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EDIÇÃO 08 - Dezembro/07 - RBCIAMB

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

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<strong>EDIÇÃO</strong> <strong>08</strong><strong>Dezembro</strong>/<strong>07</strong>


NISAM/ ICTRCONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICOAdelaide Cássia Nardocci (FSP/USP)Alaôr Caffé Alves (FD/USP)Alcides Lopes Leão (Unesp/BOT)Alexandre de Oliveira e Aguiar (NISAM/USP)Angela M. Magosso Takayanagui (EERP/USP)Antonio Carlos Rossin (FSP/USP)Antonio Fernando Pinheiro Pedro (ABAA)Antonio Herman Benjamín (IDPV)Aracy Witt de Pinho Spínola (FSP/USP)Aristides Almeida Rocha (FSP/USP)Arlindo Philippi Jr. (FSP/USP)Armando Borges de Castilhos Jr. (UFSC)Attilio Brunacci (NISAM/USP)Bastiaan Reydon (Unicamp)Bruno Coraucci Filho (FEC/Unicamp)Carlos Celso do Amaral e Silva (FSP/USP)Carlos Eduardo Morelli Tucci (UFRGS)Carlos Malzyner (SEMPLA)Celina Lopes Duarte (Ipen)Célio Bérman (IEE/USP)Cíntia Philippi Salles (NISAM/USP)Claudio Fernando Mahler (COPPE/UFRJ)Cleverson V. Andreoli (UFPR)Daniel Joseph Hogan (Unicamp)Daniel Roberto Fink (MPSP)Daniel Silva (UFSC)Delsio Natal (FSP/USP)Denise Crocce Romano Espinosa (EP/USP)Dimas Floriani (UFPR)Édis Milaré (NISAM/USP)Edson A. Abdul Nour (FEC/Unicamp)Edson Leite Ribeiro (PRODEMA/UFPB)Eglé Novaes Teixeira (FEC/Unicamp)Enrique Leff (PNUMA)Eugênio Foresti (EESC/USP)Fábio Luiz Teixeira Gonçalves (IAG/USP)Fábio Nusdeo (FD/USP)Fábio Taioli (IGc/USP)Fabiola Zioni (FSP/USP)Fernando Fernandes da Silva (NISAM/USP)Francisco Radler de Aquino Neto (IQ/UFRJ)Francisco Suetônio Bastos Mota (UFCE)Gilberto Passos de Freitas (TJ/SP)Gilda Collet Bruna (Mackenzie)Guido Fernando Silva Soares (FD/USP)Guilherme J. Purvin de Figueiredo (PGESP)Helder Perdigão Gonçalves (INETI/Portugal)Helena Ribeiro (FSP/USP)Heliana Comin Vargas (FAU/USP)Hilton Felício dos Santos (Consultor Ambiental)Isak Kruglianskas (FEA/USP)Ivete Senise (FD/USP)Jair Lício Ferreira Santos (FMRP/USP)João Antônio Galbiati (Unesp)João Sergio Cordeiro (UFSCar)João Vicente de Assunção (FSP/USP)Jorge Alberto Soares Tenório (EP/USP)Jorge Gil Saraiva (LNEC/Portugal)Jorge Hajime Oseki (FAU/USP)Jorge Hamada (Unesp)José Carlos Derísio (Consultor Ambiental)José Damásio de Aquino (FUNDACENTRO)José de Ávila Aguiar Coimbra (NISAM/USP)José Eduardo R. Rodrigues (Fundação Florestal)José Fernando Thomé Jucá (UFPE)José Luiz Negrão Mucci (FSP/USP)José Maria Soares Barata (FSP/USP)Leila da Costa Ferreira (Unicamp)Léo Heller (UFMG)Luis Enrique Sánchez (EP/USP)Luiz Roberto Tomasi (FUNDESPA)Luiz Sérgio Philippi (UFSC)Marcel Bursztyn (UNB)Marcelo de Andrade Roméro (FAU/USP)Marcelo Pereira de Souza (EESC/USP)Márcia Faria Westphal (FSP/USP)Márcio Joaquim Estefano Oliveira (Unesp)Marcos Reigota (UNISO)Marcos Rodrigues (EP/USP)Maria Cecília Focesi Pelicioni (FSP/USP)Maria José Brollo (IG/SMA/SP)Maria Olímpia Rezende (IQSC/USP)Maria Regina Alves Cardoso (FSP/USP)Mario Thadeu Leme de Barros (EP/USP)Mary Dias Lobas de Castro (SVMA/PMSP)Milo Ricardo Guazelli (ANVISA)Mônica Porto (EP/USP)Murilo Damato (SENAC)Nemésio N. Batista Salvador (UFSCar)Oswaldo Massambani (IAG/USP)Paulo Affonso Leme Machado (UNIMEP)Paulo Artaxo (IF/USP)Paulo de Tarso Siqueira Abrão (NISAM/USP)Paulo H. Nascimento Saldiva (FM/USP)Paulo Renato Mesquita Pellegrino (FAU/USP)Pedro Caetano Sanches Mancuso (FSP/USP)Pedro Roberto Jacobi (PROCAM/USP)Petra Sanchez Sanchez (Mackenzie)Philip O. M. Gunn (FAU/USP)Raul Machado Neto (ESALQ/USP)Renata Ferraz de Toledo (NISAM/USP)Ricardo Toledo Silva (FAU/USP)Roberto Nunes Szente (IPT)Roque Passos Pivelli (EP/USP)Ruben Bresaola Jr. (FEC/Unicamp)Ruth Sandoval Marcondes (FSP/USP)Sabetai Calderoni (NAIPPE/USP)Sebastião Roberto Soares (UFSC)Sergio Eiger (FSP/USP)Severino Soares Agra Filho (UFBA)Sheila Walbe Ornstein (FAU/USP)Solange Teles da Silva (NISAM/USP)Tadeu Fabrício Malheiros (FSP/USP)Umberto Cordani (IGc/USP)Vahan Agopyan (EP/USP)Vanderley Moacyr John (EP/USP)Vera Lúcia Ramos Bononi (NISAM/USP)Vicente Fernando Silveira (NISAM/USP)Walter Lazzarini (NISAM/USP)Wilson Edson Jorge (FAU/USP)Witold Zmitrowicz (EP/USP)Yara Maria Botti M. de Oliveira (Mackenzie)2Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


Revista Brasileira deCiências AmbientaisEditorOpiniões e SugestõesCartas paraMarcelo de Andrade RoméroNISAM/Revista Brasileira de CiênciasAmbientaisAv. Dr. Arnaldo, 715 – Cerq. César –São Paulo - SP – CEP 01246-904A/c Marcelo de Andrade Roméro oue-mail: maromero@ictr.org.br• • •Envio de ArtigosObservar asnormas para publicaçãona página 60, deste númeroEnviar para: ictr@ictr.org.br• • •Siteswww.ictr.org.brwww.fsp.usp.br/nisam• • •Para anunciarA partir deste número, a Revista Brasileira deCiências Ambientais – <strong>RBCIAMB</strong> passa a serveiculada somente no formato digital (pdf) e estarádisponível para consulta e obtenção da mesma, nosite www.ictr.org.br/ictr/publicacoes.aspA parceria entre o ICTR e o CEPEMA continuaativa e com boas perspectivas de ações conjuntas naárea editorial do ICTR e, conseqüentemente, na<strong>RBCIAMB</strong>.A demanda por publicar na <strong>RBCIAMB</strong> continuabastante elevada e, para o presente exemplar, oConselho Editorial selecionou cinco artigos quetraduzem contribuições inovadoras na área daGestão Ambiental do Tratamento e Disposição Finalde Resíduos e do Direito Ambiental. Esta última vemassumindo importância cada vez maior na áreaambiental brasileira, demandando a necessidadecontínua de capacitação profissional e possibilidadede publicação de trabalhos científicos/acadêmicos.Nesse sentido, a <strong>RBCIAMB</strong> tem se revelado umcanal na divulgação de pesquisas e de trabalhosrealizados na área ambiental.Marcelo de Andrade Roméromaromero@usp.br• • •dezembro 20<strong>07</strong>3


ÍndiceFotos: Marcelo de Andrade Roméro2341016294247NISAM/ ICTRCONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICOEditorMARCELO DE ANDRADE ROMÉROGerenciamento de ResíduosDESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM MEGACIDADES:UMA ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULOClaudia Ruberg, Geraldo Gomes SerraTratamento e Disposicão Final de ResíduosAVALIAÇÃO DAS TÉCNICAS DE PRECIPITAÇÃO QUÍMICA EENCAPSULAMENTO NO TRATAMENTO E DESTINAÇÃO CONJUNTA DERESÍDUOS LÍQUIDOS CONTENDO CROMO E VIDRARIAS DE LABORATÓRIOJuliana Graciela Giovannini, Glauco Arnold Tavares, José Albertino Bendassolli,Valter SeccoGestão AmbientalCONSTRUÇÃO DE MODELO EMPÍRICO PARA O MONITORAMENTO DERECURSOS HÍDRICOS DO RIO DO SAL/SERGIPERoberto Rodrigues de Souza, Jailton de Jesus Costa, Rosemeri Melo e SouzaPRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE COMO PRÁTICA DERESPONSABILIDADE SOCIAL E MARKETING SOCIALLuis Hernan Contreras Pinochet, Hernan Edgardo Contreras Alday, Mauricio C.SerafimSaneamento AmbientalCOMPOSTAGEM ACELERADA: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DO COMPOSTOBárbara R. Heidemann, Edilsa R. Silva, Marlene Soares, Valma M. BarbosaNormasISSN: 18<strong>08</strong>-4524dezembro 20<strong>07</strong>1


Gerenciamentode ResíduosDESTINAÇÃO DERESÍDUOS SÓLIDOSDOMICILIARES EMMEGACIDADES: UMAANÁLISE DO MUNICÍPIODE SÃO PAULOClaudia RubergNUTAU/USP, PQruberg@usp.brGeraldo Gomes SerraNUTAU/USP, PDRESUMOO gerenciamento dos resíduos sólidos se apresenta como um dos maiores problemas da atualidadenas megacidades. Na cidade de São Paulo cerca de 9.000 toneladas diárias de resíduos domiciliaressão dispostas em dois grandes aterros sanitários. Sem mecanismos de redução do volume deresíduos, a política atual é o afastamento dos resíduos coletados. Os diversos problemas associadosa essa prática, tornam o afastamento uma solução pouco viável nas megacidades. Portanto, énecessário reduzir significativamente o volume de resíduos dispostos em aterro, a dependência degrandes áreas de aterro e as distâncias de transporte entre coleta e destinação. Na elaboração deuma proposta para São Paulo que atinja esses objetivos, foram definidos os elementos condicionantesde projeto e verificados os diversos aspectos ambientais e urbanos que restringem a proposta. Adistribuição dos incineradores ao longo do Rodoanel criou um sistema mais racional de transporte,com a eliminação de grande parte dos resíduos gerados, de modo a salvaguardar o meio ambientee a permitir o desenvolvimento da megacidade de São Paulo. Esta pesquisa foi financiada pelaCAPES.ABSTRACTThe solid waste management is one of the largest problems existent in the megacities. In the city ofSão Paulo about 9.000 daily tons of household waste is disposed of into two great sanitary landfills.Because of the several problems associated with the practice of removing the waste, this practice isalmost unviable in the megacities. Therefore, it is necessary to reduce significantly the volume of thewaste disposed in landfills, the dependence of great landfill areas and the distances betweencollection and destination. In order to reach these objectives in São Paulo, we defined the premisesand the environmental and urban restrictions for the project. The distribution of the incinerators alongone ring road created a more rational system of transport, with the elimination of great part of thegenerated residues, in order to protect the environment and to allow the development of themegacity of São Paulo. This research is financial supported by CAPES.4Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


A redução significativa do volume deresíduos é fundamental para minimizar oproblema dos resíduos nasmegacidades.Objetivando definir qual tipo detratamento a ser empregado éimportante conhecer a composição dosresíduos sólidos coletados no municípiode São Paulo. Para tanto apresenta-sena figura 1 os resultados dacaracterização dos resíduos sólidosdomiciliares do município de São Paulorealizada em 2004 (PMSP, 2004):O percentual de materiais recicláveis(papel, plástico, vidro e metal) presentesnos resíduos sólidos do município deSão Paulo é inferior a 30%. Verifica-seque, caso a coleta seletiva fosseamplamente implementada, comcaptação total (utopia) dos materiaisrecicláveis gerados, quase 30% dosresíduos atualmente coletados seriamdesviados dos aterros sanitários.Restariam ainda 70% dos resíduos aprosseguir para outra destinação.Além disso, a caracterização revela quecerca de 60% dos resíduos é matériaorgânica que poderia ser encaminhadapara a compostagem. Sabe-se quequalidade do produto final depende daqualidade do material que chega àunidade, conforme demonstram asexperiências brasileiras de compostagem.Percebe-se então a dificuldade de coletaresse material em separado, pois serianecessária uma estrutura de coleta etransporte em paralelo à coletaconvencional, tornando ainda maiscomplexo o sistema de limpeza urbana.Apesar disso não se teria como garantira qualidade do material recolhido,porque a separação adequada é arealizada na fonte de geração, ou seja,aquela feita pelo morador.Convém lembrar que atualmente háuma grande preocupação com acontaminação biológica da matériaorgânica por doenças como a “doençaFigura 1 – Composição média dos resíduos sólidos domiciliares através da ponderação pela produção anualde resíduos – São Paulo – 2004Fonte: Baseado em PMSP, 2004, p. 67 – Tabela 4.da vaca louca” (encefalopatiaespongiforme bovina), a febre aftosaanimal, a gripe aviária e a Aids. Essereceio mundial é eliminado com aqueima dos resíduos a temperaturaselevadas.Identificou-se que a incineração é atecnologia de redução de volume quemelhor atende, nos dias atuais, asnecessidades das megacidades – pois,além de reduzir o volume de resíduos,inertiza o material biológico, pode gerarenergia, permite a reciclagem de partedos materiais, seus equipamentosocupam áreas significativamentemenores que os aterros atuais, entreoutros benefícios.A incineração é uma tecnologiaatualmente encontrada em diversospaíses, que atende às mais restritaslegislações quanto às emissões. Osexemplos das Regiões Metropolitanas deParis e de Lisboa serviram de referênciapara as análises (VALORSUL, 2004;SYCTOM, 2005; CEWEP, 2004).A melhoria do sistema degerenciamento em São Paulo tambémestá vinculada à implantação dasunidades em local próximo ao degeração dos resíduos e de fácil acessopelo sistema viário principal.Por isso, o Rodoanel (anel viáriometropolitano traçado pela Dersa, masainda em fase de construção) foiescolhido como elemento viário paralocalização das unidades de tratamento.Esse anel viário dista de 20 a 40 km docentro do município, passando tambémpor municípios vizinhos a São Paulo, naRegião Metropolitana, e sua principalfunção é reduzir o fluxo interno deveículos de grande porte que atravessama cidade.Para a montagem da proposta dedestinação dos resíduos domiciliares deSão Paulo, considerou os seguintescondicionantes de projeto:• Tratamento de todos os resíduosdomiciliares recolhido pelo sistemapúblico de coleta no município;• Redução significativa do volume epeso dos resíduos a serem dispostos ematerro sanitário.• Não obrigatoriedade de uma coletadiferenciada ou triagem prévia aotratamento;• Unidades de fácil acesso de chegadae saída;6Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


incineração é fruto de análisesambientais, urbanas e do sistema viário.A definição de uma localização maisprecisa de um lote ou terrenonecessitaria de um estudo maisaprofundado de cada área apontada.Essa atividade não fez parte dosobjetivos da presente pesquisa.Tomando como referência os projetosde Lisboa (VALORSUL, 2004) e de SãoPaulo (PROEMA, 1994), estima-se queuma área aproximada de 4 hectarescomporta o incinerador e equipamentoscomplementares. Com intuito de protegervisualmente o local prevê-se que noentorno do equipamento haja um buffervegetal, uma faixa de vegetação de cercade 30 metros 4 , que aumentará em cercade 70% a área inicial. Desse modo aárea total da unidade de incineraçãoocupará, em média, 6,8 hectares.Esse buffer terá a função principal deproteger visualmente a área, mastambém contribuirá como amortecedoracústico e retentor de materiaisparticulados.Após a elaboração da proposta fez-seuma avaliação das principais vantagens edesvantagens dessa proposta. Lista-se aseguir algumas vantagens:• cada unidade ocupa áreas muitomenores que os atuais aterros (cerca de6,8 hectares cada);• as unidades localizam-se dentro domunicípio ou em áreas próximas àCapital e de fácil acesso;• cada unidade possui buffer vegetalpara proteção visual, além de servircomo barreira acústica e de propagaçãode particulados;• o tratamento permite a reciclagemdos metais e das escórias;• o processo permite a geração deenergia;• a distribuição espacial das unidadesdiminui a circulação de veículos degrande porte nas principais vias dentroda malha urbana;• o tratamento não exige qualificaçãodo material (estar separado, limpo) esistema de coleta diferenciado;• o número de incineradores reduz oimpacto no entorno da unidade a partirda redução de entradas e saídas deveículos em cada local.Em seguida estão relacionadas asprincipais desvantagens dessa proposta:• os custos de implantação eoperação das unidades de incineração;• o sistema não prevê a reciclagem depapel, plástico ou vidro;• o processo emite gás carbônico eoutros poluentes;• a produção de cinzas perigosas;• não abrange os resíduos geradosnos municípios da RMSP que não têmunidades de incineração;• somente são atendidos pelaproposta a Capital e os três municípiosonde foram locados os incineradores.Sob o aspecto da redução de volumede resíduos, para melhor visualizaçãodos resultados da proposta, forammontados os fluxogramas degerenciamento dos resíduos sólidosdomiciliares no município de São Paulo,atual e proposto, suas respectivasmassas e percentual do total coletado(figuras 4 e 5).Com a redução do volume deresíduos, apenas 2% do total diário deresíduos gerados será disposto ematerro sanitário, ou seja, menos de 200t/dia, em contraposição às quase 9.000toneladas diárias atuais.Fig. 4 – Fluxograma do gerenciamento dos resíduos domiciliares em São Paulo – atualFig. 5 – Fluxograma do gerenciamento dos resíduos domiciliares em São Paulo – proposta8Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


CONCLUSÕESConclui-se então que a distribuiçãode estações de redução de volume deresíduos permitiu a montagem de umsistema mais racional de transporte,evitando estações de transferência deresíduos, diminuindo as distâncias detransporte e consequentemente apoluição causada pelos veículos.Com este projeto o problema dadestinação dos resíduos sólidos éenfrentado, com a eliminação de grandeparte dos resíduos gerados,salvaguardando o meio ambiente e amegacidade de São Paulo.NOTAS(1) Informação obtida no site da EMPLASAreferente à população estimada na data acessada.Disponível em: .Acesso em: 30/09/2003.(2) Informação oral fornecida por Marco AntônioFialho, assistente técnico do Plano Diretor deResíduos Sólidos da Secretaria de Serviços e Obras(SSO), Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP),em São Paulo, no dia 19/06/2002.(3) Conhecida como Síndrome NIMBY, que vem daexpressão “Not in my back yard” – não no meuquintal.(4) Essa largura foi estimada como sendo razoávelpara crescimento de variados tipos de vegetaçãopara vedação visual da unidade de incineração. Nãofoi encontrada referência bibliográfica acerca dalargura mais adequada para essa finalidade.REFERÊNCIASCEWEP – Confereration of European Waste-to-Energy Plants. Heating and lighting the way to asustainable future. Download de arquivo. Disponívelem: . Acesso em: 26/10/2004.DERSA Desenvolvimento Rodoviário. [200-].Disponível em: . Acessoem: 18 jul. 2004.EMPLASA. População estimada em tempo real.2003. Disponível em: . Acesso em: 30 set.2003.HENRIQUE, Brás; MENOCCHI, Simone. Até 2009,SP não terá onde pôr o lixo. CRUZEIRONET. Brasil –Meio Ambiente, 19 mar. 2005. Disponível em:. Acesso em: 20 mar. 2005.IBC – Instituto Brasileiro de Cultura Ltda. GuiaCartoplan São Paulo. São Paulo: CooperdiscEditorial Log, 2005. 1 CD ROM.IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística. Pesquisa Nacional de SaneamentoBásico – PNSB 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.Download de arquivo. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2003.PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo.Secretaria de Serviços e Obras – SSO.Departamento de Limpeza Urbana – Limpurb.Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidosdomiciliares do Município de São Paulo - 2004. SãoPaulo: PMSP/SSO/Limpurb, 2004.PROEMA Engenharia e Serviços Ltda. Estudo deImpacto Ambiental – EIA: Usina de processamentode resíduos sólidos domiciliares com incineração,recuperação de energia elétrica e dos materiaisreaproveitáveis – Santo Amaro. São Paulo:PROEMA, ago. 1994a. 4 vols.RUBERG, Claudia. A destinação dos resíduossólidos domiciliares em megacidades: o caso deSão Paulo. 2005. Tese (Doutorado) – Faculdadede Arquitetura e Urbanismo, Universidade de SãoPaulo, São Paulo, 2005.SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente – SMA.Coordenadoria de Planejamento Ambiental –CPLA. Lei Estadual nº. 9.866/97: uma novapolítica de mananciais. São Paulo: SMA, [1997b].SYCTOM. [2005] Disponível em: . Acessos em: 21 fev. 2005; 06mar. 2005; 10 set. 2005.UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Faculdade deArquitetura e Urbanismo. Seção de Produção deBases Digitais – CESAD. Mapa vetorial de quadrasMunicípio de São Paulo – MSPQ. São Paulo:CESAD-FAUUSP, 2002. 1 CD ROM.VALORSUL. Apresentação base 2004.Apresentação em PowerPoint. Lisboa: Valorsul,2004. 1 CD ROM.AGRADECIMENTOSÀ CAPES pelo financiamento dapesquisa de doutorado.dezembro 20<strong>07</strong>9


Tratamento eDisposicão Final deResíduosAVALIAÇÃO DAS TÉCNICASDE PRECIPITAÇÃO QUÍMICAE ENCAPSULAMENTO NOTRATAMENTO EDESTINAÇÃO CONJUNTA DERESÍDUOS LÍQUIDOSCONTENDO CROMO EVIDRARIAS DELABORATÓRIOJuliana Graciela GiovanniniCENA/USP, PTjgiovann@cena.usp.brGlauco Arnold TavaresCENA/USP, PTJosé Albertino BendassolliCENA – USP, PDValter SeccoUNIMEP, PDRESUMOOs resíduos e/ou efluentes líquidos contendo cromo podem ser tratados através de reaçõesquímicas de oxi-redução e técnicas simples, como, por exemplo, a precipitação química. Ainda que afiscalização do descarte de efluentes por parte dos órgãos ambientais seja mais freqüente junto àsindústrias, nas universidades também vêm sendo realizadas ações no sentido de estabelecer otratamento e a correta gestão de resíduos. No presente trabalho, são discriminados os procedimentospara tratamento e destinação de solução residual contendo cromo, gerada nos laboratórios deensino e pesquisa do CENA/USP. Neste, foram avaliadas as condições da precipitação química dometal e potencialidade do uso da técnica de encapsulamento em vidro, destinando conjuntamenteresíduos sólidos contendo cromo e vidrarias quebradas de laboratório. Os resultados evidenciaramque o melhor intervalo de pH para precipitação química situa-se entre 10 e 11. Com relação aoencapsulamento do Cr(OH) 3, os testes de lixiviação e solubilização realizados no material encapsuladopermitiram classificá-lo como resíduo não perigoso e não inerte (Classe II-B). Reforça-se, por fim, quea adoção de práticas de gerenciamento de resíduos em universidades deve ser estimulada, uma vezque contribui para a formação de recursos humanos aptos às boas práticas ambientais.ABSTRACTSeveral simple methods and chemical reactions are used in routine to treat wastes containing heavymetals. The chemical precipitations belong one to them. Usually, the industrial emissions are controlledby the environmental protection agencies. Universities also generate reduced volumes of residues.In those institutions, management programs for chemical residue have been established. Theprocedures for treatment and final destination of residual solution containing chromium were presentedin this paper. The aim of this work was estimate the efficiency of the metal chemical precipitation andto evaluate the glass encapsulation using glass lab-wares. The results had evidenced that theconvenient pH values for chemical precipitation are between 10-11. In reference to the encapsulationof the Cr(OH) 3, leaching and solubilization tests allowed to classify it as not dangerous and not inertresidue. The adoption of management programs of residues in universities must be stimulated,contributing for the formation of accustomed professionals to the good laboratory practices.10Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


INTRODUÇÃOO gerenciamento dos resíduossólidos industriais e domésticos é umdos principais problemas vivenciadosnos dias atuais. Segundo a Cetesb, noestado de São Paulo geram-seanualmente 535 mil toneladas deresíduos Classe I, perigosos, e 25milhões de toneladas de resíduos ClasseII 1 .Além das indústrias, as universidadese centros de pesquisa também acabampor gerar resíduos químicos, queembora gerados em pequenasquantidades, são encarados como umproblema devido à diversidade com quesão gerados (Jardim 1998; Tavares,2004), o que contribui para que essasinstituições de ensino e pesquisaestejam, gradativamente, implementandoseus Programas de Gerenciamento deResíduos Químicos.No Centro de Energia nuclear naAgricultura (CENA/USP), teve início ogerenciamento dos resíduos através deuma dissertação de mestrado (Tuono,1999), orientada pelo Prof. Dr. JoséAlbertino Bendassolli, na qual foicaracterizada a emissão de efluentes noCENA/USP e estabeleceram-seprocedimentos para o tratamento dealguns dos principais resíduos geradosna instituição.Em 2001, com apoio financeiro daFundação de Amparo a Pesquisa doEstado de São Paulo (FAPESP), iniciou oPrograma de Gerenciamento deResíduos Químicos e Águas Servidas(PGRQ) do CENA/USP (Tavares, 2004).Os resíduos gerados no CENA/USP ébastante diversificado, incluindosolventes, soluções inorgânicas diversas(NH 3aq, SO 2aq, ácidos, bases, soluçõescontendo metais, entre outras) eresíduos sólidos (óxido de cobre,perclorato de magnésio, etc). Nessalistagem, destacam–se várias soluçõesresiduais contendo cromo: soluções desulfocrômica; soluções de dicromato depotássio; soluções geradas nadeterminação de biomassa C emmaterial vegetal (Vance et al., 1987).Há registros de casos documentadosque mostram contaminação ambientalpor cromo em água já na metade doséculo XX. Semelhante ao que ocorrecom outros metais pesados e demaispoluentes em geral, o acentuado edesenfreado desenvolvimento industrialcontribuiu sobremaneira para que taiseventos de contaminação fossemverificados (Miller-Ihli, 1992).De forma a evitar que resíduoscontendo esse metal sejam descartadosno meio ambiente, algumas formas paratratamento foram desenvolvidas erelatadas. Na literatura, encontram-sevárias técnicas de tratamento de cromopresente em resíduos líquidos, dentre asquais destacam-se a precipitação química(Lunn & Sansone, 1989), a retenção emresinas de troca iônica (Tenório &Espinosa, 2001), a absorção em carvãoativado (Landrigan & Hallowell, 1975),biossorção do cromo em cascas dearroz (Guimarães et al., 2005), adsorçãode cromo VI utilizando fibras de coco(Miranda Jr. et al., 2005) e vários outros,como redução eletroquímica, osmosereversa e extração por solventes (Nriagu& Nieboer, 1988). O grande número detécnicas citadas, longe de englobar todasas possibilidades, reforça a atualrelevância dos procedimentos detratamentos de resíduos.Ao mesmo tempo, um outro resíduofreqüente dos laboratórios são restos devidrarias originárias da quebra destesmateriais, para as quais a reciclagem jávem sendo empregada há vários anosem escala industrial no Brasil.Recentemente, surgiram trabalhosque preconizam a inutilização de metaisem material vítreo, o que possivelmentepermitiria a destinação concomitante deambos os resíduos (materiais químicos evítreos). Segundo Delbianco Filho(2003), a vitrificação é uma dasmelhores opções tecnológicas parainertização de resíduos, com objetivo deobter um produto que não oferecerqualquer risco. A técnica consiste emagregar aos vidros e cerâmicas, resíduossólidos (como o cromo) que possamconferir colorações a esses materiais.Assemelha-se, portanto, ao método deencapsulamento em matriz de cimento,bastante eficiente para metais pesados,como extensamente relatado naliteratura (Hanna, 1990; Oliveira, 1992;Chamie, 1994; Cruz, 1999).Diante do exposto, valendo-se dasfacilidades oferecidas nos laboratórios doCENA/USP e do Departamento de Físicado IGCE – UNESP, investigou-se aeficiência das técnicas de precipitaçãoquímica e encapsulamento com vistas aestabelecer uma possível destinaçãoconjunta de resíduos contendo cromo evidros gerados em atividades de ensinoe pesquisa.MATERIAIS E MÉTODOSMATERIALOs equipamentos necessários aodesenvolvimento da pesquisa, além dasvidrarias convencionais de laboratório(proveta, béquer, cápsulas de porcelana,bastões de vidro, entre outras), foram:Medidor de pH modelo digital marcaORION modelo 4260-C15; capelaexaustora Walk-in; agitador e aquecedormagnético (Marconi, mod <strong>08</strong>5), balançaeletrônica digital modelo ER-182A, rangedezembro 20<strong>07</strong>11


0.0001g, marca And; estufa ventilada;forno mufla, temperatura até 1300°C;forno Maitec, mod. FET – 1600 vertical;cadinho de platina pura; forno Maitec,mod. FL – 1300/7; Espectrômetro deAbsorção Atômica (AAS), Espectrômetrode Emissão Atômica com plasmaacoplado indutivamente (ICPAES),metalizador MED 010 da Balzers, Link-Oxford ZEISS DSM 940A.Com relação aos reagentes e resíduosutilizados, destacam-se: ácido sulfúrico,hidróxido de sódio, tiossulfato de sódio,borato de sódio e ouro. resíduos:solução de sulfocrômica, carbonato desódio com prazo de validade vencido(resíduo sólido passivo) e vidrariasborossilicato (Pyrex), trituradas emlaboratório.MÉTODOSTRATAMENTO QUÍMICOConsiderando-se as anteriormentecitadas soluções contendo cromo,optou-se pela realização dos ensaiosiniciais utilizando-se uma solução residualde sulfocrômica com concentração decromo total avaliada em 9,5 g.L -1 . Otratamento foi baseado na redução deCr 6+ à Cr 3+ em meio ácido, utilizandotiossulfato de sódio conforme a Equação1. A Equação 2 refere-se ao processo deprecipitação química do cromo, realizadoapós a etapa de redução, estudando-sea elevação do pH da solução em valoresvariando entre 7 e 13. Após aprecipitação, o lodo formado passou porum processo de filtração e o líquido,eliminado pelo processo foi neutralizadoe realizado determinação de cromo totalatravés da técnica de espectrometria deabsorção atômica, previamente aodescarte.ETAPA DE ENCAPSULAMENTOAs vidrarias inutilizadas (resíduo classeII B – ABNT NBR 10004), o resíduo dehidróxido de cromo (resíduo classe I –ABNT NBR 10004) e borato de sódio(reagente auxiliar), em diferentesconcentrações (Tabela 1), foramhomogeneizados e fundidos em fornomufla, utilizando cadinho de platina, àtemperatura de 1450°C, durante cercade 1h. Após isso, o material fundido foivertido em moldes de aço e resfriadolentamente em forno pré-aquecido a600°CTabela1 – Preparo das amostras para os testes devitrificação.ENSAIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOSForam conduzidos com base noprotocolo recomendado pelas normasABNT NBR 10005 e 10006, ensaios desolubilização e lixiviação, permitindoclassificar os materiais vitrificados emfunção da sua periculosidade (ABNTNBR 10004).RESULTADOS E DISCUSSÃOTRATAMENTO QUÍMICOTRATAMENTO POR PRECIPITAÇÃO QUÍMICA EMDIFERENTES INTERVALOS DE PHA Figura 1 exibe as distintas eficiênciasde remoção do cromo observadas nostestes, realizados em triplicata, variandoseo pH entre 7 e 13. Ainda que,aparentemente, tenha sido confirmadauma significativa eficiência de remoçãona faixa de pH entre 8 e 12, foi possívelavaliar, através das análises realizadas nolíquido sobrenadante, que o melhorintervalo de pH para precipitaçãoquímica situa-se entre 10 e 11. NessasCr 2O 72-+ 3S 2O 32-? Cr 2O 4+ 3SO 42-(1)Figura 1 – Influência da variação do pH na precipitação química do cromo.Cr 3- + 3(OH) - ? Cr(OH) 3(2)12Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


condições, como mostra a Figura 2, asconcentrações de Cr total mantiveram-seem níveis inferiores ao limite permitidopara descarte na Resolução CONAMA357 (0,5 mg.L -1 ). Testes realizadosvariando-se a velocidade de adição dohidróxido de sódio indicaram que édesnecessária a preocupação com essavariável, uma vez que o resultadoindepende se este é adicionado lenta ourapidamente.ETAPA DE ENCAPSULAMENTOTESTES DE VITRIFICAÇÃOInicialmente, dispunha-se de umresíduo classe I (hidróxido de cromo) eoutro classe II B (vidrarias quebradas emlaboratório), de acordo com NBR10004. Após a mistura e fusão destesresíduos, obteve-se um produto que foipreliminarmente denominado resíduovitrificado contendo cromo.Figura 2 – Teores de Cr total verificado no sobrenadante, dos ensaios de precipitação variando-se o tempo deadição de hidróxido de sódio nas soluções residuais (linha pontilhada - resolução CONAMA 357).Figura 3 – Diagrama ternário de fases (Na 2O - B 2O 3- SiO 3), adaptado de G. W. MOREY(J. Soc. Glass Tech.,35, 270, 1951).Realizados os testes iniciais devitrificação, verificou-se a dificuldade emamolecer o vidro borossilicato nascondições experimentais empregadas. Deacordo com o diagrama ternário defases, apresentado na Figura 3, atemperatura ideal para o amolecimentodo vidro aproxima-se a 600°C (Área A –Figura 3). Todavia, considerando-se acomposição do vidro borossilicato,verifica-se na mesma Figura (Área C –FIG. 3) que a região de trabalho ésuperior a 1100°C, o que explicaria essadificuldade operacional.Objetivando contornar essadificuldade, conseguiu-se abaixar atemperatura do amolecimento do vidropróximo a 600°C através da adição deBorato de sódio (fundente), emantendo a estrutura do vidropraticamente inalterada. Na prática, adecomposição do fundente liberouvapores de sódio, que começaram aatacar as placas do forno compostas decerâmica. Para contornar esse problema,substituiu-se o borato por carbonato desódio, até então armazenado comoresíduo sólido (prazo de validadeesgotado) no entreposto da Instituição,trabalhando então próximo a 700°C(Área B – Figura 3).ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DO MATERIAL VITRIFICADOQuando se tenciona solidificar umresíduo em uma matriz qualquer, éconveniente o acompanhamentodetalhado dessa operação. Para isso,realizou-se a análise do componenteproduzido, comparando-a com aquantidade incorporada do resíduo. Osdados, observados na Tabela 2, refletemos efeitos da adição de cromo e dosauxiliares de fusão na composiçãocentesimal do vidro. Já na Figura 4,observa-se uma tendência dedecréscimo nos teores de cromoincorporado ao material vítreo à medidaque se aumenta a proporção da adiçãodezembro 20<strong>07</strong>13


do metal. Ainda que as massas testadastenham sido pequenas, não parece serrecomendável a adição de cromo emproporções mais elevadas.FIG. 4: Avaliação da incorporação do cromo no material vítreoENSAIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOSNa tabela 3 são apresentados osresultados dos testes de lixiviação esolubilização realizados nas amostras demateriais vitrificados. De acordo comesses resultados, segundo o métodoproposto pela ABNT NBR 10004, omaterial pode ser classificado comoresíduo não perigoso (classe II), umavez que os resultados foram inferioresao valor máximo permitido (5 mg L -1 ),preconizado no Anexo F da normaABNT NBR 10005. Ao mesmo tempo, ostestes de solubilização permitiramclassificar o material vitrificado comoresíduo não perigoso e não inerte(classe II A), possivelmente devido aouso da matriz borossilicato.TAB. 2: Composiçãoquímica do materialvitrificado.CONCLUSÕESTAB. 3: Testes delixiviação e solubilização.* Valor acima do limitemáximo permitido noextrato (ABNT NBR10004).A apreciação dos resultados obtidospermite concluir que o tratamentoquímico mostrou-se eficiente e de práticomanuseio, o que corrobora a suautilização em rotina. Os aspectosambientais e de segurança em químicatambém reforçam essa aplicabilidade.Quanto ao processo testado deencapsulamento, embora a técnicaaparente ser promissora, no processoestudado, os resultados demonstraramo contrário. Todavia, esse resultado deveser interpretado com cautela, uma que asolubilização do cromo do materialvitrificado talvez não acontecesse casoum diferente tipo de vidro tivesse sidoutilizado.14Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


NOTA(1) Apostila Elaborada por Francisco Alves,disponibilizada na Internet endereço http://www.unilivre.org.br/banco_de_dados/textos/forum/resindus.htm, acessada em 20/04/05REFERÊNCIASCHAMIE, S. L. Encapsulamento de resíduos delamas galvânicas através da solidificação emmatrizes de cimento. 1994. 246p. Dissertação(Mestrado) - Escola Politécnica, São Paulo, 1994.CRUZ, R. A. Hazardous residues disposure:chromium stabilization in cement. EngineeringInformation, Amsterdam, p. 24-128, 1998.CUNHA, C. J. O programa de gerenciamento deresíduos laboratoriais do depto de química daUFPR. Química Nova, São Paulo, v. 24, n.3,p. 424-427, 2001.DELBIANCO FILHO, S. Caracterização de vidrospreparados com resíduos de indústria degalvanoplastia. 2003. 77p. Dissertação – Institutode Geociências e Ciências Exatas, UniversidadeEstadual Paulista, Rio Claro, 2003.GUIMARÃES, I. R.; GORGULHO, H. F.; SANTOS, J.M. S.; MARTINELLI, P. B.; Mecanismos deremoção de Cromo Hexavalente e Trivalento porBiossorção em Casca de Arroz, In: Reunião anualda Sociedade Brasileira de Química, 28°, 2005,Poços de Caldas. Livro de reumos, São Paulo.Sociedade Brasileira de Química, 2005, AB - 114p.HANNA, R. A. Estudo em escala de laboratórioda fixação de metais pesados em matriz decimento tendo em vista a disposição final derejeitos industriais perigosos.1990. 101p.Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, SãoPaulo, 1990JARDIM, W.F. Gerenciamento de resíduosquímicos em laboratórios de ensaio e pesquisa.Química Nova, São Paulo, v.21, n.5, p.671-673,1998.LANDRIGAN, R.B.; HALLOWELL, J.B. Removal ofchromium from plating rinse water usingactivated carbon. Washington: EPA, 1975, 43 p.(Report EPA 670/2-75 - 055).LUNN, G.; SANSONE, E.B. A laboratoryprocedure for the reduction of Chromium (VI)to Chromium (III). Journal of Chemical Education,Estados Unidos, v. 66, p. 443-445, 1989.MILLER-IHLI, N.J. Chromium. In: STOEPPLER, M.(Ed.). Elsevier: Amsterdam, Hazardous metals inthe environment, Chapter 13, p. 373-403, 1992.541p.MIRANDA, Jr. P.; SILVA, P. R.; SUGUIYAMA, S.;MÁDUAR, M. F.; Fibra de Coco Como MaterialAdsorvedor de Cromo (VI) em Solução Aquosa,In: Reunião anual da Sociedade Brasileira deQuímica, 28°, 2005, Poços de Caldas. Livro dereumos, São Paulo. Sociedade Brasileira deQuímica, 2005, AB -126p.OLIVEIRA, K.D. Disposição de rejeitos perigosos :estudo, em escala de laboratorio, dasolidificacao/estabilizacao de rejeitos fenolicosem cimento portland e argilas organofilicas.1992. 121P. Dissertação (Mestrado) –Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.TAVARES, G.A. Implantação de um programa rama degerenciamento de resíduos químicos e águasservidas nos laboratórios de ensino e pesquisado CENA/USPSP. 2004.131p. Tese (Doutorado) –Centro de Energia Nuclear na Agricultura,Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.TENÓRIO, J.A.S.; ESPINOSA, D.C.R. Treatment ofchromium plating process effluents with ionexchange resins. Waste Management,Amsterdam, v.21, n.7, p.637-642, 2001.TUONO, V. Avaliação dos principais resíduosquímicos gerados nos laboratórios do CENA/USPSP. 1999. 110p. Dissertação (Mestrado) - Centrode Energia Nuclear na Agricultura, Universidade deSão Paulo, Piracicaba, 1999.VANCE, E.D.; BROOKES, P.C.; JENKINSON, D.S. Naextraction method for measuring soil microbialbiomass C. Soil Biology and Biochemistry,Amsterdam, v.19, p.703-7<strong>07</strong>, 1987AGRADECIMENTOSAo Departamento de Física – Institutode Geociências e Ciências Exatas -UNESP, Campus de Rio Claro, pela infraestruturaconcedida para a realização doTrabalho.Ao Núcleo de Apoio a Pesquisa emMicroscopia Eletrônica Aplicada aAgricultura – ESALQ, onde foramrealizadas análises de microscopia novidro produzido.dezembro 20<strong>07</strong>15


GestãoAmbientalCONSTRUÇÃO DEMODELO EMPÍRICOPARA OMONITORAMENTO DERECURSOS HÍDRICOSDO RIO DO SAL/SERGIPERoberto Rodrigues de SouzaProf. Associado da UFS no Departamento deEngenharia Química. Líder do GPBIOMA/UFS.rrsouza@ufs.brJailton de Jesus CostaMestrando do Programa de Pós-Graduação emGeografia da UFS, membro Pesquisador doGEOPLAN/UFS/CNPq. Licenciado e Bacharelando emGeografia/UFS - Campus Universitário, S/N,São Cristóvão-SE, Brasil.jailton@ufs.brRosemeri Melo e SouzaProfa. Associada da UFS nos Cursos de Graduação ede Pós-Graduação em Geografia e Coordenadora doMestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente(PRODEMA). Campus Universitário, S/N, Pólo de Pósgraduação,sala 01 - São Cristóvão-SE.rome@ufs.brRESUMOO monitoramento dos recursos hídricos constitui um instrumento essencial para o acompanhamentodas condições destes, logo, a criação de modelos que descrevam suas situações é de fundamentalimportância. Assim, objetivou-se a construção de um modelo empírico para descrever a situaçãodo Rio do Sal/SE, baseado em parâmetros físico-químicos e bacteriológicos, para subsidiar o estudode ações corretivas para os problemas de poluição deste. O modelo empírico proposto mostrou-secapaz de prever a classificação da água, e predizer o Índice de Qualidade da Água (IQA), e, portanto,a sua qualidade para uma dada situação, sem nenhum desvio significativo comparado com ametodologia proposta pela CETESB.PALAVRAS-CHAVEMonitoramento, Modelo Empírico, Rio do Sal, Modelagem Matemática e Recursos Hídricos.RESUMEMEl monitoreo de los recursos del agua se constituye en un instrumento esencial para el seguimientode sus condiciones, por lo que la creación de modelos que describen su situación, tiene unaimportancia fundamental. Así, la construcción de un modelo empírico con el fin de describir el estadode Rio do Sal / SE tendrá por objetivo, sobre la base de físico-químicos y bacteriológicos, em labúsqueda de apoyar el estudio de medidas correctoras de sus problemas de contaminación. Lapropuesta de modelo empírico fue capaz de predecir la clasificación de las aguas, así como parapredecir el Índice de Calidad del Agua (IQA), y, por lo tanto, su calidad para una situación determinada,sin ninguna desviación significativa en comparación con la metodología propuesta por CETESB .PALABRAS-CLAVEMonitoreo, Modelo Empírico, Río de Sal, Modelagem Matemática y Recursos Hídricos.ABSTRACTABSTRACTThe water resources monitoring constitutes itself in an essential tool for the following up of theirconditions; so the creation of models that describe their situations has fundamental importance.Thus, the building of an empirical model in order to describe the state of Rio do Sal/SE was aimed,based on physical-chemical and bacteriological parameters to support the study of corrective actionsof its pollution problems. The proposed empirical model was able to predict the classification of thewater, as well as to predict the Index of Water Quality (IQA); and, therefore, its quality for a givensituation, without any significant deviation compared with the methodology proposed by CETESB.KEY WORDSMonitoring, Empirical Model, Sal River, Mathematical Modeling and Water Resources.KEY WORDS16Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


1 - INTRODUÇÃOApesar de todos os esforços paraarmazenar e diminuir o seu consumo, aágua está se tornando, cada vez mais,um bem escasso, e sua qualidade sedeteriora com maior rapidez (FREITAS eALMEIDA, 2001).A água é um recurso naturalessencial, seja como componentebioquímico de seres vivos, como meiode vida de várias espécies vegetais eanimais, como elemento representativode valores sociais e culturais.No atual estádio de desenvolvimentoempreendido pelos seres humanos,tem-se observado uma intensadeterioração da qualidade das águas emgrande parte de nosso planeta.Considerando a limitação dos recursoshídricos, a situação é muito preocupante,pois, embora a água seja um recursorenovável por meio do ciclo hidrológico,constata-se a ocorrência de processospoluidores que comprometemgeralmente a fração da água passível deutilização. Segundo Dahi (1992), aproteção de contaminações nofornecimento de água é a primeira linhade defesa, pois a água é essencial àmanutenção da vida.Algumas atividades econômicas vêmliberando o derramamento de dejetos esubstâncias tóxicas no meio ambiente,poluindo, principalmente, os recursoshídricos mundiais, a ponto de destruí-losA degradação do ambiente hídricotem tomado grandes proporçõesdiminuindo os recursos desta natureza,tornando-os cada vez mais escassos,mostrando a ocorrência de umaverdadeira crise da água. Isto faznecessário encontrar medidas paradiminuir seu consumo, bem como evitardesperdício e ainda propiciar recursoseconômicos para a sua manutenção.Os rios e estuários constituem partefundamental nos processos dedisposição dos resíduos gerados pelaatividade humana. Conseqüentemente,pode ser de grande importânciaconhecer-se com antecipação que tipose magnitudes de danos podem ocorrerem determinados locais em função dodespejo de cargas poluidoras nestesambientes aquáticos. Tais despejospodem ocorrer de forma controlada oudescontrolada. Em qualquer um dosdois casos deve-se prever zonas desegurança dentro das quais a águaapresente padrões de qualidadecompatíveis com determinados usos. Deforma complementar, deve-se tambémprever zonas críticas de poluição, nasquais medidas devem ser tomadas nosentido de melhorar a qualidade daágua, ou mesmo coibir o seu uso.Torna-se importante ressaltar aexistência de duas formas distintas, pelasquais as águas poluídas atingem umdeterminado corpo receptor, a primeira,denominada fonte ou poluição pontual,refere-se, como o próprio nomeesclarece, à poluição decorrente deações modificadoras localizadas. É ocaso, por exemplo, da desembocadurade um rio, de efluentes de uma estaçãode tratamento de esgotos domésticos ouindustriais, ou mesmo, a saída de umtronco coletor de esgotos domésticossem tratamento, ou ainda a saída nomar, de um emissário submarino. Asegunda, poluição difusa, se dá pelaação das águas da chuva ao lavarem etransportarem a poluição nas suasdiversas formas espalhadas sobre asuperfície do terreno (urbano ou não)para os corpos receptores. A poluiçãodifusa alcança os rios, lagoas, baías, etc.,distribuída ao longo das margens, nãose concentrando em um único localcomo é o caso da poluição pontual.O grau de poluição das águas émedido através de características físicas,químicas e biológicas, que, por sua vez,são identificadas por parâmetros dequalidade das águas. De uma maneirageral, as características físicas sãoanalisadas sob o ponto de vista desólidos (suspensos, coloidais e dissolvidosna água) e gases. As característicasquímicas, nos aspectos de substânciasorgânicas e inorgânicas e as biológicassob o ponto de vista da vida animal,vegetal e organismos unicelulares (algas).A liberação de efluentes de estaçõesde tratamento de esgotos, adeterminação da influência de obrashidráulicas na qualidade do meioaquático, vazamentos acidentais deresíduos tóxicos, o aumento datemperatura da água causado pelageração de energia termoelétrica, aprevisão de alterações aquáticascausadas pelo uso do solo da baciahidrográfica contribuinte, e muitos outrosexemplos de situações podem seranalisados com modelos matemáticos desimulação de qualidade da água. Taismodelos podem propiciar uma avaliaçãoabrangente dos impactos ambientaisgerados por diversas atividades, inclusiveas citadas anteriormente.Um programa de monitoramentocontínuo de recursos hídricos, quedisponibilize informações rápidas,seguras e de fácil entendimento tantopara a população quanto para o gestorconstitui um instrumento essencial parao acompanhamento das condiçõesambientais dos mesmos. Sendo assim, acriação de modelos matemáticos quepossam descrever a situação em que seencontra determinado corpo hídrico éde fundamental importância para ocombate à poluição ambiental.Desta forma, este projeto de pesquisateve por finalidade a criação de ummodelo empírico que monitorasse aqualidade das águas do Rio do Sal/Sergipe. Para a construção deste modelofez-se uso da linguagem computacionalTurbo Pascal e consideraremos osparâmetros físico-químicos edezembro 20<strong>07</strong>17


acteriológicos analisados pelaAdministração Estadual do MeioAmbiente (ADEMA) para a área deestudo (Rio do Sal / Sergipe),fornecendo assim uma ferramentaauxiliar para tomada de decisões para amelhoria da qualidade do corpo hídricoe conseqüentemente a melhoria de vidadas comunidades que dependem diretaou indiretamente deste rio.O Rio do Sal é um afluentepertencente à Bacia do Rio Sergipe e ficasituado à sua margem direita, a umadistância de aproximadamente 10.000metros da foz do Rio Sergipe. De acordocom a Resolução Nº 274 de 2000 doCONAMA (Conselho Nacional do MeioAmbiente) que define nove classes paraenquadrar as águas doces, salobras esalinas, de acordo com o usopreponderantes a que as águas sedestinam, a água do Rio do Sal seenquadra na Classe 3.Com base nesta mesma Resolução,estas águas são destinadas para asseguintes finalidades: ao abastecimentodoméstico, após tratamentoconvencional; à irrigação de culturasarbóreas, cerealíferas e forrageiras; e adessedentação de animais.Apesar da água do Rio do Sal serclassificada como água doce, as suascaracterísticas ao longo do seu curso sãobruscamente alteradas, isto acontecedevido à baixa vazão do rio com relaçãoao fluxo das marés que deságuam emseu corpo, tornando-se desta forma umrio com alta concentração de cloreto desódio, ou seja, um rio de água salgada.Esta característica pode ser facilmenteevidenciada pela vegetação litorânea(predominância de manguezais) aolongo de suas margens e pela faunaribeirinha (crustáceos e mariscos).Atualmente, o uso deste curso d’águarestringe-se, principalmente, à pesca e aodeságüe de esgotos doméstico-sanitáriose industriais.Torna-se urgente o monitoramentodeste corpo d’água, de modo a subsidiara tomada de decisões pelos gestores,evitando danos ao meio ambiente eproblemas futuros com a saúde dapopulação que reside nas suas margens.Reforçando assim a importância destetrabalho de pesquisa, em contribuir parao desenvolvimento sustentável.2 – REFERENCIAL TEÓRICODesde 1970, a relação entre aqualidade ambiental e a atividadehumana tem atraído o interesse tantodos cientistas quanto dos defensoresambientais (AGUILERA, 2001).Poluição ambiental, principalmente derecursos hídricos, vem se tornando deinteresse público. Não apenas os paísesdesenvolvidos têm sido afetados porproblemas ambientais, mas tambémnações em desenvolvimento sofrem osimpactos da poluição, devido àdesordem econômica crescenteassociada com a exploração dos recursosnaturais (SILVA e SACOMANI, 2001).Segundo estes mesmos autores, épossível extrair correlações esimilaridades entre variáveis físicoquímicase bacteriológicas através dedados experimentais e a partir daídeterminar a classificação das águas deum recurso hídrico em grupos dequalidades similares.De acordo com Mpimpas et al.(2000), os problemas associados com aqualidade da água em regiões costeirase estuárias vêm se tornando assunto deinteresse crescente, pois, o aumento dapoluição destas áreas pode vir aacarretar sérios problemas de impactoambiental. Segundo este pesquisador,modelos numéricos tem sidoextensivamente utilizados para prever aqualidade da água em áreas estuárias ecosteiras.Os padrões de qualidades das águassão as características de ordem física,química e biológica desejáveis nas águasem função dos usos preponderantesestabelecidos pela sociedade. Usospreponderantes são os usos benéficosdeterminados para um certo corpod’água, de modo que promovambenefícios econômicos e/ou o bem estare a boa saúde da população.O Conselho Nacional do MeioAmbiente (CONAMA) através daResolução Nº 274 de 2000 classificou aságuas superficiais brasileiras em noveclasses, sendo cinco para as águasdoces, duas para as águas salinas eduas para as águas salobras.De acordo com a classificaçãorecebida pelo recurso hídrico, existemlimites e condições estabelecidos quedeterminam as características desejáveispara as águas em consonância com osusos preponderantes previamentedefinidos.Quando se pretende detectar aobservância ou violação dos padrões dequalidade da água, a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) sugere trêsformas básicas de obtenção de dados: omonitoramento, a vigilância e oslevantamentos especiais. A função domonitoramento (objeto de estudo) éprever o levantamento sistemático dedados em pontos selecionados,fornecendo um acompanhamento dequalidade ao longo do tempo.De acordo com Lonin e Tuchkovenko(2001) para validar ações de proteçãoambiental de caráter científico se faznecessário a utilização de ummonitoramento ambiental. Aindasegundo os mesmos autores as açõesde proteção ambiental e as estimativasde sua eficiência precisam deferramentas de modelagem matemáticabaseadas em resultados experimentaispara simular a qualidade real da águaem estudo.18Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


Segundo Gobbi et al. (1999), omonitoramento consiste em umprocesso de observações sistemáticas,para fins bem definidos de um ou maisfatores, indicadores de um problemaespecífico, para obter informações sobreas características desse problema notempo e no espaço, utilizando-se paraisso métodos comparáveis deamostragem, análise e de sensoriamentoambiental. Todo o programa demonitoramento deve poder identificar ascondições existentes, e sua variação numdado período de tempo.Torna-se necessário omonitoramento das águas visandoestabelecer os padrões adequados paracada uso, haja vista os recursos hídricosenvolverem multiusuários. A criação deprogramas de monitoramento dequalidade de água é uma ferramentaadequada para melhorar oconhecimento da hidroquímica epoluição do rio, porém esteprocedimento exige um grande númerode dados experimentais que sãobastante difíceis de ser interpretados.De acordo Betty (1996), regiõesestuárias são locais favoráveis para odesenvolvimento industrial e urbano,porém, estes ambientes são fisicamentee quimicamente complexos. Desta formaseria difícil prever através de modelosanalíticos as influências que estes e seusdespejos trariam para as regiõesestuárias, sendo assim bastante útil aparametrização das mesmas com relaçãoàs cargas poluentes empiricamente.Neste sentido, é de fundamentalimportância a criação de modelos, umavez que estes são ferramentasmatemáticas de cunho científico bastanteutilizado para descrever os mais variadosfenômenos diários. Segundo Baird eWilby (1999), o modelo pode serdefinido de uma forma simples comouma abstração ou simplificação darealidade.Um modelo de qualidade de água écomposto por um sistema de equaçõesdiferenciais estruturadas por correlaçõesentre parâmetros físico-químicos, quesimulam a concentração e a dispersãode vários poluentes num dado corpohídrico (MPIMPAS, 2000).O monitoramento propicia a criaçãode banco de dados que subsidia osprocessos de licenciamento, controle efiscalização ambiental, além de possibilitarum conhecimento de forma contínuasobre a qualidade e estado da água.Assim, os modelos terão uma maiorou menor confiabilidade a depender dasvariáveis consideradas e do seu grau deimportância para o sistema. É importantetambém ressaltar que os dados queserviram de base para a validação domodelo são de fundamental importânciapara que este tenha representatividade.Também segundo Baird e Wilby(1999), diversos estudos sobremodelagem diferenciam os modelos emtrês tipos: modelos conceituais, físicos ematemáticos, porém, os mais utilizadospara descrever os fenômenosecohidrológicos são os matemáticos, osquais se subdividem em modelosempíricos, mecanísticos, determinísticos eestocásticos, entre outros.Assim, para a realização de ummonitoramento baseado nos principaisparâmetros físico-químicos ebacteriológicos (conforme descritos nasResoluções Nº 020 de 1986 e Nº 274de 2000 do CONAMA), é defundamental importância à elaboraçãode um modelo que possa descrever osistema em estudo. Com base naliteratura, optou-se pela escolha domodelo empírico, que se baseia naobservação quantitativa das variáveis aserem consideradas, além de permitir adeterminação dos coeficientes dafunção composta pelas variáveis ecorrelacioná-los com os dadosexperimentais.No caso de programas decaracterização de qualidade das águasfaz-se necessário considerar modelossimples de avaliação, pois muitas vezes,na tentativa de se solucionar umproblema, cria-se outros que irãoapresentar um maior grau decomplexidade e frustrar quaisqueriniciativas relacionadas ao monitoramentodos recursos hídricos. Portanto, odesenvolvimento de um banco de dadosde confiança é de extrema importânciapara o planejamento de ações corretivasambientais (GOBBI, 1999).Uma das maiores dificuldades no usode modelos empíricos paramonitoramento de recursos hídricos estána estimativa dos valores de seusparâmetros, os quais deverão ajustaradequadamente aos valores experimentaisobtidos. Neste sentido, o processo devalidação do modelo foi fundamental,tanto na identificação da validade domodelo para o recurso hídrico em estudo,como na aquisição de informações quesubsidie a tomada de decisão.Índices de qualidade de água sãocriados para promover uma ferramentasimples e compreensível paragerenciamento e administração daqualidade e possível usos de um dadocorpo hídrico. Segundo ainda osmesmos, o índice de qualidade de água(WQI), tenta descrever um mecanismoque através de uma expressão numéricadefina um nível de qualidade de águafazendo uso de um banco de dadosacumulativos, derivado de parâmetrosfísicos, químicos e bacteriológicosespecíficos (BORDALO et al., 2001).Foram utilizados os resultados obtidospara cada um dos parâmetros físicoquímicose bacteriológicos pelaAdministração Estadual do MeioAmbiente (ADEMA) para o Rio do Sal /Sergipe, visando uma avaliação sobre ograu de inter-relação entre estes e asensibilidade de cada um.dezembro 20<strong>07</strong>19


A validação do modelo empíricoproposto consistirá numa avaliação entreos valores obtidos pelo modeloproposto e os obtidosexperimentalmente. Segundo Galvão eValença (1999) a otimização demodelos para recursos hídricos, indica aexistência de cinco fatores principais quedificultam a obtenção da solução, quesão: mínimos locais, “buracos”,descontinuidade na superfície da funçãoobjetivo, interdependência entreparâmetros do modelo e a nãoconvexidadeda superfície resposta nasproximidades da solução ótima.Todas as etapas para a obtenção domodelo serão constantemente avaliadas,uma vez que a obtenção do modeloempírico final dependerá de uma boaotimização, que por sua vez depende decertas características relacionadas com adimensão do problema e com ascaracterísticas da função objetivo. Comisto, estaremos fornecendo subsídiospara o monitoramento contínuo derecursos hídricos e conseqüentementepara a sua gestão.3 - METODOLOGIANo presente trabalho, a metodologiaconsistiu inicialmente de uma revisãobibliográfica sobre o monitoramento derecursos hídricos e sobre as linguagensde programação mais adequadas paraeste tipo de projeto. A realização destaparte foi feita através de consultas arevistas, periódicos, livros, dissertações eteses, bem como a catálogos defornecedores de softwares.O levantamento dos dadosexperimentais para as variáveis turidez,pH, coliformes fecais, vazão e demandabiológica de oxigênio (DBO) foi realizadoatravés de uma busca na base de dadossobre qualidade de águas daAdministração Estadual do MeioAmbiente (ADEMA) especificamente parao Rio do Sal.A construção do modelo empíricogenérico foi realizada utilizando oTeorema Pi de Buckingham, o qualpossibilita a determinação de umavariável em função de gruposadimensionais, construídos com basenas variáveis que influenciam ofenômeno em estudo.3.1 - LEVANTAMENTOS DOS PONTOS DEAMOSTRAGEMAs áreas de amostragem do Rio doSal foram selecionadas, em parceria coma ADEMA, após levantamento detalhadodos problemas existentes na referidabacia hidrográfica. Durante estelevantamento, percebeu-se que a baciasofre grande pressão urbana, pois apopulação da Grande Aracaju (formadapelos Municípios de Aracaju, Barra dosCoqueiros, Nossa Senhora do Socorro eSão Cristóvão) vem se estabelecendo deforma significativa junto à região estuarina,e conseqüentemente esta região ficasujeita a maiores impactos ambientais.Devido à grande extensão da bacia, eencontrando-se às margens do Rio doTabela 01 – Localização dos Pontos de AmostragemFonte: Trabalho de campo, 2002.Sal uma série de grandes conjuntosresidenciais como Fernando Collor deMello, Marcos Freire, João Alves Filho eBugio, o que favorece o aparecimentode vários pontos de drenagem deesgotamento sanitário, ao longo docurso deste rio, procurou-se restringir omonitoramento no trecho onde haviamaiores reclamações dos usuários dorio, na grande maioria formada porpescadores.O trecho da bacia a ser estudado,ficou compreendido entre o Porto doGringo, no bairro Soledade, passandopelo conjunto Bugio até uma distânciade cerca de 100 metros à montante daconfluência com o riacho Palame,conhecido pela população local comoriacho do Sangue (devido à corvermelha adquirida por sua água devidoao despejo de efluentes de indústriastêxteis e frigoríficos). Ao todo, para olevantamento da qualidade da água dorio foram selecionados 06 (seis) pontosde amostragem. Estes pontos foramdevidamente definidos por coordenadasgeográficas, com o uso de GPS,conforme descrito na Tabela 01.Ressaltamos que para o ponto de20Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


amostragem 02, foi realizada apenasuma análise, não sendo este incluídonos resultados e discussões.O corpo d’água que foi estudado(Rio do Sal) drena um dos maioresnúcleos residenciais povoados no estadode Sergipe. Um fato agravante noproblema ambiental do Rio do Sal é queos conjuntos, loteamentos e invasõesque estão localizados às suas margens,na sua grande maioria, não possuemrede de esgoto nem sistema detratamento de esgoto sanitário, sendo orio destino final desses efluentes. Alémdisso, recebe contribuições oriundas doRiacho Palame que antes de desaguarno rio, o mesmo recebe efluentes doFrigorífico de Sergipe - FRISE, da indústriatêxtil GUIMATEX e de vários núcleosresidenciais, principalmente os esgotossanitários do conjunto Bugio.Os dados fornecidos pelaAdministração Estadual do MeioAmbiente (ADEMA) foram determinadosnos seguintes dias: em 24/11/1999pontos de amostragem 01, 02, 03, 04,05 e 06; em 15/05/2002 pontos deamostragem 01, 03, 04, 05 e 06; em13/06/2002 pontos de amostragem 01,03, 04, 05 e 06; em 11/<strong>07</strong>/2002 pontosde amostragem 01, 03, 04, 05 e 06.3.2 - MODELAGEM MATEMÁTICANesta seção, descreveu-se o métodoutilizado para a determinação de umacorrelação empírica que permita adescrição da qualidade da água de umcorpo hídrico através de parâmetrosquímicos, físicos e biológicos previamenteestabelecidos.O método utilizado caracteriza-se pelacombinação de variáveis que afetam aqualidade do rio, através da obtençãodos grupos adimensionais quedescrevem o problema. Utilizaremosneste trabalho o Teorema Pi deBuckingham, com a finalidade de facilitara interpretação e aplicação dos dadosexperimentais. Este método permite adescrição do nosso objeto de estudoatravés de grupos adimensionais,denominados de π 1, π 2, π 3, π 4, etc.O Teorema Pi de Buckinghamassegura que o comportamento dogrupo adimensional de interesse podeser determinado como uma funçãodos outros grupos, expresso pelaEquação 01.(01)Assim o grupo adimensional π 1seráexpresso em função dos demais, osquais são determinados com base nasvariáveis experimentais consideradas. Osdados experimentais servirão de basepara a determinação dos coeficientes daequação.A primeira etapa do Teorema Pi deBuckingham consiste na listagem detodos os parâmetros que influenciamsignificativamente no fenômeno emestudo, resultando em n parâmetros. Aseguir, segunda etapa, na qual torna-senecessário à escolha de um conjunto dedimensões fundamentais adequadas aoproblema, que podem ser expressas emtermos do sistema de unidades MLT ouFLT (sistema de unidades Massa,Comprimento e Tempo). Na terceiraetapa relataram-se as dimensões detodos os parâmetros em termos destasdimensões fundamentais.Na Tabela 02, apresentaremos alistagem de todos os parâmetrosexperimentais utilizados naadimensionalização com seu respectivosímbolo adotado e suas dimensõesfundamentais, considerando o sistemade unidade (MLT).No presente trabalho, o número devariáveis (n) proposto inicialmente foiigual a 19, porém, devido a nãodisponibilidade de dados experimentais,este número foi reduzido a 8necessitando-se, por tanto, dadeterminação do número de variáveisque comporão a base. É importanteressaltar que a alteração do número devariáveis não influiu na eficácia domodelo proposto, sendo possível aqualquer momento fazer alterações nonúmero de parâmetros iniciais sem queesta venha a intervir no resultado final.Este fato é justificado através doscoeficientes de correlação, seção 3.3, quesão calculados de acordo com onúmero de variáveis de trabalho.A construção da matriz dimensional éfeita com o objetivo de se determinar m,que possibilitará o conhecimento donúmero de grupos adimensionais a serdeterminados. A matriz mostrada naTabela 03 é formada pelos expoentesTabela 02 - Listagem de Parâmetros com seus Símbolos e Dimensões FundamentaisFonte: SOUZA, R. R., 2002.dezembro 20<strong>07</strong>21


Tabela 03 – Matriz DimensionalFonte: SOUZA, R. R., 2002.Tabela 04 – Variáveis BásicasFonte: SOUZA, R. R., 2002.das variáveis com relação a cadadimensão fundamental.O valor de m corresponde ao maiordeterminante não nulo. Desta forma, ovalor de m encontrado é igual a 3. Esteé, portanto o número de variáveisbásicas ou repetidas.Na quarta etapa será feita a escolhadas variáveis básicas, que serão repetidasna formulação dos grupos adimensionais.O número destas variáveis será igual a 3.A escolha das variáveis foi feita utilizandoa técnica que consiste na escolha de umconjunto de variáveis que envolvamgrandezas de caráter cinemático, outraenvolvendo massa ou força e outra decaráter geométrico.Desta forma as variáveis básicasescolhidas são mostradas na Tabela 04.Efetuando a combinação dasvariáveis, obtemos as equações paracada grupo adimensional que sãomostradas a seguir:(02)(03)(04)(05)(06)Com a finalidade de obtermos acorrelação genérica, inicialmenteefetuamos alguns cálculos e simplificaçõesnas Equações 02 a 06. As equaçõesresultantes são mostradas a seguir.Com base nas Equações <strong>07</strong> a 11,podemos obter a correlação genérica,como pode ser observada pelaEquação 12.(<strong>07</strong>)(<strong>08</strong>)(09)(10)(11)(12)O IQA é uma adaptação do IWQ(Water Quality Index) proposto pela“National Sanitation Foundation” dosEUA e incorpora 9 parâmetros dos 35propostos pelo IWQ. O desenvolvimentoe adaptação do IQA foram feitos pelaCETESB (Companhia de Tecnologia deSaneamento Ambiental), que indicaramos parâmetros a serem avaliados, o pesorelativo dos mesmos e a condição comque se apresenta cada parâmetro,segundo uma escala de “rating”.Desta forma, pretendeu-se obter ovalor do IQA calculado (via modelo) ecompará-lo com o IQA experimental. Avantagem é que com a utilização desteíndice temos como facilitar a interpretaçãodas informações de qualidade de águade forma mais abrangente e útil, poisatravés do resultado obtido temos comodizer de forma segura a situação docorpo hídrico analisado.3.3 - DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTESDA CORRELAÇÃOO cálculo dos coeficientes W 1a W 6foram efetuados com o objetivo deajustar a correlação genérica (Equação12) a uma forma que descreva aqualidade da água do rio analisado,mediante o conhecimento das condiçõesfísicas, químicas e bacteriológicas do localem questão.22Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


Este ajuste foi realizado utilizando ométodo de otimização dos mínimosquadrados. A função objetiva a serminimizada, segundo este método, édada por:(13)A minimização da Equação (13) éidêntica a minimização da Equação (14),que permitiu uma boa simplificação doscálculos em relação a anterior, pois esteartifício nos possibilita a obtenção eresolução de equações lineares.A nova função objetivo pode serescrita da seguinte forma:ou(14) (14)Para determinar o ponto de mínimode uma função, é necessário que aderivada primeira da função objetivo aser minimizada em relação a uma dadavariável seja nula. Assim, efetuando-se oscálculos com a finalidade de sedeterminar à derivada da Equação (15)em relação às constantes empíricas W 1aW 6, obtemos um conjunto de equaçõeslineares, que é facilmente resolvida.A resolução deste sistema deequações foi realizada através doMétodo de Gauss. Assim, o modeloobtido permitirá uma avaliação daqualidade da água do recurso hídricoem estudo.(15)4 – RESULTADOS4.1 – TURBIDEZA presença de turbidez pode ocorrernaturalmente em função do processo deerosão e artificialmente em função delançamento de despejos domésticos eindustriais.O Gráfico 01 de Turbidez (NTU)versus data, tendo como parâmetro ospontos de amostragem, apresentoutodos os valores acima do nívelpermitido pela Resolução Nº 274 de2000 do CONAMA, ao longo do rio epor conseqüência ocorre redução dafotossíntese da vegetação enraizadasubmersa e das algas. Essedesenvolvimento reduzido de plantaspode, por sua vez, suprimir aprodutividade de peixes. Logo, aturbidez pode influenciar nascomunidades biológicas aquáticas. Alémdisso, afeta adversamente o usodoméstico, industrial e recreacional docorpo hídrico.Gráfico 01 – Turbidezversus Data - Rio doSal/SEFonte: SOUZA, R. R.,2002.4.2 – OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)Uma adequada quantidade deoxigênio dissolvido é essencial para amanutenção de processos de autodepuraçãoem sistemas aquáticosnaturais e estações de tratamento deesgotos. Através da medição do teor deoxigênio dissolvido, os efeitos deresíduos oxidáveis sobre águasreceptoras e a eficiência do tratamentodos esgotos, durante a oxidaçãobioquímica , podem ser avaliados. Osníveis de oxigênio dissolvido tambémindicam a capacidade de um corpod’água natural manter a vida aquática.O Gráfico 02 de oxigênio dissolvidoversus data, tendo como parâmetro osponto de amostragem, juntamente comos de demanda biológica de oxigênio(DBO), que será discutidodezembro 20<strong>07</strong>23


posteriormente, representam o estudomais importante das condições aeróbicasdo rio. O teor de oxigênio encontradono rio é bastante precário, o que indicaque as condições aeróbicas do mesmoapresentam-se críticas. Todos os valoresse encontram abaixo do limite mínimoestipulado pela Resolução Nº 274 de2000 do CONAMA, apresentando níveiscríticos nas três primeiras análises e umabaixa elevação na sua concentração naúltima realizada. O oxigênio dissolvido éum elemento vital para os seresaquáticos aeróbios, portanto a sua faltapode ser facilmente caracterizada pelafalta da ictiofauna neste rio e pelo odordesagradável de suas águas.As reduções nas concentrações deoxigênio nos corpos d’água sãoprovocadas principalmente por despejosde origem orgânica.4.3 – PHO pH é um parâmetro de bastanteimportância no monitoramentoambiental, pois é através dele quepodemos identificar o caráter ácido,básico ou neutro do recurso hídricoanalisado. Geralmente alterações bruscasdo pH em uma água podem vir aacarretar o desaparecimento dosorganismos aquáticos presentes namesma, já que estes geralmente estãoadaptados à condições de neutralidade.Valores fora das faixas recomendadaspodem alterar o sabor da água econtribuir para a corrosão do sistema dedistribuição de água, e dificultar adescontaminação da mesma.O Gráfico 03 de pH versus data,tendo como parâmetro os pontos deamostragem, não apresentamproblemas, o que nos indica que osefluentes lançados estão levementecarregados por componentes químicos.Todos os valores obtidos se encontramna faixa estipulada pela Resolução NºGráfico 02 – OxigênioDissolvido versus Data- Rio do Sal/SEFonte: SOUZA, R. R.,2002.Gráfico 03 – pHversus Data - Rio doSal/SEFonte: SOUZA, R. R.,2002.274 de 2000 do CONAMA, porém jápode ser observada um decaimento doseu valor ao longo do tempo, devendoseficar atento à qualquer mudançaocorrida.As alterações do ponto de vista desteindicador nos corpos hídricos, sãoprovocadas principalmente por despejosde origem industrial.4.4 - COLIFORMES FECAISOs organismos do grupo coliformes,têm se mostrado como os melhoresindicadores da possível presença deseres patogênicos (causadores dedoenças ao homem), porém apresente deste por si só, nãorepresenta perigo à saúde, mas podeindicar a possível presença de outrosseres causadores de problemas àsaúde, além também de determinar apotabilidade das águas econseqüentemente o destino de seuuso. O uso da bactéria coliforme fecalpara indicar poluição sanitária mostrasemais significativo que o uso dabactéria coliforme total, porque asbactérias fecais estão restritas ao tratointestinal de animais de sangue quente.Todos as análises para ColiformesFecais se apresentam fora da faixapermitida pela Resolução Nº 274 de2000 do CONAMA, para os diversos24Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


usos estipulados para a água destecorpo hídrico (Gráfico 04). Osorganismos do grupo coliformes, têm semostrado como os melhoresindicadores da possível presença deseres patogênicos (causadores dedoenças ao homem), porém apresença destes por si só, nãorepresenta perigo à saúde, mas podeindicar a possível presença de outrosseres causadores de problemas àsaúde, além também de determinar apotabilidade das águas e conseqüenteso destino de seu uso.Os altos valores encontrados paraeste recurso hídrico indicam altosdespejos de carga orgânica,provenientes principalmente de esgotossanitários.Gráfico 04 –Coliformes Fecaisversus Data - Rio doSal/SEFonte: SOUZA, R. R.,2002.4.5 - RESIDUAL TOTALO residual total representa aquantidade de sólidos existente naágua após esta ser submetida a umaevaporação.Os sólidos podem causar danos aospeixes e à vida aquática. Eles podem sesedimentar no leito dos rios destruindoorganismos que fornecem alimentos, outambém danificar os leitos de desovade peixes. Os sólidos podem reterbactérias e resíduos orgânicos nofundo dos rios, promovendo adecomposição anaeróbica. Altos teoresde sais minerais particularmente sulfatoe cloreto, estão associados à tendênciade corrosão em sistemas dedistribuição, além de conferir sabor àságuas.Todos os valores das análisesrealizadas nos diversos pontos deamostragem apresentaram-se fora dolimite estipulado pela Resolução Nº 274de 2000 do CONAMA, conforme podeser observado no Gráfico 05. Este fatojá está afetando na demanda de peixesda região estuarina.Gráfico 05 – ResidualTotal versus Data - Riodo Sal/SEFonte: SOUZA, R. R.,2002.4.6 – DEMANDA BIOLÓGICA DEOXIGÊNIO (DBO)A DBO de uma água é a quantidadede oxigênio necessária para oxidar amatéria orgânica por decomposiçãomicrobiana aeróbia para uma formainorgânica estável.Os maiores aumentos em termos deDBO, num corpo d’água sãoprovocados por despejos de origempredominantemente orgânica. Apresença de um alto teor de matériaorgânica pode induzir a completaextinção do oxigênio da água, (o que jápode ser evidenciado nas águas do riodo sal, que apresentam valores muitobaixos de OD), provocando odesaparecimento de peixes e outrasformas de vida aquática.Um elevado valor da DBO podeindicar um incremento da micro-florapresente e interferir no equilíbrio da vidaaquática, além de produzir sabores eodores desagradáveis.Os níveis de DBO no rio apresentamseequilibrados, isto é, existem pontoscríticos e pontos com níveis aceitáveis,desta forma iremos analisar grupos deponto para facilitar o entendimento. Ospontos de amostragem 1, 3 e 5apresentam níveis acima do permitidopela Resolução Nº 274 de 2000 doCONAMA nas duas primeiras análises.Na terceira análise estes pontosdezembro 20<strong>07</strong>25


apresentaram uma melhora significativa,porém voltam a elevar seus índices naquarta análise realizada.O ponto de amostragem 4apresentam-se dentro dos limitesestipulados até a terceira análise,elevando seu índice na quarta análise. Jáo ponto 6 apresenta-se com níveiselevados em todas as análises efetuadas.A situação de alguns pontos do riosão críticas, principalmente a do ponto 6,que fica próximo a uma estação detratamento de esgoto, e devido a estesaltos índices pode-se notar que a faunae flora da região estão desaparecendo,dando um aspecto de degradaçãoambiental muito grande.4.7 – MODELAGEM MATEMÁTICANeste trabalho realizou-se umamodelagem empírica utilizando-se oTeorema Pi de Buchingham, o qualfacilita a interpretação e estende ocampo de aplicação dos dadosexperimentais. A correlação empíricaobtida visa determinar o Índice deQualidade da Água (IQA) contribuindopara o monitoramento e gestão dosrecursos hídricos.O cálculo dos coeficientes foi realizadoutilizando o método de otimização dosmínimos quadrados e tendo oconhecimento dos dados experimentaisfornecidos pela Administração Estadualdo Meio Ambiente (ADEMA). Para aresolução do sistema de equaçõeslineares utilizou-se o Método de Gauss,utilizando um programa desenvolvidoem Turbo Pascal. Substituindo estescoeficientes na Equação (15), obtemos aseguinte correlação:Observando-se os parâmetros destacorrelação, nota-se que todos os gruposadimensionais são importantes para omodelo, mostrando que as variáveis sãointerligadas e não podem ser avaliadasindependentemente, conforme descritana literatura. É importante ressaltar queas variáveis utilizadas nesta correlaçãosão as medidas pela AdministraçãoEstadual do Meio Ambiente (ADEMA) eque são utilizadas pela Companhia deTecnologia de Saneamento Ambiental(CETESB) para a determinação do Índicede Qualidade Ambiental (IQA) dosrecursos hídricos.Com o valor do Índice de QualidadeAmbiental (IQA) é possível saber ascondições em que se encontra omanancial. Segundo a Companhia deTecnologia de Saneamento Ambiental(CETESB) a água bruta pode serclassificada da seguinte forma de acordoGráfico 06 –Demanda Biológica deOxigênio (DBO) versusData - Rio do Sal/SEFonte: SOUZA, R. R.,2002.com o valor do IQA obtido: QualidadeÓtima – 79 < IQA ≤ 100; QualidadeBoa – 51 < IQA ≤ 79; QualidadeRegular – 36 < IQA ≤ 51; QualidadeRuim – 19 < IQA ≤ 36; QualidadePéssima – IQA ≤ 19.A Tabela 05 mostra uma comparaçãoentre os valores do Íindice de Qualidadeda Água determinados pela correlaçãoproposta e os obtidos via a metodologiadescrita pela Companhia de Tecnologiade Saneamento Ambiental (CETESB).Nesta, observamos que a correlaçãoproposta (Equação 16), permite umaavaliação da qualidade da água dorecurso hídrico em estudo em funçãodas variáveis comumente analisadas paramonitoramento do corpo hídrico.A partir da correlação proposta podesedeterminar a qualidade da água brutado rio em estudo. É importante ressaltarque mesmo com uma margem de erro(16)26Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


Tabela 05 – Comparação entre os Índices deQualidade da ÁguaFonte: SOUZA, R. R., 2002.apresentada pela correlação, todas asclassificações foram iguais as obtidas pelaCompanhia de Tecnologia deSaneamento Ambiental (CETESB), ouseja, o rio apresenta uma qualidadepéssima, necessitando urgentemente deações mitigadoras.5 - CONCLUSÃONo presente trabalho construímos ummodelo empírico visando omonitoramento dos recursos hídricos. Oestudo foi realizado fazendo-secombinações das variáveis, visando obtergrupos admiensionais capazes dedescrever a qualidade da água.Com os dados experimentaisfornecidos pela Administração Estadualdo Meio Ambiente (ADEMA), foi possívela determinação do Índice de Qualidadeda Água (IQA) seguindo a metodologiadescrita pela Companhia de Tecnologiade Saneamento Ambiental (CETESB),que serviu de base para a otimizaçãodos coeficientes da correlação.A correlação empírica obtida nesteprojeto permite a predição do Índice deQualidade da Água (IQA) econseqüentemente sua classificação. Oconhecimento deste parâmetro é defundamental importância para subsidiaros gestores na tomada de decisão, bemcomo tomar medidas preventivas e/oucorretivas para evitar danos ao meioambiente.Os desvios apresentados entre osvalores obtidos via a metodologia daCETESB e os calculados pela equaçãoproposta não comprometem aclassificação da água, mostrando queesta pode ser utilizada dentro da faixade validade da mesma. Ressaltamosainda que à medida que se tem ummaior número de pontos a correlaçãotorna-se mais robusta e com umacapacidade de predizer uma maior faixade operação e com uma maiorsensibilidade.Com base nos dados experimentais,conforme mostrado no tópico deresultados, e os valores obtidos viacorrelação, podemos observar que o Riodo Sal/SE (recorte espacial da pesquisa)encontra-se com um alto grau depoluição, proveniente de lançamento dedespejos domésticos e industriais, bemcomo de lixo urbano. Assim, torna-seimprescindível uma ação imediata quepossa recuperar a vida do rio, evitandoproblemas ainda mais graves num breveespaço de tempo.6 - REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICASADEMA. Relatório Técnico Nº <strong>08</strong> – Avaliação daqualidade das águas do Rio do Sal/Sergipe.Administração dos Recursos Hídricos/Sergipe,1999.AGUILERA, P. A.; FRENISH A. G.; TORRES, J. A.;CASTRO, H.; VIDAL, J. L. M.; CANTON, M.Application of the Kohonen Neural Network incoastal water management: Methodologicaldevelopment for the assessment and prediction ofwater quality. Water Research, Vol.35, nº 17, p.4053-4062, 2001.BAIRD, A. J.; WILBY, R. L. Eco-Hydrology. London,Routledge, 1999.BETTY, N. G.; TURNER, A.; TYLER, O.; FALCONER,R.A.; MILLWARD, G. E. Modelling ContaminantGeochemistry in estuaries. Water Research,Vol.30, nº1, p. 63-74, 1996.dezembro 20<strong>07</strong>27


BORDALO, A. A.; NILSUMRANCHIT, W.;CHALERMWAT, K. Water Quality and Uses of theBangpakong River (Eastern Thailand). WaterResearch, Vol. 35, nº15, p. 3635-3642, 2001.CHERNET, T.; TRAVI, Y.; VALLES, V. Mechanism ofdegradation of the Quality of Natural Water inLakes Region of the Ethiopian Rift Valey. WaterResearch, Vol.35- Issue 12, 2001.CONAMA. Legislação Federal sobre Classificaçãodas Águas (potabilidade/ Balneabilidade) ePoluição das águas. Resolução CONAMA nº 20/1986.CONAMA. Legislação Federal sobre Classificaçãodas Águas (potabilidade/ Balneabilidade) ePoluição das águas. Resolução CONAMA nº 274/2000.CUNHA, C. Métodos Numéricos-Para asEngenharias e Ciências Aplicadas, 1ª ed., 1993.DAHI, E. Water Supply in Developing Countries:Problems and Solutions. Lyngby: Eds. Technical,University of Denmark, 1992.FREITAS, M. B.; BRILHANTE, O. M.; ALMEIDA, L. M.Importância da Análise para a Saúde Pública emduas Regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoquepara coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cadernode Saúde Pública, vol.17, nº 3, 2001.GALVÃO, C. O.; VALENÇA, M. J. S. (Org.). SistemasInteligentes. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 1999.GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa,3º Ed., 1996.GOBBI, D. L.; ZAITSEV, D.; MISTURA, C. M.;VAITSMAN, D. S. Monitoramento Ambiental daÁgua do Rio Marau na Região do Planalto Médiodo Rio Grande do Sul. Anais... Congresso Brasileirode Química, 29. Vol. 48 (1), p.01-06, 1999.LONIN, S. A.; TUCHKOVENKO, Y. S. Water qualitymodelling for the ecosystem of the Cienaga deTesca coastal lagoon. Ecological Modelling, vol144, p.279-293, 2001.MELO, R. S.; CESAR, L. P. M.; MOREIRA, M.;PRATES, A. P. L. Análise da Qualidade Ambientaldas Águas Superficiais – Um modelo paraintegração de Fatores Ambientais na Aplicação daIsso 14001. OLAM – Ciência e Tecnologecnologiaia, vol1:3, 2001.MPIMPAS, H.; ANAGNOSTOPOULOS, P.;GANOULIS, J. Modelling of Water Pollution in theThermaikos Gulf with fuzzy parameters.Ecological Modelling, nº 142, p. 91-104, 2001.RUGGIERO, M. A. G.; LOPES, V. L. R. CálculosNuméricos - Aspectos Teóricos eComputacionais. 1º ed, 1988.SAGEHASHI, M.; SAKODA, A.; SUZUKI, M. AMathematical Model of a Shallow and EutrophicLake (the Keszthely Basin, Lake Balaton) andSimulation of Restorative Manipulations. WaterResearch, Vol.35 - Issue7, 2001.SHIMIZU, T. Processamento de Dados -Conceitos Básicos, 1º Ed., 1982.SILVA, A. M. M.; SACOMANI, L. B. Using Chemicaland Physical Parameters to Define the Quality ofPardo River Water (Botucatu-SP-Brazil). WaterResearch, Vol.35, Issue 6, 2001.VEGA, M.; PARDO, R.; BARRADO, E.; DEBÁN, L.Assessment of Seasonal and Pollution Effects onthe Quality of River Water by Exploraty DataAnalysis. Water Research, Vol.32-Issue12, 1998.28Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


GestãoAmbientalRESUMOO artigo objetiva analisar a percepção dos colaboradores da empresa em relação aos programas demarketing social. A pesquisa é de natureza exploratória com abordagem qualitativa, com o uso dasseguintes categorias analíticas: responsabilidade, compromisso, confiança, imparcialidade e honestidade.A estratégia de pesquisa é o estudo de caso em uma empresa do setor de cosméticos eperfumaria. Os resultados obtidos sugerem que os colaboradores representados pelos grupos daorganização e dos franqueados diferenciam determinadas práticas de estratégias de marketing socialem relação aos programas de responsabilidade social, mas nem sempre conseguem distinguir comclareza a natureza dos programas desenvolvidos. A análise das categorias mostrou que o grupo dosfranqueados ainda não foi envolvido pelo composto do marketing social, que é o elemento condutorpara a transmissão de conhecimento das práticas de responsabilidade social na corporação.PALAVRAS-CHAVEEstratégia empresarial, estratégia de marketing, marketing social, programas de responsabilidadesocial.ABSTRACTThe objective of this research consisted in analysing the perception company collaborators have withregard to social marketing programs. The research is exploratory natured with qualitative approach,once the documental analysis was used to characterize the analytical categories in study - responsibility,commitment, trust, impartiality and honesty - establishing relationships of the groups of the selectedsample. The results have demonstrated that the collaborators represented by the organization andfranchisee groups distinguish between certain practices of strategies of social marketing and programsof social responsibility. However, collaborators hardly ever get to distinguish with clarity the nature ofthe developed programs, due to the perception of all the groups that revealed contradictions,ambiguities and induced opinions. The analysis of the categories has characterized that the group ofthe franchisees was not still involved by the mix of the social marketing that is the leading element forthe transmission of knowledge of the practices of social responsibility through the corporation.KEYWORDSBusiness strategy, marketing strategy, social marketing, social programs responsibility.PRESERVAÇÃO DOMEIO AMBIENTE COMOPRÁTICA DERESPONSABILIDADESOCIAL E MARKETINGSOCIALLuis Hernan Contreras PinochetDoutor em Administração de Empresas pela FGV -EAESP, Mestre em Administração pela PUC - PR,Bacharel em Informática pela UNICENP.luishernan@terra.com.brHernan Edgardo Contreras AldayDoutor e Mestre em Engenharia da Produção pelaUNIMEP. Master en Administración y Dirección deEmpresas pela ESADE - Barcelona - Espanha.Engenheiro Mecânico pela Universidad de Santiago deChile.hernanc@terra.com.brMauricio C. SerafimDoutor em Administração de Empresas pela FGV-EAESP. Interesses de pesquisas nas áreas de estudosorganizacionais, sociologia econômica, capital social,religião e empreendedorismo.mauricio@serafim.pro.brdezembro 20<strong>07</strong>29


INTRODUÇÃODentre as novas concepções deAdministração, pode-se citar a idéia deque a responsabilização da gestão pelosefeitos de suas operações e atividadesna sociedade é adicionada à atuaçãodas empresas orientadas para aResponsabilidade Social Empresarial(RSE), sem que os seus objetivoseconômicos e de atendimento aosinteresses de seus proprietários eacionistas sejam abandonados ounegligenciados (Guimarães, 2004).E essa concepção vem ganhandocada vez mais adeptos. Como Paiva et al.(2003) observa, há um grande númerode empresários que já se conscientizaramdessa nova realidade, visto que a maioriadas organizações pesquisada estápraticando ações sociais que ascredenciem a serem chamadas deempresas “socialmente responsáveis”. Deacordo com Alves (2003), a RSE se tornaum fenômeno resultante de um conjuntode fatores que podem ser agrupados emalgumas dimensões: ideológica,econômico empresarial, a gestão daempresa, ordenamento institucional dasociedade e os valores sociais do homempor meio da moral e da ética.Um dos temas mais difundidos queabrange a relação entre o marketing e asações sociais é o de marketing social.Possuindo significados diferentes, porvezes contraditórios, o assunto não éexatamente novo, já que há muitos anosempresários e empresas praticam açõesna área social, doando recursos aentidades filantrópicas ou constituindoorganizações para atuar no social (Aldaye Pinochet, 2003, 2004). A novidadeestá na evolução de uma concepçãobaseada na caridade e no altruísmopara a associação entre filantropia eestratégia (Smith, 1994).É nessa temática que o presenteartigo se insere. Ele procura contribuirpara o melhor entendimento daimportância da implementação dosprogramas de RSE e do conceito demarketing para causas sociais como umapossibilidade para alcançar a vantagemcompetitiva na empresa O Boticário. Oprincipal foco da empresa em RSE é apreservação da natureza e o meioambiente. Ela também possui outrosprogramas de responsabilidade socialem andamento, mas, embora muitoimportantes para a organização, não têmrelação com o foco principal da empresae, dessa forma, tornam-se um poucorestritos em termos de desenvolvimentoe divulgação.O artigo objetiva investigar apercepção dos colaboradores emrelação aos programas deresponsabilidade social e o marketingsocial presente na corporação. Para isso,a pesquisa tenta responder a quatroquestões, a saber: (1) qual é ocomposto de marketing social aplicadopela empresa e que grupos decolaboradores estão envolvidos nessapercepção; (2) de que forma asestratégias e os programas deresponsabilidade social da organizaçãoem análise se aderem ao marketingsocial; (3) como é compreendido omarketing social utilizado junto aopúblico interno da organização e aosfranqueados, em relação aos programassociais; e, (4) compreender se aestratégia de marketing social pode serum ferramental de vantagem competitivapara a empresa neste estudo de caso.REFERENCIAL TEÓRICOUM PANORAMA HISTÓRICOPode ser considerada como marcopara o debate na academia a publicaçãoSocial Responsabilities of theBusinessman, de Howard R. Bowen, em1953 (Carroll, 1979). Contudo, o debatese intensificou apenas a partir dos anos1970, cujos trabalhos de Narver (1971),Davis (1973), e de Hay e Gray (1974)podem ser considerados comosignificativos. No início de 1970 questõescomo os problemas com o meioambiente – principalmente a respeito dapoluição –, o aumento da sensibilidadedos acionistas e dos consumidores emrelação às ações empresariais, oquestionamento sobre o papel dasempresas na guerra do Vietnã – queforneciam materiais e produtos paraarmamentos e lucravamconsideravelmente à custa de mortes depessoas –, foram fatores externosimportantes para que a academiacomeçasse a refletir sobre e relaçãoentre as empresas e a sociedade. Pareceser justamente nessa fronteira que a RSEse inclui, se considerar em termos maisamplos. Ainda no início de 1970 oeconomista Milton Friedman (1970)questionou a RSE ao afirmar que aresponsabilidade das empresas nãodeve ser mais do que gerar lucros,porque dessa forma, cumpre com a suafunção “natural”: distribuir riqueza entreos acionistas de modo que possamfuturamente fazer mais investimentos e,com isso, oferecer mais empregos, pagarum volume maior de impostos para oEstado, e fornecer mais produtos paraos consumidores. Ou seja, a dimensão aqual Friedman se refere é a estritamenteeconômica.Assim, é colocada em cheque a RSEao emergir a idéia que ela é apenasuma retórica. Contudo, Davis (1973)enriquece o debate ao propor que aRSE é algo que surge depois que cessaa lei, algo que vai além daresponsabilidade econômica, legal etécnica. Em sua definição clássica, a RSCé entendida como “consideração daempresa em responder a questõesalém das exigências econômicas,30Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


técnicas e legais da empresa [...] a fimde realizar benefícios sociaisparalelamente com os ganhoseconômicos tradicionais que a empresaprocura” (Davis, 1973, p. 312).Em meados da década de 1970surge o debate acerca da necessidadede se medir o desempenho da empresanuma relação causal com a RSE. Emoutras palavras, começou a se buscaruma razão para a RSE existir, utilizandosedo desempenho financeiro comouma justificativa. Esses estudos podemser classificados em duas visões. Naprimeira, empresas socialmenteconscientes possuem habilidadessuperiores que as demais, no sentidotradicional de performance financeira.Representante dessa visão é o trabalhode Moskwitz (1972), que tentou provarempiricamente essa hipótese. Nasegunda, uma visão contraditória àprimeira, afirma que a RSC seria umadesvantagem competitiva por adicionardespesas, Tal visão foi defendida porVance (1975), que em seus estudosencontrou uma correlação negativa entrea posição da empresa no rank e o valorda ação no ano de 1974.No embate Moskowitz versus Vancehá dois pressupostos importantes: queexiste relação (positiva ou negativa) entreRSE e desempenho financeiro, e queisso influi na decisão dos investidores.Tais pressupostos foram questionadospor vários autores, entre eles Alexandere Buhholz (1978), Abbot e Monsen(1979), Cochran e Wood (1984),Aupperle, Carrol e Hatfield (1985), queem suas pesquisas não conseguiramconcluir se realmente existe tal relação.Não há como afirmar, levando-se emconta essas pesquisas empíricas, que aRSE influi no desempenho financeiro daempresa.O segundo pressuposto équestionado por Fogler e Nut (1975),ao indicar que, em geral, os investidoresainda não se sensibilizam – ao avaliaruma empresa – com suas ações sociais.Em seus estudos, cujo objetivo foipesquisar empiricamente a avaliaçãodos investidores de empresas(produtoras de papel) após divulgaçãode suas tendências poluidoras (analisaro impacto da publicidade indesejada),concluíram que é necessária umamudança institucional. Afirmam queenquanto não houver uma maioria deinvestidores socialmente conscientesnão haverá mudança, porque apequena parte de investidoressocialmente conscientes vende para osinvestidores tradicionais, ou seja, asações passam de mão em mão. Osentido inverso – venda do investidortradicional para o socialmenteconsciente – se daria apenas seobedecesse aos critérios daresponsabilidade social. Mas como ouniverso dos investidores sociais épequeno, esse impacto é insignificante.Concluem dizendo que, embora possaacontecer que um dia os investidoressejam socialmente conscientes, talevento não está em curso no momento(isso em 1975). Resumidamente, podeser que as vantagens ou benefíciosintangíveis da responsabilidade socialcorporativa se inclinam a umainvestigação científica quase impossívelde ser resolvido. Talvez essa questão –se há ou não uma relação entre a RSEe a lucratividade – dificilmente serátotalmente solucionada.O teor do debate na década de1980 seguirá a da década anterior,sendo, contudo influenciado fortementepelo construto de Carroll (1979). Essetrabalho tentou construir uma ponteentre duas linhas principais de RSE. Naprimeira, empresas são obrigadassomente a maximizar os lucros dentroda lei e num mínimo limite ético; nasegunda, aqueles que sugerem umalcance mais abrangente de obrigaçõescom a sociedade. Essa ponte sugereum modelo de desempenho socialbaseado em 3 aspectos distintos: a)definição básica: a responsabilidadesocial das empresas inclui asexpectativas econômicas, legais, éticas efilantrópicas, que a sociedade tem dasorganizações num dado momentohistórico; b) questões sociais envolvidas:identificar as questões sociais ou áreastópicoem que estas responsabilidadesestarão vinculadas; c) filosofia daprontidão [responsiveness]: o terceiroaspecto do modelo remete à filosofia,método, ou estratégia por trás dasrespostas administrativas da empresa aquestões sociais e de responsabilidadesocial. A prontidão social pode serentendida como um continuum que vaida não-resposta [no response, donothing] à resposta pró-ativa [domuch].No final dos anos de 1980 e aolongo de 1990 novos temas se tornamrelevantes, acrescentado ao debate daRSE a preocupação com a qualidadedas relações com os stakeholders, comoem O’Neill, Saunders e McCarthy (1989),Teoh e Shiu (1990), e Berman et al.(1999), o tema da diversidade, comoem Cox e Blake (1991) e Wright (1995),e a ênfase na proteção do meioambiente,como em Klassen e Whybark(1999) e Christmann (2000)Contudo, um gerador para aambigüidade do debate ainda é a faltade consenso do que realmentesignifique RSE. Nesse período, o trabalhode Wood (1991) foi considerado comoum marco para os estudos de RSE portentar desfazer essa incerteza. Ela afirmaque apesar das várias contribuições, asdefinições não são satisfatórias e não háainda algo como uma teoria dodesempenho social corporativo. Aconstrução do conceito é importantepara que o tema se transforme em algohard e não soft, como vem sendodezembro 20<strong>07</strong>31


tratado. Também pode fornecer umaestrutura coerente para o campo dosnegócios e sociedade, integrando osavanços conceituais que foram feitos epermitir aos acadêmicos situar trabalhosdentro de um modelo amplo derelações negócios-sociedade. Afirma queidentificar categorias não é o mesmoque articular princípios (é o que Woodbusca). Diz que princípio expressa algofundamental que as pessoas acreditamser verdadeiro, ou é um valor básicoque motivam as pessoas a agirem.Categoria mostra como distinguir entrediferentes tipos de fenômeno, mas nãorepresentam motivações ou verdadesfundamentais. É neste ponto que aautora critica o trabalho de Carroll(1979). Wood afirma que as categoriasde Carroll (responsabilidade econômica,legal, ética e filantrópica) podem servistas como um conjunto de princípiosordenados nos seus respectivosdomínios, mas não são os princípios emsi. Acrescenta-se que idéia básica da RSEdefendida por Wood é que a sociedadee os negócios estejam entrelaçados, maisdo que serem considerados comoentidades distintas.O que se pode perceber ao longodessas décadas é que a preocupaçãoem estabelecer uma relação entre a RSEe o desempenho empresarial por meioda medição do desempenho financeirovai, aos poucos, deixando de serimportante, e é fortalecida a idéia defocar as ações e as medições de eficácianas próprias ações sociais. Aimpossibilidade de estabelecer umarelação causal entre RSE e lucratividade,constatada nas pesquisas, faz com queas ações sociais deixem de ser um meromeio – para atingir a meta da otimizaçãodo lucro –, para se tornar um fim, quedeve ser eficiente em seus propósitossociais e que, para isso, é preciso sefazer avaliações quantitativas equalitativas.RESPONSABILIDADE SOCIAL E A SUA RELAÇÃO COM OMARKETING SOCIALPara fins desse trabalho, considera-sea RSE como uma forma de gestãoempresarial que envolve a ética emtodas as atitudes. Significa fazer todas asatividades da empresa e promover todasas relações – com seus funcionários,fornecedores, clientes, com o mercado, ogoverno, com o meio ambiente e com acomunidade – de uma formasocialmente responsável (Alves, 2003).A responsabilidade social de umaempresa pode ser totalmente compatívelcom o conceito de marketing. Acompatibilidade depende de duascoisas: quão amplamente uma empresapercebe seus objetivos de marketing equanto tempo ela pretende esperar paraatingir seus objetivos. Uma empresa queestende suficientemente as dimensõesde tempo e de abrangência dos seusobjetivos de marketing para atender suasresponsabilidades sociais está praticandoo que se tornou conhecido comoconceito de marketing deresponsabilidade social (Etzel et al.,2001).Kotler (1998) chama a atenção parao fato de que as empresas devemavaliar constantemente se estãopraticando marketing de forma ética esocialmente responsável. Sugere umareflexão sobre técnicas de vendas queinvadem a privacidade das pessoas,técnicas de pressão para forçar aspessoas a comprar e a aceleração daobsolescência de bens. Nesse sentidoentende-se por marketing de causacomo o marketing destinado a criarapoio para idéias e questões ou a levaras pessoas a mudar comportamentossocialmente indesejáveis (Churchill ePeter, 2000).A partir dos anos 1980 algumasempresas passaram a descobrir quecom as mesmas ferramentas demarketing utilizadas para aumentarvendas poderiam também promoverum serviço público e, ainda mais, queos dois objetivos poderiam sercomplementares (Eisman, 1992)surgindo, assim, o chamado marketingrelacionado a uma causa. Numa outrainterpretação, Schiavo (1999) defendeque marketing social é a gestãoestratégica do processo de mudançasocial a partir da adoção de novoscomportamentos, atitudes e práticas,nos âmbitos individual e coletivo,orientadas por preceito ético,fundamentadas nos direitos humanos ena equidade social. Essa concepçãoenfatiza a questão de mudança decomportamento como uma estratégiade transformação social. No Brasil,porém, o termo marketing social estásendo utilizado, especialmente pelamídia, para designar atuaçãoempresarial no campo social com oobjetivo de obter diferenciaiscompetitivos, sem que essas açõestenham o objetivo de influenciar umcomportamento coletivo.MARKETING SOCIAL COMO ESTRATÉGIA DE MUDANÇASDE COMPORTAMENTOS E ATITUDESÉ possível identificar diferentes tiposde estratégias de marketing relacionadoa uma causa, que pode acontecer pormeio da destinação de um percentualsobre as vendas de certo produto, dadistribuição conjunta de produtos ouinformações sobre determinada questão,ou do licenciamento de uma marca oulogotipo para alguma empresacomercializar (Andreasen, 1996).Na visão de Varadorajan e Menon(1988), marketing relacionado a causassociais é um programa que procuraalcançar dois objetivos: melhorar aperformance organizacional e colaborarcom causas sociais. Não é umapromoção de vendas, pois osconsumidores não recebem nenhumtipo de incentivo financeiro (cupons,32Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


ônus) para adquirirem produtos ouserviços de dada organização. Tambémnão é filantropia, pois os recursos sãoregularmente doados em um orçamentoà parte, não estando condicionados àsvendas.Os conceitos de marketing social sãoextremamente versáteis e suas técnicaspodem ser utilizadas de diferentesmaneiras, por exemplo: criar novosprogramas sociais. A maioria dasreferências considera o marketing socialcomo a estratégia de mudança decomportamentos e atitudes, que podeser usada por qualquer tipo deorganização podendo atingir umimpacto público mais amplo. No setorprivado, as pressões competitivas domercado impulsionam a organização apensar estrategicamente para podersobreviver.ALIANÇAS CORPORATIVAS POR MEIO DO MARKETINGSOCIALPara Drumwright, Cunningham eBerger (2000), existe uma forma dealianças sociais ou parcerias entreorganizações com e sem fins lucrativos,distinguindo-as das alianças estratégicasentre organizações com fins apenaslucrativos. É o que pode ser chamadode alianças de marketing, que é umacordo formal ou informal entreorganizações ou membros de umacorporação em que cada um busca,por meio de atividades de marketing,ganhos que não seriam possíveis acada uma delas sem essa aliança. Umadessas alianças que se aplica para onosso estudo de caso é o chamadoacordo de franquia, onde uma empresase alia a um investidor para desenvolvere abrir lojas em uma área previamentedeterminada (Varadarajan eCunningham, 1995; Bucklin e Sengupta,1993; Lei e Slocum, 1992; Lorange,Roos e Bronn, 1992; Andreasen,2002).Alguns autores dividem os objetivosdas alianças em duas categorias:operacionais e estratégicas. As aliançasoperacionais envolvem as parceriasprojetadas para tornar as transaçõescomerciais mais eficientes, e asestratégicas que oferecem aos parceiros,vantagens competitivas potenciais quenão estão disponíveis para osconcorrentes (Speckman et al., 1996),sendo que algumas alianças podem tertanto objetivos estratégicos quantooperacionais.Para as corporações, são citadasquatro vantagens típicas para se engajarem alianças sociais: a) realça a imagemda corporação; b) aumenta oenvolvimento dos funcionários; c)fortalece os laços com os clientes; e d)aumenta a eficiência dos programas dedoação (Alperson, 1994).Pela perspectiva de quem faz omarketing social é possível uma amplagama de benefícios, a saber: umacréscimo no ingresso de recursosvoltados para a missão da organização,incluindo capital de investimento e ajudavoluntária; um acréscimo na exposiçãopromocional, principalmente por meiode publicidade, relações públicas eeventos especiais; um acréscimo noconhecimento e no crescimento dasofisticação no gerenciamento(Andreasen e Drumwright, 2002).No entanto, nas alianças sociais demarketing é muito comum que as partestenham diferenças significativas emrelação a tamanho, especialidade,objetivos e medida de desempenho, ecultura (Andreasen, 2002). Existemcontrovérsias na literatura sobre se asdiferenças culturais entre organizaçõesafetam o sucesso das alianças. Em umestudo realizado com 98 parceriascomerciais, Saxton (1997) concluiu quealianças são ações econômicasembutidas em uma estrutura social, aqual pode afetar os resultados (vejatambém Granovetter, 1985; Hill, 1990 eNooteboom, 1992).Entretanto, a análise quantitativa deSaxton concluiu que as similaridadesentre parceiros com respeito acaracterísticas organizacionais específicas,incluindo recursos culturais e humanos,se relacionaram negativamente aosresultados da aliança, concluindo que odesempenho das alianças erarelacionado à reputação do parceiro,tomada de decisões compartilhada,similaridades entre os parceiros emrelação aos processos estratégico eorganizacional. O autor também indicaque a confiança é um fator muitoimportante, pois afeta os resultados daaliança. Entretanto, Osborn e Hagedoorn(1997) sugerem que existe umreconhecimento crescente de que ospatrocinadores podem ter expectativasincompatíveis para uma dada aliança.Isso pode ter efeitos importantes naconfiança e, assim, sabotar um acordopotencialmente satisfatório.PADRÕES COMPORTAMENTAIS NA PRÁTICA DERESPONSABILIDADE SOCIALUma contrapartida atual à tese deFriedman (como exposto anteriormente)é a posição advogada por Donaldson eDunfee (1995) e por Quinn e Jones(1995), que afirmam que ascorporações são responsáveis pormúltiplos stakeholders, dos quais umdos mais proeminentes é a sociedade. Ofato de que a sociedade permite àcorporação existir implica um contratosocial que impões obrigações àcorporação ao considerar os interessesda sociedade em suas ações.Outros autores assumem umaabordagem diferente, mais empírica.Weeden (1998) entre outros temassegurado que as alianças sociais sãoapenas bons negócios, ou seja, oinvestimento social sistemático pode terresultados diretos, recompensas positivasdezembro 20<strong>07</strong>33


para a corporação. Drumwright,Cunningham e Berger (2000), achamque as alianças sociais podem resultarem acréscimos ao capital financeiro,humano e social.Uma questão de importância para asociedade é se o envolvimento dascorporações no marketing social tem oefeito de desviar a atenção do setor semfins lucrativos da gama de problemasque a sociedade estabeleceu comosendo os objetivos de ação de taisorganizações. O que se questiona é se asociedade estará mais bem servida se asempresas se restringirem a ver suasresponsabilidades sociais como a criaçãode empregos e a geração de lucros paraos acionistas.Drumwright e Murphy (2000)argumentam que as alianças sociais eoutras formas de marketing social dascorporações podem resultar embenefícios irrecusáveis não apenas para asempresas, mas também para osorganismos sem fins lucrativos. Dentro deuma aliança social específica, oscomportamentos aparecem dentre trêstipos de insatisfação: a) insatisfação comos efeitos ou resultados; b) insatisfaçãocom os procedimentos ou processos, e c)insatisfação com o comportamento doparceiro. As partes podem se sentir feridasse acreditarem que a outra parte falhouem atingir um ou mais dos seguintespadrões de comportamento: honestidade,imparcialidade, justiça, confiança,compromisso e responsabilidade(Gundlach e Murphy, 1993).PROCEDIMENTOSMETODOLÓGICOSO delineamento de pesquisa utilizadoneste trabalho é o estudo de caso. Ométodo é considerado um tipo deanálise qualitativa que busca respostaspara as questões que permitem enfocardiretamente o tópico da pesquisainserido num determinado contexto(Goode e Hatt, 1969).Os dados foram obtidos no períodode julho a dezembro de 2004 a partirde quatro fontes. A primeira foi a fontedocumental, sendo consideradosdocumentos fornecidos pela empresa,tais como o planejamento estratégico,material de divulgação interna e externa,planos de ação dos diferentes projetosde responsabilidade social. A segundaforam os registros de arquivos, nosquais foram consultados alguns registrosde arquivos históricos da empresa,disponibilizados para uma melhorcompreensão do pesquisador,principalmente aspectos internos daorganização que representam umvalioso patrimônio para a empresa, alémde arquivos disponíveis ao público emgeral, em material publicitário e sites daInternet. A terceira fonte foramentrevistas do tipo focal (Merton et al.,1990) e entrevistas que foramconduzidas de forma espontâneas eque assumiram caráter de uma conversainformal. A quarta foi a observação diretados colaboradores.Para a entrevista e a observação, aamostra intencional foi composta daseguinte forma: oito entrevistados dogrupo do núcleo técnico-operacional, 10entrevistados do grupo da linhaintermediária, três entrevistados do grupoda cúpula estratégica, e cincoentrevistados do grupo dos franqueados.O método de análise utilizado deestudo de caso foi de acordo comEinsenhardt (1989), que consideraquatro técnicas analíticas dominantes:adequação ao padrão, construção daexplanação, análise de séries temporais emodelos lógicos de programa.A organização escolhida para apesquisa foi a empresa O Boticário, porse tratar de uma referência nacional naimplementação de programas demarketing social, bem como umareferência nacional e internacional noprocesso de comercialização deprodutos por meio do sistema defranquias.ESTRUTURA DA CORPORAÇÃO E GRUPOSORGANIZACIONAISSeguindo o modelo de Mintzberg(1995), foi identificado que aorganização em estudo possui umaestrutura simples, em que o principalmecanismo de coordenação é asupervisão direta, a parte-chave daorganização é a cúpula estratégica, osprincipais parâmetros de delineamentoorganizacional são a centralização e ummodelo de estrutura orgânica (Morgan,1996). A coordenação é efetuada emgrande parte pela supervisão direta.Especificamente, o poder sobre todasas decisões estratégicas tende a sercentralizado no principal executivo.A partir dessa caracterizaçãoestrutural, são apresentados a seguir osquatro grupos selecionados que melhorrepresentam a corporação e queservirão para a análise. O primeirogrupo é o núcleo técnico-operacional,que engloba os técnicos que perfazemo trabalho básico relacionadodiretamente com a produção de bens,no caso, na produção de perfumes ecosméticos, tais como farmacêuticos,bioquímicos, técnicos de produção,encarregados de embalagens eempacotamento, encarregados dadistribuição, entre outros, e técnicosadministrativos que realizam trabalhospadronizados em escritórios.O segundo grupo é a linhaintermediária, que é representado pelacadeia de gerentes com autoridadeformal, tais como gerentes esupervisores de produção, gerentes esupervisores de qualidade, gerentes esupervisores de distribuição, gerentes e34Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


supervisores comerciais, gerentes esupervisores de promoções e eventos,gerentes e supervisores da linha defranqueados, gerentes administrativos efinanceiros, entre outros. Essa cadeia vaidesde os gerentes de mais alto nível atéos supervisores de fábrica.O terceiro grupo é a cúpulaestratégica, que engloba as pessoas emcargos com total responsabilidade naorganização, tais como os diretores egerentes executivos. Neste grupotambém estão inclusos todos aquelesque dão suporte direto para osadministradores da cúpula, como assecretárias diretas e assistentesadministrativos. Esta cúpula estratégica éencarregada de assegurar que aorganização cumpra sua missão demaneira eficaz e, também, de satisfazeras exigências de quem exerça poder naorganização.O quarto grupo são osfranqueados, caracterizados porrepresentar entre os colaboradores daorganização toda a rede de distribuiçãoda empresa, atuando comointermediários junto aos consumidores,correspondendo a mais de dois milpontos de distribuição no Brasil. Elesrealizam as atividades de vendas ecomercialização dos produtos daempresa com os diferentes públicosalvos,bem como a representaçãocomercial e social nas comunidadesonde eles atuam.CATEGORIAS DE ANÁLISEConforme Gunglach e Murphy(1993) existem padrões decomportamentos que podemrepresentar aspectos importantes naanálise de dados, bem como narepresentatividade e legitimidade dessescomportamentos. Essescomportamentos, sugeridos por essesautores, podem servir de apoio para aanálise qualitativa dos dadosencontrados no presente estudo decaso, servindo de parâmetros paraanálise dos grupos escolhidos para apesquisa. Foram consideradas ascategorias responsabilidade,compromisso, confiança, imparcialidade ehonestidade (Andreasen, 2002):• responsabilidade: neste contexto,trata-se de uma aliança da organizaçãocom o público interno, em que oschamados colaboradores de maneirageral demonstram a suaresponsabilidade em relação aosprogramas de responsabilidade social.Assumir a participação nos programassociais da empresa pressupõe a mesmaresponsabilidade do trabalho formal;• compromisso: para este estudo decaso são analisados o compromisso daorganização com os colaboradores e ocompromisso dos próprioscolaboradores em relação aosprogramas sociais, evitando assumircompromissos fixos que possam serdifíceis de cumprir, como, por exemplo,se comprometer em mais de umprograma social sem avaliar o tempo dededicação;• confiança: neste estudo, a parceriapermanente entre organização ecolaboradores está baseada no sucessodos programas de responsabilidadesocial como requisito do sucessoempresarial, confiando no sucesso doprograma em que está participando,mantendo sempre o entusiasmo eotimismo necessário;• imparcialidade: uma preocupaçãopara muitos dos que trabalham commarketing social é se a extensão e ocaráter dos esforços de ambas as partessão apropriados e eqüitativos. Éfundamental a parceria entre aorganização e os colaboradores, mesmoem situações críticas, em que ocolaborador é chamado muitas vezes amanter sempre o sentido crítico eimparcial no desenvolvimento dasatividades iniciadas para o andamento esucesso dos programas deresponsabilidade social;• honestidade: no presente estudode caso, quando a parceria aconteceentre a organização que patrocina osprogramas de responsabilidade social, eos colaboradores que, de alguma formaestão mais ou menos envolvidos nosprogramas sociais, é fundamental para amanutenção do marketing socialtrabalhar de forma honesta nosprogramas sociais, fazendo com que elestenham êxito para a organização e paraseus beneficiários.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOSDADOSIndependentemente do resultadoanual, a companhia destina aoinvestimento social privado 1% da receitalíquida do exercício. Os recursos sãoaplicados em diversos programas,projetos e ações da Fundação OBoticário de Proteção à Natureza e emprogramas desenvolvidos nacomunidade local e na corporação,destinados à saúde, educação, bemestar,cultura e lazer. O investimentosocial privado é o uso planejado,monitorado e voluntário de recursosprivados em projetos de interessepúblico, que têm por objetivo atransformação de determinada realidadesocial. As ações de investimento socialcom foco na proteção e conservaçãoambiental são implementadas pelaFundação O Boticário de Proteção àNatureza. Entre seus principaisprogramas destacam-se: Política deResponsabilidade Social, Global Compact,Projeto Crescer, Essência da Vida, ViverMais Natural, Doação para fundo dosdireitos da criança, Estação Natureza,Cadernos Reciclados, Meio Ambiente,dezembro 20<strong>07</strong>35


Apoio Internacional, Programa deEducação e Mobilização,Constatou-se também a grandeimportância e prestígio que algunsprogramas sociais assumiram naempresa e, principalmente, entre seuscolaboradores. Certamente nem todosesses programas gozam do mesmoprestígio e do glamour que significaatuar naqueles que mais representam afilosofia da empresa. Observou-se que ofoco é a preservação da natureza e orespeito pelo meio ambiente, assim asações nesse sentido adquirem umaimportância maior no direcionamentodas ações empresariais e a suaassociação com a imagem dacompanhia. A pesquisa revelou tambéma necessidade de uma maior integraçãoem torno de alguns programasdirecionados para outros focos deatenção, mas com grande importânciafutura para a empresa, apenas evitandoa dispersão de esforços e de recursos.Foram detectadas críticas na pesquisano sentido que a empresa deveria sermais arrojada, expandir mais essesprogramas e não ficar apenas no raiode ação da própria comunidadepróxima à sua sede principal. Talvez oentendimento de ações sociais nãochegue por igual a todas as pessoas,que de fato podem ter um grau depercepção diferenciado em relação aesta ou aquela ação empresarial.ANÁLISE DOS GRUPOS ORGANIZACIONAISDe acordo com o grupo do núcleotécnico-operacional, os programas deresponsabilidade social podem estarassociados ao desenvolvimentoprofissional e pessoal na organização,destacando-se o programa Fábrica deTalentos. Esse programa ofereceoportunidades para efetivação deemprego na empresa, pontos que foramverificados de maneira geral nessegrupo, e considera que os tornam maisresponsáveis nas suas atividades naorganização e também as suaspercepções sobre as práticas dosprogramas sociais.Esse compromisso está diretamenterelacionado com a intenção de continuartrabalhando na organização, comofazem parte deste grupo pessoas queestão na base da pirâmide, anecessidade do trabalho acabamatingindo maior afetividade com aorganização, e dessa forma, considerampara muitos a sua segunda casa.Consideram que esse comprometimentocom a organização poderá recompensálosfuturamente com maiores benefícios,além dos benefícios já oferecidos pelosprogramas de responsabilidade social.Um dos programas considerado poresse grupo que representa de certaforma um comprometimento com aorganização é o programa dedesenvolvimento para as crianças. Nesseprograma os pais que pertencem a estegrupo técnico-operacional podem deixaras crianças durante o período detrabalho e a empresa se responsabilizapelos cuidados com seus filhosdesenvolvendo aspectos emocionais,motores e cognitivos das crianças,preparando-as para a alfabetização.O otimismo exagerado pode serrelacionado à confiança que elesdepositam no que eles chamaram nasentrevistas de “investimento social”, algoque poderia beneficiá-los no crescimentoprofissional, na estabilidade e segurançade emprego, e também as práticas daresponsabilidade social poderiam indicarum tipo de canal para captar novostalentos, dado o voluntarismo a queesses indivíduos se submetem. Estegrupo chegou inclusive a sugerir outrosprogramas que poderiam serimplementados pela empresa, tais comoum programa específico para a terceiraidade (contribuindo com maioresbenefícios para pais, dependentes ouparentes de colaboradores e pessoasidosas da comunidade) e um amploprograma de voluntariado.Outro programa cuja divulgação foiconsiderada importante é o de “Gestãoà Vista” para que os colaboradoressoubessem mais o que estáacontecendo na gestão da empresa ecomo as atividades administrativasestariam sendo encaminhadas. Assim,existiria maior transparência nasatividades administrativas de todos oscolaboradores, já que o programa existee somente faltaria uma maior divulgaçãopor parte da cúpula estratégica.A imparcialidade em relação de qual éo principal programa deresponsabilidade social (a Fundação) foipredominante neste grupo. Elesconsideram que os programas sociaissão uma extensão das estratégias que aempresa está adotando, não conseguemseparar o que é negócio e o que éresponsabilidade social, acreditam queambos os conceitos estão atrelados.Em outra entrevista, percebeu-se aintenção do colaborador de que aFundação fosse doada ou para aadministração dos próprios funcionáriosda organização ou para algumaorganização sem fins lucrativosdesvinculada da indústria. Esta propostaparece indicar que apesar de algunsfuncionários considerarem que osprogramas de responsabilidade socialestejam com um foco bem definido emauxiliar à corporação e até mesmoexpandir para a comunidade –promessa mantida pela cúpulaestratégica em outras entrevistas –, existecerto receio, ou até mesmo certadesconfiança de alguns membros destegrupo em relação à administração dosprogramas sociais pela indústria.O grupo da linha intermediáriapossui poder de sugerir prioridade dosrecursos disponíveis, não tendo poderde utilização desses recursos disponíveis36Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


de forma diferente. Observa-se quealguns integrantes deste grupo repetemrespostas orientadas a ficar bem juntoaos superiores, ou ainda, a repetir frasesfeitas, o que demonstra uma posturainduzida, em relação aos programas deresponsabilidade social, não tendo umaopinião muito autêntica e isenta.Apesar do processo induzidoverificado anteriormente, um ponto derelevância que deve ser ressaltado é anecessidade de implantação deprogramas de responsabilidade social apartir de novos meios tecnológicos de e-learning (ensino a distância) nacorporação. Estes sistemas, segundo estegrupo, poderiam beneficiar muitos doscolaboradores, porque com a adoçãodesta nova tecnologia, muitos cursos deensino a distância poderiam serusufruídos sem a necessidade de custosem deslocamentos e perdas de tempo.A cultura local também foiconsiderada como um sinal decomprometimento, dado que apresentaser uma organização em aprendizagem,que está compartilhando valores ecrenças com seus funcionários, onde secomprometem de modo espontâneo adisseminar os seus valores e crençaspara outros funcionários da empresa,criando assim, a cultura da empresa.A prática destes programas sociaisserviria de certo modo como um“laboratório” para a revisão do processoprodutivo na organização, onde seobteriam melhores resultados. Assim, aprática de responsabilidade social, paraesse grupo, poderia ser o caminho paraa preservação de profissionais maiscapacitados e ao mesmo tempo maisíntegros de confiança na organização.Neste grupo constatou-se umapreocupação em relação de como éutilizado o 1% da receita líquida que éinvestido em programas deresponsabilidade social, considerandoque a empresa deveria tornar presenteo balanço social para toda a corporação.Também consideram que ter osprogramas de responsabilidade social nacorporação não é mais um “diferencialestratégico” e, sim, algo que já apontapara poder de sobrevivência daorganização.Em algumas entrevistas esse mesmogrupo põe em dúvida até que ponto oscolaboradores de maneira geral,principalmente o grupo técnicooperacional,estaria disposto emparticipar como voluntário emprogramas sociais. Entretanto, apesar dapresença dessa desconfiança elesconsideram que como estão acimahierarquicamente podem utilizar a forçada gerência média para conseguir seusobjetivos.Parece haver pouca objetividade, emalguns casos, mas também sugestõesestratégicas de longo prazo, muito úteispara a continuidade dos programas deresponsabilidade social. Mais uma vezvale lembrar a importância deste grupoem relação ao sucesso dos programasde responsabilidade social na empresa.As respostas apresentadas pelogrupo da cúpula estratégica sãorelevantes por se tratar do grupo quedetém o poder na organização, o grupoque estabelece as estratégias, enfim, ogrupo que toma as principais decisões ediretrizes da organização às vezes compercepções muito particulares como se aempresa fosse de apenas uma pessoa, ecom pouca preocupação pelo públicointerno (colaboradores e parceiros).Outro ponto importante levantado poreste grupo é a transmissão de culpapara os colaboradores de forma geralna empresa, considerando que existempoucas pessoas atuando, que não existecomprometimento, que ainda há poucaconscientização e pouco voluntariado.Consideram que a prática de programasde responsabilidade social está associadaà eficiência na gestão podendo atingirdiferentes níveis hierárquicos nacorporação e assim, essas práticasseriam incorporadas pelos envolvidos, oque levaria inclusive a uma maiormotivação no trabalho, bem como,maior produtividade nas funçõesexercidas.Verifica-se uma intenção em atingirmais as comunidades representadaspelos clientes finais, embora elesacreditem que todos os colaboradoresestejam usufruindo os benefícios dosprogramas de responsabilidade social.Um ponto considerado favorável pelogrupo da cúpula estratégica foi adiminuição da rotatividade de pessoal.Essa prática, já observada anteriormenteem outros grupos, considera que osprofissionais envolvidos nos programasde responsabilidade social estão seesforçando mais no trabalho e atingindomelhores resultados, diminuindo assim asubstituição de pessoal e mantendo aspessoas nos cargos por mais tempo.Outras respostas contêm críticasconstrutivas ao manifestar que deveráhaver uma maior conscientização emlongo prazo e uma otimização em cimado conhecimento, onde um maiornúmero de pessoas estaria informadodos programas de responsabilidadesocial. Assim, percebe-se que aimparcialidade fica um poucocomprometida neste grupo, talvez pelasua posição hierárquica na empresa oupela visão de longo prazo que osintegrantes da cúpula estratégica devemter a respeito do sucesso dos programasde responsabilidade social na empresa.Prevalece uma colocação crítica, nosentido de reconhecer que essa enormeforça de distribuição dos produtos daempresa, por meio dos franqueados,mantém ainda esse importante gruposem a participação correspondente nosprogramas sociais. No entanto, pouco secomentou sobre o posicionamento deações específicas por parte deste grupodezembro 20<strong>07</strong>37


para uma maior integração do grupo dosfranqueados à corporação, no que tangea participação nos programas sociais.As respostas dos integrantes dogrupo dos franqueados têm aimportância de quem está meio dentro emeio fora da empresa. Por um lado elesse sentem responsáveis por tudo queacontece na organização, comoparceiros, e por outro lado se sentemcomo seres estranhos à organização.Este grupo acredita que a Fundação OBoticário representa todos os programasde responsabilidade social, que emnúmeros corresponde aproximadamentea 80% dos programas, desconhecendooutros 20% que representam osbenefícios para os funcionários, os quais,como colaboradores, também possuemdireito, mas acabam não usufruindo pelafalta de informação que é caracterizadapela falta de endomarketing.Percebe-se algum descontentamentopor parte dos franqueadosprincipalmente pela falta de atenção einformação da administração daorganização, mas, ao mesmo tempo,uma enorme vontade de participação,de pertencer de alguma forma maisativa, nos programas deresponsabilidade social. Este grupoconsidera que deveria existir maior açãopor parte do departamento demarketing da empresa divulgando deforma mais direta seus programas paraos franqueados, principalmente aquelesque se encontram mais distantesgeograficamente da indústria. Como essegrupo está envolvido diretamente com oconsumidor final, considera que poderiase tornar uma das pontes estratégicasfundamentais no auxílio à empresa emapresentar novas sugestões empropagandas e divulgação sobre o temada responsabilidade social.Apesar de estarem de certa forma“entusiasmados”, os franqueadosconsideram que a organização deveriaconfiar mais neles em relação aosprogramas sociais existentes e naparticipação de novos programas. Algunsfranqueados manifestaram interesse emparticipar de um programa deresponsabilidade social intitulado Fábricade Talentos, um projeto educacional deeducação continuada. O grupo dacúpula acena com a possibilidade daimplantação de e-learning entrefranqueados, o que favoreceria,dependendo do tipo de curso e doprograma de responsabilidade social, oacesso à aprendizagem.Ao mesmo tempo algunsdemonstraram um sentimento deangústia e de exclusão e se perguntam arazão de eles não podem se inserir deforma mais atuante nos programassociais. Estas formas de comportamento erespostas refletiram um grau dehonestidade confiável por parte dogrupo. Os franqueados consideram quea área de marketing e a área deassessoria de imprensa deveriam refletir,repensar, e intensificar os esforços naforma de comunicação e divulgação dosprogramas sociais com os que fazemparte da corporação, e não se preocuparsomente com o marketing do negócio(vendas de produtos). Em suma, podeseconsiderar que os franqueados aindanão foram envolvidos pelo composto domarketing social que é o elementocondutor para a transmissão deconhecimento das práticas deresponsabilidade social na corporação.CONSIDERAÇÕES FINAISO estudo de caso realizado naempresa O Boticário oferece uma amplagama de informações em relação aotratamento dado às ações deresponsabilidade social. O objetivoprincipal da pesquisa foi verificar qual é apercepção dos colaboradores comrelação aos programas deresponsabilidade social e sua associaçãocom o marketing social.Uma primeira constatação foi àdiversidade de opiniões dosentrevistados em relação aos programasde responsabilidade social mantidospela empresa. Não se pode esquecerque, na maioria das empresas, entendesepor ações sociais o que é algototalmente normal nas outrasorganizações. Pode-se afirmar, apoiadosna base teórico-empírica do estudo,que responsabilidade social não éapenas um conjunto de ações isoladasdentro de uma organização, e, sim, umasérie de atividades organizadas, comesforços e recursos planejados paraatender a uma determinada causa ouproblema.Pode-se identificar o meio ambientee a natureza como foco principal nasações de responsabilidade social daempresa. O composto de marketingsocial fica muito claro quando aempresa O Boticário se direciona paraos programas relacionados com o meioambiente por meio das ações daFundação O Boticário para apreservação da natureza e o meioambiente, bem como outros programasque beneficiam os membros dacorporação. O marketing social tem porobjetivo modificar as atitudes oucomportamentos do mercado-alvo,tendo como principal meta oatendimento dos interesses dessemercado ou da sociedade, cujaobtenção se dá por meio daconcretização de idéias e serviços.Enquanto o marketing de negócios lidacom preferências e opiniões, omarketing social trata de crenças evalores. Apesar de ambos utilizarem osmesmos instrumentos e compartilharemo conceito de marketing vinculado àrelação de troca, os resultados obtidossão divergentes. Como conseqüência,38Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


há a necessidade de desenvolvimentodas atividades de marketing social deuma forma diferenciada.Com base nos conceitos de estratégiaempresarial, pode-se assumir que omarketing social, como estratégiautilizada neste estudo, se adere aosprogramas de responsabilidade social.Corresponde à formação da estratégiacomo processo em construçãopermanente considerar que a prática deprogramas de responsabilidade socialestá associada à eficiência na gestão,podendo atingir diferentes níveishierárquicos na corporação e, assim,essas práticas seriam incorporadas pelosenvolvidos, o que levaria inclusive a umamaior motivação no trabalho, bem comomaior produtividade nas funçõesexercidas.Lindbloom (1959) considera que aestratégia de aprendizagem sobre oambiente se forma a partir dascapacidades internas da organização,que é a forma mais adequada deestabelecer uma relação entre elas. Poroutro lado, Mintzberg (1988) observaque para enfrentar os desafios doambiente a estratégia deve ser um fluxoconsistente de decisões da organização.Em relação ao sentido de estratégia, auma estratégia preferencialmenterealizada a própria aprendizagem naimplementação dos programas deresponsabilidade social conduz aempresa e seus colaboradores aassumirem uma nova postura decomprometimento e crítica ao questionara falta de diretrizes ou a falta deestratégias estruturadas e objetivosclaramente definidos pela alta direção,que envolvam todos os colaboradores,de forma não planejada, na atuação nosmercados onde atua. Isso porque paraHax e Maijluf (1998) a estratégia seforma entre o aprender do passado eas novas direções que conduzam àorganização para um futuro maisequilibrado, levando-se em consideraçãoa sua conduta anterior.Essas estratégias tendem a seremergentes para Mintzberg e Waters(1985), observando-se uma constantepreocupação com o consumidor final, oque demonstra que as práticas deresponsabilidade social estariamconvergindo para um fator determinantena escolha da empresa, e não somentecom a preocupação se o produto é omelhor, com o meio ambiente e aexistência de práticas deresponsabilidade social. Dessa forma,considera-se uma estratégia emergenteporque ela é criada a partir do trabalhoque é construído socialmente, por meioda sinergia dos diferentes grupos queparticipam do processo produtivo daempresa e que atuam de formavoluntária. Cada grupo pode assimcontribuir com a sua competênciaessencial no processo e questionando aconstante mutação para melhoriaspermanentes (Berger e Luckmann,1999).De acordo com Gluck, Kaufman eWalleck (1982) a estratégia pode serimplícita, dada a associação dascaracterísticas dos principais linhas deprodutos com os principais programasde responsabilidade social mantidos pelaempresa, orientados para a preservaçãoda natureza e do meio ambiente. Assim,a aplicação dos conceitos de marketingsocial, no sentido de evidenciar melhoras ações desenvolvidas e emdesenvolvimento, por meio decampanhas de divulgação mais explícitasdirecionadas para os diferentes públicos,em geral, poderá gerar uma maiorsinergia em relação aos produtosoferecidos pela empresa, em relação àsua filosofia de empresa responsávelsocialmente e em relação ao seuposicionamento de maneira geral nosmercados onde atua e/ou pretendeatuar.Alguns entrevistados citaram aquestão de sobrevivência das empresas,não apenas se conformando com asituação atual. Outros lembraram atendência do mercado, no sentido deque as empresas que não desenvolvamprogramas de responsabilidade social enão realizem investimentos no marketingsocial, simplesmente estarão fora domercado.Dessa maneira, sugere-se que existeuma falha na divulgação dos programassociais para os colaboradores,principalmente os franqueados, o queacaba criando uma falsa idéia de quealgumas ações não são realizadas. Apesquisa detectou claramente aexistência de um descompasso emrelação ao direcionamento dacomunicação, com ênfase para opúblico externo em detrimento doscolaboradores. Certamente, sendo seuprincipal foco a preservação danatureza e o meio ambiente, é razoávelpensar que os outros programas emandamento que, embora muitoimportantes para a organização, nãotêm relação com foco principal daempresa, fiquem um pouco restritos emtermos de desenvolvimento edivulgação.Por meio deste estudo observa-setambém certa divergência em relaçãoaos programas de responsabilidadesocial, se eles seriam considerados ounão vantagem competitiva para aempresa. Nesse sentido deve-se lembrarque nem todos os programas sociaissão muitos conhecidos pelos seuscolaboradores, principalmente, pelogrupo dos franqueados. Entretanto,nesta pesquisa também foi observadaque a falta da participação dosprogramas de responsabilidade socialpela corporação poderia se tornar umadesvantagem competitiva, o que indicauma clara preocupação com asatividades do negócio da empresa.dezembro 20<strong>07</strong>39


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SaneamentoAmbientalCOMPOSTAGEMACELERADA: ANÁLISEMICROBIOLÓGICA DOCOMPOSTOBárbara R. HeidemannDAQBI/UTFPR/PR, ICEdilsa R. SilvaDAQBI/UTFPR/PR, PDedilsa@cefetpr.brMarlene SoaresDAQBI/UTFPR/PR, PDValma M. BarbosaDAQBI/UTFPR/PR, PDRESUMOA compostagem é um processo controlado de degradação microbiológica da matéria orgânica,presente nos resíduos sólidos dispostos por um município. É dividida em duas fases, nas quaisocorrem a degradação e a estabilização do composto, durando, aproximadamente 120 dias. Para quea transformação da matéria orgânica em composto não consuma tanto tempo, já existem processosde compostagem acelerada. Este trabalho analisa os microrganismos, patogênicos ou não, presentesno material (lodo de esgoto da Estação de Tratamento de Esgoto Belém – ETE Belém e poda vegetaltriturada) a ser compostado e no já maturado, da empresa Tibagi – Sistemas Ambientais, que utilizacomo método acelerado, o processo Kneer®. O método utilizado para indicar ausência e presençade patógenos foi o Colorimétrico/Enzimático, com o reagente Fluorocult LMX, para coliformes totaise termotolerantes, e a contagem em placa, com o meio Ágar Enterococos, para enterococos fecais.Para analisar a biota presente, utilizou-se contagem em placa, com o meio PCA, para bactérias, e omeio PDA, para fungos.PALAVRAS-CHAVEABSTRACTThe compostagem is a controlled process of microbiological degradation of the organic, presentsubstance in the solid residues made use by a city. It is divided in two phases, in which thedegradation and the stabilization of the composition occur, lasting, approximately 120 days. So thatthe transformation of the organic substance in composition does not consummate as much time,already processes of sped up compostagem exist. This work analyzes the microrganisms, pathogenicor not, gifts in the material (silt of sewer of the Station of Treatment of Wastewater Belém - STWBelém and trims triturated vegetable) to be compostation and in already maturation, of the Tibagicompany - Ambients Systems, that uses as sped up method, the Kneer® process. The usedmethod to indicate absence and presence of pathogens was the Enzymatic Colorimetric/, with thereagent Fluorocult LMX, for total and thermotolerants coliforms, and the counting in plate, with themedia Enterococci Agar, for fecal enterococci. To analyze the microrganisms present, counting inplate was used, with the media PCA, for bacteria, and the media PDA, for fungi.42Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


INTRODUÇÃOOs resíduos sólidos urbanos sãomateriais, como alimentos, papéis, metais,plásticos, vidros, entre outros, resultantesda atividade do homem, que nãopodem mais ser diretamente utilizadospor este. Várias cidades sofrem com amá disposição destes resíduos, sendofeita, muitas vezes, em lixões a céuaberto, tendo problemas também com afalta de espaço físico para a construçãode aterros sanitários e com a falta decoleta seletiva.A partir desta situação, observou-se anecessidade do desenvolvimento detecnologias para a destinação adequadade resíduos, principalmente dosorgânicos, que não são recicláveis. Umadas alternativas é a compostagem,processo que já vem sendo utilizado hámuito tempo, porém não de uma formacontrolada.COMPOSTAGEMA compostagem é um processomicrobiológico aeróbio e controlado detransformação de resíduos orgânicos emmatéria estabilizada. (2)A matéria estabilizada compõe-se decompostos orgânicos e pode serutilizada como adubo ou fertilizante.Para um processo de compostagemser bem sucedido, é necessário quesejam controlados os parâmetros físicoquímicoscomo temperatura, aeração,umidade, pH, relação C/N (carbono/nitrogênio), para que os microrganismosencontrem condições ideais para o seudesenvolvimento. (4)O controle da temperatura garante odesenvolvimento de uma populaçãomicrobiótica diversificada, assim comoelimina os microrganismos patogênicos.A aeração controlada garante o nãodesenvolvimentode microrganismosanaeróbios e a atividade ótima dosaeróbios. Altos teores de umidadetambém causam anaerobiose no meio, ebaixos teores de umidade inibem aatividade microbiológica, diminuindo ataxa de estabilização. O pH devepermanecer entre 6,5 e 7,5 para atenderàs necessidades tanto de bactérias,quanto de fungos. A relação C/N devepermanecer entre 25:1 e 35:1. Nacompostagem com carbono em excesso,a atividade biológica diminuisensivelmente, por causa da deficiênciade nitrogênio, que é reciclado das célulasde bactérias mortas. Com o excesso denitrogênio, por sua vez, este é eliminadona forma de amônia. (3)A compostagem é dividida em duasfases: fase de degradação oubioestabilização e fase de maturação ouhumificação. (5)Na fase de degradação predominamos microrganismos mesófilos. Conformeas reações da biodegradação da matériaorgânica vão ocorrendo, calor é liberado,diminuindo assim a população demesófilos, proliferando-se com maisintensidade os termófilos. Quando amaior parte do substrato orgânico fortransformada, a temperatura diminui, eos mesófilos voltam a se instalar. (5)A bioestabilização duraaproximadamente 90 (noventa) dias.Além da máxima degradação, nesta faseobjetiva-se a eliminação demicrorganismos patogênicos pela açãoda temperatura. Há grande consumo deoxigênio, necessitando assim de grandeaeração. (5)Inicia-se então, a fase de maturação,na qual a degradação e a eliminação depatogênicos continuam. A humificaçãodos materiais ocorre através detransformações químicas, observando-sebaixa atividade microbiológica,necessitando-se assim de menoraeração. A coloração torna-se maisescura, sem odor inicial, e com aspectode terra molhada. A maturação tem aduração de aproximadamente 30(trinta) dias. (5)A fase de maturação é de grandeimportância, pois o composto imaturo,quando aplicado como adubo, pode sertóxico e levar à proliferação demicrorganismos patogênicos, favorecidospelas condições de anaerobiose. (8)MICRORGANISMOSOs microrganismos, bactérias, fungose actinomicetos são os principaisresponsáveis pela transformação damatéria orgânica crua em húmus atravésdo consumo de micro emacronutrientes. Sabe-se que somenteos microrganismos são capazes detransformar biologicamente a matériaorgânica crua em húmus tendo em vistaque nenhum processo, quer laboratorialou industrial, conseguiu produzir húmussintético. (6)As bactérias presentes no material aser compostado são importantes na fasetermófila principalmente, decompondoaçúcares, amidos, proteínas e outroscompostos orgânicos de fácil digestão.Sua função é decompor a matériaorgânica – animal ou vegetal – aumentara disponibilidade de nutrientes, agregarpartículas ao solo e fixar o nitrogênio. (2)Os fungos são microrganismosfilamentosos, heterotróficos, que sedesenvolvem em baixas e altas faixas depH. Sua função é a decomposição emalta temperatura de adubação e fixaçãode nitrogênio. (2)A tabela 1, a seguir, demonstra ascaracterísticas dos principais gruposmicrobianos envolvidos no processo decompostagem.COMPOSTAGEM ACELERADAEste método de compostagemesclarecido, com duração de 120 (centoe vinte dias), é o método natural, ouseja, o resíduo orgânico junto com adezembro 20<strong>07</strong>43


Tab. 1. Características dos principais grupos microbianos envolvidos no processo de compostagem.Fonte: Nassu (2003)poda vegetal, por exemplo, é misturadoe disposto em um pátio através de leiras,permanecendo todo o tempo ali, sendoapenas revirado para a adequadaaeração.Já o processo acelerado, como opróprio nome já diz, tem uma menorduração de tempo. O compostoanalisado é proveniente do processoKneer®, da empresa TIBAGI SistemasAmbientais.O processo começa quando doissilos são carregados, um com materialportador de carbono (resíduo vegetaltriturado), e o outro com resíduoorgânico (lodo de esgoto) a serdegradado. Os materiais são dosadosatravés de roscas transportadoras, emproporções definidas por meio de umbalanço de massa prévio. Após adosagem, os materiais seguem para ummisturador onde são homogeneizadospara promover maior contato entre osmesmos. (9)Através de esteiras, este material étransportado para um reator biológico.O reator biológico foi dimensionado deforma a promover ótimas condições deaeração e isolamento térmico. A câmarade insuflação foi construída de modo areter em sua parte superior o substrato,e permitir, através de aberturas, apassagem do ar através da massa emcompostagem. O isolamento térmicoexistente nas paredes laterais do reator éconstituído de uma camada de espumade poliuretano. No topo do reator existea camada de exaustão, onde épromovido vácuo para facilitar a aeraçãoe a retirada dos gases provenientes daoxidação biológica. O controle datemperatura é feito através de umatermoresistência inserida pela tampa doreator. (9)O processo é controlado por umsoftware, que o divide em duas fases. Aprimeira, a de aumento da temperaturado substrato, o início do processo decompostagem, recebe aeração numintervalo que varia de 6 (seis) a 30(trinta) minutos, para concentrações deoxigênio nos gases de exaustãosuperiores a 16% e inferiores a 20%. Asegunda, a de declínio de temperatura, ointervalo de aeração varia de 30 (trinta) a60 (sessenta) minutos, paraconcentrações de oxigênio superiores a18% na linha de exaustão. (9)O sistema de aeração é constituído portubulações de insuflação e exaustão,válvulas, mangueiras, conjunto de fixaçãoao reator biológico e biofiltro. Este biofiltroserve para impedir que os gases maucheirososproduzidos durante o processo,sejam lançados diretamente na atmosfera.Nele ocorre uma série de princípios físicos,químicos e biológicos o gás em contatocom o meio filtrante, promovendo retiradadas substâncias gasosas provenientes daoxidação biológica que ocorre no interiordo reator. Possui as mesmas característicasconstrutivas do reator, porém é carregadocom composto maturado. (9)Os reatores possuem em sua parteinferior uma linha de drenagem dochorume produzido, o que permite suaretirada por gravidade, armazenagem eposterior reciclo. (9)Ao final do processo, o reator édescarregado através da abertura daporta frontal. Em sua base é instalado umpistão hidráulico que promove inclinação44Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


necessária para o descarregamento domaterial no pátio de cura. (9)O material fica 14 (quatorze) dias noreator e mais 14 dias no pátio.LODO DE ESGOTOO lodo de esgoto é o resíduo geradono tratamento das águas residuáriasurbanas (esgoto). Estas são tratadascom a finalidade de reduzir sua cargapoluidora para garantir seu retorno aoambiente sem causar degradaçãoambiental. (1)A presença ou ausência de coliformestotais e termotolerantes foi feita atravésdo Método Colorimétrico/Enzimático,adicionando o reagente Fluorocult LMX a100mL da diluição 10 -6 . Verificou-semudança de cor para coliformes totais efluorescência para termotolerantes.Inoculou-se 1mL da diluição 10 -6 emÁgar Enterococos para determinar apresença e quantidade de enterococosfecais, 0,1mL da mesma diluição em PCA,para determinar a quantidade debactérias heterotróficas e 0,1mL damesma diluição em PDA, paradeterminar a quantidade de fungos eleveduras. Estas três determinaçõesforam feitas pela técnica doespalhamento em placas de Petri.Todos os experimentos foramrealizados em triplicata e foramanalisadas duas bateladas.RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados das análisesmicrobiológicas estão expressos nastabelas abaixo:OBJETIVOO objetivo do presente trabalho foiverificar a eficiência do sistema Kneer®de compostagem acelerada, alimentandoo reator com a mistura de poda vegetale lodo proveniente da Estação deTratamento de Esgoto Belém (ETEBelém), na proporção de 3:1 (trêspartes de poda para uma parte delodo), no que diz respeito à eliminaçãode microrganismos patogênicos.METODOLOGIAApós o reator ser alimentado,amostras foram retiradas nos dias 0, 3,7, 11, 14, 28 e 32, do tempo em que omaterial permaneceu no reator e nopátio de compostagem. Estas amostrasforam retiradas conforme a NBR 100<strong>07</strong>,e transportadas para o laboratório doCEFET-PR em uma caixa de isopor comgelo.Para a análise de microrganismos(coliformes totais, termotolerantes,enterococos fecais, bactériasheterotróficas e fungos e leveduras),foram feitas diluições de 30 (trinta)gramas da amostra, de 10 -1 a 10 -6 , emsolução salina 0,9%.Tab. 1. Resultados das análises da batelada 1.Tab. 2. Resultados das análises da batelada 2.dezembro 20<strong>07</strong>45


Os resultados encontrados paracoliformes totais e termotolerantesdemonstram que a compostagemocorreu de maneira esperada. Pode-seconsiderar o mesmo para osEnterococos Fecais. A análise debactérias, fungos e leveduras foi feitapara confirmar a presença destes nomaterial antes de ser degradado eposteriormente, como composto.CONCLUSÃOA compostagem é uma alternativaapropriada de disposição final deresíduos sólidos orgânicos. Para que ocomposto formado seja de boaqualidade ou, para que haja melhorescondições do processo decompostagem, a coleta seletivaadequada dos resíduos sólidos urbanos,separando os recicláveis dos orgânicos,se faz necessária.A principal apreensão, no que dizrespeito a microrganismos no composto,é a eliminação dos patogênicos. Estapode se feita através de um ótimocontrole de fatores físico-químicos,durante o processo de compostagem.As análises da quantidade debactérias, fungos e levedurasconfirmaram a biota existente nomaterial, tanto em fase termófila quantona fase mesófila.A compostagem acelerada semostrou um excelente método detransformação de matéria orgânica emadubo orgânico, desde que feita deforma controlada.REFERÊNCIAS1. ANDREOLI, C., PEGORINI, E. Gestão Pública doUso Agrícola de Lodo de Esgoto;2. BIDONE, F. R. A., PAVINELLI, J. ConceitosBásicos de Resíduos Sólidos. Publicação EESC –USP São Carlos, SP, 1999;3. Curso de Especialização em EngenhariaAmbiental, Microbiologia do Processo deCompostagem, 2003;4. FERNANDES, F., ANDREOLI, C. Manual Práticopara a Compostagem de Biossólidos. Rio deJaneiro: Associação Brasileira de EngenhariaSanitária e Ambiental (ABES). Programa deSaneamento Básico, 1999;5. KIEHL, E. J. Manual de Compostagem.Piracicaba: ESALQ-USP, 1998;6. KIEHL, E.J. O processo de compostagem do lixourbano. Anais do I Simpósio Estadual de LixoUrbano, 09 a 10/outubro/1986. Curitiba – PR.7. Nassu. K. Compostagem: uma propostaalternativa para o aproveitamento da matériaorgânica dos resíduos sólidos urbanos.8. PEREIRA NETO, J. T. Quanto Vale o Nosso Lixo.Minas Gerais: Ed. Gráfica Orion, 1999;9. TIBAGI, SISTEMAS AMBIENTAIS SistemaKneer® de Compostagem Acelerada. Curitiba,2000;46Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número 8


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