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Bocapiu - Nova cara da juventude do Semiárido

Contando experiências por um sertão mais justo.

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EditorialA contribuição<strong>da</strong> <strong>juventude</strong> parao desenvolvimentoterritorialCria<strong>do</strong> no ano de 2004, a partir <strong>do</strong>projeto Juventude e Participação Social,o Coletivo Regional de Juventude eParticipação Social (CRJPS) tem comomissão contribuir com o processo deauto-organização social <strong>da</strong> <strong>juventude</strong>com vistas à sua inserção econômica,cultural, política e sócio-ambietal.Em abril de 2008, o CRJPS foi institucionaliza<strong>do</strong>e passou a ter personali<strong>da</strong>dejurídica com atuação nosterritórios <strong>do</strong> Sisal, Bacia <strong>do</strong> Jacuípe,Portal <strong>do</strong> Sertão, Semiári<strong>do</strong> NordesteII e Recôncavo. Além de ser um espaçode planejamento, monitoramento eavaliação <strong>do</strong>s coletivos filia<strong>do</strong>s, o CR-JPS estimula a troca de saberes e intercâmbiode experiências e encaminhaprocessos políticos articula<strong>do</strong>s.Em cinco anos, os impactos gera<strong>do</strong>sno âmbito <strong>da</strong> participação juvenil naspolíticas públicas locais estão ca<strong>da</strong> vezmais evidentes na região. Uma provadisso é a inserção de lideranças juvenis<strong>do</strong> CRJPS em oportuni<strong>da</strong>des de geraçãode trabalho e ren<strong>da</strong> nas enti<strong>da</strong>des<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil e poder público,através de convites ou seleção pública.Os jovens estão construin<strong>do</strong> projetosde vi<strong>da</strong> volta<strong>do</strong>s para a permanênciano meio rural e na agricultura familiar,acessan<strong>do</strong> programas governamentaisde apoio à <strong>juventude</strong> e ingressan<strong>do</strong>no ensino superior com perspectiva decontribuir para o desenvolvimento <strong>do</strong>sterritórios rurais.Os coletivos de jovens vêm mu<strong>da</strong>n<strong>do</strong>a vi<strong>da</strong> de centenas de sujeitos sociaisque se organizam e se capacitamem prol <strong>do</strong> desenvolvimento comunitárioe de uma socie<strong>da</strong>de mais justa emais humana e, a partir disso, essasorganizações vêm proporcionan<strong>do</strong> queestes se percebam enquanto sujeitoscapazes de produzir conhecimento edesta forma, tenham ousadia para quererser... Para querer ter... E para quererfazer em si a mu<strong>da</strong>nça que desejamno mun<strong>do</strong>.Gival<strong>do</strong> Souza,coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto Especialde Juventude <strong>do</strong> MOCColetivos Municipais de Juventudecontribuem para a formação de uma novaidenti<strong>da</strong>de <strong>do</strong> jovem ruralArotina de ir para escola para Tainara Isis Santos de Oliveira, de 21 anos, nuncamais foi a mesma a partir <strong>do</strong> envolvimento com o movimento estu<strong>da</strong>ntil. Aos 16anos ela já participava <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des junto ao grêmio <strong>do</strong> colégio onde estu<strong>da</strong>va.Foi nesse espaço que ela conheceu o Coletivo Municipal de Jovens e o trabalho de assessoria<strong>do</strong> Movimento de Organização Comunitária (MOC).A descoberta de que lutar pelos interesses <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong>de é um <strong>do</strong>s caminhos paramu<strong>da</strong>r a <strong>cara</strong> <strong>da</strong> <strong>juventude</strong>, não somente no espaço escolar mais no próprio município deSanta Luz, levou Tainara a integrar o Coletivo Municipal de Jovens de Santa Luz, no ano de2004. Hoje, junto a 150 jovens <strong>do</strong> campo e <strong>da</strong> sede, desenvolve diversas ações que mostrama capaci<strong>da</strong>de de articulaçãoe organização na busca pelosseus direitos.Essa nova imagem <strong>do</strong> jovem como alguém quedesde ce<strong>do</strong> se preocupa em pensar política e socialmentesua reali<strong>da</strong>de se reflete na credibili<strong>da</strong>de queeles estão ten<strong>do</strong> diante <strong>da</strong>s organizações no município.De acor<strong>do</strong> com Tainara, a oportuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong>primeiro emprego veio através <strong>da</strong> visibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> trabalhocom o coletivo. “O coletivo abre um lequede oportuni<strong>da</strong>des. Encontramos pessoas que estãodiscutin<strong>do</strong> coisas em comuns, abre um mun<strong>do</strong> aoseu re<strong>do</strong>r. Brigamos pelos mesmos direitos, estamosdentro de uma classe que não é muito reconheci<strong>da</strong>- a <strong>juventude</strong>. Se a gente não brigar não chegamos alugar nenhum”, avalia Tainara.Ela, assim como outros jovens, pensou em sair deSanta Luz em busca de melhores condições de vi<strong>da</strong>.“Minha pretensão era ir para fora, buscar qualificaçãoe merca<strong>do</strong> para atuar em outro município, ao participarmais ativamente <strong>do</strong> coletivo percebi que ao contrário<strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s pessoas, a gente tem que lutar pelodesenvolvimento <strong>do</strong> nosso local de origem”. Pensan<strong>do</strong>assim, Tainara decidiu estu<strong>da</strong>r e <strong>da</strong>r um retorno paraa comuni<strong>da</strong>de. “O coletivo contribuiu para que eu metornasse uma pessoa mais crítica e de visão mais amplia<strong>da</strong>,o meu la<strong>do</strong> comunicativo foi desenvolvi<strong>do</strong>, aminha orali<strong>da</strong>de. A inserção no curso de História, porexemplo, aconteceu devi<strong>do</strong> a esse envolvimento como social”, conta.Teatro como instrumento de conscientização –Trabalhar com temas que leve o jovem a refletir suareali<strong>da</strong>de e o seu contexto social é o que o grupoMan<strong>da</strong>caru Teatral, em Santa Luz, vem fazen<strong>do</strong> comjovens de 14 a 18 anos, que utilizam o teatro nãoapenas como forma de entretenimento, mas, comoinstrumento de conscientização. O grupo existentedesde o ano de 1999 tem entre os seus integrantes osjovens <strong>do</strong> coletivo.Sempre retratan<strong>do</strong> temas de interesse <strong>do</strong> homemsertanejo e utilizan<strong>do</strong> o humor como marca <strong>do</strong> grupo,uma <strong>da</strong>s peças que mais repercutiu entre os jovens discutiuconsumismo versus quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. Para Aline<strong>do</strong>s Santos Oliveira, que lidera atualmente, o teatro não é apenas espaço dediversão, é local onde o jovem aprende um pouco mais sobre a sua reali<strong>da</strong>de.“Quan<strong>do</strong> se está com uma peça, primeiro é passa<strong>da</strong> a reflexão sobre o tema,através deste a gente trabalha a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas. Em nossas reuniões há conflitose debates, mas, é através disso que vem a mu<strong>da</strong>nça e o crescimento. Aío jovem sai mais <strong>do</strong>no <strong>do</strong> processo”, afirma Aline.Melhores escolhas - Com o lema “Coletivo de jovens contribuin<strong>do</strong> paraque a <strong>juventude</strong> faça melhores escolhas na vi<strong>da</strong>”, o coletivo tem incentiva<strong>do</strong>muitos jovens assumirem para si a missão de conquistar dias melhores. Issose reflete nas conquistas de espaços hoje ocupa<strong>do</strong>s por eles. Jovens na presidênciade associações, sindicatos, em secretarias municipais, em cursinhospré-vestibulares e universi<strong>da</strong>des, participan<strong>do</strong> de conferências e lideran<strong>do</strong> projetoscomo o Projeto Juventude e Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia no Sertão <strong>da</strong> Bahia, que oferececapacitação nas áreas de associativismo e cooperativismo.Sobre a participação <strong>do</strong>s jovens no processo <strong>da</strong> Conferência Nacional deJuventude, Tainara afirma emociona<strong>da</strong> que foi um passo muito importante.“Foi um momento que a <strong>juventude</strong> pôde colocar suasopiniões e colocar o dedinho na história,por que até então a gentenão teve nenhuma participaçãona construçãode políticas, tu<strong>do</strong> vinhadecidi<strong>do</strong> de cima parabaixo, nossa obrigaçãoera só aceitar,outra coisa é agente construirjunto”.Conquistas <strong>do</strong> ColetivoRegional Juventude e Participação Social• Mais de 300 jovens de comuni<strong>da</strong>des rurais com orientaçãosobre as políticas de <strong>juventude</strong>, principalmentede acesso ao crédito rural.• 220 grupos juvenis de comuni<strong>da</strong>des rurais e de escolassensibiliza<strong>do</strong>s e orienta<strong>do</strong>s sobre prevenção de DST/AIDS e gravidez indeseja<strong>da</strong>.• 22 Coletivos de Jovens com experiências publica<strong>da</strong>sna Revista Juventude Sisaleira.• Debates públicos com os candi<strong>da</strong>tos a prefeito e verea<strong>do</strong>rcom a agen<strong>da</strong> pública de <strong>juventude</strong> apresenta<strong>da</strong> enegocia<strong>da</strong> junto às candi<strong>da</strong>turas locais.2 <strong>Bocapiu</strong> . setembro 2009 setembro 2009 . <strong>Bocapiu</strong> 3

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