EditorialNa reunião de 10 de <strong>Outubro</strong> de <strong>2002</strong>, oConselho <strong>do</strong> <strong>BCE</strong> decidiu deixar inalterada, em3.25%, a taxa mínima de proposta aplicável àsoperações principais de refinanciamento <strong>do</strong>Eurosistema. As taxas de juro aplicáveis àfacilidade permanente de cedência de liquidez eà facilidade permanente de depósito foramigualmente mantidas sem alterações, em 4.25%e 2.25%, respectivamente.Esta decisão baseou-se numa análiseabrangente, incluin<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s mais recentes,das tendências monetárias, financeiras eeconómicas na área <strong>do</strong> euro, no âmbito daestratégia de política monetária <strong>do</strong> <strong>BCE</strong>. OConselho <strong>do</strong> <strong>BCE</strong> concluiu que os riscos paraa estabilidade de preços estão actualmenteequilibra<strong>do</strong>s.Em relação à análise <strong>do</strong> primeiro pilar, a médiade três meses das taxas de crescimentohomólogas <strong>do</strong> M3 foi de 7.1% no perío<strong>do</strong> deJunho a Agosto de <strong>2002</strong>, face a 7.3% entre Maioe Julho. Assim, na área <strong>do</strong> euro, o crescimentomonetário manteve-se forte e a liquidez ampla.A recente evolução monetária deve, noentanto, ser interpretada com cuida<strong>do</strong>. Por umla<strong>do</strong>, as tendências monetárias foraminfluenciadas pela considerável incerteza nosmerca<strong>do</strong>s financeiros e, por conseguinte,reflectem, em parte, uma forte preferência <strong>do</strong>sinvesti<strong>do</strong>res pela liquidez. Por outro la<strong>do</strong>, onível baixo das taxas de juro de curto prazoterá estimula<strong>do</strong> a expansão monetária, o que sereflecte particularmente no aumento <strong>do</strong>agrega<strong>do</strong> estreito M1. Simultaneamente, osempréstimos ao sector priva<strong>do</strong> parecemestabilizar em taxas de crescimento superioresa 5%, uma taxa de expansão que, em termosreais, está praticamente em consonância com amédia de longo prazo.Consideran<strong>do</strong> todas as informações referentesao primeiro pilar, numa perspectiva de médioprazo, a liquidez disponível é maior <strong>do</strong> que anecessária para financiar um crescimentosustentável e não inflacionista.Contu<strong>do</strong>,ten<strong>do</strong> emconta a actual conjuntura económica, o Conselho<strong>do</strong> <strong>BCE</strong> não considera que tal implique riscos paraa estabilidade de preços num futuro próximo.Relativamente ao segun<strong>do</strong> pilar, os últimosda<strong>do</strong>s e resulta<strong>do</strong>s de inquéritos confirmamque a actividade económica na área <strong>do</strong> europermanece moderada. Esta informação sugereque o crescimento real <strong>do</strong> PIB no terceirotrimestre de <strong>2002</strong> poderá revelar-se semelhanteao <strong>do</strong> primeiro e segun<strong>do</strong> trimestres, quan<strong>do</strong> aexpansão em termos trimestrais em cadeiaatingiu 0.4%. Neste contexto, é pouco provávelque se concretizem as anteriores expectativasde uma aceleração da actividade económica nosegun<strong>do</strong> semestre de <strong>2002</strong>. Dada a moderadaevolução económica, as previsões deinstituições públicas e privadas para ocrescimento real <strong>do</strong> PIB foram revistas em baixae a recente evolução <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s financeirostambém aponta para expectativas de umcrescimento mais fraco.Todavia, o principal cenário para a área <strong>do</strong> euroé de um regresso, ao longo de 2003, a taxas decrescimento económico em linha com opotencial. Este cenário, que tem em conta ossóli<strong>do</strong>s fundamentos económicos da área <strong>do</strong>euro, está dependente de uma recuperação daprocura interna e de um crescimento mais forteda economia mundial.No entanto, a incerteza quanto às perspectivasde evolução económica é elevada, devi<strong>do</strong>, emespecial, às descidas acentuadas <strong>do</strong>s preços dasacções e ao seu potencial impacto negativo naeconomia, assim como às tensões geopolíticas,reflectidas na subida <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong> petróleo. Oaumento, ao longo <strong>do</strong>s últimos anos, dadetenção directa e indirecta de títulos departicipação por parte das famílias na área <strong>do</strong>euro contribuiu para aumentar as possibilidadesde a recente evolução nos merca<strong>do</strong>s financeirospoder vir a afectar negativamente o consumoatravés de efeitos sobre a riqueza. Além disso,a recente evolução <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s financeirospoderá tornar mais caro o financiamento <strong>do</strong>investimento das empresas na área <strong>do</strong> euroatravés da emissão de títulos de participaçãoem capital. Não obstante a informaçãodisponível sugerir que os efeitos directos dasalterações nos merca<strong>do</strong>s bolsistas sobre oconsumo na área <strong>do</strong> euro devam serrelativamente limita<strong>do</strong>s e muito mais reduzi<strong>do</strong>s<strong>do</strong> que em outras grandes economias, o facto<strong>BCE</strong> • <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong> • <strong>Outubro</strong> <strong>2002</strong>5
de os preços das acções terem baixa<strong>do</strong>abruptamente em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> aumentou osriscos descendentes em torno da recuperação.Adicionalmente, os desequilíbrios na economiamundial e as suas possíveis repercussões naeconomia da área <strong>do</strong> euro continuam aconstituir uma fonte significativa de riscos parao crescimento. Em geral, é especialmente difícil,nesta conjuntura, determinar quan<strong>do</strong> terá lugarum novo fortalecimento da recuperaçãoeconómica, tanto na área <strong>do</strong> euro como a nívelmundial.Em relação à evolução <strong>do</strong>s preços, em Agosto,a inflação homóloga, medida pelo IHPC, foi de2.1%. A primeira estimativa preliminar <strong>do</strong>Eurostat para Setembro aponta para uma taxade inflação homóloga <strong>do</strong> IHPC de 2.2%.Apesarde ainda não estar disponível informaçãopormenorizada sobre cada uma dassubcomponentes <strong>do</strong> IHPC, o recente aumentoreflecte, provavelmente, a subida <strong>do</strong>s preços<strong>do</strong>s produtos energéticos. Esta evoluçãopermanece, em geral, em consonância comanteriores expectativas de que as taxas deinflação irão oscilar em torno de 2% ao longo<strong>do</strong> resto <strong>do</strong> ano. No que diz respeito a Agostode <strong>2002</strong>, mês para o qual estão disponíveisda<strong>do</strong>s referentes às diferentes componentes, ainflação <strong>do</strong> IHPC, excluin<strong>do</strong> os preços <strong>do</strong>sprodutos alimentares não transforma<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>sprodutos energéticos, manteve-se em 2.5%,próximo <strong>do</strong> nível observa<strong>do</strong> no início de <strong>2002</strong>.Esta taxa de crescimento oculta, no entanto,evoluções muito diferentes. Enquanto a taxa decrescimento <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s produtosindustriais não energéticos registou umatendência descendente significativa ao longo de<strong>2002</strong>, a dinâmica <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s serviçosmanteve-se forte.Em termos prospectivos, as tendências decurto prazo da inflação serão afectadas pelaevolução <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong> petróleo.Simultaneamente, a taxa de câmbio <strong>do</strong> euro,que registou um fortalecimento desde o início<strong>do</strong> corrente ano, e a conjuntura económicaglobal deverão contribuir para uma reduçãodas pressões inflacionistas. Todavia, a avaliaçãode que as taxas de inflação irão baixar epermanecer abaixo de 2% está dependente daevolução <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong> petróleo e damoderação salarial. Neste aspecto, ocrescimento <strong>do</strong>s salários nominais vinha aregistar uma tendência ascendente, a qual,segun<strong>do</strong> indícios preliminares, parece terdeixa<strong>do</strong> de se fazer sentir apenasrecentemente. A inércia na evolução <strong>do</strong>spreços no consumi<strong>do</strong>r na área <strong>do</strong> euro,particularmente nos preços <strong>do</strong>s serviços, étambém um factor que requer vigilância.Em geral, a política monetária manter-se-áorientada para a estabilidade de preços econtinuará a centrar-se no médio prazo,fornecen<strong>do</strong> aos consumi<strong>do</strong>res e investi<strong>do</strong>resuma âncora fiável. Na presente conjuntura, aevolução da procura agregada e da taxa decâmbio deverá contribuir para umabrandamento das pressões inflacionistas, aopasso que a evolução monetária e <strong>do</strong>s preços<strong>do</strong> petróleo, bem como as tendências salariaispoderão apontar para riscos no senti<strong>do</strong>oposto. Consequentemente, é necessárioacompanhar de perto to<strong>do</strong>s os factorespassíveis de influenciar o equilíbrio <strong>do</strong>s riscospara a estabilidade de preços a médio prazo.Quanto às políticas orçamentais na área <strong>do</strong>euro, o Conselho <strong>do</strong> <strong>BCE</strong> regista compreocupação que é ainda insuficiente a ambiçãode alguns países de alcançarem situaçõesorçamentais próximas <strong>do</strong> equilíbrio ouexcedentárias no médio prazo. Os actuaisproblemas nas finanças públicas em algunspaíses derivam <strong>do</strong> facto de estes últimos nãoterem aproveita<strong>do</strong> a oportunidade demelhorarem de forma substancial as suassituações orçamentais quan<strong>do</strong> as taxas decrescimento económico eram consideravelmentemais elevadas <strong>do</strong> que no momentoactual. Uma vez que esta oportunidade foidesperdiçada, agora a única alternativa parato<strong>do</strong>s os países que continuam a registardesequilíbrios é assumirem com firmeza aobrigação de evitarem défices excessivos, deacor<strong>do</strong> com o Trata<strong>do</strong>, e obterem situaçõesorçamentais próximas <strong>do</strong> equilíbrio ouexcedentárias, como exigi<strong>do</strong> pelo Pacto deEstabilidade e Crescimento. É necessário agirrápida e decididamente no senti<strong>do</strong> de sedefinirem trajectórias de ajustamento credíveis,6 <strong>BCE</strong> • <strong>Boletim</strong> <strong>Mensal</strong> • <strong>Outubro</strong> <strong>2002</strong>
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