L+D 57
Edição: Março/Abril de 2016
Edição: Março/Abril de 2016
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MUSEU DO AMANHÃ, RIO DE JANEIRO (BRASIL)<br />
E MAIS: RESTAURANTE PERRY & BLACKWELDER’S, DUBAI (EAU)<br />
PLANO DIRETOR DE ILUMINAÇÃO DE ÁVILA (ESPANHA) | LOJA RIACHUELO, FORTALEZA (BRASIL)<br />
1
2 3
4 5
A tribute to light<br />
Elliot Erwitt, 2011<br />
SUMÁRIO<br />
março/abril 2016<br />
edição <strong>57</strong><br />
38 72<br />
14 AGENDA<br />
22 ¿QUÉ PASA?<br />
38 RESIDÊNCIA QUINTA DA BARONEZA<br />
42 RESTAURANTE PERRY & BLACKWELDER<br />
Carlotta de Bevilacqua-Paolo Dell’Elce: Copernico<br />
Artemide Chicago Showroom<br />
223 West Erie Street, 1S<br />
Chicago, IL 60654<br />
artemide.net<br />
46<br />
MUSEU DO AMANHÃ<br />
60<br />
RESTAURANTE KITARO<br />
64<br />
PLANO DIRETOR DE ILUMINAÇÃO DE ÁVILA<br />
72<br />
LOJA RIACHUELO – SHOPPING IGUATEMI FORTALEZA<br />
46<br />
64<br />
78<br />
PRODUTOS<br />
6 7<br />
42
8 9
Romulo Fialdini<br />
Thiago Gaya<br />
publisher<br />
MUSEU DO AMANHÃ<br />
Iluminação: LD Studio<br />
Foto: Andrés Otero<br />
Orlando Marques<br />
editor-chefe<br />
PUBLISHER<br />
Thiago Gaya<br />
EDITORIAL<br />
EDITOR-CHEFE<br />
Orlando Marques<br />
DIRETORA DE ARTE<br />
Thais Moro<br />
Um dos aspectos mais interessantes no dia a dia profissional do arquiteto de iluminação, é<br />
a possibilidade de colaborar simultaneamente com diferentes profissionais de arquitetura, em<br />
projetos com os mais variados estilos, abordagens, tamanhos e ainda provenientes de diversos<br />
lugares do Brasil e do mundo.<br />
Não por acaso, essa rotina diversificada e colaborativa também sempre fez parte do dia a dia<br />
da revista <strong>L+D</strong>, de seus editores e colaboradores, ao longo dos 11 anos de existência.<br />
Essa similaridade e afinidade foram alguns dos aspectos que me convenceram a aceitar o<br />
convite para assumir por completo a editoria da revista.<br />
E com qualquer mudança se espera, no mínimo, algumas inovações. No caso da <strong>L+D</strong>, esta<br />
é uma tarefa particularmente difícil, uma vez que o trabalho feito ao longo dessa década por<br />
todos que colaboraram e ainda colaboram com a revista sempre foi de extrema competência,<br />
delicadeza e profissionalismo. Mas, para mostrar serviço e honrar o convite, fiz uma pesquisa<br />
com os colegas de profissão, e, já nesta edição, trazemos algumas novidades.<br />
Com o intuito de diversificar ainda mais o alcance das informações do trabalho do arquiteto de<br />
iluminação e estreitar nossa convivência, estamos criando coeditoriais com alguns dos escritórios<br />
parceiros da Editora Lumière. É o caso da matéria assinada pelo escritório LD Studio sobre o mais<br />
recente trabalho da lighting designer peruana Claudia Paz em Lima.<br />
Outra novidade é a abordagem da descrição das soluções de iluminação dos projetos<br />
apresentados, a partir das legendas das imagens. Os textos continuam a descrever com<br />
precisão o que está por trás da criação dos projetos, desde a sua concepção até a sua<br />
finalização. Já as imagens passam a ter o suporte de legendas com informações mais<br />
detalhadas sobre as soluções do projeto.<br />
Desse modo, nesta edição, apresentamos seis projetos de iluminação, cuja seleção<br />
compreende o vasto espectro de programas e tipologias arquitetônicas a que estamos<br />
acostumados. Na capa, o tão esperado Museu do Amanhã no centro do Rio de Janeiro, com<br />
projeto do time da LD Studio. No interior de São Paulo, uma residência no exclusivo condomínio<br />
Quinta da Baroneza, projeto da Franco Associados. Temos, ainda, o novo conceito e projeto<br />
de iluminação das Lojas Riachuelo; dois restaurantes – um em São Luís, no Maranhão e outro<br />
em Dubai, nos Emirados Árabes – e também o premiado projeto do plano diretor e projeto de<br />
iluminação para a cidade histórica de Ávila, na Espanha.<br />
A diversidade também continua na seção ¿Qué Pasa?. Além dos trabalhos multidisciplinares,<br />
todos sob a ampla temática da luz e iluminação, apresentamos também uma detalhada agenda<br />
com os principais eventos do universo da iluminação ao redor do mundo em 2016.<br />
REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />
Carlos Fortes, Débora Torii,<br />
Fernanda Carvalho, Gilberto Franco e Valentina Figuerola<br />
IMPRESSA POR<br />
REVISÃO<br />
Débora Tamayose<br />
ADMINISTRAÇÃO<br />
Richard Schiavo<br />
Telma Luna<br />
CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />
Márcio Silva<br />
PUBLICIDADE<br />
Lucimara Ricardi | diretora<br />
Avany Ferreira | contato publicitário<br />
Paula Ribeiro |contato publicitário<br />
Suely Mascaretti | contato publicitário<br />
PARA ANUNCIAR<br />
comercial@editoralumiere.com.br<br />
T 11 2827.0660<br />
PARA ASSINAR<br />
assinaturas@editoralumiere.com.br<br />
T 11 2827.0690<br />
TIRAGEM E CIRCULAÇÃO AUDITADAS POR<br />
Boa leitura!<br />
Orlando Marques<br />
Editor-chefe<br />
PUBLICADA POR<br />
Andrés Otero<br />
Contamos nesta edição<br />
Editora Lumière Ltda.<br />
com a colaboração<br />
Rua Catalunha, 350, 05329-030, São Paulo SP, T 11 2827.0660<br />
do escritório parceiro<br />
www.editoralumiere.com.br<br />
LD Studio, que assina<br />
a matéria sobre o<br />
mais recente trabalho<br />
10 da lighting designer<br />
11<br />
peruana Cláudia Paz
12 13
AGENDA 2016<br />
Após um ano repleto de eventos e atividades, estimulados pela proclamação do Ano Internacional da Luz pela Unesco, 2016<br />
começa com a promessa de ainda mais acontecimentos. Confira a agenda e programe-se para os mais importantes workshops,<br />
feiras, encontros, fóruns e festivais deste ano.<br />
LIGHT + BUILDING 2016<br />
Com 2.500 expositores, e mais de 210 mil visitantes, sendo a<br />
metade vindas de mais de 160 países, a maior feira de iluminação do<br />
mundo continuará a apresentar inovações do universo de projetos<br />
e equipamentos de iluminação, equipamentos e componentes<br />
de LEDs, controles, automação, design, engenharia elétrica e<br />
programas de computadores.<br />
Os principais temas da Light + Building deste ano são eficiência<br />
energética, tecnologias inteligentes, novas tendências no desenho<br />
de luminárias e novas tecnologias e inovações no campo da<br />
tecnologia de iluminação com ênfase no ser humano, suas<br />
necessidades e sua saúde.<br />
Diversos eventos paralelos acontecerão durante a feira.<br />
Destacamos a tão esperada Luminale, com instalações de luz<br />
espalhadas pela cidade de Frankfurt e arredores; a competição Design<br />
Plus Powered by Light + Building, disputa entre os equipamentos<br />
de iluminação apresentados pelos expositores da feira; e também<br />
a nova ala Digital Buildings, sobre tecnologia digital e automação<br />
de edifícios.<br />
Fique atento às contantes atualizações dos eventos anunciadas<br />
no website da feira.<br />
Light + Building 2016<br />
Frankfurt, Alemanha<br />
13 a 18 de março<br />
www.light-building.messefrankfurt.com<br />
©Messe Frankfurt Exhibition GmbH / Petra Welzel<br />
LIGHTFAIR<br />
INTERNATIONAL 2016<br />
Com público recorde de 29.900 participantes em 2015, a<br />
Light Fair deste ano promete superar essa marca.<br />
Além da já expandida feira de fabricantes de equipamentos<br />
de iluminação, a tradicional conferência vai adicionar à sua<br />
programação habitual – suas 82 palestras e mais de 190<br />
horas de conteúdo educacional – visitas guiadas ao projeto de<br />
iluminação da Estação de Bondes de San Diego e também um<br />
fórum com sessões de 60 minutos cada, batizado de IoT Lighting<br />
Forum, no dia 27 de abril. O fórum trará palestras sob os temas<br />
iluminação externa adaptativa, ambientes customizados, smart<br />
lighting e sensores, para as quais os participantes poderão<br />
se registrar por meio de pacotes ou por sessões individuais.<br />
Além disso, com a intenção de expandir os populares cursos<br />
de curta duração, este ano eles estarão distribuídos ao longo de<br />
três dias, sob diversos temas, que vão de luz móvel e cultura<br />
da luz até aplicações de tecnologia LED, iluminação e saúde.<br />
Em adição às 3 horas do workshop em língua espanhola,<br />
este ano a Light Fair, a fim de atrair ainda mais o público sul-<br />
-americano, introduzirá tradução simultânea em espanhol em<br />
8 palestras principais.<br />
Lightfair International 2016<br />
San Diego, EUA<br />
Pré-conferência: 24 e 25 de abril<br />
Feira e Conferência: 26 a 28 de abril<br />
www.lightfair.com<br />
14 15
AGENDA 2016<br />
©HKTDC<br />
GILE – GUANGZHOU INTERNATIONAL<br />
LIGHTING EXHIBITION<br />
HONG KONG INTERNATIONAL<br />
LIGHTING FAIR<br />
Organizada anualmente pelo Conselho de Desenvolvimento<br />
do Comércio de Hong Kong (HKTDC), a 8ª edição de primavera<br />
da Hong Kong International Lighting Fair espera superar o recorde<br />
obtido em sua edição anterior, quando receberam mais de 19 mil<br />
visitantes e aproximadamente 1.250 expositores. Para facilitar a<br />
compreensão do visitante, a feira é dividida em zonas temáticas,<br />
como o espaço dedicado aos LEDs e à iluminação sustentável e<br />
o Hall of Aurora, luxuosa área exclusiva da iluminação de grife.<br />
Além disso, também serão oferecidos seminários e fóruns a<br />
respeito de atualidades ligadas ao mercado de iluminação.<br />
O evento ainda tem uma edição anual de outono, que, em sua<br />
17ª edição, promete a apresentação de produtos para iluminação<br />
publicitária, comercial, residencial e sustentável, além de acessórios,<br />
peças, componentes e soluções inteligentes.<br />
Hong Kong International Lighting Fair<br />
Hong Kong, China<br />
Spring Edition: 6 a 9 de abril<br />
www.hktdc.com/hklightingfairse<br />
Autumn Edition: 27 a 30 de outubro<br />
www.hktdc.com/hklightingfairae<br />
Conhecido como o mais influente e abrangente evento de<br />
iluminação da Ásia, a Guangzhou International Lighting Exhibition<br />
aborda, neste ano, o tema “Thinklight: a new dimension”,<br />
buscando revelar tecnologias de iluminação inovadoras, além<br />
de discutir novas perspectivas de design, mercado e tecnologia.<br />
Organizada pela Messe Frankfurt, responsável também pela<br />
Light + Building, a edição de 2016 espera superar o sucesso da<br />
edição passada, quando contou com quase 2.700 exibidores<br />
de 27 países diferentes, atraindo cerca de 135 mil visitantes, o<br />
que demonstra o marcante crescimento do mercado asiático<br />
de iluminação e LEDs, tanto na região, quanto perante a<br />
comunidade internacional.<br />
GILE – Guangzhou International Lighting Exhibition<br />
9 a 12 de junho<br />
Guangzhou, China<br />
light.messefrankfurt.com.cn<br />
EXPOLUX<br />
Com 27 anos de existência, a Expolux – Feira Internacional da<br />
Indústria da Iluminação – consolidou-se como um dos principais<br />
encontros de iluminação da América Latina. O evento bienal,<br />
que se destina à apresentação de novas tecnologias, produtos,<br />
serviços e tendências do universo da iluminação, é também uma<br />
oportunidade para fazer networking e gerar negócios. Para sua 15ª<br />
edição, além da tradicional exposição – que conta com mais de<br />
400 expositores nacionais e internacionais –, a Expolux apresenta<br />
como novidades palestras e seminários, visando contribuir para<br />
uma melhor qualificação dos profissionais do mercado.<br />
Expolux – 15ª Feira Internacional da Indústria da Iluminação<br />
28 de junho a 2 de julho<br />
São Paulo, Brasil<br />
www.expolux.com.br<br />
16 17
AGENDA 2016<br />
André Hanni<br />
EILD – ENCONTRO IBERO-AMERICANO<br />
DE LIGHTING DESIGN 2016<br />
SEMANA DA LUZ BRASIL 2016<br />
A Semana da Luz 2016 acontece entre os dias 15 e 21 de<br />
agosto e traz na bagagem números expressivos da edição de<br />
2015. Os eventos que compuseram a programação da Semana – o<br />
workshop internacional Luz para a Coexistência, o 6º LEDforum, os<br />
lançamentos dos livros do Estúdio Carlos Fortes e do LD Studio e o<br />
jantar no showroom da E:light – reuniram 530 participantes, de 12<br />
estados brasileiros e de 11 países diferentes. Isso dá uma ideia da<br />
dimensão e da pluralidade que o evento atingiu: a Semana da Luz<br />
é uma oportunidade única no calendário brasileiro de networking,<br />
geração de negócios, qualificação profissional e intercâmbio de<br />
conhecimento, em um ambiente de confraternização e inspiração.<br />
Para este ano, a Semana da Luz apresentará, além dos tão<br />
aguardados 7º LEDforum e do 4º Workshop Internacional de<br />
Luz e Iluminação – realizado em parceria com a AsBAI –, dois<br />
eventos novos cujos detalhes serão apresentados em breve.<br />
A programação completa da Semana da Luz 2016, bem como<br />
o conteúdo do Workshop e a grade de palestras do 7º LEDforum<br />
será divulgada no decorrer de março.<br />
As inscrições para o 7º LEDforum já estão abertas. Nós nos<br />
vemos em agosto!<br />
7º LEDforum<br />
18 e 19 de agosto<br />
4º Workshop Internacional<br />
15 a 17 de agosto<br />
www.ledforum.com.br<br />
Divulgação<br />
Após três edições bem-sucedidas, no Chile, no México e na<br />
Colômbia, o esperado Encontro Ibero-Americano de Lighting<br />
Design 2016, terá como sede a cidade de Ouro Preto, em Minas<br />
Gerais, e será realizada pela Associação Brasileira de Arquitetos de<br />
Iluminação – AsBAI. O evento contará com a participação não só<br />
de designers de iluminação, como também de outros profissionais<br />
interessados em luz e em iluminação arquitetônica, urbanística<br />
e paisagística. A proposta editorial desa edição, que tem como<br />
tema o processo criativo, se constroi a partir de descobertas,<br />
buscas e intervenções e é composta de palestras, laboratórios<br />
e ações em pontos da cidade. Além disso, os participantes do<br />
evento poderão acompanhar e participar da transformação<br />
de duas instalações urbanas colaborativas, que são tema do<br />
Concurso Internacional de Instalações Urbanas e cujos autores<br />
selecionados terão seus trabalhos realizados, em localizações<br />
distintas da cidade, durante os dias do Encontro. O processo de<br />
inscrição e envio de propostas para o concurso está aberto até o<br />
dia 11 de abril, e podem se inscrever artistas, lighting designers,<br />
arquitetos e outros interessados em luz.<br />
A <strong>L+D</strong> é a mídia oficial do EILD e apresentará ao longo das<br />
suas edições mais detalhes e informações a respeito dele.<br />
EILD – Encontro Ibero-Americano de Lighting<br />
Design 2016, Ouro Preto, Brasil<br />
21 a 24 de setembro<br />
www.eild.org<br />
www.eild-competition.org<br />
18 19
AGENDA 2016<br />
AMSTERDAM LIGHT FESTIVAL<br />
LSW16 – LIGHT SYMPOSIUM<br />
WISMAR 2016<br />
O tradicional fórum realizado durante dois dias, a cada dois<br />
anos, alterna suas edições entre as cidades de Estocolmo, na<br />
Suécia (realizado pelo Lighting Laboratory do Royal Institute of<br />
Technology), e Wismar, na Alemanha (oferecido pela Faculdade<br />
de Arquitetura e Design da University of Technology, Business<br />
and Design), onde acontecerá sua 5ª edição em 2016. O simpósio<br />
oferece discussões a respeito dos efeitos da iluminação natural e<br />
artificial nos seres humanos, física e mentalmente, e é direcionado<br />
a pesquisadores, estudantes e profissionais da área. Neste ano, o<br />
tema do fórum será “The Future of Healthy Light and Lighting in<br />
Daily Life”, sobre o qual serão apresentadas pesquisas, teorias,<br />
tecnologias e exemplos de design e aplicações.<br />
LSW16 – Light Symposium Wismar 2016<br />
12 a 14 de outubro<br />
Wismar, Alemanha<br />
lightsymposium.de<br />
IALD ENLIGHTEN AMERICAS<br />
E EUROPE 2016<br />
Os eventos anuais promovidos pela Associação Internacional<br />
de Lighting Designers – IALD – são compostos de conferências<br />
dirigidas a lighting designers, sejam eles profissionais, recém-<br />
-formados ou estudantes. Os eventos são hoje um dos mais<br />
importantes encontros de formação e networking para<br />
aprimoramento da profissão em todos os seus aspectos. Este<br />
ano, o Enlighten Americas acontecerá em Puerto Vallarta, no<br />
México, e o Enlighten Europe em Praga, na República Tcheca.<br />
IALD Enlighten Americas 2016, Puerto Vallarta, México<br />
13 a 15 de outubro<br />
IALD Enlighten Europe 2016, Praga, República Tcheca<br />
13 a 15 de novembro<br />
www.iald.org/Events/<br />
Todos os anos, durante o inverno, o centro da cidade de<br />
Amsterdã, na Holanda, é transformado em uma verdadeira cidade<br />
das luzes, graças às instalações luminosas realizadas por artistas<br />
contemporâneos locais e internacionais. Funcionando também<br />
como plataforma para a exibição dos trabalhos de jovens artistas,<br />
o festival divide-se em duas rotas principais: a rota de barco,<br />
chamada Water Colors, que oferece uma perspectiva diferente<br />
da cidade a partir de seus famosos canais; ou a rota do percurso<br />
a pé, denominado Illuminade. As inscrições para as instalações<br />
que serão apresentadas na 5ª edição do festival, em novembro,<br />
estão abertas até o dia 11 de março.<br />
Amsterdam Light Festival<br />
Novembro 2016 a janeiro 2017<br />
Amsterdã, Holanda<br />
www.amsterdamlightfestival.com/en<br />
FÊTE DES LUMIÈRES<br />
O tradicional Festival das Luzes de Lyon, na França, volta no<br />
final deste ano com algumas das instalações, que eram parte<br />
da programação do festival de 2015, as quais, em razão dos<br />
atentados ataques terroristas à capital francesa em novembro<br />
do ano passado, foram canceladas e substituídas por um tributo<br />
às vítimas do terrível ataque.<br />
Datado de 1643 em agradecimento à Maria por sua proteção<br />
à cidade durante a peste negra, com uma procissão de velas por<br />
toda a cidade, o festival se transformou num dos maiores eventos<br />
públicos de iluminação do mundo. Com números em ascendência,<br />
o festival chega a reunir 5 milhões de pessoas de todas as partes<br />
do mundo para celebrar a luz na cidade.<br />
Fête des Lumière, Lyon, França<br />
8 a 11 de dezembro<br />
www.fetedeslumieres.lyon.fr<br />
20 21<br />
©Muriel Chaulet
¿QUÉ PASA?<br />
Rafael Leão<br />
ASBAI ANUNCIA SUA<br />
NOVA DIRETORIA<br />
Foi divulgada, no início deste ano, a composição da nova<br />
diretoria da AsBAI (Associação Brasileira de Arquitetos de<br />
Iluminação), que será responsável, nos próximos dois anos, por<br />
dar continuidade às ações desenvolvidas ao longo das gestões<br />
anteriores, conforme afirma sua nova presidente, a lighting<br />
designer Paula Carnelós.<br />
Projetos com a indústria, de atualização e desenvolvimento<br />
profissional e o estreitamento de relações entre a AsBAI e<br />
outras associações e instituições de ensino ligadas ao universo<br />
da iluminação (a exemplo de sua atuação como entidade<br />
consultiva do CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo)<br />
estão também entre as metas desta gestão, visando sempre<br />
atender às demandas dos associados e o fortalecimento da<br />
profissão junto à sociedade.<br />
A nova diretoria é ainda formada por Gilberto Franco (vicepresidente),<br />
Fernanda Carvalho (diretora de relações sociais),<br />
Diana Joels (diretora de relações culturais), Mônica Lobo,<br />
Claudia Torres e Mariana Novaes (membros do conselho fscal)<br />
e Leticia Mariotto (suplente do conselho fiscal). O diretor da<br />
gestão anterior, Rafael Leão, ainda permanece como membro da<br />
diretoria, agora, no cargo de diretor administrativo-financeiro.<br />
Diversas atividades já estão sendo programadas para este<br />
ano, dentre as quais estão a participação da Associação em feiras<br />
e eventos nacionais e internacionais, cursos de desenvolvimento<br />
profissional e a coordenação da 4ª edição do Workshop<br />
Internacional, em parceria com a revista <strong>L+D</strong>, como parte das<br />
atividades da Semana da Luz, no mês de agosto. A AsBAI ainda<br />
é a encarregada da organização da edição deste ano do EILD<br />
(Encontro Ibero-Americano de Lighting Design), que acontecerá<br />
na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, no mês de setembro.<br />
Interessados em obter mais informações sobre a<br />
Associação, ou sobre como se associar, podem entrar em<br />
contato pelo asbai@asbai.org ou pelo telefone (11) 2894-1405.<br />
(Por Débora Torii)<br />
GRUPO DE TRABALHO NO CAU-SP SOBRE A<br />
ARQUITETURA DE ILUMINAÇÃO<br />
No inicio deste ano, o Conselho de Arquitetura e<br />
Urbanismo de São Paulo – CAUSP –, criou o primeiro grupo<br />
de trabalho (GT) sobre Arquitetura de Iluminação. A iniciativa<br />
é um reconhecimento da importância da disciplina como<br />
elemento da Arquitetura e Urbanismo. De acordo com o<br />
presidente da entidade, o arquiteto Gilberto Belleza, o objetivo<br />
do grupo é "se debruçar sobre as particularidades e a atuação<br />
dos profissionais da área".<br />
Composto dos arquitetos e urbanistas Gilberto Franco<br />
(coordenador do GT), Esther Stiller, Carlos Augusto<br />
Bertolucci, Claudia Borges Shimabukuro, Daniel de Riggi,<br />
Maiquel Alexandre Alves e Ronaldo Takeshi Suzuki, o GT se<br />
compromete em "trazer assuntos relevantes já discutidos no<br />
âmbito da Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação<br />
(AsBAI), de forma a alinhar as atividades com o trabalho já<br />
realizado , conforme comunicado do CAU-SP." Além disso, o<br />
GT pretende aprofundar a discussão sobre a valorização e o<br />
fortalecimento profissional dos arquitetos de iluminação. (D.T.)<br />
22 23
Asaf Kliger<br />
¿QUÉ PASA?<br />
LUXO ABAIXO DE ZERO<br />
Determinado a tornar os invernos tão populares quanto os<br />
verões na localidade de Jukkasjärvi, no norte da Suécia, e inspirado<br />
pela conhecida tradição japonesa, o empresário sueco Yngve<br />
Bergqvist teve a ideia de promover, no ano de 1989, um workshop<br />
de esculturas de gelo, comandado por dois profissionais do Japão,<br />
e do qual participaram diversos artistas.<br />
A partir dessa iniciativa, surgiu, no ano seguinte, o ICEHOTEL<br />
(Hotel de Gelo), que desde então é construído, todos os anos,<br />
durante os meses de inverno, no pequeno vilarejo localizado<br />
na cidade de Kiruna. Situada 200 quilômetros ao norte do<br />
círculo p olar Ártico, a localidade tem como núcleo o rio Torne,<br />
do qual são recolhidos cerca de 2.500 blocos de gelo, pesando<br />
aproximadamente duas toneladas cada um, para a construção de<br />
cada edição do hotel.<br />
Uma verdadeira obra de arte de neve, gelo e luz, o ICEHOTEL<br />
atrai, todos os anos, aproximadamente 50 mil hóspedes de diversas<br />
partes do mundo, para os quais são oferecidas duas opções de<br />
hospedagem: os gélidos quartos feitos de neve e gelo – cujas<br />
temperaturas chegam a até − 5 °C – ou as cabanas aquecidas.<br />
Cerca de 200 artistas inscrevem, todos os anos, seus<br />
projetos originais para as suítes, os quais são avaliados por um<br />
painel de artistas e experts em arte no gelo, que selecionam<br />
entre 15 e 20 projetos com base em sua originalidade e na<br />
composição final do conjunto. Os autores – geralmente artistas,<br />
arquitetos, designers industriais e gráficos – são convidados<br />
a participar da execução de suas ideias pessoalmente, com a<br />
assessoria de uma equipe de instrutores especializados.<br />
O toque final dos projetos é a iluminação, considerada<br />
essencial na composição do resultado final, já que grande parte<br />
das superfícies da edificação é transparente. Os projetos são<br />
realizados por uma equipe de lighting designers selecionada pelos<br />
organizadores, que trabalha lado a lado com os criadores de cada<br />
suíte, de maneira a garantir que a iluminação interprete e realce<br />
suas criações da melhor forma possível.<br />
Uma das suítes apresentadas nesta edição tem seu conceito<br />
inspirado no filme expressionista alemão O Gabinete do Doutor<br />
Caligari. Intitulada “Cesare’s Wake”, a criação dos artistas gregos<br />
Petros Dermatas e Ellie Souti se apropria da aparência disforme dos<br />
elementos arquitetônicos do filme para a modelagem das janelas e<br />
dos demais ornamentos da suíte. A iluminação com LEDs, tanto em<br />
temperatura de cor 5.000K, quanto na tonalidade azul, potencializa<br />
a aparência fria do dormitório, além de contribuir para a criação de<br />
uma atmosfera intencionalmente soturna, similar à do filme.<br />
O ICEHOTEL funcionará até o dia 15 de abril deste ano. Na<br />
chegada da primavera, todo o gelo da construção se derrete e<br />
retorna, naturalmente, ao rio Torne. (D.T.)<br />
24 25
Masaya Yoshimura<br />
¿QUÉ PASA?<br />
PRETO NO BRANCO<br />
Fundado no ano de 1997 pelo arquiteto canadense Oki<br />
Sato e com sedes em Tóquio, no Japão e em Milão, na Itália; o<br />
estúdio de design nendo foi responsável pelo lançamento de<br />
mais de 100 produtos apenas no ano de 2015. Com produção<br />
bastante diversificada, abrangendo desde o desenvolvimento<br />
de embalagens para cosméticos até o design de luminárias<br />
(como a peça NJP Table, desenvolvida para a marca Louis<br />
Poulsen no ano passado), nendo atua também nos campos da<br />
arquitetura e interiores, design gráfico e desenho de produto,<br />
tendo participado de diversas exposições na Europa e na<br />
Ásia e recebido inúmeros prêmios internacionais de design<br />
ao longo de sua existência.<br />
O ano de 2015 foi especialmente marcado pela exibição<br />
de Colorful Shadows, desenvolvida para o pavilhão Japonês da<br />
última edição da EXPO de Milão, realizada entre os meses de<br />
maio e outubro. Naquela ocasião, foram exibidos 16 objetos,<br />
entre talheres, louças e utensílios de cozinha – em conexão<br />
com o tema da mostra: “Alimentando o Planeta, Energia para<br />
a Vida” –, desenhados pelo estúdio especialmente para o<br />
projeto e produzidos em colaboração com diversos artesãos<br />
e fabricantes locais.<br />
Posteriormente, em dezembro, foi aberta a versão<br />
itinerante da exposição, na galeria de arte Eye of Gyre, em<br />
Tóquio. Em virtude da complexa segmentação dos espaços<br />
da galeria, foi necessário fazer uma adaptação na mesa sobre<br />
a qual os objetos foram dispostos. Ela deixou de ser uma<br />
superfície retangular, transformando-se em um percurso<br />
alongado e sinuoso, com 33 metros de extensão. O tampo<br />
branco, com apenas 200 milímetros de largura e 3 milímetros<br />
de espessura, causa a ilusão de flutuar diante dos olhos dos<br />
visitantes, efeito ressaltado pela iluminação focada apenas<br />
nos objetos, o que gera uma bela e contínua sombra das<br />
curvas do mobiliário no piso.<br />
A intenção, no entanto, permanece a mesma da versão<br />
italiana: demonstrar os meticulosos processos e técnicas<br />
característicos do artesanato japonês, presentes nos<br />
materiais e nos detalhados acabamentos das peças expostas.<br />
Curiosamente, aliás, decidiu-se que todos os itens seriam<br />
exibidos na cor preta, de maneira a chamar mais atenção<br />
para esses detalhes. Toda informação relacionada à cor foi<br />
removida, de forma a estimular o espectador a focar em<br />
outros aspectos, julgados mais essenciais.<br />
Quanto ao título da exibição, nendo justifica: “no ensaio<br />
‘Elogio da Sombra’, do escritor Junichiro Tanizaki, há uma<br />
passagem sobre a ingestão de um yokan (tradicional doce<br />
japonês feito de pasta de feijão azuki) no escuro, de forma a<br />
desenvolver uma paleta mais aguçada”. Colorful Shadows é<br />
uma tentativa de lançar luz sobre os meandros do artesanato<br />
japonês, que muitos ainda consideram estar escondidos do<br />
restante do mundo, no escuro. (D.T.)<br />
26 27
Imagens: Divulgação<br />
8<br />
1<br />
4<br />
6<br />
2<br />
5<br />
7<br />
9<br />
3<br />
¿QUÉ PASA?<br />
29º PRÊMIO DESIGN MCB<br />
Realizada desde 1986 pelo Museu da Casa Brasileira, a<br />
premiação é uma das mais importantes do país, revelando<br />
novos talentos e consagrando profissionais da área do<br />
design em 7 diferentes categorias. A cerimônia de entrega<br />
dos prêmios aconteceu no dia 26 de novembro, com a<br />
abertura da tradicional exposição dedicada aos trabalhos<br />
finalistas e aos vencedores, que ficou em cartaz até o final<br />
de janeiro deste ano.<br />
Os vencedores da categoria Produtos – Iluminação<br />
dessa edição foram:<br />
1º lugar:<br />
- Wing, de Fernando Prado, produzida por Lumini; 4<br />
- Luminária Ísis, de Ricardo Heder, produzida por Reka<br />
Iluminação; 1<br />
Menção Hhonrosa:<br />
- Luminária Ani, de Domingos Pascali e Sarkis<br />
Semerdjian, produzida por Etel; 9<br />
- Plano, por Fernando Prado, produzida por Lumini. 3<br />
Finalistas:<br />
- Pendente/Arandela Thomas, de Ingrid Vieira Peixoto,<br />
produzidos por Interpam Iluminação; 2<br />
- Koni e Jasiri, de Geraldo Fuzaro, produzidas por<br />
Revoluz Iluminação; 8 6<br />
- Ubíquo, de Ricardo Fahl de Oliveira, Letícia Mariotto,<br />
Cláudia Borges Shimabukuro, Rafael Leão Rego<br />
Basso, Luciana Costantin e Paula Carnelós, produzida<br />
por Mega Light; 7<br />
- Luminária Plamp Z, de Luciana Aguiar Borges e<br />
Victor Lopes Mascarenhas, produzida por Bolei<br />
Design. 5 (D.T.)<br />
28 29
Ulysse Lemerise / OSA<br />
¿QUÉ PASA?<br />
IMPULSOS LUMINOSOS<br />
No último inverno, o centro de Montreal, no Canadá, foi<br />
Além das gangorras, fazem parte do escopo do festival<br />
transformado em um verdadeiro playground: 30 gangorras<br />
vídeoprojeções nas fachadas de 9 edifícios do distrito,<br />
luminosas e interativas foram instaladas ao longo da Place des<br />
que nesta edição buscaram apresentar experiências que<br />
Festivals (Praça dos Festivais), como parte da 6ª edição do<br />
remetessem a noções de equilíbrio e desequilíbrio, simetria<br />
festival anual Luminothérapie.<br />
e assimetria, tensão e harmonia. Além das projeções, a cargo<br />
Conhecida como a maior competição de instalações<br />
dos artistas Maotik e Iregular, ambos baseados em Montreal,<br />
públicas e temporárias de arte de Quebec, o Festival<br />
trilhas sonoras também foram desenvolvidas especialmente<br />
Luminothérapie acontece todos os anos no inverno e é uma<br />
para cada um dos vídeos, criadas pelo artista Mitchell Akiyama,<br />
iniciativa da Quartier des Spectacles Partnership, organização<br />
que vive em Toronto.<br />
responsável pelo suporte (financeiro, logístico e técnico)<br />
Impulse é fruto de um consórcio entre os escritórios de<br />
para a realização dos festivais e das atividades ao ar livre<br />
design Lateral Office, de Toronto, e CS Design, com colaboração<br />
que tomam conta do Quartier des Spectacles, uma seção de<br />
de consultores de engenharia do EGP Group, ambos de Montreal<br />
aproximadamente 1 km 2 no centro da cidade, marcada por<br />
e vencedores da competição promovida no ano passado para a<br />
diversas performances e entretenimento ao longo do ano.<br />
eleição da instalação a ser realizada nesta edição.<br />
O diferencial da instalação deste ano, chamada Impulse<br />
E as inscrições para a 7ª edição de Luminothérapie já<br />
(Impulso), é a interatividade: quando em movimento, as<br />
estão abertas, desta vez com uma novidade: os trabalhos<br />
gangorras produzem uma harmoniosa sequência de sons e<br />
luzes de variadas intensidades, graças aos LEDs e aos alto-<br />
-falantes embutidos em cada uma delas, que resultam em<br />
uma composição em constante mutação.<br />
apresentados deverão se basear no tema predefinido “fábulas”.<br />
O objetivo dos organizadores é, a cada ano, promover Montreal<br />
como uma cidade do design, além de estimular a criatividade no<br />
âmbito das instalações urbanas e da arte digital. (D.T.)<br />
LEMCA FIT PARIS<br />
Perfil com LEDs para<br />
sanca ou mobiliário,<br />
permitindo o perfeito<br />
posicionamento a 45º.<br />
MUSEU DO AMANHÃ – CAFÉ<br />
Local: Rio de Janeiro<br />
Projeto de Iluminação: LD Studio<br />
Projeto de Arquitetura: Santiago Calatrava<br />
Foto: Andrés Otero<br />
www.lemca.com.br | led@lemca.com.br<br />
Tel: |11| 2827.0600 | 3719.3555<br />
30 31
¿QUÉ PASA?<br />
Daniel Brito<br />
UM OLHAR SOBRE O DESIGN<br />
BRASILEIRO DE LUMINÁRIAS<br />
Design brasileiro – luminárias<br />
Editora: Olhares<br />
Organização: Estúdio Nada Se Leva e Marcelo Vasconcellos<br />
148 páginas<br />
Edição bilíngue (português/inglês)<br />
Valor: R$ 79,00<br />
Responsável pela edição do livro Design brasileiro de móveis:<br />
cadeiras, poltronas, bancos, a Editora Olhares lançou no último<br />
mês de novembro Design brasileiro – luminárias, obra em que<br />
são apresentadas algumas das mais representativas criações<br />
nacionais de objetos de iluminação.<br />
Organizado pelo Estúdio Nada Se Leva em parceria com<br />
Marcelo Vasconcellos (sócio da Galeria MeMo, do Rio de Janeiro),<br />
o livro reúne 135 luminárias, de variadas vertentes e períodos do<br />
design nacional, dos anos 1950 até 2015.<br />
Em ordem cronológicas, os trabalhos de 100 designers<br />
brasileiros – ou atuantes no mercado nacional –, desde<br />
profissionais já consagrados, como Fabio Alvim, Cláudia Moreira<br />
Salles, Irmãos Campana e Fernando Prado, até jovens revelações,<br />
como Rodrigo Almeida, Dennys Tormen e Pedro Venzon.<br />
O resultado da compilação é um panorama histórico da<br />
evolução do design brasileiro através dos objetos de iluminação.<br />
(D.T.)<br />
IF DESIGN<br />
AWARD 2016<br />
Imagens: Divulgação<br />
Uma das mais prestigiosas premiações do mundo, organizada<br />
anualmente pela organização alemã iF International Forum Design<br />
desde 1953, anunciou os vencedores deste ano em 26 de janeiro.<br />
Essa edição contou com nada menos que 38 projetos brasileiros<br />
premiados nas 7 diferentes categorias. Eles receberam o famoso<br />
selo com a logo da premiação e serão exibidos em uma exposição<br />
em Hamburgo, na Alemanha, além de passar a figurar no popular<br />
iF World Design Guide.<br />
Dentre os projetos de luminárias vencedores na categoria<br />
Produto, foram reconhecidas, assim como no Prêmio MCB, as<br />
luminárias Plano 2 e Wing 1 , de Fernando Prado. Igualmente<br />
produzida pela Lumini, foi premiada a luminária UM, com design<br />
de Guilherme Wentz 3 . Outra luminária vencedora, também<br />
com design brasileiro, foi a Sevan Lamp, do escritório Pascali<br />
Semerdjian Arquitetos 4 . (D.T.)<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
32 33
inscrições abertas<br />
© Elemental e<br />
¿QUÉ PASA?<br />
O PODER DA SÍNTESE<br />
“Se há algum poder na arquitetura, este é o poder da síntese”.<br />
Assim define sua motivação o arquiteto Alejandro Aravena,<br />
recém-agraciado com o Prêmio Pritzker de Arquitetura de 2016,<br />
conhecido como a maior honraria da arquitetura mundial. Quarto<br />
latino-americano a receber o prêmio (após Luis Barragán, Oscar<br />
Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha), o arquiteto chileno é também<br />
um dos mais jovens premiados – aos 48 anos de idade – e receberá<br />
o prêmio em cerimônia marcada para o dia 4 de abril, na sede das<br />
Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos.<br />
Aravena é diretor, desde 2001, do escritório ELEMENTAL,<br />
baseado em Santiago no Chile, no qual se dedica – com seus<br />
sócios Gonzalo Arteaga, Juan Cerda, Victor Oddó e Diego Torres<br />
– primordialmente a projetos de interesse público e de impacto<br />
social, em especial os voltados a habitação social, espaços<br />
públicos, infraestrutura e transporte. São de sua autoria, por<br />
exemplo, diversos projetos de reconstrução emergencial da<br />
cidade de Constitución, arrasada após o terremoto e o tsunami<br />
que atingiram o Chile em 2010, incluindo um novo plano diretor,<br />
um centro cultural e uma vila habitacional.<br />
Outra marca do escritório de arquitetura é o desenvolvimento<br />
do que chamam de “metade de uma boa<br />
habitação”, em cujo projeto já é previsto espaço para que<br />
os residentes, em um segundo momento, completem suas<br />
residências por si mesmos. A chamada “habitação expansível”<br />
permite que as moradias sejam construídas em terrenos mais<br />
valorizados por um custo menor, por serem inicialmente<br />
menores, provendo aos seus donos mais oportunidades<br />
econômicas e maior satisfação pessoal.<br />
Além do comprometimento com as causas sociais, o<br />
arquiteto chileno também é responsável por diversos outros<br />
projetos de impacto ao redor do mundo, como alguns dos<br />
mais notáveis edifícios da Universidad Católica de Chile, em<br />
Santiago, todos dotados de alta eficiência energética e luz<br />
natural abundante, além de construções nos Estados Unidos,<br />
no México, na Suíça, na Alemanha e na China, entre outros.<br />
Aravena também é o atual diretor da Bienal de Arquitetura de<br />
Veneza de 2016, com abertura marcada para maio deste ano.<br />
O júri do Prêmio Pritzker (composto de 9 membros, de 7<br />
diferentes nacionalidades) o escolheu como receptor do prêmio<br />
deste ano graças ao seu compromisso de longo prazo no<br />
combate à crise mundial de habitação, além do seu exemplo e<br />
da sua generosidade no papel de arquiteto socialmente engajado,<br />
servindo como inspiração através de todas as suas contribuições<br />
para a arquitetura e a humanidade.<br />
Em outras palavras, “os mais simples verbos, [como] dormir,<br />
estudar, comer, encontrar, descansar... estes verbos, no fim das<br />
contas, compõem nossa vida. E estes verbos acontecem em<br />
locais, em substantivos, [como] escritórios, escolas, residências,<br />
parques. Acredito que a arquitetura procura prover a melhor forma<br />
possível para estes substantivos, onde esses verbos acontecem. A<br />
personagem principal é a vida em si e a sua participação na herança<br />
cultural da humanidade”, define Alejandro Aravena. (D.T.)<br />
18 e 19 de agosto de 2016<br />
Tivoli Mofarrej Conference Hotel<br />
São Paulo | Brasil<br />
www.ledforum.com.br<br />
34 35
@silvianeyra<br />
¿QUÉ PASA?<br />
PIXEL FLOW<br />
A instalação Pixel Flow, escultura interativa que pode<br />
ser experimentada em Lima, no Peru, é o resultado de vários<br />
estudos elaborados pela lighting designer peruana Claudia<br />
Paz. A ideia é criar um espaço personalizado, onde o indivíduo<br />
cria sua própria mágica.<br />
A instalação é composta de 10 diferentes cenas, cada uma<br />
com uma forma diferente de interação, que é sempre acionada pela<br />
movimentação corporal dos visitantes. Relacionadas à natureza,<br />
a pinturas ou mesmo voltadas ao público infantil, algumas das<br />
cenas são também acompanhadas por sons, desenvolvidos<br />
especialmente para a instalação, que complementam a experiência.<br />
Responsável pelo design, pelo conceito e pela direção de<br />
arte do projeto, Claudia se destaca em projetos desse tipo.<br />
Ganhou diversos prêmios internacionais e foi citada em outros<br />
tantos pelos projetos BCP Affinity e Light Garden. (Por LD Studio)<br />
36 37
Na página ao lado, os acessos que levam à parte inferior do terreno são iluminados sutilmente através de balizadores em LED<br />
(3W/3.000K). A vista geral da casa permite perceber o ritmo proposto pela arquitetura e como a iluminação reforça essa intenção,<br />
através do destaque dos materiais opacos alternados com os planos transparentes. Acima, a piscina foi iluminada com projetores de<br />
LED subaquáticos (5W e 10W/6.000K) e os bancos que contornam o deck adjacente receberam barras de LED (4W/m/3.000K)<br />
embutido, criando uma luz tênue no piso. Nesta vista podemos ver as áreas de estar espelhada s nos dois pavimentos<br />
RITMO E ESPELHAMENTO<br />
ATRAVÉS DA LUZ<br />
Texto: Fernanda Carvalho | Fotos: Nelson Kon<br />
Cercada por uma natureza exuberante, essa casa de campo<br />
situada em um condomínio de luxo a 90 km de São Paulo<br />
expressa concretamente dois usos distintos: a vida social<br />
e a intimidade da família. O cliente desejava que a a área externa<br />
promovesse uma vida social diurna com muita abertura para a<br />
natureza circundante e, ao mesmo tempo, tivessem espaços em<br />
um ambiente íntimo e acolhedor no período noturno.<br />
Para lidar com esses dois usos antagônicos, os arquitetos<br />
da Reinach Mendonça Arquitetos Associados desenharam<br />
uma casa que espelha os usos diurno e noturno nos dois<br />
pavimentos. No pavimento superior, pelo qual se dá o acesso<br />
principal, a família tem à sua disposição todas as facilidades de<br />
um apartamento: quartos, área de estar íntima, salas de jantar<br />
e estar. No andar de baixo, a sala de almoço fica integrada<br />
com a área da piscina e com uma área de estar com pé-direito<br />
duplo coberta e aberta.<br />
O projeto de iluminação do escritório Franco Associados<br />
buscou interpretar o ritmo da arquitetura através da luz. A<br />
ideia de espelhamento da arquitetura e dos materiais, assim<br />
como a dos cheios e dos vazios, foi incorporada no projeto de<br />
iluminação. Essa abordagem faz com que os dois pavimentos<br />
de usos distintos formem uma unidade visual no período<br />
38 39
Acesso, sob as lajes de concreto,<br />
os pontos se repetem nos dois<br />
pavimentos com luminárias<br />
sobrepostas para lâmpada<br />
halógena dicroica (35W IRC/<br />
facho aberto/3.000K). Nas<br />
salas de jantar e almoço, rasgos<br />
no forro (LED 7W/m 3.000K)<br />
alinhados com bancadas e mesas<br />
criam marcações de teto.<br />
À esquerda, o ambiente de estar<br />
tem luminárias de sobrepor<br />
com lâmpadas halógenas AR<br />
70 (50W/24º/3.000K) na laje<br />
de concreto, com o cuidado de<br />
deixar a área central com pouca<br />
incidência de luz direta. Outro<br />
grupo de luminárias sobrepostas<br />
para lâmpadas dicróicas<br />
(35W IRC/facho aberto/3.000K)<br />
faz um efeito de “muxarabi” no<br />
painel treliçado que fecha esse<br />
ambiente. Ao fundo, podemos<br />
ver o deck iluminado por LEDs<br />
instalados sob os bancos de<br />
madeira<br />
O painel treliçado que faz o fechamento da área social é iluminado por dentro, por meio de luminárias sobrepostas para<br />
lâmpada dicroica (35W IRC/facho aberto/3.000K). Na imagem à esquerda, vemos o acesso da garagem com balizadores<br />
uplight, deixando a laje em balanço livre de luminárias e com efeito de suspensão e leveza<br />
noturno do ponto de vista de quem vê a casa de fora. Por<br />
dentro, a equipe de iluminação teve o cuidado de manter a<br />
unidade do conjunto, “dando, porém, os ajustes necessários<br />
a cada circunstância, de modo a que cada uma possa ocorrer<br />
em sua plenitude”, afirma Gilberto Franco, titular do escritório.<br />
Os materiais adotados no projeto – concreto, madeira e vidro –<br />
se alternam ao longo da fachada, criando um ritmo visual. Algumas<br />
soluções de desenho e modulação de luminárias foram replicadas<br />
nos dois pavimentos, buscando enfatizar a repetição de superfícies<br />
transparentes e opacas proposta pela arquitetura e “realçar o<br />
binômio transparência/opacidade da arquitetura”, completa Franco.<br />
No período noturno os diversos planos de materiais distintos são<br />
realçados pela iluminação.<br />
Na varanda superior, a laje de concreto recebe luminárias de<br />
sobrepor em espaçamento em grupos de duas ou três luminárias,<br />
desenho que se repete na varanda inferior. Para os ambientes<br />
internos, as luminárias são embutidas em forro de gesso, com<br />
distribuição conforme o layout de móveis e, segundo o lighting<br />
designer, “buscam expressar os acontecimentos da casa”.<br />
RESIDÊNCIA NO CONDOMÍNIO QUINTA DA BARONEZA<br />
Itatiba, São Paulo<br />
Projeto de iluminação:<br />
Franco Associados<br />
Projeto de arquitetura:<br />
Reinach Mendonça Arquitetos Associados<br />
Fornecedores:<br />
Lumini, Ecopyre<br />
40 41
PERRY & BLACKWELDER’S<br />
ORIGINAL SMOKEHOUSE<br />
Texto: Carlos Fortes | Fotos: Daniel Cheong<br />
As mesas e as paredes do salão também são iluminadas<br />
pelos projetores fixados no teto. Sobre o balcão, pendentes<br />
temáticos complementam a iluminação e compõem a<br />
decoração do bar. Atrás dos sofás, a iluminação indireta<br />
valoriza o revestimento da parede. Na imagem do meio,<br />
podemos observar a cozinha, integrada ao salão, com a<br />
mesma aparência de cor da luz. A iluminação, com pendentes<br />
sobre o balcão, acompanha o mesmo partido de iluminação<br />
do bar. As mesas altas, feitas de barris, são iluminadas por<br />
arandelas articuladas de iluminação direta.<br />
No pavimento superior, os mesmos projetores do teto foram<br />
equipados com filtros coloridos, nas cores verde, vermelha,<br />
azul e âmbar, muitas vezes usados em camadas duplas para<br />
ajudar a saturar as cores, iluminam os elementos decorativos<br />
pendentes no vazio<br />
Iluminação do ambiente e de destaque por meio de projetores fixados em trilhos eletrificados sob o teto com lâmpadas LED Soraa AR111<br />
ou PAR36 2.700K com facho de 8º, 25º ou 36º. Cada luminária é controlada individualmente por meio de sistema DALI. Projetores<br />
iluminam o mobiliário e os objetos de decoração dispostos nas paredes e nos balcões. Arandelas tipo lanternas foram amassadas e<br />
lixadas pelos próprios lighting designers para parecerem envelhecidas. Foram aplicados spray de silicone em seus visores de vidro<br />
transparentes para parecerem esfumaçados. A fonte luminosa halogena tipo capsula 50W 110V/220V é conectada a um equipamento<br />
auxiliar que permite simular à chama de uma vela ou uma lâmpada de querosene. Sobre o balcão, caixas de madeira suspensas<br />
com iluminação interna e lanternas decorativas compostas com as prateleiras. Essas lanternas fixadas às caixas têm lâmpadas<br />
incandescentes coloridas – vermelhas, verdes, azuis, e LED E27 2.700K. O revestimento do balcão é valorizado pela iluminação rasante<br />
fixada sob ele – fitas de LED 2.700K compõem esse sistema<br />
A<br />
primeira filial da rede de restaurantes especializada em<br />
carnes defumadas no estilo texano, inaugurada nos<br />
Emirados Árabes Unidos, reforça, por meio da arquitetura<br />
e da iluminação, características marcantes da cultura do país de<br />
origem e tenta estabelecer um diálogo com a cultura árabe local<br />
pelas sutilezas da decoração.<br />
O restaurante Perry & Blackwelder´s (P&B) Smokehouse<br />
propõe um estilo casual de jantar, instalado no sofisticado e nada<br />
casual Souk Madinat Jumeirah, em Dubai. Com suas origens<br />
profundamente enraizadas na cultura norte-americana, mais<br />
precisamente no estado do Texas, introduz no Oriente Médio a<br />
técnica de assar as carnes lentamente e a baixa temperatura, o<br />
que confere um paladar defumado a uma carne extremamente<br />
tenra, a ponto de se soltar facilmente dos ossos. Essa técnica<br />
de cozimento, transmitida através de receitas que passam de<br />
geração a geração, traz uma nova experiência aos visitantes e<br />
aos habitantes de Dubai.<br />
O projeto foi contemplado em 2015 com o Prêmio Hospitality<br />
Lighting Project of the Year – Light Middle East Award. Toda a<br />
iluminação do restaurante, incluindo as áreas de público – salão e<br />
terraços – e as cozinhas, foi projetada respeitando a carga máxima<br />
disponível de 9,23KW. O partido adotado foi a integração de<br />
sistemas de LED e lâmpadas incandescentes de baixa potência,<br />
buscando o equilíbrio entre as diferentes fontes. Outro desafio do<br />
projeto foi trabalhar com verbas restritas, dentro de um orçamento<br />
conservador, o que exigiu a implementação de soluções criativas e<br />
de baixo custo. A iluminação ocupa papel fundamental para criar<br />
um espaço envolvente e temático, onde se percebe a rica história<br />
cultural do sudeste norte-americano, destacando a hospitalidade.<br />
O espaço interno é dividido em dois níveis, com um mezanino<br />
que se desenvolve em torno de um vazio central de pé-direito<br />
duplo. Os terraços externos também se dividem em dois níveis. O<br />
sistema principal de iluminação é formado por trilhos e projetores,<br />
42 43
Na imagem acima à esquerda, as<br />
escadas foram iluminadas a partir<br />
dos corrimãos de madeira, fixados<br />
nas paredes laterais. Fitas de LED<br />
iluminam o revestimento das paredes<br />
e os degraus. Uma arandela difusa<br />
marca o início da subida, e projetores<br />
para iluminação direta, fixados no<br />
teto do mezanino, complementam a<br />
iluminação. Na imagem seguinte, vista<br />
do vazio central a partir do mezanino,<br />
com destaque para as cordas e os<br />
arames pendurados iluminados por<br />
projetores LED com filtros coloridos.<br />
À esquerda, um elemento de neon<br />
complementa a iluminação e a<br />
decoração. Na página seguinte, a<br />
baixa intensidade da iluminação<br />
do terraço externo, com arandelas<br />
e luminárias decorativas sobre o<br />
guarda-corpo, além de cordões com<br />
lâmpadas LED 2.700K aparentes,<br />
preserva a vista de Dubai. O desenho<br />
das arandelas e das luminárias<br />
decorativas, em chapa recortada,<br />
estabelecem um diálogo entre as<br />
culturas estadunidense e árabe<br />
numa composição em estilo teatral, os quais iluminam as mesas<br />
e destacam os cartazes e os objetos de decoração que compõem<br />
a ambientação. Todos os projetores são equipados com LEDs em<br />
formato de lâmpadas refletoras e drivers dimerizáveis DALI, que<br />
permitem o controle das intensidades de 10% a 100%. Alguns<br />
projetores recebem ainda filtros coloridos – verdes, vermelhos,<br />
azuis e âmbares. Esses projetores com filtros foram dispostos<br />
em torno do vazio central do mezanino, iluminando conjuntos de<br />
cordas e arames farpados de aparência enferrujada que pendem<br />
do teto, em uma composição bastante expressiva e cenográfica.<br />
Parte do mobiliário é composta de sofás fixos, localizados<br />
junto às paredes. Por trás dos encostos dos assentos, fitas<br />
de LED iluminam as paredes de baixo para cima de maneira<br />
rasante, valorizando os revestimentos de tijolos aparentes e<br />
de madeira. Essa iluminação proporciona aos ambientes luz<br />
indireta e quente, enfatizando a textura e a tonalidade terrosa<br />
dos materiais de acabamento.<br />
As luminárias decorativas – pendentes e arandelas – foram<br />
especialmente desenhadas e produzidas para o restaurante.<br />
Seu aspecto temático e os materiais escolhidos, notadamente<br />
o bronze envelhecido, fazem referência a antigas lanternas<br />
utilizadas em celeiros, reforçando a identidade texana, em<br />
consonância com toda a proposta da arquitetura de interiores,<br />
que cria cenários teatrais. Nas áreas de apoio, as prateleiras e<br />
os balcões foram iluminados com fitas de LED integradas à sua<br />
própria estrutura, iluminando garrafas e outros objetos, além<br />
de complementar a iluminação de serviço nos bares.<br />
Nas áreas externas, os cordões com lâmpadas aparentes têm a<br />
função de expandir o aspecto temático e festivo dos ambientes dos<br />
interiores aos terraços. As pequenas lâmpadas de baixa intensidade<br />
não ofuscam o cenário formado pelo skyline de Dubai. Lanternas<br />
temáticas, em estilo árabe, complementam a iluminação ambiente.<br />
Todos os sistemas descritos combinam várias funções da<br />
iluminação: além do claro partido por uma iluminação teatral,<br />
cuidou-se da iluminação ambiente das mesas e dos balcões;<br />
da iluminação de tarefa nas áreas de serviço, sempre buscando<br />
soluções econômicas do ponto de vista da implantação e do<br />
consumo de energia. O uso de filtros coloridos, assim como<br />
a valorização das texturas e da composição cenográfica do<br />
mobiliário e dos objetos de decoração, foi fundamental na<br />
caracterização dos espaços e na composição de uma forte<br />
identidade para o restaurante.<br />
PERRY & BLACKWELDER’S ORIGINAL SMOKEHOUSE,<br />
Dubai, Emirados Árabes Unidos<br />
Projeto de iluminação:<br />
CD+M Lighting Design Group – Courtney deRoy Mark, Bill Johnson,<br />
Baiju Chaliyil<br />
Projeto de interiores:<br />
The Johnson Studio<br />
Cliente:<br />
Jumeirah Group<br />
Fornecedores:<br />
Birket , LED Inspirations, Lutron, Osram, Rosco , Soraa, Subtle<br />
Essence, Time Square Lighting<br />
44 45
Edifício do Museu do Amanhã, projeto de iluminação do<br />
escritório LD Studio. A iluminação dos planos verticais<br />
internos, assim como a iluminação indireta e difusa do edifício<br />
como um todo, possibilitou acentuar as transparências do<br />
projeto arquiteto espanhol Santiago Calatrava. No topo do<br />
edifício, aberturas luminosas lineares destacam a convexidade<br />
das bossas da cobertura do Museu<br />
A LUZ DO MUSEU<br />
DO AMANHÃ<br />
Texto: Orlando Marques | Fotos: Andrés Otero<br />
De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para<br />
onde vamos e como queremos ir?<br />
Norteado por essas perguntas desde sempre, nasce<br />
no Rio de Janeiro o Museu do Amanhã com a missão de aguçar<br />
a reflexão sobre o conceito de que escolhas feitas hoje são<br />
responsáveis pela maneira como viveremos o amanhã.<br />
Concebido como um museu de ciência com acervo imaterial,<br />
o Museu do Amanhã tem como objetivo examinar o passado e<br />
apontar possíveis cenários para as próximas cinco décadas, a<br />
partir da investigação de seis tendências: alterações do clima<br />
e da biodiversidade, crescimento da população, aumento da<br />
longevidade, integração e diferenciação de culturas, avanço<br />
da tecnologia e expansão do conhecimento.<br />
O edifício, que é localizado no Píer Mauá, junto à zona portuária<br />
da Baía de Guanabara, faz parte do plano de requalificação<br />
urbana do município do Rio e com o Museu de Arte do Rio<br />
– MAR, vizinho do Museu do Amanhã, compõe alguns dos<br />
equipamentos culturais criados em virtude dos Jogos Olímpicos<br />
que a cidade vai sediar neste ano.<br />
46 47
À esquerda, estrutura<br />
metálica do balanço terra<br />
iluminado de maneira indireta<br />
por meio projetores com<br />
refletores assimétricos para<br />
lâmpadas de vapor metálico<br />
150W e 70W, 3.000K IRC80.<br />
Abaixo à esquerda, teto do foyer<br />
de entrada com superfícies curvas<br />
iluminado de maneira indireta<br />
por meio de luminárias orientáveis<br />
tipo wallwasher para<br />
lâmpadas fluorescentes<br />
tubulares T5 54W 3.000K<br />
IRC80 e reator DALI.<br />
Em seguida, imagem do acesso<br />
ao auditório iluminado por<br />
luminárias com refletor<br />
“Darklight” assimétrico,<br />
embutidas em nichos<br />
integrados à laje, para<br />
lâmpadas vapor metálico<br />
35W 3.000K IRC80.<br />
Na imagem à direita, iluminação<br />
da circulação ao redor do auditório,<br />
iluminada de maneira indireta, por<br />
meio de luminárias integradas em<br />
detalhe na arquitetura<br />
O museu teve projeto do arquiteto espanhol Santiago<br />
Calatrava e projeto de iluminação do escritório carioca LD<br />
Studio, das arquitetas Monica Luz Lobo e Daniele Valle.<br />
Por meio do seu desenho arquitetônico, o edifício procura<br />
explorar a relação entre o a cidade e o ambiente natural. Suas<br />
formas orgânicas, compostas da sobreposição de conjuntos<br />
estruturais constituídos de concreto armado e aço, foram<br />
inspiradas pelas bromélias do Jardim Botânico do Rio de<br />
Janeiro e pela cultura carioca, por meio de sua arquitetura.<br />
Segundo o arquiteto, a ideia é que o edifício pareça etéreo,<br />
quase a flutuar sobre o mar, como um pássaro, um barco ou<br />
uma planta. “Devido à natureza mutante das exposições que<br />
o museu abriga, nós introduzimos uma estrutura arquetípica<br />
no projeto. Esta simplicidade permite a versatilidade funcional<br />
do Museu, capaz de acomodar conferências ou agir como um<br />
espaço de investigação.”<br />
São 5 mil metros quadrados de espaços expositivos<br />
internos, divididos em dois pavimentos. As áreas internas<br />
são constituídas de um grande foyer de entrada, recortado por<br />
acessos ao primeiro pavimento, por meio de amplas escadas<br />
e rampas. No pavimento térreo, encontram-se auditório,<br />
laboratórios, salas de exposição temporárias, café, loja e<br />
ambientes administrativos e técnicos. O pavimento superior<br />
foi destinado inteiramente à exposição permanente do Museu,<br />
ambiente este batizado de nave.<br />
48 49
Acima à esquerda, para iluminação indireta<br />
do teto curvo da circulação do auditório,<br />
nichos em formato de cunhas, embutidos na<br />
parede curva, foram criados com a finalidade de<br />
integrar luminárias tipo wallwasher para lampadas<br />
vapor metálico 35W 3.000K IRC80, com refletor<br />
assimétrico com tecnologia Spherolit e lentes<br />
também wallwasher, As luminárias são fixadas na<br />
base da parte interna da cunha, voltadas para cima.<br />
Nas imagens seguintes, circulações. Com intuito<br />
de enfatizar a linearidade da arquitetura, sistema<br />
linear customizado para iluminação difusa, com<br />
montagem lâmpadas fluorescentes tubulares T5<br />
28W 3.000K IRC80 e difusor de acrílico translúcido<br />
moldado de acordo com inclinação das paredes/<br />
tetos do projeto de arquitetura. O sistemas é fixado<br />
junto às grelhas de ar-condicionado. Nas rampas e<br />
nas escadas, iluminação integrada nos corrimões<br />
com fitas de LED IP67 3.000K 350lm/m linear.<br />
Integradas em nichos na arquitetura e distribuídas<br />
linearmente ao longo das circulações, luminárias<br />
circulares embutidas com refletor assimétrico e<br />
lâmpadas de vapores metálico 150W 3.000K IRC80<br />
para iluminação das circulações (imagem do meio)<br />
e paredes (imagem à direita). Abaixo, iluminação<br />
do auditório por meio de luminárias embutidas<br />
no forro com refletor simétrico na área da plateia<br />
e assimétrico tipo wallwasher na área do palco.<br />
Ambas com tecnologia LED 1.920lm (80lm/W)<br />
3.000K. Nas paredes curvas, por trás do ripado<br />
vertical de madeira e difusor translucido, iluminação<br />
tipo backlight por meio de luminária linear com<br />
facho simétrico fechado com 9º<br />
Inspirado pelos movimentos de uma partitura musical,<br />
alternando entre momentos intensos e suaves, o percurso<br />
narrativo da expografia é dividido em cinco grandes áreas.<br />
O percurso começa pela área “Cosmos” – “De onde<br />
viemos?” –, representado por um grande ovo negro, com<br />
projeção de um filme no seu interior. Em seguida continua<br />
pelo espaço “Terra”– “Quem somos?” –, dividido em três<br />
dimensões: “Matéria”, “Vida” e “Pensamento”, materializados<br />
por três grandes cubos. Segue então pelo “Antropoceno” –<br />
“Onde estamos?“ – por meio imagens em seis grandes totens<br />
de 10 metros de altura. O espaço “Amanhãs” – “Para onde<br />
vamos?“ – se desdobra em uma grande estrutura de origami.<br />
O espaço final do percurso é destinado à área “Nós” – “Como<br />
queremos ir?“ –, materializada em forma de uma oca, onde<br />
é apresentado o único objeto do museu, cercado por numa<br />
experiência de som e luz.<br />
As áreas externas contam com 7,6 mil metros quadrados<br />
de praças ao redor do edifício e são marcadas por dois grandes<br />
balanços de estrutura metálica em suas extremidades, com a<br />
finalidade de acentuar seu comprimento e reforçar sua relação<br />
entre o mar e a cidade.<br />
Jardins projetados pelo Burle Marx Escritório de Paisagismo e<br />
espelhos d’agua abastecidos pelas águas da Baía de Guanabara,<br />
completam o programa do projeto.<br />
Com o intuito de preservar as vistas ao edifício barroco<br />
do Mosteiro São Bento, Patrimônio Cultural da Humanidade<br />
da Unesco, a altura do Museu do Amanhã foi limitada a<br />
apenas 18 metros.<br />
50 51
Na exposição permanente,<br />
iluminação indireta do<br />
percurso da expografia<br />
desde a área “Cosmos” –<br />
imagem à direita nesta página<br />
– por meio de luminárias<br />
orientáveis tipo wallwasher<br />
para lâmpadas fluorescentes<br />
tubulares T5 54W 3.000K<br />
IRC80 e reatores DALI. Para<br />
homogeneizar a base dos<br />
fachos dos projetores nas<br />
superfícies curvas do teto,<br />
foram utilizadas luminárias<br />
com difusor translúcido para<br />
lâmpadas fluorescentes T5<br />
28W 3.000K IRC80 e reatores<br />
DALI. Abaixo, cubo “Matéria”<br />
do segmento “Terra”. No seu<br />
interior, instalação do artista<br />
plástico norte-americano<br />
Daniel Wurtzel, iluminada<br />
por luminária embutida no<br />
forro do cubo para lâmpada<br />
halógena MR16 3.000K<br />
IRC100. A dança do tecido<br />
criado pelo artista representa<br />
os movimentos dos mares,<br />
da terra, do ar e a enorme<br />
velocidade da luz do sol<br />
52 53
Nesta página, na parte interna do cubo “Vida”, ainda no segmento Terra, a iluminação é composta de projeções de vídeo<br />
na parte superior das paredes e iluminação backlight por meio de módulos de LED 63lm 4.000K IRC80 na parte inferior.<br />
No cubo “Pensamento”, painéis iluminados por meio de backlight por projetores de facho simétricos de 14º para LED<br />
4.000K 56lm. Na imagem seguinte à direita, a área do “Antropoceno” da exposição permanente, traz totens gigantes<br />
com painéis de LED multimídia, montados no lado interno dos totens, e iluminação tipo backlight na sua base, em espaço<br />
chamado de caverna<br />
Com conceito simples e funcional, desenho sofisticado e<br />
rigor técnico, o projeto de iluminação procurou evidenciar o<br />
caráter escultórico da arquitetura, iluminando suas superfícies<br />
e seus ambientes homogeneamente, de modo a fornecer níveis<br />
de iluminação confortáveis aos usuários. “Devido às formas<br />
orgânicas do projeto, os planos horizontais e verticais dos tetos e<br />
das paredes do museu muitas vezes se fundem, criando ambientes<br />
únicos e altamente complexos se iluminar uniformemente”,<br />
explica Monica Luz Lobo, diretora criativa da LD Studio.<br />
O projeto combinou três diferentes tipologias de luz: iluminação<br />
indireta, iluminação difusa e iluminação direta uniforme, com a<br />
intenção de explorar a volumetria dos ambientes e as propriedades<br />
dos acabamentos de suas superfícies, nesse caso, favoráveis à difusão<br />
da luz no espaço em razão de suas tonalidades de cores claras.<br />
Para isso, nas áreas de circulação e acessos – os quais constituem<br />
boa parte dos espaços públicos do museu – foram utilizadas<br />
luminárias com facho assimétrico para iluminação indireta das<br />
superfícies curvas do teto e iluminação homogênea do ambiente;<br />
iluminação indireta tipo wallwasher para os planos verticais das<br />
paredes em algumas extensões do edifício e para o piso em<br />
outras. Essa solução visa também enfatizar a compreensão do<br />
edifício por meio das transparências das fachadas.<br />
Com intuito de enfatizar a linearidade do edifício, foram<br />
projetados sistemas lineares customizados, tanto embutidos em<br />
corrimões para a iluminação das escadas e das rampas, quanto<br />
embutidos no forro com difusor translúcido, para iluminação difusa.<br />
Na nave, onde encontra a exposição permanente, a solução<br />
foi utilizar uma combinação de luminárias orientáveis com<br />
54 55
Acima, a área “Amanhãs” da exposição permanente, suporte se desdobra em uma grande estrutura em formato de origami. Além da iluminação<br />
indireta do teto curvo, o espaço é iluminado por módulos de LED fixados atrás de difusores translúcidos nos planos que definem a espessura da<br />
estrutura, voltados para baixo ou para cima. Na página seguinte, “Nós”, a última área do percurso da exposição permanente apresenta uma<br />
experiência sensorial assinada pela arquiteta Mônica Luz Lobo, o designer Muti Randolph e o compositor Lucas Marcier. Mais de mil fontes de<br />
luz pulsam e mudam de cor em tonalidades que lembram o nascer e o pôr do sol, fixados na estrutura de madeira batizada de oca. Foram<br />
utilizadas montagens para 1, 2 ou 3 lâmpadas MR16 LED RGB 151lm 30° com grelha antiofuscamento. Para ocultar as montagens na<br />
estrutura, foi utilizado sistema de pás metálicas que se ajustam de acordo com as geometrias de cada losango da estrutura. No centro da<br />
oca, o único objeto físico da exposição permanente do museu, a Churinga. Pertencente à cultura aborígine australiana, o objeto representa<br />
o conhecimento passado através das gerações. A iluminação procurou destacar as inscrições talhadas na madeira, por meio de luminárias<br />
orientáveis para lâmpadas MR16 LED 26° e grelhas antiofuscamento embutidas na base do suporte<br />
facho simétrico e fonte difusa e luminárias com visor em acrílico<br />
translúcido para iluminação indireta e difusa do teto escultórico.<br />
Todas as luminárias foram equipadas individualmente com sistema<br />
DALI para controle das intensidades de luz ao longo da exposição<br />
permanente. Dessa forma, o projeto assegurou que tanto os<br />
elementos que compõem a museografia quanto o ambiente,<br />
fossem percebidos em equilíbrio, sem que se sobrepusessem.<br />
A pedido do projeto de arquitetura, ficou também estabelecido<br />
que todas as luminárias deveriam parecer integradas à malha<br />
arquitetônica, com o intuito de permitir uma leitura dos espaços<br />
e suas superfícies livres de interferências. Para isso, foram criados<br />
diferentes tipos de nichos, recessos e diversos detalhes de<br />
iluminação integrados à arquitetura, cujas geometrias foram<br />
elaboradas em conjunto com o escritório de Calatrava.<br />
O desafio, no entanto, estaria em estabelecer com precisão<br />
uma distribuição dos pontos de luz a serem embutidos nas<br />
superfícies de concreto, material que constitui boa parte dos planos<br />
das áreas internas do edifício, não permitindo, posteriormente,<br />
qualquer ajuste no projeto luminotécnico.<br />
Nas áreas externas, os marcantes balaços terra – em frente<br />
à Praça Mauá – e mar – em frente à Baía de Guanabara – foram<br />
iluminados com luminárias assimétricas indiretas, para ressaltar<br />
o desenho orgânico da estrutura metálica, e luminárias de facho<br />
assimétrico para baixo, a fim de iluminar o piso de maneira a<br />
acentuar a leveza da arquitetura na sua implantação.<br />
Finalmente, para a iluminação das circulações das áreas<br />
externas de paisagismo, balizadores de pequenas dimensões – de<br />
maneira a não interferir na percepção do edifício e do projeto de<br />
paisagismo – e iluminação linear sob o banco junto ao espelho<br />
d’agua, destacam sutilmente o piso e orientam o percurso.<br />
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Acima, imagem da circulação externa<br />
iluminada de maneira indireta da mesma<br />
forma que na circulação do auditório.<br />
Marcadores embutidos no piso para<br />
LED 130lm 3.000K e visor translúcido<br />
orientam os acessos juntos ao espelho<br />
d’água. Nos espelhos d’água, projetores<br />
subaquáticos para LED 1W 30° 4.000K.<br />
Ao lado, cafeteria com fachada destacada<br />
por meio da montagem de lâmpadas<br />
fluorescentes 28W e 14W 3.000K IRC80<br />
sobre acrílico translúcido, seguindo o<br />
desnível na parede e junto ao caixilho<br />
superior da entrada. Dentro do café,<br />
luminária linear difusa para lâmpadas<br />
fluorescentes embutida no forro. Na parte<br />
superior do painel de madeira, montagem<br />
com perfil metálico e difusor translúcido<br />
para fita de LED 3.000K. Para completar,<br />
luminárias decorativas tipo arandelas para<br />
iluminação direta das mesas. Na página ao<br />
lado, iluminação indireta para a estrutura<br />
do balanço mar e iluminação sob o banco,<br />
seguindo o conceito para destaque da<br />
linearidade do edifício<br />
MUSEU DO AMANHÃ<br />
Rio de Janeiro<br />
Projeto de iluminação:<br />
LD Studio: Monica Luz Lobo e Danielle Valle (Arquitetas Titulares)<br />
e Julien Caquineau (Arquiteto Coordenador), e Marília Saccaro,<br />
Pedro Tessarollo, Daniela Meneghelli (Arquitetos Colaboradores)<br />
Projeto de arquitetura:<br />
Santiago Calatrava<br />
Projeto local de arquitetura:<br />
Ruy Rezende Arquitetura<br />
Concepção museográfica:<br />
Ralph Appelbaum<br />
Projeto de museografia:<br />
Andrés Clerici<br />
Cliente:<br />
Prefeitura do Rio de Janeiro<br />
Realização:<br />
Fundação Roberto Marinho<br />
Fornecedores:<br />
Alper, Andratti, Ares, Bega, Cia da Iluminação, Comlux, Cortelux,<br />
Dimlux, Erco, GE, IGuzzini, Itaim, Light Space, Lemca, Lumini, Luz<br />
Carioca, Osram, Philips, Schréder, Traxon<br />
58 59
Especialmente desenhada para o restaurante, a luminária escultórica que se sobrepõe ao salão principal é formada por poliedros regulares<br />
de tamanhos variados, feitos de metalon industrial. Alguns deles foram integrados com lâmpadas LEDs PAR 30 10.5W 2.700K. Assim<br />
como o teto, as luminárias foram pintadas de preto para tornar o espaço mais intimista. A atmosfera aconchegante é intensificada por<br />
soluções de iluminação indireta por meio de fitas de LED 4W/m 2.700K integradas a detalhes no bar e sushibar<br />
ACOLHIMENTO PELA LUZ<br />
Texto: Valentina Figuerola | Fotos: Jesus Chuseto<br />
A<br />
atmosfera aconchegante que caracteriza o restaurante<br />
Kitaro, situado em um shopping de São Luís, no Maranhão,<br />
é proporcionada pela arquitetura de interiores que prioriza<br />
acabamentos de materiais neutros, como a madeira, a pedra, o aço<br />
o corten e o cimento. O projeto de iluminação, feito pelas lighting<br />
designers Caroline Buhatem e Fabiana Moraes Rêgo, reforça a ideia<br />
de acolhimento ao privilegiar uma luz de tonalidade branco quente<br />
que valoriza a decoração do restaurante especializado nas culinárias<br />
japonesa e contemporânea. A integração da luz com a arquitetura<br />
de interiores é outro aspecto favorecido pela dupla, que optou por<br />
equipamentos dimerizados e controlados por automação para gerar<br />
cenas de iluminação específicas.<br />
O projeto tira partido do pé-direito generoso para criar, no teto, uma<br />
escultórica luminária formada por poliedros regulares de tamanhos<br />
variáveis, alguns deles integrados com lâmpadas LED que permitem<br />
modificar a iluminação do espaço em razão da atmosfera desejada.<br />
Pintado de preto fosco, assim como todo o teto, o elemento de<br />
iluminação atrai a atenção dos clientes. “Quisemos proporcionar<br />
aos frequentadores do restaurante uma experiência única através<br />
da luz”, afirma Caroline.<br />
Com linhas retas e puras, luminárias pendentes interagem de<br />
forma harmônica com a luminária escultural. “Ao emitir uma luz<br />
que é ao mesmo tempo direta, indireta e difusa, o equipamento<br />
atende às eventuais mudanças na distribuição das mesas sem<br />
que a eficiência luminosa fique comprometida”, diz Caroline.<br />
Projetores tipo spots com lâmpadas refletoras embutidos em<br />
rasgos retangulares no forro, complementam a iluminação<br />
proporcionada pelas pendentes.<br />
60 61
Acima, embutidas no forro, luminárias circulares orientáveis e dimerizáveis de LED PAR16, 5W 2.700K, evidenciam a “divisória-<br />
-jardim” que separa os ambientes sem obstruir a visibilidade entre eles. No bar, as fitas de LED 4W/m, 2.700K valorizam o<br />
plano frontal da bancada e as prateleiras com bebidas. Na estante de madeira, o mesmo tipo de solução destaca seus objetos.<br />
Na página ao lado, o projeto de iluminação busca integrar-se ao de arquitetura por meio de soluções como a luminária<br />
escultórica preta e a divisória vazada, feita com colunas estreitas de aço corten em que se destacam pequenas luminárias de<br />
LED 2W 2.700K. Os detalhes luminosos seguem a inclinação da escada que conduz ao salão do segundo pavimento, onde<br />
a maior parte da iluminação é indireta, proporcionada pelos rasgos verticais com lâmpadas de LED 4W, 2.700K e pela fita<br />
de LED integrada à sanca na linha do forro, que destaca o pilar revestido de madeira. As duas estações para teppanyaki são<br />
diretamente iluminadas por projetores com lâmpadas PAR 16 5W 2.700K dimerizáveis<br />
A escultórica luminária que se funde ao teto preto revela a intenção<br />
do projeto de iluminação de se integrar ao de arquitetura. Os delicados<br />
detalhes luminosos integrados às colunas de aço corten, que compõem<br />
a divisória que separa o salão principal da escada que conduz ao<br />
segundo pavimento, também buscam a integração por meio da<br />
iluminação. Em pares, os detalhes seguem a inclinação da escada,<br />
numa clara intenção de interagir com os elementos arquitetônicos<br />
do projeto, sem interferir na permeabilidade visual entre os espaços,<br />
um dos conceitos explorados pelo arquiteto Antônio Macedo ao<br />
desenvolver o projeto de interiores.<br />
Coerente com a proposta arquitetônica, a “divisória-jardim” separa<br />
o buffet de comidas da área de mesas sem obstruir a visibilidade<br />
entre os espaços. O elemento recebe luz de destaque de luminárias<br />
circulares orientáveis e dimerizáveis embutidas no forro. “Assim<br />
como em quase todo o projeto, usamos lâmpadas de LED que não<br />
esquentam. Isso era importante para não prejudicar ou danificar a<br />
vegetação da divisória-jardim”, explica Carolina.<br />
O principal desafio enfrentado pelas lighting designers foi<br />
desenvolver um projeto de iluminação contemporâneo que<br />
usasse a variação de luz para criar atmosferas que impressionam,<br />
com um custo reduzido. Outro objetivo do projeto foi a busca<br />
“sustentabilidade inteligente”, conceito ao qual Caroline se<br />
refere como o “equilíbrio perfeito entre a eficiência energética,<br />
a qualidade luminosa e a conforto”.<br />
No bar, fitas de LED foram utilizadas para destacar o plano<br />
frontal da bancada e as prateleiras com bebidas. O mesmo tipo<br />
de equipamento foi empregado no sushibar, evidenciando as<br />
placas de cimento quadradas que revestem a parede de fundo e<br />
a frente da bancada, sobre a qual ficam pendentes de vidro fumê<br />
preto com lâmpadas de filamento de carbono com visual retrô.<br />
Decorativos e funcionais, os pendentes, quando dimerizados,<br />
emitem uma luz suave e quente, com um tom alaranjado, que<br />
agrada às pessoas sentadas ao balcão. “A luz é uma linguagem<br />
que comunica e transmite emoção. Cria ambientes e sobretudo<br />
interfere no nosso estado de ânimo”, complementa Caroline.<br />
RESTAURANTE KITARO<br />
São Luís, Maranhão<br />
Projeto de iluminação:<br />
Caroline Buhatem Arquitetura, Interiores e Iluminação<br />
Projeto de arquitetura:<br />
Alexandra Barbosa<br />
Projeto de interiores:<br />
Antônio Macêdo<br />
Fornecedores:<br />
Centro Elétrico, Dimlux, Iluminar, Luzzare, Philips<br />
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A NOVA PAISAGEM<br />
NOTURNA DE ÁVILA<br />
Texto: Gilberto Franco | Fotos: Carlos Cazurro<br />
A nova iluminação pública da cidade de Ávila foi dividida em áreas conforme seu significado histórico. Internamente, na área<br />
preservada, LEDs 2.700K<br />
Área intramuros iluminada com arandelas fixadas por braços nas paredes dos edifícios (LED 2.700K), perfeitamente integradas<br />
ao ambiente. Toda a iluminação é voltada ao hemisfério inferior. A luz que emana dos estabelecimentos comerciais será objeto<br />
de regulação futura, de modo a interagir positivamente com a iluminação das ruas. À direita, a iluminação pública, com suas<br />
nuances, submerge o ambiente numa aura de mistério e permite que se vejam as estrelas<br />
Ávila é uma cidade de origem hispano-romana (séc. IV)<br />
com 60 mil habitantes, localizada a aproximadamente<br />
100 km a noroeste de Madri. Teve três períodos<br />
importantes em sua história: o quarto século, do qual pouco<br />
resta; o século XII, com a construção de uma muralha que a<br />
circunda – além de diversas igrejas românicas –; e o século<br />
XVI, quando foram erguidos palácios renascentistas.<br />
Em 1985 foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da<br />
Unesco, que a caracterizou, entre outros aspectos, "como<br />
um exemplo de cidade fortificada, de muralha totalmente<br />
preservada, e com uma densidade de monumentos civis e<br />
religiosos de valor extraordinário".<br />
Além do valor individual da muralha e dos monumentos,<br />
reconhece-se também a cidade por seu patrimônio imaterial:<br />
costumes, tradições, valores, aspectos culturais. A filosofia de<br />
conservação deste patrimônio, aliada à necessidade de ordenação<br />
do desenvolvimento, já vinha sendo adotada nas últimas décadas<br />
no âmbito do urbanismo. Fortuitamente, com a busca por maior<br />
eficiência energética, surge a oportunidade de incorporar os<br />
mesmos critérios ao sistema de iluminação da cidade.<br />
Assim, o projeto em curso “A nova paisagem noturna de Ávila”<br />
envolve a renovação de toda a iluminação pública da cidade, intra e<br />
extramuros, abrangendo vias, praças, monumentos, igrejas, além, é<br />
claro, da própria muralha. A iluminação passa a ser entendida como<br />
um elemento de melhoria da vida dos cidadãos, capaz até mesmo de<br />
agregar valor turístico à cidade, movimentando, assim, sua economia.<br />
Dentre os vários desafios e objetivos enfrentados pela equipe<br />
multidisciplinar que desenvolveu o projeto, podemos incluir:<br />
- O entendimento das necessidades de iluminação, presentes<br />
e futuras, dos diferentes grupos – moradores, comerciantes,<br />
hoteleiros, etc.;<br />
- A melhoria da eficiência na instalação existente – o que<br />
incluiu uma grande simplificação e padronização dos<br />
equipamentos e dos acessórios utilizados;<br />
- O aumento do conforto noturno e a restauração da percepção<br />
do céu estrelado;<br />
- O incentivo ao usufruto e à preservação do patrimônio<br />
material e imaterial.<br />
Faz parte também do processo global a permanente obtenção<br />
de recursos financeiros para a execução das ideias, além da<br />
implantação de um eficiente plano de comunicação de modo<br />
a divulgar amplamente as transformações ocorridas.<br />
A equipe percebeu estar diante de uma grande oportunidade.<br />
“A iluminação, atmosferas, cenas da noite na cidade são um<br />
ativo muito poderoso, e pouco explorado até hoje por seus<br />
habitantes, comerciantes ou turistas – o que pode conferir<br />
à cidade uma grande vantagem competitiva sobre outras<br />
vizinhas”, esclarece Rafael Gallego da Aureolighting, autor do<br />
projeto e encarregado de traduzir em luz os insumos inputs<br />
trazidos pela equipe multidisciplinar.<br />
64 65
Durante o dia, uma paisagem<br />
contrastada à moda de De<br />
Chirico. À noite, é o olhar do<br />
lighting designer que define<br />
a cena. Não da forma óbvia,<br />
de iluminar “mais” o que é<br />
mais importante – e sim<br />
dando mais contraste<br />
ao elemento principal,<br />
realçando-lhe partes, e<br />
mudando-lhe a tonalidade.<br />
Na imagem à esquerda, a<br />
iluminação desta fachada<br />
a faz emergir sutilmente da<br />
parede. Ao fundo, mistério.<br />
Na próxima página, área de<br />
expansão iluminada com<br />
fontes LED 4.000K, com a<br />
muralha ao fundo iluminada<br />
com fontes LED 2.700K, cujas<br />
torres têm um leve destaque<br />
em relação ao conjunto<br />
OS QUATRO ÂMBITOS<br />
Durante o processo, e graças às ações coordenadas da<br />
equipe, grupos externos adicionaram-se ao projeto, tais como<br />
empresas de turismo, faculdades locais, fotógrafos, associações<br />
hoteleiras, jornais locais, lighting designers, de modo a gerar o<br />
que denominaram uma “estratégia lumínica” tão completa quanto<br />
possível, recolhendo diferentes necessidades e insumos dos<br />
habitantes. Tal estratégia traduziu-se por fim em um Masterplan<br />
de iluminação dividido em quatro âmbitos de atuação:<br />
1. Funcional: iluminação das vias públicas. Obedeceu a<br />
diferentes critérios, conforme a região da cidade. A região antiga,<br />
intramuros, recebeu iluminação com fonte de luz LED 2.700K.<br />
A primeira expansão da cidade, fora dos limites da muralha,<br />
recebeu iluminação em 4.000K, também de LED. Expansões<br />
contemporâneas receberam vapor de sódio 2.200K. Em todos os<br />
casos, as luminárias não têm emissão luminosa para o hemisfério<br />
superior e possuem um sistema de regulação que permite diminuir<br />
o fluxo luminoso em horários de menor uso ou necessidade. Essa<br />
etapa está 100% concluído.<br />
2. Ornamental: iluminação dos muros, dos monumentos,<br />
das praças e dos jardins. Está prevista a iluminação de mais de<br />
50 monumentos e seus arredores, além da muralha, símbolo da<br />
cidade, com mais de 2.500 m de extensão, 88 torres e 9 portões;<br />
dez desses monumentos, bem como um trecho da muralha, já<br />
haviam sido executados até meados de 2015. Faz parte do plano a<br />
obtenção de recursos permanentes para a realização dos demais.<br />
66 67
68 69
Nas páginas anteriores, iluminação “metonímica” dos<br />
monumentos: partes que definem o todo. Na sequência<br />
de imagens à esquerda, monumentos de valor hierárquico<br />
alto recebem iluminação mutável, uma forma de ampliar<br />
sua atratividade. Mas nunca se tem o todo iluminado – os<br />
elementos destacados se intercalam no tempo como notas<br />
numa música<br />
3. Lúdica: iluminação esporádica, usada em datas ou períodos<br />
relevantes como Natal, férias escolares, etc. O Masterplan prevê<br />
a realização de intervenções em diferentes ambientes da cidade,<br />
com caráter de espetáculos de luz e/ou multimídia, como modo<br />
complementar de “alavancar” o interesse pela cidade.<br />
4. Comercial: iluminação proveniente de áreas privadas,<br />
mas que interfere ativamente no espaço público, como vitrines,<br />
luminosos, displays, etc. O Masterplan determina que se possa<br />
ter controle disso através de regulamentação municipal, de<br />
modo que sua interferência seja uma contribuição, e não um<br />
ruído dentro do plano geral.<br />
Fundos da Basílica de San Vicente, junto às muralhas, com suas nuances de luz<br />
OS PRINCÍPIOS DO MASTERPLAN<br />
Gallego, para nortear as ações em cada um desses quatro<br />
âmbitos, definiu os seguintes princípios:<br />
A Beleza – “assim genérica e com maiúscula. Não a beleza<br />
subjetiva de cada um, mas aquela em seu sentido mais clássico:<br />
proporções, hierarquias, ordem...” (palavras do autor);<br />
A Natureza – aqui aludindo à mutabilidade da luz ao longo<br />
do dia, das estações do ano, etc. (inclusindo a visualização das<br />
estrelas);<br />
A Sombra – ou melhor, o contraste, a oposição luz-sombra,<br />
como forma de tornar os ambientes mais atrativos;<br />
O Conforto – “o ofuscamento é uma agressão”, resume Gallego;<br />
A Eficiência – não apenas dos equipamentos, mas do projeto,<br />
colocando a luz apenas onde se necessita dele;<br />
A Visualização – a compreensão de que os monumentos<br />
se veem desde diferentes pontos de vista, e de diferentes<br />
distâncias. Cada monumento deve ocupar um lugar na hierarquia<br />
de importâncias. E isso também se passa com os elementos de<br />
uma fachada ou edificação;<br />
A Originalidade – como elemento agregador de valor.<br />
OS BENEFÍCIOS:<br />
Mas a parte mais entusiasmante do projeto é a constatação<br />
de seus resultados. No âmbito da energia trabalha-se com<br />
economia entre 48% e 77%, o que serve como motor econômico<br />
para os sucessivos investimentos, incluindo os na iluminação<br />
monumental. A presença de um “ambiente noturno” controlado<br />
e de qualidade faz aumentar o número de pernoites turísticos<br />
em hotéis, incrementando a economia local, além de estimular<br />
transmissões televisivas de cerimônias – como procissões<br />
religiosas noturnas, impulsionadas pela qualidade da luz existente.<br />
É notável também o aumento da “autoestima urbana”, se se<br />
quiser chamar assim, o que retroalimenta o processo. A vida ao<br />
entardecer, em longos dias de verão, tornou-se mais agradável<br />
e frugal, bem como nas temporãs noites de inverno.<br />
“El patrimonio no son solo piedras. El patrimonio inmaterial:<br />
costumbres, carácter local, tradiciones, valores, aspectos culturales,<br />
personajes… también han de ser reconocibles en la iluminación. ”<br />
“Cuando cambias la iluminación de la Ciudad, cambias la vida<br />
de sus habitantes” (R. Gallego)<br />
PLANO DIRETOR DE ILUMINAÇÃO DE ÁVILA<br />
Ávila, Espanha<br />
Projeto de iluminação:<br />
Rafael Gallego / AUREOLIGHTING<br />
Execução:<br />
Eulen S.A.<br />
Fornecedores:<br />
Philips, IGuzzini<br />
70 71
OBJETIVIDADE LINEAR<br />
Texto: Débora Torii | Fotos: Demian Golovaty<br />
Na imagem à esquerda, elemento denominado “Greeter”, que saúda os clientes ao entrar na loja. Sobre ele, forro revestido com<br />
material reluzente preto, com diversos pendentes circulares, trazem a ilusão de uma claraboia artificial nele recortada. Ao seu redor,<br />
projetores orientáveis embutidos, com lâmpadas de vapor metálico, fazem a iluminação de destaque, complementados por uma<br />
sanca indireta em todo o perímetro do forro metálico, com lâmpadas fluorescentes tubulares T5. Em seguida, com leitura similar<br />
à do “Greeter”, o forro sobre o balcão denominado “Fashion Hub” – destinado à venda de telefones celulares – também propõe a<br />
ilusão das falsas claraboias. Porém, dessa vez sem destaque no perímetro, o nicho para os pendentes acontece diretamente no forro<br />
de gesso branco. Por último, o sistema linear instalado no forro visa orientar o percurso dos clientes no interior da loja. A modulação<br />
das calhas metálicas, embutidas no forro de gesso foi definida em módulos de 1,25 metros, de forma a possibilitar a utilização tanto<br />
de luminárias difusas com lâmpadas fluorescentes tubulares T5 quanto de trilhos eletrificados com 1 metro de comprimento, que<br />
recebem projetores para lâmpadas vapor metálico com facho de 24°. Toda a iluminação foi mantida em temperatura de cor branco<br />
quente 3.000K, seguindo parâmetro já utilizado anteriormente pela marca, além de visar a minimização de contrastes pela grande<br />
presença de elementos pretos e brancos no forro<br />
Consolidada como uma das maiores redes de varejo de<br />
moda do Brasil, com 285 lojas em diversos estados,<br />
a Riachuelo recentemente deu início a uma grande<br />
reformulação de sua marca, promovendo uma renovação em<br />
sua identidade e sua comunicação visual. Como consequência,<br />
o design do interior das lojas também passou por uma grande<br />
repaginação, o que os levou a contatar, no final do ano de<br />
2014, o escritório paulistano Lit Arquitetura de Iluminação,<br />
das arquitetas Cláudia Borges Shimabukuro e Letícia Mariotto,<br />
com a missão de apresentar um novo conceito para o projeto<br />
de iluminação.<br />
Inicialmente requisitadas para trabalhar em um novo projeto<br />
para a unidade do Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, na<br />
qual iniciaram seus estudos, decidiu-se posteriormente que a<br />
loja do Shopping Iguatemi, em Fortaleza, seria o projeto piloto.<br />
Em um processo bastante rico e complexo,em razão da<br />
extensa área da loja – 3.800m 2 apenas de área de salão – e do<br />
enxuto cronograma – a primeira fase da obra seria inaugurada<br />
em março de 2015 –, as lighting designers optaram por uma<br />
abordagem minimalista, conforme descrevem em sua filosofia<br />
de projeto: “consideramos que a nossa disciplina, assim como<br />
qualquer outra, não funciona dissociada, do todo e a ideia é<br />
que a integração entre os projetos permita cada vez menos a<br />
interpretação dos seus elementos de forma isolada”.<br />
Dessa forma, houve intensa cooperação entre as disciplinas<br />
Luminotécnica e Arquitetura, que ficou a cargo do escritório<br />
FAL Design Estratégico, responsável também pelo projeto de<br />
interiores, incluindo o novo mobiliário.<br />
O design bastante sutil, transparente e leve do projeto de<br />
Arquitetura permitiu às lighting designers pudessem criar um<br />
desenho de teto com identidade própria, fator que reconheceram<br />
como uma necessidade, de maneira a impedir que um ambiente<br />
tão extenso se tornasse monótono ou confuso.<br />
Essa cooperação possibilitou ainda que o projeto luminotécnico<br />
incorporasse também ao forro da loja a nova identidade da marca,<br />
elemento que as lighting designers julgaram ser bastante forte,<br />
introduzindo componentes de grande impacto visual, fortemente<br />
integrados à Arquitetura. Apesar disso, uma preocupação de<br />
72 73
Os perímetros das Lojas Riachuelo geralmente apresentam um<br />
desnível em relação ao pé direito geral, sendo cerca de 20cm mais<br />
altos. Tirando partido desse elemento, as arquitetas propuseram que<br />
esse forro elevado fosse todo pintado na cor preta fosca, fazendo com<br />
que desaparecesse em perspectiva e possibilitasse esconder, atrás<br />
da aba de forro mais baixo, toda a linha de luminárias assimétricas<br />
com lâmpadas T5, complementadas por projetores para destaque<br />
dos produtos. Assim, os limites verticais da loja aparecem sempre<br />
iluminados, sem que as fontes luminosas sejam vistas. Na imagem do<br />
meio, vista do caixa ao centro da loja, ponto para o qual todos os eixos<br />
convergem. Para garantir sua visibilidade e criar referências visuais<br />
que setorizem tamanho espaço do salão, o forro de gesso desse local<br />
foi rebaixado e pintado na cor preta fosca. Uma linha contínua de<br />
luminárias difusas, com lâmpadas T5, foi embutida sobre os balcões<br />
e outra, mais espaçada, sobre o local das filas. Em referência ao<br />
“Greeter” da entrada, uma sanca indireta em todo o perímetro do<br />
forro complementa o conceito. Por fim, a marcação diferenciada no<br />
piso do setor de jeans, proposta pela arquitetura, foi replicada no<br />
forro, no qual há um desnível. Foi escolhida uma cor intermediária<br />
entre preto e branco, o cinza, para sua pintura. Luminárias pendentes<br />
lineares difusas, na cor preta, com lâmpadas T5, foram distribuídas<br />
nesse local, em uma conformação bastante gráfica e em altura mais<br />
baixa do que o pé-direito da loja, possibilitando que sejam notadas<br />
de diversos pontos de vista. A iluminação de destaque desse setor é<br />
proveniente dos projetores instalados nas calhas do forro mais baixo,<br />
em todo o seu perímetro<br />
Cláudia e Letícia foi que a iluminação não gerasse ruído visual,<br />
mas sim contribuísse para ressaltar o que realmente deveria<br />
ter destaque, além de ajudar a orientar e organizar visualmente<br />
o espaço, em virtude da diversidade de setores da loja e de<br />
extensa variedade de produtos oferecidos. Uma solicitação<br />
da própria Riachuelo foi que a iluminação potencializasse as<br />
operações da loja pela valorização dos produtos, contribuindo<br />
para a obtenção de uma correta hierarquia visual.<br />
Para a composição do conceito, as lighting designers<br />
definiram ainda algumas outras premissas que viriam a<br />
guiar todo o projeto: como base, uma iluminação uniforme e<br />
permanente de todo o perímetro, de forma a assegurar que essas<br />
superfícies verticais estivessem sempre iluminadas, sem que<br />
fosse necessária a realização de focalização de equipamentos<br />
(tarefa que poderia ser facilmente esquecida em um espaço<br />
tão grande); a adoção de um princípio de modulação dos<br />
equipamentos de iluminação, de maneira a reduzir a variedade<br />
de tipologias dos elementos presentes no forro, de acordo com<br />
sua abordagem minimalista; a simplificação da manutenção,<br />
possibilitada pela utilização de apenas dois tipos de fontes de<br />
luz, sempre com a mesma temperatura de cor e dotados de IRC<br />
elevado. Foi necessário considerar também a solicitação do<br />
cliente de que os níveis de iluminância das novas lojas fossem<br />
incrementados, de forma geral, com relação aos existentes<br />
atualmente nas demais unidades da rede.<br />
Unindo essas premissas ao desejo de criar um desenho<br />
de teto, as lighting designers idealizaram um sistema linear,<br />
composto de calhas metálicas modulares com acabamento<br />
preto fosco – em referência à nova identidade visual da rede<br />
–, embutidas em nichos no forro de gesso, nas quais podem<br />
ser instalados três tipos de equipamentos: trilhos eletrificados<br />
para projetores, luminárias difusas para iluminação geral<br />
e luminárias assimétricas para iluminação das superfícies<br />
verticais no perímetro do salão.<br />
Por se tratar de um sistema customizado, foi necessário que<br />
os equipamentos passassem por uma profunda avaliação técnica,<br />
realizada por meio de cálculos luminotécnicos detalhados. Além<br />
disso, também foram solicitados protótipos, para que pudessem<br />
ter seus desempenhos e os acabamentos testados, avaliados e<br />
aprovados em conjunto com a equipe da Arquitetura e com o<br />
departamento de Arquitetura e Engenharia da própria Riachuelo.<br />
A implantação do novo projeto na loja de Fortaleza ocorreu em três<br />
fases, permitindo que a loja pudesse continuar funcionando durante<br />
toda a obra. Segundo as arquitetas, esse processo funcionou como<br />
um verdadeiro mock up em escala 1 : 1, no qual as soluções definidas<br />
74 75
Como o caixa, outros elementos de<br />
referência presentes na loja são os chamados<br />
Hot Points, localizados em algumas<br />
confluências de percursos do espaço, nos<br />
quais há manequins e produtos expostos.<br />
Caracterizados como pontos focais da loja,<br />
o forro sobre esses elementos é também<br />
rebaixado e pintado na cor preta fosca,<br />
marcado por uma sanca indireta em seu<br />
perímetro. Sob ele, um conjunto de quatro<br />
trilhos eletrificados possibilita a instalação de<br />
projetores com lâmpadas de vapor metálico,<br />
para iluminação de destaque dos produtos.<br />
A seção do Espaço Casa, encontra-se<br />
separada do restante do salão da loja, cuja<br />
entrada é delimitada por um pórtico. Em<br />
razão do pé-direito mais baixo nesse setor<br />
e de maneira a remeter a uma ambientação<br />
decorativa, como a de uma residência, as<br />
lighting designers optaram pela utilização<br />
apenas de equipamentos embutidos no forro<br />
de gesso nesse ambiente, porém seguindo<br />
as mesmas tipologias utilizadas no restante<br />
da loja. Nas vitrines foi mantido o conceito<br />
anterior já implantado, com iluminação da<br />
linear para a superfície vertical ao fundo,<br />
complementada por luminárias orientáveis<br />
embutidas no forro, para iluminação frontal<br />
dos manequins<br />
em projeto puderam ser avaliadas após a conclusão da primeira<br />
etapa, permitindo, assim, que fossem identificadas e providenciadas<br />
as modificações necessárias para a otimização da sua implantação<br />
durante as próximas duas fases.<br />
Além de proporcionar flexibilidade na instalação das<br />
luminárias – que não são do tipo plug and play, mas podem<br />
facilmente ser reposicionadas nas calhas – emeventuais<br />
mudanças de layout, o sistema também foi pensado para<br />
permitir que as inevitáveis evoluções tecnológicas fossem<br />
possíveis sem a necessidade de alterações no conceito ou<br />
no desenho de iluminação já implantados, com tecnologias<br />
convencionais, nas primeiras lojas reformadas.<br />
Conforme previsto – porém de maneira muito mais rápida<br />
do que o imaginado – os projetos para algumas das outras<br />
unidades da rede, desenvolvidos após a finalização da loja<br />
de Fortaleza, já tiveram suas fontes substituídas, quase na<br />
totalidade, por equipamentos com LEDs, e ainda mantendo<br />
íntegro o mesmo conceito de iluminação. Uma prova do sucesso<br />
do partido coerente, objetivo e esquemático desenvolvido<br />
pela Lit.<br />
LOJA RIACHUELO<br />
Shopping Iguatemi Fortaleza<br />
Projeto de iluminação:<br />
Lit Arquitetura de Iluminação<br />
Cláudia Borges Shimabukuro e Letícia Mariotto, arquitetas<br />
titulares. Rosangela Nunes de Matos e Marina Costa de Moura,<br />
colaboradoras<br />
Projeto de arquitetura:<br />
FAL Falzoni Alves Lima Design Estratégico para Varejo<br />
Riachuelo engenharia & arquitetura:<br />
Eduardo Trajano e Euclides Gonçalves<br />
Fornecedores:<br />
Itaim Iluminação<br />
76 77
PRODUTOS<br />
COLEÇÃO DESAPEGO<br />
Produzida pela brasileira Luxion Iluminação, a coleção<br />
Desapego é composta de luminárias modulares, parcialmente<br />
embutidas, que podem ser instaladas tanto no forro quanto<br />
em paredes de gesso acartonado. Desenvolvidas por Roque<br />
Frizzo, as luminárias são confeccionadas em chapa de metal<br />
com pintura acetinada e utilizam fonte direcionável de LED. As<br />
placas de acabamento, fixadas por meio de ímãs, são quadradas<br />
e pintadas na cor branca, podendo ser fornecidas em três<br />
modelos: totalmente plana, curvada na diagonal e curvada<br />
paralelamente. A coleção é composta de peças individuais e<br />
conjuntos de quatro, seis, nove e doze elementos, possibilitando<br />
uma infinidade de composições.<br />
luxion.com.br<br />
SKYLIGHTS<br />
A linha de luminárias produzida pela Vibia se inspira no<br />
clássico elemento da arquitetura para simular a luz do dia através<br />
da iluminação artificial. Os produtos são subdivididos em quatro<br />
coleções, todos utilizando LEDs: Up, desenhada por Ramos &<br />
Bassols, é composta de peças circulares ou retangulares aplicadas,<br />
com altura final de 7 centímetros e iluminação difusa; Link XXL,<br />
criação do designer Ramón Esteve, disponível em quatro opções<br />
com diferentes dimensões e alturas, todas de sobrepor e com<br />
iluminação indireta; Big, criada pelos designers Lievore Altherr<br />
Molina, é apresentada em quatro diferentes diâmetros, todos com<br />
iluminação difusa uniforme, em versões embutidas, aplicadas e<br />
pendentes; e Plus, com desenho de X. Claramunt & M. de Mas,<br />
que conta com um inovador difusor convexo, disponível em<br />
diversos formatos e dimensões, em versões embutidas, semiembutidas<br />
e aplicadas.<br />
vibia.com<br />
No Brasil: Iluminar<br />
iluminar.com.br<br />
HERMÉTICA ECO LED<br />
DO IT<br />
Com versões de piso, mesa, teto e parede, a linha Do it,<br />
produzida pela Lumini, tem como diferencial a possibilidade<br />
de ser montada pelo próprio usuário, conforme a necessidade<br />
do espaço. Com corpo de alumínio pintado nas cores-padrão<br />
Lumini e cúpula de linho branco ou cinza, a criação do designer<br />
Fernando Prado é composta de 12 peças distintas. O fio pode<br />
ser fornecido nas cores vermelha ou prata. Para lâmpada<br />
halógena E27 até 70W.<br />
lumini.com.br<br />
Recentemente lançada pela Sylvania, a<br />
luminária Hermética Eco LED é uma nova opção<br />
para a substituição das herméticas tradicionais.<br />
Com largura bastante reduzida, a luminária é<br />
equipada com módulo de LEDs de 36W, que<br />
emite 2.800 lumens a 6.500K, prometendo<br />
uma economia de energia de até 90% com<br />
relação às tecnologias tradicionais.<br />
sylvania-americas.com/pt<br />
78 79
80 81
PARA SABER MAIS<br />
Alejandro Aravena/Elemental<br />
T +56 229637500<br />
www.elementalchile.cl/en<br />
Editora Olhares<br />
T (11) 2924 1744<br />
editoraolhares.com.br<br />
Museu da Casa Brasileira<br />
T (11) 3032 3727<br />
www.mcb.org.br<br />
nendo<br />
T +81 (0) 3 5414 3470<br />
www.nendo.jp<br />
LD Studio<br />
T: +55 21 25072087<br />
www.ldstudio.com.br<br />
Aureo Lighting<br />
T: +34 913 541 64<br />
www.aureolighting.com<br />
Franco Associados<br />
T: +55 11 3064 6861<br />
Carol Buhatem Arquitetura<br />
Interiores Iluminação<br />
T: +55 98 99211 0998<br />
www.carolbuhatem.com<br />
ICEHOTEL<br />
T +46 (0) 980 668 00<br />
www.icehotel.com<br />
PLDC<br />
T +49 5241 30726-0<br />
www.pld-c.com<br />
Claudia Paz<br />
T: +511 992743039<br />
www.claudiapaz.com<br />
Lit Arquitetura de Iluminação<br />
T: +55 11 24764626<br />
www.lit.arq.br<br />
iF World Design Guide<br />
Centro Brasil Design<br />
T (41) 3076 7332<br />
ifworlddesignguide.com<br />
Quartier des Spectacles<br />
Montreal<br />
T +1 (514) 879 0009<br />
www.quartierdesspectacles.com<br />
CD+M Lighting Design Group<br />
T: +971 4 441 6603<br />
www.cdmlight.com<br />
PATROCINADORES<br />
Artemide / Cynthron<br />
T (11) 3846 8100<br />
cynthron.com.br<br />
página 7<br />
Itaim Iluminação<br />
T (11) 4785 1010<br />
itaimiluminacao.com.br<br />
3ª capa<br />
Omega Light<br />
T (11) 5034 1233<br />
omegalight.com.br<br />
páginas 8 e 9<br />
Stillux<br />
T (11) 2898 9921<br />
stillux.com.br<br />
página 17<br />
Aureon<br />
T (11) 3966 6211<br />
aureon.com.br<br />
página 25<br />
Lemca Iluminação<br />
T (11) 2827 0600<br />
lemca.com.br<br />
página 31<br />
Osvaldo Matos<br />
T (11) 3045 3095<br />
osvaldomatos.com.br<br />
4ª capa<br />
Sylvania<br />
T (11) 3133 2430<br />
sylvania-americas.com<br />
página 15<br />
GE - Current<br />
T 0800 333 4448<br />
geiluminacao.com.br<br />
página 23<br />
Light Design + Exporlux<br />
T (81) 3339 1654<br />
lightdesign.com.br<br />
2ª capa<br />
Philips Lighting<br />
T 0800 979 1925<br />
philips.com.br/lighting<br />
página 27<br />
Unitron<br />
T (11) 3931 4744<br />
unitron.com.br<br />
página 33<br />
E:light<br />
T (11) 3062 7525<br />
cynthron.com.br<br />
página 12 e 13<br />
Lutron<br />
sacbrasil@lutron.com<br />
lutron.com/latinamerica<br />
página 21<br />
Schréder<br />
T (19) 3856 9680<br />
schreder.com.br<br />
página 19<br />
Ventana<br />
T (11) 4596 1100<br />
ventanabr.com<br />
página 11<br />
Iluminar<br />
T (31) 3589-1400<br />
iluminar.com.br<br />
páginas 12 e 13<br />
Luxion<br />
T (54) 3021 0007<br />
luxion.com.br<br />
página 4 e 5<br />
Steluti<br />
T (11) 3079 7339<br />
steluti.com.br<br />
página 29<br />
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