencionais - umverda<strong>de</strong>iro conceito <strong>de</strong> "multimídia.” (OPEN UNIVERSITY, 2010).Em 1962, o correspon<strong>de</strong>nte da BBC e <strong>do</strong> Ministério da Educação foram, então,discutir os planos para um ´College of the Air '. Em março <strong>de</strong> 1963, um grupo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Parti<strong>do</strong> Trabalhista, sob a presidência <strong>de</strong> Lord Taylor apresentou um relatório sobre aexclusão permanente <strong>do</strong> ensino superior <strong>do</strong>s grupos <strong>de</strong> menor renda. Eles propuseram umexperimento, previsto para adultos, no rádio e na televisão: a Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ar.A Open University britânica nasceu em um momento em que se acreditavana capacida<strong>de</strong> da televisão em promover as mudanças educacionais<strong>de</strong>sejadas na incorporação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s contingentes <strong>de</strong> populacionais nossistemas <strong>de</strong> ensino [...] A BBC foi instada a servir <strong>de</strong> base para a criação daUniversida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pois se transformou em sua principal parceira. (NUNES,2009, p.7).A partir <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1967, criou-se um Comitê <strong>de</strong> planejamento, com ointuito <strong>de</strong> elaborar um plano para criação <strong>de</strong> uma Universida<strong>de</strong> Aberta. Dois anos mais tar<strong>de</strong>,entre maio e setembro, houve um crescimento significativo <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> trabalho da OpenUniversity 16 . Inicialmente contavam com 12 pessoas passan<strong>do</strong> para 80 neste intervalo <strong>de</strong>quatro meses.Em 1970 começaram a matricular-se os primeiros estudantes da Universida<strong>de</strong> aberta,sen<strong>do</strong> que a década seguinte marcou o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> maior crescimento e, consequente,consolidação da OU, que passou a contar com aproximadamente 70.000 estudantes. Nestemesmo perío<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 6.000 pessoas formavam-se por ano.
54Com o significativo crescimento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s há tambémuma expansão internacional que foi consolidada pelo lançamento da Open UniversityWorldwi<strong>de</strong>, extensão comercial da <strong>universida<strong>de</strong></strong> internacional.De acor<strong>do</strong> com Nunes (2010), no princípio os processos educacionais <strong>de</strong> ensino eaprendizagem estavam quase que totalmente vincula<strong>do</strong>s aos cursos tele transmiti<strong>do</strong>s; emseguida o texto impresso foi ganhan<strong>do</strong> espaço e dividiu a atenção com as transmissões pelaTV. Com o passar <strong>do</strong> tempo a televisão <strong>de</strong> sinal aberto foi ganhan<strong>do</strong> um aspecto muito mais<strong>de</strong> animação <strong>do</strong>s estudantes e <strong>do</strong> público em geral difundin<strong>do</strong> informação e conhecimentoatravés <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>.Sen<strong>do</strong> assim, em tempos <strong>de</strong> tecnologia em rápida evolução, além <strong>do</strong>s vários méto<strong>do</strong>s<strong>de</strong> aprendizagem que foram incorpora<strong>do</strong>s para melhor aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s alunos, aOU, como meio <strong>de</strong> atingir seu compromisso social <strong>de</strong> educação para to<strong>do</strong>s, lança séries comtransmissão pela BBC TV.Muitas foram as empresas que acreditaram na OU e incentivaram, através <strong>de</strong>patrocínio, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus funcionários; o que fez com que a Open fosse consi<strong>de</strong>rada amaior fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> educação da Europa.No site da OU (http://Open.ac.uk/) é possível encontrar alguns da<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>monstramo reconhecimento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino ofereci<strong>do</strong> pela Universida<strong>de</strong>. Este reconhecimento éo que dá legitimida<strong>de</strong> a instituição e consequentemente aos programas e materiais que sãoofereci<strong>do</strong>s por ela.Em 2004, o guia ‘As Universida<strong>de</strong>s’, <strong>do</strong> Sunday Times, apresentou um ranking <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino. A Open University ficou atrás somente <strong>de</strong> Cambridge, Loughborough,York e LSE.Nas avaliações referentes à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, a OU atingiu nota máxima,juntamente com Oxford, York e Imperial College. Além disso, a partir no novo milênio, todasas <strong>universida<strong>de</strong></strong>s <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong> utilizam os materiais da Open, bem como os seus méto<strong>do</strong>s<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.To<strong>do</strong> este reconhecimento, foi sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> ao longo da existência da OpenUniversity que a<strong>do</strong>tou e utilizou diversos meios <strong>de</strong> ensino e aprendizagem; entre eles os maisremotos como a fita cassete e os ví<strong>de</strong>os cassete. Com a evolução das tecnologias e também<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensino, os alunos da Open foram adquirin<strong>do</strong> mais autonomia com a utilização<strong>de</strong> outras ferramentas. Esta maior in<strong>de</strong>pendência na aprendizagem foi adquirida,16 Doravante chamada <strong>de</strong> OU.
55principalmente na década <strong>de</strong> 80, quan<strong>do</strong> as pessoas começaram a adquirir seus primeiroscomputa<strong>do</strong>res pessoais. Este perío<strong>do</strong> marcou a utilização <strong>de</strong> CD-rom e outros materiais <strong>de</strong>web-based 17 pelos alunos da Open.A década <strong>de</strong> noventa foi marcada tanto pela internet, quanto pela modificaçãocurricular <strong>de</strong>ntro da Open University. Foi neste perío<strong>do</strong> que se criou um grau aberto 18 , queproporcionaria ao aluno ser Bacharel em artes ou em ciências. Consciente ou não, po<strong>de</strong>-sedizer que esta atitu<strong>de</strong>, quebra com um paradigma muito gran<strong>de</strong> relativo à arte e a ciência, umavez que sempre foram consi<strong>de</strong>radas áreas <strong>de</strong> conhecimento antagônicas. Neste grau aberto oaluno seleciona as disciplinas que ‘<strong>de</strong>sejar’ e ao final, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das disciplinas escolhidas,o aluno saberá se seu grau 19 será em artes ou em ciências.Além disso, foi também nos anos 90 que a Open em parceria com a BBC, ofereceualém <strong>do</strong>s ví<strong>de</strong>os e DVDs, séries em horários <strong>de</strong> pico, para que mais pessoas pu<strong>de</strong>ssem teracesso à educação e ao conhecimento.Nas últimas décadas a OU, ven<strong>do</strong> nas TIC uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abertura e acesso aosseus alunos, começa também a fazer-se presente nas mais diversas re<strong>de</strong>s sociais, utilizan<strong>do</strong>-se<strong>de</strong> softwares que simulam a realida<strong>de</strong> (Second Life), disponibilizan<strong>do</strong> os materiais <strong>de</strong> aula nasmais diversas plataformas (ItunesU, Facebook, YouTube, LinkedIn, Flickr, Twitter, Platform,OpenLearn).Assim como em todas as Universida<strong>de</strong>s da Europa, o aluno que <strong>de</strong>seja ingressar emum curso da Open University <strong>de</strong>ve pagar por ele – salvo os alunos que <strong>de</strong>sejam estudar <strong>de</strong>forma autônoma e sem certificação, pelo projeto OpenLearn. Além da forte ligação com atecnologia e as re<strong>de</strong>s sociais, o diferencial mais marcante observa<strong>do</strong> na Open, foi as diferentespossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se adquirir um certifica<strong>do</strong> e a presença <strong>de</strong> um projeto inova<strong>do</strong>r com recursoseducacionais abertos.17 Os sistemas web based são também conheci<strong>do</strong>s intranets/extranets. Estes sistemas são muito pareci<strong>do</strong>s com àInternet, porém são utiliza<strong>do</strong>s por organizações e empresas <strong>de</strong> forma exclusiva, ou seja, somente terão acessoa esta re<strong>de</strong> os computa<strong>do</strong>res que forem cadastra<strong>do</strong>s pela empresa. (Texto adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong>:http://www.brunorusso.eti.br/<strong>do</strong>cumentacao.pdf . Acesso em: janeiro/2011).18 A seguir, será possível ter acesso a mais informações sobre as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino oferecidas pela OpenUniversity.19 O termo grau é utiliza<strong>do</strong> como uma <strong>de</strong>nominação própria <strong>do</strong> ambiente virtual relaciona<strong>do</strong> a titulação.
563.1.1 As modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino na Open UniversityA OU é uma instituição <strong>de</strong> ensino superior que atua totalmente a distância, o que já éum diferencial e representa uma quebra nos rígi<strong>do</strong>s padrões educacionais ingleses. Assimcomo o paradigma da presencialida<strong>de</strong> foi venci<strong>do</strong> pela OU, percebe-se que outros tambémvêm sen<strong>do</strong> quebra<strong>do</strong>s. Esta quebra po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada pelas modificações nos padrõescurriculares.Atualmente a Open University oferece aos seus alunos três modalida<strong>de</strong>s diversas <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>: o mo<strong>de</strong>lo fecha<strong>do</strong>, o mo<strong>de</strong>lo semi-aberto e o mo<strong>de</strong>lo aberto, sen<strong>do</strong> que estas estãodispostas em 15 áreas <strong>de</strong> conhecimento, tanto para a graduação quanto para a pós-graduação;como é possível verificar na figura abaixo.Figura 2 – Áreas <strong>do</strong> conhecimento disponibilizadas <strong>de</strong>ntro da Open University.Fonte:http://www3.Open.ac.uk/study/un<strong>de</strong>rgraduate/arts-and-humanities/history-ofart/in<strong>de</strong>x.htm. Acesso emjaneiro/2011.Cada uma <strong>de</strong>stas áreas <strong>de</strong> ensino possui prospectos específicos para os mo<strong>de</strong>lossupracita<strong>do</strong>s. Os conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> curso são construí<strong>do</strong>s em módulos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>,sen<strong>do</strong> que há uma diferenciação pelos níveis que cada uma apresenta: nível 1 (conteú<strong>do</strong>sintrodutórios), nível 2 (conteú<strong>do</strong>s intermediários), nível 3 (conteú<strong>do</strong>s avança<strong>do</strong>s).O mo<strong>de</strong>lo fecha<strong>do</strong> representa a mesma estrutura curricular encontrada no Brasil, ouseja, existe um currículo, com disciplinas pré-estabelecidas e que ao escolher por esta
57modalida<strong>de</strong> o aluno recebe um programa pronto sem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modificação, sen<strong>do</strong>que ao final <strong>do</strong> curso, receberá um certifica<strong>do</strong> específico. O tipo <strong>de</strong> certificação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong>nível <strong>do</strong>s módulos escolhi<strong>do</strong>s.Este é um mo<strong>de</strong>lo que segue formas tradicionais <strong>de</strong> ensino no qual temos apre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> um discurso <strong>do</strong>minante autoritário – representa<strong>do</strong> em AD pelo apagamentoda linguagem na relação entre o locutor (agente exclusivo) e seu interlocutor -, ou seja, existealguém que <strong>de</strong>finiu o que era ou não importante para ser estuda<strong>do</strong>, quais os conteú<strong>do</strong>s seriamcontempla<strong>do</strong>s, o tempo que se utilizaria para estudar cada unida<strong>de</strong>. Além disso, há umprofessor que vai mediar o processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> aluno, que <strong>de</strong>verá realizar avaliaçõesque, ao final <strong>do</strong> curso, vão validar o seu grau <strong>de</strong> aprendizagem. Não há muitas possibilida<strong>de</strong>s,pois os percursos já foram previstos antes mesmo <strong>de</strong> serem percorri<strong>do</strong>s por aqueles que são osmais interessa<strong>do</strong>s.Ao mesmo tempo, é possível verificar a presença, mesmo que mo<strong>de</strong>sta, <strong>de</strong> uma forma<strong>de</strong> discurso polêmico – que, como vimos anteriormente, em AD, é representa<strong>do</strong> pelapolissemia controlada - quan<strong>do</strong> mesmo em um curso fecha<strong>do</strong>, possibilita-se ao aluno a‘escolha’ <strong>de</strong> rotas com enfoques diferencia<strong>do</strong>s para se chegar a um mesmo fim, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> paraque o aluno ‘selecione’, entre os mo<strong>de</strong>los prontos ofereci<strong>do</strong>s, aquele que melhor atenda assuas afinida<strong>de</strong>s e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> certificação.Figura 3 – Mo<strong>de</strong>los com possibilida<strong>de</strong>s diferenciadas <strong>de</strong> rotas em um curso <strong>de</strong> história.Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong>: http://www3.Open.ac.uk/study/un<strong>de</strong>rgraduate/qualification/routes/b01-3.htm. Acesso em:janeiro/2011.
58No mo<strong>de</strong>lo semi-aberto, o aluno terá as disciplinas que são específicas <strong>do</strong> curso, sen<strong>do</strong>que as <strong>de</strong>mais po<strong>de</strong>rão ser selecionadas - <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as afinida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada aluno - em umalistagem <strong>de</strong> disciplinas, complementan<strong>do</strong> os créditos para conclusão daquele curso.O mo<strong>de</strong>lo aberto oferece ‘liberda<strong>de</strong>’ <strong>de</strong> escolha. Não existe obrigatorieda<strong>de</strong> curricularou listas com disciplinas optativas, como nos outros mo<strong>de</strong>los. Esta proposta permite a‘seleção’ e adaptação <strong>de</strong> módulos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualificação ousimplesmente <strong>de</strong> atendimento as necessida<strong>de</strong>s e afinida<strong>de</strong>s pessoais. Sen<strong>do</strong> assim, o alunopo<strong>de</strong> selecionar e combinar módulos das mais diferentes áreas.Existe uma gama <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 300 cursos, sen<strong>do</strong> que o que os diferenciará no final seráo tipo <strong>de</strong> grau a que o curso se propõe. O grau Open po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como BA (Bacharelem Artes) ou BSC (Bacharel em Ciência), <strong>de</strong> forma que esta qualificação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá dacombinação <strong>de</strong> temas que são escolhi<strong>do</strong>s pelo aluno no momento da construção <strong>do</strong> curso.Para um curso <strong>de</strong> graduação, se o aluno quiser um diploma <strong>de</strong> grau aberto ele <strong>de</strong>veráescolher os módulos <strong>de</strong> forma que atinja a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> créditos para cada nível <strong>de</strong> ensino,conforme aponta na figura a seguir.Figura 4 – Recorte <strong>do</strong>s módulos para seleção no programa Open.Fonte: http://www3.Open.ac.uk/study/un<strong>de</strong>rgraduate/Open-programme/in<strong>de</strong>x.htm#product-hediplomas. Acessoem: janeiro/2011.
59Analisan<strong>do</strong> sob a perspectiva da AD e as formas <strong>de</strong> discurso presentes, po<strong>de</strong>-se dizerque este mo<strong>de</strong>lo tenha tendências <strong>do</strong> discurso lúdico fortes, muito embora, exista ainda umdiscurso pedagógico (autoritário) <strong>do</strong>minante, pois mesmo que o aluno tenha o ‘po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><strong>de</strong>cidir’ o caminho que vai seguir, há ainda condicionantes que manipulam e direcionam a suatrajetória <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta escolha “livre 20 ”, entre eles: professor, cronograma, avaliações, etc.3.2 O PROJETO OPENLEARN E OS RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOSO projeto OpenLearn é uma extensão <strong>de</strong>ntro da Open University, que tem o objetivo<strong>de</strong> disponibilizar Recursos Educacionais Abertos (REA 21 ) para quaisquer pessoas que tenhaminteresse no acesso ao conhecimento.A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> criar um projeto que abrigasse Recursos Educacionais Abertos surgiu noano <strong>de</strong> 2005, quan<strong>do</strong> a The William and Flora Hewllett Foundation liberou um financiamento(uma bolsa) para a Open University, no intuito <strong>de</strong> oportunizar o acesso a educação edisseminar o conhecimento.A experiência da Open University com sua modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino aberto, sem divisõesfechadas, <strong>de</strong>u suporte para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> OpenLearn. “Queríamos usar o nossoconhecimento das últimas tecnologias na educação para alargar a nossa missão <strong>de</strong> ser aberta apessoas, lugares, méto<strong>do</strong>s e i<strong>de</strong>ias. A visão era <strong>de</strong> uma educação on-line gratuita” (OPENUNIVERSITY, 2010).O site <strong>do</strong> projeto foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em maio <strong>de</strong> 2006, sen<strong>do</strong> lança<strong>do</strong> cinco meses<strong>de</strong>pois, em outubro <strong>do</strong> mesmo ano. Des<strong>de</strong> então, o OpenLearn conta com mais <strong>de</strong> 3 milhões<strong>de</strong> visitantes.20 A palavra livre foi colocada entre aspas, pois apesar <strong>de</strong> existir a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha e combinação <strong>do</strong>smódulos na construção <strong>de</strong> um grau open; esta escolha ainda está condicionada aos módulos existentes <strong>de</strong>ntroda Instituição.21 Este tema será trabalha<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma mais <strong>de</strong>talhada na sequência.
60Figura 5 – Layout da home <strong>do</strong> projeto OpenLearn.Fonte: http://www.Open.ac.uk/OpenLearn/ . Acesso em: janeiro/2011.Em 2008 o projeto já havia incluí<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 8000 horas <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>scursos da Open University. Os materiais são constantemente publica<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>LearningSpace. Além disso, o projeto abriga também mais <strong>de</strong> 8.100 horas <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s noLabSpace 22 (ferramenta aberta para a criação <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s inéditos ou mixagem <strong>de</strong> módulosexistentes).Em 2010, a Open fundiu-se com Open2.net, um site da OU que apoia as transmissõesda BBC. Sen<strong>do</strong> assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2010 a OpenLearn proporciona o acesso à conteú<strong>do</strong>s atualiza<strong>do</strong>se <strong>de</strong> forma interativa; seja a partir <strong>de</strong> blogs, ví<strong>de</strong>os e jogos. É possível encontrar, também,canais da OU, como já cita<strong>do</strong> anteriormente, nas mais famosas re<strong>de</strong>s sociais (YouTube,iTunesU, Twitter, etc.).O projeto OpenLearn tem um suporte e uma estrutura consi<strong>de</strong>rável para o apoio àaprendizagem e ferramentas <strong>de</strong> re<strong>de</strong> social que simulam os diferentes mo<strong>do</strong>s informais <strong>de</strong>comunicação e aprendizagem que acontecem em um campus tradicional. Desenvolvi<strong>do</strong> pelaKnowledge Media Institute, estas ferramentas facilitam a criação e apoio das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>22 Sen<strong>do</strong> o LabSapace o espaço escolhi<strong>do</strong> para dar materialida<strong>de</strong> ao sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte, que estamos<strong>de</strong>linean<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong>sta dissertação, <strong>de</strong>screveremos mais <strong>de</strong>talhadamente sobre suas funcionalida<strong>de</strong>s no<strong>de</strong>correr <strong>do</strong> trabalho.
61e-learning, permitin<strong>do</strong> que a Open investigue e avalie a sua utilização no ambiente <strong>de</strong>conteú<strong>do</strong> aberto.Figura 6 – As ferramentas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong> aprendizagem em uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> (módulo).Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/course/view.php?id=3636. Acesso em: janeiro/2011.O acesso <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> projeto é ilimita<strong>do</strong> e sem qualquer cobrança <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m institucionalou financeira. Não é necessário nenhum tipo <strong>de</strong> vínculo, seja com a Open University ou com oprojeto OpenLearn. Basta que o usuário faça um registro no site para ter acesso eaproveitamento a to<strong>do</strong>s os recursos e tecnologias que são disponibilizadas pela Open, atravésdas ferramentas 23 que darão suporte para organização e significação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s por parte<strong>do</strong> indivíduo.A partir <strong>do</strong> momento em que o usuário faz o seu registro passa a fazer parte daComunida<strong>de</strong> OpenLearn. Esta comunida<strong>de</strong> possibilita a criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação epesquisa com pessoas <strong>de</strong> diferentes locais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e com os mais diversos tipos <strong>de</strong> níveis einteresses <strong>de</strong> aprendizagem.De acor<strong>do</strong> com Gallo (2008), “incluir-se em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa ten<strong>de</strong> a ser umapossibilida<strong>de</strong> cada vez menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> processos discursivos acadêmico/científicos. O23 Mais adiante falaremos <strong>de</strong> cada uma das ferramentas <strong>de</strong> forma mais específica.
62critério mais forte <strong>de</strong> inclusão passa a ser um alinhamento às <strong>de</strong>mandas ditas globais e acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta.”Esta configuração permite i<strong>de</strong>ntificar a inscrição <strong>de</strong> um sujeito diferencia<strong>do</strong> ao atéentão conheci<strong>do</strong> aprendiz virtual (sujeito leitor) presente nas instituições <strong>de</strong> Educação aDistância no Brasil e, até mesmo, em outros lugares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Este é um sujeito interpela<strong>do</strong>pelo conhecimento, que não tem obrigações que gerem vínculos institucionais e, portanto, issofaz <strong>de</strong>le um sujeito autônomo e ‘livre’ para <strong>de</strong>finir e significar o seu caminho <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> comsuas inclinações e interesses.Assim esta pesquisa vai voltar o seu olhar na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>linear e mapear situações,<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> site <strong>do</strong> projeto, que configurem a materializem este sujeito ímpar em buscaconstante <strong>de</strong> conhecimento – o sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.Pensan<strong>do</strong> em marcar as condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ste projeto, torna-se necessário,antes <strong>de</strong> explorá-lo e <strong>de</strong>screvê-lo, falar sobre os Recursos Educacionais Abertos e as licençasque os legitimam.3.2.1 Recursos Educacionais Abertos (REAs) / Open Educational Resources (OERs)O termo Recurso Educacionais Abertos foi utiliza<strong>do</strong>pela primeira vez em uma Conferência patrocinada pelaUNESCO em 2002, que tratava da utilização <strong>de</strong> recursoseducacionais <strong>de</strong> forma aberta e universal. Porém, na prática,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001 a MIT (Massachusetts Institute of Technology), jávinha disponibilizan<strong>do</strong> livremente os materiais <strong>de</strong> apoio àFonte: http://wikieducator.orgaprendizagem, utiliza<strong>do</strong>s na instituição, tais como: “materiais <strong>de</strong> leitura, apresentações emPower point, anotações <strong>de</strong> aulas expositivas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes, exemplos <strong>de</strong> provas, etc.” (LITTO,2009, p.304). Esta iniciativa foi chamada <strong>de</strong> Open Course Ware (OCW).Outro posicionamento com relação a origem <strong>do</strong>s REAs vem <strong>de</strong> Wiley (DUTRA,2007), que com o intuito <strong>de</strong> padronizar e i<strong>de</strong>ntificar os objetos <strong>de</strong> aprendizagem, que estavamem processo <strong>de</strong> constante evolução, criou um novo conceito chama<strong>do</strong> Open content (conteú<strong>do</strong>aberto), em 1998. A partir <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>finição e visan<strong>do</strong> uma maior popularização <strong>de</strong>ste
63movimento, Willey criou uma licença <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong>stes objetos chamada Open ContentLicense.Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Dutra (2007), em 2001, Larry Lessig associa<strong>do</strong> a outrosmembros da escola <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> Harvard, criam aquela que atualmente é uma das maisconhecidas licenças para os recursos educacionais abertos, a Creative Commons, que possuíum conjunto flexível <strong>de</strong> licenças para a utilização <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s abertos.A Creative Commons (CC), atualmente é uma empresa não governamental financiadapor <strong>do</strong>ações (<strong>de</strong> pessoas físicas ou jurídicas) que tem como objetivo licenciar o uso <strong>de</strong> obraspor terceiros seja para transformação ou para utilização e divulgação <strong>do</strong>s materiais, assimcomo acontece com os recursos educacionais abertos. Ela dá a liberda<strong>de</strong> para que o autorpossa compartilhar seu material com outras pessoas, para que estas utilizem ou modifiquemsua produção, mas aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> há alguns critérios estipula<strong>do</strong>s pela licença como, por exemplo,citar a fonte original e não utilizar os materiais para fins comerciais diretos.Estas licenças são padronizadas e tem abrangência internacional. Assim como osmateriais protegi<strong>do</strong>s pelos direitos autorais carregam a letra C; os materiais licencia<strong>do</strong>s pelaCreative Commons são reconheci<strong>do</strong>s pelas letras CC.Figura 7 – Símbolo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da licença.Fonte: http://creativecommons.org/licenses/by/2.0/br/ Acesso em: janeiro/2011.A presença <strong>do</strong> símbolo CC , apresenta<strong>do</strong> na Figura 7, acima permite que um usuáriosaiba que este material permite possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização. Para que o usuário saiba o que alicença diz especificamente basta clicar sobre o link que fica abaixo <strong>do</strong> símbolo CC e ver sua<strong>de</strong>scrição, conforme exemplo na imagem a seguir.
64Figura 8 – Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> licença da Creative Commons.Fonte: http://creativecommons.org/licenses/by/2.0/br/ . Acesso em: janeiro/2011.Mas, o que são os Recursos Educacionais Abertos? Os REAs são disponibiliza<strong>do</strong>s naforma <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong> aprendizagem, que po<strong>de</strong>m representar gran<strong>de</strong>s ou pequenos elementos <strong>de</strong>conhecimento; materiais relativos à educação e que são dispostos livremente na re<strong>de</strong>(internet), <strong>de</strong> forma gratuita, para to<strong>do</strong>s aqueles que tenham interesse neste tipo <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>educacional. Eles po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s tanto para o ensino, quanto para a aprendizagem epesquisa.De acor<strong>do</strong> com Litto (2009), estes recursos simbolizam uma alternativa <strong>de</strong><strong>de</strong>mocratização e extensão <strong>do</strong> acesso ao conhecimento, além <strong>de</strong> uma redução <strong>de</strong> custos para aprodução <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> aprendizagem.Estamos caminhan<strong>do</strong>, vertiginosamente, para uma socieda<strong>de</strong>, na qual osistema educacional forma, convencional, preso a mo<strong>de</strong>los ultrapassa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ensino e aprendizagem, aos poucos será substituí<strong>do</strong>, em gran<strong>de</strong> parte por umsistema não formal, adaptável, flexível e diretamente liga<strong>do</strong> aos interessesindividuais <strong>de</strong> quem quer apren<strong>de</strong>r. Com os OERs 24 disponibilizan<strong>do</strong>gratuitamente uma boa parte <strong>do</strong> conhecimento mo<strong>de</strong>rno essencial em formatextual, visual e sonora, a aprendizagem não formal, e sob <strong>de</strong>manda na hora24 (OERs) é a sigla em inglês para o termo Open Educational Resources, que em português é o mesmo queRecursos Educacionais Abertos (REAs).
65certa para o aprendiz, ten<strong>de</strong>rá a ficar maior que o sistema formal econvencional <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. (LITTO, 2009, p.305).Assim, os REAs, na socieda<strong>de</strong> atual, em que os indivíduos tem mais acesso a internete a banda larga, têm o objetivo <strong>de</strong> aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão <strong>do</strong>s aprendizes,bem como incentivar a disseminação, reutilização e mixagem livre <strong>de</strong> materiais educacionais.De acor<strong>do</strong> com Litto (2009), além <strong>de</strong> os REAs contribuírem <strong>de</strong> forma significativapara que a UNESCO atinja a sua meta <strong>de</strong> Educação para to<strong>do</strong>s, prevê que as instituiçõesacadêmicas <strong>do</strong> futuro terão uma nova perspectiva no que diz respeito à fonte <strong>de</strong> renda.Segun<strong>do</strong> Tapscott (apud LITTO, 2009, p.305) a principal fonte <strong>de</strong> verba virá <strong>do</strong> “apoio da<strong>do</strong>individualmente aos aprendizes e <strong>do</strong>s exames ministra<strong>do</strong>s que levam à certificação <strong>de</strong>conhecimento <strong>de</strong> competências.”Existem muitos <strong>de</strong>safios ainda a serem supera<strong>do</strong>s com relação aos RecursosEducacionais Abertos, em <strong>de</strong>staque:- Desafio linguístico: Este <strong>de</strong>safio é relativo à tradução e adaptação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s. A maiorparte <strong>do</strong>s recursos educacionais abertos está disposta em outras línguas. Os países <strong>de</strong> línguaportuguesa ainda não têm uma cultura <strong>de</strong> socialização <strong>do</strong>s materiais, muito embora, nosúltimos anos, estejam aos poucos se engajan<strong>do</strong> em programas que ensinam, incentivam econscientizam as pessoas na utilização <strong>do</strong>s Recursos Educacionais Abertos.Figura 9 – Fol<strong>de</strong>r explicativo <strong>de</strong> divulgação <strong>do</strong>s Recursos Educacionais Abertos no BrasilFonte: www.rea.net.br. Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.
66- Desafio tecnológico: Este <strong>de</strong>safio está relaciona<strong>do</strong> às tecnologias disponíveis como:computa<strong>do</strong>res, acesso e velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> internet, etc.- Desafio <strong>de</strong> usabilida<strong>de</strong>: É muito comum, ainda, a cultura <strong>do</strong> egoísmo e o preconceito comrelação ao compartilhamento <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s. Este tipo <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> se dá muito mais por<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> como isso é feito e das licenças que regulam este processo. Além <strong>do</strong>mais, as teorias pedagógicas e os pontos <strong>de</strong> vista que são aplica<strong>do</strong>s aos REAs são muitodistintos, o que ocasiona certa dificulda<strong>de</strong> para i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s materiais que realmenteaten<strong>de</strong>m, ou não, aos objetivos <strong>de</strong> quem procura.- Desafio <strong>do</strong> iletramento 25 digital: Este é um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios mais problemáticos, visto que apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos recursos educacionais abertos fica praticamente impossível, salvopoucos casos em que o acesso é feito por terceiros. Mas, mesmo assim, o acesso aberto elivre, com uma navegação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte acaba per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o seu senti<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a visão <strong>de</strong>outro é posicionada no manejo da ferramenta. Vale lembrar que este problema atinge pessoas<strong>de</strong> várias camadas. É muito comum encontrarmos professores com verda<strong>de</strong>ira ojeriza aocomputa<strong>do</strong>r e as suas possibilida<strong>de</strong>s, simplesmente porque não sabem como utilizar aferramenta.3.2.2 Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> OpenLearn (Learning Space)Ao utilizar o OpenLearn, o sujeito “Leitor” não se tornará necessariamente um alunoda Open University, não terá consigo um professor ou um tutor, não precisará seguir umcronograma, não terá <strong>de</strong> realizar avaliações obrigatórias e nem ganhará uma titulação paraisso. Este é, portanto, um espaço informal <strong>de</strong> educação basea<strong>do</strong> em Recursos EducacionaisAbertos.De acor<strong>do</strong> com Santos (2009), este tipo <strong>de</strong> sistema sem barreiras é representa<strong>do</strong> porum formato cilíndrico, pois tanto o ingresso quanto à saída <strong>do</strong> estudante são bastanteflexíveis, horizontalmente representa<strong>do</strong>s e sem afunilamentos na entrada ou na saída.
67Figura 10 – Mo<strong>de</strong>lo informal <strong>de</strong> ensino (cilíndrico).Fonte: Adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santos (2009, p.294).O usuário que acessa este espaço online com conteú<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> formaaberta, não está condiciona<strong>do</strong> a fatores financeiros, acadêmicos, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou gênero. O seuregistro lhe dará acesso aberto e gratuito aos materiais <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong>s pela OpenUniversity para quinze áreas <strong>de</strong> conhecimento. Este cadastro não cobrará um vínculo <strong>do</strong>sujeito com a Open University ou com o OpenLearn, mas sim, oportunizará o aproveitamento<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os recursos e tecnologias que dão suporte para organização e significação <strong>do</strong>sconteú<strong>do</strong>s disponíveis por parte <strong>do</strong> indivíduo.O Espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> projeto OpenLearn conta com 15 tópicos que sereferem à diferentes áreas <strong>de</strong> interesse. Para ter acesso a to<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s e ferramentasdisponibilizadas <strong>de</strong> forma online e gratuita é necessário apenas o registro que po<strong>de</strong> serrealiza<strong>do</strong> na home <strong>do</strong> projeto ou <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong> aprendizagem.O espaço <strong>de</strong> aprendizagem (Learning Space) foi subdividi<strong>do</strong>, conforme mostra afigura abaixo, e será apresenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada a partir <strong>de</strong> agora.25 A questão <strong>do</strong> iletramento será abordada posteriormente durante a análise.
68Figura 11 - Espaço <strong>de</strong> aprendizagem projeto OpenLearn.abc<strong>de</strong>Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.a. Os tópicosAs áreas <strong>de</strong> interesse disponibilizadas para os usuários são as seguintes: Artes eHumanida<strong>de</strong>s; Gestão e negócios; Infância e juventu<strong>de</strong>; Informática e as tecnologias <strong>de</strong>informação e comunicação; Educação; Engenharia e tecnologia; Meio ambiente,<strong>de</strong>senvolvimento e estu<strong>do</strong>s internacionais; Saú<strong>de</strong> e assistência social; Leis; Línguas;Matemática e estatística; Psicologia; Ciência; Competências; Ciências Sociais.Ao clicar em um <strong>do</strong>s tópicos ou áreas <strong>de</strong> interesse, o usuário passa a ter acesso a todasas unida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> que foram disponibilizadas pela OU como recursoeducacional aberto. Todas as unida<strong>de</strong>s presentes no espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> projeto sãoparte <strong>do</strong>s materiais utiliza<strong>do</strong>s pela OU em seus cursos pagos. Vale <strong>de</strong>stacar que nunca épublica<strong>do</strong> um curso inteiro, tal e qual ele é ofereci<strong>do</strong> na Open University.O Espaço sugere que tanto se po<strong>de</strong> fazer um estu<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (com um ritmopróprio) quanto, o indivíduo po<strong>de</strong> trabalhar com os outros usuários das áreas <strong>de</strong> interesse oudas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> livre, através das ferramentas oferecidas.
69b. Fóruns <strong>de</strong> DiscussãoOs fóruns <strong>de</strong> discussão presentes na página <strong>do</strong> OpenLearn referem-se aos assuntos ouáreas <strong>de</strong> interesse gerais e não a uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> específica. Geralmente é utiliza<strong>do</strong>para:• encontrar parceiros para estu<strong>do</strong> coletivo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes;Figura 12 – Seleção <strong>de</strong> postagens nos fóruns gerais da OpenLearn.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/view.php?id=396250. Acesso em: janeiro/2011.Acompanhe a seguir a expansão da postagem no fórum <strong>de</strong> discussão.Figura 13 – Diálogo em fórum <strong>de</strong> línguasFigura 13 – Diálogo em fórum <strong>de</strong> línguas.Fonte:http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=1701&expand=1&timeread=1297175487.Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.
70É interessante assinalar que ao mesmo tempo em que algumas pessoas se“reconhecem” <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s fóruns <strong>de</strong> discussão gerais, outras estão completamente perdidas.Conforme mostra a postagem marcada com uma seta na figura anterior. O que reforça o fato<strong>de</strong> que não se trata apenas das possibilida<strong>de</strong>s tecnológicas, mas também <strong>de</strong> inscrição <strong>de</strong>sujeitos e construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s.• encontrar pessoas da mesma nacionalida<strong>de</strong> e que preten<strong>de</strong>m fazer a mesma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>;Figura 14 – Seleção <strong>de</strong> postagens nos fóruns gerais da OpenLearn.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/view.php?id=396250. Acesso em: janeiro/2011.• tirar dúvidas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m administrativa;Muito embora este não seja o local a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para este tipo <strong>de</strong> dúvidas é muito comumencontrar pessoas queren<strong>do</strong> saber se há certificação para os cursos no projeto OpenLearn, oque já <strong>de</strong>nota que as pessoas não leram as informações iniciais <strong>do</strong> projeto, pois lá fica claroque neste estu<strong>do</strong> livre, com materiais livres, não há certificação. Veja alguns exemplosabaixo.Figura 15 – Recortes <strong>de</strong> algumas postagens relativas a certificação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s fóruns <strong>de</strong> temáticosFonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/view.php?id=396250. Acesso em: <strong>de</strong>zembro 2010.Até o final <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2009 as respostas eram dadas exclusivamente pelos usuários.
71Figura 16 – Resposta <strong>de</strong> um usuário. Recortes <strong>de</strong> postagem relativa a certificação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s fóruns <strong>de</strong> temáticos.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/view.php?id=396250. Acesso em: <strong>de</strong>zembro 2010.A partir <strong>de</strong> 2010, aparece a figura <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r. O aparecimento <strong>de</strong>ste sujeito <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> Learning Space, que representa a instituição e que se auto<strong>de</strong>nomina OpenLearnMo<strong>de</strong>rator, é visto na AD como um acontecimento discursivo. A criação <strong>de</strong>sta função foi<strong>de</strong>terminada para aten<strong>de</strong>r uma <strong>de</strong>manda que procurava certificação, em um espaço da OU quenão oferece este serviço. Assim, temos um sujeito (mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r) que teoricamente teria umdiscurso pedagógico por estar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um projeto educacional forneci<strong>do</strong> por umaUniversida<strong>de</strong>, mas que, contrariamente, apresenta um discurso <strong>de</strong> marketing.Observan<strong>do</strong> a situação acima, po<strong>de</strong>-se remeter a uma conjuntura <strong>de</strong>marcadasocialmente e que <strong>de</strong>monstra a instabilida<strong>de</strong> presente entre estes <strong>do</strong>is terrenos – Educação(pedagógico) e Merca<strong>do</strong> (financeiro) e que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da influência <strong>de</strong> um sobre o outro; ossenti<strong>do</strong>s e, consequentemente, os discursos assumi<strong>do</strong>s passam a ser diferencia<strong>do</strong>s.Muito embora a OpenLearn seja uma proposta com objetivos/fins educacionais, épossível i<strong>de</strong>ntificar também no discurso <strong>do</strong> representante <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> Negócios da Open, Sr.Andrew Law, a existência <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto eque <strong>de</strong>ve ser implementa<strong>do</strong> para que o pedagógico – educacional- continue emfuncionamento. Sen<strong>do</strong> assim, é possível que este mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r faça parte <strong>de</strong>ste plano para que oprojeto mantenha-se vivo. Lembran<strong>do</strong> que o mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r indica aos alunos que aspossibilida<strong>de</strong>s relacionadas à tutoria ou certificação são possíveis na forma paga, através daOU.
72Em outubro <strong>de</strong> 2010, realizou-se em Florianópolis um Seminário Internacional <strong>de</strong>Educação a Distância em que estiveram presentes alguns <strong>do</strong>s representantes da OpenUniversity. Vieram três personalida<strong>de</strong>s: Sra. Josie Taylor (representan<strong>do</strong> a perspectivapedagógica); Sra. Andreia Inamoratto <strong>do</strong>s Santos (representan<strong>do</strong> os REAs) e o Sr. AndrewLaw (representan<strong>do</strong> o setor <strong>de</strong> negócios da Open). O mais interessante foi po<strong>de</strong>r ver que to<strong>do</strong>sos discursos fazem senti<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s pressupostos aos quais os mesmos fazem parte.Josie Taylor e Andrea Inamoratto <strong>do</strong>s Santos mencionam a importância <strong>de</strong> projetoscomo o <strong>de</strong> recursos educacionais abertos, falam <strong>do</strong>s subsídios e <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que é feito emeducação sob a perspectiva <strong>do</strong>s REAs, sen<strong>do</strong> que a ‘abertura’ foi o foco <strong>de</strong> toda aapresentação.Contrariamente ao discurso das senhoras, o Sr. Andrew Law, assume uma posturamenos utópica e mais mercantilista, reconhecen<strong>do</strong> e assumin<strong>do</strong> que os benefícioseducacionais são bons, mas que sem um plano <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> nada disso será possívelfuturamente. Assim, segun<strong>do</strong> ele, criou-se uma comissão para pensar em planos <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>.Analisan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o contexto é possível perceber que existe sim uma preocupação como capital, e que a OU percebeu no OpenLearn uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior visibilida<strong>de</strong> dainstituição, sen<strong>do</strong> um “chamariz” <strong>de</strong> alunos; na medida em que o mais difícil, segun<strong>do</strong> MacAndrew é engajar os alunos. Ele afirmou, ainda, que muitos <strong>do</strong>s alunos “free” (que nãopagam) tornam-se “fee 26 " posteriormente. Os motivos para este <strong>de</strong>slocamento é varia<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>ser por conta da titulação, pela incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer-se em um espaço virtual (nãoadaptação),por estarem em busca <strong>de</strong> um título, ou <strong>de</strong> um professor que oriente; enfim sãomuitos os motivos. È como se o projeto OpenLearn fosse uma porta <strong>de</strong> entrada em que oaluno conhece o ambiente e, se gosta e tem condições <strong>de</strong> pagar acaba fican<strong>do</strong>.Assim atrás das possibilida<strong>de</strong>s a que a educação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> projeto se propõe, existeum pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, representa<strong>do</strong> por um forte discurso <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m merca<strong>do</strong>lógica, pauta<strong>do</strong> nocapital e no consumo que, mesmo indiretamente, <strong>de</strong>termina percursos e <strong>de</strong>limitapossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro da perspectiva Open.Para Pêcheux (2008, p.17l) “o acontecimento discursivo é o ponto <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> umaatualida<strong>de</strong> e uma memória; é ele que <strong>de</strong>sestabiliza o que está posto e provoca um novo vir aser, reorganizan<strong>do</strong> o espaço da memória que o acontecimento convoca.”26 Existem muitas traduções que se encaixam a palavra “fee” em português, mas o senti<strong>do</strong> da<strong>do</strong> a ela durante apalestra foi relaciona<strong>do</strong> a pagamento. Um exemplo em uma frase: O aluno entra gratuitamente no projeto e<strong>de</strong>pois (se quiser e tiver condições) vincula - se a instituição tornan<strong>do</strong>-se pagante.
73O encontro <strong>do</strong> atual com a memória torna possível pensar no acontecimento discursivosob a perspectiva da capacida<strong>de</strong> que o mesmo tem <strong>de</strong> produzir discursivida<strong>de</strong>s.Assim, estes profissionais, os mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>res, fizeram uma varredura em todas aspostagens anteriores. Ao <strong>de</strong>tectar postagens relativas às certificações, as mesmas sãorespondidas pelo mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r. A resposta é praticamente a mesma, seguin<strong>do</strong> uma linha <strong>de</strong>padronização.Figura 17 – Diálogo fórum <strong>de</strong> gestão e negócios.Fonte:http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=3522&expand=1&timeread=1296742803.Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.Acompanhe, a seguir, a tradução <strong>do</strong> diálogo acima.Eu gostaria <strong>de</strong> saber mais sobre o OpenLearn. Fico feliz em visitar esse site novamente. Euficaria muito feliz <strong>de</strong> ter mais informações sobre a concessão <strong>de</strong> certifica<strong>do</strong> para aaprendizagem neste site.Atenciosamente,DAVID GODIS-TEIOi David,Não, não é possível obter todas as certificações / qualificações através OpenLearn. Vocêprecisa se registrar para um curso da Universida<strong>de</strong> Aberta, se você quiser se tornar umestudante e ter o apoio <strong>de</strong> um tutor, realizar exames <strong>de</strong> qualificação e <strong>de</strong> ganho. Para maisinformações visite o Estu<strong>do</strong> na seção <strong>de</strong> OU <strong>do</strong> site da Open University. Você po<strong>de</strong>encomendar um prospecto impresso.OpenLearn Mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r - 14.10.10
74Ou seja, por se estar em um ambiente educacional, espera-se <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r discussõessobre as questões propostas no ambiente e que sejam <strong>de</strong> cunho educacional e nãoadministrativo.Em outro momento, anterior ao mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r, esta pergunta tinha duas possibilida<strong>de</strong>s, ouela ficaria sem resposta, ou receberia a opinião <strong>de</strong> algum <strong>do</strong>s usuários que se sensibilizassecom a pergunta postada. Atualmente, mesmo com a presença <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r, ainda épossível encontrar respostas <strong>de</strong> outros usuários para as perguntas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m administrativa.Foi possível i<strong>de</strong>ntificar, também, a presença <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r na edição e exclusão <strong>de</strong>postagens. Algumas <strong>de</strong>las são justificadas e outras não <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>, assim, o que é possíveldizer ou não nesse espaço educativo/administrativo. Assim percebe-se, também, umaalternância entre o discurso pedagógico e discurso jurídico <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> movência ouestabilização <strong>de</strong> sujeitos e senti<strong>do</strong>s.Nas figuras abaixo, é possível i<strong>de</strong>ntificar as diferentes formas <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s Fóruns por temas gerais.Figura 18 – Exclusão <strong>de</strong> um fórum sem justificativaFonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/view.php?id=396250. Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.Figura 19 – Exclusão <strong>de</strong> uma postagem sem justificativa.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=1770. Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.
75Figura 20 – Exclusão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s justificada em postagens nos fóruns.Fonte:http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/view.php?id=396250http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=627 respectivamente. Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.ePor fim, além <strong>do</strong>s itens expostos acima, os fóruns são utiliza<strong>do</strong>s para a troca econstrução <strong>de</strong> conhecimentos (sen<strong>do</strong> relevante salientar que este <strong>de</strong>veria ser o seu principalobjetivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio). Além disso, é possível verificar a socialização <strong>de</strong> experiênciaspessoais, profissionais e acadêmicas.Nos fóruns não há um padrão para as postagens, pois sen<strong>do</strong> pessoas diferentes, temformas diferentes <strong>de</strong> interpretar o espaço <strong>de</strong> aprendizagem e fazer uso <strong>de</strong>le. Diante da análisefoi possível i<strong>de</strong>ntificar que cada um, a sua maneira, busca encontrar pares ou pessoas quetenham os mesmos objetivos. Falar sobre si e <strong>do</strong>s interesses que possuem é uma forma <strong>de</strong>construir i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e criar vínculos com os outros usuários.Veja, abaixo, alguns exemplos que ilustram o exposto acima.
76Figura 21 - Exemplo <strong>de</strong> postagem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e criação <strong>de</strong> vínculos em fórum geral.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=3424. Acesso em <strong>de</strong>zembro/2010.É possível ainda encontrar pessoas que já tem uma formação acadêmica e que estãoestudan<strong>do</strong> para passar em cursos.Figura 22 - Exemplo <strong>de</strong> postagem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e criação <strong>de</strong> vínculos em fórum geral.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=3565. Acesso em: <strong>de</strong>zembro/2010.pesquisas.Alunos que fazem Mestra<strong>do</strong> e estão buscan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s para a produção <strong>de</strong> trabalhos ouFigura 23 – Exemplo <strong>de</strong> apresentação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nos fóruns gerais.Fonte:http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=559&expand=1&timeread=1297185394.Acesso em <strong>de</strong>zembro/ 2010Enfim, esta é apenas uma pequena <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> fórum no espaço <strong>de</strong>aprendizagem e que lhes é mostra<strong>do</strong> como forma <strong>de</strong> dar subsídios para que seja possívelsignificar e compreen<strong>de</strong>r um pouco mais sobre o que a análise tratará.Segue-se agora, para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> como o sujeito institucionaliza-se enquantousuário <strong>de</strong>sse ambiente.Essa parte se faz muito importante para este trabalho, uma vez que trata <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong>inscrição <strong>de</strong>sses sujeitos. É neste momento - <strong>de</strong> inscrição - que o sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte
77começa a “nascer”, a se constituir. É através da observação <strong>de</strong>ste movimento <strong>de</strong> inscrição queserá possível formular na análise, o entendimento <strong>de</strong> como esse sujeito se significa e o quefaz, chaman<strong>do</strong> para ele a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> além <strong>de</strong> se dizer, construir procedimentos paraque outros possam i<strong>de</strong>ntificá-lo (por meio da postagem <strong>do</strong>s seus materiais).c. Logar-se (Sign in)Neste campo Sign in é possível logar-se no site com os seus da<strong>do</strong>s. Há também umlink, referente ao registro, no projeto OpenLearn. Os outros <strong>do</strong>isitens que aparecem logo abaixo (conforme indica a figura 24)explicam ao usuário como e por que ele <strong>de</strong>ve se registrar.Figura 24 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Sign inFonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.Após o registro o usuário po<strong>de</strong>rá atualizar o seu perfil, para que <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s fórunspresentes nas unida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, bem como naqueles disponíveis no hall geralpor áreas <strong>de</strong> interesse seja possível i<strong>de</strong>ntificar-se e saber um pouco mais sobre as pessoas queestão participan<strong>do</strong> das discussões.Figura 25 – Conhecen<strong>do</strong> o perfil <strong>de</strong> um usuário.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.Clican<strong>do</strong> sobre o nome da pessoa que postou o fórum, é possível ter acesso asinformações cadastradas pelo usuário. Acompanhe.
78Figura 26 – Visualização <strong>do</strong> perfil <strong>de</strong> uma usuáriaFonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.No post acima é possível perceber que a usuária coloca aspectos <strong>de</strong> sua vida pessoal eacadêmica, bem como expõe quais são os seus objetivos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> site da OpenLearn. Dito <strong>de</strong>outro mo<strong>do</strong>: os sujeitos se inscrevem; dizem-se neste ambiente; institucionalizam-se.Enquanto pesquisa<strong>do</strong>res é possível enten<strong>de</strong>r que o perfil <strong>do</strong> usuário é um <strong>do</strong>s fatores<strong>de</strong> materialização <strong>do</strong> pré-construí<strong>do</strong> para que as pessoas que se vinculam a estes fórunspossam, <strong>de</strong> alguma maneira, se reconhecer. È interessante <strong>de</strong>stacar que nem sempre o perfil<strong>do</strong> usuário é cadastra<strong>do</strong>, há aqueles que não atualizam o seu perfil ou, simplesmente, preferemnão <strong>de</strong>ixá-lo visível.Figura 27 – Mensagem <strong>de</strong> perfil priva<strong>do</strong>.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.
79Já no momento <strong>do</strong> registro com o OpenLearn, o indivíduo po<strong>de</strong> cadastrar o seu perfil.A <strong>de</strong>limitação é dada da seguinte forma: Visível a to<strong>do</strong>s, invisível a to<strong>do</strong>s e visível somenteaos aprendizes da mesma unida<strong>de</strong>, assim como <strong>de</strong>monstra a figura a seguir. Este tipo <strong>de</strong>procedimento é muito comum nas gran<strong>de</strong>s re<strong>de</strong>s sociais e representa uma possívelfamiliarização <strong>do</strong> sujeito com o ambiente.Figura 28 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Sign in.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.d. Procurar (Browse)Neste espaço o usuário tem acesso a informações e tutoriais que o auxiliam nautilização <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> algumas ferramentas. Em “procurar” é possívelingressar em tutoriais como: ‘guia <strong>de</strong> início rápi<strong>do</strong>’, ‘perguntas mais frequentes’, ‘glossário’,‘sobre o OpenLearn’ e ‘LabSpace’. Além disso, é possível ainda que os sujeitos leitores <strong>de</strong>stesite, tirem suas dúvidas em fóruns específicos sobre o ‘LearningSpace’, ou em ‘ajuda esuporte’, conforme figura a seguir.
80Figura 29 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Browse.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.No fórum <strong>de</strong> ajuda e suporte, quan<strong>do</strong> as perguntas são especificamente funcionais eadministrativas a “Equipe OpenLearn” se prontifica a ajudar. Pela análise, este fórum sempreexistiu, mas os acessos são poucos e as perguntas relacionadas a este tema, ainda acabamsen<strong>do</strong> feitas em espaços que não são próprios para isso.É por este caminho que o usuário acessará o LabSpace.e. Palavras-chave - TagsFigura 30 – Exploran<strong>do</strong> o espaço <strong>de</strong> aprendizagem: Tags.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/. Acesso em: janeiro/2011.As tags são palavras-chave ou terminologias que os usuários atribuem as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> OpenLearn. Além <strong>de</strong> encontrar estas tags na primeira página <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong>aprendizagem, é possível encontrá-las <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> qualquer módulo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Qualquer usuário registra<strong>do</strong> no projeto OpenLearn po<strong>de</strong> adicionar uma tag usan<strong>do</strong> palavraschavepara <strong>de</strong>screver o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ou a sua entrada no diário <strong>de</strong>aprendizagem. Esta marcação funcionará como um link que permite aos indivíduos aclassificação e a localização <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s basea<strong>do</strong>s pelas palavras chave que são relevantespara eles.As tags pessoais <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os usuários são combinadas por uma comunida<strong>de</strong> “Tagcloud”, permitin<strong>do</strong> que as pessoas tenham acesso, por exemplo, as tags mais populares
81linkadas com as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, ou conheça outras pessoas com interesses no mesmoassunto.3.2.2.1 O “My Learning Space” e suas ferramentasDepois <strong>de</strong> seu registro, o sujeito leitor <strong>do</strong> site OpenLearn passa a ter acesso ao “MyLearning Space” e ao “My LabSpace”, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> também se filiar a uma, ou váriasunida<strong>de</strong>s/módulos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, que estão dispostos nos ‘tópicos’. A partir <strong>do</strong> momento em queo indivíduo passa a fazer parte <strong>do</strong>s participantes <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> ela aparecerá automaticamentetanto no “My Learning Space” quanto no “My LabSpace”. Estas ferramentas dão o controledas unida<strong>de</strong>s que estão sen<strong>do</strong> estudadas.Figura 31 – Entran<strong>do</strong> no “My Learning Space”.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/ . Acesso em: janeiro/2011.Ao clicar sobre o link <strong>do</strong> “My Learning Space” abre-se uma nova janela on<strong>de</strong> épossível visualizar novamente, como no espaço <strong>de</strong> aprendizagem (Learning Space), todas asáreas <strong>de</strong> interesse com suas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Ao clicar sobre uma área específica abre-se
82uma nova janela com um resumo das informações das unida<strong>de</strong>s presentes naquele tópicogeral. Entre elas:1. nome da unida<strong>de</strong> com seu código utiliza<strong>do</strong> na OU;2. tempo <strong>de</strong> duração <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>;3. o nível <strong>de</strong> aprendizagem: introdutório, médio e avança<strong>do</strong>.4. uma pequena <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> que a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem trata;5. tags com temas relaciona<strong>do</strong>s e que encaminham o usuário a outras unida<strong>de</strong>sin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Figura 32 – Entran<strong>do</strong> no “My Learning Space”.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/course/category.php?id=5.$ Acesso em: janeiro/2011.Clican<strong>do</strong> sobre as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse, abre-se outra janela que proporcionará aousuário a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> filiar-se àquela unida<strong>de</strong> e fazen<strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s fóruns e ferramentas <strong>de</strong>aprendizagem.
83Figura 33 – Participan<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/my/ . Acesso em janeiro/2011.No momento em que o sujeito <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> participar <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, a mesmapassa a fazer parte <strong>de</strong> seu hall <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s que ficarão dispostas no “my Learning Space”.Nesta página é possível, acessar a unida<strong>de</strong> (Figura 34 – item 1), <strong>de</strong>svincular-se <strong>de</strong>la (Figura34 – item 2), saber se alguém respon<strong>de</strong>u aos questionários que avaliam a unida<strong>de</strong> postada pelaOpen (Figura 34 – item 3), ver a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usuários que a<strong>de</strong>riram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a última visita(Figura 34 – item 4), bem como é possível ver um relatório sobre o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> usuário (quaisos itens leu, os horários e as datas, participação no fórum, se realizou alguma ativida<strong>de</strong>, etc)(Figura 34 – item 5).Figura 34 – As unida<strong>de</strong>s já selecionadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> My Learning Space.1243Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/my/ . Acesso em janeiro/2011.5
84O “My Learning Space” possibilita a personalização <strong>de</strong>sta experiência aberta porparte <strong>do</strong>s sujeitos leitores (usuários). Neste espaço, é possível acrescentar, mover e excluirelementos da janela <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os interesses individuais. Além disso, po<strong>de</strong>-se tambématualizar ou cadastrar o perfil, no caso daqueles que não o fizeram no momento <strong>do</strong> registro;bem como compartilhar interesses com outros usuários, visualizar ou imprimir os relatóriossobre as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Já <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong>, o espaço <strong>de</strong> aprendizagem possibilita ao leitor uma série <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> o acesso ao conhecimento até a construção <strong>de</strong> conhecimento.Figura 35 – Layout <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/course/view.php?id=3636 . Acesso em janeiro/2011.Ao clicar sobre a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> presente no LearningSpace, o leitor terá acesso auma página como a mostrada na Figura 35. No la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da página existe uma gama <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s que darão ao usuário suporte para melhor aproveitamento <strong>de</strong> seus estu<strong>do</strong>s.Começan<strong>do</strong> <strong>de</strong> cima para baixo temos o “My preferences” (Minhas preferências) quepermite que o usuário <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Em seguida temos as“Learning Tools” (ferramentas <strong>de</strong> aprendizagem).Abordar-se-á, a partir <strong>de</strong> agora, cada uma <strong>de</strong>ssas ferramentas.
85Figura 36 – Ferramentas presentes nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/course/view.php?id=3636 . Acesso em janeiro/2011.Utilizan<strong>do</strong> as ferramentas <strong>de</strong> aprendizagem - Using Learning ToolsEste espaço oferece ao usuário a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r como utilizar cada uma dasferramentas oferecidas pelo Espaço Virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn. Clican<strong>do</strong> sobre este link épossível acessar a diversas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> que falam <strong>de</strong> cada uma das ferramentasseparadamente.Estas unida<strong>de</strong>s funcionam como tutoriais.Comunicação ao vivo - Flash Meeting Live communicationO Flash Meeting é uma ferramenta <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o conferência que permite que um grupo <strong>de</strong>pessoas <strong>de</strong> diferentes locais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se reúnam <strong>de</strong> forma online e se comuniquem <strong>de</strong> formasíncrona.Qualquer usuário registra<strong>do</strong> no OpenLearn po<strong>de</strong> agendar uma reunião, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,inclusive adicionar pessoas não registradas para participarem das mesmas.Figura 37 – Detalhes <strong>de</strong> uma ví<strong>de</strong>o-conferênciaFonte: http://fm-OpenLearn.Open.ac.uk/fm/358b70-17857 . Acesso em janeiro/2011.
86No quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes é possível verificar o mapa com o local <strong>de</strong> on<strong>de</strong> as pessoasestão se falan<strong>do</strong>, a data e o horário em que o encontro aconteceu, o número <strong>de</strong> vezes que agravação foi assistida, bem como o quanto <strong>de</strong> CO2 <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser libera<strong>do</strong> na atmosfera porconta <strong>do</strong> não <strong>de</strong>slocamento para a reunião.O Flash Meeting possibilita:- a sublimação da barreira <strong>de</strong> espaço e tempo seja pela participação <strong>de</strong> forma síncrona ou pelareexibição <strong>de</strong> todas as conferências <strong>de</strong> forma assíncrona;- a comunicação entre pessoas <strong>de</strong> mesmos interesses;- a socialização <strong>de</strong> conhecimentos;- a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas;- o favorecimento <strong>de</strong> aprendizagem coletiva através da discussão das i<strong>de</strong>ias presentes em umaunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>;- a socialização <strong>de</strong> URL, sli<strong>de</strong>s e outros materiais; etc.Para utilizar esta ferramenta não é necessário nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>wnload, visto que amesma funciona a partir <strong>do</strong> navega<strong>do</strong>r da web (A<strong>do</strong>be Flash Player).Ví<strong>de</strong>o Diário - Flash VlogO Flash Vlog é uma ferramenta que oportuniza a criação <strong>de</strong> um ví<strong>de</strong>o diário, on<strong>de</strong> osujeito po<strong>de</strong>rá construir suas consi<strong>de</strong>rações quase que instantaneamente ao estu<strong>do</strong> da unida<strong>de</strong>.O problema é que não há como mapear os usuários que utilizam esta ferramenta, pois sen<strong>do</strong><strong>de</strong> uso individual, o sujeito po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir torná-la pública ou não, conforme aponta a Figura39.
87Figura 38 – Editan<strong>do</strong> o Flash VlogFigura 39 – Acessan<strong>do</strong> os arquivos grava<strong>do</strong>sFonte: http://fm-OpenLearn.Open.ac.uk/fv/list.php.Acesso em janeiro/2011.Fonte: http://fm-OpenLearn.Open.ac.uk/fv/list.phpAcesso em janeiro/2011.O Ví<strong>de</strong>o diário oferece ainda, uma ferramenta <strong>de</strong> personalização (molduras, cores,elementos gráficos, etc) <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os objetivos e afinida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> usuário.Mapas <strong>de</strong> Conhecimento – Knowledge mapsO Compêndio é uma ferramenta (software) para a criação <strong>de</strong> mapas <strong>de</strong> conhecimento,o que ajuda as pessoas a gerirem uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações. Por este motivo,mapear o conhecimento é uma habilida<strong>de</strong> primordial para a aprendizagem na atualida<strong>de</strong>.Em um mapa <strong>do</strong> conhecimento as informações são ligadas no intuito <strong>de</strong> facilitar oacesso à informação. Para utilizá-lo é necessário fazer o <strong>do</strong>wnload e instalá-lo no computa<strong>do</strong>r.Através <strong>de</strong>sta ferramenta é possível criar diferentes tipos <strong>de</strong> mapas:a) Mapa mental – Favorece a organização <strong>do</strong>s próprios pensamentos e <strong>do</strong>cumentos, através<strong>de</strong> ícones que vão possibilitar a significação <strong>do</strong> leitor. No mapa mental é possível arrastar esoltar os <strong>do</strong>cumentos e websites em um mapa.
88Figura 40 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa mental sobre o que é estratégia.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_tools/learning_tool.php?courseid=3636&tool=km . Acessoem janeiro/2011.b) Mapa conceitual – Permite mapear as conexões entre os conceitos. De acor<strong>do</strong> comRoesler e Sartori (2005, p.76), é uma ferramenta gráfica que organiza conceitos, ou seja,“fornece um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> organização e busca da informação”, sen<strong>do</strong> que atua como um “guiaque permite navegar <strong>de</strong> forma aleatória ou organizada com a rápida localização <strong>do</strong>sconteú<strong>do</strong>s.”Figura 41 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa conceitual sobre o que é estratégia
89Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_tools/learning_tool.php?courseid=3636&tool=km. Acessoem janeiro/2011.c) Mapa <strong>de</strong> diálogo – Representação visual <strong>de</strong> uma conversação ou uma reflexão pessoal.Figura 42 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa <strong>de</strong> diálogo sobre a posição da Kodac no merca<strong>do</strong>Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_tools/learning_tool.php?courseid=3636&tool=km . Acessoem janeiro/2011.d) Mapa <strong>de</strong> argumento – É um diagrama que apresenta uma visão geral <strong>de</strong> raciocínio.Facilita a construção <strong>de</strong> argumentos através <strong>de</strong> uma estrutura lógica.Figura 43 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa <strong>de</strong> argumento sobre a posição da Kodac no merca<strong>do</strong>Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_tools/learning_tool.php?courseid=3636&tool=km. Acessoem janeiro/2011.
90e) Mapa da web – Mapa da web é uma representação gráfica e hipertextual <strong>do</strong>s sitesimportantes agrupa<strong>do</strong>s por categorias.Figura 44 – Exemplo <strong>de</strong> um mapa da web sobre as cinco forças da concorrênciaFonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_tools/learning_tool.php?courseid=3636&tool=km. Acessoem janeiro/2011.Além <strong>do</strong> Compêndio, existe outra ferramenta para mapeamento <strong>do</strong> conhecimento, aCohere. Esta ferramenta possibilita, através da web, que alunos com interesses comuns liguemsuas i<strong>de</strong>ias associan<strong>do</strong>-as a sites relevantes, sem que seja necessário fazer o <strong>do</strong>wnload <strong>do</strong>software, pois o mesmo funciona direto no computa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> usuário.Diante <strong>de</strong>stas possibilida<strong>de</strong>s o aluno po<strong>de</strong> criar uma ‘teia’ que o ajudará no processo<strong>de</strong> interligação e apreensão <strong>do</strong>s conhecimentos. É uma forma <strong>de</strong> significar o que foi estuda<strong>do</strong>,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> também representar um gesto <strong>de</strong> criação, uma vez que o aluno faz vários recortes naconstrução <strong>de</strong> um to<strong>do</strong> inédito, pois o caminho – percurso- é por ele estabeleci<strong>do</strong>.Cada uma das tipologias acima representa uma forma <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r e concatenar asi<strong>de</strong>ias (e os senti<strong>do</strong>s que estão atrela<strong>do</strong>s à elas), o que facilita sobremaneira a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sujeito em organizá-las a partir <strong>de</strong> seus pré-construí<strong>do</strong>s.Como muitas das pessoas que montam estes mapas não disponibilizam para toda are<strong>de</strong> <strong>do</strong> OpenLearn, fica inviável mapeá-los e i<strong>de</strong>ntificá-los nas unida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes; atéporque não são todas que contém estes mapas <strong>do</strong> conhecimento publica<strong>do</strong>s.
91Revista <strong>de</strong> aprendizagem – Learning JournalFunciona como um blog para utilização pessoal ou compartilhamento <strong>de</strong> experiências.Figura 45 – Exemplo <strong>do</strong> Learning Journals (blog)Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/oublog/view.php?user=184253. Acesso em janeiro/2011.Assim como o Flash Vlog (ví<strong>de</strong>o diário) o Learning journal (revista <strong>de</strong> aprendizagem)é, também, um espaço <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, muito embora, a visualização <strong>de</strong>stas postagensnem sempre é permitida pelo autor.Clubes <strong>de</strong> aprendizagem – Learning ClubsEsta ferramenta favorece o agrupamento <strong>de</strong> interesses comuns através <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aprendizagem, on<strong>de</strong> é possível compartilhar e discutir i<strong>de</strong>ias, facilitan<strong>do</strong> assim o estu<strong>do</strong>aberto.O usuário po<strong>de</strong> escolher entre a criação <strong>de</strong> um Clube ou a<strong>de</strong>rir a outro já existente.Cada clube possui um fórum on<strong>de</strong> é possível compartilhar arquivos e i<strong>de</strong>ias.Figura 46 – Recorte <strong>de</strong> Clubes <strong>de</strong> Aprendizagem presentes na ferramenta
92Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_clubs/learning_club.php?action=viewall. Acesso emjaneiro/2011.Registro <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s – My activity RecordÉ possível, através <strong>de</strong>sta ferramenta, saber on<strong>de</strong> o leitor parou seus estu<strong>do</strong>s. Há umregistro <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que foi feito e quan<strong>do</strong> foi feito, facilitan<strong>do</strong> a retomada das ativida<strong>de</strong>s emoutros momentos.Fórum da Unida<strong>de</strong> – Unit fórumAssim como os <strong>de</strong>mais fóruns <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> site <strong>do</strong> projeto OpenLearn, este tem oobjetivo <strong>de</strong> promover a interação entre os usuários. Neste espaço os leitores po<strong>de</strong>m tirardúvidas sobre os conteú<strong>do</strong>s, levantar questões polêmicas para <strong>de</strong>bate, encontrar parceiros cominteresses comuns, construir conhecimento, etc.Participantes – ParticipantsEsta ferramenta disponibiliza a listagem <strong>do</strong>s usuários cadastra<strong>do</strong>s à unida<strong>de</strong>,juntamente com o e-mail e país <strong>de</strong> origem; favorecen<strong>do</strong> a interação e o conhecimento acerca<strong>do</strong>s colegas e seus interesses.
93Figura 47 – Recorte da ferramenta participantes.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/blocks/learning_clubs/learning_club.php?action=viewall. Acesso emjaneiro/2011.Dentro <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> existem ainda outras possibilida<strong>de</strong>s que visam facilitar oacesso ao conhecimento pelo usuário:- avaliação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s e visualização <strong>do</strong>s gráficos com o relatório <strong>de</strong> todas as avaliaçõesrealizadas;- disponibilização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> em diversos formatos que não o apresenta<strong>do</strong> na Unida<strong>de</strong>(áudio, <strong>do</strong>wnload, RSS 27 etc);- fazer uma cópia para revisão no LabSpace; etc.27 O RSS proporciona ao usuário a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> sem divisões <strong>de</strong> forma online,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda ser impresso.
943.2.2.2 LabSpaceO LabSpace enquanto espaço <strong>de</strong> aprendizagem virtual é o objeto <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>stapesquisa. Através da análise <strong>de</strong>ste espaço, é que será possível compreen<strong>de</strong>r os <strong>de</strong>slocamentosque tornam possível a materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito leitor, e que, por este motivo, o constituirácomo Leito Apren<strong>de</strong>nte.O LabSpace disponibiliza aos seus usuários a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>do</strong>conhecimento através da criação, reutilização e mixagem <strong>de</strong> Recursos Educacionais Abertosdisponibiliza<strong>do</strong>s pela Open sob a licença da Creative Commons.Esta ferramenta po<strong>de</strong> ser utilizada por qualquer pessoa que tenha interesse namodificação e divulgação <strong>de</strong> recursos na web.Figura 48 – Layout da página <strong>do</strong> LabSpace.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/. Acesso em janeiro 2011 .É possível encontrar no LabSpace unida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, cursos - com umconjunto estrutura<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos educativos prontos para o uso – ou, ativos. Ativos sãorecursos <strong>do</strong> tipo imagem, animação, clipes <strong>de</strong> áudio, etc. Uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> conterapenas um ativo, mas na maioria das vezes acontece <strong>de</strong> forma conjunta.
95Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da origem ou <strong>do</strong> público alvo, o REA po<strong>de</strong> ser elabora<strong>do</strong> em um lugardiferencia<strong>do</strong>. Entre eles:a. IndieSpaceb. ProjectSpacec. SectorSpacea. Indie SpaceO IndieSpace é o local <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> aos usuários com pouca intimida<strong>de</strong> com a mixagem ereutilização <strong>de</strong> REA. Neste local é possível criar novas unida<strong>de</strong>s, remixar conteú<strong>do</strong>sexistentes ou, simplesmente, apren<strong>de</strong>r a utilizar as ferramentas <strong>do</strong> LabSpace.Sen<strong>do</strong> este um espaço <strong>de</strong> familiarização com o LabSpace, a Open - após um perío<strong>do</strong>muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> inativida<strong>de</strong> - limpará a área <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> IndieSpace. Se for preciso a Openpo<strong>de</strong>rá recuperar estes materiais.Se o usuário sentir necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maior controle po<strong>de</strong>rá direcionar-se aoProjectSpace ou para o SectorSpace.b. ProjectSpaceEste espaço está reserva<strong>do</strong> para ativida<strong>de</strong>s e projetos colaborativos. A Open forneceum ambiente online on<strong>de</strong> os membros <strong>de</strong> uma empresa ou sócios po<strong>de</strong>m colaborar no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s REA.Diferentemente <strong>do</strong> IndieSpace, o ProjectSpace disponibiliza ao usuário toda afuncionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> LabSpace. Caso seja necessário a Open po<strong>de</strong>rá fornecer uma senhaprovisória, para que no momento da construção <strong>do</strong> REA, o mesmo fique disponível somentepara os i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>res/reutiliza<strong>do</strong>res.Atualmente o ProjectSpace suporta três tipos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração:- Projetos <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento – avaliação colaborativa <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> produçãoe reutilização <strong>do</strong>s REA;- Projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos – colaboração entre parceiros na produção <strong>de</strong> REApara um público alvo pré- <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>;
96- Projeto <strong>de</strong> utilização – compartilhamento <strong>de</strong> experiências na realização e apoio aos REApara um público específico.c. SectorSpaceO SectorSpace é o local <strong>de</strong> disponibilização <strong>de</strong> recursos educacionais abertos, sob olema <strong>de</strong> que quanto mais recursos forem publica<strong>do</strong>s maior será a cultura <strong>de</strong> socialização <strong>do</strong>sRecursos Educacionais Abertos.Assim como o ProjectSpace o SectorSpace também oferece um hall <strong>de</strong> ferramentasque facilitam e possibilitam o experimento e a compreensão <strong>de</strong> como os usuários vão reagirna utilização <strong>do</strong>s REA, seja <strong>de</strong> maneira formal ou informal.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> os REAs serem produzi<strong>do</strong>s em locais diferencia<strong>do</strong>s, o acesso a eles<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> produzi<strong>do</strong>s, modifica<strong>do</strong>s ou remixa<strong>do</strong>s é feito <strong>de</strong> forma muito similar aoLearningSpace nos tópicos ou áreas <strong>do</strong> conhecimento.Figura 49 – Acessan<strong>do</strong> os REAs no LabSpace.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/. Acesso em janeiro 2011 .É possível, também, acessar to<strong>do</strong>s os REAs através <strong>do</strong> link “All units”, conformemostra a figura a seguir.
97Figura 50 – Acessan<strong>do</strong> os REAs através <strong>do</strong> link “All units” no LabSpace.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/. Acesso em janeiro 2011.Conforme é possível verificar na figura acima, neste link aparecem todas as versõesque um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> módulo sofreu, sen<strong>do</strong> que estas modificações são diferenciadas pelanumeração ao final <strong>do</strong> código da disciplina.Clican<strong>do</strong> sobre o nome da unida<strong>de</strong> ou módulo é possível vincular-se a ela peloLabSpace. Abrin<strong>do</strong> a página, nos casos <strong>de</strong> suas modificações terem si<strong>do</strong> feitas peloindieSpace, projectSpace ou sectorSpace, aparecerá uma etiqueta indicativa na parte superiorda página.Além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r utilizar todas as ferramentas já disponíveis no LearningSpace, o sujeitoleitor presente no LabSpace po<strong>de</strong> baixar todas as versões daquele material, inclusive a versãooriginal postada pela Open University. Há também a ferramenta que permite ao leitor baixaruma cópia para modificação.
98Figura 51 – Acessan<strong>do</strong> um REAs no LabSpac.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/. Acesso em janeiro 2011.O LabSpace como espaço <strong>de</strong> produção, modificação e mixagem <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s abertos,torna possível i<strong>de</strong>ntificar a materialização <strong>do</strong> sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte. A partir <strong>de</strong> agora,partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> recorte – representa<strong>do</strong> pelo LabSpace - será da<strong>do</strong> início a análise discursivabuscan<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>nciar e <strong>de</strong>stacar as formas com que este espaço proporciona a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento e materialização <strong>do</strong>s sujeitos em Leitor Apren<strong>de</strong>nte.
994 METODOLOGIAA AD constrói um dispositivo teórico analítico <strong>de</strong> interpretação singular que relacionao dito e o não dito procuran<strong>do</strong> perceber a partir <strong>do</strong> que o sujeito diz aquilo que ele não fala,mas que também produz senti<strong>do</strong>s no discurso. É preciso consi<strong>de</strong>rar que a interpretação fazparte <strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> análise.De acor<strong>do</strong> com Orlandi (2006), a AD constitui-se como uma disciplina <strong>de</strong>interpretação na medida em que o analista lê ‘a história’ (relativa a historicida<strong>de</strong>) <strong>do</strong> textoperceben<strong>do</strong> aquilo que não está posto ou explícito. Assim, interpretar não significasimplesmente <strong>de</strong>codificar um texto, mas ver nas entrelinhas as marcas <strong>de</strong>ixadas na relaçãoentre o sujeito, a língua e a história.Ao significar o sujeito se significa, o gesto <strong>de</strong> interpretação é o que –perceptível ou não para o sujeito e/ou para seus interlocutores – <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> adireção <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>cidin<strong>do</strong> assim sobre sua (<strong>do</strong> sujeito) direção. (...) Oespaço da interpretação é o espaço <strong>do</strong> possível, da falha, <strong>do</strong> efeitometafórico, <strong>do</strong> equívoco, em suma: <strong>do</strong> trabalho da história e <strong>do</strong> significante,em outras palavras, <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> sujeito. (ORLANDI, 2004, p.22).A interpretação, sob este viés, não é isenta <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações, haja vista que o gesto <strong>de</strong>interpretar já representa uma inscrição <strong>do</strong> sujeito e <strong>do</strong>s enuncia<strong>do</strong>s a um registro mnemônicorelativo ao dizer.Para a AD não há senti<strong>do</strong>s estabiliza<strong>do</strong>s já que a língua funciona pela i<strong>de</strong>ologia e ossujeitos também são interpela<strong>do</strong>s por ela através das formações discursivas e i<strong>de</strong>ológicas nasquais se inserem. “Os sujeitos e os senti<strong>do</strong>s se constituem em processos em que hátransferências, jogos simbólicos <strong>do</strong>s quais não temos o controle e nos quais o equívoco – otrabalho da i<strong>de</strong>ologia e <strong>do</strong> inconsciente - estão largamente presentes.” (ORLANDI, 2009,p.60).O processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s sujeitos <strong>do</strong>/no discurso é, portanto re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssasconstituições e filiações históricas, i<strong>de</strong>ológicas e discursivas.Orlandi (2009) afirma que o mecanismo da AD <strong>de</strong>ve dar conta <strong>de</strong> relacionar edistinguir a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s processos, que levam a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> sujeito, com a interpretação<strong>de</strong>stas condições, em que o senti<strong>do</strong> é constituí<strong>do</strong> no discurso. Como a AD leva emconsi<strong>de</strong>ração a materialida<strong>de</strong> da linguagem, foi necessário criar dispositivos <strong>de</strong> interpretação
100na busca <strong>de</strong> compreensão da discursivida<strong>de</strong> presente na linguagem, ou seja, os dispositivosestão relaciona<strong>do</strong>s ao reconhecimento e i<strong>de</strong>ntificação da materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos.São <strong>do</strong>is os dispositivos <strong>de</strong> interpretação, segun<strong>do</strong> Orlandi (2006): um teórico e outroanalítico.O dispositivo teórico refere-se à fundamentação, aos conceitos e noções queestabelecem a AD. É o dispositivo teórico que vai <strong>de</strong>terminar o dispositivo analítico;oferecen<strong>do</strong> subsídios para que o analista possa avaliar e enten<strong>de</strong>r o funcionamento discursivo.O dispositivo analítico apoia-se na noção <strong>de</strong> efeito metafórico, sen<strong>do</strong> função <strong>do</strong>analista evi<strong>de</strong>nciar a produção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> objeto simbólico, bem como as formascom que os processos <strong>de</strong> significação acontecem no texto. (ORLANDI, 2004).Portanto, é necessário que a metáfora seja percebida como uma transferência,partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> que to<strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong> po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar <strong>de</strong> seu senti<strong>do</strong> para tornar-seoutro. Em outras palavras, po<strong>de</strong>-se dizer que o dispositivo analítico é construí<strong>do</strong> por cadaanalista durante cada análise específica, sen<strong>do</strong> que esta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong>s questionamentos <strong>do</strong>analista, <strong>do</strong> corpus a ser analisa<strong>do</strong> etc.; o que torna a interpretação um processo muitosubjetivo.É preciso consi<strong>de</strong>rar que a <strong>de</strong>scrição está vinculada a interpretação <strong>de</strong> forma que oanalista <strong>de</strong>ve movimentar-se na lacuna existente entre ambas, geran<strong>do</strong> assim uma posição <strong>de</strong>neutralida<strong>de</strong> relativa, haja vista os caminhos escolhi<strong>do</strong>s pelo analista durante a interpretação.“O analista não interpreta, ele trabalha nos limites da interpretação” (ORLANDI, 2009), ouseja, a análise está sob o gesto <strong>de</strong> interpretação, como uma reconstituição <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s oselementos que estão embuti<strong>do</strong>s no acontecimento, <strong>de</strong> forma que a interpretação não ocorresobre o texto, mas sim sobre os da<strong>do</strong>s da análise, fundamenta<strong>do</strong>s na teoria como forma <strong>de</strong>enten<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s.Sem procurar eliminar os efeitos <strong>de</strong> evidência produzi<strong>do</strong>s pela linguagem emseu funcionamento e sem preten<strong>de</strong>r colocar-se fora da interpretação – fora dahistória, fora da língua – o analista produz seu dispositivo teórico <strong>de</strong> forma anão ser vítima <strong>de</strong>sses efeitos, <strong>de</strong>ssas ilusões, mas a tirar proveito <strong>de</strong>las. E ofaz pela mediação teórica. Para que no funcionamento <strong>do</strong> discurso, naprodução <strong>do</strong>s efeitos ele não reflita apenas no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> reflexo, da imagem,da i<strong>de</strong>ologia, mas reflita no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> pensar. (ORLANDI, 2009, p.61).Assim, o analista <strong>de</strong> discurso não se abstrai da história, <strong>do</strong> simbólico ou da i<strong>de</strong>ologia,ele conta com o <strong>de</strong>slizamento, com a falha da língua e o equívoco da história no procedimentoda análise.
101Para que o analista possa elaborar a sua análise é necessário então que seu dispositivoanalítico constitua-se no batimento <strong>do</strong> seu recorte, <strong>do</strong> corpus e <strong>do</strong> dispositivo teórico <strong>de</strong>análise. Dito <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, o analista precisa presentificar a problemática que originou o seuinteresse no objeto, as bases teóricas que a sustentam e, também, os materiais que dão forma e<strong>de</strong>limitam o seu corpus no processo <strong>de</strong> compreensão e análise.Segun<strong>do</strong> Orlandi (2009) um <strong>do</strong>s primeiros pontos a serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> se falaem análise é a constituição <strong>do</strong> corpus.Acompanhe, a seguir, como ocorreu à <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong> corpus <strong>de</strong>sta pesquisa.4.1 O CORPUSO analista <strong>do</strong> discurso parte <strong>de</strong> um objeto para a constituição <strong>de</strong> seu corpus, <strong>de</strong> formaque a escolha <strong>do</strong> mesmo já representa um gesto <strong>de</strong> análise.No caso <strong>de</strong>sta pesquisa, nosso objeto advém da Educação a Distância e <strong>de</strong>leselecionamos um corpus, fruto <strong>de</strong> um interesse teórico e analítico. Neste caso, o nosso corpusfoi <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> pelo projeto OpenLearn, e a partir <strong>de</strong>le criou-se uma hipótese que darámaterialida<strong>de</strong> ao recorte a que nos propomos trabalhar: o conceito <strong>de</strong> aluno apren<strong>de</strong>nteenquanto sujeito <strong>do</strong>/no discurso. Sen<strong>do</strong> assim, o recorte é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela posição <strong>do</strong>analista na observação <strong>do</strong> corpus.A análise é um processo que começa pelo próprio estabelecimento <strong>do</strong> corpuse se organiza face a natureza <strong>do</strong> material e à pergunta (ponto <strong>de</strong> vista) que oorganiza. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a teoria intervenha a to<strong>do</strong> o momentopara reger a relação <strong>do</strong> analista com o seu objeto, com os senti<strong>do</strong>s, com elemesmo, com a interpretação. (ORLANDI, 2009, 64).Durante o processo <strong>de</strong> recorte é necessário que a posição <strong>do</strong> analista seja teorizada,para que as formações discursivas que o atravessam sejam expostas, constituin<strong>do</strong> assim parte<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s marca<strong>do</strong>s na análise discursiva.Uma vez analisa<strong>do</strong> um objeto, este fica posto para novas análises, uma vez que aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura nunca se esgotam. Portanto, a análise, como já foi dito, não tem oobjetivo <strong>de</strong> levantar verda<strong>de</strong>s absolutas e cristalizadas, mas sim possibilida<strong>de</strong>s, pontos <strong>de</strong>vista que <strong>de</strong>terminam e dão materialida<strong>de</strong> aos senti<strong>do</strong>s e aos sujeitos.
102Na perspectiva <strong>do</strong>s dispositivos teóricos e meto<strong>do</strong>lógicos da Análise <strong>do</strong> Discurso,buscamos analisar o espaço virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn da Open University, procuran<strong>do</strong> amaterialida<strong>de</strong> discursiva <strong>de</strong> um sujeito leitor (apren<strong>de</strong>nte), através <strong>do</strong>s elementos que odiferenciam <strong>do</strong>s sujeitos inscritos em outros padrões <strong>de</strong> Educação a Distância.A partir <strong>do</strong>s referenciais expostos acima e, também, da teoria da complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Edgar Morin – que fala da importância <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r que as partes não existem por si só, masque fazem parte <strong>de</strong> um to<strong>do</strong> maior que as constituí - buscar-se-á a partir <strong>de</strong> agora falar umpouco das partes na constituição <strong>do</strong> ‘to<strong>do</strong>’ <strong>de</strong>sta dissertação, que representa o recorte feitopara a elaboração da análise.Para chegar ao corpus <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> pesquisa foi necessário a realização <strong>de</strong> umrecorte, que <strong>de</strong>ntro da AD representa o posicionamento <strong>do</strong> analista frente ao corpus.Um recorte, na linguística, é uma segmentação, ou seja, a informação é dividida <strong>de</strong>forma precisa e mensurável. Contrariamente a esta realida<strong>de</strong>, em AD o recorte já configuraum movimento <strong>de</strong> análise, sen<strong>do</strong> que não existe um significa<strong>do</strong> único, mas sim, múltiplaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>.De acor<strong>do</strong> com Orlandi (1984, p.14) “o recorte é uma unida<strong>de</strong> discursiva. Por unida<strong>de</strong>discursiva enten<strong>de</strong>mos fragmentos correlaciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> linguagem e situação. Assim o recorteé um fragmento da situação discursiva”.Contrariamente ao que ocorre na Linguística – on<strong>de</strong> o linguista faz uma relação lineare hierárquica entre as unida<strong>de</strong>s segmentadas – em AD o recorte varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os tipos<strong>de</strong> discurso, as condições <strong>de</strong> produção, bem como com os objetivos que se preten<strong>de</strong> alcançarcom a análise, sen<strong>do</strong> inviável, <strong>de</strong>sta forma, uma hierarquização automatizada.Po<strong>de</strong>-se afirmar, então, que “o texto é o to<strong>do</strong> em que se organizam os recortes. Esseto<strong>do</strong> tem compromisso com as condições <strong>de</strong> produção e com a situação discursiva”(ORLANDI, 1984, p.14).Assim, ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a mesma autora, o recorte está liga<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>polissemia e não a <strong>de</strong> informação, pois como já menciona<strong>do</strong> em outro momento, o recorteconfigura-se pela situação <strong>de</strong> interlocução, haven<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma to<strong>do</strong> um contexto i<strong>de</strong>ológicoque não é visto explicitamente na perspectiva da segmentação.Neste trabalho dissertativo, o recorte foi feito partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong>sta autora pelosassuntos relaciona<strong>do</strong>s à Educação, mais especificamente à EaD, que foi escolhida, por estemotivo, como objeto <strong>de</strong> pesquisa. A partir <strong>de</strong>sta inclinação, levantou-se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> encontrarum mo<strong>de</strong>lo educacional que fosse diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s padrões meto<strong>do</strong>lógicos <strong>de</strong> ensino a
103distância presentes no Brasil e que possuísse, neste senti<strong>do</strong>, um perfil diferencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> sujeitoleitor até então instituí<strong>do</strong>.Terminada a busca por instituições com mo<strong>de</strong>los distintos, houve a escolha da OpenUniversity, pois além <strong>de</strong> oferecer um mo<strong>de</strong>lo diferencia<strong>do</strong>, possuía também um projeto muitoinova<strong>do</strong>r no que diz respeito à meto<strong>do</strong>logia, ao ensino e aos discursos que se consi<strong>de</strong>ram<strong>do</strong>minantes <strong>de</strong>ntro da educação. Sen<strong>do</strong> assim, dicidiu-se pela <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong> projetoOpenLearn, como o corpus <strong>de</strong> nossa pesquisa.Como o recorte <strong>de</strong> análise constitui-se no movimento <strong>de</strong> compreensão da possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento, das diferentes forma-sujeito em Leitores Apren<strong>de</strong>ntes, optamos por<strong>de</strong>screver mais <strong>de</strong>tidamente o LabSpace – ferramenta <strong>do</strong> projeto OpenLearn que possibilita aconstrução, reutilização e mixagem <strong>de</strong> Recursos Educacionais Abertos (REA)– para análise ei<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte que se busca materializar.Orlandi (2008) afirma que to<strong>do</strong> texto tem inscrito em si as relações entre um autor eos leitores, sejam estes reais ou virtuais.Há um leitor virtual inscrito no texto. Um leitor que é constituí<strong>do</strong> no próprioato da escrita. Em termos <strong>do</strong> que <strong>de</strong>nominamos “formações imaginárias” emanálise <strong>de</strong> discurso, trata-se aqui <strong>do</strong> leitor imaginário, aquele que o autorimagina (<strong>de</strong>stina) para seu texto e para quem ele se dirige. (...) Assim,quan<strong>do</strong> o leitor real, aquele que lê o texto, se apropria <strong>do</strong> mesmo, já encontraum leitor aí constituí<strong>do</strong> com o qual ele tem <strong>de</strong> se relacionar necessariamente.(ORLANDI, 2008, p. 09).Em educação a distância, alguns autores buscaram <strong>de</strong>finir o aluno virtual sob o título<strong>de</strong> aprendiz. Este sujeito, segun<strong>do</strong> Maia e Mattar (2007) não precisa mais estar presentefisicamente para que possa apren<strong>de</strong>r e não <strong>de</strong>ve ser apenas entendi<strong>do</strong> como uma pessoa física,pois o mesmo po<strong>de</strong> representar uma comunida<strong>de</strong> ou organização.A princípio instituiu-se uma dúvida com relação ao nome que seria da<strong>do</strong> a este sujeito.As terminologias ‘giravam’ em torno <strong>de</strong> três palavras: aprendiz, apreen<strong>de</strong>nte e apren<strong>de</strong>nte. Aprimeira palavra a ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada no processo foi a relacionada ao aprendiz, pois esta trazconsigo uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>ntro da perspectiva <strong>de</strong> educação aberta <strong>do</strong> projetoOpenLearn não é coerente. Restaram-se duas possibilida<strong>de</strong>s e uma lógica a ser seguida.O significa<strong>do</strong> da palavra apreen<strong>de</strong>r está mais relaciona<strong>do</strong> a “apreensão <strong>de</strong> coisas,objetos” e a palavra apren<strong>de</strong>nte configura-se como um neologismo que traz consigo a noção
104<strong>de</strong> movimento, <strong>de</strong> percurso <strong>de</strong> dis-curso, <strong>de</strong> ação em um processo contínuo 28 <strong>de</strong> aprendizageme construção <strong>de</strong> conhecimento, sen<strong>do</strong> por este motivo, a escolhida para nomear o sujeito quebuscamos dar forma nesta pesquisa.Assim, unin<strong>do</strong> os conceitos <strong>de</strong> Orlandi, ao espaço diferencia<strong>do</strong>, foi possível visualizarum novo perfil <strong>de</strong> sujeito, heterogêneo, em processo <strong>de</strong> constante construção <strong>de</strong> conhecimentoe aprendizagem, que pelos motivos expostos acima será chama<strong>do</strong>, nesta pesquisa, <strong>de</strong> SujeitoLeitor Apren<strong>de</strong>nte, fruto <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo educacional que prega 29 o ‘conhecimento peloconhecimento’.28 É importante <strong>de</strong>stacar que este contínuo <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>do</strong> com ressalvas, ou seja, <strong>de</strong>ve-se levar emconsi<strong>de</strong>ração que estes sujeitos tem oscilações entre os processos <strong>de</strong> aquisição e construção <strong>de</strong> conhecimento.29 Saben<strong>do</strong> que são vários os discursos que permeiam e confluem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s ambientes educacionais, não se<strong>de</strong>ve ter uma visão totalitária e fechada, acreditan<strong>do</strong> que o único discurso que conta é o que remete aoconhecimento pelo conhecimento. Sen<strong>do</strong> uma instituição, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> capitalista, existem outrosdiscursos que também se fazem valer <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mesmo ambiente e que diante <strong>de</strong> uma análise maiscriteriosa po<strong>de</strong>m ser evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s. No entanto, neste momento levar-se-á em consi<strong>de</strong>ração a i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong>conhecimento sem ‘segundas intenções’, pois partimos <strong>do</strong> pressuposto que o sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte estáneste ambiente em busca <strong>do</strong> conhecimento pelo conhecimento, uma vez que o espaço OpenLearn não conferetitulações.
1055 O SUJEITO LEITOR APRENDENTE: DOS DESLOCAMENTOS ÀMATERIALIZAÇÃO NO PROJETO OPENLEARNAo longo <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong> pesquisa foi elaborada uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> como funcionamos espaços <strong>do</strong> Projeto OpenLearn, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as formas <strong>de</strong> interação até as ferramentas queproporcionam ao “indivíduo maior autonomia” em seu processo <strong>de</strong> aprendizagem e que, <strong>de</strong>alguma forma, constituem materialida<strong>de</strong> a um tipo <strong>de</strong> sujeito diferente <strong>do</strong> sujeito leitor virtualda AD e <strong>do</strong> aprendiz virtual da EaD.Orlandi (2006) diz que o processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s está liga<strong>do</strong> as formaçõesimaginárias que regem o discurso através das formações discursivas.Se uma proposição, uma palavra, uma expressão se constituí pela suainserção em uma formação discursiva e não outra, ela não terá um senti<strong>do</strong>que lhe seja próprio, vincula<strong>do</strong> a sua literalida<strong>de</strong>, mas o senti<strong>do</strong> da suainscrição na formação discursiva. Do mesmo mo<strong>do</strong>, palavras, expressões eproposições literalmente diferentes, po<strong>de</strong>m no interior <strong>de</strong> uma mesmaformação discursiva, dada ter o mesmo senti<strong>do</strong>. (ORLANDI, 2006, p.17).Neste senti<strong>do</strong>, a interpretação é um gesto pelo fato <strong>de</strong> intervir no real <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>.Ainda <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com esta autora existem <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> gestos <strong>de</strong> interpretação: o <strong>do</strong> analista eo <strong>do</strong> leitor comum. Enquanto o primeiro é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> 30 pelo dispositivo teórico o segun<strong>do</strong> oé, pelo dispositivo i<strong>de</strong>ológico. (ORLANDI, 2004).O gesto <strong>de</strong> interpretação <strong>do</strong> analista proporciona que ele se <strong>de</strong>sloque, trabalhan<strong>do</strong> nolimiar das formações discursivas, sem inscrever-se em nenhuma <strong>de</strong>las. É claro que a posição<strong>do</strong> analista não é imparcial. O fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver já configura uma interpretação. Ou seja, Nãohá possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastamento, ele está completamente toma<strong>do</strong> pelo seu lugar enunciativo.Contrariamente ao analista, o leitor comum, compreendi<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s dispositivos daAD, como aluno aprendiz, é leva<strong>do</strong> pelo apagamento, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma, absorvi<strong>do</strong> peloengano <strong>do</strong> “senti<strong>do</strong> já lá”.Os gestos <strong>de</strong> interpretação são constitutivos tanto da leitura quanto daprodução <strong>do</strong> sujeito falante. Isto porque, quan<strong>do</strong> fala, o sujeito tambéminterpreta. Para dizer, ele tem que inscrever-se no interdiscurso, tem que se30 Esta <strong>de</strong>terminação não acontece na relação <strong>de</strong> causa e efeito. O senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar neste caso esta maisliga<strong>do</strong> a mediação (para a EaD) e/ou ao embate <strong>do</strong> analista com o corpus, através <strong>do</strong> gesto <strong>de</strong> interpretação,conforme enten<strong>de</strong> a AD.
106filiar a um saber discursivo (uma memória) que sustenta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>produzir senti<strong>do</strong>. (ORLANDI, 2004, p.93).Assim, a memória sustentada pelo espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> projeto OpenLearn érelativa à educação, à aprendizagem. As pessoas que ingressam no espaço <strong>de</strong> aprendizagem eque utilizam as ferramentas <strong>de</strong> interação buscam criar vínculos tanto com o ambiente, quantocom os <strong>de</strong>mais participantes.Na imagem abaixo temos o recorte <strong>de</strong> um fórum posta<strong>do</strong> e que foi intitula<strong>do</strong>: “Por quevocê está aqui?” O autor <strong>do</strong> post além <strong>de</strong> questionar os <strong>de</strong>mais usuários, escreveu os motivos<strong>de</strong> ele estar presente neste espaço; falou sobre os seus interesses e os seus anseios; tentan<strong>do</strong>,<strong>de</strong> alguma forma, encontrar parceiros com os mesmos objetivos que o <strong>de</strong>le.Figura 52: I<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>-se com o local e os sujeitos.Fonte: http://OpenLearn.Open.ac.uk/mod/forumng/discuss.php?d=3660. Acesso em: fevereiro 2011.To<strong>do</strong> este discurso produzi<strong>do</strong> pelo usuário <strong>do</strong> fórum só faz senti<strong>do</strong>, pois há um préconstruí<strong>do</strong>que <strong>de</strong>termina que o espaço disponibiliza<strong>do</strong> pela OpenLearn, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>,refere-se à aprendizagem, relaciona-se à Educação, ou seja, há um pré-construí<strong>do</strong> que osustenta e significa. Desta forma, ao mesmo tempo em que este pré-construí<strong>do</strong> <strong>de</strong>termina ossenti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço, também, <strong>de</strong>termina senti<strong>do</strong> aos sujeitos e <strong>de</strong>fine subliminarmenteas possíveis movimentações <strong>do</strong> sujeito <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste espaço <strong>de</strong> aprendizagem aberto.No <strong>de</strong>correr da pesquisa verificou-se que os diferentes sujeitos inscritos no projetoOpenLearn coexistem e convergem na formação <strong>de</strong> uma ‘nova’ possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeito. Estaterceira possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeito, que constitui o recorte <strong>de</strong>ste trabalho, é configurada peloSujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte, sujeito este, que buscamos materializar nesta pesquisa.Diz-se possibilida<strong>de</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o efeito <strong>de</strong> sujeito pretendi<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>condicionantes relacionadas tanto à textualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente quanto as filiações discursivas
107<strong>do</strong>s sujeitos. Ou seja, estes <strong>de</strong>slocamentos para outras Forma-sujeito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> to<strong>do</strong> umcontexto representa<strong>do</strong> pelas condições <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> EVA e da exteriorida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica naqual o sujeito está inscrito. Assim o gesto <strong>de</strong> interpretação é que vai <strong>de</strong>terminar o<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>ste sujeito para a materialização, ou não, <strong>do</strong> sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.O sujeito leitor <strong>do</strong> discurso é re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> das formações imaginárias <strong>do</strong> autor. É quasecomo um jogo: o autor imagina seu leitor e antecipa-se por ele na construção <strong>de</strong> seu discurso,tentan<strong>do</strong> (sem sucesso efetivo) <strong>de</strong>terminar to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s.Ora, mas o que este sujeito tem a ver com o aprendiz virtual da EaD? Tu<strong>do</strong>, pois naverda<strong>de</strong>, o aluno aprendiz da EaD, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um sujeito leitor enunciativo, uma vez queseus caminhos foram pré-estabeleci<strong>do</strong>s por outra pessoa, baliza<strong>do</strong>s pelo “sistema” e inscritono funcionamento da internet. Esses fatores <strong>de</strong>terminam o que era ou não importante serobjeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, ou quais seriam os limites <strong>de</strong>ste aprendiz <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço virtual. Alémdisso, os materiais são pensa<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> um sujeito autônomo e responsável a quea EaD propõe.Eis que se instaura um novo conflito. Já falamos que nem sempre o que o autor –enquanto função que o sujeito assume - imagina, no momento em que busca produzir senti<strong>do</strong>sao leitor, é eficaz, uma vez que o processo <strong>de</strong> significação é subjetivo e, portanto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>to<strong>do</strong> um contexto relaciona<strong>do</strong> à historicida<strong>de</strong>, as condições <strong>de</strong> produção, as relações <strong>de</strong> força,as memórias discursivas, entre outras coisas.Trazen<strong>do</strong> Morin (2008) para esta discussão é provável que se entenda um poucomelhor a constituição <strong>de</strong>stes sujeitos. Morin, como já menciona<strong>do</strong> em outro momento <strong>de</strong>stapesquisa, fala sobre a teoria da complexida<strong>de</strong>. Esta, por sua vez, reclama a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aspessoas ampliarem seu olhar no entendimento <strong>de</strong> algo maior ao que está a nossa frente.Ensina-nos a enten<strong>de</strong>r que o mun<strong>do</strong> é complexo e que a síntese exacerbada nos cega. Não queesta não possa existir, mas estabelecida sua existência é necessário que o to<strong>do</strong> anterior – querepresenta o processo <strong>de</strong> síntese - não seja apaga<strong>do</strong>. Fazen<strong>do</strong> um contraponto com a AD,po<strong>de</strong>ríamos dizer que este to<strong>do</strong> representa a historicida<strong>de</strong>, as condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> umdiscurso, sen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, essencial para significá-lo.Para a AD este sujeito <strong>do</strong> discurso é evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> por sua complexida<strong>de</strong> e por sua“aparente” transparência, sen<strong>do</strong> que ele não é o sujeito físico, mas sim fruto <strong>de</strong> uma posiçãosujeito <strong>de</strong>lineada no discurso. Diz-se aparente pelo fato <strong>de</strong> que a transparência <strong>do</strong> sujeito éuma ilusão, produto <strong>do</strong>s Esquecimentos Discursivos propostos por Pêcheux.Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que as CP são partes estruturantes <strong>do</strong> discurso e que estas condiçõeslevam em consi<strong>de</strong>ração os sujeitos e a situação, torna-se importante pensar no to<strong>do</strong> para
108‘compreen<strong>de</strong>r’ os senti<strong>do</strong>s, pois estes, não são unívocos e transparentes. Esta univocida<strong>de</strong> esoli<strong>de</strong>z que os senti<strong>do</strong>s parecem apresentar são fruto <strong>do</strong> apagamento, <strong>do</strong> esquecimento <strong>do</strong>to<strong>do</strong> que o constituí e significa. Assim, “o discurso não é um conjunto <strong>de</strong> textos, é umaprática. Para encontrar a sua regularida<strong>de</strong> não se analisam os produtos, mas os processos <strong>de</strong>sua produção.” (ORLANDI, 2008, p.55).Outra posição teórica <strong>de</strong> Morin (2008) e que po<strong>de</strong> ser lida pela Análise <strong>do</strong> Discurso,são os níveis <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>. Estes se referem aos pressupostos. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da posição que<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> sujeito assume ele terá um nível <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> diferente. Morin (2008) reflete quemuito embora duas i<strong>de</strong>ias estejam em níveis <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> diferentes, não necessariamente elassão contraditórias, sen<strong>do</strong> que na maioria das vezes é possível encontrar um ponto <strong>de</strong>intersecção entre elas.Sob as formulações da AD, temos como contraponto a noção <strong>de</strong> “posição sujeito”.As transferências presentes nos processos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s sujeitosconstituem uma pluralida<strong>de</strong> contraditória <strong>de</strong> filiações teóricas. Uma mesmapalavra, na mesma língua significa diferentemente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da posição<strong>do</strong> sujeito e da inscrição <strong>do</strong> que diz em outra formação discursiva.(ORLANDI, 2009, p.60).Morin (2008) expõe ainda sobre a lógica <strong>do</strong> terceiro incluí<strong>do</strong>. Em sua <strong>de</strong>scrição eleusa uma tipologia com letras, mas será utiliza<strong>do</strong> um exemplo prático relaciona<strong>do</strong> a educaçãopara melhor entendimento e compreensão <strong>de</strong>sta teoria. O Ensino presencial e a Educação aDistância são duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino que a priori são diferentes, e que mesmo ten<strong>do</strong>pressupostos distintos, partem <strong>de</strong> uma mesma premissa (a educação) e esta, por sua vez, é oponto <strong>de</strong> ligação, o “comum” entre estas duas formas ensino.O terceiro incluí<strong>do</strong> seria a “outra” possibilida<strong>de</strong>, representada pela junção <strong>de</strong> ambas apartir da premissa que as une; neste caso representada pela Blen<strong>de</strong>d-Learning (cursos híbri<strong>do</strong>sque combinam as potencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> presencial com o virtual). Esta reflexão só é possível apartir <strong>do</strong> entendimento da complexida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>, pois perceben<strong>do</strong> o to<strong>do</strong>,vê-se ambas as partes, e ven<strong>do</strong> ambas as partes é possível i<strong>de</strong>ntificar em que momento sedividiram.Nesta pesquisa o mesmo po<strong>de</strong> ser feito. Parte-se <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pressupostos, um referente aoleitor virtual da AD e outro relaciona<strong>do</strong> ao aluno aprendiz da EaD. Ambos diferem, poispartem <strong>de</strong> áreas teóricas diferentes, ou seja, são noções <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m discursiva distintas. Porisso, preten<strong>de</strong>-se na análise <strong>de</strong>sta pesquisa mostrar o funcionamento <strong>do</strong>s gestos <strong>de</strong>
109leitura/interpretação <strong>de</strong>sses sujeitos, marcan<strong>do</strong> seus <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>ntro da textualida<strong>de</strong>presente no espaço virtual; da Função-Autor para o Efeito-Autor <strong>do</strong> Leitor Apren<strong>de</strong>nte.Ambos os sujeitos (sujeito leitor da AD e sujeito aprendiz da EaD) foram <strong>de</strong>scritos porpessoas em níveis <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> (posição sujeito) diversos, mas compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se o to<strong>do</strong> –historicida<strong>de</strong>, pré-construí<strong>do</strong> – há algo que une estes <strong>do</strong>is conceitos, que é a existência <strong>de</strong> umsujeito. Po<strong>de</strong>-se ir além, pois estes sujeitos confluem <strong>de</strong> tal forma que os unin<strong>do</strong> têm-se acriação <strong>de</strong> um terceiro sujeito. Muito embora este seja constituí<strong>do</strong> por ambos, <strong>de</strong>sloca-se nacomposição <strong>de</strong> uma nova posição e, portanto, passa a ter um novo senti<strong>do</strong>. Eis que chegamosao nosso sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.Saben<strong>do</strong> que a autoria se movimenta na construção <strong>de</strong> um ‘novo’ senti<strong>do</strong> e <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> por esta produção, a AD especializa essa compreensão quan<strong>do</strong> aponta paradistintos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> funcionamento, sen<strong>do</strong> um <strong>de</strong> caráter enunciativo (relaciona<strong>do</strong> àheterogeneida<strong>de</strong> e formação discursiva <strong>do</strong>minante) e outro discursivo (efeito <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>e efeito <strong>de</strong> fechamento).No funcionamento enunciativo, temos a função autor, quan<strong>do</strong> o sujeito constrói“novos” senti<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> formações discursivas <strong>do</strong>minantes, sen<strong>do</strong> que a <strong>do</strong>minância nãose per<strong>de</strong> durante este <strong>de</strong>slocamento. Já no funcionamento discursivo, tem-se o efeito-autor, ouseja, enuncia<strong>do</strong>s que produzem um efeito <strong>de</strong> fechamento, como se os senti<strong>do</strong>s se criassem ali.O sujeito se i<strong>de</strong>ntifica com as formações discursivas como se o senti<strong>do</strong> fosse por elas<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>..A autoria tem relação com a produção <strong>de</strong> um “novo” senti<strong>do</strong>. (...) Em umnível enunciativo-discursivo, que é o caso da função-autor, que tem relaçãocom a heterogeneida<strong>de</strong> enunciativa e que é condição <strong>de</strong> to<strong>do</strong> sujeito e,portanto, <strong>de</strong> to<strong>do</strong> acontecimento discursivo. E, em segun<strong>do</strong> lugar, em umnível discursivo por excelência, que é o caso <strong>do</strong> efeito-autor, que diz respeitoao confronto <strong>de</strong> formações discursivas com nova <strong>do</strong>minante, verificável emalguns acontecimentos discursivos, mas não em to<strong>do</strong>s. (GALLO, 2001, p.2)O Efeito-Autor se dá então, quan<strong>do</strong> o sujeito constrói um efeito <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>para o ‘novo’ enuncia<strong>do</strong> que é fruto da confluência <strong>de</strong> diferentes formações discursivas.Assim a função autor é representada pela ‘unida<strong>de</strong>’ <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> formula<strong>do</strong>.Levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração tu<strong>do</strong> que se abor<strong>do</strong>u até então, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong>sta análise,faz-se necessário um afastamento da textualida<strong>de</strong> que constitui o espaço virtual <strong>do</strong> projetoOpenLearn, no intuito <strong>de</strong> buscar compreen<strong>de</strong>r o efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> que o to<strong>do</strong> produz. Sen<strong>do</strong>
110que este to<strong>do</strong>, representa<strong>do</strong> pela movimentação <strong>do</strong> sujeito <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes espaços, caracterizaocomo sujeito leitor ou como sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.Figura 53: Deslocamento <strong>do</strong> Sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.Legenda: OU:Open University; OL: Open Learn, LS: LearningSpace; LABS: LabSpace; F: Forum.Fonte: Hinckel, 2011.Perceba que a figura acima traça um panorama com os possíveis <strong>de</strong>slocamentos <strong>do</strong>sujeito <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s espaços forneci<strong>do</strong>s pela Open University. É possível que o sujeito que entreem contato com o projeto já seja um aluno da Open, mas sabe-se que este também po<strong>de</strong> nãoter qualquer vínculo institucional. O fato é que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> local <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele vem parachegar ao projeto não o caracteriza na condição <strong>de</strong> sujeito que se vem buscan<strong>do</strong> comprovarexistência. São <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> sujeitos e senti<strong>do</strong>s próprios da textualida<strong>de</strong> digital e <strong>do</strong> queo ambiente <strong>de</strong> aprendizagem permite, mas que, no entanto, não po<strong>de</strong>, ainda, constituir-se numefeito autor, pois o que <strong>de</strong>termina o efeito <strong>de</strong> autoria é a inscrição <strong>do</strong> sujeito no discursolegitima<strong>do</strong>, institucional, que sustenta a constituição <strong>do</strong> sujeito fora <strong>do</strong> ambiente virtual, ouseja, a discursivida<strong>de</strong>.Orlandi (2009) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que na constituição <strong>do</strong> sujeito, assim como na <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, ai<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> sujeito com alguns senti<strong>do</strong>s (e não outros) re<strong>sul</strong>ta na sua inscrição em certasformações discursivas e possibilita a constituição <strong>do</strong> mesmo em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>sujeito. Esta interpelação que ocorre através da i<strong>de</strong>ologia produz o sujeito que é ao mesmotempo autônomo e <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> por condições históricas e sociais.Essa “autonomia <strong>de</strong>terminada” levará o indivíduo a escolher percursos <strong>de</strong>ntro daspossibilida<strong>de</strong>s que foram <strong>de</strong>senhadas na construção <strong>do</strong> site <strong>do</strong> projeto OpenLearn.Ao entrar no OpenLearn o sujeito po<strong>de</strong> seguir caminhos diversos. Das alternativastemos três que <strong>de</strong>sfavorecem a materialização <strong>do</strong> sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte. Entre elas:
111i) Sujeito entra, mas como não se i<strong>de</strong>ntifica com o espaço, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> utilizá-lo (vai para fora<strong>de</strong>le).ii) Sujeito entra nos fóruns <strong>de</strong> discussão para familiarizar-se, mas como não se i<strong>de</strong>ntifica como espaço e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> utilizá-lo, ou vai para a OU em busca <strong>de</strong> certificação e tutoria.iii) Sujeito chega queren<strong>do</strong> certificação e, então, é direciona<strong>do</strong> para a OU.Nos casos mostra<strong>do</strong>s acima, o nosso sujeito leitor não assume a posição sujeitoesperada. Outra possibilida<strong>de</strong>, e esta mais próxima da que objetivamos, é a <strong>de</strong> o sujeitoingressar ao LearningSpace e vincular-se a uma unida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> (módulo).Esta trajeto, por si só não configura o que chamamos <strong>de</strong> aprendência, muito embora, possarepresentar um passo na constituição <strong>de</strong>ste sujeito diferencia<strong>do</strong>.Uma simples postagem no fórum, ou o movimento <strong>de</strong> observação das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>, sem que haja uma reflexão acerca <strong>do</strong> que foi estuda<strong>do</strong>, não conferem a materialida<strong>de</strong>que esta pesquisa se propôs a i<strong>de</strong>ntificar ao pensar no conceito <strong>de</strong> aluno apren<strong>de</strong>nte. To<strong>do</strong>sestes “passos” <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço virtual <strong>de</strong>mandam à assunção <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Formações Discursivas, que sustentam o Efeito-Autor que tratamos aqui.Ao mesmo tempo em que se sabe que estes passos, por si só, não vão materializar onosso sujeito, tem- se a consciência <strong>de</strong> que este po<strong>de</strong> passar por um processo <strong>de</strong> construçãosem “<strong>de</strong>ixar” uma marca explícita no Espaço <strong>de</strong> aprendizagem. Assim, preten<strong>de</strong>-se evi<strong>de</strong>nciarque, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das <strong>de</strong>mais possibilida<strong>de</strong>s, esta pesquisa busca i<strong>de</strong>ntificar os casos em quese dá a materialização da autoria pelo sujeito, marcada <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> LabSpace que, como já foivisto, é um espaço <strong>de</strong> criação e modificação <strong>de</strong> Recursos Educacionais Abertos.Existem várias ferramentas por meio das quais é possível i<strong>de</strong>ntificar estascaracterísticas que marcam os processos <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong>sses sujeitos.A partir <strong>do</strong> momento em que o sujeito se “loga” ao LearningSpace, ele começa a<strong>de</strong>linear a sua movimentação. O sujeito é condiciona<strong>do</strong> pelos <strong>de</strong>terminantes <strong>do</strong> discurso e vai‘escolher o seu caminho <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as possíveis i<strong>de</strong>ntificações que estabelecer.O Ambiente virtual <strong>de</strong> aprendizagem, por meio da sua textualida<strong>de</strong>, estabelece“roteiros” <strong>de</strong> leitura, que <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong>terminam esses sujeitos leitores. Estes, por suavez, são i<strong>de</strong>ológica e socialmente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. Há, portanto, uma discursivida<strong>de</strong> queconstitui esses sujeitos. E é o confronto <strong>de</strong> diferentes discursivida<strong>de</strong>s, nessa textualida<strong>de</strong>, que<strong>de</strong>terminam os gestos <strong>de</strong> leitura e interpretação <strong>do</strong> nosso sujeito apren<strong>de</strong>n<strong>de</strong> em constituição.Vale lembrar que o sujeito que ingressa neste espaço traz marcas <strong>de</strong> uma formahistóricacapitalista da sua constituição e que, mesmo <strong>de</strong> forma inconsciente, acaba sen<strong>do</strong><strong>de</strong>termina<strong>do</strong> sócio-histórico-i<strong>de</strong>ologicamente. Esta <strong>de</strong>terminação reflete sobre as ações <strong>do</strong>
112sujeito <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong> aprendizagem. Assim, é possível ser leva<strong>do</strong> a reflexão que a<strong>de</strong>sistência no avanço da utilização <strong>do</strong> LearningSpace po<strong>de</strong> estar relacionada ao iletramentodigital, mas que é apaga<strong>do</strong> pelos processos <strong>de</strong> mundialização que <strong>de</strong>finem o sujeito como“’livre’, ‘<strong>de</strong>mocrático’, ‘multicultural’, ‘comunitário’ e ‘cidadão’. (ORLANDI, 2009, p.16).Assim, essa “liberda<strong>de</strong>” e “abertura” são fruto <strong>do</strong> apagamento discursivo constitutivo<strong>de</strong>sses sujeitos, já que o espaço <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong> projeto OpenLearn não é totalmenteaberto; ele o é somente diante <strong>do</strong>s limites que o site estabelece. Os ‘passos’ já foram pensa<strong>do</strong>santeriormente, mas o efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>slocamentos é <strong>de</strong> “escolha” atribuída àsubjetivida<strong>de</strong> e as <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> cada sujeito.Estes senti<strong>do</strong>s, aparentemente transparentes, também po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s com<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pré-construí<strong>do</strong>s, na medida em que as discursivida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>terminam o sujeitofora <strong>do</strong> ambiente virtual fazem-se presentes na textualida<strong>de</strong> a que o sujeito está exposto.Mesmo estan<strong>do</strong> em um espaço diferencia<strong>do</strong> e aberto, a produção <strong>de</strong> materiais tem o intuito <strong>de</strong>ensinar algo a alguém, os sujeitos ali inscritos ainda estão na posição <strong>de</strong> alunos que apren<strong>de</strong>mou <strong>de</strong> autores que escrevem para que outros aprendam. Ou seja, mesmo produzin<strong>do</strong>Esquecimentos, a i<strong>de</strong>ologia funciona neste espaço, fazen<strong>do</strong> com que o sujeito possa criarvínculos, i<strong>de</strong>ntificar-se com o novo <strong>de</strong> alguma forma.De acor<strong>do</strong> com Orlandi (2009, p.16) este sujeito é “controla<strong>do</strong> em seu ir e vir(...)submeti<strong>do</strong> a re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação e comunicação, ameaça<strong>do</strong> em seus processos <strong>de</strong>memória”, uma vez que está subordina<strong>do</strong> às i<strong>de</strong>ologias exclu<strong>de</strong>ntes e assistencialistasrelacionadas a mundialização.Po<strong>de</strong>mos marcar tal movimento nas TICs (tecnologias da informação e comunicação)como uma “nova” forma <strong>de</strong> divulgação da escrita, que modifica o relacionamento com ostextos e produz uma inscrição <strong>de</strong> sujeitos/senti<strong>do</strong>s que ocupam lugares limiares <strong>de</strong> exclusão epertencimento.Esses lugares instauram-se a partir <strong>de</strong> outra re<strong>de</strong>, tramada pelos fios <strong>de</strong> umamemória que não cognitiva e nem cronológica, mas lacunar, como o é todamemória. Mas é também e principalmente histórica, porque se ressignifcanas diferentes apropriações e <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s nos lugares on<strong>de</strong>enuncia<strong>do</strong>s e saberes se estabilizam. (CAZARIM, 2008, p.5).Ser um sujeito letra<strong>do</strong> digitalmente significa a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão acerca <strong>do</strong>smovimentos/<strong>de</strong>slocamentos que esta textualida<strong>de</strong> produz relacionan<strong>do</strong>-se com oconhecimento produzi<strong>do</strong> em re<strong>de</strong>. Pêcheux (2009) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a importância <strong>de</strong> se analisar aescritura, não somente como instrumento, mas, também, como gesto, afinal o sujeito não tem
113controle absoluto sobre o seu dizer, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela posição sócio-histórica em que seinscreve. Lembran<strong>do</strong> que a interpretação para AD é um gesto que produz senti<strong>do</strong>s.Assim, é importante levar em consi<strong>de</strong>ração que esta movimentação <strong>do</strong> sujeito é<strong>de</strong>terminada social, histórica e i<strong>de</strong>ologicamente e <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as inscrições <strong>do</strong>mesmo aos contextos existentes.Seguin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s/nos <strong>de</strong>slocamento(s) <strong>do</strong> sujeito leitor <strong>de</strong>ntro das possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>terminadas pelo espaço virtual da OpenLearn é possível que, a partir <strong>do</strong> LearningSpace,este:i) não se i<strong>de</strong>ntifique com o ambiente e seja direciona<strong>do</strong> para a OU ou, simplesmente, saia;ii) restrinja sua participação ao projeto similarizan<strong>do</strong>-a às re<strong>de</strong>s sociais, como forma <strong>de</strong>conhecer outras pessoas; restringin<strong>do</strong>-se as ferramentas <strong>de</strong> interação sem um fim educacionalespecífico;iii) vincule-se às unida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, utilize as ferramentas que proporcionem apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interação e construção <strong>de</strong> conhecimento; eiv) avance ao LabSpace no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> criar e remixar Recursos Educacionais Abertos.A simples inscrição <strong>do</strong> sujeito no LabSpace não dá a ele o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendência,uma vez que esta se configura no momento em que o sujeito constrói conhecimentomaterializa<strong>do</strong> na Função-Autor.O intuito <strong>de</strong>sta pesquisa, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço virtual da OpenLearn é i<strong>de</strong>ntificar ospossíveis elementos e ferramentas que dão materialida<strong>de</strong> ao Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte que seestá pesquisan<strong>do</strong> (heterogêneo, em busca <strong>de</strong> constante construção <strong>de</strong> conhecimento).Sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>sta análise, muitos são os momentos em que há construção <strong>de</strong>conhecimento, mas infelizmente é quase impossível mapear elementos <strong>de</strong>ntro das ferramentasque sejam passíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração. Além disso, leva-se em consi<strong>de</strong>ração que amaterialida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciada pela construção <strong>de</strong> conhecimento po<strong>de</strong> não ter si<strong>do</strong> exposta noambiente virtual.Após a análise <strong>de</strong>stes elementos e ferramentas presentes no site <strong>do</strong> projeto, foi possívelcompreen<strong>de</strong>r o funcionamento <strong>do</strong> LabSpace enquanto ferramenta que se diferencia das outraspor <strong>de</strong>ixar explícito, através da autoria; a construção <strong>do</strong> conhecimento.Em AD enten<strong>de</strong>-se que o efeito <strong>de</strong> autoria é um processo <strong>do</strong> controle <strong>do</strong> discurso queacontece “quan<strong>do</strong> o sujeito se constitui na formação discursiva <strong>do</strong>minante <strong>de</strong> um discursolegitima<strong>do</strong> (hoje, institucional).” (GALLO, 1995, p.58).
114O discurso legitima<strong>do</strong> a que Gallo se refere po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> pelos conteú<strong>do</strong>s emateriais disponibiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma aberta pela OU. Assim, a partir <strong>do</strong> que está posto pelainstituição, os sujeitos, na Função-Autor po<strong>de</strong>m fazer um <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s naconstrução <strong>de</strong> um novo ‘produto’, atravessa<strong>do</strong> pelas mesmas <strong>de</strong>terminações históricas e quelhes garante o efeito <strong>de</strong> autoria.O alicerce <strong>de</strong> nossa análise se constitui em três possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>conhecimento, através da autoria, pelo sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte. Entre eles: produção <strong>de</strong>material ‘inédito’ 31 ; adaptação <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s; tradução <strong>do</strong>s REAs dispostos pela OU.A produção <strong>de</strong> material ‘inédito’ parte <strong>do</strong>s espaços disponibiliza<strong>do</strong>s no LabSpace: oIndieSpace, ProjectSpace e SectorSpace. Estes espaços serão escolhi<strong>do</strong>s e utiliza<strong>do</strong>s peloautor <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu grau <strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> com os REAs, bem como a partir <strong>do</strong> públicoalvo que se <strong>de</strong>seje alcançar.O lugar social <strong>de</strong> dizer <strong>de</strong>stes sujeitos fora <strong>do</strong> ambiente virtual é <strong>de</strong>terminante no seugesto <strong>de</strong> leitura e interpretação, mas mesmo ocupan<strong>do</strong> lugares diferentes fora <strong>de</strong>ste contexto,<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le, a partir <strong>do</strong> momento da inscrição, to<strong>do</strong>s eles passam a ser “alunos”, sujeitos semovimentan<strong>do</strong> nas funções leitor e autor.O primeiro exemplo utiliza<strong>do</strong> para expressar o compartilhamento <strong>de</strong> informaçõesatravés <strong>de</strong> recursos educacionais abertos é composto pelos materiais disponibiliza<strong>do</strong>s porprofessores da Uni<strong>sul</strong> 32 . Alguns <strong>de</strong>les são utiliza<strong>do</strong>s pela instituição em seus cursos <strong>de</strong>graduação e outros foram elabora<strong>do</strong>s exclusivamente para publicação no OpenLearn. Asdiscursivida<strong>de</strong>s que atravessam este sujeito são as mesmas que o torna institucionalmenteprofessor da Uni<strong>sul</strong>, mas no LearningSpace a textualida<strong>de</strong>, presente neste espaço confere-lheum efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> diferente, pois neste lugar ele é, também, um aluno.Assim, no exemplo abaixo, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar que as discursivida<strong>de</strong>s a que o sujeitofoi exposto se presentificam no momento da autoria, apontan<strong>do</strong> na direção <strong>de</strong> que a i<strong>de</strong>ologiaa que o indivíduo se submete, na sua interpelação em sujeito, juntamente com as CP, também,confere senti<strong>do</strong> ao discurso. Portanto, tem-se esta posição-sujeito materializada não só pelologotipo da instituição, mas também pelo formato com que o texto é apresenta<strong>do</strong>. Um formatopedagogicamente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela sua forma <strong>de</strong> discurso.31 Entenda-se inédito como materiais que não partiram da Open. Até porque em AD não existe nada que sejarealmente ou completamente inédito. Tu<strong>do</strong> está <strong>de</strong> alguma forma já <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelas condições <strong>de</strong>produção e pré construí<strong>do</strong>s que tornam possível dizer algo <strong>de</strong> certo jeito e não <strong>de</strong> outro. Produzin<strong>do</strong><strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e não outros.
115Figura 54: Unida<strong>de</strong> Business and Management.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/course/view.php?id=4837. Acesso em março 2011.Além da i<strong>de</strong>ntificação da autoria <strong>do</strong> professor que elaborou o material, é possívelverificar que na gran<strong>de</strong> maioria das vezes estes materiais abrem possibilida<strong>de</strong> para que outraspessoas remixem 33 os conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a sua necessida<strong>de</strong>, em uma relação <strong>de</strong>paráfrase e polissemia. Desta forma, “em <strong>de</strong>corrência da primazia <strong>do</strong> significante, osignifica<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scola<strong>do</strong> <strong>do</strong> pensamento e o texto po<strong>de</strong> ser pensa<strong>do</strong> como um espaço <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s relacionais, e não mais um conjunto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias <strong>do</strong> autor” (DUCROT, 1972 apudORLANDI, 2006, p.88), abrin<strong>do</strong> assim a possibilida<strong>de</strong> para que outros sujeitos na funçãoautorconstruam novos senti<strong>do</strong>s pelos <strong>de</strong>slocamentos.Na imagem abaixo temos as revisões elaboradas pelos usuários bem como a <strong>de</strong>scriçãoda modificação que os mesmos fizeram neste material. Esta não é uma prática comum, namaioria das vezes as mudanças não são evi<strong>de</strong>nciadas pelos autores, sen<strong>do</strong> que fica a cargo <strong>do</strong>leitor escolher a versão que mais se encaixa à sua necessida<strong>de</strong>.32 A Uni<strong>sul</strong> – Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Santa Catarina estabeleceu uma parceria com o projeto OpenLearn nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> disponibilizar os REA da OU em seus cursos <strong>de</strong> graduação e extensão e, também, disponibilizaralguns <strong>do</strong>s materiais <strong>de</strong> seus professores no espaço <strong>do</strong> projeto OpenLearn.33 Esta remixagem é assegurada pela Licença Creative Commons.
116Figura 55: Recorte <strong>de</strong> versões <strong>de</strong> REA posta<strong>do</strong> no LabSpace.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/blocks/versions/allversions.php?id=4980Como os indivíduos ainda estão muito marca<strong>do</strong>s pelo discurso acadêmico, em que énecessária fundamentação e validação <strong>de</strong> conhecimento, as unida<strong>de</strong>s originais (postadas comoREA pela OU) têm mais usuários que as que sofreram modificação. Na imagem a seguir,constata-se que na Unida<strong>de</strong> original da Open (OER_1) existem 3.789 (três mil, setecentos eoitenta e nove) participantes; enquanto na versão remixada (OER_1_3.12) há 1412 (milquatrocentos e <strong>do</strong>ze) participantes.Unida<strong>de</strong> postada originalmente pela Open University.Figura 56 – Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usuários nas unida<strong>de</strong>s originais e nas que sofreram modificação.(Continuação da imagem na página seguinte)
117Unida<strong>de</strong> postada que sofreu modificações por um usuário.Fonte: Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/blocks/versions/allversions.php?id=4980. Acesso em fevereiro 2011.Esta postura <strong>de</strong>nota que mesmo estan<strong>do</strong> em um espaço diferencia<strong>do</strong>, asdiscursivida<strong>de</strong>s e i<strong>de</strong>ologias assumidas pelo sujeito <strong>de</strong>terminam os seus <strong>de</strong>slocamentos.Ao mesmo tempo em que os professores da Uni<strong>sul</strong> produziram materiais específicos para apublicação no projeto OpenLearn, também elaboraram REAs a partir <strong>do</strong>s materiais dispostospela OU. Como mostra o exemplo abaixo:
118Figura 57: Rea<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> materiais por professor da Uni<strong>sul</strong>.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/course/view.php?id=4955. Acesso em março 2011.Muito embora se esteja utilizan<strong>do</strong> um exemplo em que as publicações são realizadaspor professores, sabe-se que, conforme foi visto durante a <strong>de</strong>scrição da pesquisa, existemmuitas pessoas que utilizam estas ferramentas. Assim, mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a posição sujeitoque estes indivíduos assumam fora <strong>do</strong> espaço virtual da OpenLearn, a partir <strong>do</strong> momento emque se inscrevem e que se responsabilizam por aquilo que produzem, eles constituem-se comoalunos-autores neste ambiente. Esta autoria marcada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> espaço aberto <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>conhecimento vai configurá-lo como Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte.Pêcheux (2009, p.198) constata que “to<strong>do</strong> sujeito é constitutivamente coloca<strong>do</strong> comoautor <strong>de</strong> e responsável pelos seus atos em cada prática em que se inscreve; e isso pelocomplexo das formações i<strong>de</strong>ológicas (e, em particular formações discursivas) no qual ele éinterpela<strong>do</strong> como sujeito responsável”.Saben<strong>do</strong> que as formações i<strong>de</strong>ológicas e discursivas são refletidas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umprocesso <strong>de</strong> autoria, verificou-se que mesmo estan<strong>do</strong> em um espaço diferencia<strong>do</strong>, osprofessores que produziram ou remixaram materiais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> LabSpace, o fizeram <strong>de</strong> formamuito similar aos padrões utiliza<strong>do</strong>s na Uni<strong>sul</strong>Virtual - lugar discursivo <strong>de</strong>stes sujeitos. Ou
119seja, a meto<strong>do</strong>logia Uni<strong>sul</strong>Virtual, para produção <strong>de</strong> materiais didáticos, acabou sen<strong>do</strong>reproduzida na remixagem <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s da Open pelos professores da Uni<strong>sul</strong>.O autor é a função que o eu assume enquanto produtor <strong>de</strong> linguagem. Sen<strong>do</strong>a dimensão discursiva <strong>do</strong> sujeito que está mais <strong>de</strong>terminada pela relação coma exteriorida<strong>de</strong> (contexto sócio-histórico) ela está mais submetida às regrasdas instituições. Nela são mais visíveis os procedimentos disciplinares.(ORLANDI, 2008, p.77).Portanto, os REAs disponibiliza<strong>do</strong>s pela Open foram adapta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> commecanismos discursivos que constituíram aquele sujeito, na função-autor, no momento daadaptação <strong>do</strong> material. Ou seja, houve uma ressignificação <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e <strong>de</strong> sua forma, paraque ele fizesse senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto <strong>do</strong> LabSpace, o que materializa outra posição.O mesmo ocorre com diversos outros materiais dispostos no LabSpace. A partir danecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte, os materiais vão ten<strong>do</strong> seus senti<strong>do</strong>s<strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s.Figura 58: Adaptação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> postada pela OU.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/course/category.php?id=9Na figura anterior, po<strong>de</strong>-se verificar a unida<strong>de</strong> “Linguagem em Funcionamento”(Language at work). A versão 1.0 representa a publicação da Open, enquanto a versão abaixo<strong>de</strong>la (2.0), é outra versão que partiu <strong>do</strong> mesmo conteú<strong>do</strong>. Logo abaixo <strong>do</strong> nome da unida<strong>de</strong>,temos a i<strong>de</strong>ntificação da autoria (conforme aponta a seta presente na figura). Analisan<strong>do</strong> cadaum <strong>do</strong>s enuncia<strong>do</strong>s, o que se verificou foi que eles partem <strong>de</strong> um mesmo princípio, mas foramescritos sob perspectivas diferenciadas. O sujeito autor, já materializa<strong>do</strong> em sujeito leitorapren<strong>de</strong>nte - em virtu<strong>de</strong> da construção <strong>de</strong> conhecimento - partiu <strong>do</strong> pré-construí<strong>do</strong> dasformações discursivas nas quais se inscreveu para dar senti<strong>do</strong> e significação para o texto quejá estava posto pelo projeto OpenLearn.Segun<strong>do</strong> Orlandi (2009, p.40) ainda po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>finir a situação acima, como umjogo <strong>de</strong> antecipações e imagens que vão constituir as diferentes posições na relação
120discursiva. “A imagem que o locutor faz da imagem que seu interlocutor faz <strong>de</strong>le, a imagemque o interlocutor faz da imagem que ele faz <strong>do</strong> objeto <strong>do</strong> discurso e assim por diante.”Assim, dizer <strong>de</strong> diferentes formas produz senti<strong>do</strong>s diversos e institui referênciasimaginárias distintas.Não são os sujeitos físicos nem os seus lugares empíricos como tal, isto é,como estão inscritos na socieda<strong>de</strong>, e que po<strong>de</strong>riam ser sociologicamente<strong>de</strong>scritos, que funcionam no discurso, mas suas imagens que re<strong>sul</strong>tam <strong>de</strong>projeções. São essas projeções que permitem passar das situações empíricas- os lugares <strong>do</strong>s sujeitos- para as posições <strong>do</strong>s sujeitos no discurso (...) o quesignifica no discurso são essas posições. E elas significam em relação aocontexto sócio-histórico e à memória (o saber discursivo, o já-dito) (...) Épois, to<strong>do</strong> um jogo imaginário que presi<strong>de</strong> a troca <strong>de</strong> palavras. (ORLANDI,2009, p. 40).A autoria, na perspectiva discursiva, se dá na articulação <strong>do</strong> trabalho com osignificante (em que as condições <strong>de</strong> produção são <strong>de</strong>terminantes).Esta posição confere a passagem <strong>do</strong> aluno leitor a Leitor Apren<strong>de</strong>nte, ou seja, a partir<strong>de</strong> suas filiações teóricas e formações discursivas, o sujeito cria um senti<strong>do</strong> para o textoapagan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma inconsciente (ou não) as outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> são sustentadaspor outros pré-construí<strong>do</strong>s e produzem efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong>s.O texto escrito como objeto <strong>de</strong> interpretação, não é uma unida<strong>de</strong> fechada emuito menos, um produto acaba<strong>do</strong>, mas um trabalho lingüístico e discursivo,processa<strong>do</strong> por um enuncia<strong>do</strong>r num jogo que envolve escolhas, negociações<strong>de</strong> senti<strong>do</strong> e re-elaborações. Desse mo<strong>do</strong>, enten<strong>de</strong>mos que o ato <strong>de</strong> redigirum texto leva o autor a <strong>de</strong>ixar marcas discursivas inscritas em suamaterialida<strong>de</strong> para serem interpretadas pelo outro leitor. (FERNANDES,2009, p.405).Gallo (1995) afirma que a ‘construção’ da função-autor se dá pela constituição <strong>de</strong> umsenti<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um fechamento para o texto, cujos encargos <strong>de</strong>sta escolha <strong>de</strong>vem ser conferi<strong>do</strong>s aoautor.A assunção da autoria pelo sujeito, ou seja, a elaboração da função-autorconsiste em última análise, na assunção da construção <strong>de</strong> um “senti<strong>do</strong>” e <strong>de</strong>um “fecho” organiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o texto. Este “fecho” apesar <strong>de</strong> ser umentre tantos outros possíveis produzirá para o texto, um efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>único, como se não houvesse outro possível. Ou seja, esse “fecho” torna-se“fim” por um efeito i<strong>de</strong>ológico produzi<strong>do</strong> pela “instituição”, on<strong>de</strong> o texto seinscreve: o efeito que faz parecer “único” o que é “múltiplo”; “transparente”o que é “ambíguo”. (GALLO, 1995, p.58).
121Assim o sujeito precisa trabalhar no espaço <strong>de</strong> articulação entre exteriorida<strong>de</strong> einteriorida<strong>de</strong>, lugar em que ocorre o que Orlandi (2009) chamou <strong>de</strong> “assunção da autoria”, ouseja, quan<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> exposto acima, o sujeito se coloca como autor, assumin<strong>do</strong> os encargosque isso implica. Esta situação po<strong>de</strong> ser verificada no momento em que o aluno leitor <strong>de</strong>slocasepara outra posição sujeito: autor; sen<strong>do</strong> que a partir <strong>de</strong>sta produz ou remixa conteú<strong>do</strong>s.De acor<strong>do</strong> com Orlandi (2009, p.76) o autor é o sujeito que, ten<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> certosmecanismos discursivos, representa pela linguagem uma posição na or<strong>de</strong>m em que estáinscrito, assumin<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong> pelo que diz, como diz etc.O fato <strong>de</strong> o sujeito assumir-se enquanto autor, difere o sujeito leitor apren<strong>de</strong>nteinscrito no projeto OpenLearn da OU, <strong>do</strong>s outros sujeitos leitores inscritos na re<strong>de</strong>. Alémdisso, é pertinente dizer que o fato <strong>de</strong> o projeto OpenLearn fazer parte <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> renome na Europa, também po<strong>de</strong> conferir um efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong> aosujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.Na relação discursiva são as imagens que constituem as diferentes posições.(...) As condições <strong>de</strong> produção estão presentes nos processos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<strong>do</strong>s sujeitos trabalha<strong>do</strong>s nos discursos. E as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s re<strong>sul</strong>tam <strong>de</strong>stesprocessos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, em que o imaginário tem sua eficácia.(ORLANDI, 2009, p.40-41).Portanto, o sujeito que escreve conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro da Wikipédia, por exemplo, não po<strong>de</strong>ser compara<strong>do</strong> ao Leitor Apren<strong>de</strong>nte, visto que este não se expõe. Não há uma relação <strong>de</strong>autoria com os textos ali inscritos, ou seja, não há qualquer responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoria paraaqueles que ali se inscrevem.O sujeito autor, representa<strong>do</strong> pelo Leitor Apren<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> projeto OpenLearn, <strong>de</strong>veentão <strong>de</strong>finir quais os caminhos vai percorrer sain<strong>do</strong> da miscelânea <strong>de</strong> informações para aconstituição <strong>de</strong> um “discurso coerente” (ORLANDI, 2009) e marcan<strong>do</strong> sua presença naconstrução da unida<strong>de</strong> produzida.Outra forma <strong>de</strong> materialização <strong>do</strong> Leitor Apren<strong>de</strong>nte (e nele o efeito <strong>de</strong> autoria) po<strong>de</strong>ser marcada na/pela tradução <strong>de</strong> materiais da OU, sen<strong>do</strong> que esta, também configura umaforma <strong>de</strong> remixagem <strong>de</strong> materiais.Existem vários sujeitos leitores que traduzem os materiais para que outras pessoas, quenão tenham acesso ao inglês, possam usufruir <strong>de</strong>stes conteú<strong>do</strong>s.
122Figura 59: RSS – busca rápida <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s.21Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/file.php/1/B120_1_versions.xml. Acesso em fevereiro 2011.Na listagem <strong>de</strong> revisões, <strong>de</strong>monstrada na figura acima, po<strong>de</strong>-se verificar que um <strong>do</strong>susuários (i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> pelo número 1) inicia o processo <strong>de</strong> tradução, mas não o finaliza. Umano <strong>de</strong>pois, outro usuário (i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> na figura pelo número 2) traduz to<strong>do</strong> o material. Estai<strong>de</strong>ntificação sugere que, muito embora as pessoas estejam ocupan<strong>do</strong> um mesmo espaço eutilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> um mesmo material, produzin<strong>do</strong> uma mesma ação (tradução) as necessida<strong>de</strong>sindividuais <strong>de</strong>limitam os <strong>de</strong>slocamentos e o nível <strong>de</strong> alterações sobre os materiais.Na figura abaixo é possível i<strong>de</strong>ntificar as versões e os autores que contribuíram nomaterial.Figura 60: Listagem com o nome <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res.Fonte: http://LabSpace.Open.ac.uk/blocks/versions/allversions.php?id=5228. Acesso em fevereiro 2011.
123A função correspon<strong>de</strong>nte ao autor é, segun<strong>do</strong> Orlandi (2009), o sujeito leitor. Estesujeito inicia sua formação no momento em que o autor produz o texto. Assim, o sujeito autorescreve seu texto pensan<strong>do</strong> nas possíveis interpretações daquele que vai ler, selecionan<strong>do</strong><strong>de</strong>terminadas palavras em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras. “Cobra-se <strong>do</strong> leitor um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> leituraespecifica<strong>do</strong>, pois ele está como autor afeta<strong>do</strong> por sua inserção social e na história”(ORLANDI, 2009, p. 76).Esta leitura <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> lugar social em que o sujeito estiver inseri<strong>do</strong>, ou seja, asformações discursivas e o momento histórico, assim como na autoria, influenciam a forma <strong>de</strong>significação <strong>de</strong> um texto por parte <strong>do</strong>s sujeitos leitores.Quan<strong>do</strong> se fala em tradução, isso não é diferente. Sabe-se que a língua não étransparente e que o texto constitui-se <strong>de</strong> lacunas que marcam sua incompletu<strong>de</strong>. Toda leitura,mesmo que advinda <strong>de</strong> uma tradução, será diferente. Desta forma, não se pensa em leitura apartir <strong>de</strong> um original, ou <strong>de</strong> um literal. Mesmo em um processo <strong>de</strong> tradução, o senti<strong>do</strong> não éda<strong>do</strong> somente pela estrutura das palavras, mas por sua materialida<strong>de</strong>, por suas Condições <strong>de</strong>Produção. Assim, os senti<strong>do</strong>s se constituem tanto pelo dito, quanto pelo que não foi dito. Sãoas Condições <strong>de</strong> Produção que constituem o sujeito que lê.Para que a língua faça senti<strong>do</strong> é preciso que a história intervenha. E com elao equivoco, a ambiguida<strong>de</strong>, a opacida<strong>de</strong>, a espessura material <strong>do</strong>significante. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrá-la, <strong>de</strong> regular as suaspossibilida<strong>de</strong>s, as suas condições. A interpretação, portanto, não é um merogesto <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação, <strong>de</strong> apreensão <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>. Também não é livre <strong>de</strong><strong>de</strong>terminações. Ela não po<strong>de</strong> ser qualquer uma e não é igualmentedistribuída na formação social. (ORLANDI, 2004, p. 67).O tradutor (sujeito na função-autor) também é produto da história e da língua, sen<strong>do</strong><strong>de</strong>sta forma, atravessa<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ologia. As condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>terminam as palavras.Desta forma, para que a tradução aconteça o mesmo precisa compreen<strong>de</strong>r o texto – através <strong>do</strong>gesto <strong>de</strong> interpretação – tentan<strong>do</strong> expor os efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> que o texto ‘original’ po<strong>de</strong> ter,expon<strong>do</strong>-se à opacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> texto. A tradução é, portanto, um gesto <strong>de</strong> interpretação.Durante o processo <strong>de</strong> análise, po<strong>de</strong>-se perceber que a materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito leitorapren<strong>de</strong>nte não é algo sóli<strong>do</strong>, mas sim volátil. O que ocorre são possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento – <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong> forma i<strong>de</strong>ológica e inconsciente – que fazem com o que osujeito se movimente e assuma diversas posições sujeito.O que se quer evi<strong>de</strong>nciar é que o sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte não o é por inteiro, não o ésempre. Ele vai, assim como os discursos, sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> por lacunas que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da
124situação, po<strong>de</strong>m ser preenchidas através da inscrição <strong>de</strong>ste sujeito em uma ou outra formaçãodiscursiva, que juntamente aos esquecimentos, o constitui.5.1 CONCLUSÕESEstabelecen<strong>do</strong> um olhar sobre o to<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste trabalho, po<strong>de</strong>-se “enten<strong>de</strong>r” que assimcomo a socieda<strong>de</strong> sofreu modificações, o sujeito (indivíduo interpela<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ologia), que<strong>de</strong>la faz parte, também se transforma permanentemente.A educação, ao mesmo tempo em que modifica o sujeito, também é modificada porele, <strong>de</strong> maneira que os mo<strong>de</strong>los que antes faziam senti<strong>do</strong>; hoje já não fazem mais. Assim, foinecessário ressignificar posturas pedagógicas para aten<strong>de</strong>r as novas <strong>de</strong>mandas sociais. Nesteprocesso <strong>de</strong> modificação cíclico, o sujeito também foi se <strong>de</strong>s-adaptan<strong>do</strong> com o que lhe eracomum e reestabelecen<strong>do</strong> contato com aquilo que lhe parecia estranho. É um processo <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação/contrai<strong>de</strong>ntificação/i<strong>de</strong>ntificação “com a forma discursiva que lhe é impostapelo interdiscurso como <strong>de</strong>terminação exterior <strong>de</strong> sua interiorida<strong>de</strong> subjetiva, o que produz asformas filosóficas e políticas <strong>do</strong> discurso-contra” (PÊCHEUX, 2009, p. 200).A forma sujeito fica tentan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> o momento estabilizar-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma formaçãodiscursiva, até que, em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento, ela não mais cabe e sob o processo <strong>de</strong>contrai<strong>de</strong>ntificação o sujeito tenta i<strong>de</strong>ntificar-se com outras discursivida<strong>de</strong>s até encontraralguma que o satisfaça, mesmo que por um curto perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo.É claro que não se é inocente ao ponto <strong>de</strong> achar que to<strong>do</strong>s os artifícios i<strong>de</strong>ológicosforam apaga<strong>do</strong>s neste processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s. Tanto não foram que se po<strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar diferentes formas <strong>de</strong> discurso funcionan<strong>do</strong> em um local em que o non-sense‘parece’ estabeleci<strong>do</strong>. É importante lembrar que estes discursos são opacos. A historicida<strong>de</strong> eas condições <strong>de</strong> produção são significantes na constituição <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, e ao olhar a partir <strong>do</strong>solhos da complexida<strong>de</strong>, é que se foi capaz <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o funcionamento <strong>do</strong> OpenLearn e,nesse processo, a constituição <strong>do</strong> Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte.O Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte inicia sua trajetória <strong>de</strong> materialização no momento emque se inscreve no espaço virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das discursivida<strong>de</strong>sque atravessaram o sujeito fora <strong>do</strong> ambiente virtual; ao entrar no projeto ele assume a posição<strong>de</strong> aluno (que quer apren<strong>de</strong>r) que passa a ser pre<strong>do</strong>minante; ou ainda, uma posição <strong>de</strong> sujeito
125leitor e autor, no momento da construção <strong>do</strong> ambiente virtual. Esta postura é <strong>de</strong>terminada porum discurso acadêmico que sustenta as condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ste espaço <strong>de</strong> aprendizagem.Ou seja, os discursos constituintes da OU refletem <strong>de</strong> alguma forma efeitos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> aoprojeto OpenLearn e como “senti<strong>do</strong> já-lá” são sempre opacos para as formas <strong>de</strong> inscrição <strong>do</strong>sujeito.Estas discursivida<strong>de</strong>s somadas à textualida<strong>de</strong> presente no espaço virtual <strong>do</strong> OpenLearne as condições <strong>de</strong> produção, po<strong>de</strong>m levar o sujeito a materializar-se como apren<strong>de</strong>nte a partir<strong>do</strong> momento em que o mesmo, interpela<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ologia, assume a função-autor e inscrevese<strong>de</strong> forma visível, assumin<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong> sobre um ‘to<strong>do</strong>’.A autoria, <strong>de</strong>sta forma, favorece o efeito-fecho, <strong>de</strong>scrito por Gallo (1995), ao<strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Ambiente virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn.Ao fim da análise, parece que o caminho é um só, sem <strong>de</strong>terminações, mas sabe-se queexistem várias condicionantes que motivaram estes movimentos e marcaram as posições (quenão são estanques) assumidas pelo sujeito durante sua passagem pelo projeto.Assim, este efeito é só uma sensação produzida pelos esquecimentos a que estamossubmeti<strong>do</strong>s, já que as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> movimentação e <strong>de</strong> composição <strong>do</strong> sujeito sãomúltiplas e infindáveis.
1266 CONSIDERAÇÕES FINAISRefletir sobre o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta dissertação nos fez enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>forma díspar o fato <strong>de</strong> que ao mesmo tempo em que o sujeito modifica, ele é tambémmodifica<strong>do</strong> nos processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s. Desta forma, foi impossível ficarmosalheios a este <strong>de</strong>senvolvimento, pois da mesma maneira com que tu<strong>do</strong> foi se modifican<strong>do</strong>, onosso olhar passou produzir um efeito <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s nossos própriosesquecimentos – na posição <strong>de</strong> técnica institucional da EaD - para que pudéssemos construirum olhar <strong>de</strong> analista - sen<strong>do</strong> que esta forma-sujeito, também foi sen<strong>do</strong> por nós assumida econstruída, juntamente com este trabalho <strong>de</strong> pesquisa.Diante disso, propõe-se agora uma retrospectiva marcan<strong>do</strong>, assim, as ‘evidências’ queao longo <strong>de</strong> nosso percurso <strong>de</strong> dis-curso foram tecen<strong>do</strong> senti<strong>do</strong>s, para que o efeito <strong>de</strong> fecho(GALLO, 1995) fosse marca<strong>do</strong> nesta etapa <strong>do</strong> trabalho.Para chegar as conclusões que passaremos a expor adiante, é fundamental falar <strong>do</strong>trajeto percorri<strong>do</strong>, das condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>sta dissertação.Partiu-se <strong>do</strong> pressuposto <strong>de</strong> que assim como a Educação tem se modifica<strong>do</strong> ao longo<strong>do</strong>s tempos, os sujeitos que fazem parte <strong>de</strong>la também estão se transforman<strong>do</strong> (ou sen<strong>do</strong>modifica<strong>do</strong>s), <strong>de</strong> forma que os mo<strong>de</strong>los instituí<strong>do</strong>s parecem não fazer mais senti<strong>do</strong> nestecontexto. Esta constatação nos fez pensar em outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oferta, em outrosmo<strong>de</strong>los que fossem diferentes daqueles encontra<strong>do</strong>s no Brasil.Delimitamos, então, o corpus <strong>de</strong> nossa pesquisa com a seleção <strong>de</strong> um projetorelaciona<strong>do</strong> à proposta <strong>de</strong> Recursos Educacionais Abertos, ‘ofereci<strong>do</strong>’ por uma instituição <strong>de</strong>renome na Europa: a Open University. Viu-se no projeto OpenLearn, mais especificamente noLabSpace, uma ‘nova’ forma <strong>de</strong> se conceber o ensino e <strong>de</strong> construir conhecimento através daautoria.O suporte teórico <strong>de</strong>ste trabalho teve como alicerce as noções <strong>de</strong> autoria, propostas porGallo (1995); <strong>de</strong> função autor e efeito leitor <strong>de</strong>finida por Orlandi (2009) e da teoria daComplexida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>alizada por Morin (2008).Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste espaço diferencia<strong>do</strong>, esta pesquisa se propôs a analisar o funcionamento<strong>do</strong> ambiente virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn, sob os dispositivos meto<strong>do</strong>lógicos e analíticos daAnálise <strong>do</strong> Discurso, com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e dar materialida<strong>de</strong> a um tipo <strong>de</strong> sujeito,também diferencia<strong>do</strong>, e que está inscrito neste ambiente: o sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte.
127Constatou-se que este espaço por si só, não confere efeito <strong>de</strong> aprendência ao sujeitoleitor e que o mesmo só po<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar-se da posição sujeito através das movimentações<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço virtual <strong>de</strong> aprendizagem, que por sua vez, está i<strong>de</strong>ologicamente marca<strong>do</strong> porum sujeito autor, bem como pelas diferentes formações discursivas em que o sujeito leitor seinscreve.As memórias <strong>do</strong> sujeito e as discursivida<strong>de</strong>s que o atravessaram, também lhe conferemum efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong> no momento em que entra em contato com a textualida<strong>de</strong> noespaço virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn.No início <strong>de</strong>sta pesquisa, partimos <strong>do</strong> pressuposto que este espaço produziria umefeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> diferente nos sujeitos ali inscritos, <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>-os para outras posiçõessujeito, diferentes das já conhecidas e apresentadas nesta pesquisa (sujeito leitor virtual da ADe o aprendiz virtual da EaD). Muito embora esta evidência tenha si<strong>do</strong> percebida em mais <strong>de</strong>uma ferramenta <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> ambiente virtual da OpenLearn (FlashVlog, Learning Journal,Knowledge Maps, Flash Meeting) foi no LabSpace que pu<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong> fato, i<strong>de</strong>ntificar amaterialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste sujeito leitor apren<strong>de</strong>nte através da autoria e diferenciá-lo das outrasformas sujeito <strong>de</strong>finidas pela AD e pela EaD.Para marcar a autoria presente no espaço virtual <strong>do</strong> projeto OpenLearn, <strong>de</strong>limitou-setrês mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> materialização e i<strong>de</strong>ntificação da ação <strong>de</strong> aprendência: através da criação <strong>de</strong>REAs inéditos, remixagem <strong>de</strong> REAs posta<strong>do</strong>s pela OU e tradução das unida<strong>de</strong>s e materiaisdispostos como REAs. Os <strong>do</strong>is primeiros exemplos foram ilustra<strong>do</strong>s com postagens <strong>de</strong>professores da Uni<strong>sul</strong>Virtual, com o intuito <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar que as discursivida<strong>de</strong>s a que osujeito é atravessa<strong>do</strong> fora <strong>do</strong> ambiente virtual interferem na textualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste mesmo espaço,<strong>de</strong> forma que isso se reflete na produção e na remixagem <strong>do</strong> materiais ali dispostos.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>, também, a teoria da Complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Morin (2008), foi possívelseparar todas as partes (os <strong>de</strong>slocamentos possíveis, com suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sujeito) paraenten<strong>de</strong>r a constituição <strong>de</strong> um to<strong>do</strong>, representa<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>slocamento assumi<strong>do</strong> pelo leitorapren<strong>de</strong>nte em seu processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento através da autoria.Este processo <strong>de</strong> análise, configura<strong>do</strong> pelo gesto <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong>sta analista, nosfez compreen<strong>de</strong>r o funcionamento <strong>do</strong> sujeito, que não se configura como apren<strong>de</strong>nte a to<strong>do</strong> omomento, visto que o mesmo oscila entre os processos <strong>de</strong> aquisição e construção <strong>de</strong>conhecimento.Apesar <strong>do</strong> projeto OpenLearn <strong>de</strong>finir-se como ‘aberto’ ele não o é totalmente, uma vezque ele tem suas limitações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m tecnológica, linguística e, principalmente i<strong>de</strong>ológica. Ouseja, para estar neste ambiente ‘livre’ e ‘aberto’ o sujeito <strong>de</strong>ve movimentar-se nas
128possibilida<strong>de</strong>s pré-estabelecidas, saber utilizar o computa<strong>do</strong>r e ter uma noção <strong>de</strong> inglês, vistoque a maioria <strong>do</strong>s materiais ainda não foram traduzi<strong>do</strong>s.Esquecen<strong>do</strong>-se das <strong>de</strong>terminantes acima, po<strong>de</strong>-se dizer que se enfatiza aqui aexistência <strong>de</strong> uma Instituição <strong>de</strong> Ensino Superior, <strong>de</strong> abrangência mundial, que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong> tão rígida como a da Inglaterra, conseguiu quebrar alguns <strong>do</strong>s antigos paradigmaseducacionais em prol <strong>do</strong> “conhecimento para to<strong>do</strong>s”.Como já referi<strong>do</strong> no início <strong>de</strong>sta dissertação, não se tem o objetivo <strong>de</strong> criar verda<strong>de</strong>sabsolutas, receitas educacionais infalíveis, mas somente, vislumbrar novos caminhos queressignifica<strong>do</strong>s (ou remixa<strong>do</strong>s aos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> que projeto OpenLearn propõe) po<strong>de</strong>m fazermais senti<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nosso país.Nesse senti<strong>do</strong>, trabalhar com um dispositivo teórico-analítico como o da AD,especializa nosso gesto <strong>de</strong> compreensão da EaD, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> mostrar que o sujeito leitorapren<strong>de</strong>nte não é apenas fruto <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo ‘aberto’ <strong>de</strong> aprendizagem virtual, mas <strong>de</strong>condições <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> discursos que consi<strong>de</strong>rem os processos polissêmicos <strong>de</strong>constituição. Talvez seja necessário passarmos por processos <strong>de</strong> contrai<strong>de</strong>ntificação com asformações discursivas que nos atravessaram até o momento e buscar novas discursivida<strong>de</strong>spropícias para a inscrição <strong>de</strong>sses sujeitos que se <strong>de</strong>slocam entre a função-autor e o efeitoautor. Assim, faz-se necessário repensar os currículos e as formas <strong>de</strong> se perceber a educação,distancian<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los convencionais <strong>do</strong>s discursos pedagógicos, ou seja,pre<strong>do</strong>minantemente autoritários, para formas <strong>de</strong> discursos abertos e polissêmicos.Deixo aberta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma análise mais afinca sobre os percursos referentesà leitura na <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>slocamentos que possibilitam constituir materialida<strong>de</strong> aoLeitor apren<strong>de</strong>nte, bem como sobre os mo<strong>de</strong>los curriculares ‘abertos’ propostos pela OpenUniversity, que <strong>de</strong> forma bastante sutil vem quebran<strong>do</strong> os paradigmas disciplinares edissolven<strong>do</strong> a dicotomização entre arte e ciência; o que, <strong>de</strong> certa forma, corroboram com àconstituição e materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sujeito Leitor Apren<strong>de</strong>nte.
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