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INFO 27 - Ordem dos Engenheiros Região Norte

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FNEEC TOMA POSSENA SEDE NACIONAL DAORDEM DOS ENGENHEIROSDecorreu no passado dia 18 deFevereiro a tomada de posse <strong>dos</strong>novos órgãos sociais da FederaçãoNacional de Estudantes de EngenhariaCivil, na sede da nacional de<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, integrandotambém uma conferência sobre os“Jovens <strong>Engenheiros</strong> e a Internacionalização”proferida pelo engenheiroBento Aires. A cerimónia foipresidida pelo engenheiro OctávioAlexandrino, presidente do ConselhoDirectivo da <strong>Região</strong> Cento emrepresentação do Bastonário da<strong>Ordem</strong> do <strong>Engenheiros</strong>.A Federação Nacional de Estudantesde Engenharia Civil reúne associaçõesde estudantes de nove cursosde engenharia civil de universidadespúblicas portuguesas, e durante opróximo ano a direcção da FNEECserá presidida por André Magalhães,estudante da Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro.A sessão foi conduzida pelo presidentea Assembleia Geral cessanteda FNEEC, Tiago Sá Carneiro, queresumiu o trabalho desenvolvidopela federação desde a sua génese,em 2005, até ao corrente ano.André Magalhães demonstrou a suapreocupação com o momento económico-financeiroque o país está aviver e as consequências que sãosentidas ao nível da empregabilidade<strong>dos</strong> profissionais de engenharia.Demonstrou ainda a sua preocupaçãocom o estrangulamentofinanceiro que as instituições deensino superior estão a viver bemcomo da dificuldade de acesso <strong>dos</strong>estudantes às bolsas de estudo.Terminou com o pedido de apoio da<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> aos estudantesde engenharia, facilitando oacesso às acções e actividades dasua organização, propondo a criaçãode um concurso nacional,envolvendo a FNEEC, a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong><strong>Engenheiros</strong> e uma empresa a convidarpara premiar uma tese demestrado em engenharia civil.A conferência sobre os “Jovens<strong>Engenheiros</strong> e a Internacionalização”foi proferida pelo engenheiro BentoAires, do Grupo de Trabalho deJovens <strong>Engenheiros</strong> da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>e Presidente da Comissão Executivado Congresso Ibérico de Jovens<strong>Engenheiros</strong>. Bento Aires apresentouo CIJE’12. Relativamente ao tema daconferência deu a conhecer algunsindicadores da evolução do mercadoda construção civil em Portugal e dasoportunidades de internacionalização,considerando que a internacionalização“é uma resposta às necessidadesdo mercado”.Abordou também o défice em inovaçãoque Portugal tem face a paísescom que compete directamente,devendo a engenhariaapostar na inovação como forma depotenciar a produção interna dopaís como apoio à internacionalização,lançando o desafio aos estudantesde engenharia para procuremeles próprios colocarem-se aoserviço das empresas fazendoinvestigação ao serviço dessasempresas. Terminou indicando queo mercado de trabalho de hoje églobal, que temos um país de recursos,um Europa como primeiro mercadoe plataforma de cooperação,mas que na realidade a missão daengenharia envolve todo o mundo.Em representação do Bastonário da<strong>Ordem</strong> do <strong>Engenheiros</strong>, OctávioAlexandrino referiu que a <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> é também a casa<strong>dos</strong> estudantes de engenharia,tendo a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>adaptado o Regulamento de Acreditaçãoe Qualificação aos novostempos e molde da formação superior,recebendo agora como membrosto<strong>dos</strong> os estudantes de engenharia,licencia<strong>dos</strong>, mestra<strong>dos</strong> edoutora<strong>dos</strong> em engenheira. Deixoutambém uma mensagem do Bastonáriosobre a internacionalização,onde indicava que “a internacionalizaçãomais do que uma oportunidade,é uma necessidade”, anunciandotambém que hoje aengenharia é global e que o mercadoestá a reorganizar-se retomandoindústrias até aqui menosprezadas,sobretudo no sectorprimário e no aproveitamento <strong>dos</strong>recursos naturais. Reiterando aengenharia como uma profissão deconfiança publica e o papel da<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> enquantogarante da qualidade do exercícioprofissional.ASSEMBLEIA GERALDA ISHCCOA delegação norte da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong><strong>Engenheiros</strong> recebeu, no passadodia 3 de Março de 2012, a assembleiageral da International Safetyand Health Construction CoordinatorsOrganization (ISHCCO). A<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> é membroda ISHCCO, representada pelaEspecialização em Segurança noTrabalho da Construção do Colégiode Engenharia Civil. Participamregularmente nas atividades daISHCCO o Eng.º Ricardo da CunhaReis, como secretário-geral, fazendoainda parte o Eng.º Alfredo Soeiro nogrupo de trabalho para a “Certificaçãode Coordenadores de Segurançae Saúde”. A ISHCCO integraassociações da Alemanha, Áustria,Bélgica, Espanha, França, Itália,Luxemburgo e Reino Unido, permitindoà <strong>Ordem</strong> do <strong>Engenheiros</strong> internacionalizara representatividade<strong>dos</strong> seus membros.ASSEMBLEIA REGIONALORDINÁRIAA Assembleia Regional Ordinária,presidida pelo Engenheiro José FerreiraLemos, realizou-se no dia 26 deMarço na sede da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, nostermos nº 5 do artº 30º do Estatuto da<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>.Esta sessão teve como ordem de trabalhosa apreciação e votação relativaao Relatório e Contas do ConselhoDirectivo e o parecer do Conselho Fiscalrelativos ao exercício de 2011 (alíneab, ponto 2, do art.º 30 do Estatuto),tendo estes sido aprova<strong>dos</strong> porunanimidade..9


LANÇAMENTO DO MANUAL DE APOIO AO PROJECTODE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS ANTIGOSA <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e os autores da publicação Manualde Apoio ao Projecto de Reabilitação de Edifícios Antigos, têm a honrade convidar v. Ex.ª para o lançamento da obra, que terá lugar no SalãoÁrabe do Palácio da Bolsa – Porto, no dia 10 de maio, às 17h30.A sessão contará com as intervenções do Eng.º Matos de Almeida, do Prof.Vasco Peixoto de Freitas, do Prof. Valente de Oliveira, do Eng.º FernandoSantos e do Dr. Rui Moreira.OE PARTICIPA EM ACÇÃO DE ESCLARECIMENTO SOBRE ONOVO RAQO Vice-Presidente da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> (OE), José Vieira, e o Presidentedo Conselho Directivo da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, Fernando de Almeida Santosvisitaram, no passado dia 14 de Março, a Universidade Lusófona do Porto,onde participaram numa acção de divulgação da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>,dando especial enfoque ao novo Regulamento de Admissão e Qualificaçãoda OE.A visita iniciou com uma reunião entre os representantes da OE e da ULP,Fernando Santos Neves, Reitor da ULP, Manuel Damásio, Administradorda UP e Presidente da Direcção do Grupo Lusófona, Artur Costa, Directorda Faculdade de Ciências Naturais, Engenharias e Tecnologias, e JoaquimPais Barbosa, Director da Licenciatura em Engenharia Civil e Mestrado emEngenharia do Ambiente.Seguiu-se uma palestra proferida pelo Engenheiro José Vieira, que deu aconhecer aos estudantes e docentes o novo Regulamento de Admissão eQualificação da OE, apresentando a situação das formações superiores emEngenharia em Portugal e a necessidade de revisão do RAQ face ao contextovivido, assim como as alterações essenciais.Com o novo RAQ cumpre-se o impedimento legal de não efectuar acreditaçõesde ciclos de estu<strong>dos</strong> para fins profissionais e adopta-se um processode admissão de candidatos respeitando as qualificações individuais decorrentes<strong>dos</strong> conhecimentos, aptidões e competências obtidas em diferentesciclos de estu<strong>dos</strong> de Engenharia, referiu José Vieira.No final os intervenientes não deixaram de referir a importância destas iniciativas,sendo necessário reforçar o relacionamento entre as Escolas e osestudantes de Engenharia em torno da associação profissional <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>,no sentido <strong>dos</strong> novos diploma<strong>dos</strong> poderem, com segurança, ajustar-seàs realidades profissionais que terão de enfrentar no futuro.“No momento em que se desenha um grande movimento de reabilitaçãourbana, em Portugal, gostaríamos de facultar a to<strong>dos</strong> os técnicos um guiageral de apoio ao projecto de reabilitação (…)” ;“Aos conteú<strong>dos</strong> com a densidade técnica própria dum manual de engenharia,o livro conseguiu aliar uma ilustração exuberante que converte asua leitura num acto lúdico convidativo”António Matos de Almeida, Secretário do Conselho Directivo da <strong>Região</strong><strong>Norte</strong> da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>“É nossa convicção que este livro será um contributo para o reconhecimentodirecionado para <strong>Engenheiros</strong> e Arquitectos que vejam na reabilitaçãode edifícios antigos o desafio, aparentemente contraditório, dereabilitar de forma pouco intrusiva, preservando um legado do passado,com custos reduzi<strong>dos</strong> e satisfazendo as exigências de conforto actuais.”Vasco Peixoto de Freitas, FEUP11


NOTÍCIASAPRESENTAÇÃO OFICIALDO CIJE’12 EM MADRIDO CIJE’12 – 1º Congresso Ibérico deJovens <strong>Engenheiros</strong>, que irá decorrerno Theatro Circo, em Braga,entre 18 e 20 de Maio, foi apresentadono passado dia 20 de Marçoem Madrid, Espanha. Organizadapela <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> (OE) epelo Colegio de Caminos Canales yPuertos (CICCP), a apresentação àcomunidade de engenheiros espanhóisrealizou-se na sede do CICCP,pelas 19h00.A delegação portuguesa contou comas presenças de António MachadoMoura, em representação da <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, Bento Aires, Presidenteda Comissão Executiva doCIJE’12, e Ana Margarida Marques,responsável executiva pela organizaçãodo CIJE’12.Do lado espanhol estiveram presentesEdelmiro Rúa Alvarez, Presidentedel Colegio de Ingenieros deCaminos, Canales y Puertos, CarlosNardiz Ortiz, Decano de la Demarcaciónde Galicia del colegio deIngenieros de Caminos, Canales ePuertos e ainda Ángeles Martín, Jefadel Servicio de Empleo del Colegiode Ingenieros de Caminos Canales yPuertos.Portugal e Espanha têm afinidadeshistóricas, um espaço geográficocomum – a Península ibérica –vivem momentos socioeconómicosidênticos, partilham um bom relacionamentoinstitucional, traduzido,também, ao nível das suas associaçõesprofissionais de engenharia.Assim, a partilha e cooperação sãofactores críticos no sucesso da intervençãoda engenharia ibérica,sendo o CIJE’12 um momento deviragem da mesma, promovendo-ainternamente, internacionalmente esobretudo abrindo-a à sociedade.Este foi um <strong>dos</strong> assuntos mais aborda<strong>dos</strong>na apresentação que deu aconhecer os principais objectivos epontos fortes do CIJE’12 aos jovenspresentes.Foi também promovida a parceriacom Braga 2012, com a apresentaçãode um vídeo da Capital Europeiada Juventude que tem porobjectivo o desenvolvimento deacções de âmbito cultural, social,político e económico, destinadasaos jovens europeus.Os vários temas foram brevementeexpostos, temas estes que traduzemo momento em que vivemos e asoportunidades de futuro: Empreendedorismo,Internacionalização eRelações Transfronteiriças, Empregabilidadee Inovação e Sustentabilidade.Seguiu-se uma nota biográficasobre os oradores convida<strong>dos</strong>,personalidades especialistas emcada uma das áreas de discussãoque irão partilhar as suas experiênciase conhecimento com os participantes.Carlos Nardiz e Bento Aires frisaramainda a relevância da construçãode um espaço competitivo quepromova a engenharia ibérica,aliando o facto <strong>dos</strong> países commaior potencial de crescimento edesenvolvimento económico estaremmaioritariamente no continenteAfricano e América do sul,onde as línguas portuguesa e castelhanasão predominantes.Também a importância da comunicaçãoe divulgação do CIJE’12,assim como a ligação aos jovensfoi referida, no sentido em que sóassim é possível obter uma maiorprojecção e tornar o CIJE’12 umevento de referência junto <strong>dos</strong>jovens engenheiros, estudantes deengenharia, profissionais de engenhariae sociedade em geral.A apresentação terminou comaquele que é já o principal motedo CIJE’12: “Há 600 anos inventamosa globalização e conquistamoso mundo com Homens, hojevamos fazê-lo com Engenho eArte”.12<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


ORDEM DOS ENGENHEIROSINAUGURA EXPOSIÇÃO“PONTES DO RIO DOURO”A <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, em parceriacom a Fundação Museu doDouro, inaugurou, a 18 de abril, noMuseu Do Douro, na Régua, a exposição“Pontes do Rio Douro”.A iniciativa, integrada nas comemoraçõesdo 75.º Aniversário da<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> e promovidapela Especialização em Transportese Vias de Comunicação, dácontinuidade ao trabalho desenvolvidopelo Engenheiro António Vasconcelosno livro “As Pontes <strong>dos</strong>Rios Douro e Tejo”, editado pela<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, e serve oobjetivo principal de dar a conheceras dezoito pontes que atualmenteatravessam o rio Douro no trajetonacional, e também outras que porvárias razões foram entretantodemolidas, além de promover umajusta homenagem a to<strong>dos</strong> os engenheirosque as projetaram e construíram.A exposição exalta o domínio da técnicapor parte do homem, masigualmente a beleza e imponênciade um Rio, destacou Carlos MatiasRamos, Bastonário da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong><strong>Engenheiros</strong>.Seguiu-se uma breve apresentaçãopelo Engenheiro António Vasconcelos<strong>dos</strong> painéis em exposição queiniciou com a frase de Edgar Car<strong>dos</strong>o“Em to<strong>dos</strong> os rios há um sítioque foi feito para pôr uma ponte.É preciso encontrá-lo”.Painéis em Exposição: AntigaPonte das barcas; Antiga PontePênsil do Porto; Ponte da Arrábida;Ponte Luis I; Ponte InfanteD. Henrique; Ponte Maria Pia(desactivada); Ponte São João;Ponte do Freixo; Ponte do IC 24/A41 (CREP); Antiga Ponte HintzeRibeiro; Ponte Hintze Ribeiro;Ponte de Entre-os-Rios; AntigaPonte de Mosteirô; Ponte de Mosteirô;Ponte da Ermida; PonteMetálica da Régua (reabilitadapara uso pedonal); Ponte de Alvenariada Régua; Ponte MiguelTorga; Ponte do Pinhão (desactivada);Antiga Ponte Ferroviária daFerra<strong>dos</strong>a; Ponte Ferroviária daFerra<strong>dos</strong>a; Ponte rodo ferroviariado Pocinho; Ponte Almirante SarmentoRodrigues (Barca de Alva);Pontes metálicas – Maria Pia eLuis I; pontes ferroviárias – ferra<strong>dos</strong>a;Pontes em betão armado.13


NOTÍCIASOE APOSTA NAS RELAÇÕESINTERNACIONAISVenezuela, Colômbia e PeruA <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> (OE) temvindo a assumir um papel interventivonas relações internacionais deengenharia. Nesse sentido, dirigentesda OE têm reunido com entidadesde engenharia no sentido depotenciar e consolidar relações bilaterais.Por razões profissionais o Presidenteda <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> da <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, Fernando deAlmeida Santos, esteve na Américado Sul em Março de 2012.A 06 de Março reuniu em Caracas,Venezuela, com dirigentes do Colégiode <strong>Engenheiros</strong> da Venezuela, oPresidente Enzo Betancourt e seuassessor de imprensa e jurídico.Seguiu-se Bogotá, Colômbia, a 08de Março, onde esteve com dirigentesda Sociedad Colombiana deIngenieros (SCI), nomeadamentecom o Presidente Daniel FlorezPerez e o seu assessor Executivo. A12 de Março em Lima, Peru, com oPresidente da Sociedad de Ingenierosdel Peru (SIP), Gustavo SaavedraGarcia. Nesta reunião Fernandode Almeida Santos fez-se acompanharpelo Presidente da Mota- EngilPeru, o Eng.º Rui Guimarães.Estas reuniões visaram o facto dePortugal querer aprofundar relaçõesbilaterais com os países daAmérica Latina e também pelofacto de a OE presidir ao Conselhodas Associações Profissionais de<strong>Engenheiros</strong> Civis de Língua Portuguesae Castelhana. Foram transmiti<strong>dos</strong>os cumprimentos do Bastonárioda OE.Entre os temas trata<strong>dos</strong> destaca-seo convite feito por Fernando deAlmeida Santos, em nome do Bastonárioda OE, ao Colégio de <strong>Engenheiros</strong>da Venezuela e à SociedadeColombiana de <strong>Engenheiros</strong> paraintegrar o Conselho das AssociaçõesProfissionais de <strong>Engenheiros</strong> Civisde Língua Portuguesa e Castelhanapresidida actualmente pela OE Portugal.O convite foi imediatamenteaceite passando a Venezuela a ser o23º país a aderir e a Colômbia o24º,<strong>dos</strong> quais a Sociedade de <strong>Engenheiros</strong>do Peru já faz parte.A formalização oficial será acordadaaquando do encontro entre oBastonário da OE de Portugal e osrespectivos presidentes das duasinsti tuições.A Cimeira do Conselho das AssociaçõesProfissionais de <strong>Engenheiros</strong>Civis de Língua Portuguesa e Castelhanaserá organizado pela <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> em Portugal. ACimeira decorrerá no dia 15 deMarço de 2013, em Braga, e inclui14<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


o 4.º Congresso Ibéro-Americano deEngenharia Civil que decorrerá noPorto nos dias 16 e 17 de Março de2013.Enzo Betancourt, presidente doColegio de Ingenieros de Venezuela,convidou o Bastonário da OE aassistir em Caracas, nos dias 17,18e 19 de Maio, ao “II Seminário –Pensar en America”. O Bastonáriofar-se-á representar, acompanhadodo Eng. Álvaro Rodrigues, membroda <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, que fará umaintervenção ligada ao tema dasEnergias Renováveis.BrasilAproveitando a sua participação noXV SILUBESA, Simpósio Luso-Brasileirode Engenharia Sanitária eAmbiental, o Vice-presidente nacionalda OE, José Vieira, reuniu em Brasíliaa 23 de Março, com dirigentes doConselho Federal de Engenharia eAgronomia (CONFEA). A reunião tevea participação do Presidente JoséTadeu da Silva, do Conselheiro FederalLuis Eduardo Castro Quitério e doAssessor Internacional Flávio Henriqueda Costa Bolzan.Foi abordado o ponto da situaçãorelativa ao Acordo de Admissão Temporáriae compromissos assumi<strong>dos</strong>pelas duas Instituições no âmbito doAcordo de Coimbra, de 26 deNovembro de 2011.Os dirigentes doCONFEA referiram existir muitasresistências, por parte de váriosCREA, em ratificar o Acordo. Asrazões destas dificuldades assentamem argumentos relaciona<strong>dos</strong> comaspectos como a “obrigatoriedade”de estender a profissionais de quaisqueroutros países signatários doAcordo Geral do Comércio (ao qualBrasil e Portugal estão obriga<strong>dos</strong>); aobrigatoriedade de se respeitaremprincípios legais no âmbito das competênciasdas universidades brasileirasrelativamente a equivalências dediplomas em Engenharia.O vice-presidente da OE referiu queo acordo deve ser entendido comomutuamente benéfico e não comouma “abertura” ao livre exercício daprofissão no Brasil por parte deengenheiros portugueses e que avontade política <strong>dos</strong> dois governos(Português e Brasileiro) deve sobrepor-sea eventuais peias burocráticasque possam desvirtuar as suasdecisões.Devido a este impasse, a OE temtido uma postura conservadora relativaaos engenheiros brasileiros, atéhaver comprovação efetiva de reciprocidadeprofissional.As relações bilaterais estão garantidas,estando previsto para Maio ouJunho de 2012 uma reunião de trabalhoem Lisboa entre as duas AssociaçõesProfissionais. Está tambémprevista a organização pela OE deuma “Missão de <strong>Engenheiros</strong> aoBrasil”, que terá lugar em Setembrode 2012 com visitas a Brasília, SãoPaulo e Rio de Janeiro.15


PROFISSIONALOE, O PAPELINTERVENTIVONAS RELAÇÕESINTERNACIONAISDE ENGENHARIAGABINETE DERELAÇÕES EXTERNASDA ORDEM DOS ENGENHEIROS(GRE)Fernando de AlmeidaSantosPresidente do ConselhoDiretivo da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>da <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>O Conselho Diretivo Nacional (CDN) da <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> decidiu criar uma estruturainterna de apoio ao Bastonário denominada Gabinetede Relações Externas (GRE). Esta decisãoadvém de uma reflexão interna sobre as necessidadesestruturais de atuação da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>na atual conjuntura económica nacional eface às necessidades atuais e novos desafios relativosà engenharia e aos engenheiros portugueses.Foi então definido um Regulamento do Gabinetede Relações Externas aprovado pelo CDN nasua reunião de 17 de Outubro de 2011.Preside ao GRE o Bastonário da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>,que estatutariamente é o seu Órgãorepresentativo institucional, seja nas relaçõesinternas, seja nas relações internacionais. Ficoutambém definido um corpo 3 pessoas para acoordenação do GRE sendo que o coordenadorserá sempre um membro do CDN. No caso particularficou nomeado o Eng.º Carlos MineirosAires, simultaneamente membro do CDN e presidentedo Conselho Diretivo da <strong>Região</strong> Sul. Sãotambém destaca<strong>dos</strong> 3 colaboradores da <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, que de forma não exclusiva dãoapoio técnico e de secretariado ao GRE.Do ponto de vista da orgânica o GRE divide-se emdois níveis de intervenções:■ Relações institucionais nacionais■ Relações internacionaisNo caso das relações institucionais nacionais pretende-seaprofundar as ligações institucionais aosórgãos de decisão do Estado, às escolas de engenharia,às associações empresariais e profissionaiscongéneres, bem como a todas as instituiçõesque pela sua importância ou intervençãopossa consubstanciar mais valias inter-relacionaispara a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> e para a intervenção<strong>dos</strong> seus membros.Destaca-se nestas relações institucionais nacionaisa ligação ao Governo e ao Parlamento. No caso daligação ao Governo, a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> temvindo a assumir a sua função de “braço de estado”ao alertar e disponibilizar-se para intervir no apoioàs ligações politicas internacionais (diplomacia económica)do Estado nas suas relações bilaterais comoutros esta<strong>dos</strong>, nomeadamente com o Brasil,Angola e Moçambique. Também na análise, acompanhamentoe propostas de legislação tem havidoforte intervenção da nossa Associação Profissional.No caso do Parlamento, tendo em consideraçãoque é aí que se faz o debate publico de muitosassuntos relativos à profissão de engenheiro ealiado ao facto de no Parlamento estarem tambémdeputa<strong>dos</strong> que são engenheiros, encetou-se umaligação que tem dado frutos relevantes, neste casoem completa antítese àquilo que se passou numpassado recente.No caso da ligação às Escolas de Engenharia,pretende a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> aprofundar osprotocolos já existentes e dinamizar ligações e eventuaisprotocolos com todas as que entenderemdinamizar o processo conjuntamente. A <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong>16<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONAL<strong>Engenheiros</strong> já encetou uma série de ações comvárias escolas de engenharia do ensino superior nosentido de divulgar o novo Regulamento de Admissãoe Qualificação (RAQ). Este propósito visa umaaproximação em larga escala junto <strong>dos</strong> corposdocentes e <strong>dos</strong> alunos de engenharia das escolasde engenharia portuguesas. Em alguns casos foi jáimplementado o “Dia da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>na Universidade/Faculdade/Escola”.Também com empresas ou associações profissionaistem já havido uma forte aproximação.A assinatura, no Porto, do protocolo com a AEP –Associação Empresarial de Portugal em 14 deJaneiro ultimo é um bom exemplo disso.Quanto às relações internacionais, ficou definidoao abrigo do GRE privilegiar 7 blocos distintosde atuação, sempre sob alçada do Bastonário. Paracada bloco definido ficam ainda nomea<strong>dos</strong> pelomenos 2 dirigentes, preferencialmente do CDN,como corresponsáveis dessas ligações internacionais.Pretende-se também nos blocos defini<strong>dos</strong>,encontrar localmente membros da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong><strong>Engenheiros</strong> que possam ser interlocutores e “pontosfocais” de consolidação da relação bilateral quea <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> pretende potenciar. Semprejuízo de todas as relações bilaterais existentesou que possam vir a existir, os blocos internacionaisdefini<strong>dos</strong> como prioritários foram os seguintes:■ União Europeia■ Espanha■ Angola■ Moçambique■ Brasil■ CPLP restante (Cabo Verde, Guiné Bissau, SãoTomé e Príncipe, Timor Leste e Macau)■ América LatinaPara cada um destes blocos é definido umplano de ações sujeito anualmente à aprovaçãopelo CDN. Sem prejuízo de outras ações já emcurso destacam-se ao nível das relações internacionaisas seguintes ações:■ União Europeia• a nomeação do Vice Presidente Nacional, emembro da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, Eng.º José Pereira Vieirapara o “board” da FEANI – Fédération Européennedes Associations Nationales de Ingénieures.• a participação da OE no sistema EUR-ACE,selo de qualidade de cursos de engenharia doensino superior• a nomeação e participação da OE no desenvolvimentodo Engeneering Card, que visa a criaçãode um cartão de engenheiro que seja reconhecidoem to<strong>dos</strong> os países da União Europeia.■ Espanha• Assinatura em 25 de Março de 2011 de Convéniocom o « Colegio de Ingenieros de Caminos,Canales y Puertos » de Espanha queacorda o reconhecimento mútuo bilateral deengenheiros civis portugueses e espanhóis.■ CPLP• Assinatura em 25 de Novembro de 2011 deProtocolo com o « CONFEA» de Brasil queacorda o reconhecimento provisório mútuo bilateralde engenheiros portugueses e brasileiros.• Evento de Engenharia em Luanda – Angola,no próximo dia 6 de Junho de 2012• Apoio na criação da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>de Timor Leste• Congresso da Engenharia de Língua Portuguesa,dia 18 de Outubro, em Lisboa■ América Latina• Desenvolvimento de relações bilaterais• Congresso Ibero-Americano de Engenharia Civil,dia 16 e 17 de Março, no Porto (inclui Brasil)• Encontro do CECPC - Conselho <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Civis de Língua Portuguesa e Castelhana, dia15 de Março de 2013, em Braga (inclui CPLP)No caso de corresponsáveis por blocos internacionaisdestaca-se a nomeações <strong>dos</strong> seguintesdirigentes, membros da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, para osseguintes blocos :■ Eng.º José Pereira Vieira, vice presidente do CDN• União Europeia• Brasil• Angola■ Eng.º Fernando de Almeida Santos, membro doCDN e presidente do CDRN• Espanha• América Latina■ Eng.º António Matos de Almeida, membro doCDN e secretário do CDRN• AngolaPretende-se, no caso <strong>dos</strong> engenheiros que ainternacionalização traga vantagens e prestígio aPortugal e que o nosso país tenha uma papel fortee interventivo nas relações internacionais deengenharia. É um <strong>dos</strong> expoentes estratégicos da<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> nos próximos anos.17


PROFISSIONALTEMOS JOVENSENGENHEIROS E UMAENGENHARIA DEELEVADA QUALIDADECAPAZ DE RESOLVEROS DESAFIOS QUELHE SÃO COLOCADOSHÁ 600 ANOS INVENTAMOSA GLOBALIZAÇÃOE CONQUISTAMOS O MUNDOCOM HOMENS, HOJE VAMOSFAZÊ-LO COM ENGENHO E ARTEBento AiresPresidente da ComissãoExecutiva do CIJE’12Bem-vin<strong>dos</strong> ao 1.º Congresso Ibérico deJovens <strong>Engenheiros</strong>!A intenção de realizar um Congresso deJovens <strong>Engenheiros</strong> surgiu no âmbito do Grupode Trabalho de Jovens <strong>Engenheiros</strong> da <strong>Ordem</strong><strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> da <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e rapidamentetomou uma dimensão nacional e ibérica - afinal,os problemas que hoje vivemos e os desafios quetemos de vencer são globais. Assim, conseguimosunir no mesmo projeto a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>e o Colegio de Ingenieros de Caminos Canales yPuertos de Espanha.Tomada a decisão, a escolha do local eraóbvia: Braga, a Capital Europeia da Juventude em2012, integrando o CIJE’12 na sua programaçãooficial.Justificadas as opções do CIJE’12 importatransmitir o conceito que escolhemos para reunirjovens engenheiros, estudantes de engenharia,profissionais de engenharia e a sociedade emgeral.O CIJE’12 vai ser um momento de viragem daengenharia ibérica, promovendo-a internamente,internacionalmente e sobretudo aproximando-a àsociedade. Queremos aproximar a inovação àindústria, promover o empreendedorismo e superadasas barreiras, importa agora quebrar os murosda internacionalização e procurar novas soluçõesde empregabilidade, mas, acima de tudo, demonstrarao mundo que temos jovens engenheiros euma engenharia de elevada qualidade capaz deresolver os desafios que lhe são coloca<strong>dos</strong> independentementedo local, condições e tempo!18<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALA engenharia, vista do exterior pela sociedade,é matemática e física aplicada às nossas áreas deformação específicas, mas não é, temos queultrapassar este mito e dizer que a engenhariaenvolve tudo aquilo que nos rodeia, desde a produçãode alimentos às matérias-primas, ao transportee logística, à inovação, transformação econstrução, uso e manutenção, tratamento deresíduos, desenvolvimento e renovação de infraestruturas,de cidades, desenvolvimento tecnológico,entre muitas outras áreas de intervençãoque pautam a nossa actividade e que fazem partedas nossas responsabilidades enquanto profissionaisde engenharia.Queremos que o CIJE’12 seja um momento departilha e cooperação. Hoje somos o que partilhamose o que conseguimos colocar ao dispor <strong>dos</strong>outros, a engenharia é o nosso dia-a-dia, o desenvolvimentodo passado até hoje, e hoje preparamosjá o futuro.Portugal e Espanha têm afinidades históricas,um espaço geográfico comum – a Península ibérica- vivem momentos sócio-económicos idênticos,partilham um bom relacionamento institucional,traduzido, também, ao nível das suasassociações profissionais de engenharia.Assim, é nossa responsabilidade desenvolveruma forte cooperação entre os engenheiros dePortugal e de Espanha e, sobretudo, reforçar edesenvolver as relações entre os jovens engenheirose estudantes de engenharia, com especialincidência nas escolas de engenharia, definindoos desafios actuais e futuros, assim como osmeios e formas de os alcançar.Esta é a motivação do 1.º Congresso Ibéricode Jovens <strong>Engenheiros</strong>!Do CIJE’12 queremos que resulte uma estratégiaconjunta de promoção da engenharia ibéricaà escala internacional e o reforço da cooperaçãoentre os dois países. Para atingir esteobjetivo, temos que definir um caminho emcomum, que tenha início na formação <strong>dos</strong> profissionaisde engenharia, que defina os desafios aque temos de responder e que abra o nosso mercadoà diáspora, criando condições para que Portugale Espanha sejam plataformas de inovaçãoe produção para o mercado interno e externo euma porta de entrada e saída da Europa paramerca<strong>dos</strong> emergentes, nomeadamente os paísesda América do Sul, África e Ásia.Queremos que o CIJE’12 decorra numambiente informal e descontraído e que seja tambémuma plataforma de networking profissionale empresarial, que dele resultem oportunidadesde emprego, de cooperação e soluções deempregabilidade, onde empresas encontremem baixoTheatro Circo, Braga


PROFISSIONALao ladoDaniel Bessa, António Saraivae Miguel Gonçalvesprofissionais à altura das suas necessidades eonde os jovens engenheiros encontrem soluçõesde empregabilidade, de empreendedorismo e derealização profissional.Como orador convidado, teremos presente oProfessor Daniel Bessa, doutorado em Economiae docente da Universidade do Porto. Foi Presidenteda Escola de Gestão do Porto – Universityof Porto Business School e Ministro da Economiado Governo Português, sendo actualmente Director-Geralda COTEC - Associação Empresarialpara a Inovação, que trará ao CIJE’12 a sua visãoglobal sobre os principais temas do Congresso.Convidamos os jovens engenheiros a enviaremos seus projectos, as suas ideias, os seus contributospara os temas do Congresso. As melhorescomunicações serão apresentadas no painel“Apresentações Temáticas <strong>dos</strong> Jovens <strong>Engenheiros</strong>”que será moderado pelo Presidente da Confederaçãoda Empresarial de Portugal, AntónioSaraiva. Vamos dar a conhecer o que de bemsabemos fazer e vamos continuar a desenvolver.Escolhemos como temas CIJE’12 aqueles queentendemos melhor traduzir o momento em quevivemos e as oportunidades do futuro.São os seguintes: Empreendedorismo, Inovaçãoe Sustentabilidade, Internacionalização eEmpregabilidade.O Empreendedorismo inicia-se numa atitudee termina num comportamento de resposta àsadversidades. É a cultura do desenvolvimento datécnica aplicada aos recursos existentes. A engenhariaé, sem dúvida, uma das ciências maisempreendedoras, é o que o fazemos desde anossa génese, precisamos é de mais motivação ecoaching.Para isso, convidamos para orador neste painelo Psicólogo Miguel Gonçalves. É director daagência de criatividade SparckAgency, onde procuraativar a energia de pessoas e empresas,transformando ideias em projectos fora da caixa.Associar num painel Inovação e Sustentabilidadefoi como juntar a vontade de fazer avançaro mundo com novas soluções tecnológicas,sem colocar em causa os recursos das gerações.Portugal e Espanha têm um défice de competitividadeem inovação. Analisando, por exemplo,o número de patentes registadas nos últimos 10anos por cada 10.000 habitantes, segundo oEuropean Patent Office, Portugal registou 1patente, Espanha 4, contra 38 patentes da Alemanhae 22 <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, por exemplo.É urgente colocar a investigação realizadanas instituições de ensino superior, laboratóriospúblicos e priva<strong>dos</strong> ao serviço das empresas e<strong>dos</strong> cidadãos, quebrar as fronteiras da investigaçãoe passar à concretização. A estratégiaEuropa 2020 prevê que 3% do PIB de cadaestado membro seja investido em I&D. Segundoo Eurostat, Portugal, em 2010, investiu 1,59% eEspanha 1,39%. É inequívoca a aposta na inovaçãoe cabe à engenharia liderá-la!Para este painel convidamos o EngenheiroAntónio Murta. Foi director de sistemas de informaçãoda Sonae, foi fundador da Enabler e daMobicom e é actualmente director geral da Pathena,sociedade de investimentos em “ventures”,da qual é, também, fundador.Os níveis de desemprego são hoje uma dasmaiores preocupações <strong>dos</strong> agentes de governaçãopolítica, assumindo a Empregabilidade umaespecial importância, não pelo controlo do20<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALdesemprego, mas pela procura de soluções deempregabilidade.Hoje, segundo a Comissão Europeia, Espanhatem uma taxa de desemprego jovem de 48% ePortugal 30%. Nos jovens com formação superiorcom menos de 25 anos a taxa de desemprego éde <strong>27</strong>% nos dois países, reduzindo para 18% emEspanha e 12% em Portugal nos jovens com maisde 25 anos, sendo estas taxas das mais elevadasda União Europeia.Aplicando estes índices aos jovens engenheiros,há uma maior dificuldade no encontro do primeiroemprego, que se reduz à medida que aexperiência profissional aumenta.Temos profissionais de elevada qualidade ese associarmos ao empreendedorismo a capacidadede inovar encontraremos com certezasoluções de empregabilidade para os jovensengenheiros e para a engenharia, gerando tambémempregabilidade de profissionais de outrasáreas.Neste painel, teremos connosco a EngenheiraÁngeles Martín, está prestes a terminar o seudoutoramento, é chefe do serviço de emprego doColegio de Ingenieros de Caminos, Canales yPuertos, onde tenta facilitar o acesso ao mundolaboral <strong>dos</strong> nossos colegas, sendo ainda membrodo comité da AENOR e tem como hobby o meioambiente.A engenharia ibérica tem-se internacionalizadonos últimos anos, por força não só da necessidademas também da capacidade. A Internacionalizaçãodesempenha um papel fundamentalpara enfrentar os desafios que vivemos, atravésda procura de novos merca<strong>dos</strong>, da busca deconhecimento e de novas aprendizagens.A cooperação entre Portugal e Espanha nainternacionalização <strong>dos</strong> dois países ganhaespecial força. O facto <strong>dos</strong> países com maiorescrescimentos e desenvolvimento económicoestarem maioritariamente no continente Africanoe na América do Sul, onde a língua portuguesae castelhana é predominante, permiteaos dois países criar uma plataforma comumde partilha e alcance destes merca<strong>dos</strong> em conjunto.Esta união está à distância das nossasvontades, concretizando-se este acordo, Portugale Espanha conseguirão assumir o papel depivot entre a Europa e os países de língua oficialportuguesa e castelhana, que correspondema um mercado alvo de 1.300 milhões dehabitantes.Neste painel, vamos ter connosco o CEO daWeDo, Doutor Rui Paiva. A WeDo tem sede emPortugal e neste momento opera em 73 paísestendo delegações em 15 países espalha<strong>dos</strong> pelos5 continentes que, certamente, nos trará umavisão clara das oportunidades e riscos da internacionalização.Esperamos, com este painel de oradores, devontades e conhecimento, renovar a esperança,reforçar a confiança e incentivar o exercício daengenharia e aproximá-la da sociedade.Assim será o 1.º Congresso Ibérico de Jovens<strong>Engenheiros</strong>, de 18 a 20 de Maio, no TheatroCirco, em Braga.Termino com aquela que queremos que sejaa principal mensagem do CIJE’12:Há 600 anos inventamos a globalização econquistamos o mundo com Homens, hojevamos fazê-lo com Engenho e Arte!Contamos convosco neste desafio!ao ladoAntónio Murta, Ángeles Martíne Rui Paiva21


PROFISSIONALINTERNACIONALIZARÉ UMA ACTIVIDADEMERITÓRIA…DEVE MERECER OMAIOR RESPEITO PORPARTE DO ESTADOPORTUGUÊSINTERNACIONALIZAR,EM ECONOMIADaniel BessaDirector-Geralda Cotec PortugalInternacionalizar é um termo hoje na modase é que não esteve sempre presente. Atribui--se-lhe normalmente um sentido positivo, comconotações, também elas, quase sempre tendencialmentefavoráveis.Antes do internacional vem ... o nacional.Internacionalizar surge, assim, como um superarde limites, como um ganho de âmbito e deescala, como um acréscimo <strong>dos</strong> graus de liberdade,e da margem de escolha de quem é chamadoao exercício de qualquer tipo de actividade.Quem toma essa decisão, e seinternacionaliza, só pode ficar melhor – até porque,no limite, lhe será sempre consentidorecuar, regressando ao “espaço de decisão”anterior. A nossa internacionalização será semprefonte de novas oportunidades. A ameaça virá,muito provavelmente, da internacionalização queoutros também poderão ter decidido, passandoa ocupar um domínio de oportunidades que,dantes, era só nosso.De forma muito simplificada, os manuais deEconomia (ciência) costumam aludir a níveis ouetapas do processo de internacionalização deuma empresa, ou mesmo de uma economia(país, região). Iniciar-se-ia, a dita internacionalização,pelas exportações, após o que se seguiriaa fase, muito mais complexa, do investimentodirecto no exterior.Sem qualquer pretensão de diminuirmos aimportância destes quadros analíticos, achamosque, como sempre, reduzem e empobrecemmuito a realidade. E talvez me atreva a propor umentendimento mais faseado do que poderíamoscontinuar a designar de processo de internacionalização.Talvez por que comprar parece sempre maisfácil do que vender (le saut périlleux, de quefalava Karl Marx), raramente se alude à importânciadas importações em qualquer processo deinternacionalização, seja de uma empresa ougrupo de empresas, seja de uma economia.Poderíamos falar, em Portugal, da importação dealgodão, ou de açúcar, e de como isso mudou anossa economia – sobretudo a importação dealgodão, no lugar das fibras têxteis tradicionais.Poderíamos falar da importação de máquinas detodo o tipo e feitio (alemãs, italianas, aqui e alisuecas), e de como isso mudou a nossa economia.Poderíamos falar da importação de aço e de22<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALcimento, e mesmo da importação de adubos, ede pesticidas, e de como isso mudou a nossaeconomia, a começar pela nossa agricultura.Poderíamos falar da importação de petróleo (e degasolina, antes da construção das refinarias), ede automóveis e de camiões, e de como issorevolucionou o nosso sistema de transportes.E assim sucessivamente, até aos dias de hoje,em que passamos a importar todo o tipo de equipamentoelectrónico e de software.Quantas barreiras não foram quebradas, equantos mun<strong>dos</strong> de oportunidades não se abriramem cada um destes processos de internacionalização,por importação. E quantas actividades,e quantos interesses não se viram amea ça<strong>dos</strong>,porventura definitivamente derrota<strong>dos</strong>, do lado<strong>dos</strong> que sofreram, de forma passiva, as consequências<strong>dos</strong> processos de internacionalizaçãoem que outros decidiram avançar.Em matéria de vendas, a forma mais incipientede internacionalização é constituída pelas“vendas a estrangeiros no mercado interno”, poralguns erradamente designadas de exportação(mesmo que os efeitos estatísticos sejam os mesmos).É o caso <strong>dos</strong> compradores internacionais,e <strong>dos</strong> seus agentes (agentes de compras), quenos visitam em busca do que possamos ter paravender, sem que, de forma proactiva, façamosnada por isso. É o caso <strong>dos</strong> turistas estrangeirosque nos visitam, por mero gosto pela diferençaou mesmo pelo exotismo, e que nos vão comprandoisto e aquilo, tendo de enfrentar, porvezes, a resistência <strong>dos</strong> nativos (como a lojistaque, um dia, em Berlim Leste, ainda no tempodo muro, me perguntou de onde era, e se naminha terra não havia nada que comer, quandome lhe dirigi para lhe comprar ... uma lata de salsichas:uma pequena exportação da antiga Alemanhade Leste, efectuada contra a vontade dasua própria cidadã residente).Passando a coisas mais sérias, ou mais convencionais(conceitos que por vezes se confundem),a primeira forma de internacionalização é,de facto, a exportação: o vendedor que, comuma amostra de produto, ou um catálogo, calcorreiaos caminhos onde se encontram os clientes,procurando vender-lhes. Como terá acontecidocom os primeiros exportadores portuguesesde Vinho do Porto (porque os exportadores inglesesnão precisavam disso) que, durante meses,percorriam, um a um, os pontos de consumoingleses, alemães ou franceses, onde o produtopoderia vir a ser vendido – o próprio empresário,durante meses (num tempo sem internet e seme-mails, sem telemóvel e sem telefone fixo de usogeneralizado), na experiência que me foi reportadamais de perto. Se tem vantagens, a internacionalização,também obriga a muitos sacrifícios.A fase seguinte é o estabelecimento de umaunidade empresarial para meros efeitos decomercialização, e de distribuição, junto de cadaum <strong>dos</strong> grandes merca<strong>dos</strong> de destino – podendoincorporar processos de transformação muitolimita<strong>dos</strong>, até para fins de customização (como,a partir de Portugal, no caso das rolhas de cortiça).Segue-se a implantação de unidades industriaispropriamente ditas, as primeiras manifestaçõesde um processo de deslocalização(imposto já por razões de custo de produção,mais do que por razões de proximidade aosclientes, e ao mercado) e, no limite, a abordagemda produção a uma escala planetária, abrindoaqui e fechando acolá, no âmbito de um complexoprocesso de optimização de múltiplasvariáveis do negócio (custos de abastecimento,custos de transformação, custos de transporte noabastecimento e na comercialização, proximidadeaos clientes, quadros legais e regulamentares,incluindo as componentes aduaneiras efiscais em sentido mais amplo, etc., etc.).É manifesto, em cada um destes passos,como se alarga o âmbito das oportunidades deque a empresa beneficia, e o âmbito das variáveisa considerar no seu processo de decisão. E,tudo o resto constante (ceteris paribus, comogostam de dizer os economistas), o resultadofinal só pode ser melhor – até porque lhe serásempre consentido recuar, regressando às soluçõesiniciais, possibilidade que só não se mostratão apelativa como parece porque estes processosnão são assim tão facilmente reversíveis, deixandomuitas vezes, pelo caminho, consequênciase prejuízos incomportáveis. Mas, esse é orisco de todo e qualquer projecto empresarial,que só não se concretiza, ou se efectiva,enquanto não saímos daquilo que os economistasdesignam de “período longo”: sobre umamera folha de papel em branco, um horizonte23


PROFISSIONALtemporal tão longo quanto possível, e com grausde liberdade tão eleva<strong>dos</strong> quanto possível (resultantes,antes do mais, de ainda nada ter sidodecidido, e muito menos comprado, ou investido),em que tudo se passa ainda “na cabeça”ou na esferográfica do decisor, e em que tudo éainda reversível, a custo zero.Engana-se quem pensa que o processo atingiuo seu limite – como o comprovam as operaçõesem que decido não apenas a melhor localizaçãoglobal da minha operação de produção,mas também a localização global <strong>dos</strong> vários operadoresda minha cadeia de abastecimento, emcomplexas operações de sourcing e de supplychain;ou as operações em que olho para oscerca de sete mil milhões de habitantes do planetacomo uma imensa reserva de recursoshumanos, decidido a recrutar os melhores (indopara junto deles, ou trazendo-os para junto demim, tudo dependendo das múltiplas circunstânciasatendíveis), da mão-de-obra menos qualificadaaos recursos humanos mais sofistica<strong>dos</strong>(técnicos, cientistas), <strong>dos</strong> mais baixos aos maiseleva<strong>dos</strong> níveis de poder dentro da organização(membros de um Conselho de Administraçãoalargado, de uma Comissão Executiva, o próprioCEO – provavelmente mais do que o Chairman).Tudo isto é internacionalização, ou globalização,como começámos a designar no caso dasoperações de mais elevado nível de complexidadee de sofisticação. Como desde a primeirahora, ganha quem se atreve a quebrar as barreirasfísicas ou mentais pré-existentes, permitindo-se(e porventura impondo) graus mais eleva<strong>dos</strong>de “espaço de decisão”, e de liberdade.INTERNACIONALIZAR E EXPORTAR,OU A NECESSIDADE DE UM CERTOBACK TO BASICSInternacionalizar tem, como se referiu, umconjunto de conotações positivas. E, em princípio,só pode ser bom para a empresa ou para aorganização empresarial que decide percorreresse caminho. Como, de resto, para todas aspessoas capazes de se atribuírem esse grau deliberdade, como penso, desde há muito, a partirdo momento em que cheguei à conclusão deque a pior das condenações, para uma pessoacomo para uma empresa, é deixar-se “agrilhoar”ou “acorrentar” a um qualquer território,com os pés como que presos a “uma toneladade chumbo” – o que nunca prenunciará nadade bom. Que eu queira permanecer nesse território,e mesmo que o queira valorizar e, comele, valorizar-me, é uma coisa; que eu me sintaobrigado a isso, por barreiras físicas, legais ouapenas mentais, é outra, completamente diferente.Acontece, apenas, que o que é bom paracada um de nós, não é necessariamente bompara o colectivo, entendido aqui como os queresidem em determinado território, quaisquerque sejam os laços que os fazem sentir-se partedesse colectivo, ou das forças que os obrigama fazer parte desse “colectivo”, enquanto for ocaso – a começar pelo “colectivo político”, oEstado, que, com maior ou com menor vontade<strong>dos</strong> próprios, os agrega.Para o Estado, que tem de cobrar os impostoscom que paga (entre outras coisas) cerca de50% do rendimento de que, em distribuiçãofinal, beneficiam os cerca de 10 milhões de residentesem Portugal (salários, pensões e outrasformas de rendimento monetário, múltiplasprestações em espécie, da educação à saúde,passando pela justiça, pela segurança e peladefesa), nem toda a internacionalização sereveste do mesmo sentido positivo. É diferenteo que se passa com as exportações – e, mesmoaqui, desde que estas acrescentem valor emterritório nacional. O mesmo acontece para oscerca de 10 milhões de residentes que aqui procuramum emprego e um salário, um “modo devida”, sejam eles estrangeiros (cada vezmenos), sejam eles nacionais (também cadavez menos).Uma empresa portuguesa que se internacionaliza,investindo no exterior, comprando noexterior, recrutando no exterior (sobretudo se ocolaborador recrutado mantém residência noexterior), está a seguir o seu caminho, podendoestar certamente a fazer muito bem, mas nãoestá a dar qualquer contributo para a resoluçãodesse outro problema, o de criar valor, rendimento(o que se designa de PIB), emprego,salário e receita fiscal em benefício <strong>dos</strong> dezmilhões de residentes. Não estou a dizer que o24<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALEstado, a força pública, a deva impedir, sequerdesincentivar desse movimento (excepto através<strong>dos</strong> meios de “sedução” normalmente utiliza<strong>dos</strong>),até porque, na quase totalidade <strong>dos</strong> casos,a alternativa de esse valor vir a ser criado emterritório nacional praticamente não existe. Ouseja: usar a força coerciva do Estado para impediresses movimentos não é sequer inteligente,a partir do momento em que somos leva<strong>dos</strong> aconcluir que, daí, não resultará nada de bom(podemos prejudicar a empresa ou grupo deempresas, mas não ganhamos nada em termosde rendimento criado no território e disponibilizadopara os seus residentes).Vender a países terceiros através de unidadesempresariais detidas no exterior contribuitendencialmente zero para o PIB português.Não é mau nem é bom, não devendo ser nemcontrariado nem incentivado (no entendimentoque tenho do que deve ser a melhor utilização<strong>dos</strong> dinheiros públicos). É apenas irrelevante,ou, numa linguagem mais técnica, encontra-sefora do “domínio” das variáveis em que estouinteressado.Do mesmo modo, quando uma empresaresidente em Portugal exporta um produto cujascomponentes de valor (e de custo) foram importadasem larga escala, também o seu contributopara a resolução do problema do PIB territorialse torna muito reduzido. Por isso se fala emexportações brutas e em exportações líquidas,um conceito que começou por se aplicar aoPaís (que tem, desde há muitas décadas, exportaçõeslíquidas de bens e de serviços negativas),mas que deveria aplicar-se também a cadauma das empresas que exporta (valorizandonão tanto as exportações que efectua, masessas exportações deduzidas das importaçõesnelas incorporadas, ou se preferirmos, valorizando,nas suas exportações, apenas o valoracrescentado em território nacional).Não vou dar exemplos, até porque correria orisco de me “meter em trabalhos” – pela razãosimples, e comezinha, de que nem toda a genteestá disponível para separar os seus interesses(absolutamente legítimos e que, dentro da lei,ninguém deve nem deveria poder contrariar)<strong>dos</strong> interesses do território nacional e <strong>dos</strong> quenele têm de encontrar uma fonte de emprego,e de rendimento (a começar pelo Estado Português),em suma, um “modo de vida”. Seria tudomuito mais fácil se, de forma que considerointeligente, estes interesses se não confundisseme, pior, não se tornassem intencionalmenteobjecto de confusão, alimentada por uma parte(empresários e empresas), ou por outra parte(políticos e Estado), quase sempre em benefícioda primeira e <strong>dos</strong> agentes da segunda.Para concluir, da forma mais clara possível:– internacionalizar é uma actividade meritória,do ponto de vista das empresas e mesmo<strong>dos</strong> particulares que ousam levá-la a cabo. Devemerecer o maior respeito por parte do EstadoPortuguês, mesmo nos casos em que isso contribuaem nada para resolver os problemas danecessidade de criação de emprego e de rendimentointerno, ou, pior, mesmo nos casos emque pode chegar a contribuir negativamentepara a realização desses dois objectivos (comoacontece com as chamadas deslocalizações);– a resolução <strong>dos</strong> problemas de emprego ede rendimento <strong>dos</strong> dez milhões de residentesvirá não da internacionalização, em geral, masdas exportações, em particular, isto é, da vendaa não residentes de bens e serviços produzi<strong>dos</strong>em território nacional;– mesmo no caso das exportações, o quedeve ser incentivado, empresa a empresa, nãosão as exportações mas as exportações líquidas,leia-se, o valor acrescentado em território nacionalaos produtos (bens e serviços) que vendemosa não residentes;– mais do que um ranking de empresasexportadoras, construído com base nos valoresdas exportações brutas, o Estado Portuguêsdeveria procurar elaborar, e conhecer, e usarpara os mais diversos efeitos (estímulo, reconhecimento),um ranking de exportações líquidasou, o que significa o mesmo, de VAB residenteincorporado nas exportações de cadauma das empresas residentes;– tudo se tornaria mais claro, e muita coisamudaria em matéria de políticas públicas deapoio às exportações (e ao crescimento da economia,e ao emprego) se o Estado portuguêsfosse capaz de dar este passo, assumindo, comclareza e com consistência, todas as suas implicações.25


PROFISSIONALGEG – ENGINEERINGSTRUCTURES FOR LIFEAntónio Campos e MatosEngenheiro civilSócio gerente do GEGO GEG – Engineering Structures for Life, celebra no ano de 2012, vinte e cinco anos de atividade.Nascida no Porto, a empresa tem como referênciaa sua presença no Mercado Comum Europeu,e como objetivo atingir o nível da excelêncianos serviços presta<strong>dos</strong>.A noção de competitividade num mercadoglobal, aberto internacionalmente, baseada eminteligência, conhecimento, competência, investigação,inovação e organização, qualifica e caracterizaas soluções propostas nos projetos do GEG.A envolvência em projetos internacionais reflete anecessidade de exigência técnica e rigor parafazer face à forte concorrência de importantesempresas internacionais no sector.Nos seus primeiros anos, o GEG desenvolveuprojetos de habitação e edifícios públicos, trabalhandodesde logo com alguns <strong>dos</strong> mais prestigia<strong>dos</strong>arquitetos e gabinetes de arquitetura portugueses.A fase seguinte – já na década de noventa esem abandono da atividade inicial – foi percorridacom a realização de projetos rodoviários e ferroviários,fruto da análise das necessidades e oportunidadesdo mercado nessa altura.Ao mesmo tempo que se envolveu na conceçãoe beneficiação de autoestradas, o GEG especializou-seem geotecnia ferroviária, assumin<strong>dos</strong>ecomo uma referência na área.Na sequência do percurso que vinha construindo,foi com naturalidade que o GEG integrouo agrupamento ganhador do concurso internacionalpara o Sistema de Metro Ligeiro da ÁreaMetropolitana do Porto.O GEG desenvolveu então projetos de engenhariae geotecnia, o que implicou o crescimentode equipas e o incremento da sua capacidade de26<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALtrabalhar em rede com algumas das mais reconhecidasempresas internacionais do sector. Poroutra via, firmou relações de cooperação científicacom Universidades nacionais e internacionais,alavancando a sua rede de contactos e aumentandoos seus domínios de atuação.As áreas de prestação de serviços do GEGabrangem quatro grandes domínios:2 – Ambiente e águaO ciclo urbano da água, a qualidade ambientale a proteção <strong>dos</strong> recursos naturais tornaram-seum importante domínio de desenvolvimento <strong>dos</strong>serviços presta<strong>dos</strong> pelo GEG, que assume na práticaa defesa da sustentabilidade ambiental eenergética do planeta - uma preocupação semprepresente nos seus projetos.1– EnergiaO GEG procurou o envolvimento em projetosnas barragens de Alvito (com o projetos <strong>dos</strong>acessos, <strong>dos</strong> restabelecimentos e do túnel deacesso à central), Picote (Aumento de potência- acompanhamento geológico e geotécnico deconstrução) e Fridão (análise de risco da albufeira),explorando assim uma área de elevadointeresse mundial e de comprometimento coma sociedade. Este é um ponto de relevo para amissão do GEG.3 – Transportes e InfraestruturasO setor <strong>dos</strong> transportes e de grandesempreendimentos de infraestruturas apresentaum forte ponto de internacionalização do GEG.Os países para onde constantemente procurapotenciar a internacionalização <strong>dos</strong> seus serviçoscarecem de grandes investimentos nestasáreas, quer seja através da conceção de grandesredes de metro, como pelo desenvolvimentode infraestruturas em novos complexosurbanos.fig. 1 (em baixo)Estádio do Dragão<strong>27</strong>


PROFISSIONALfig. 2 (ao lado)Edifício Platinium em Angola4 – Edifícios e Instalações DesportivasA forte experiência adquirida no desenvolvimentode edifícios de especial relevo e importância,nacional e internacional, como sejam o Estádiodo Dragão, o El Corte Inglés em Vila Nova deGaia ou o Laboratório Ibérico de Nanotecnologiaem Braga, apresenta-se como uma certeza firmeda capacidade para aplicar este conhecimentoalém-fronteiras.Desta forma, a internacionalização surgiunaturalmente, e o GEG avançou, efetivamente em2003, para o desenvolvimento de uma estratégiade atuação em diversos pontos do globo, sendoo primeiro mercado identificado: Angola.O GEG tem em Angola um <strong>dos</strong> seus principaismerca<strong>dos</strong> internacionais. Garantindo serviçosaltamente qualifica<strong>dos</strong> e um relacionamentode efetiva proximidade com os seus clientes,desenvolvendo desde 2006 projetos em diferentespontos geográficos do país – com particularincidência na capital, Luanda – e opera tantopara o sector público como para o privado. Entreos projetos mais relevantes destaca-se a Academiade Pescas do Namibe, o Edifício Platinium,o Estádio Lubango.A boa experiência de trabalho em Angola eos frutos gera<strong>dos</strong> nesse mercado motivaram aprocura de novos países alvo, dando continuidadeà estratégia da Internacionalização. Seguiram-seassim, os merca<strong>dos</strong> do Maghreb (Argéliae Marrocos), bem como Moçambique. Estesrevelaram-se de maior dificuldade de penetração,quer por questões sociais, como por questõeseconómicas e de desenvolvimento <strong>dos</strong> própriospaíses. Contudo, sendo estes importantesterritórios na estratégia de internacionalização, oGEG realizou praticamente em simultâneo coma entrada no mercado líbio, os seus primeirostrabalhos na Argélia e Marrocos. Capitalizando avasta experiência acumulada no domínio da geologiae geotecnia, o GEG participou no projeto dereabilitação da ligação ferroviária entre El Gourzye Biskra (Argélia) e realizou serviços de consultoriaao nível da análise de risco e de sistemasde proteção para o Túnel de Zaouiat Ait-Mellal,o mais longo de uma autoestrada marroquina ea mais importante obra do empreendimentorodoviário que liga as cidades de Agadir e Marraquexe.O ano de 2007 assinalou o ano em que o GEGentrou no mercado da Líbia, país em francaascensão económica no continente africano queefetua uma aposta histórica na renovação dassuas infraestruturas. A convite de consórciosinternacionais, o GEG envolveu-se ativamente emprojetos fundamentais para o futuro do país,como a Terceira Circular de Trípoli e o novo AeroportoInternacional da capital líbia. Procurandocriar valor nos países e comunidades em que seintegra, o GEG afirmou um compromisso com aLíbia que excede as oportunidades imediatas denegócio e a atividade estritamente empresarial.Não descurando o período mais conturbado queo país atravessou recentemente, as perspetivasde evolução e crescimento são bastante reais euma oportunidade para os serviços de engenhariado GEG.A estratégia do GEG levou-o a percorrernovos horizontes, direcionando-se para o Mercadodo Médio Oriente, tendo como primeiroalvo Abu Dhabi, dada a sua centralidade e pos-28<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALsibilidade de abranger uma região extremamenterica e com elevadas perspetivas e necessidadesde crescimento nas mais diversas áreas. Em2009 o GEG fixou-se na região através do estabelecimentode contactos com agentes locais. Aprioridade estratégica da empresa no território -conhecido pela sua economia pujante e por serum <strong>dos</strong> maiores produtores mundiais de petróleo- passa por corresponder aos desafios que asociedade <strong>dos</strong> emira<strong>dos</strong> enfrentam, quer aonível das redes e sistemas de transportes, querno domínio das infraestruturas ligadas ao ensinosuperior e ao turismo, passando ainda pelo planeamentoe desenvolvimento urbano e pelosgrandes projetos de equipamentos coletivos,áreas em que o GEG vem notabilizando-se hámais de duas décadas, apoiando-se no conhecimentoadquirido nas intervenções que preenchemo seu currículo com inúmeras obras projetadase construídas.Através da presença em Abu Dhabi, o GEGestende os seus contactos ao Qatar, sendo estazona considerada importante na estratégia atualde internacionalização. O Qatar, fruto <strong>dos</strong> grandesinvestimentos que realizará no âmbito do campeonatomundial de clubes, bem como da fortecapacidade de investimento e desenvolvimentoimplica uma atenção constante, suportada atravésde uma estruturada rede de contactos.Os factos revelam que a aposta realizada nainternacionalização é uma aposta ganha pelaempresa. É de tal ordem importante que em2008, o GEG viu, pela primeira vez, o seu volumede negócios internacional ultrapassar 50% dovolume total de negócios. Estes da<strong>dos</strong>, alia<strong>dos</strong> àconjuntura atual, revelam que a internacionalizaçãoé uma certeza na motivação da organização.O crescimento do GEG não se limita nem aoseu volume de negócios nem ao número de pessoasque emprega. Exprime-se pela ambição desaber fazer cada vez melhor, garantindo que osseus projetos integram também um compromissoambiental e social, alargando as áreas do seuconhecimento para com isso conseguir ativamenteinternacionalizar-se e ser competitivo nummercado global.fig. 3 (em cima)Third Ring Road – Líbia29


PROFISSIONALMARCAÇÃO CEFAZ DO MERCADO EUROPEUO MERCADO DE TODOS NÓSO MERCADO GLOBALEXIGE A CONFORMIDADEDE PRODUTOSPaulo CabralEngenheiro electrotécnicoDirector <strong>dos</strong> Laboratóriosdo Instituto ElectrotécnicoPortuguêsO IMPACTO DA INTERNACIONALIZAÇÃONA CIRCULAÇÃO DE PRODUTOSO cada vez maior intercâmbio de produtos àescala global que caracteriza os merca<strong>dos</strong> <strong>dos</strong>nossos dias conduziu à necessidade de promovera confiança entre todas as partes envolvidas -fabricantes, consumidores e organismos oficiais– de uma forma tecnicamente credível mas queao mesmo tempo seja compatível com o reduzido«time to market» exigido para a maioria <strong>dos</strong> produtosactuais.É neste contexto que surge a exigência de avaliarde forma independente a conformidade damaioria <strong>dos</strong> produtos disponibiliza<strong>dos</strong> no mercado,tendo em vista promover a segurança <strong>dos</strong>consumidores, bem como o adequado desempenhoe a elevada eficiência, designadamente energética,de tais produtos. A multiplicação deensaios e de certificações em cada um <strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong>de destino implicaria tempos (e custos)manifestamente incompatíveis com as necessidades<strong>dos</strong> operadores económicos, pelo que seestabeleceram acor<strong>dos</strong> de reconhecimentomútuo que permitem que actualmente a avaliaçãoda conformidade possa ser feita apenas umavez, por exemplo no país de origem, sendo aceitenos diversos merca<strong>dos</strong> graças à confiança técnicaque resulta de tais acor<strong>dos</strong>.Na Europa, essa filosofia levou à crescenteadopção das normas harmonizadas na regulamentaçãocomunitária e nas legislações nacionais<strong>dos</strong> vários Esta<strong>dos</strong>-Membros, que assim convergiramnaquilo que se consideram os requisitosessenciais <strong>dos</strong> produtos.Essa tendência está também a ser seguida namaioria <strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong> não europeus, utilizandoas normas técnicas como o referencial prioritáriopara a avaliação da conformidade <strong>dos</strong> produtos.Na maioria <strong>dos</strong> casos, isso tem por base a adopçãode normas internacionais (ISO e IEC), aindaque por vezes com pequenos desvios nacionais,relaciona<strong>dos</strong>, por exemplo, com os diferentesvalores nominais da tensão ou da frequência dasredes eléctricas.Uma tal abordagem permite que seja atribuídoa cada produto um «passaporte» (relatório deensaios e/ou certificado de conformidade) que lhepermite ser mais facilmente comercializado nosdiversos merca<strong>dos</strong>.30<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALO CASO DA EUROPAA actual estrutura legislativa europeia aplicávelaos produtos de consumo assenta em diversosprincípios que têm por objectivo assegurar a conformidadede tais produtos, mediante um conjuntode regras que promovem a confiança e origor técnico. Neste contexto, assumem lugar dedestaque os organismos de avaliação da conformidade:laboratórios acredita<strong>dos</strong> e organismosnotifica<strong>dos</strong>. Tais organismos oferecem garantiasde independência, imparcialidade, credibilidadee competência técnica na avaliação da conformidade<strong>dos</strong> produtos que se enquadram nos âmbitospara os quais se encontram qualifica<strong>dos</strong>.Dessa forma, tais entidades estabelecem comos operadores económicos – fabricantes, importadorese outros – verdadeiras parcerias paraassegurar a conformidade <strong>dos</strong> produtos que estespretendem disponibilizar no mercado europeu.Pode-se afirmar que a avaliação da conformidadefeita por um laboratório acreditado ou por umorganismo notificado constitui o «passaporteeuropeu» para os produtos assim avalia<strong>dos</strong>.A principal evidência dessa conformidade é,actualmente, a aposição pelo fabricante da MarcaçãoCE, quando se trata de produtos aos quaistal marcação se aplica.A Marcação CEVemos frequentemente a Marcação CE emmuitos <strong>dos</strong> produtos que adquirimos. Mas o quesignifica isso exactamente? Sob o lema «MarcaçãoCE faz do mercado europeu o mercado deto<strong>dos</strong> nós», a Comissão Europeia está a levar acabo uma campanha de informação sobre a MarcaçãoCE. Esta marcação indica que um produtoestá em conformidade com toda a legislaçãoeuropeia que lhe é aplicável, cumprindo assim ascondições legais para poder ser comercializadoem todo o espaço da UE. Mediante a aposição daMarcação CE num produto, o seu fabricantedeclara, sob sua exclusiva responsabilidade, aconformidade desse produto com to<strong>dos</strong> os requisitoslegais que lhe são aplicáveis, em especialem aspectos com implicações na saúde, na segurançae na protecção do meio ambiente. Asrepercussões jurídicas e económicas das infracçõessão de tal ordem que é de esperar que osoperadores económicos sejam desencoraja<strong>dos</strong> denão respeitar as regras em questão. Esta campanhadestina-se principalmente aos operadoreseconómicos, para os sensibilizar e para melhoraros seus conhecimentos acerca da Marcação CE.Note-se que nem to<strong>dos</strong> os produtos comercializa<strong>dos</strong>na UE são presentemente obriga<strong>dos</strong> aostentar a Marcação CE. Esta aplica-se a 23 categoriasdiferentes de produtos, tais como produtoseléctricos, máquinas, elevadores, brinque<strong>dos</strong> eequipamentos de protecção individual, entre muitosoutros.A Marcação CE não indica que um produto foifabricado no EEE, mas apenas que esse produtofoi avaliado antes da sua colocação no mercadopara garantir que satisfaz to<strong>dos</strong> os requisitoslegais que lhe são aplicáveis (por exemplo, umnível de segurança adequado). Significa que ofabricante verificou que o produto cumpre to<strong>dos</strong>os requisitos essenciais (por exemplo, em matériade saúde e de segurança) das directivas que lhesão aplicáveis, ou que esse produto foi submetidoà análise de um organismo de avaliação da conformidadenotificado à Comissão Europeia.No caso <strong>dos</strong> produtos fabrica<strong>dos</strong> na UE, a avaliaçãoda conformidade, a constituição do <strong>dos</strong>siêtécnico, a emissão da declaração CE de conformidadee a aposição da Marcação CE num produtosão da responsabilidade do fabricante. Os distribuidoresdevem verificar a presença da MarcaçãoCE e da documentação comprovativa necessária.Para os produtos importa<strong>dos</strong> de um país terceiro,o importador tem de verificar se o fabricante noexterior da UE cumpriu as etapas necessárias e sea documentação está disponível sob pedido.A Marcação CE é útil tanto para as empresascomo para as autoridades nacionais <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>-Membros:■ Para a indústria europeia, a Marcação CE dá àsempresas da UE acesso ao mercado único nasua totalidade, sem terem de obter <strong>27</strong> homologaçõesdas diferentes autoridades nacionais,reduzindo assim os encargos com a avaliaçãoda conformidade mas mantendo níveis de qualidadeeleva<strong>dos</strong>.■ Para as autoridades nacionais, facilita os controlosa efectuar por cada organismo, nummomento em que o leque de produtos disponí-31


PROFISSIONALveis no mercado da UE está a aumentar exponencialmente,sem que isso comprometa osníveis de qualidade exigi<strong>dos</strong>.O reforço do controlo <strong>dos</strong> organismos notifica<strong>dos</strong>e a melhoria da fiscalização do mercado estãoa beneficiar a reputação da Marcação CE e a confiança<strong>dos</strong> consumidores. O papel e a credibilidadeda Marcação CE viram-se reforça<strong>dos</strong> com aentrada em vigor do pacote legislativo revisto domercado interno para os produtos 1 . Os procedimentos,as medidas e as sanções aplicáveis àcontrafacção ou à infracção no uso da MarcaçãoCE são defini<strong>dos</strong> no direito administrativo e penalnacional <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>-Membros 2 . Dependendo dagravidade da infracção, os operadores económicospodem estar sujeitos a coimas e, em determinadascircunstâncias, mesmo a penas de prisão.Contudo, se não for considerado que oproduto apresenta um risco iminente para a segurança,o fabricante poderá ter uma segunda oportunidadede comprovar que o produto está emconformidade com a legislação aplicável, antesde ser obrigado a retirá-lo do mercado.Melhorar a compreensão da Marcação CEA Marcação CE é necessária para categoriasespecíficas de produtos e indica que tais produtossatisfazem os requisitos da UE em matéria desegurança, de saúde ou de protecção do meioambiente. Garante a livre circulação de produtosseguros no mercado europeu e é um indicadorchaveda conformidade de um produto com alegislação europeia.A Marcação CE é aposta pelo fabricante aosseus produtos. Ao fazê-lo, o fabricante declara aconformidade desse produto com to<strong>dos</strong> os requisitoslegais aplicáveis em vigor na Europa no âmbitoda Marcação CE. O fabricante tem a responsabilidadeexclusiva de verificar se os produtos que estáa colocar no mercado cumprem toda a legislaçãorelevante, ou nos casos em que tal é necessáriodeve submeter o produto a um organismo de avaliaçãoda conformidade notificado para o efeito.Nem to<strong>dos</strong> os produtos devem ostentar a MarcaçãoCE. Esta aplica-se a 23 categorias diferentesde produtos, que vão desde equipamentoseléctricos aos brinque<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> explosivos aosdispositivos médicos. Cada produto está abrangidopor uma ou mais directivas, as quais definemos requisitos específicos que o produto deve satisfazerpara poder ostentar a Marcação CE.Os distribuidores e os retalhistas também têmresponsabilidades neste âmbito: devem verificarse to<strong>dos</strong> os produtos que distribuem e comercializame que exigem Marcação CE a possuem defacto e se os controlos previstos foram leva<strong>dos</strong> acabo. Com vista a prevenir infracções, foramtomadas as adequadas medidas legais e estãodefinidas diversas sanções.Seis passos para obter a Marcação CEPara satisfazerem os requisitos legais, os fabricantesdevem seguir estes seis passos para colocaros seus produtos no mercado.1. Identificar a(s) directiva(s) e as norma(s) harmonizada(s)aplicável(eis) ao produto.Os requisitos essenciais que os produtosdevem cumprir (por exemplo, em matéria desegurança) estão harmoniza<strong>dos</strong> ao nível da UEe são defini<strong>dos</strong> em termos gerais nas directivas.São publicadas normas europeias harmonizadasque fazem referência às directivas emcujo âmbito se aplicam, normas essas quedetalham em termos técnicos os requisitosessenciais estabeleci<strong>dos</strong> nas directivas.2. Verificar quais são as exigências específicaspara o produto.Cabe ao fabricante garantir que o seu produtoestá em conformidade com os requisitosessenciais da legislação comunitária relevante.A plena conformidade de um produto com as1Constituído pelos seguintes diplomas:– Decisão n.º 768/2008/CE (quadro comum para a comercialização de produtos).– Regulamento (CE) n.º 764/2008 (estabelece procedimentos para a aplicação de certas regras técnicas nacionaisa produtos legalmente comercializa<strong>dos</strong> noutro Estado-Membro).– Regulamento (CE) n.º 765/2008 (estabelece os requisitos de acreditação e fiscalização do mercado relativos àcomercialização de produtos).2Em Portugal: Decreto-Lei n.º 23/201132<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALnormas harmonizadas confere a um produto a«presunção da sua conformidade» com osrequisitos essenciais relevantes. O recurso àsnormas harmonizadas é voluntário, podendo osfabricantes optar por outros meios de evidenciaro cumprimento pelo seu produto <strong>dos</strong>requisitos essenciais.3. Identificar se é necessária uma avaliação daconformidade independente por parte de umorganismo notificado.Cada directiva aplicável a um determinado produtodefine se é necessário envolver uma terceiraparte independente (organismo notificado)no processo de avaliação da conformidadenecessário para a aposição da Marcação CE.4. Ensaiar o produto e verificar a sua conformidadecom a regulamentação europeia.Uma parte desse processo consiste numa avaliaçãode riscos. Ao recorrer aos ensaios combase nas normas europeias harmonizadas aplicáveis,o fabricante fica em condições de comprovarque o produto satisfaz to<strong>dos</strong> os requisitosessenciais das directivas.5. Preparar e manter disponível um conjunto dedocumentação técnica, que constituirá o <strong>dos</strong>siêtécnico do produto.O fabricante deve elaborar a documentaçãotécnica exigida pela(s) directiva(s) com vista àavaliação da conformidade do produto com osrequisitos aplicáveis e à avaliação do risco.Essa documentação técnica, juntamente coma Declaração CE de Conformidade, deve serapresentada às autoridades nacionais competentessempre que for solicitada.6. Por a Marcação CE no produto, juntamentecom a Declaração CE de Conformidade.A marcação CE deve ser posta pelo fabricanteno produto ou na sua placa de características,respeitando a forma e as dimensões legalmentedefinidas, de modo visível, legível e indelével. Sena fase de controlo da produção estiver envolvidoum organismo notificado, também deve ser indicadoo seu número de identificação.e de utilidade pública, que disponibiliza aos operadoreseconómicos portugueses um vasto conjuntode serviços, <strong>dos</strong> quais merecem destaqueos numerosos ensaios de produtos eléctricos eelectrónicos com base em normas europeias harmonizadascom vista à sua Marcação CE, assimcomo ensaios basea<strong>dos</strong> em normas internacionais,para a certificação da conformidade de produtosdestina<strong>dos</strong> a merca<strong>dos</strong> não europeus.O IEP possui actualmente um conjunto delaboratórios acredita<strong>dos</strong> pelo IPAC (Instituto Portuguêsde Acreditação). Por via dessa acreditação,os relatórios e os certifica<strong>dos</strong> que emite sãoreconheci<strong>dos</strong> em numerosos países de todo omundo, graças aos acor<strong>dos</strong> multilaterais EA(European Cooperation for Accreditation), ILAC(International Laboratory Accreditation Cooperation)e IAF (International Accreditation Forum),<strong>dos</strong> quais Portugal, através do IPAC, é signatário.Os laboratórios do IEP estão também reconheci<strong>dos</strong>como laboratórios de certificação de produtoseléctricos e electrónicos: a nível europeu noâmbito do acordo CCA (Cenelec CertificationAgreement) e a nível internacional pelo acordoIECEE (International Electrotechnical CommissionSystem for Conformity Testing and Certification ofElectrotechnical Equipment and Components).Esses acor<strong>dos</strong> asseguram o reconhecimentomútuo, entre to<strong>dos</strong> os países que os subscreveram,<strong>dos</strong> relatórios de ensaio e <strong>dos</strong> certifica<strong>dos</strong>de produtos eléctricos e electrónicos emiti<strong>dos</strong> porum <strong>dos</strong> organismos que integram tais acor<strong>dos</strong>.Para além <strong>dos</strong> reconhecimentos e acreditaçõesreferi<strong>dos</strong>, os laboratórios do IEP estão tambémqualifica<strong>dos</strong> como Organismo Notificado àComissão Europeia para actuar no âmbito dasseguintes directivas comunitárias, tendo em vistaa aposição da Marcação CE nos produtos por elasabrangi<strong>dos</strong>:■ Directiva da Baixa Tensão, 2006/95/CE (antiga73/23/CEE);■ Directiva da Compatibilidade Electromagnética,2004/108/CE.IEP: O PARCEIRO DA INDÚSTRIA PORTU-GUESA RUMO AO MERCADO GLOBALO IEP – Instituto Electrotécnico Português éuma entidade independente, sem fins lucrativosGraças a este alargado leque de competências,o IEP assume-se como o parceiro preferencialda indústria portuguesa para a avaliação daconformidade <strong>dos</strong> seus produtos, qualquer queseja o mercado de destino.33


PROFISSIONALEURICO FERREIRA SA,A ATUAR NAS ÁREASDE INFRAESTRUTURASDE ENGENHARIA PARAENERGIAS,TELECOMUNICAÇÕESE RENOVÁVEISCRESCIMENTO SUSTENTÁVEL,INOVAÇÃOE INTERNACIONALIZAÇÃOLuís Alberto CostaAndradeConselho deAdministração da EuricoFerreira, SANum longo percurso, composto pelos maisdiversos cenários e conjunturas económicas, aEurico Ferreira SA caminha a passos largos paraas três décadas de existência. É com essa experiênciaacumulada e consciente <strong>dos</strong> fatores quedeterminam o sucesso, que esta empresa, aatuar nas áreas de infraestruturas de engenhariapara Energias, Telecomunicações e Renováveis,tem apostado num processo de Internacionalizaçãosustentado, procurando parceiros de negócioadequa<strong>dos</strong> e com conhecimentos que assegurema diminuição do fator risco e possibilitem ummelhor desenvolvimento <strong>dos</strong> negócios, adquirindoe aplicando know-how de forma direcionadae tendo em conta as especificidades decada país e cultura.Apesar de integrada no Grupo Proef desde2003, foi em 1984 que a Eurico Ferreira se constituiujuridicamente como sociedade, atuandoinicialmente na área da Energia tendo como principaisatividades a execução de instalaçõeselétricas, de redes e distribuição de energiaelétrica de baixa e média tensão, iluminaçãopública, postos de transformação e segurança deedifícios industriais. Durante a década de noventaforam celebra<strong>dos</strong> diversos contratos, entre eles ocontrato celebrado com a EDP (Eletricidade DePortugal).Em 1991, tendo em vista a exploração de diferentesmerca<strong>dos</strong>-alvo, aceita novos desafios emimportantes projetos iniciando atividade na áreadas Telecomunicações com as Redes Móveisatravés do cliente Telecel/Vodafone, seguindo-selhea TMN em 1995. Em 1999 iniciou atividadeno mercado da Rede Fixa e TV por Cabo e em2004 aceitou o desafio de responder às novasnecessidades deste mercado, passando a trabalhartambém em projetos de Fibra. Em 2008 deumais um passo na sua especialização tendo iniciadoatividade nas Redes de Nova Geração.O ritmo de desenvolvimento favorável permitiuexpandir a atividade da empresa para um novosetor. Foi assim que em 2004, em simultâneocom evoluções internas paralelas, a empresaentrou no setor das Energias Renováveis.O setor das Telecomunicações cobre três vertentes– Serviços, Consultoria e Produto – e estádividido nas áreas de Redes Móveis, Redes deNova Geração e Fixas. Nas Redes Móveis faz planeamentoe otimização de Rádio; negociação deespaços e processos de licenciamento; fornecimentoe instalação de estações; instalação deantenas, swaps, setorizações e reengenharias emBTS; instalação, colocação ao serviço e manutençãode equipamento rádio; manutenção preventivae corretiva. Nas Redes Nova Geração atua em34<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALFTTH fazendo o levantamento e projeto; negociação;implementação de Outside e Inside Plant(OSP/ISP); manutenção OSP/ISP; drop de Cliente;manutenção de drop de Cliente, atua ainda emFTTN e em projetos de redes rurais de fibra.Quanto à Rede Fixa, faz a instalação e manutençãode equipamento de acesso e a instalação emanutenção de infraestruturas de rede de cobree redes rurais em fibra ótica. Com esta abrangênciadentro das Telecomunicações, a Eurico Ferreiraassegura a capacidade para responderchave na mão às necessidades <strong>dos</strong> seus clientes,desde o Planeamento até à Manutenção, passandopela Engenharia, Otimização, Rollout, Integração,Gestão e O&M.Também quando se fala do setor das Energias,aquela que foi a atividade inicial da Eurico Ferreira,verifica-se que a estrutura está organizadade forma semelhante às Telecomunicações,englobando as vertentes de Serviços, Produto eConsultoria. Desta forma é assegurada a coberturade toda a cadeia de valor ao nível <strong>dos</strong> projetosde Energia e é prestada particular atenção àevolução do sector, às exigência <strong>dos</strong> Clientes e aoque de melhor se produz ao nível da investigaçãoem Portugal e na Europa.Também aqui o nosso know-how assenta emvárias atividades como as infraestruturas de produçãode energia, através das linhas de transportede energia; subestações; redes de distribuiçãode energia (AT, MT e BT); trabalhos emtensão (AT, MT e BT); operação e manutenção eoutras atividades como infraestruturas para loteamentos,urbanizações, centros urbanos e eixosviários; medidas de resistividade <strong>dos</strong> solos e execuçãode plano de melhoria de resistênciaóhmica de terra, etc.No campo das Energias Renováveis a EuricoFerreira atua em estreita colaboração com a ProefEnergias Renováveis e posiciona-se claramenteneste setor nas vertentes de projeto, construção,exploração e manutenção de soluções integradaspara a produção de energia a partir de fontes deenergia renováveis, com especial destaque paraenergia eólica, energia fotovoltaica/termosolareléctrica,mini-hídricas, centrais de biomassa florestale produção de pellets. Tem como áreas deintervenção os parques eólicos, fotovoltaicos eoutros aproveitamentos de Energias Renováveisfazendo desde o O&M do projeto; à gestão operacionale à instalação de soluções de microgeraçãoe minigeração.Um conceito comum a todas as áreas de atuaçãoda empresa é o desenvolvimento da atividadede Consultoria com as valências de auditoria,aconselhamento, consultoria, engenharia, outsorcinge formação.Em cada uma destas áreas, o objetivo daempresa é abranger toda a cadeia de valor deforma a garantir aos seus Clientes os graus deResponsabilidade e Qualidade que eles pretendeme assegurar assim o melhor resultado final35


PROFISSIONALdas soluções implementadas. A Eurico Ferreira levamuito a sério este objetivo e não poderia mantê-lonuma cultura organizacional na qual a Inovaçãonão fosse um valor básico, algo que requer que oritmo de mudança dentro da empresa acompanheo ritmo de mudança fora da empresa. É assenteneste pressuposto que o portfólio da empresa setorna um elemento vivo, diversificado e em constanteatualização, em prol das necessidades domercado em qualquer uma das áreas de atividade.Neste enquadramento, fruto do Sucesso e Crescimentopotenciado pela Eurico Ferreira e pelassuas representações internacionais, cedo se observoua necessidade e ambição de fazer mais emelhor, de complementar serviços e de apoiarestruturas. Assim, em 2003 nasceu a Proef SGPS,S.A., uma sociedade gestora de um vasto leque denegócios, cujas participações são geridas atravésde quatro áreas de atividade que, sendo diferentesentre si, se complementam de forma a promoverum desenvolvimento sustentado e equilibrado dogrupo: a Proef Engenharia, Proef Renováveis, ProefCapital e Proef Internacional.Também no âmbito da certificação, a EuricoFerreira tem implementado um Sistema de GestãoIntegrado de Qualidade, Ambiente e Segurançaque atua como instrumento fundamentalpara garantir a conformidade <strong>dos</strong> processos coma legislação e com as melhores práticas.Adotando uma postura ética e transparenteatravés da certificação das suas operações e dasua cadeia de fornecimento, a Eurico Ferreira éuma das cerca de 30 empresas a nível nacionala obter a Certificação do seu Sistema de Gestãoda Responsabilidade Social de acordo com anorma internacional SA8000, que encoraja asorganizações a desenvolver, manter e aplicar práticassocialmente corretas no local de trabalho,permitindo demonstrar o compromisso da organizaçãopara com a responsabilidade social. Comela, a empresa pretende consolidar uma estratégiade desenvolvimento sustentável no sentido deuma sociedade mais justa, ambientalmente maissaudável e financeiramente mais eficiente.É a primeira empresa de engenharia em Portugala obter esta certificaçãoA visão que orienta a Eurico Ferreira é o propósitofirme de ser uma empresa de engenhariacom projeção internacional, oferecendo ao merca<strong>dos</strong>oluções que transformem conhecimentoem valor acrescentado. Por isso, ao longo destesanos de existência e paralelamente ao crescimentointerno da empresa, quer em estrutura,quer em negócio, a Eurico Ferreira não descurouo papel importante e ativo que os outros merca<strong>dos</strong>poderiam desempenhar no seu crescimento.Com presença ativa em 8 países e 3 continentes– Portugal, Espanha, França, Brasil, Marrocos,Angola, Moçambique e África do Sul – foi lá atrás,em 1999, que se lançou no desafio de dar os primeirospassos além-fronteiras e, em Marrocos, acriação da EFE Maroc marcou a primeira incursão36<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALno continente Africano. Um ano depois, em 2000,foi a vez de atravessar o Atlântico para marcar presençaem novo continente, com a América Latinacomo área preferencial e o Brasil como país de eleição,onde a sua atividade viria a ser desenvolvidapara os principais fornecedores e operadores detelecomunicações a atuar no mercado brasileiro.Enquanto a nível nacional o mercado das Telecomunicaçõescrescia exponencialmente forçandoao alargamento a novas áreas de intervençãono setor, internacionalmente os merca<strong>dos</strong>emergentes começavam a ganhar uma visibilidadee atenção externa invulgares. E foi nessaconjuntura que em 2004 a Eurico Ferreira expandiua sua presença no continente Africanocriando a Eurico Ferreira Angola, a operar emtodo setor das Telecomunicações desde as RedesMóveis, passando pelas Redes Fixas até às Redesde Nova Geração, e a Proef Energias de Angolacujo foco principal de atividade se centra nasinfraestruturas de eletricidade, com competênciasdiversificadas nos diversos níveis de tensão ( BT,MT, AT e MAT ), projetando, construindo e operandoem redes de transporte, subestações, redesde distribuição, postos de transformação e geradores.juntas, estas duas empresas formam umaréplica fiel da atividade desenvolvida na EuricoFerreira em Portugal.Um ano mais tarde, em Espanha, estabeleceuuma relação de parceria com a Paeflux e com issocolocou mais um país no mapa de presençasinternacionais, sempre com um trabalho pautadopela qualidade e know-how.A conjuntura económica que se adivinhava nopaís, exigia uma sustentabilidade apoiada na procurade novos merca<strong>dos</strong> e o crescimento comaposta na internacionalização era um passo inevitável.Assim, em 2011 deu-se um estreitamentode laços com África e, com o background daexperiência nos outros merca<strong>dos</strong>, o reconhecimentoe trabalho da empresa chega a mais doispaíses através da criação da Eurico FerreiraMoçambique e da Eurico Ferreira South Africa. Jáno início de 2012, foi reforçada a presença nocontinente Europeu com a criação da ProefFrance, aumentando assim o leque de países emque a empresa está presente.Sem nunca descurar o mercado nacional e aconsolidação contínua das suas atividades dentrode portas, neste momento o volume de negóciosgerado pela internacionalização da Eurico Ferreiraaproxima-se <strong>dos</strong> 40% e perspetiva-se em 2012que seja superior a 50%, em um volume total deaproximadamente 120 M€.Mas a Eurico Ferreira não fica por aqui. Oprincipal destaque passa por projetos que continuema investir cada vez mais na Internacionalizaçãode competências com forte aposta naÁfrica Austral, passando pela América do Sul eMédio Oriente, tendo em vista a diversificação <strong>dos</strong>seus investimentos e o crescimento sustentadoem áreas geográficas distintas.Luís Alberto Costa AndradeLicenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores– FEUP – UP (1994), MBA em Gestão deEmpresas e Pós-Graduação – Programa Avançado deManagement pelo IESF – Instituto de Estu<strong>dos</strong> SuperioresFinanceiros e Fiscais do Porto.Membro efetivo da OE – Colégio Electrotecnia –nº 40351Iniciou a sua atividade profissional em 1994, comoDiretor de Engenharia da Eurico Ferreira, Lda.Integra desde 2009 o Conselho de Administração daEurico Ferreira, SA..É atualmente Membro do Conselho de Administraçãoe da Comissão Executiva do Grupo Proef SGPS, SA,assumindo a função de COO – Chief Operating Officerde todas as Empresas de Engenharia do Grupo Proef.É ainda Gerente da Eurico Ferreira Angola, Lda desde2010, Eurico Ferreira Moçambique, Lda desde 2011,Westcable, Lda e Proef France, Lda desde 2012.37


PROFISSIONALLISBOA E PORTOCIDADES INCUBADORASO FUTURO DAS CIDADESJosé F. G. MendesEngenheiro CivilProfessor Catedráticode Sistemas Regionaise UrbanosVice-Reitor daUniversidade do MinhoCoordenador do ConselhoRegional <strong>Norte</strong> do Colégiode Engenharia CivilINTRODUÇÃOfigura (em cima)Porto, Cidade IncubadoraVivemos hoje num mundo maioritariamente urbano. O número de pessoas a viver em cidades ultrapassajá os 50 por cento da população mundial. Nos países mais desenvolvi<strong>dos</strong>, onde se inclui Portugal,a taxa de urbanização é ainda mais acentuada e continua a crescer. O século XXI será, porcerto, o século das cidades.No final do século XX, assistiu-se a um esboço teórico que entrevia a possibilidade de as tecnologiasda informação desmaterializarem o espaço e as transacções ao ponto de tornar irrelevante a localizaçãogeográfica. A realidade, porém, tem demonstrado que o factor de proximidade é demasiado forte paracolocar em crise a cidade. A capacidade, até ver irreplicável, das pessoas aprenderem umas com asoutras através da interacção face-a-face funciona como um magnete que as atrai mutuamente e asmantém juntas em espaços urbanos.Embora seja comum a ideia de que as cidades se tornaram congestionadas, poluídas, inseguras edesiguais, o fluxo contínuo de pessoas que trocam as áreas rurais por áreas urbanas, em busca demelhores oportunidades, demonstra que a vida nas urbes é uma proposta de valor sem concorrência.Esta constatação empírica pode ser reescrita da seguinte forma: na perspectiva do indivíduo, o alegado38<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALdéfice ambiental da vida em cidade é largamente compensado pelo putativo superavit sócio-económico.Emerge desta leitura uma ameaça e uma promessa. A cidade, na sua dimensão, complexidadee diversidade, pode confirmar ou infirmar esta expectativa.De uma forma ou de outra, é inquestionável que as cidades são o catalisador do crescimento e daprosperidade das regiões e das nações. Edward Glaeser, no seu recente Triumph of the City (2011),eleva o argumento ao apogeu, ao considerar que a cidade é a maior invenção da Humanidade, eafirma peremptoriamente que a mesma nos faz mais ricos, mais inteligentes, mais verdes, mais saudáveise mais felizes.AS MEGA-TENDÊNCIAS GLOBAISMega-tendência é uma grande alteração social, económica, política, ambiental ou tecnológica que,na sua fase inicial, se forma e manifesta lentamente. Uma vez iniciada, vai afectando actividades, processose percepções até que adquire uma dinâmica irreversível e se instala globalmente.Elencar e caracterizar mega-tendências é um exercício complexo, um processo de escolha plenode dúvida e muito dependente do enfoque a partir do qual se procuram estas alterações globais. Areferência que mantenho presente é o incontornável John Naisbitt e os seus Megatrends (1982),Megatrends 2000 (1990) e China’s Megatrends (2010). Mas também The World is Flat (2005/6/7)e Hot, Flat and Crowded (2008) de Thomas Friedman ou An Incovenient Truth (2006) e Our Choice(2009) de Al Gore. Noutra linha, com um estilo mais fracturante, dou grande crédito a The ExtremeFuture (2006) de James Canton, que nos oferece uma selecção das dez tendências que, na suaopinião, reconfigurarão o mundo nas próximas duas décadas.O meu balanço entre a escala e o impacto e, por outro lado, a sua relevância para o mundo urbanoconduziram-me a uma selecção de sete mega-tendências que afectam objectivamente as cidades, asaber: Globalização e Glocalização sem Recuo; Urbanização e Migração como Regra; Economia daInovação sem Alternativa; Demografia e Força de Trabalho em Mudança; O Futuro da Energia e aEnergia do Futuro; Clima e Ambiente em Risco; Individualismo versus Redes Sociais.Face às mega-tendências globais, as cidades sabem que têm de mudar. O status quo já não é umaopção viável. As ameaças e oportunidades de um mundo em mudança, rápida e profunda, configuramdesafios que exigem acção. A visão e a agenda estratégica da cidade do futuro serão, essencialmente,baseadas na interpretação destas tendências e do respectivo impacto na cidade.Quais são então os desafios que as mega-tendências colocam às cidades? Sem pretensão de serexaustivo, e tendo por referência o universo das cidades médias do mundo desenvolvido ou em desenfigura(ao lado, à esquerda)Globalização e Glocalizaçãofigura (ao lado, à direita)Alterações climaticasOS DESAFIOS E O PROTAGONISMO DAS CIDADES39


PROFISSIONALvolvimento, elenquei um conjunto de 15 desafios a que a maioria das cidades com pretensão de sercompetitivas terá necessariamente de dar resposta.Desafios decorrentes da tendência da globalização/glocalização:Desafio: As cidades procuram explorar activos tangíveis ou intangíveis, de natureza única e autêntica,que as sinalizam e valorizam à escala global.Desafio: As cidades procuram integrar-se e participar em redes e organizações internacionais queestruturam e regulam o processo de globalização.Desafios decorrentes da tendência da urbanização e migração:Desafio: As cidades procuram a eficiência, a segurança, a estética e a sustentabilidade, no sentido deoferecer eleva<strong>dos</strong> padrões de qualidade de vida e melhor acomodar o seu crescimento.Desafio: As cidades procuram criar condições para integrar os imigrantes, na sua diversidade e multiculturalidade.Desafios decorrentes da tendência da economia da inovação:Desafio: As cidades procuram desenvolver plataformas de I&D+i (investigação, desenvolvimento e inovação)e de transferência de conhecimento.Desafio: As cidades procuram desenvolver plataformas de empreendedorismo.Desafio: As cidades procuram constituir-se como espaços de prototipagem de inovações (living-labs).Desafio: As cidades procuram oferecer conectividade electrónica ubíqua e tendencialmente gratuita.Desafios decorrentes das tendências demográficas e da força de trabalho:Desafio: As cidades procuram oferecer educação terciária de alto nível.Desafio: As cidades procuram atrair e reter talentos de classe internacional.Desafio: As cidades procuram adaptar-se para melhor servir uma população envelhecida.Desafio decorrente das tendências energéticas:Desafio: As cidades procuram reduzir a sua dependência <strong>dos</strong> combustíveis fósseis e gerar energia apartir de fontes renováveis integradas em redes inteligentes.Desafio decorrente das tendências ambientais e do clima:Desafio: As cidades procuram reduzir as emissões de GEE, de outros poluentes atmosféricos e deruído ambiental urbano e limitar a exposição de pessoas à carga poluente.Desafios decorrentes da tendência do individualismo e redes sociais:Desafio: As cidades procuram oferecer governo e serviços centra<strong>dos</strong> no cidadão, ininterruptos e comrespostas tendencialmente individualizadas.Desafio: As cidades procuram criar espaços de expressão individual e colectiva, combinando identidadecom diversidade e recuperando o convívio presencial.A CIDADE INCUBADORALonge vai o tempo em que se olhava para a organização da cidade numa perspectiva marcadamenteurbanística, focando sobretudo nas lógicas de integração do uso do solo e <strong>dos</strong> fluxos. Estesaspectos, naturalmente importantes, são apenas uma parte da problemática e a sua relevância paraa notoriedade, capacidade de atracção e competitividade das cidades é hoje muito limitada.40<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALNa abordagem mais ampla que defendo, as dimensões-base da cidade incubadora procuramresponder a um conjunto de requisitos necessários ao seu sucesso, numa dupla perspectiva: preparara cidade para os desafios coopta<strong>dos</strong> na sua visão estratégica, que decorrem das mega-tendênciasglobais; e contribuir para a sua competitividade, por forma a gerar sustentadamenteos recursos que garantem a saúde económica, o bem estar e a qualidade de vida <strong>dos</strong> seus habitantes.São cinco as dimensões do sucesso da cidade incubadora: a cidade intelectual, a cidade inovadora,a cidade conectada, a cidade sustentável e a cidade autêntica. Estes cinco pilares adquiremsentido e coesão quando coroa<strong>dos</strong> por uma outra dimensão, esta transversal, que se expressa pelotridente: Visão, Liderança e Marca.A missão da cidade intelectual é a geração, atracção e retenção daquele que é provavelmente omais indispensável e crítico <strong>dos</strong> seus activos: o talento. Este desígnio é tanto mais conseguido quantomelhor for o sistema de educação que lhe é infraestrutural e, na perspectiva <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>, quantomais relevante e criativo for o conhecimento gerado na cidade.A simples concentração de talento, embora importante, não é suficiente para a geração de valortransacionável. É neste contexto que a cidade inovadora ganha sentido, enquanto espaço que seestrutura segundo um sistema de pontes vocacionadas para a valorização do conhecimento. A cidadeinovadora promove e apoia a investigação e a experimentação, a protecção da propriedade industriale <strong>dos</strong> direitos de autor, o empreendedorismo, a atracção do capital de risco e <strong>dos</strong> business angels.Organiza-se, combinando as infraestruturas e as funções próprias de um ecossistema de inovação.A cidade-ilha auto-suficiente, fechada na sua identidade, nos seus valores e no seu mercado, nãosobrevive às exigências decorrentes das tendências globais. Não é competitiva, nem mesmo viável.Pelo contrário, a cidade do futuro, aquela que incuba o sucesso, é, por definição, conectada e permeável.A facilidade, qualidade e intensidade da interacção dentro da cidade e desta com o mundoexterior são factores críticos incontornáveis.A dimensão da conectividade expressa-se local e globalmente, sendo que ambas as escalas secomplementam. Pessoas, bens, serviços e ideias interagem na cidade e projectam-se para o exterior,numa dinâmica que é intrínseca à competitividade da cidade. Não é possível imaginar a cidade inovadorasem uma cidade intelectual e uma cidade conectada.No contexto que aqui importa, sustentabilidade significa procurar a melhoria da qualidade de vidae do funcionamento da cidade dentro <strong>dos</strong> limites da capacidade de regeneração de recursos <strong>dos</strong>ecossistemas. A cidade sustentável é aquela que se preocupa com as incidências ambientais e energéticasda própria condição urbana e que faz reflectir essa prioridade na estrutura, nos processos enas atitudes.As características únicas de um lugar são a mais segura origem da sua vantagem competitiva.A cidade que assume e explora as suas particularidades, sobretudo as que são irrepetíveis, adquireo estatuto de autêntica e posiciona-se no grupo das candidatas a atrair pessoas criativas e talentosas.Não é fácil estabelecer um quadro comparativo, quando se fala de autenticidade. Cada caso é umcaso. Todavia, um olhar atento sobre as cidades de sucesso permite perceber que os traços distintivos,aqueles que decidem, se expressam em quatro grandes temas: a qualidade de vida, o património,a cidadania e os padrões de comportamento.AutênticaSustentávelem cimaA Cidade IncubadoraIntelectualvisãoliderançamarcaConectadaInovadoraLISBOA E PORTO, CIDADES INCUBADORASSem pretender ser exaustivo e, muito menos, conclusivo, permito-me lançar algumas pistas sobreo potencial das duas maiores cidades portuguesas.Desde logo, colocar Lisboa na primeira linha como a cidade portuguesa melhor posicionada parase assumir como nó de relevância em redes globais. Tirando partido do facto de ser a capital de umpaís que é membro da União Europeia e de ter sido também a capital de um império intercontinental,41


PROFISSIONALLisboa tem um relevo político muito interessante. Sobretudo a partir da EXPO98, a cidade entrou noroteiro <strong>dos</strong> grandes eventos e adquiriu uma projecção internacional que vinha perdendo de forma continuada.Actualmente, é uma cidade que atrai talento, que dispõe de ensino superior de qualidade,que está bem conectada com o resto do mundo e que apresenta activos distintivos.É legítimo conferir a Lisboa o potencial para se expressar em todas as cinco dimensões do sucesso.Contudo, vejo maior potencial na Lisboa Conectada e na Lisboa Autêntica.Conectada, porque tem condições para se constituir como uma plataforma do diálogo transatlântico,estabelecendo pontes entre a Europa, a África e a América, sobretudo o Brasil. Mas paraser um nó da globalização, Lisboa (e Portugal) tem de ser mais proactiva, desenvolvendo nomeadamenteuma estratégia alargada. Falo de centros de estu<strong>dos</strong> económicos e culturais, câmaras decomércio e indústria, atracção de headquarters de empresas de ambos os la<strong>dos</strong> do atlântico, parceriasprofundas com cidades brasileiras e africanas, intercâmbio de estudantes, feiras, concertos,programas universitários de dupla tutela, academias mistas de desporto (porque não a incubadorado futebol, com a marca luso-brasileira, como porta de entrada <strong>dos</strong> talentos brasileiros na Europa?),academias mistas do audiovisual, ligações fáceis (a ponte aérea da TAP para o Brasil é também umexcelente exemplo), entre muitas outras iniciativas.A Lisboa Autêntica decorre <strong>dos</strong> seus activos únicos. Ao nível <strong>dos</strong> tangíveis, a relação com o oceanoé necessariamente a imagem de marca. A beleza da cidade, debruçada sobre o estuário do Tejo, e oOceanário são marcantes. A temática <strong>dos</strong> Descobrimentos, porventura a mais distintiva e poderosa,permanece inexplorada. Custa-me ver que Paris tenha importado um formato americano e criado oparque temático EuroDisney, e que, em Lisboa, não haja quem aposte na sua própria autenticidade ecrie o parque <strong>dos</strong> Descobrimentos. Quando há uns anos ouvi alguém comparar a descoberta do caminhomarítimo para a Índia com a ida à Lua, fui imediatamente assaltado pela ideia de um parquetemático dedicado às descobertas, da iniciativa conjunta de Portugal e da NASA, onde se tirassepartido do paralelismo da exploração do planeta Terra e da exploração do Espaço, proporcionandoaos visitantes experiências memoráveis. Esta infraestrutura, que seria única no mundo, colocaria Lisboano mapa global, atraindo não só turistas, mas também talento.Ao nível <strong>dos</strong> activos intangíveis, Lisboa pode dispor do fado, da luz e da gastronomia. Começandopelo primeiro, mais do que uma melodia de características únicas, o fado tira actualmente partido daemergência da classe musical designada por World Music, que permitiu projectar globalmente intérpretescomo Mariza. A luz de Lisboa é distinta porque vai para além do sol. Muito apreciada pelosturistas do centro e norte da Europa, é uma combinação única de sol, exposição e calçadas calcárias.A gastronomia aparece aqui porque é o corolário lógico de uma cidade de vocação oceânica. A verdadeé que, genericamente, se come bom peixe em Portugal, mas não existe uma marca, à imagem doque acontece com a cozinha francesa ou italiana. A gastronomia portuguesa do peixe e do mariscocarece de sofisticação, impondo-se a criação de assinaturas de autor. É um trabalho demorado, masLisboa está em condições de o protagonizar, começando, desde logo, por colocar um par de restaurantesna lista <strong>dos</strong> melhores do mundo.Lisboa, cidade conectada e cidade autêntica, tem condições para ser uma estrela na cena global.Para atrair mais congressos, mais eventos, mais cruzeiros, mais pessoas, mais talento. Para atrair tambémmais centros de decisão da União Europeia, das Nações Unidas, da Comunidade de Países deLíngua Portuguesa, das organizações mundiais de regulação, das organizações bilaterais entre Portugale países terceiros da América do Sul e de África, das empresas multinacionais, entre outras.Num outro patamar, também de grande potencial, está o Porto. Embora tenha dimensão para geraros processos espontâneos da cidade incubadora, o seu desempenho ao nível da conectividade e dasustentabilidade é menos assinalável. Pelo contrário, vejo o Porto como cidade intelectual e comocidade autêntica.O Porto Intelectual assenta, sobretudo, na presença da maior e mais produtiva universidade portuguesa.De acordo com os rankings internacionais recentes, a Universidade do Porto posiciona-se42<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALnas 500 melhores do mundo e nas 150 melhores da Europa. O prestígio do ensino superior na cidadee da investigação que nela se desenvolve em diversas áreas do conhecimento tem aumentado muitoa sua atractividade. No ano lectivo de 2010/11, escolheram o Porto mais de 1500 estudantes estrangeirospara estudar ao abrigo de programas internacionais de mobilidade. Não se pense, contudo,que a atracção de talento se fica pelo mundo académico. Também as indústrias criativas têm geradodinâmicas interessantes que, se bem que embrionárias, vão produzindo resulta<strong>dos</strong> visíveis. A pequenaincubadora das indústrias criativas da Fundação de Serralves é um exemplo que deveria ser estendidoà cidade, transformando-a na verdadeira cidade incubadora.A identidade muito própria do Porto, que se reflecte nos comportamentos e na própria arquitecturada cidade, confere-lhe um elevado nível de autenticidade, de resto muito referida pelos visitantes. Odiálogo com o rio Douro, corporizado pela Ribeira Património Mundial e pela magnífica sucessão depontes, a Casa da Música, o Futebol Clube do Porto e o Vinho do Porto são activos únicos que, sebem explora<strong>dos</strong> e articula<strong>dos</strong>, conferem à cidade o estatuto de Cidade Autêntica com forte reconhecimentointernacional.A temática do Vinho do Porto e <strong>dos</strong> vinhos do Douro está, no meu entendimento, sub-explorada.O conceito de Winearium a que aludi atrás, uma espécie de complexo centrado nos vinhos do Douroe do Porto, integrando as componentes lúdica, pedagógica e científica, bem como uma academia declasse mundial, assentaria como uma luva na cidade do Porto. Sendo um elemento distintivo, contribuiriaainda para a realização da cidade intelectual, uma vez que atrairia talento, e também da cidadeconectada.figura (em baixo)Lisboa, Cidade Incubadora43


em cada tema específico, procurando contribuir para uma evolução sustentada do domínio da carac-TERTÚLIAS DE ENGENHARIA CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICAGEOLÓGICA E DE MINASSOB ENFOQUE NOCOLÉGIO DE ENGENHARIAGEOLÓGICA E DE MINAS(REGIÃO NORTE)em horário nocturno (21.00 - 23.00).terização geotécnica.de grandes empreendimentos (Engº Jorge Cruz, MOTA-ENGIL)44 <strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012Nuno CruzCoordenador do ConselhoRegional <strong>Norte</strong> do Colégiode Engenharia Geológicae de MinasCom o intuito de contribuir para o desenvolvimento de práticas de caracterização que englobemconhecimentos e tecnologias actualizadas com o século em que vivemos, o colégio de EngenhariaGeológica e de Minas (RN) lançou em 2011 um conjunto de debates subordina<strong>dos</strong> ao tema geral«Caracterização Geotécnica. Continuar o passado ou re-inventar o futuro?». Para o efeito, e procurandocriar um modelo apetecível conducente a um bom nível de participação, optou-se por um formatodo tipo tertúlia, com periodicidade mensal (excluindo meses de férias, Páscoa e Natal), realizadasNeste contexto, foram realizadas oito tertúlias com oito oradores convida<strong>dos</strong> de reconhecido méritoOs temas aborda<strong>dos</strong> e os respectivos oradores indicam-se em seguida:a) Implicações do novo código de contratação pública na qualidade da caracterização geotécnica


PROFISSIONALb) A importância da eficiência paramétrica no desenvolvimento de modelos de cálculo numérico(Prof. Paulo Pinto, Universidade de Coimbra/GEG)c) A utilização das redes neuronais na rentabilização da experiência geotécnica (Prof. Manuel Cruz,Instituto Politécnico do Porto)d) Ensaios in-situ em prospecção corrente. A importância da calibração energética <strong>dos</strong> equipamentosSPT e a introdução de ensaios de última geração (Prof. Carlos Rodrigues, Instituto Politécnicoda Guarda)e) A geofísica como ferramenta privilegiada de caracterização geotécnica (Heldér Tareco, Geosurveys)f) Caracterização hidrogeológica no contexto de prospecção geotécnica corrente (Prof. Martins deCarvalho, ISEP)g) Modelos de caracterização para definição de escavabilidade de terrenos em obras de escavaçãoa céu aberto (Engº Fernando Ferreira, Geoàrea)h) A Aventura do ensino de Engenharia no Séc. XXI (Nuno Cruz, Mota-Engil/Univ. Aveiro)Globalmente, considera-se que o modelo adoptado se revelou de sucesso, uma vez que todas assessões decorreram em ambiente muito participado e todas as tertúlias propostas tiverem participantesem número suficiente para a sua realização (entre 11 e 23 participantes), conforme se procura emseguida destacar. No conjunto das 8 tertúlias inscreveram-se um total de 169 participantes, <strong>dos</strong> quaiscompareceram cerca de 75% (125), a que corresponde uma média de 15-16 participantes por sessão.A distribuição <strong>dos</strong> participantes evidenciou cerca de 64% de participantes não filia<strong>dos</strong> na <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong><strong>Engenheiros</strong>, 28% de filia<strong>dos</strong> no Colégio de Engenharia Civil, 7% do Colégio de Engenharia Geológicae de Minas e 1% do Colegio de Engenharia do Ambiente. Por seu lado, verificou-se que a idade <strong>dos</strong>participantes variou globalmente entre os 25 e 60 anos, com incidência particular (mais de 60%) nafaixa etária <strong>dos</strong> 25 aos 35 anos. Além destes, destaca-se a ainda a presença sempre especial do Prof.Julio Barreiros Martins (82 anos) em 4 das oito sessões. No Quadro I apresenta-se um resumo destesnúmeros organiza<strong>dos</strong> por tertúlia.Quadro 1 – Caracterização <strong>dos</strong> Participantes das TertúliasParticipantesTertuliaTotalFilia<strong>dos</strong> Não Filia<strong>dos</strong> Idades1 23 17 6 <strong>27</strong> – 56*2 16 6 10 <strong>27</strong> – 43*3 13 7 6 26 – 52*4 14 10 4 <strong>27</strong> - 325 15 10 5 28 - 476 21 5 16 26 - 477 12 2 10 <strong>27</strong> - 458 11 5 6 26 – 45**Mais um participante com 82 anos45


PROFISSIONALA INTERNACIONALIZAÇÃODEVE SER ENCARADACOMO FORMA DE GARANTIRA SUSTENTABILIDADEA INTERNACIONALIZAÇÃOCOMO PILARDE DESENVOLVIMENTODA MOTA-ENGILPedro ArraisMota-Engilem cimaPolóniaO desenvolvimento das exportações e da internacionalização das empresas nacionais é um temarecorrente na reflexão sobre os modelos para o desenvolvimento económico nacional.Mas, mais do que tema do momento, a internacionalização é, efectivamente, um factor fundamentalpara a promoção de um modelo de desenvolvimento económico sustentável, alicerçado na qualificaçãoe competitividade externa das empresas, facto que ganha relevância crescente num mercado cadavez mais globalizado e concorrencial.Sendo um processo complexo e exigente do ponto de vista financeiro, a internacionalização deveser encarada como complemento de uma estratégia integrada de desenvolvimento operacional deuma Organização e não como uma forma de contornar dificuldades.No caso do Grupo Mota-Engil, com 65 anos de existência, a Internacionalização tem sido desdesempre um vector fundamental da sua estratégia de desenvolvimento, num processo gradual e decontínuo ajustamento à dinâmica de desenvolvimento internacional.46<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALA referência ao contexto adverso que vivemos no presente e a necessidade de procurar alternativas,remete-nos para a história da própria constituição da então Mota & Cª e a demonstração da relevânciada internacionalização no seu desenvolvimento.O INÍCIO DA INTERNACIONALIZAÇÃOA empresa Mota & C.ª foi constituída em 1946 no período do pós-guerra, vivendo-se na Europaum momento difícil como poucos existiram no século XX.Com essa perspectiva, o fundador do Grupo, Manuel António da Mota, parte para África, iniciandoa operação da empresa nesse mesmo ano em Angola, país no qual o Grupo sempre manteve actividade,representando desde sempre o seu principal mercado externo.A internacionalização da Mota-Engil, confunde-se com a sua própria história porque iniciou a actividadenum mercado externo e desde sempre a internacionalização esteve presente no seu desenvolvimento.A INTERNACIONALIZAÇÃO DA MOTA-ENGIL INTERLIGA-SE COM A SUA HISTÓRIA1946: Ano de constituição da empresa Mota & C.ª e início da actividade em Angola1948: Início da actividade no sector da construção1975/76: Início da operação em Portugal1976-1990: Internacionalização por diversos países africanos1995: Decisão de alargar a actividade à Europa Central1998: Aquisição da empresa Translei no Peru2008: Início de actividade no México2010: Início da actividade no Brasil e Colômbia2010: Coinstituição da ME Angola em parceria com a Sonangol e Grupo AtlânticoApós a incursão por diferentes merca<strong>dos</strong> africanos, em mea<strong>dos</strong> da década de noventa, e numcontexto de perspectiva de alargamento da União Europeia, foi tomada a iniciativa de iniciar actividadena Europa Central, celebrando-se em Abril de 2012, os quinze anos desde o primeiro contrato celebradona Polónia, primeiro mercado onde o Grupo desenvolveu actividade na região.Ainda no final da década de noventa foi iniciado o percurso na América Latina, com a aquisiçãode uma empresa peruana, a Translei (hoje Mota-Engil Peru), tendo nos últimos anos sido efectuadouma aposta significativa na região com a entrada em merca<strong>dos</strong> como o México, Brasil e mais recentementea Colômbia.O APROFUNDAMENTO DA ESTRATÉGIA INTERNACIONALEm 2008 o Grupo Mota-Engil apresentou o seu Plano Estratégico designado “Ambição 2013”,tendo a Internacionalização como um <strong>dos</strong> seus pilares estratégicos, a par da diversificação da actividadedo Grupo.A orientação do Plano “Ambição 2013” passou por definir três regiões estratégicas nas quais fossepromovido o desenvolvimento <strong>dos</strong> diversos segmentos de actividade em que o Grupo actua.Sendo líder em diversas áreas em Portugal como é o caso do sector da engenharia e construção,gestão de resíduos e no sector <strong>dos</strong> portos, o Grupo tem promovido nos últimos anos diversas iniciativaspara replicar o actual modelo de negócio do Grupo em Portugal, diversificando a sua actividade emcada mercado, promovendo sinergias intra-grupo que permitam o crescimento em cada um <strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong>em que o Grupo marca presença.47


PROFISSIONALA ESTRATÉGIA DA INTERNACIONALIZAÇÃO DELINEADA NO PLANO ESTRATÉGICO AMBIÇÃO 2013Para a Mota-Engil, o Plano Estratégico Ambição 2013 (2009-2013), contribuiu decisivamentecomo suporte à estratégia de internacionalização, através das seguintes orientações:1) Definição de Regiões Prioritárias de Actuação – evitar a dispersão de recursos;2) Apostar e reforçar a presença nos Merca<strong>dos</strong> core do Grupo com a entrada de novosnegócios e a criação de valor através de sinergias intra-grupo;3) Abrir a possibilidade à abertura de Capital a sócios locais;4) Potenciar a celebração de Parcerias para Novos Merca<strong>dos</strong>;5) Uniformização das Plataformas de Gestão (independentemente do país).Actualmente, e com base na estratégia de internacionalização em curso, a Mota-Engil desenvolveactividade em 19 países dividi<strong>dos</strong> por três regiões consideradas estratégicas e de actividade prioritáriacomo são a África Austral (África do Sul, Angola, Cabo Verde, Malawi, Moçambique, S. Tomé e Príncipee Zimbabwe), Europa Central (Polónia, Eslováquia, Hungria, Republica Checa e Roménia) e AméricaLatina (Brasil, Colômbia, México e Peru), para além de Portugal, Espanha e Irlanda.CRITÉRIOS PARA A DECISÃO DE INTERNACIONALIZAÇÃOem baixoAngolaIndependentemente da experiência em processos de internacionalização, o Grupo Mota-Engildesenvolveu ao nível <strong>dos</strong> seus procedimentos de gestão um conjunto de requisitos de análise para atomada de decisão sobre a entrada num novo mercado.48<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALNesse processo, que compreende trabalho de análise económica e do mercado para avaliação dopotencial para os sectores de actividade em que o Grupo actua, os factores críticos de avaliação sãoos seguintes:■ Conjuntura económica e perspectivas de evolução;■ Conjuntura política e social e riscos inerentes;■ Dimensão e maturidade <strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong> e perspectivas;■ Presença de concorrentes internacionais e respectivas estratégicas;■ Preesença de entidades financeiras com as quais exista relacionamento e sua visão de mercado;■ Levantamento da legislação fiscal;■ Levantamento das práticas laborais, níveis salariais e oferta de recursos humanos.Da avaliação integrada <strong>dos</strong> factores acima indica<strong>dos</strong>, resulta a decisão sobre a entrada (ou não)num novo mercado, devendo estar previamente assegura<strong>dos</strong> os seguintes requisitos:Conhecimento<strong>dos</strong> Merca<strong>dos</strong>CompetênciaTécnicaCapacidadeFinanceiraCompetitividadedas SoluçõesOS RESULTADOS RECENTES DA ESTRATÉGIA DE INTERNACIONALIZAÇÃOCom base no processo de avaliação acima indicado, e baseado em algumas parcerias locais (definidascaso a caso), a Mota-Engil tem promovido um maior dinamismo no processo de internacionalizaçãonos últimos anos, contando actualmente com a presença da sua área de construção em praticamenteto<strong>dos</strong> os merca<strong>dos</strong> em que actua, como também com participadas na gestão de resíduosem Angola, Cabo Verde e na Polónia, uma concessão de Portos no Peru e concessões de auto-estradas,através da Ascendi, em Espanha, Brasil, México e Moçambique.Este desenvolvimento internacional levou a que na última década, a actividade da Mota-Engil tenhasextuplicado, passando a representar em 2011, cerca de 53% do total do Volume de Negócios consolidadodo Grupo.VN Internacional (% do VN Total)60,0%40,0%20,0%21,0% 22,0% 21,0%41,0% 43,0% 45,0%34,0% 34,0%49,0%53,0%0,0%2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 201149


PROFISSIONALem cimaPonte Zambeze, MoçambiqueTendo em conta que a carteira de encomendas nos merca<strong>dos</strong> internacionais equivale, no final de2011, a 70% do total, será de antever que o ritmo de crescimento da actividade internacional se mantenhade acordo com o verificado nos últimos anos, devendo mesmo elevar a sua relevância nos resulta<strong>dos</strong>do Grupo quando se verifica a queda no mercado nacional nos últimos anos.Volume de Negócios Internacional (2002-2011)(Milhares de Euros)1 500 0001 000 000500 000186 839 221 787 246 192469 666 538 777 483 367808 911 958 395 991 710 1 160 2520A Internacionalização, se antes era reconhecida como uma etapa de crescimento para as organizações,hoje, mais do que nunca, deverá ser encarada como uma forma de garantir sustentabilidade.Contudo, sendo um processo exigente em termos operacionais mas também financeiros, não podeser desencadeado em situações de dificuldade financeira e sem os parceiros adequa<strong>dos</strong> para essemesmo processo.50<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


PROFISSIONALO APOIO À INTERNACIONALIZAÇÃO DE PME NACIONAISReconhecendo as dificuldades que as empresas nacionais de menor dimensão poderão terem processos de internacionalização, o Grupo Mota-Engil lançou em Março de 2011 uma iniciativa,em parceria com a AICEP e o Grupo Caixa Geral de Depósitos, para apoiar técnica e financeiramentea internacionalização de PME nacionais para os merca<strong>dos</strong> onde a Mota-Engil marcapresença.Sob o Programa “Internacionalizar em Parceria”, estas entidades integram o projecto sob aforma de capital de risco até 49% do investimento, apoiando ainda em todas as situações necessáriaspara a fase inicial de operação através das estruturas locais que a Mota-Engil detém emcada um <strong>dos</strong> países, para além de colaborar no próprio desenvolvimento do negócio.Este exemplo procura assim demonstrar a relevância dada pelo Grupo Mota-Engil à Internacionalizaçãodas empresas nacionais como forma de promoção do crescimento económico nacional,apoiando as iniciativas que no sector privado surjam, colocando ao dispor do tecido empresarialportuguês as suas estruturas para o efeito.em baixoPeru51


CIENTÍFICOEM PORTUGALA ILUMINAÇÃO PÚBLICAREPRESENTA CERCA DE 3%DO CONSUMO TOTALDA ENERGIA ELÉCTRICAEFICIÊNCIA ENERGÉTICANA ILUMINAÇÃO PÚBLICADiogo SousaEngenheiro ElectrotécnicoAs últimas duas décadas do século 20 começaram a revelar diferentes condutas de consciencializaçãodas pessoas, na medida em que o planeta estava a sofrer alterações irreversíveis face ao consumismoexagerado da energia.Em Portugal nos últimos 20 anos o consumo de iluminação pública aumentou 25%, atualmenterepresenta cerca de 3% do consumo total da energia elétrica 1,6TWh, que se traduz num custo de170 milhões de euros.Hoje em dia este panorama aliado à crise económica mundial que assola o planeta, levou a que seincutisse às pessoas a necessidade de uma utilização racional da energia pelo que muitos paísescriaram instituições específicas para tratar da questão da eficiência energética.O presente documento tem como objetivo estabelecer, como referência, uma série de parâmetrostécnicos que deve seguir um projeto de iluminação pública de modo a se obter uma maior eficiênciaenergética desta tipologia de instalações.I. INTRODUÇÃOO consumo de energia está na origem de 80% das emissões de gases com efeito de estufa naUnião Europeia (UE).Consequentemente, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa implica um menor consumode energia e uma maior utilização de energia limpa.É nesta ótica que surge a denominada «Estratégia 20-20-20 para 2020» cujo objetivo é reduzir20% do consumo de energia, reduzir 20% das emissões de GEE (Gases com Efeito de Estufa) e que20% da energia consumida seja de fonte renovável.Por outro lado, a Estratégia Nacional para a Energia 2020 (ENE 2020), estabelecida na Resolução doConselho de Ministros n.º 29/2010, de 15 de Abril, enquadra as linhas de rumo para a competitividade,52<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


CIENTÍFICOo crescimento e a independência energética do país, através da aposta nas energias renováveis e napromoção integrada da eficiência energética, garantindo a segurança de abastecimento e a sustentabilidadeeconómica e ambiental do modelo energético. Nestes objetivos enquadra-se também a utilizaçãoracional de energia e a eficiência energético-ambiental em equipamentos de iluminação pública (IP) [1].II. ILUMINAÇÃO PÚBLICA NO SEU ESTADO E O SEU OBJETIVOA. Estado Atual da Iluminação Pública em PortugalA iluminação no seu conjunto usa cerca de 10 a 20% do total da eletricidade consumida nos paísesindustrializa<strong>dos</strong>, pelo que deve ser um <strong>dos</strong> principais alvos na racionalização energética. Com o usode equipamento eficiente de iluminação, que leva a um aumento do nível de iluminação produzido eem bastantes casos a uma redução de potência, conseguindo-se poupanças substâncias de energiaelétrica e qualidade de luz superior.Em Portugal a iluminação pública representa cerca de 3% do consumo total da energia elétrica,sendo cerca de 1,6 TWh. Os números de pontos de luz em Portugal rondam os 4 milhões, tendo Portugalcerca de 10 milhões de habitantes, pode-se concluir que existe 1 ponto de luz por cada 3 habitantes.Os pontos de luz, e o consumo têm um acréscimo anual próximo <strong>dos</strong> 4 a 5% em Portugal. Ossistemas mais utiliza<strong>dos</strong> ou mais comuns em Portugal assentam na tecnologia das lâmpadas de vaporde sódio de alta pressão. Existindo ainda uma quota significativa, da tecnologia de lâmpadas de vaporde mercúrio, que têm vindo a ser progressivamente substituídas.Em Portugal, a gestão da iluminação pública é da responsabilidade das Câmaras Municipais noque respeita a níveis e horários de iluminação e ao tipo e número de aparelhos de iluminação elâmpadas em serviço. Quanto à manutenção das instalações de iluminação pública (Contrato Concessão)compete à empresa distribuidora essa tarefa. A rede de iluminação pública acompanha arede de distribuição em BT, utilizando lâmpadas conforme a zona em que está inserida. Nas zonasrurais utilizam-se as VSAP 70 e 100W, nas zonas urbanas utilizam-se VSAP 70, 100, 150 e 250W.B. Objetivos de um Sistema de Iluminação Pública■ Fornecer informação visual para uma fácil e segura circulação, <strong>dos</strong> peões e <strong>dos</strong> condutores, nosespaços públicos de lazer, nas estradas e ruas.■ Segurança da ordem pública e mitigação de atividades ilícitas.■ Proporcionar visão noturna.■ Criação de ambientes agradáveis e acolhedores, em zonas comerciais, parques, jardins e centroshistóricos.■ Promover ambiências simbólicas e psicológicas■ Funcionar como elemento de interação social■ Funcionar como linguagem visual■ Interagir com a paisagem urbana noturnaNeste sentido, a Iluminação Pública é um instrumento de conforto, segurança e atratividade numa cidadeao mesmo tempo que potencia a perceção ambiental e influencia o comportamento humano, o sistemade IP não é mais um processo técnico e uni disciplinar mas sim um processo político e multidisciplinar.III. CLASSES DE ILUMINAÇÃOCada tipo de estrada a ser iluminada está associado a mais do que uma classe de iluminação. Estaserá determinada, no plano diretor de iluminação pública da responsabilidade da autarquia.Uma classe de iluminação é definida por um conjunto de requisitos fotométricos que apontam paraas necessidades de visibilidade <strong>dos</strong> utilizadores <strong>dos</strong> vários tipos de ruas, estradas e áreas frequentadas.53


CIENTÍFICONa norma EN 13201-2 existem várias tabelas onde são atribuí<strong>dos</strong>:■ Valores de luminância (cd/m 2 ) para a classe ME.■ Valores de iluminância (lux) para as classes P, S, CE, A, ES e EV.Tabela 1 – Quadro simplificado das classes de iluminação distribuídaspelas três categorias de estradas definidas para Portugal[2]CategoriaR(rápido)M(misto)DescriçãoCorresponde ao tráfego motorizado de elevada velocidade, ou seja, em estradas nacionais erurais de ligação a populações, tendo apenas requisitos de luminância (cd/m 2 )Compreende as seguintes classes definidas na normaEN13201-2:2003: [ME1 a ME5]Corresponde ao tráfego misto, ou seja, comporta tráfego motorizado a baixa e media velocidadebem com a existência de ciclistas e pedestres nessas áreas. Tal como na classe anterior, temapenas requisitos de luminância (cd/m 2 )Compreende as seguintes classes definidas na normaEN13201-2:2003: [ME2 a ME5]L(lento)Corresponde ao tráfego lento, ou seja, para zonas residências e áreas pedonais (jardins eoutros espaços públicos) com requisitos somente de iluminância (lux)Compreende as seguintes classes definidas na normaN13201-2:2003:[CE0 a CE5] [S1 a S6] [ES1 a ES9] [EV1 a EV6] [A1 a A5]Para as condições existentes no nosso País, as classes a ter em conta num projeto de IP podemser simplificadas em três categorias de estradas que irão compreender as classes de iluminação danorma EN 13201-2:2003.[2]As normas EN 13201 introduziram as classes de iluminação de forma a uniformizar e harmonizara IP na Comunidade Europeia.No projeto E-Street, foi recentemente desenvolvido um método para a determinação das classesde iluminação, mediante as características da zona ou do local a iluminar.Resumidamente, este método atribui um determinado fator de peso a cada uma das característicasa considerar, encontrando, no final, o índice da classe.Uma vez determinada qual a classe de iluminação, deverão ser utiliza<strong>dos</strong> no projeto os valores <strong>dos</strong>parâmetros das tabelas indicadas, extraídas da norma EN 13201-2:2003IV. METODOLOGIA PARA PROJETO ILUMINAÇÃO PÚBLICAA. IntroduçãoApós o estudo das normas EN 13201 que definem as classes de iluminação verificou-se que estaimpõe limites lumínicos para as instalações IP garantindo que os padrões de qualidade necessáriopara o local a iluminar, evitando com isto um desperdício de energia. Consequentemente obtém-seinstalações de iluminação pública mais eficientes e sustentáveis.B. Caraterização do LocalA primeira fase de um projeto luminotécnico consiste em fazer um levantamento da informaçãosobre o local a iluminar, de forma a poder classificar e parametrizar o local, definindo qual a classede iluminação adequada e o seu respetivo índice, que define os parâmetros lumínicos a utilizar54<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


CIENTÍFICOnesse local. É necessário também fazer o levantamento do perfil da via de forma a poder ser efetuadoo cálculo luminotécnico.C. Escolhas das Fontes de LuzA escolha da fonte de luz será um <strong>dos</strong> fatores que mais influenciará na qualidade da iluminaçãoobtida. Assim, a escolha deverá ser feita com base em parâmetros como temperatura de cor, restituiçãode cores, altura de montagem, índice de proteção, tipo de iluminação e tipo de montagem, que devemser adequa<strong>dos</strong> ao local. A eficiência será outro <strong>dos</strong> parâmetros que deverá influenciar a escolha, desdeque não se impliquem grandes diferenças de tempo de vida ou investimento inicial relativamente aoutras opções.D. Cálculo LuminotécnicoEsta será a fase do projeto em que se calcula o número de Luminárias, a altura de montagem e oespaçamento necessários para se obter os valores lumínicos deseja<strong>dos</strong> para a área a iluminar. Estecálculo pode ser feito com recurso ao software Dialux.E. Verificação <strong>dos</strong> parâmetros LumínicosEsta é a fase do projeto em que se verifica se o projeto cumpre ou não os parâmetros impostospelas normas. É uma forma de verificar se o projeto esta dimensionado de forma correta para o locala iluminar, evitando com isto um consumo exagerado de energia.Caso os limites não sejam cumpri<strong>dos</strong> deve-se refazer o cálculo, alterando o espaçamento e a alturaem que serão instaladas as luminárias.F. Análise Económica do ProjetoA última fase de um projeto luminotécnico é o estudo da sua viabilidade económica, isto é, emque se toma a decisão sobre a execução ou não da obra. No caso de um novo projeto de uma instalaçãode iluminação pública este estudo faz-se comparando o VAL entre projetos alternativos, no casode instalações já existentes, calcula-se o VAL do novo projeto, considerando as poupanças energéticasem relação ao projeto existente como fluxos financeiros positivos, e decide-se em função do sinaldeste. Este método serve também para avaliar quanto ao interesse económico de um determinadoprojeto, conhecendo as poupanças que este proporciona.V. CONCLUSÃOCada vez mais, a problemática da gestão <strong>dos</strong> recursos energéticos ocupa um lugar central naspreocupações da Humanidade. Deste modo, to<strong>dos</strong> os contributos para uma redução <strong>dos</strong> consumosenergéticos são importantes.A aplicação desta metodologia em dois cenários de estudo, com a aplicação das tabelas que definemas classes das vias conseguiu-se melhorar os cenários de estudo do ponto de vista energético elumínico, com uma redução de consumo e custo energético de 70% e 58% respetivamente, nesseestudo foi possível verificar que as instalações de iluminação pública em estudo os níveis lumínicosestão muito acima do que seria aconselhado, que se traduz num consumo e custo energético elevado.Com aplicação das classes de iluminação consegue-se instalações de IP mais eficientes e sustentáveis,com um menor consumo energético e com menos emissões de CO 2 .VI. REFERENCES[1] Documento de referencia Eficiência Energética na Iluminação Pública, http://www.lighting-living-lab.pt[2] EDP – Distribuição, Manual da Iluminação Pública – volume 3, 201055


REGENERAÇÃO E DEGRADAÇÃO DEGRADAÇÃO INDUZIDAPELO POTENCIAL (PID)EM MÓDULOS FOTOVOLTAICOSdegradação.I. INTRODUÇÃO56 <strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012Daniel LeiteEngenheiro ElectrotécnicoA degradação progressiva causada pelo PID está dependente de múltiplos factores. Neste trabalhosão encontradas relações e dependências que ajudarão no aprofundamento do mesmo. É abordadoum caso prático onde se relaciona o impacto do sentido do potencial na regeneração de potência emmódulos já afecta<strong>dos</strong>. Experimentalmente é simulado o fenómeno, analisando o seu comportamentopara diversos encapsulantes. É encontrada uma relação inversa entre a resistência de isolamento e aDevido ao aumento da importância da energia solar a nível Mundial e à crescente demanda energética,tem-se verificado uma aposta em parques fotovoltaicos cada vez maiores, consistindo num maiornúmero de módulos interliga<strong>dos</strong> em série. Como consequência os módulos estão sujeitos a potenciaisao solo na ordem das centenas de volts, potenciando assim a ocorrência de correntes de fuga.As correntes de fuga estão ligadas a perdas elevadas de potência que afectam a competitividadedo sector fotovoltaico. Nesse sentido é de extrema importância compreender o fenómeno e evita-lo.


CIENTÍFICOA. Causa-EfeitoQuando um módulo se encontra a um potencial inferior face à terra ocorrem correntes de fugaque afectam o seu funcionamento.1) Curto PrazoO fluxo de electrões para o solo através <strong>dos</strong> materiais, irá provocar uma acumulação de carga estáticapositiva. Essa carga irá atrair electrões gera<strong>dos</strong> pela incidência de fotões de luz, impedindo a suacaptação.fig. 1 (ao lado)Correntes de fuga que ocorremnum móduloA curto prazo levará a uma despolarização da célula (efeito fotoeléctrico falha).Este efeito é, contudo, reversível aplicando potencial unicamente positivo.2) Longo PrazoA migração de iões de Na+ provocará um desgaste progressivo na célula, levando à electro corrosão<strong>dos</strong> semi condutores dentro da camada activa.No caso prático <strong>dos</strong> módulos de filme fino, a não existência de encapsulante entre a camada activae o vidro levará a uma alteração das propriedades da camada condutora TCO. A reacção do Na como ar provocará a perda total das características condutoras da mesma levando à sua destruição.B. Variáveis Impacto1) PotencialA amplitude e o sinal do potencial face à terra é o factor mais importante para a ocorrência dofenómeno. A degradação está ligada aos potenciais negativos ao solo enquanto a regeneração estáligada aos potenciais positivos. Será tanto maior quanto maior for a amplitude desse potencial.2) Humidade RelativaA humidade relativa é responsável pelo aumento de condutividade em todo o módulo, tem umimpacto significativo pois cria caminhos para a circulação de correntes parasitas.3) TemperaturaAs variações de temperatura provocam a expansão e compressão <strong>dos</strong> materiais envolventes,nomeadamente no caixilho, diminuindo a sua resistência à entrada de humidade.C. AnáliseO PID pode ser observado através da análise da curva IV, o achatamento da curva está relacionadocom a variação das resistências ligadas ao funcionamento da célula57


CIENTÍFICOfig. 2 (ao lado)Impacto na curva I-V O aumento das correntes parasitas vai provocar uma diminuição drástica na resistência shunt,tendo um impacto directo na tensão de funcionamento. A degradação progressiva da resistência sérievai reduzir a corrente. Se inicialmente a curva I-V de uma célula assemelha-se à curva de um díodo,com a ocorrência do PID irá convergir para o de uma resistência pura.II. REGENERAÇÃOA.IdentificaçãoAtravés da monitorização de um parque onde foi identificado o problema, na fig3 é possível verificaras perdas numa string afectada. O módulo na posição 1 encontra-se com um potencial de 450Venquanto o módulo na posição 24 a -450V face ao solo. Foram monitorizadas 10 strings, constituídaspor 24 módulos cada.fig. 3 (ao lado)Perdas de potência numa stringface ao potencial B. Medidas aplicadasDe modo a restringir o funcionamento das strings unicamente para potenciais positivos face à terrafoi ligado o pólo negativo à terra. Esta medida teve como objectivo avaliar a regeneração.Na fig. 4 apresenta-se as diferentes configurações adoptadas com vista a optimizar o processo deregeneração.58<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


CIENTÍFICO+450V+450V+ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 -+900V 0V+ 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Caso 1+ 450V +450V+ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24-+900V 0V+ 18 22 23 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1 19 20 21 2 3 24 Caso 2+450V +450V+ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24+900V 0V+ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24- Caso 3fig. 4 (ao lado)Configurações adoptadasCaso 1, foi aplicado nas strings A,B,E e G.Caso 2, para a string D.Caso 3, nas strings C,F,H,I e J.C. Resulta<strong>dos</strong>Independentemente do método usado, registou-se em média uma regeneração de 12% tendo asstrings passado de uma eficiência de 84% para 96%.Verificou-se que aplicando potencial positivo à terra constitui só por si, uma medida suficiente afim de regenerar todas as strings. Ao fim de 3 meses (7º Mês de análise), a eficiência final rondava os 98% em todas as strings,como é possível verificar na fig.5.fig. 5 (ao lado)Eficiência final das strings, desdea aplicação das medidas (3º Mês)Tabela 1 – Comparação para cada caso, por potencial inicialCASO 1CASO 2CASO 3[-450;-300] V39,8%[-262;-150] V<strong>27</strong>,2%[-150;0] V7,2%[0;150] V1,7%[150;450] V1,5%Média15,5%25,6% 20,5% 13,1% 2,7% 1,8% 12,7%30,0% 21,8% 10,7% 6,6% 5,7% 15,0%Na tabela 1 apresentam-se os resulta<strong>dos</strong> caso a caso. Tendo em conta que o nível de degradação<strong>dos</strong> módulos que antes da aplicação das medidas se encontravam a um potencial negativo era superior,os resulta<strong>dos</strong> são apresenta<strong>dos</strong> tendo em conta o potencial inicial.59


CIENTÍFICOIII. DEGRADAÇÃOA. SimulaçãoForam criadas condições para verificar experimentalmente a degradação em módulos sujeitosunicamente a potenciais negativos face à terra. Para isso foi montada uma estrutura de 30 móduloscapaz de criar um potencial de 1000V. O pólo positivo foi ligado à terra forçando assim a operaçãounicamente com potenciais negativos face à terra.Na fig.6 são apresenta<strong>dos</strong> os resulta<strong>dos</strong> desta experimentação, onde se verifica uma clara dependênciaentre a amplitude do potencial negativo a que os módulos estão sujeitos à terra e a sua degradação.O módulo na posição nº32 encontrava-se a um potencial de 0V (ligado à terra) enquanto omódulo na posição nº1 a um potencial de -1000V.Verificou-se uma degradação média de 6% em 80h (8dias) para os módulos que se encontravamentre -1000V e -<strong>27</strong>7V, enquanto os outros (entre 0V e -<strong>27</strong>7V) apenas registaram perdas na ordem<strong>dos</strong> 0,01%. fig. 6 (ao lado)Resulta<strong>dos</strong> da degradação simulada tendoem conta a posição relativa <strong>dos</strong> módulos 2B. Influência da resistência isolamentoCom o objectivo de reduzir a degradação foram testa<strong>dos</strong> diferentes encapsulantes, com resistênciade isolamento diferentes.fig. 7 (ao lado)Resistência de isolamentoface à degradaçãoMóduloPoliamidaEva 2Eva 1StandardR. isolamento2000MΩ1652MΩ6<strong>27</strong>MΩ


CIENTÍFICOimpõe um valor mínimo de 50M , podemos observar que to<strong>dos</strong> os materiais têm uma resistênciamuito superior. Ainda assim não foi possível evitar a degradação de potência.Como é possível verificar na fig.7, com um aumento de 68,7% de isolamento face ao standard,conseguiu-se uma redução na degradação de 84,01%. A nível económico constitui um incrementode 1,7% no custo final face ao standard.V. CONCLUSÕESOs testes executa<strong>dos</strong> em módulos policristalinos mostram uma relação entre a degradação e aoperação em potenciais negativos face à terra, nomeadamente abaixo <strong>dos</strong> -300V. Sendo assim, deveevitar-se a operação das strings acima <strong>dos</strong> 600V (tensão flutuante), considerando a tecnologia existenteactualmente.Embora a origem do problema seja na célula, foi mostrado que ao nível do isolamento do módulo,ainda existe muita margem de evolução. Ao nível do encapsulante foram realiza<strong>dos</strong> testes com reduçõessignificativas, a implementação de um novo encapsulante não é complexa, sendo facilmenteadaptável às linhas actuais. A grande maioria <strong>dos</strong> polímeros é aplicada através de laminação em vácuo,sendo apenas necessária uma calibração diferente do laminador. Comparando o melhor módulo doestudo, com o pior, em termos de resistência de isolamento, existe um acréscimo de 1,7% no custoda matéria-prima. Embora tenha-se encontrado uma relação inversa entre o isolamento e a degradação,seria necessário um estudo de eficiência a longo prazo no sentido de avaliar as vantagens e desvantagensdessa nova aplicação.No caso da regeneração, considerando os testes apresenta<strong>dos</strong>, pode concluir-se, que como medidaa curto prazo, a ligação à terra é uma opção viável, tanto economicamente como tecnicamente. Noentanto é uma solução unicamente aplicável a inversores com separação galvânica, isto é, isola<strong>dos</strong>da rede através de um transformador. Caso não sejam isola<strong>dos</strong> a solução prende-se na limitação electrónicada tensão no inversor aos 600V, ou, na solução apresentada neste trabalho, denominada dePV offset box, no entanto, é limitada e economicamente impeditiva para parques com alguma dimensão.As opções consideradas no sentido de aumentar a velocidade de regeneração, não são aconselhadasvisto que, a troca física de módulos num parque de grande dimensão é demasiado morosa,não apresentando vantagens significativas.AGRADECIMENTOSToda a realização deste trabalho seria impossível sem o apoio da Martifer Solar.Um agradecimento especial aos orientadores, Prof.. Dr. Machado e Moura e Eng. Leandro Bentopelo apoio durante a realização deste estudo.Ao Eng. Ivo Costa, Eng. Nuno Martins e ao Sr. José Fernandes pela incansável contribuição.61


CIENTÍFICOCABE AO ENGENHEIRO…A PROMOÇÃO DE SOLUÇÕESMAIS SUSTENTÁVEISCONSTRUIR COM ALVENARIAESTRUTURAL:VENCER A CRISE COMCONSTRUÇÃO MAIS EFICIENTERui MarquesDoutorando em Eng.ª CivilPedro TorreMestre em Eng. Civil, Póvoa deVarzimPaulo B. LourençoISISE, Depart. de Eng. Civil, Univ.do Minhofigura (em cima)Cunhal de edifício tradicional em alvenariafigurando o «cunhal» da sociedadeA sociedade está a ser afetada por uma crise global, não apenas económica. A sustentabilidadeque surge como novo paradigma da sociedade em to<strong>dos</strong> os setores da engenharia pode colher inspiraçãoem valores do passado. No caso particular do setor da construção são necessárias ações quevisem a poupança de recursos, nomeadamente através do uso de materiais e tipologias de construçãomais eficientes.Na última centena de anos, o parque edificado em Portugal carateriza-se maioritariamente por edifíciosde 1 e 2 pisos (Figura 1). De forma pouco compreensível, a tipologia de construção destes edifíciosfoi nos últimos 40 anos alterada de uma solução corrente em alvenaria resistente para uma soluçãocorrente em betão armado. Para isto terá contribuído a grande difusão do betão armado naconstrução em altura, associada à ideia que se criou de que a alvenaria é uma tipologia de construção«antiquada» e não resistente aos sismos. Esta tendência tem também levado a intervenções muitointrusivas e com custos insustentáveis na reabilitação de construções existentes.fig. 1 (ao lado)Evolução histórica da construção de edifíciosem Portugal quanto ao número de pisos(Fonte: INE)<strong>27</strong>52502252001751501251007550250 -1919 1919-1945 1646-1960 1961-1970 1671-1980 1981-1985 1986-1990 1991-1995 196-200162<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


CIENTÍFICOA ocorrência recente de terramotos em distintas zonas do globo tem posto em evidência a necessidadede assegurar resistência sísmica adequada para os edifícios. As observações pós-sismodemostram a vulnerabilidade das estruturas com dimensionamento ou construção inapropria<strong>dos</strong>,sendo certo que a alvenaria tradicional com deficiente embricamento (ou pedras irregulares) e deficienteligação entre elementos estruturais é altamente vulnerável. No caso de estruturas modernasde edifícios em betão armado, também as deficientes pormenorização e fixação das paredes depreenchimento potenciam a sua queda, conduzindo a prejuízos económicos e perdas de vida inaceitáveis.Cabe então ao engenheiro, na posse de uma formação completa que inclui os aspetos técnicose socioeconómicos envolvi<strong>dos</strong>, a promoção de soluções mais sustentáveis. Neste texto, como partea esta contribuição, discutem-se as possibilidades de construção com alvenaria resistente, numaperspetiva de reduzir os custos de construção de edifícios.Na Figura 2 ilustram-se técnicas de construção corrente para paredes de enchimento em estruturade betão armado e para uma estrutura resistente em alvenaria simples. De modo a garantir asexigências térmicas regulamentares, a solução com tijolo vazado obriga à construção de dois panosde alvenaria, ao preenchimento parcial da caixa-de-ar com isolamento térmico e a dificuldadesacrescidas na resolução das pontes térmicas. Por outro lado, a solução em alvenaria simples comuso de tijolos estruturais e de elevada eficiência térmica obriga apenas à montagem de uma parede,eliminando problemas de pontes térmicas. De modo a estabelecer uma comparação de custos entreas duas soluções, estudou-se a construção da moradia apresentada na Figura 3 usando soluçõesequivalentes com estruturas em betão armado e em alvenaria.Na Tabela 1 são apresenta<strong>dos</strong> os custos associa<strong>dos</strong> à construção da moradia com estruturaem betão armado (b.a.) e com estrutura em alvenaria. A opção pela construção com alvenariaestrutural permite uma redução de 24% no custo da estrutura, com um ganho ambiental adicional.Salienta-se ainda que mesmo a solução de substituir uma parede dupla por uma paredesimples com blocos térmicos resulta num ganho equivalente apenas nas paredes. Acresce queo tempo de execução é encurtado, uma vez que não é necessário esperar pelo endurecimento<strong>dos</strong> pilares e vigas em betão armado. Por outro lado, estu<strong>dos</strong> recentes [1-2] têm demonstradoa segurança sísmica de edifícios em alvenaria não armada moderna com 1 e 2 pisos na maiorparte do país.fig. 2 (em baixo)Soluções de paredes para estruturasem betão armado e em alvenaria63


CIENTÍFICOfig. 3 (em cima)Planta e alça<strong>dos</strong> de uma moradiana Póvoa de VarzimTabela 1 – Comparação de custos entre estruturas equivalentes em betão armado e em alvenariaPartesEstrutura em b.a. Estrutura em alvenaria Economia1. Betão 4.562 € 2.130 € 53%2. Cofragens 10.672 € 8.212 € 23%3. Lajes 7.360 € 7.360 € -4. Aço 2.977 € 1.476 € 50%5. Alvenaria 7.104 € 5.520 € 22%Partes 1 + 2 + 4 (b.a.) 18.210 € 11.818 € 35%Total 32.674 € 24.698 € 24%Em termos da economia familiar, a opção de construção com alvenaria estrutural permite, nestecaso, uma poupança imediata de 8 mil €, o que corresponde a 16 salários mínimos nacionais. Poroutro lado, com referência ao último período cadastrado (1996-2001) na Figura 1, estima-se a construçãonos últimos dez anos de 500 mil edifícios com 1-2 pisos. Admitindo um custo médio da estruturaem b.a. na ordem de 30.000€, a possibilidade de uma economia de 25% pelo uso de alvenaria estrutural,permite em termos macroeconómicos uma poupança de 375 milhões €/ano (0,2% do PIB). Amédio e a longo prazo são de esperar ainda poupanças associadas aos aspetos energéticos, aumentode durabilidade e redução de anomalias.A alvenaria estrutural é largamente utilizada em países com economias fortes como a Alemanha eo Brasil, dada a sua poupança, rapidez e facilidade de execução, racionalização da construção e aspetosambientais, entre várias outras vantagens. Acredita-se que estes argumentos sejam suficientespara sensibilizar os interessa<strong>dos</strong>, nomeadamente donos de obra, projetistas e construtores para o usoda alvenaria estrutural, para que os recursos limita<strong>dos</strong> da sociedade não continuem a ser utiliza<strong>dos</strong>de forma pouco eficiente.[1] Pedro Torre. Análise Paramétrica de Estruturas em Alvenaria. Dissertação de Mestrado, Universidade do Minho,Dezembro 2010.[2] Rui Marques e Paulo B. Lourenço. Potencialidades de construção e projecto de edifícios em alvenaria simples.Revista Internacional Construlink, vol. 9, no. <strong>27</strong>, pp. 42-51, Junho 2011.64<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


A <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> e os autores da publicaçãoManual de Apoio ao Projecto de Reabilitação de Edifícios Antigos,têm a honra de convidar V. Ex.ª para o lançamento da obra,que terá lugar no Salão Árabe do Palácio da Bolsa – Porto,no dia 10 de maio, às 17h30.A sessão contará comas intervenções doEng.º Matos deAlmeida, do Prof.Vasco Peixoto deFreitas, do Prof.Valente de Oliveira,do Eng.º FernandoSantos e do Dr. RuiMoreira


ENTREVISTAÀ CONVERSA COMCARLOS NÁRDIZ“UM TERRITÓRIO COMO O NORTE DE PORTUGAL– GALIZA NÃO PODE APOSTAR NA COMPETITIVIDADECONTRA OUTROS PAÍSES EUROPEUS SE NÃO TEMESTRUTURAS VIÁRIAS, FERROVIÁRIAS,PORTUÁRIAS E AEROPORTUÁRIAS ADEQUADAS”CARLOS NÁRDIZ ORTÍZDECANO DEL COLEGIO DE INGENIEROS DE CAMINOS, CANALES Y PUERTOSComo foi o seu percurso até ao Colegio de Ingenierosde Caminos, Canales Y Puertos de Galicia (CICCP)?Um 2005 um grupo de amigos incentivou-me acandidatar-me e a manter uma gestão distinta da queexistia nesse momento no Colégio. isso resultou numincremento de actividades do colégio da galiza e numcompromisso pessoal para tentar defender os engenheirosde caminos y canales.Para este segundo mandato tive algumas dúvidaspessoais em continuar, pela dedicação que o Colégioimplica, contudo eu e os meus companheiros voltamosa reunir e ganhamos novamente.Durante estes anos e enquanto decano do Colegiode Caminos, Canales y Puertos, quais foram assuasmaiores dificuldades?A maior dificuldade é sem dúvida o tempo paradedicar ao Colégio. Eu movimento-me entre o mundodo ensino e da profissão, e portanto há uma dificuldadede tempo e dedicação. Contudo o apoio unanimede to<strong>dos</strong> os dirigentes do colégio anima-me a seguir.Que projectos destaca ao longo seu mandato?Destacaria a maior presença do Colégio na sociedade,para o qual temos um Gabinete de Imprensa,a aposta na formação continua para a legalização decursos que melhorem a formação <strong>dos</strong> engenheirosda Galiza, e as relação cada vez mais fluidas com a<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, onde destacoo Engenheiro Gerardo Saraiva, e depois com o engenheiroFernando de Almeida Santos, onde fomoscapazes de impulsionar uma plataforma para a mobilidadedas engenharias da Galiza e <strong>Norte</strong> de Portugal,que se traduziu num reconhecimento das engenhariasde ambos os países. E também a realização deEncontros, Congressos, Jornadas dentro desteespaço único que é a Galiza e o <strong>Norte</strong> de Portugal,onde há umas similitudes do ponto de vista da profissão,da paisagem e da língua, pelo que temos deas tornar visíveis. A realização de jornadas como ade Comunicação Transfronteiriça têm uma grandereceptividade por parte da sociedade.O Convénio entre a OE e o CICCP para facilitar amobilidade da profissão é um exemplo de cooperaçãode engenharia de ambos os la<strong>dos</strong>. Desde aassinatura desse protocolo têm verificado muitamobilidade entre Espanha e Portugal?Neste momento a situação económica está aafectar os dois países e produziu uma redução drásticadas obras públicas, o que criou um problemade mobilidade entre os dois países. Nesse sentidotemos vindo a desenvolver apostas conjuntas paranos orientar para o mercado sul-americano. Juntamentecom o Fernando de Almeida Santos e com opróprio bastonário estamos a impulsionar este tipode projectos através de convénios. Ao nível académicoe profissional damos a conhecer as possibilidadesque têm os engenheiros de caminos e civisdo norte de Portugal, apoiando ao mesmo tempo asempresas construtoras que tentam sair.Quais as vantagens deste convénio para a mobilidadede engenheiros?A realização de cursos para complementar a áreade conhecimento <strong>dos</strong> engenheiros civis portuguesese <strong>dos</strong> engenheiros de caminos, canales y puertosespanhóis, com formação em ética e deontologia66<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


ENTREVISTAprofissional, legislação e normas de cada país e emengenharia energética e de edificação. Poder realizarpropostas conjuntas para competir num mercadoque cada vez mais precisa deste tipo de alianças.Como definiria as relações entre a OERN e o CICCP?São relações fluidas, cordiais, no sentido em quese desenvolveram laços de amizade com <strong>Engenheiros</strong>como o Fernando de Almeida Santos, o GerardoSaraiva, António Mata e António Cruz, o Paulo RibeirinhoSoares. As relações entre as instituições tornaram-serelações pessoais e está a ser muito positivoe enriquecedor, estando a realização destes encontrosa contribuir para nos conhecermos melhor, paraconhecermos as nossas dificuldades, para falar sobretemas comuns e tentar desenvolver projectos eencontrar soluções. O VI Encontro <strong>Norte</strong> Portugal-Galiza realizar-se-á na Galiza e será dedicado à Agua.Portanto independentemente de onde se realizem asactividades as decisões são tomadas conjuntamente.Qual é o impacto da cooperação entre as duas instituiçõesno desenvolvimento da Euro-Regiao?Um território como o <strong>Norte</strong> de Portugal – Galizanão pode apostar na competitividade contra outrospaíses europeus se não tem estruturas viárias, ferroviárias,portuárias e aeroportuárias adequadas,porque são as que articulam este território. Aomesmo tempo a necessidade de pensar de formaconjunta as infraestruturas, obriga-nos a tomardecisões conjuntas do ponto de vista da especializaçãono caso <strong>dos</strong> portos e aeroportos, do ponto devista das tarifas das infraestruturas das portagens,do ponto de vista das características <strong>dos</strong> passageirose mercadorias para transmitir ao exterior umaimagem de fachada atlântica única que compitacom as fachadas de outras regiões a nível europeue mundial. Temos fazer uma revisão <strong>dos</strong> critérioscom que estamos a planifica e as infraestruturasque servem fundamentalmente do ponto de vistada competitividade para apostar na Euro-região.Qual o papel do CICCP na regulação da profissãode engenheiro civil? Como defende a profissão?O CICCP integra praticamente to<strong>dos</strong> os engenheirosde caminos de Espanha. Para exercer a profissãoem Espanha é obrigatório estar colegiado, portanto oCICCP regula esse exercício, defende as atribuições<strong>dos</strong> engenheiros frente a outros colectivos profissionaise tenta transmitir à sociedade, por exemplocom a realização de Jornadas, as potencialidadesdestes engenheiros para enfrentar os problemas dasinfraestruturas e obras públicas em geral.O modelo espanhol difere do modelo português.No modelo espanhol um engenheiro que tenhatítulo por parte de uma universidade pública ou privadao colégio é obrigado a integrá-lo. Um engenheirode caminos pode exercer uma parte da profissãoem ensino sem necessidade de estarcolegiado, já em Portugal é a OE que habilita osengenheiros a exercer a profissão.Quais as maiores dificuldades que a engenhariaenfrenta? Como vê o problema da empregabilidade?Neste momento é a dificuldade económica, comoconsequência da redução drástica das obras públicas,que obriga as construtoras a olhar para o mercadoexterior como a única expectativa de trabalho.Isso provoca, do ponto de vista da profissão, umamudança de mentalidade e necessidade de formarseem idiomas e de encontrar apoios por parte docolégio. Neste momento há um desemprego crescente,fundamentalmente jovens, alguns que acabaramde terminar os estu<strong>dos</strong> e outros com já oito, noveanos de experiencia profissional, que devido à reduçãodas obras públicas se encontram com problemasprofissionais. Desta forma têm de sair para encontrarnovos trabalhos. Devido à mudança de mentalidades,e porque a formação básica permite, passam a integrarcampos de trabalho diferentes, tais como consultoria,banca, gestão de empresas criação de animais,hotelaria, bares e promoção imobiliária.A internacionalização é uma solução para estesprofissionais?A internacionalização é uma solução mas nãopode cobrir a grande oferta que há neste momentode engenheiros em Espanha.Que expectativa tem para o desenvolvimento dasrelações de cooperação entre a <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong> da<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> e o CICCP?Para o futuro espero manter os encontros e asjornadas de forma individual e conjunta. Tornar asplataformas de reconhecimento efectivas através decursos para a formação, e desenvolver estratégiasconjuntas para a áfrica e a América, para um reconhecimentoprofissional e académico.67


ENTREVISTAA VOZ DOSBLIND ZEROENGENHARIA E ARTEMiguel Guedesvocalista <strong>dos</strong> Blind ZeroNo seguimento do ciclo iniciado na última revista com o artista plástico Nadir Afonso, continuamoscom a recolha de pontos de vista do mundo das artes sobre a engenharia.Desta vez, convidamos Miguel Guedes, vocalista <strong>dos</strong> Blind Zero, que completaram recentemente 18 anos.A evolução tecnológica tornou mais fácil a produçãoe diversidade musical?A democraticidade do advento em massa daera digital é um facto. Os instrumentos e as ferramentasestão hoje ao alcance de qualquer bomamador ou curioso. E isso é fantástico porqueequilibra os pratos da balança. Os génios jápodem nascer por acaso e sem escola, pode sero primado da intuição. Por outro lado, não disfarçaa realidade de que grande parte da novatecnologia é usada como uma forma de adereçona música propriamente dita. A evolução tecnológicatem também o lado positivo de valorizar oque é antigo, vintage, o analógico, os instrumentose sons absolutamente distintos e peças únicasindividuais e irrepetíveis. Um modelo de amplificadora válvulas de uma determinada marcanunca vai soar exactamente igual a um modeloexactamente igual dessa mesma marca. Porquede facto são diferentes. E esta ideia é válida parato<strong>dos</strong> os instrumentos. Os instrumentos virtuaissão, esses sim, iguais, miméticos. Democráticos,porém. Chamemos-lhe “genéricos”... São bemvin<strong>dos</strong>.A evolução tecnológica pode ter também efeitosmenos positivos, a existência de softwares deprodução e aperfeiçoamento musical pode porem causa a qualidade da música colocada nomercado?Pode por em causa mais a verdade do que aqualidade. Mais produção e aperfeiçoamento temque estar ao serviço de uma ideia. Se essa for aideia, nada a opor. Se mais produção e aperfeiçoamentoforem uma espécie de novas luzes naárvore de natal, aí si, estamos perante um simpleskit de branqueamento e tantas vezes de maugosto e mentira.O Mundo mudou e a informação circula a velocidadesmuito mais rápidas, esta capacidade demobilidade melhorou a difusão <strong>dos</strong> produtos culturais?A música quase não tem peso específico, reduzsea uns megas de circulação. É grave, muito grave.Sobretudo porque grande parte <strong>dos</strong> downloads sãoilegais e criou-se a ideia de que não há necessidadede salvaguardar e remunerar devidamente os direitos<strong>dos</strong> artistas, autores e produtores, no fundo, os68<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


ENTREVISTAcriadores, os trabalhadores. A difusão melhorou emquantidade, sem dúvida. Mas quem ouve o quê ecom que qualidade? E com que respeito?com obras e prestações artísticas. A indústria <strong>dos</strong>“conteú<strong>dos</strong>” é muito voraz. Quer-se fazer passara ideia de que tudo são “conteú<strong>dos</strong>”.Ao mesmo tempo a preservação <strong>dos</strong> produtosculturais ficaram mais expostos e vulneráveis ànão salvaguarda <strong>dos</strong> direitos de autor?Sem dúvida, na decorrência da minha anteriorresposta. Tenho a ideia de que estamos acriar uma espécie nova de geração de bibliotecáriosou arquivadores de música, de gente que coleccionamúsica de artistas e bandas que nuncavai ouvir mas que se limita a ter, a possuir. O prazernão está na posse. A meu ver.Como imagina a evolução da difusão <strong>dos</strong> produtosmusicais nos próximos anos?Ninguém consegue prever o que possa acontecer.É necessário desenvolver compensaçõesjustas para os criadores e titulares de direitos. Énecessário separar o trigo do joio e permitir quehaja escolha quando o que já vemos são a procurade agulhas nos palheiros, tamanha é a confusão.O digital é o futuro, sem dúvida. Mas vaihaver sempre mercado para to<strong>dos</strong> os formatos.Há sempre quem lute contra a desmaterialização.Os românticos, por exemplo. O que é mais importanteé que não se confundam “conteú<strong>dos</strong>”Pressuponho que um desses desafios tenha sidoo concerto suspenso. Como foi actuar suspensosnuma estrutura de um edifício que para esseefeito não havia sido concebido?Foi um <strong>dos</strong> melhores desafios que nos foi propostoaté aos dias de hoje. Realizado e concebidoem tempo recorde por uma equipa super profissionale implicada, que nos deu a maior segurança.Era de facto arriscado tocar suspensos,por razões técnicas, gravitacionais e de confiança.Para mim foi um divertimento, uma espéciede descoberta da minha total ausência devertigens e apetência circence. Mas o que maisinteressava, de facto, era a confiança de que asestruturas não cederiam, de to<strong>dos</strong> os cálculos estavambem feitos e que não correríamos quaisquerriscos. O resultado foi extraordinário.Foi uma prova que o exercício da engenharia éuma actividade de confiança pública?Sem dúvida. Nós fizemos algo para o provar.Mas a competência e a incompetência existe emtodas as áreas. Felizmente que trabalhámos paracriar essa confiança. Foi uma prova de segurança.Os Blind Zero nasceram em 94, numa daquelas salas de ensaio ou numa daquelas garagens.O seu primeiro EP "Recognize" (95) esgotou em apenas nove dias e tornou-se uma peça de colecção. O álbum "Trigger" (95), primeiro trabalho de originais, produzido por RonnieS. Champagne (produtor de Los Angeles que havia trabalhado com bandas como Jane´s Addiction, Alice in Chains, Remy Zero e Deconstruction) teve o condão de agitar o panoramamusical português de uma forma que poucos poderiam prever. Foi o primeiro disco de Rock de uma banda portuguesa a atingir o galardão de disco de ouro.O ano de 96 revelaria uns novos Blind Zero: "Flexogravity" (EP), um disco com muito de experimental e de fusão, partilhado com a banda de Hip-Hop "Mind da Gap"; Rock, Hip-Hop, Industrial, Trip-Hop, Cabaret. Esta junção, surpreendente e inovadora para muitos, foi reconhecida como o EP do ano.Era altura para um formato mais acústico. "Transradio", um <strong>dos</strong> primeiros Enhanced CD (CD Extra) europeus, traz-nos o lado mais introspectivo <strong>dos</strong> Blind Zero. Meses maistarde, foram convida<strong>dos</strong> para participarem no SCYPE ("Song Contest for Youth Programs in Europe"), festival que reúne bandas de todo o continente europeu. Gravando propositadamenteum novo original ("My House"), ganharam o concurso.Dois anos após a edição do seu primeiro álbum, os Blind Zero começam as sessões que resultariam em "Redcoast" (97).Em 1999, os Blind Zero passam grande do tempo a escrever novas canções para o seu terceiro trabalho de longa duração. Em 2000, resolvem entrar em estúdio para gravar"One Silent Accident".Os Blind Zero escolheram o mês de Janeiro de 2003 para o início das sessões de gravação do seu novo disco de originais. “A Way to Bleed your Lover”. Na MTV Europe MusicAwards, realizada em Edimburgo, os Blind Zero vencem a categoria “Best Portuguese Act”. Foi a primeira vez que a MTV atribuiu um prémio a uma Banda portuguesa.Em 2004, os Blind Zero comemoraram os seus 10 anos de percurso, celebrando o acontecimento, no mês de Março, com um “Concerto Especial 10 anos”, no Porto.2005: o ano de “The Night Before and a New Day”, o momento em que se redefinem perspectivas.Depois do lançamento de “The Night Before and a New Day”, os Blind Zero resolveram fazer algo diferente: era altura de voltar a tocar em auditórios, em ambientes maisintimistas. A electricidade é substituída pela intimidade: pedal steel, contrabaixo e guitarras acústicas.Em Maio de 2010 chega, finalmente, às lojas “Luna Park” que entra directamente para 6.º lugar do top nacional de vendas.O sucesso das novas músicas foi tal que foram convida<strong>dos</strong> para celebrar o Natal no Grand Plaza Porto, um centro comercial na baixa da cidade. Suspensos por cabos até dezmetros do chão, os músicos deram um concerto de mais de uma hora tornando-se na primeira banda a actuar literalmente suspensa no ar.O ano de 2011 foi de continuidade e de muitos espectáculos, depois de dois anos intensos de digressão, onde o grupo marcou presença nos principais eventos a nível nacional.Para 2012, ano em que o grupo vai celebrar 18 anos de carreira, a expectativa é grande. Os primeiros meses darão a conhecer um novo tema que servirá de antevisão aosucessor do bem sucedido “Luna Park”, cuja edição está apontada para o último trimestre do ano.69


REGIÃO NORTEPUBLICAÇÕESCoordenaçãoAntónio VasconcelosTroleicarros do PortoQUATRO DÉCADAS NA CIDADEHISTÓRIA BREVE DAENGENHARIA CIVILA História da Engenharia Civil podeestudar-se em campos diferentes,conforme as opções do historiador eos objectivos a alcançar. Assim,podemos seguir, ao longo do tempo,o progresso das Ciências e a evoluçãodas Técnicas, que caracterizame identificam a Engenharia Civil, ouescolher, nas várias épocas, as suasrealizações práticas, postas ao serviçoda Humanidade, ajudando aconstruir civilizações, particularmentea Ocidental.O livro acompanhado de desenhose fotografias adequadas, prosseguehistoriando a evolução da Engenhariaa partir <strong>dos</strong> engenhos, desde asimples alavanca, à deslocação <strong>dos</strong>grandes blocos de pedra das construçõesmegalíticas, caminhando aolongo do tempo e civilizações atéaos nossos dias.Adriano Vasco RodriguesPreço: 29,00 € (IVA Incluído)TROLEICARROS DO PORTO,QUATRO DÉCADAS NA CIDADERecordar os troleicarros, em particularaqueles que serviram durantequase quatro décadas (entre 1959e 1997) a cidade do Porto e a suaregião, chegando a constituir umadas maiores redes da Europa Ocidental.Um indiscutível valor documental –tanto em termos tecnológicos, comodo design <strong>dos</strong> veículos – e tambémum belo documento que nos mostraa cidade do Porto de há umas décadasatrás, através de um conjuntonotável de fotos, muitas das quaispropriedade de autores estrangeirosque nos visitaram com o objectivoexpresso de recolherem imagensdaqueles veículos.Álvaro Costa, António Vasconcelos(coord.), Argemiro Walgode, CristinaPimentel, Emídio Gardé, José AbreuTeixeira, José Lopes CordeiroPreço: 25,00 € (IVA Incluído)Membros: 22,5 € (IVA Incluído)PONTE MARIA PIAO contributo que a Ponte Maria Piaprestou ao desenvolvimento daEngenharia Civil residiu, por umlado, numa espectacular economiade meios que decorria das soluçõestécnicas adoptadas, e por outro, nométodo utilizado para efectuar cálculos<strong>dos</strong> efeitos do vento e na arrojadaconcepção do grande arcometálico, o elemento fundamentaldo conjunto.O livro recheado de desenhos, figurase fotografias demonstra tanto ahistória como a evolução da PonteMaria Pia, dando também uma propostapara a recuperação da mesma.António Vasconcelos, Horácio daMaia e Costa, José Ferreira Queiroz,José Lopes Cordeiro, José AndradeGil, Manuel Maria Moreira, PedroRamalho, Rosa de Sousa Gomes.Preço: 25,00 € (IVA Incluído)MEMÓRIAS CINCO VIVÊNCIASDE ENGENHARIAHomenagem, a Joaquim Sampaio,«poucos como ele, terão marcadotantas gerações de <strong>Engenheiros</strong>civis … foi um professor dedicadoao ensino e à procura incessante doconhecimento …», a Barreiros Martins,«o seu exemplo será invocadopelos que foram seus contemporâneos,apontando-o como paradigmade referência por onde se orientarãoos vindouros…» a Augusto Farinasde Almeida, «…engenheiro deminas, professor <strong>dos</strong> mais ilustresda FEUP, docente de méritos bemreconheci<strong>dos</strong>… investigador na áreado que então se chamava «Pressão<strong>dos</strong> Terrenos», criador <strong>dos</strong> conceitos,inovadores para a altura, de«pressão sensível» e «expansão <strong>dos</strong>terrenos»…», a Alberto de MoraisCerveira «… papel extremamenterelevante que desempenhou na suaqualidade de Professor Universitárioe Cientista, docente do Curso deEngenharia de Minas da FEUP …projectos com elevada expressão,obras-primas de sapiência e racionalidadeque marcaram a arte deminas na segunda metade <strong>dos</strong>éculo XX …», e a Corrêa de Barros«…figura ímpar da Engenharia e daCultura Portuguesa do Século XX…».VáriosPreço: 5.00 € (IVA Incluído)70<strong>INFO</strong> <strong>27</strong> • JAN JUN 2012


2012MAIO10 DE MAIOLançamento da obra«Manual de Apoio ao Projectode Reabilitação de EdifíciosAntigos»Salão Árabe Palácio da BolsaPORTO18 A 20 DE MAIOCongresso Ibérico de Jovens<strong>Engenheiros</strong>Theatro Circo – BRAGA22 DE MAIO | 09H00Workshop«Optimização de Sistemas IT eInfraestruturas em Data Centers»<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTO31 DE MAIO | 16H00A Engenharia Informática– Que Futuro?<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTOJUNHO13 DE JUNHO | 09H002.ª Conferência Anual daAssociação Mutualista de<strong>Engenheiros</strong><strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTOSETEMBRO<strong>27</strong> E 28 DE SETEMBRO | 09H00Seminário InternacionalRegeneração e Reabilitação UrbanaCasa da Música, Sala 2PORTO29 DE SETEMBRO | 09H00Dia Regional <strong>Norte</strong> do EngenheiroTeatro Municipal de BragançaBRAGANÇAOUTUBRO19 E 20 DE OUTUBRO | 09H00XX Congresso da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong><strong>Engenheiros</strong>Centro Cultural de BelémLISBOAOUTUBROSemana da Engenharia nasFaculdades e Escolas de EngenhariaOUTUBRODia da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>na FEUP – PORTONOVEMBRO24 DE NOVEMBRO | 09H00Dia NacionalVILA NOVA DE GAIADEZEMBROSessão debate«<strong>Engenheiros</strong> portugueses – quedesafios?»<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTO2013MARÇO15 DE MARÇO | 09H00Cimeira do Conselho dasAssociaçõesProfissionais de <strong>Engenheiros</strong>Civis de Língua Portuguesa eCastelhana – BRAGA16 E 17 DE MARÇO | 09H004.º Congresso Ibero-Americanode Engenharia Civil – PORTO25 DE MARÇOAssembleia Regional <strong>Norte</strong><strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTOAGENDAMAIOMAIO | 09H00VI Encontro de Engenharia Civil<strong>Norte</strong> de Portugal – GalizaGALIZAJULHO 201307 A 10 DE JULHO | 09H00SHEWC’2013 – CongressoMundial de Pesquisas Ambientais,Saúde e Segurança<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTOFORMAÇÃO 201224 DE MAIO | 18H0025 DE SETEMBRO A 18 DETime Talks: Gestão do Tempo e DEZEMBRO | 19H00-21H30Produtividade PessoalLighting Design e Tecnologia LED<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong><strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTOSede Regional – PORTO26 DE MAIO E 02 DE JUNHO 20 E <strong>27</strong> DE OUTUBRO | 09H ÀS| 09H ÀS 18H0018H0073º Curso de Ética e Deontologia 76º Curso de Ética e DeontologiaProfissional – VILA REALProfissional – BRAGA02 A 09 DE JULHO | 18H00 OUTUBROCoordenadas para o Sistema Código <strong>dos</strong> Contratos PúblicosETRS89/PT-TM06– BRAGA<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTO10 DE OUTUBRO A 23 DENOVEMBRO | 19H00-21H3007 E 14 DE JULHO | 09H ÀS 18H00 Concepção e Projecto de Quadros74º Curso de Ética e Deontologia EléctricosProfissional – VIANA DO CASTELO <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTO08 E 15 DE SETEMBRO | 09H ÀS 18H0075º Curso de Ética e Deontologia 15 E 22 DE DEZEMBRO | 09H ÀSProfissional – PORTO18H0077º Curso de Ética e DeontologiaProfissional<strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>Sede Regional – PORTO71

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