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a igreja militante de joão paoloii e 0 capitalismo ... - cpvsp.org.br

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vácuo i<strong>de</strong>ológico atual, criado so<strong>br</strong>etudopela crise do socialismo.No que tange à linguagem, passandopor alto a extensão, i<strong>de</strong>ossincrásica doPontífice atual, impacta o fraquTssimoconteúdo bíblico, particularmenteevangélico. Conta-se apenas uma vintena<strong>de</strong> referências bíblicas (3, 5, 25,45b, 51b, 62). Já se observou a diferençaque tem a linguagem fortementejusnaturalista da Doutrina Social romanaem confronto com a linguagem<strong>de</strong>cididamente bíblica do Magistériosocial das Igrejas do Terceiro Mundoe mais ainda da Teologia da Libertação.O Vaticano II é citado apenas 15vezes, quando todas as outras referênciassão do próprio Magistério socialda Igreja romana, sem falar ainda nafreqüência <strong>de</strong> auto-referências.O tom geral do texto é o da análisesocial argumentada e da sabedoriamoral. Importa observar que o conteúdopropriamente teológico é extremamenteescasso, salvo o 25, on<strong>de</strong> seencontra uma interessante digressão,meio errática, so<strong>br</strong>e a relevância socialdo dogma do pecado original(25c). A verve profética emerge a lancesmuito raros, por exemplo, quandoele ataca a remanescência do "<strong>capitalismo</strong>selvagem" no Terceiro Mundo(8c), ou quando levanta a reserva <strong>de</strong>que a dívida não po<strong>de</strong> ser paga coma "fome e o <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> populaçõesinteiras" (35e). Mas mesmo assim, aenergia profética vem sempre muitocontida.Nenhuma <strong>de</strong>núncia do perigo dariqueza acumulada, lugar-comum noNovo Testamento e mais que oportunanum mundo que exalta o mercadocomo o <strong>de</strong> hoje. A Centesimus Annussó assume algumas palavras ameaçadorasdo Evangelho aos ricos <strong>de</strong> modoindireto — através <strong>de</strong> uma citação <strong>de</strong>Leão XIII (30b).E o i<strong>de</strong>al da "po<strong>br</strong>eza evangélica",com toda a sua relevância históricosocial,sequer é objeto <strong>de</strong> alusão. Nãose conce<strong>de</strong> aqui <strong>de</strong>mais à mo<strong>de</strong>rnaonda mo<strong>de</strong>rna do "enriquecei-vos"!Mesmo a crítica ao neo-liberalismo(raramente citado), centrada — comodissemos - na vinculação da liberda<strong>de</strong>à busca da verda<strong>de</strong> (4e, etc.) não consegueser radical e eficaz, pois <strong>de</strong>ixaintocado o fulcro do mesmo, que éa prevalência da liberda<strong>de</strong> individualso<strong>br</strong>e a solidarieda<strong>de</strong> social, do amor<strong>de</strong> si so<strong>br</strong>e o amor do outro (este últimoera, para Agostinho, o fundamentoda "Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus", ou seja, dasocieda<strong>de</strong> segundo o i<strong>de</strong>al cristão).Não se estaria aqui também oferecendoseu grão <strong>de</strong> incenso a um dos vários<strong>de</strong>uses do dia, sendo o mercado oprincipal? Estaria disposto o Papa aaceitar um liberalismo mitigado?Em suma, tudo indica que a DoutrinaSocial da Igreja entrou num novociclo. Ela acabou se alinhando praticamentecom o neo-<strong>capitalismo</strong>.22

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