L+D 58
Edição: Maio/Junho de 2016
Edição: Maio/Junho de 2016
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GALERIA CASA TRIÂNGULO, SÃO PAULO
E MAIS: HILTON BARRA HOTEL, RIO DE JANEIRO
CLUBE MELISSA, RIO DE JANEIRO | ÓTICA BOLON, XANGAI (CHINA)
1
2 3
4 5
SUMÁRIO
maio/junho 2016
edição 58
38 56
10
AGENDA
12
¿QUÉ PASA?
38
GALERIA CASA TRIÂNGULO
O mínimo possível
44
HILTON BARRA HOTEL
Fluidez Carioca
50
RESIDÊNCIA JARDIM EUROPA
Ajuste fino
56
CLUBE MELISSA IPANEMA
Cor, descontração e elegância em Ipanema
50
44
60
ÓTICA BOLON
Jogo de luz e sombra
66
LIGHT + BUILDING - FRANKFURT 2016
Recalculando a rota
6 7
60
20
Romulo Fialdini
Thiago Gaya
publisher
GALERIA CASA TRIÂNGULO
Iluminação: Design da Luz Estúdio
Foto: Andrés Otero
Orlando Marques
editor-chefe
PUBLISHER
Thiago Gaya
A LUZ DO CONGRESSO NACIONAL
EDITOR-CHEFE
Orlando Marques
DIRETORA DE ARTE
Thais Moro
Ao assistir à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no último dia 17 abril,
não pude deixar de notar a qualidade da iluminação do plenário da Câmara dos Deputados no
Congresso Nacional. Com um aspecto um pouco triste, o ambiente aparece marcado por uma luz
com tonalidade acinzentada, pálida e de aparência pouco acolhedora. Seria isso mesmo?
Numa rápida pesquisa na internet, deparei com o estudo “A iluminação do plenário da
Câmara dos Deputados e sua relevância para a qualidade das imagens televisivas”, desenvolvido
por Ricardo Marcel Mansano André e publicado na Revista Especialize On-line do IPOG (Instituto
de Graduação e Pós-Graduação), em 2013. O trabalho apresenta um dedicado e detalhado
levantamento a respeito das soluções luminotécnicas ao longo da história do edifício.
O projeto de iluminação, conforme apresentado na inauguração de Brasília em 1960, teve sua
estrutura completamente modificada em uma reforma realizada em 1971, com base nas ideias do
próprio Oscar Niemeyer. Naquela ocasião, projetou-se uma luminária para uma lâmpada, com
cúpula de vidro translúcido opalino, em formato de calota, com raio de 22,5 cm, para ser fixada
sob a laje. Com isso, o número de luminárias aumentaria de aproximadamente 20 para 269. Sob
elas acrescentou-se um forro de alumínio branco, tipo colmeia, a 50 cm da laje.
Para o arquiteto, o projeto teria como finalidade “obter uma iluminação difusa, iluminando
o forro da maneira mais homogênea possível, de modo que se tivesse a sensação de que a luz
natural penetrasse por sobre o forro”.¹
Tal efeito, no entanto, nunca foi alcançado. O forro é manchado pela luminosidade das
luminárias, possivelmente em razão de sua proximidade delas. Além disso, a mistura de lâmpadas
com diferentes temperaturas de cor e até diferentes fluxos acentua as manchas, deixando o forro
muito aquém das ideias de Niemeyer.
Desde a reforma, diversas substituições de equipamentos e soluções temporárias foram
implementadas, sempre com o intuito de aumentar o nível de iluminância do ambiente. A mais
recente, segundo o trabalho de André, consistiu em substituir as lâmpadas existentes por fontes
com maior fluxo luminoso. Nesse caso, por lâmpadas de vapor metálico de quartzo 250W /
18.000lm / 4.500K / IRC60 / E40 e reatores com fator de potência 0,95.
Apesar do alto fluxo luminoso, essas especificações não são as mais adequadas para a
percepção das feições humanas; talvez daí decorra o aspecto triste e pouco acolhedor do plenário.
Atualmente, já existem lâmpadas com as mesmas características técnicas dessas, mas com
melhor temperatura de cor e IRC mais elevados. Trocá-las neste momento histórico que vivemos
seria talvez o problema mais simples a ser resolvido. O retrofit a ser realizado no Congresso
Nacional, no entanto, é muito mais amplo.
REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO
André Becker, Carlos Fortes, Débora Torii,
Fernanda Carvalho, Gilberto Franco e Valentina Figuerola
IMPRESSA POR
REVISÃO
Débora Tamayose
ADMINISTRAÇÃO
Richard Schiavo
Telma Luna
CIRCULAÇÃO E MARKETING
Márcio Silva
PUBLICIDADE
Lucimara Ricardi | diretora
Avany Ferreira | contato publicitário
Paula Ribeiro |contato publicitário
Suely Mascaretti | contato publicitário
PARA ANUNCIAR
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T 11 2827.0660
PARA ASSINAR
assinaturas@editoralumiere.com.br
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TIRAGEM E CIRCULAÇÃO AUDITADAS POR
Boa leitura!
Orlando Marques
Editor-chefe
PUBLICADA POR
Fernando Manso
Nesta edição, cotamos com a colaboração
do escritório parceiro LIT Arquitetura de
Iluminação, que assina a matéria sobre
a instalação GRID, um dos destaques
da Luminale, evento paralelo à feira
Light+Building deste ano, em Frankfurt.
Editora Lumière Ltda.
Rua Catalunha, 350, 05329-030, São Paulo SP, T 11 2827.0660
www.editoralumiere.com.br
¹ ANDRÉ, M. M. R. A iluminação do plenário da Câmara dos Deputados e sua relevância para a qualidade
das imagens televisivas. In: Revista Especialize On-line IPOG, 5. ed., n. 5, v. 1, jul. 2013. Disponível em:
. Acesso em: 29 abr. 2016.
8 9
AGENDA 2016
LEDFORUM 2016
EILD 2016
A edição de 2016 do Encontro Ibero-Americano de Lighting
Design terá como sede a cidade brasileira de Ouro Preto,
Minas Gerais, e promete uma série de atividades de reflexão
e experimentação a respeito do processo criativo por trás do
desenvolvimento de projetos de iluminação.
Foram confirmadas as presenças da arquiteta Cristina
Simão, especialista na arquitetura de Ouro Preto, e do professor,
investigador e palestrante Charles Watson, um dos mais
importantes palestrantes do mundo sobre o tema processo
criativo na arte.
O encontro foi elaborado visando a colaboração, a
experimentação e o inter-relacionamento entre cada um de seus
participantes entre si e com a cidade. Para isso, além de palestras,
serão oferecidos espaços de participação como o "7.L.I.G.H.T.S.et"
– um conjunto de espaços que estimulam a investigação de
diferentes aspectos da luz, desenvolvidos por sete designers
convidados – e as duas intervenções urbanas participativas,
selecionadas por meio de concurso internacional, cujo resultado
será divulgado no dia 23 de maio.
Está sendo desenvolvido ainda um aplicativo que possibilitará
o envio de informações sobre a programação aos participantes em
tempo real, além de alertas de atividades, de maneira a incentivar
que todos os integrantes cumpram os objetivos do Encontro.
As inscrições para o EILD 2016, que acontecerá entre os dias
21 e 24 de setembro, estão abertas desde o dia 2 de maio. O EILD
2016 conta com a revista L+D como mídia oficial do evento.
Divulgação
Divulgada a relação dos palestrantes já confirmados para a
7ª edição do LEDforum, o mais importante evento de iluminação
arquitetural do Brasil, que acontecerá nos dias 18 e 19 de agosto.
Dentre os palestrantes internacionais, a premiada artista
visual sérvia, baseada na Suécia, Aleksandra Stratimirovic, com
o lighting designer e pesquisador grego Athanassios Danilof,
apresentará sua abordagem do desenvolvimento de projetos de
iluminação em ambientes noturnos extremamente sensíveis,
com ênfase nas propriedades psicofísicas do sistema visual
humano. O inglês Jonathan Rush, sócio do escritório Hoare
Lea Lighting, e a norte-americana Deborah Burnett, uma das
titulares do Benya Burnett Consultancy, proferirão palestras
com enfoque nos impactos da luz sobre a saúde e o bem-estar
do ser humano sob diferentes perspectivas.
Estarão também presentes os ingleses Colin Ball, titular do
BDP de Londres, que apresentará a palestra Conceptual Light; e
Malcolm Innes, artista, professor, pesquisador e lighting designer,
que discorrerá sobre sua pesquisa em iluminação de museus e
museografia. Completando o time de convidados internacionais,
o Dr. Kevin Houser, professor da Penn University e editor da
revista técnica Leukos, do IES, discursará sobre a norma TM-
30-15, recém-aprovada para a próxima edição do manual IES
Handbook 10ª edição, do qual é um dos autores; e o lighting
designer espanhol Rafael Gallego, do escritório Aureolighting,
vencedor da última edição do Prêmio City.People.Light e autor de
diversos projetos e master plans de iluminação premiados.
O time brasileiro também é formado por lighting designers de
peso, como o experiente arquiteto Gilberto Franco, à frente da Franco
Associados e colunista da revista L+D; e Junia Azenha e Ana Karina
Camasmie, titulares do escritório Foco Luz & Desenho, que, com
os arquitetos Henrique Reinach e Maurício Mendonça, fundadores
do premiado escritório paulista Reinach | Mendonça Arquitetos
Associados, tratarão da relação entre arquitetos e lighting designers.
Os participantes do evento terão ainda a oportunidade de
assistir às palestras de Fernanda Carvalho, diretora executiva
de relações sociais da AsBAI, titular do escritório Design da
Luz e também colaboradora da L+D, e do fotógrafo brasileiro,
baseado na Suíça, Andrés Otero, considerado um dos mais
importantes da atualidade no âmbito da iluminação arquitetural.
Restam poucas vagas para o LEDforum 2016. As inscrições
podem ser feitas pelo site ledforum.com.br.
10 11
Litro de Luz Brasil
¿QUÉ PASA?
LITRO DE LUZ
Em busca de uma solução contra os recorrentes apagões
sofridos pela população brasileira em 2002, o mecânico
brasileiro Alfredo Moser desenvolveu, naquele ano, uma
luminária feita de garrafa PET que não requer energia
elétrica para iluminar. Em 2011, essa invenção inspirou a
organização filipina My Shelter Foundation a criar o projeto
Liter of Light (Litro de Luz), com o objetivo de proporcionar
iluminação, de maneira sustentável, a comunidades
desprovidas de eletricidade.
Composto hoje de 53 células ativas em seis continentes,
o movimento global, que conta com o apoio da ONU e da
Unesco, iniciou sua representação no Brasil no ano de 2014, por
meio da ONG Um Litro de Luz Brasil, sediada em Florianópolis
(SC). A fim de suprir a falta de energia em regiões que não
têm acesso à rede elétrica ou a comunidades que não podem
arcar com seu custo, o objetivo da organização é disseminar
essa tecnologia pelas cinco regiões do país até o fim deste ano.
A ONG oferece ainda uma série de treinamentos e workshops
às comunidades onde instala seus equipamentos, visando a
melhoria da realidade local em longo prazo.
Atualmente a Litro de Luz oferece três tipos de produto. A
Lâmpada Diurna, conforme projetada por Moser, funciona com
a utilização de água e alvejante no interior das garrafas, que
devem ser alojadas em pequenos orifícios no telhado, gerando
iluminação pela refração sofrida pela luz solar ao incidir na face
superior da garrafa.
Já a Lâmpada Noturna conta com a adição de uma
pequena placa solar e permite, além da iluminação diurna,
que pequenas lâmpadas LED, localizadas no interior da
garrafa, acendam à noite, graças a uma bateria com poder de
armazenamento de até 32 horas de energia.
Similar a essa solução, o Poste de Luz também utiliza
como matéria-prima, além das garrafas PET, canos de PVC
e conta com um circuito programado para que acenda
automaticamente à noite e apague ao amanhecer. Além de
permitir o aumento da produtividade nas comunidades e
a redução dos índices de violência, a iniciativa promove
ainda uma consciência ambiental maior ao propor a
reutilização de materiais de baixo custo e a eliminação da
emissão de carbono.
Essas soluções extinguem ainda os riscos causados tanto
por conexões elétricas ilegais quanto pelo uso de meios
de iluminação perigosos, como lâmpadas de querosene e
fogueiras, tão comuns nas residências de inúmeras das cerca
de 50 milhões de famílias carentes existentes no Brasil.
A ONG conta com a ajuda de voluntários e de parceiros
para poder ampliar sua atuação. Mais informações podem
ser encontradas no site www.litrodeluz.com. (Por Débora Torii)
12 13
Imagens: Arturo Ortiz
¿QUÉ PASA?
IMERSÃO
PANORÂMICA
Habituada à transformação de espaços comuns em
experiências poéticas e emocionais, a artista croata Maja Petrić
utiliza como ferramenta criativa a ciência aliada a tecnologias
de ponta, especialmente aquelas relacionadas à luz, para
desenvolver sua arte.
Sua mais recente instalação é uma verdadeira experiência
de imersão audiovisual, aguçando a percepção, a emoção
e a imaginação daqueles que a vivenciam. O trabalho foi
desenvolvido em colaboração com o pesquisador de interação
humano-computador Hrvoje Benko, da Microsoft Research
(departamento de pesquisas da Microsoft), e a convite do
studio99, projeto integrante desse departamento e responsável
por promover a colaboração entre pesquisadores/engenheiros
e artistas/designers, visando a introdução de perspectivas e
valores artísticos ao trabalho da organização.
Tendo como cenário uma banal sala de conferências na
sede da Microsoft em Redmond, nos Estados Unidos, Petrić
e Benko reproduziram um conteúdo audiovisual por meio
de uma montagem com cinco projetores e oito câmeras
dotadas de sensores de movimento Kinect, que permitiram
a geração de projeções mapeadas em todas as superfícies
do ambiente. O resultado é uma intensa experiência de
imersão em que o visitante pode vivenciar desde a beleza do
sol nascente até uma ameaçadora tempestade de raios sem
sair da sala. Completa a instalação o conteúdo sonoro, criado
pelo artista havaiano Daniel Peterson, que utilizou técnicas
de áudio em 3D experimentais, mescladas com sons naturais,
cujo produto final modula entre o real e o imaginário.
O projeto funcionou como protótipo para a utilização do
software RoomAlive Toolkit, desenvolvido pela Microsoft
Research como interface para a criação de inovadoras
experiências de realidade aumentada e ficou disponível para
visitação entre dezembro de 2015 e março de 2016. (D.T.)
14 15
Apple
¿QUÉ PASA?
APPLE PATENTEIA SISTEMA DE FORRO LUMINOSO
“Uma luz uniforme ao longo de um espaço pro -
porciona iluminação consistente de itens ali contidos,
independentemente da sua disposição. Isso é ideal para
o cenário do varejo, em que objetos e vitrines estão
sujeitos a mudanças e reconfigurações periódicas.” Assim
consta em um trecho da descrição da patente de número
9.217.247, concedida pelo Escritório de Patentes e Marcas
Registradas dos Estados Unidos (United States Patent and
Trademark Office), no final do ano passado, a ninguém
menos que a Apple.
A nova geração de lojas, que vem sendo inauguradas
mundo afora, segue um sistema-padrão de iluminação, que
consiste em generosos forros luminosos que abrangem
boa parte da superfície do teto do espaço, constituídos de
LEDs e tecido tensionado translúcido, intercalados com
estreitas calhas pintadas na cor preta, nas quais, além de
spots complementares, poderão ser acomodados também
os sistemas de câmeras, alto-falantes, alarmes, sprinklers
e até transmissores Bluetooth com o protocolo iBeacon
(capazes de rastrear percursos e ações dos clientes e enviar-
-lhes instantaneamente notificações e ações de marketing a
smartphones e tablets).
O texto da patente detalha todas as especificidades
do sistema, incluindo desde as dimensões e as proporções
permitidas para todos os elementos que compõem o
conjunto até desenhos minuciosos de todos os itens que
podem ser eventualmente integrados nele.
Apesar de não soar como uma solução tão inovadora, a
Apple acredita que sua invenção permite adaptabilidade a uma
infinidade de formas e configurações espaciais, sendo a solução
para uma iluminação consistente, sem minimizar a importância
do seu aspecto visual, que dialoga diretamente com a identidade
visual da marca. Além disso, o sistema visa evitar eventuais
incompatibilidades e a recorrente necessidade de reconfiguração
da iluminação após alterações no layout das lojas. Assim
justificam o desejo pela patente.
Já a indústria de controles de iluminação teme que
esse seja o primeiro passo para a entrada da Apple nesse
mercado, já que é sabido que mantém uma equipe que
pesquisa iluminação. (D.T.)
16 17
18 19
¿QUÉ PASA?
VANGUARDA VERMELHA
Palestrante do
7º LEDforum
Imagens: Montse Zamorano
Em colaboração com a consultora de gestão de marcas
Saffron Brand Consultants, o escritório madrileno Malka + Portús
Arquitectos desenvolveu um novo conceito para os postos de
combustível da Companhia Espanhola de Petróleo (CEPSA), cuja
primeira estação flagship foi inaugurada em Ávila, Espanha, no
início deste ano. O projeto todo foi norteado por três diretrizes
principais: o aprimoramento da experiência de serviço aos
clientes; a redução de custos de manutenção, por meio do uso
das tecnologias mais atuais; e a obtenção de um resultado final
de forte impacto visual, representando a marca da maneira mais
vanguardista, tecnológica, sustentável e significativa possível.
O projeto de iluminação, a cargo do escritório espanhol
AUREOLIGHTING – sob comando do lighting designer Rafael
Gallego –, priorizou a eficiência e a sustentabilidade. A intensa
colaboração entre as disciplinas envolvidas possibilitou uma
integração perfeita das luzes à arquitetura, tornando praticamente
invisíveis os equipamentos de iluminação.
A maior inovação está presente na marquise sobre a área de
abastecimento: a utilização de um material ainda pouco conhecido,
o EFTE – mesmo polímero utilizado na fachada da Allianz Arena
em Munique, Alemanha, por exemplo –, que possibilitou, além de
uma impressionante leveza estrutural (remetendo diretamente à
comunicação visual da marca), o amplo acesso à luz natural nessa
área. Desse modo, foi obtida uma significante redução no consumo
de energia, já que, durante metade do ano, a luz solar está disponível
durante mais de dez horas por dia naquela localidade.
A marquise quase invisível, estruturada com leves perfis
metálicos de cantos arredondados, ganha vida à noite, quando
o material translúcido é iluminado por LEDs vermelhos,
em referência à marca, transformando-se em um marco na
paisagem noturna. Além disso, também foram utilizados LEDs
na cor branca, integrados às estruturas tanto da marquise
principal quanto de submarquises mais baixas, locadas sobre
as bombas, o que fornece iluminação funcional ao espaço.
Esse sistema é conectado a sensores de presença que reduzem
o fluxo luminoso quando não há clientes presentes.
No mês de abril, o projeto foi agraciado com o IALD Award
of Excellence + Sustainability. Além desse extraordinário
reconhecimento, o projeto também foi premiado na categoria
Integration Project of the Year do Lighting Design Awards na
Inglaterra. “Nossos parabéns ao talentoso Rafael Gallego e sua
equipe!” (D.T.)
20 21
Confira a relação de palestrantes já confirmados para o
uma verdadeira seleção de lighting designers espera por você
Aleksandra Stratimirovic
Sérvia/Suécia
Ana Karina Camasmie
Brasil
Junia Azenha
Brasil
Andres Otero
Brasil/Suiça
Athanassios Danilof
Grécia
Colin Ball
Reino Unido
Deborah Burnett
EUA
Fernanda Carvalho
Brasil
Gilberto Franco
Brasil
Heinrique Reinach
Brasil
Maurício Mendonça
Brasil
Jonathan Rush
Reino Unido
Dr. Kevin Houser
EUA
Malcolm Innes
Reino Unido
Rafael Gallego
Espanha
18 e 19 de agosto de 2016
Tivoli Mofarrej Conference Hotel
São Paulo | Brasil
www.ledforum.com.br
Acesse www.ledforum.com.br e garanta a sua vaga.
22 23
Imagens: Julien Nonnon
¿QUÉ PASA?
SAFARI URBANO
Um cachorro fumante, um alce vestindo um terno, um
gorila de suspensórios. Essas imagens impossíveis e surreais
puderam ser observadas pelas ruas de Paris em setembro do
ano passado, graças à criatividade do artista de rua francês
Julien Nonnon.
Julien acredita que, pela maneira que se vestem, as
pessoas expressam suas visões de mundo, revelando sua
posição social e seu poder aquisitivo, o que as divide em
grupos. Urban Safari busca confrontar diretamente a selvageria
da vida urbana, questionando esses comportamentos e
denunciando, através das inusitadas projeções de imagens
de criaturas antropomórficas, o conformismo decorrente da
influência social.
O sucesso dessa primeira intervenção fez com que o projeto
atravessasse o Atlântico e fosse apresentado em Orlando,
na Flórida, Estados Unidos, no início deste ano. Convidado
pela galeria SNAP! a apresentar registros fotográficos da
Wind (Selvagem é o vento), o artista se inspirou também a
produzir uma nova série de imagens que foram exibidas pelas
ruas do centro da cidade norte-americana durante duas noites.
Julien, motivado pelo desejo de interação com a arquitetura
e pelos elementos urbanos que a cercam, encontrou nas
projeções uma forma de tornar seu trabalho acessível ao
grande público, porém sem causar degradação às fachadas e
aos muros das cidades. Sua arte luminosa ressalta a matéria,
as irregularidades e os relevos das superfícies, engrandecendo
imperfeições e, assim, revelando a beleza da vida real. O
francês classifica suas intervenções em grafites efêmeros,
souvenires de curta duração para os transeuntes, que podem
posteriormente ser apagados sem deixar marcas.
O artista pretende estender sua intervenção a diversos
outros países e cidades de todo o mundo, pois acredita no
potencial das ruas como território de expressão e criatividade,
permitindo refletir questões da sociedade atual. Para ele,
DOWNLIGHT INSTA
MOSTRA ARTEFACTO HL 2016
intervenção parisiense, como parte da exibição Wild is the assim, o efêmero se torna permanente. (D.T.)
Mini downlight,
Local: São Paulo
ângulo fechado com
Projeto de Iluminação: Guinter Parschalk
Tel: |11| 2827.0600
24
refletor direcionável.
Projeto de Arquitetura: Denise Barretto
www.lemca.com.br
led@lemca.com.br 25
Foto: Edison Garcia
¿QUÉ PASA?
Palestrante do
7º LEDforum
COLOR WHEELS É DESTAQUE
NA LIGHT + BUILDING 2016
A instalação luminosa Color Wheels foi destaque na
Light + Building 2016, feira internacional de iluminação
realizada em Frankfurt, Alemanha, de 13 a 18 de março.
Concebida pelos lighting designers Aleksandra Stratimirovic
e Athanassios Danilof para o estande da fabricante italiana de
luminárias Targetti, a obra reuniu três discos luminosos para
criar cenários cromáticos com base em “teorias das cores”
formuladas por artistas e cientistas ao longo da História.
As sequências de cores dos discos luminosos foram
geradas por fitas de LED da Duralamp, empresa do
grupo italiano Targetti. Cada disco é formado por seis
círculos concêntricos sobrepostos que proporcionam uma
experiência cromática dinâmica e luminosa ao associar
tonalidades à luz. A escolha das cores e sua organização
visual, por sua vez, seguiram princípios de teorias das cores
desenvolvidas por nomes como Leonardo da Vinci, Leon
Battista Alberti, Isaac Newton, J. W. von Goethe, Philipp
Otto Runge e Johannes Itten.
Aleksandra e Danilof explicam que a experiência visual é
proporcionada pelas cores, por luminosidades sucessivas e por
hierarquias de saturação da luz refletidas em cada círculo. “O
processo perceptivo é possibilitado por uma tentativa de investigar
as harmonias das cores e suas analogias, assim como sua
complementaridade, contrastes de cor simultâneos e sequenciais
e pós-imagens cromáticas. A constância visual é desafiada”,
explicam os autores da Color Wheels. (Por Valentina Figuerola)
26 27
Matthew Andrews
¿QUÉ PASA?
LUZINTERRUPTUS ILUMINA
A TRAFALGAR SQUARE
No oceano Pacífico, a cerca de mil quilômetros do Havaí,
uma mancha de lixo plástico de dimensões absurdas ameaça
a fauna e a flora marítimas. Com uma área equivalente a
duas vezes a superfície dos Estados Unidos, esse “oceano de
plástico” foi descoberto pelo oceanógrafo norte-americano
Charles J. Moore, em 1997. Para alertar as pessoas do
problema, o coletivo de artistas espanhóis Luzinterruptus
criou uma instalação de arte e luz especialmente para o
Lumiere London 2016, festival de luz realizado de 14 a 17 de
janeiro, na capital britânica.
A intervenção, feita de 13 mil garrafas PET e batizada
de Plastic Islands, recria essas ilhas de lixo nas fontes da
Trafalgar Square, em pleno centro de Londres. A princípio,
os artistas do Luzinterruptus haviam pensado em iluminar
as garrafas recicladas com a própria luz do monumento,
mas acabaram optando por construir estruturas circulares
autoiluminadas, que contêm as garrafas em anéis, mantendo
a obra inacessível ao público e os elementos centrais das
fontes livres.
Fornecidas pela Artichoke, empresa responsável pelo
festival de luz, as 13 mil garrafas foram usadas para criar a
ilha flutuante de plástico de apenas uma das fontes. Sem
garrafas, apenas com os anéis autoiluminados, a outra fonte
faz alusão aos oceanos limpos, como deveriam ser. Essa não
foi a primeira vez que o Luzinterruptus usou garrafas PET em
uma instalação artística a fim de alertar sobre o problema
do lixo plástico nos oceanos. No festival Lumina 2015, em
Cascais, Portugal, o grupo criou uma plataforma retangular,
feita de 5 mil recipientes plásticos, que à noite ganhava vida
por meio da iluminação. (V.F.)
28 29
1Studio_Roosegaarde_Windlicht_HQ
¿QUÉ PASA?
MOINHO DE LUZ
O parque eólico Eneco, na província de Zeeland, Holanda,
foi o cenário de uma instalação luminosa criada pelo artista
holandês Daan Roosegaarde para “mostrar a beleza da energia
verde”. Ao conectar hélices de turbinas eólicas em movimento
com raios de luz verde (LEDs), a intervenção, batizada
de Windlicht, proporcionou uma coreografia harmônica e
sincronizada, que pôde ser gratuitamente apreciada durante
quatro noites de março, das 20 às 23 horas.
Financiada pela empresa holandesa KPN, Windlicht
levou dois anos para ser desenvolvida por Roosegaarde, que
integrou um sistema de rastreamento da posição das pás em
um software no centro da turbina, responsável pelo ajuste da
emissão dos raios luminosos de acordo com a força do vento e
a velocidade de rotação das pás, que pode chegar a 280 km/h.
O artista inspirou-se em um dos principais cartões-
-postais da Holanda, o vilarejo de Kinderdijk e seus moinhos
de vento, para criar Windlicht. Os moinhos foram erguidos
em 1740 para drenar canais e evitar a inundação da região,
que fica abaixo do nível do mar. Kinderdijk, declarado
Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1997, simboliza
para Roosegaarde a inovação tecnológica de seu país, que
encontrou na energia eólica uma das soluções para a geração
de energia, por meio dos aerogeradores, que são baseados no
princípio de funcionamento dos moinhos de vento. (V.F.)
30 31
Divulgação
¿QUÉ PASA?
RED DOT AWARDS – BEST OF THE BEST 2016
No dia 30 de março, foram anunciados os vencedores do
Red Dot Awards 2016, premiação anual que tem como objetivo
reconhecer a qualidade e a inovação de produtos no âmbito do
design. Considerado o prêmio máximo da competição, o Red
Dot – Best of the Best, dividido em três grandes categorias –
Product Design, Design Concepts e Communication Design –,
laureou três trabalhos na categoria Product Design: Lighting and
Lamps: a luminária Mesh Lamp, criada pelo designer argentino
Francisco Gomez Paz para a Luceplan; a pendente Eggboard,
desenhada pela Progetto CMR para a Artemide; e o sistema de
iluminação multifuncional Supersystem II, elaborado pela Inhouse
Design para a Zumtobel Lighting.
Com uma estrutura de aço preta em forma de rede, lentes
de policarbonato e LEDs de grande potência lumínica, a Mesh
foi premiada pela vanguarda tecnológica e pelo design elegante
valorizado por pontos luminosos. Outro produto laureado com o
Red Dot – Best of the Best foi a Eggboard, pendente com tecnologia
LED desenhada por Giovanni Giacobone & Massimo Roj, da
Progetto CMR, que se destaca em razão da eficiência luminosa
e da acústica proporcionada pela textura da superfície inferior
da luminária, que reduz as reflexões sonoras responsáveis pelo
ruído. Com formato quadrado ou retangular, a peça permite
criar arranjos flutuantes variados.
Também premiado com o Red Dot – Best of the Best,
o sistema modular de iluminação multifuncional de LED
Supersystem II, da Zumtobel Lighting, distingue-se pelo design
discreto e pela flexibilidade de distribuição das luminárias no
espaço, permitindo uma iluminação geral ou direcionada.
O Red Dot Awards 2016 teve mais de 5 mil produtos
inscritos de 57 países, número recorde desde que a competição
foi lançada, em 1955, pelo Centro de Design da Renânia do
Norte-Vestfália, na Alemanha. A cerimônia de premiação será
realizada no dia 4 de julho no Teatro Aalto, em Essen, Alemanha,
obra emblemática do arquiteto finlandês Alvar Aalto. Depois
disso, os trabalhos homenageados ficarão expostos no Red Dot
Design Museum, na mesma cidade. (V.F.)
32 33
34 35
Camila Blanco
WHITEvoid
WHITEvoid
¿QUÉ PASA?
atrações, além de ir e voltar a Offenbach. Também era possível
consultar um guia impresso ou on-line e um mapa interativo
Apesar de parecer leve e fluida, a instalação é bastante
pesada, complexa e técnica: desde os tubos difusos de LED
GRID
com detalhes de todas as instalações.
Nessa edição, um dos destaques foi a instalação GRID
(Malha), do artista visual Christopher Bauder e do músico e
que compõem os triângulos, passando pelo sistema de
suspensão e movimentação motorizada, até chegar aos dois
computadores interligados com softwares específicos para
compositor Robert Henke, no Teatro Mounsonturm, em Frankfurt.
controlar as interações, gerando movimentos no espaço em
A obra apresentada no Luminale é uma versão um
tempo real.
pouco menor das instalações anteriormente apresentadas
O som lidera e desencadeia as variações dos elementos
Durante o mesmo período de realização da feira Light +
Building em Frankfurt, a cidade e sua vizinha, Offenbach, são
invadidas pelo Luminale quando escurece. O festival, iniciado
em 2002 e que hoje está em sua oitava edição, contou este ano
com cerca de 200 intervenções, que foram de instalações de
iluminação a palestras e simpósios.
O evento é uma oportunidade tanto para artistas, designers,
arquitetos etc., que podem mostrar seu talento, quanto para os
expositores da feira –, patrocinadores dos eventos –, que apresentam
seus produtos aplicados. Esse encontro proporciona um grande
espetáculo para os visitantes, que podem apreciar intervenções
internas e também nas fachadas de prédios de arquitetura histórica,
em parques, igrejas e teatros, incentivando um novo olhar e
promovendo uma aproximação maior deles com a cidade.
O ônibus da Luminale seguia a rota de parada das diversas
na Fête des Lumières em Lyon, França, no Hôtel de Région,
e na inauguração do novo edifício da Feira de Basel, com
arquitetura de Herzog & de Meuron.
A instalação GRID é composta de 32 triângulos de tubos
de LED RGB (em Lyon foram 50 e em Basel, 40), sempre com
1,80 m de lado, os quais ficam suspensos, pairando acima dos
espectadores, sem que sejam percebidos até o momento em
que o espetáculo inicia.
No início da performance, cada som disparava uma
reação do elemento cinético-visual e música, luz e movimento
começavam a compor a dança do GRID. O ritmo da música ditava
o ritmo da luz, o movimento da malha, a forma de acendimento
– rápido, lento, dimerizado, pulsante, piscante – e também a
variação de cor. Dessa forma, ficávamos hipnotizados, seguindo
a movimentação dessa malha que parecia ganhar vida.
visuais pelo software, fazendo com que cada apresentação seja
única, pois as combinações audiovisuais são criadas no local.
Além disso, a trilha sonora é crucial para criar o clima, para a
sensação de que a instalação respira, reage, sente.
O GRID parece estar vivo, movendo-se e comunicando-se, mas
é fruto de tecnologia de ponta em funcionamento. A instalação
fala conosco, como se fosse um ser natural, orgânico, que se
materializou no espaço físico, como mágica, em comunicação
direta com nossas emoções.
É muito difícil descrever um espetáculo tão abrangente em
relação aos estímulos enviados a nossos sentidos utilizando
somente o texto. Por isso, quem quiser ter suas próprias
impressões pode assistir ao vídeo gravado pela Tetro, disponível
no Vimeo (vimeo.com/82903571). E, é claro, fique atento às
edições futuras. (Por Lit Arquitetura de Iluminação)
36 37
À noite, a iluminação difusa da
galeria emana para fora, iluminando o
ambiente externo e transformando-a
em ícone de si mesma.
O MÍNIMO
POSSÍVEL
Texto: Gilberto Franco | Fotos: Andrés Otero
Chamar a arquitetura da nova Casa Triângulo, do
escritório Metro Arquitetos, de “minimalista” seria
uma simplificação que daria conta apenas parcialmente
de seu significado. O fato é que encontramos nesse edifício
em forma de paralelepípedo, situado em São Paulo, numa
esquina da Rua Estados Unidos, uma série de lições trazidas
de escolas arquitetônicas dos séculos XX e XXI, das quais
emergem palavras como “rigor”, “sobriedade”, “pureza”, todas
um pouco insuficientes para defini-la.
Nas palavras da arquiteta e lighting designer Fernanda
Carvalho, o que caracteriza esse edifício é a “plenitude” com
que os materiais se agregam entre si para formar um conjunto.
Nenhum material, forma ou acessório pode eclipsar o outro;
tudo – incluindo os equipamentos de iluminação – deve ser
percebido como parte visível e plena do todo. Esse foi o princípio
que definiu todas as diretrizes do projeto de iluminação.
Para garantir que isso acontecesse, cada inserção da iluminação
na arquitetura veio precedida e acompanhada de amplas trocas
de ideias com os arquitetos, de modo que o resultado estivesse
sempre em sintonia com a orquestração desejada.
38 39
A galeria em forma de caixa
possui uma “membrana” de
policarbonato que ajuda a
fundir iluminação natural
e artificial.
As luminárias da recepção
são invólucros transparentes
que “purificam” a lâmpada,
deixando-a livre de seus
incômodos adereços.
Linhas de luz complementares e dimerizadas foram acrescentadas para garantir o efeito “lanterna” do edifício
LANTERNA TRANSLÚCIDA
A primeira percepção noturna revela o principal conceito
do edifício. Seus fechamentos laterais, feitos de telhas de
policarbonato translúcido, durante o dia filtram e transmitem
luz natural ao interior da galeria e à noite exalam uma luz
difusa vinda do interior, o que torna a galeria, por si só, um
ícone de si mesma, além de emprestar uma luz agradável à
calçada, ao banco e à área circundante.
Acerca desse efeito de lanterna, vale dizer que esse
policarbonato, externamente contínuo, faz divisa internamente
com diferentes ambientes, o que exigiu da lighting designer
um cuidadoso balanceamento das iluminâncias, a fim de
obter homogeneidade da superfície do policarbonato quando
visto do exterior. Isso foi alcançado com a dimerização da
iluminação nos ambientes fechados.
Ao ingressar na galeria, deparamos com a recepção e com
a primeira expressão do que será o partido do projeto no que
concerne ao diálogo com a arquitetura. Trata-se de uma única linha
de luminárias, que são na verdade invólucros transparentes para
lâmpadas fluorescentes T5. Ao mesmo tempo que “purificam” a
lâmpada, deixando-a livre de seus incômodos adereços (reatores,
fios etc.), esses invólucros passam a participar da arquitetura
de igual para igual com os demais elementos dela.
A GALERIA E SUA LUZ DIFUSA
Para entender o partido adotado para a iluminação dessa
área, é preciso lembrar que o partido arquitetônico previu
abundante luz natural difusa entrando por todos os lados, o
que neutraliza quaisquer sombras. “Há uma tendência nos
artistas contemporâneos” – explica Fernanda – “de não querer
que seus trabalhos se destaquem do ambiente circundante”.
“O objeto-trabalho”, prossegue, “faz parte do mundo
real, fora de pedestais”. É nesse momento que surge a luz
40 41
O forro, atuando como uma delgada membrana
em chapa perfurada, apenas organiza os elementos
do teto e dá suporte a um “pattern” de lâmpadas
fluorescentes – modulado com as placas –, o que
garante uma iluminação perfeitamente difusa e
amalgamada com a luz natural. Intercalados às
lâmpadas, segmentos de trilho eletrificado permitem
a colocação de projetores de diferentes fachos, de
simétricos a wallwashers.
Intencionalmente as obras de arte encontram-se
despojadas de qualquer “pedestal de luz”, integrandose
perfeitamente a seu ambiente circundante. Áreas
com pé-direito menor têm a mesma solução de luz da
grande galeria, mas agora com fixação assimétrica.
Três linhas de luz rasgam visualmente a
pérgula de iluminação natural da escada,
tornando-se visualmente tão importante
quanto outros elementos da arquitetura,
como corrimãos, degraus etc.
Nas áreas externas, as mesmas luminárias
utilizadas sob o teto para a iluminação do
balcão atuam como arandelas.
difusa: a natural, proposta pela arquitetura, e a artificial, pela
lighting designer, aqui traduzida por um “pattern” de lâmpadas
fluorescentes T5 (4.000K) aparentes, integradas à malha de
forro de placas de metal expandido. Com isso, a luz natural e a
artificial amalgamam-se para produzir a neutralidade desejada.
OS COMPLEMENTOS DE LUZ
Palestrante do
GALERIA CASA TRIÂNGULO
São Paulo, Brasil
Projeto de iluminação:
Design da Luz Estúdio, Fernanda Carvalho
Colaboradores:
Charly Ho, Renata Fongaro
Projeto de arquitetura:
METRO Arquitetos Associados: Martin Corullon, Gustavo Cedroni,
Helena Cavalheiro, Marina Ioshii, Renata Mori, Luis Tavares,
Isadora Marchi, Rafael de Sousa, Juliana Ziebell, Gabriela Santana,
Marina Pereira
Fornecedores:
Lumini, Osvaldo Matos, Reka
7º LEDforum
Alternados com as lâmpadas fluorescentes, foram acrescentados
segmentos de trilho eletrificado, de modo a receber dois tipos
de projetor (4.000K, ainda não instalados): wallwashers e
de facho cilíndrico, com intercâmbio de aberturas. Com isso,
têm-se todos os efeitos de luz possíveis. E para que os trilhos
e as luminárias não se sobressaíssem no forro, os montantes
onde eles estão fixados têm altura reduzida, a fim de que a
aparência estrutural seja idêntica.
ESCRITÓRIOS E OUTRAS ÁREAS
Por coerência com o partido arquitetônico, todas as áreas
localizadas sob o forro principal receberam o mesmo tipo se
solução de luz, incluindo os escritórios.
Sob a pérgula de acesso à escada, três luminárias lineares
rasgam visualmente as vigas, adicionando grafismo intencionalmente
no conjunto. As mesmas luminárias transparentes da recepção
foram repetidas em outros ambientes, funcionando até mesmo
como arandelas, sempre dentro do espírito de variar as soluções
o mínimo possível.
42 43
FLUIDEZ
CARIOCA
Texto: Fernanda Carvalho | Fotos: Divulgação
De olho nos Jogos Olímpicos de 2016, a rede Hilton
Worldwide inaugurou em agosto de 2015 o Hotel Hilton
Barra, na cidade do Rio de Janeiro. Estrategicamente
localizado próximo ao parque olímpico, o hotel promete ser
um dos principais destinos para hospedagem e alimentação
para aqueles que vão acompanhar de perto os Jogos.
O escritório Anastassiadis Arquitetos, com reconhecida
experiência no setor de hotelaria de luxo, ficou a cargo do
projeto de design de interiores. O conceito criado para o projeto
foi estruturado a partir do imaginário do espírito carioca: o
clima leve de uma cidade praiana, porém com sofisticação.
A intenção era trazer a atmosfera da orla marítima para os
hóspedes e os visitantes através de referências como fluidez,
ar, água e luz. A paleta de cores tem como base tons de cinza
e perolados e contrasta pedras com madeiras e elementos
de tom bronze.
A linha sofisticada e aconchegante adotada no design
de interiores contou com um projeto de iluminação bastante
integrado. A arquiteta Monica Rio Branco – do escritório RBF
Arquitetura de Iluminação, sediado no Rio de Janeiro – ficou
responsável por resolver tecnicamente as ideias apontadas pelo
projeto de design de interiores e ressalta que as soluções se
desenvolveram “a quatro mãos”. Segundo Monica, a designer
Patricia Anastassiads tinha ideias muito claras dos efeitos de
luz que queria para os ambientes. O resultado do trabalho
entre as equipes é uma luz bastante sutil e elegante, com
44 45
muitos detalhes incorporados à arquitetura e à marcenaria.
Em contraste com o ambiente acolhedor, o suntuoso lobby
com pé-direito de 30 metros tem luz natural abundante. A
iluminação foi fundamental para conduzir o olhar do visitante
a alguns pontos de interesse, criando “ilhas iluminadas”, como
o balcão de recepção, os ambientes de estar e um aparador
de madeira rústica com arranjos de flores impactantes. Toda
a iluminação das áreas comuns está dimerizada em protocolo
DALI e é controlada digitalmente, garantindo a equalização
das intensidades.
Um dos aspectos importantes da ambiência geral e do conceito
do hotel é a presença de obras de arte nos espaços comuns. No
grande vão do lobby, uma escultura de metal e acrílico leitoso da
artista Iole de Freitas parece flutuar. A lighting designer conta que
conversou com a artista no momento da montagem para saber
como seria a melhor forma de iluminar a peça, criada especialmente
para o hotel. Muito fluida, a escultura de folhas translúcidas com
estruturas muito finas acaba sendo vista também através do
grande pano de vidro por quem está fora do hotel.
Luminárias escultóricas que destacam os balcões do bar e
do restaurante foram propostas pela equipe de interiores com o
acompanhamento da lighting designer. São elementos que têm forte
presença no ambiente, conferindo personalidade à composição
do ambiente. A escolha de mobiliário com design, tanto nacional
quanto internacional, buscou unir brasilidade e objetos de arte
site-specific, ou seja, especialmente confeccionados para o hotel.
Na elaboração do centro de convenções também houve trabalho
conjunto de interiores e iluminação para encontrar soluções de luz
e decidir o desenho do forro. O desejo da arquiteta de interiores
era obter um efeito de brilho e reflexo sobre materiais nobres.
A solução encontrada pela equipe da RBF foi um forro modular
opaco, porém vazado, com acabamento brilhante na superfície
Na página anterior, o lobby
tem uma luz geral que vem
de luminárias “downlight”
complementadas por
peças de piso com
lâmpadas LED. Na outra
foto, o destaque é o
arranjo floral
iluminado por luminárias
com LED de facho fechado.
Nesta página, a
luminária decorativa
acima do balcão do bar
cria um efeito decorativo
bastante impactante, pois,
além de emitir uma luz
misteriosamente brilhante
e refletida, tem proporções
escultóricas, evidenciando
a dimensão do pé-direito
duplo. Na outra foto,
detalhe da luminária.
46 47
As suítes são iluminadas de forma suave, evitando o uso de luminárias de teto. Para gerar a ambiência desejada, abajures com lâmpada LED
de 12W são o principal elemento utilizado. A lighting designer conta que, para definir a lâmpada LED adequada, foram realizados diversos
testes. Detalhes com lâmpada fluorescente embutidos na marcenaria e no gesso conferem destaque a painéis decorativos e ao cortineiro.
das placas. Foram utilizadas lâmpadas fluorescentes dimerizáveis,
que permitiram alcançar o efeito desejado com baixo consumo e
custo. O resultado que a luz indireta dessa instalação proporciona
é bem tênue, porém com efeito chamativo.
Para os apartamentos e as suítes, o partido de iluminação
adotado foi ocultar as fontes na marcenaria para obter efeitos
suaves. Abajures com cúpulas translúcidas resultam em um efeito
bem aconchegante usando duas lâmpadas de LED, solução que
permite ter poucos pontos de luz no teto. A luz dos abajures é
complementada por efeitos indiretos provenientes de montagens
de lâmpadas fluorescentes embutidas em detalhes na marcenaria
e no cortineiro.
Para a área da piscina, localizada no décimo andar do edifício,
a cobertura parcial tem uma linha de luz dimerizada em todo
o perímetro, gerando um efeito agradável sem atrapalhar a
vista panorâmica que se tem dali. Ao ar livre, a piscina, com
acabamento de pastilhas verde-água, recebe uma suave brisa
carioca, em uma combinação de brasilidade e sofisticação.
Com a intenção de preservar a vista panorâmica
dos morros e do céu, uma luminosidade sutil
provém da borda que contorna a cobertura. Esse
detalhe foi criado para reduzir possíveis
ofuscamentos. Por meio do rebatimento interno
e da dimerização, o efeito interfere pouco na
paisagem, ao mesmo tempo que confere
sofisticação ao ambiente.
HILTON BARRA HOTEL
Rio de Janeiro, Brasil
Projeto de iluminação:
RBF Arquitetura de Iluminação
Monica Rio Branco, arquiteta titular
Colaboradores:
Giani Faccini, Clarisa Navarro e
Maria Fernanda Fellows
Projeto de interiores:
Anastassiadis Arquitetos
Projeto de arquitetura:
STA Arquitetura
Fornecedores:
Bocci, Erco, Itaim, Lasvit, Lumini,
Lutron, Osram, Philips, Traxon, Simes
48 49
AJUSTE FINO
Texto: André Becker | Fotos: Andrés Otero
O
projeto de iluminação do MS+M Associados para esta
residência de 700,00 m 2 em São Paulo enfrentou com
didatismo e determinação questões bastante usuais na
prática profissional, mostrando como criar oportunidades a partir de
processos não exatamente lineares de desenvolvimento de projeto.
Num primeiro momento, Ivone Szabó e Orlando Marques,
titulares do escritório, foram indicados pela arquiteta e procurados
pela proprietária para uma consultoria sobre um projeto básico
de iluminação desenvolvido para a residência por uma loja de
iluminação, prática bastante comum no mercado. Eles fizeram
um belo e aprofundado estudo crítico, avaliando os ambientes,
mostrando as potencialidades dos espaços e quais características os
ambientes poderiam ter em destaque ou quais efeitos poderiam ser
bem-vindos, numa análise ampla. A proprietária e a família, tomando
conhecimento da complexidade e das possíveis virtudes de uma
iluminação estudada a fundo, não titubearam em iniciar um projeto
de lighting design com fim em si mesmo, e não como complemento
à compra de peças apenas. Muitas vezes, os clientes não contratam
50 51
Na página anterior, sala de
estar e galeria. Na galeria,
embutidos para lâmpadas
halógenas 35W / 3.000K / 24°
destacam os quadros; no estar,
uma composição de soluções:
sanca central iluminada
por perfis de LED 19,2W/m /
2.600K, luminárias centrais
orientáveis para destaque
com lâmpadas halógenas
35W / 3.000K / 24° e “olhos
de Moscou” com lâmpadas
halógenas 70W / 3.000K.
Nesta página, hall de entrada
com perfis de LED 4,8W/m /
2.600K, home theather com perfis
de LED nos cortineiros 19,2W/m
/ 2.600K, embutidas halógenas
35W / 3.000K / 24° e perfis de
LED na marcenaria com facho
assimétrico 4,8W/m / 2.600K.
lighting design por simples desconhecimento das qualidades desse
serviço, por isso esse trabalho de formação é essencial.
O projeto buscou uma iluminação elegante e aconchegante,
mas que não se omite, com destaque para diversos elementos
artísticos e decorativos em meio a iluminações gerais e a ambientes
bem matizados.
A casa tem linguagens distintas em alguns setores, o que
favorece diferentes soluções de iluminação: a fachada e as áreas
sociais são eminentemente clássicas, com paredes esverdeadas,
molduras no teto, cortinas, tapetes, obras de arte, mobiliário e peças
decorativas; e ambientes mais funcionais ou íntimos são brancos
e despojados, quase minimalistas. A iluminação adequou-se a
cada cenário, algumas vezes destacando objetos ou elementos da
arquitetura e outras assumindo o protagonismo em seu desenho.
Logo na entrada principal recuada, a força da iluminação fica
evidente: a parede foi engrossada com tijolos para se destacar do
piso e da cobertura e recebeu nas extremidades perfis lineares com
LED, criando faixas de luz elegantes e direcionando o percurso.
Uma série de embutidos direcionáveis para lâmpadas halógenas
dicroicas com filtros difusores cria a iluminação da entrada da galeria,
cujas paredes receberam diversos quadros, conduzindo-nos para
a sala de estar ou para a escada e o pavimento superior. Chegando
ao estar, a riqueza de estímulos recebe um tratamento cuidadoso
da iluminação. O espaço em L recebe quatro ambientes: o estar
propriamente dito, com o jantar ao fundo na perna mais curta do
L e, na perna mais alongada, o bar e uma mesa redonda de apoio,
assim como o home theater e a biblioteca. Todo o ambiente tem
moldura de gesso e cortineiros, que se transformam no primeiro
elemento de iluminação, modulando os tecidos que abraçam a
sala com perfis metálicos, os quais recebem LEDs lineares em
toda a sua extensão.
No espaço mais central do estar, duas sancas lineares no forro,
alinhadas com a lareira, recebem perfis lineares com LEDLines
mais potentes, criando uma iluminação indireta e difusa. Essas
linhas de luz para iluminação mais geral conversam com outra
solução de grande destaque no ambiente: fitas de LED embutidas
na marcenaria da biblioteca e do bar que iluminam e adornam.
Foram utilizados alguns “olhos de Moscou” – equipamentos
com sistema óptico customizado, alimentados por lâmpadas
halógenas, os quais permitem o recorte preciso dos objetos
52 53
Áreas íntimas: à esquerda, suíte com arandelas para lâmpadas
150W / 3.000W; no centro, closet com forro iluminado por meio
de lâmpadas fluorescentes tubulares T5 14W / 3.000K acima de
tecido tensionado translúcido; abaixo, banheiro com arandelas
lineares verticais para lâmpadas halógenas 40W / 3.000K
fixadas no espelho, embutidos redondos com vidro translúcido
recuado para lâmpadas halógenas 60W e forro iluminado com
tecido translúcido como no closet.
À direita, na fachada o ritmo é marcado
por luminárias circulares “uplight” para
LED 9W / 3.000K / 10°; no centro, o
estar externo tem projetores cilíndricos
orientáveis para LED 9W / 3.000K /
25° fixados no pergolado e luminária de
sobrepor para o balcão com lâmpadas
halógenas 35W / 3.000K; abaixo, no
salão/garagem, grandes sancas
paginadas com luminárias quadradas
embutidas com difusor acrílico,
alimentadas por lâmpadas fluorescentes
tubulares T5 28W ou 14W / 3.000K.
desejados e recorte mínimo no forro – para ressaltar quadros
e objetos de maior destaque, como uma obra de Di Cavalcanti.
Complementam a iluminação ambiente embutidas orientáveis
no mesmo padrão das utilizadas no hall, destacando
os elementos decorativos.
Essa linha de ambientação e os padrões de iluminação
desenvolvidos para essa linguagem vão ocorrendo, como variações
do tema, nas áreas externas, nas suítes, no escritório e nos demais
ambientes sociais; uma rica alternância de LEDs lineares, embutidos
direcionáveis, iluminação de destaque, acrescidos de plafons e
detalhes caso a caso. No entanto, é interessante contrapor a essas
soluções e sensações as experiências distintas de alguns outros
ambientes da casa. Desde o verdadeiro salão multiuso, que é o
salão/garagem, até os ambientes menores e mais intimistas dos
closets e dos banheiros das suítes.
O branco predomina nesses ambientes. Como a necessidade é
bastante distinta (uma luz geral clara e sem sombras) e a situação
dos forros técnicos é mais generosa, a iluminação assume um
protagonismo gráfico no desenho dos tetos, criando elementos
visuais nesses ambientes mais “nus”.
Assim, o salão/garagem tem três grandes rasgos retangulares,
sancas para fluorescentes tubulares T5 combinados com oito peças
menores com difusor de acrílico fosco, também para tubulares
T5, criando uma composição dinâmica e bela e configurando um
ambiente efetivamente multiuso.
Esse tema da composição de retângulos de diferentes dimensões
repete-se no closet, onde fluorescentes tubulares T5 ficam acima
de um tecido tensionado difuso, numa composição com luminárias
quadradas de embutir sem moldura para fluorescentes compactas;
e no banheiro, onde as fluorescentes tubulares T5 acima de tecido
tensionado estão articuladas com arandelas lineares para lâmpadas
halógenas fixadas no espelho e embutidos redondos com vidro
translúcido para halógenas acima do espelho.
Assim, fica reafirmada a coesão do projeto, percorrendo um
grande número de situações bastante distintas e possibilitando
uma gama ampla de cenários, com alguns princípios claros e
elegantes adequando-se a cada caso.
RESIDÊNCIA JARDIM EUROPA
São Paulo, Brasil
Projeto de iluminação:
MS+M Associados, Ivone Magalhães Szabó
e Orlando Marques, arquitetos titulares
Debora Torii, colaboradora
Projeto de arquitetura:
Zize Zink Arquitetura
Fornecedores:
Lumini, Olho de Moscou, Wall Lamps
54 55
O convidativo pórtico rosa na entrada da loja é ressaltado por luminárias embutidas no piso, com LEDs em temperatura de cor 3.000K
iluminando de baixo para cima. O único produto em destaque na vitrine embutida na parede à esquerda é iluminado frontalmente por duas
fitas de LED de 14,4W/m / 2.700K, assim como os nichos expositores distribuídos pelas paredes da loja, nos quais as
fitas de LED foram fixadas por trás de anteparos dourados.
À esquerda, o marcante pé-direito duplo, logo após o pórtico de entrada. As calhas suspensas sob o forro contam com duas componentes de luz:
indireta, fornecida por meio de fitas de LED de 25,2W/m / 2.700K, instaladas no centro das calhas, onde não há perfuração; e direta de destaque,
por meio de projetores orientáveis com LEDs de 13W / 3.000K / 35°, que podem ser fixados em qualquer ponto das calhas, nas suas perfurações.
À direita, detalhe da iluminação para os produtos dispostos sobre a mesa expositora central. A luminária especial criada pelo Studio Iluz, com
hastes de latão dourado e cúpula de chapa metálica branca, utiliza fita e LED 7,2W/m / 2.700K direcionada para baixo.
COR, DESCONTRAÇÃO E
ELEGÂNCIA EM IPANEMA
Texto: Débora Torii | Fotos: André Nazareth
Conhecidos pelo apelo pop, moderno e jovem, os produtos da
marca Melissa ganharam um novo ponto de venda no Rio
de Janeiro. Localizada em Ipanema, a nova unidade da loja
Clube Melissa foi inaugurada no final do ano passado, apresentando
formato inovador com relação ao estilo comumente adotado pelas
lojas atuais da rede. Inspirado no formato das Galerias Melissa –
presentes em São Paulo, Nova York e Londres –, o projeto é assinado
pelo escritório carioca Ouriço Arquitetura e Design e foi iluminado pelo
Studio Iluz, da arquiteta e lighting designer Ines Benevolo.
Como na maioria dos projetos voltados ao varejo, os maiores
desafios enfrentados pela equipe de iluminação foram o prazo
apertado – apenas três meses do início do projeto à conclusão da
obra – e as limitações orçamentárias. No entanto, isso não impediu
a utilização de tecnologias que gerassem baixa necessidade de
manutenção, uma das prioridades do projeto.
Da peculiar configuração arquitetônica preexistente, cujas
vigas e pilares geravam desníveis nas paredes, surgiu a principal
característica visual do espaço: o preenchimento desses nichos com
56 57
À esquerda, a área sob o mezanino
é iluminada por embutidos circulares
com refletor pintado de dourado
fosco, equipados com LEDs
10W / 2.700K / 24°, em posição
recuada; a ambiência residencial
é complementada por abajures de
piso com lâmpadas LED 10W /
2.700K, que, para otimizar
o espaço, foram incorporados às
mesas laterais; sob a escada, os
arranjos de flores sobre o
carrinho expositor são destacados
por luminárias de mesa
articuladas, com LED 10W / 3.000K.
Ao centro, o balcão do caixa é
iluminado por três pendentes
de alumínio em forma de globo
facetado, equipados com lâmpadas
LED 10W / 2.700K; atrás do balcão,
quatro embutidos circulares
orientáveis, com LEDs 14,5W /
2.700K, iluminam o segundo plano de
trabalho de apoio. À direita, observase
a arte em destaque na parede do
mezanino e o acabamento de espelho
em sua porção superior, causando a
ilusão de que as calhas perfuradas
e o duto de ar-condicionado são
contínuos. Toda a fiação do sistema
linear de iluminação corre pelas
laterais das calhas até suas
extremidades, que abrigam todos
os equipamentos auxiliares, locais
onde propositalmente as chapas não
contêm perfurações.
caixas de sapatos revestidas de papel Kraft, mesmo revestimento
de quase todos os planos verticais e também do forro da loja. O
uso desse material e sua cor neutra viabilizaram a proposta de
realização de intervenções artísticas nessas superfícies, as quais
serão renovadas a cada seis meses, dinamizando a aparência da
loja (e remetendo ao formato das Galerias Melissa).
O tom neutro predominante também no mobiliário contrasta
com a cor rosa vibrante escolhida para os pórticos presentes na
entrada e no fundo da loja. Além de colorido, o acesso ao espaço
também foge do comum pela ausência de vitrines, uma vez que há
apenas um nicho embutido no qual é colocado o produto de maior
relevância no momento. O contraste desse pórtico, mais baixo, com
o pé-direito duplo do interior da loja é marcado por iluminação de
baixo para cima, embutida no piso.
As características diferenciadas do projeto de arquitetura
estimularam a equipe de iluminação a desenvolver diversas soluções
customizadas, a começar pelo sistema utilizado para a iluminação
geral da loja. Duas calhas na cor preta, fixadas sob o forro por cabos
de aço, permitiram a instalação tanto de iluminação indireta, por
meio de fitas de LED, fornecendo iluminação geral para o ambiente
de forma suave, quanto direta de destaque, por meio de projetores
orientáveis. De maneira a assegurar a leveza e a transparência da
solução, principalmente em razão da escolha da cor preta, o Studio
Iluz optou pela utilização de chapas perfuradas, elaborando até
mesmo o desenho da perfuração.
O predomínio de tons neutros no interior da loja permite
que o colorido dos produtos se destaque ainda mais. Dispostos,
em sua maioria, em nichos na cor preta nas paredes os calçados
são iluminados por fitas de LED em temperatura de cor 3.000K,
instaladas por trás de anteparos dourados de latão polido. Outros
itens ficam expostos sobre uma mesa central na entrada da loja,
cujo sistema de iluminação, também desenhado pelo Studio
Iluz, remete às antigas luminárias de bibliotecas, destacando os
produtos por meio de fitas de LED escondidas em uma cúpula
branca de latão pintado.
A atmosfera aconchegante, quase residencial, solicitada
pelo próprio cliente, é complementada por poltronas e abajures
de piso com cúpula de algodão cru. Em virtude das dimensões
reduzidas do espaço, a equipe de iluminação criativamente
sugeriu que essas luminárias fossem incorporadas às mesas
laterais, criando, dessa forma, mais uma peça personalizada
especialmente para o projeto.
No fundo da loja repete-se o vibrante pórtico da entrada,
emoldurando o balcão do caixa, cujo plano de trabalho é
iluminado por três pendentes decorativos em forma de globo
facetado, pintados na cor cinza. Atrás do balcão, um pano de
vidro transparente até o teto revela um inusitado jardim, uma
referência aos arranjos de flores que também são vendidos no
local, o que é outro diferencial da loja.
O mezanino, curiosamente, está localizado no centro do
espaço, de maneira a assegurar maior visibilidade do jardim
vertical ao fundo. Com revestimento similar ao do restante
da loja, as paredes naturalmente abrigam as intervenções
artísticas de mais destaque. No entanto, o encontro desses
planos verticais com o forro é revestido de espelho, causando
a ilusão de que tanto o duto central de ar-condicionado quanto
as calhas do sistema de iluminação pareçam contínuos, como
se o mezanino flutuasse sob o teto. Abaixo dele, luminárias
circulares embutidas, pintadas de dourado fosco, iluminam a
área de estar e circulação de maneira confortável, com LEDs
em posição recuada, evitando ofuscamentos.
O resultado é um espaço repleto de soluções autênticas,
elegantes, jovens e inovadoras, assim como os produtos da marca.
CLUBE MELISSA IPANEMA
Rio de Janeiro, Brasil
Projeto de iluminação:
Studio Iluz, Ines Benevolo, arquiteta titular
Renata Costa, arquiteta colaboradora
Projeto de arquitetura:
Ouriço Arquitetura e Design
Fornecedores:
Ercos, Flos, Interpam, Lumini, Reka
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O projeto de iluminação da Ótica Bolon determinou uma zona mais escura junto aos expositores verticais nas paredes, com a finalidade de
destacar sua iluminação. Na página anterior, ambiente da recepção da loja iluminado por luminárias circulares dimerizáveis sem moldura,
embutidas no forro metálico dourado para LED, com facho assimétrico 63° x 20° / 4.000K / 1.200lm. Nesta página, à esquerda,
luminárias dimerizáveis retangulares de pequenas dimensões sem moldura, para LED com facho 40° / 4.000K / 1.000lm / 10W, para
iluminação ambiente. À direita, mesa de atendimento iluminada pelas luminárias circulares com facho oval.
JOGO DE LUZ E SOMBRA
Texto: Orlando Marques | Fotos: Shuhe Architectural Photography
Desenho italiano, alta reprodução das cores, facilidade
de manutenção, durabilidade, conforto visual, proteção
UV e controle antiofuscante. Se não fossem algumas
das características qualitativas encontradas em óculos e lentes,
tais particularidades poderiam ser facilmente confundidas com
equipamentos de iluminação utilizados em premiados projetos
de lighting design. No caso da marca chinesa Bolon, esses
predicados são encontrados tanto na sua linha de produtos –
que a tornou a principal marca em seu segmento na China e a
terceira no mundo – quanto nas luminárias especificadas no
projeto de sua nova loja flagship em Xangai.
Desenvolvido em estreita colaboração entre os arquitetos do
escritório Ippolito Fleitz Group, de Stuttgart, e os do escritório
pfarré lighting design , de Munique, ambas cidades da Alemanha, o
projeto teve como principal abordagem interpretar espacialmente
a narrativa de elegância, sofisticação e consciência de moda,
atributos pelos quais a marca ficou conhecida.
Os projetos concentraram-se em apresentar os produtos
da marca de maneira iconográfica, num ambiente atraente e
singular. O projeto de arquitetura caracteriza-se pelo emprego de
revestimentos de alta qualidade e pelo desenho de mobiliário com
linhas simples. Os acabamentos dos materiais utilizados alternam
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entre altamente especulares – forro metálico dourado, mármore
e espelho – e opacos – corian branco e couro.
O projeto de iluminação, elaborado com consciência do poder
modelador da luz, utiliza cada superfície, volume e propriedade
de acabamento dos materiais para estimular a visão sem tirar o
foco do produto, ajudando, assim, a compor um espaço altamente
dinâmico e eficiente em seu propósito.
ILUMINAÇÃO DOS EXPOSITORES
A loja possui dois tipos de expositor: verticais, posicionados
nas paredes; e horizontais, no mobiliário distribuído pela loja.
O projeto dos expositores verticais baseou-se em duas
premissas: apresentar os produtos individualmente, de maneira
a conferir-lhes exclusividade; e possibilitar sua aplicação em
tamanhos diversos de paredes, o que permite que os expositores
sejam replicados em outras lojas ou quiosques da marca.
Para isso, foi criada uma composição de lâminas quadradas
intercaladas nas posições vertical e horizontal, de modo ortogonal.
O acabamento das lâminas e das paredes é de corian branco
de alta opacidade, em contraste com os demais acabamentos
especulares da loja.
Em virtude de seu caráter tridimensional, a composição
dos expositores parece saltar das paredes. Não por acaso,
essa sensação é potencializada pelo jogo de luz e sombras
produzido pelo conjunto.
O projeto de iluminação dos expositores combinou
dois sistemas: luz direta e luz indireta e difusa, por meio de
equipamentos integrados em cada uma das lâminas, na faixa
onde os produtos são expostos.
O sistema de iluminação direta – para destacar os óculos
– se dá por meio de uma luminária miniatura de LED com
lentes para facho oval, embutida na base das lâminas verticais.
O sistema de iluminação indireta e difusa foi criado para
iluminar individualmente o fundo do expositor e a base da
lâmina onde os óculos são expostos, destacando assim as
cores e as propriedades das lentes e dos óculos. O efeito
ocorre por meio da transmissão da luz no acrílico translúcido
das lâminas horizontais. Nesse caso, a fonte de luz fixada por
trás de uma das faces da lâmina, a face embutida na parede.
Para garantir a integridade do conjunto, com exceção
da face onde os óculos são exibidos e da face embutida na
parede, as demais faces das lâminas horizontais receberam
acabamento branco opaco.
O projeto de iluminação ainda procurou potencializar o efeito
de luz desses expositores, criando uma zona de sombra junto às
paredes. Essa solução, além de garantir simetria no jogo de luz e
sombras produzido pelas lâminas, evita possíveis interferências de
ogivas luminosas produzidas pelos fachos das luminárias embutidas
no forro, caso estivessem localizado próximas às paredes.
A iluminação dos expositores no mobiliário distribuído pela
loja segue o mesmo princípio dos expositores nas paredes:
iluminação difusa por meio de vidro translúcido leitoso
retroiluminado e iluminação direta de destaque por meio de
luminárias embutidas no forro.
No caso das superfícies retroiluminadas, além de destacar as
propriedades das lentes dos produtos, a luminosidade da superfície ajuda
a minimizar possíveis ofuscamentos nas cúpulas de vidro, resultado
da reflexão dos fachos de luz das luminárias embutidas no forro.
ILUMINAÇÃO DO AMBIENTE
O forro metálico dourado, outro elemento de destaque no
interior da loja, é constituído de placas retangulares de diferentes
tamanhos e composto de material altamente especular. O emprego
desse material é inspirado no conceito de uma atmosfera vibrante,
remetendo aos dias ensolarados na praia.
Com a finalidade de destacar o forro – e prover a iluminação
ambiente necessária para as funções da loja –, os designers
decidiram iluminar os pisos de mármore e carpete, que, por sua
vez, são refletidos pelo forro dourado.
Outro detalhe que visa manter a integridade visual do espaço
é a distribuição das luminárias nas placas do forro, organizadas
de acordo com a posição das placas.
Apesar de ter apenas 95m² de área, o projeto de iluminação
da loja consegue criar com sucesso diversos ambientes de luz, seja
para dar destaque aos produtos, seja pelos materiais empregados.
No mês passado o projeto foi agraciado com o prestigioso Prêmio
IF Awards 2016 na categoria Arquitetura de Interiores.
Na página anterior, à esquerda,
expositores horizontais iluminados
com o mesmo conceito dos expositores
verticais: retroiluminação e iluminação
de destaque; à direita, sala de
atendimento iluminada uniformemente
por meio de retroiluminação sobre lona
tensionada. Nesta página, à esquerda,
detalhe do mockup do projeto de
iluminação dos expositores verticais:
iluminação de destaque por meio de
luminária miniatura LED 5W / 4.000K
/ 500lm embutida na lâmina vertical
e iluminação difusa por LED 4.000K /
500-820lm embutida na parte anterior
da lâmina horizontal; à direita, desenhos
esquemáticos dos expositores.
ÓTICA BOLON
Xangai, China
Projeto de iluminação:
pfarré lighting design
Projeto de arquitetura:
Ippolito Fleitz Group
Cliente:
Xiamen Artgri Optical
Fornecedor:
Fushida Xangai
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Messe Frankfurt Exhibition GmbH Pietro Sutera
Messe Frankfurt Exhibition GmbH Pietro Sutera
Messe Frankfurt Exhibition GmbH Pietro Sutera
Divulgação OM
LIGHT + BUILDING – FRANKFURT 2016
RECALCULANDO A ROTA
A
última edição da Light + Building, em Frankfurt, Alemanha,
que ocorreu de 13 a 18 de março de 2016, teve como tema
principal “Where modern spaces come to life: digital –
individual – networked”, que investigava a relação direta entre o
indivíduo e o mundo digital, em clara referência ao atual momento
da indústria de iluminação, mais focada em tecnologia, eletrônica
e sistemas de controle do que na iluminação propriamente dita. O
tema enfatizava a iluminação no âmbito mais amplo das cidades e a
implantação de sistemas de controle que relacionam a iluminação a
outras possibilidades de gerenciamento urbano e do edifício. Também
explorava aspectos relacionados aos efeitos biológicos e emocionais
da luz sobre os seres humanos (human centric lighting).
Texto: Carlos Fortes | Fotos: Divulgação
Parece que a cada edição uma palavra – ou “tendência” –
domina a feira. Grande parte dos participantes parece focar no
mesmo mote, e este ano a palavra de ordem foi “conectividade”.
Em 2014, lançamos no ar esta questão, que o próximo passo da
indústria seria trazer respostas satisfatórias e práticas à questão
da conectividade integrada aos sistemas de iluminação. Depois
de duas, três ou quatro visitas a diferentes estandes, torna-se
repetitivo e entediante ouvir quantas funções maravilhosas podem
ser acessadas a partir de seu tablet ou smartphone; quantas outras
informações uma luminária – ou melhor, seus equipamentos
eletrônicos, LEDs e drivers – podem armazenar, facilitando (ou
complicando) a atribulada vida das pessoas. Não se fala mais em
“sustentabilidade” (não é preciso, o tema já foi esgotado em anos
anteriores, e conservação de energia já é uma realidade intrínseca
à indústria da iluminação). Agora, a “Internet das Coisas” (IoT,
de “Internet of Things”), que conecta objetos e utensílios do dia
a dia à internet, é o assunto de principal interesse.
Não existe consenso em relação aos protocolos, cada
fabricante apresenta uma solução própria, o que caracteriza o
assunto ainda como experimental. A aplicação prática depende
de sistemas que integrem diferentes produtos ou soluções,
oferecendo aos usuários liberdade de escolha e segurança na
implantação dessas novas tecnologias.
Também não se fala mais no banimento das lâmpadas
incandescentes – outra realidade que já faz parte do mercado.
Mas, curiosamente, a oferta de soluções que emulam as antigas
lâmpadas de filamento e de descarga lança um olhar nostálgico
para o segmento. Essa nova realidade provê o mercado de
excelentes soluções para retrofits e para o varejo, levando
algumas potentes indústrias de lâmpadas a redirecionarem
seu foco de atuação, dividindo-se em segmentos voltados
exclusivamente à produção de “lâmpadas de LED” ou voltados
à oferta de serviços e sistemas completos de iluminação e
controles. Este momento exige de nós, profissionais da área de
iluminação, um olhar múltiplo e crítico em direção ao futuro,
com o entendimento de uma nova linguagem das fontes
de luz como componentes eletrônicos, ao mesmo tempo
que buscamos estabelecer uma relação direta desses novos
componentes com as antigas morfologias a que o mercado
se acostumou.
A simples questão da substituição das lâmpadas incandescentes
e halógenas convencionais por bulbos de LED parece estar
resolvida. É enorme e variada a oferta de bulbos para todas as
bases, com dimerização que regula a temperatura de cor, além
da intensidade. Mesmo as lâmpadas “vintage”, de filamento de
carbono, já têm sua versão em LED dimerizado, com temperaturas
de cor em torno dos 2.000K. É claro que essas novidades são
extremamente bem-vindas, mas expõem certa crise de identidade
no atual momento da indústria.
É inegável que a evolução tecnológica da indústria da iluminação
traz inúmeros benefícios ao mercado. Não se questiona mais
se o LED será o futuro da iluminação – esse futuro já chegou, e já
sabemos disso há alguns anos. É obvio que pesquisas constantes
sempre trarão mais qualidade aos LEDs, melhorando seu desempenho,
sua eficácia e suas qualidades cromáticas. Os principais obstáculos
e desafios já foram ou estão sendo superados. A dissipação do calor
não é mais uma questão (embora ainda encontremos dissipadores
muito grandes em algumas aplicações, a maioria das luminárias
já os incorpora adequadamente ao desenho do produto). Outras
limitações, como a boa performance dos LEDs de temperatura de cor
abaixo de 3.000K, ou a baixa qualidade da luz quando dimerizada,
ou desvios em razão das limitações no espectro cromático, também
já foram solucionadas. Essas evoluções nos garantem que, sim, o
LED já é a principal fonte luminosa, e isso não é mais uma dúvida.
66 67
Messe Frankfurt Exhibition GmbH Jochen Günther
Messe Frankfurt Exhibition GmbH Pietro Sutera
Messe Frankfurt Exhibition GmbH Pietro Sutera
Divulgação Philips
É certo também que ainda existem alguns “fantasmas”
nesse processo. Os OLEDs (Organic Light-Emitting Diodes)
ainda são uma promessa. Houve muito pouca evolução desde
a sua apresentação vários anos atrás, e hoje sua aplicação na
iluminação é mínima. O que vemos, e ouvimos, é que muitas
pesquisas estão em andamento. Embora o custo já tenha
diminuído praticamente pela metade, ainda é muito alto,
tornando sua aplicação em larga escala proibitiva. O que se
veem são experimentações, com uma ou outra aplicação prática
do produto, como em algumas luminárias desenvolvidas por
Ingo Maurer já há alguns anos, ou sua aplicação na indústria
automobilística ou em telas de TV.
Outra questão que nos leva a refletir sobre essa mudança de
rumo são as respostas para a questão do controle do ofuscamento
direto. Já vemos, há algum tempo, a retomada do uso de difusores
translúcidos em luminárias pontuais ou em soluções contínuas,
com o desenvolvimento de sistemas modulares, perfis metálicos
variados, linhas luminosas retas e curvas etc. Essas soluções,
desenvolvidas principalmente a partir da facilidade que o LED
oferece para o desenho de sistemas de dimensões reduzidas
e sem sombras, reintroduziram na linguagem dos projetos de
arquitetura o uso de soluções de iluminação com a visualização
direta da fonte luminosa – no caso, os difusores de acrílico,
policarbonato etc. Houve certa quebra de paradigma após anos e
anos em que se buscava o controle total do ofuscamento direto,
ocultando-se, sempre que possível, a fonte emissora de luz ou
dotando os equipamentos de louvers e acessórios.
Essa linguagem nos dá maior liberdade de criação, tanto em áreas
internas quanto em áreas externas, e os produtos desenvolvidos
evoluem a cada ano, dotando o mercado de excelentes e variadas
soluções. As soluções para ambientes corporativos são mais livres,
após um longo período da ditadura dos refletores de alto brilho com
aletas parabólicas. Também há evolução nesse sentido; encontramos
ótimas soluções de luminárias do tipo darklight, com refletores que
otimizam a emissão da luz, garantindo até 90% de aproveitamento
da luz emitida no facho principal, e reduzem a sobra de luz fora do
facho, a chamada “luz espúria”.
As questões do controle do ofuscamento e do conforto visual
parecem reduzidas a segundo plano quando tratamos de iluminação
pública. A necessidade de desenvolver pétalas e projetores com alto
fluxo luminoso, emitido a partir de módulos de LED de pequenas
dimensões, nos impõe produtos bastante desconfortáveis visualmente.
Em 2016, o foco entre os fabricantes de luminárias para iluminação
pública foi a conectividade, apresentando sofisticados sistemas
para o gerenciamento da iluminação das cidades. Ainda há muito
a evoluir nesse caminho, e, como nos próximos anos a demanda
para substituir a iluminação das cidades por sistemas de LED será
altíssima, esperamos que a evolução dos produtos acompanhe a
evolução dos sistemas de controle. Já foi superada a limitação da
eficácia, com equipamentos de altíssimo fluxo e rendimento para
iluminação de fachadas, monumentos, estádios de futebol etc.
Variados sistemas de gerenciamento da informação permitem a
implantação de projetos com sofisticadas propostas de configuração
de cenas no âmbito urbano. Esperemos os próximos capítulos.
PELA FEIRA
Mais uma vez a LUMINI foi a representante da indústria brasileira.
Apresentou um portfólio reduzido de sua linha de luminárias decorativas,
assinadas por designers como Fernando Prado, Claudia Moreira
Salles, Guilherme Wentz e Lia Siqueira.
A portuguesa OSVALDO MATOS, empresa com expressiva
participação no mercado brasileiro já há alguns anos, apresentou
uma família de luminárias de embutir para iluminação direta, com
refletores desenvolvidos por Bartenbach GmbH com a tecnologia
Lightcore. O conjunto óptico – formado por microssuperfícies
com geometria complexa e revestido por liga de alumínio de alto
brilho, totalmente espelhado – garante precisão do facho de luz,
alto rendimento e rigoroso controle do ofuscamento. Seus fachos
de luz definidos, com aproveitamento de 90% do fluxo luminoso
no facho principal, sem desperdício de luz fora do limite dele,
diminuem consideravelmente a “luz espúria”. A empresa apresentou
ainda a linha de balizadores Tua, desenvolvida em parceria com o
arquiteto Eduardo Souto de Moura, com refletores assimétricos
que proporcionam uma distribuição ampla e uniforme de luz, sem
gerar ofuscamento.
Também de Portugal, a EXPORLUX, fundada em 1987, tem
suas indústrias localizadas em Águeda, Portugal, e no Recife, Brasil.
Sua fusão com a brasileira Light Design resultou na empresa Light
Design+Exporlux. Em parceria com o designer e arquiteto Miguel
Arruda, a empresa lançou dois novos projetos apresentados durante
a Light + Building: Tile Lighting e Acoustic Lighting.
A espanhola VIBIA segue se destacando entre as empresas que
investem em design. Da profícua parceria com Arik Levy, apresenta a
família North. Composta de uma haste ou um braço alongado de fibra
de carbono, a luminária pode ser instalada na parede, no teto ou em
uma base de piso. A combinação de diferentes elementos caracteriza
a flexibilidade da luminária, permitindo inúmeras composições. Para
áreas externas, a linha June, criação de Emiliana Design Studio,
pode ser fixada em paredes ou pendurada em árvores. Apresenta
ainda uma versão para fixação em cabos, como varais, com um
conjunto de discos antiofuscantes que proporcionam iluminação
indireta. Oferece também uma versão de mesa.
A FLOS apresentou uma extensa linha de luminárias para
áreas externas, produzida pela Ares, tradicional empresa italiana
de iluminação de interiores, recentemente adquirida pelo grupo
Flos. Para essa apresentação na Light + Building, designers foram
convidados a reinterpretar as luminárias produzidas pela Ares, com
destaque para os produtos desenhados por Piero Lissoni.
A ARTEMIDE dá continuidade a suas já tradicionais parcerias
com Ross Lovegrove, Carlotta de Bevilacqua, entre outros designers.
Como novidade apresenta uma divertida família assinada pelo
escritório de arquitetura BIG (Bjarke Ingels Group), composta de
sistema modular de elementos de iluminação lineares e curvas que
usam as letras do alfabeto como fonte de luz. Numa inédita parceria
com a Mercedes-Benz, mostra pela primeira vez o projeto Ameluna,
que propõe a interação entre o objeto luminoso e o ambiente.
A tradicional marca dinamarquesa LOUIS POULSEN, que há
cerca de um ano e quatro meses se desligou do grupo Targetti,
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3
2
1
9
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7
8
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1 – Lumini
Gamela, por Lia Siqueira
e Etel Carmona
2 e 3 – Artemide
Alphabet of Light
– Studio BIG
4 – Artemide
Ameluna – Artemide
+ Mercedes-Benz
5 e 6 – Davide Groppi
Infinito
apresentou uma nova coleção com ares de renovação. A família
Cirque, da artista gráfica sueca Clara von Zweigbergk, expressa bem
esse momento. Composta de pendentes coloridos, é inspirada no
movimento dos brinquedos de um parque de diversões, quando as
cores se fundem por causa de rápidos movimentos giratórios e são
percebidas como faixas horizontais. Oki Sato, titular do estúdio de
design japonês Nendo, propõe duas novas versões para a luminária
de mesa NJP. Nas novas versões, a luminária pode ser fixada na
parede ou apoiada no piso, como pedestal.
A TARGETTI, assim como a ERCO e outras importantes referências
no mercado, segue investindo no binômio iluminação-conectividade,
sem abrir mão de seus rígidos princípios em relação à óptica e
ao acabamento dos equipamentos. A IGUZZINI amplia a família
Laser e Laser Blade, com uma gama completa de produtos para
interiores e exteriores. Com uma grande variedade de fachos e
dimensões, oferece soluções para todos os efeitos, com refletores
e lentes produzidos com tecnologia própria (optbeans e optlens).
Referência em equipamentos para iluminação pública, a
SCHRÉDER mostra o sistema de iluminação modular Shuffle,
que traduz o conceito de conectividade e integração. É possível
integrar sistemas de controle, alto-falantes, câmeras de vigilância,
carregadores de veículos elétricos, equipamentos de sinalização
etc. Cada poste pode integrar até cinco módulos com diferentes
funcionalidades.
No segmento de automação, a LUTRON apresenta ao mercado
residencial soluções que permitem aos consumidores transformar
suas casas em locais conectados, proporcionando mais comodidade,
economia de energia e uma melhor experiência em geral. Uma das
novidades para residências apresentadas na Light + Building são os
aplicativos Lutron Connect e Lutron Connect Bridge, baseados na
nuvem. São compatíveis com os Sistemas HomeWorks® QS e Radio
RA2, que oferecem a possibilidade de controlar a iluminação da
casa a partir de qualquer smartphone ou tablet com Sistema iOS
ou Android, oferecendo acesso remoto, georreferência e suporte,
entre outras facilidades.
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7 – ERCO – Versão de
embutir para a família
de projetores Cantax
8 – ERCO – Luminária
da linha Quintessence
para áreas externas
9 – OM – Osvaldo Matos
inVision, em parceria
com Bartenbach GmbH
10 – OM – Osvaldo Matos
One, em parceria com
Bartenbach GmbH
11 – OM – Osvaldo Matos
Tua, por Eduardo
Souto de Moura
12 e 13 – ERCO
Lucy – nova linha de
luminárias de mesa
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10
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17
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21
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O novo sistema CASAMBI, com controle por Bluetooth ou
Wi-Fi, foi desenvolvido para a empresa finlandesa por dois ex-
-desenvolvedores de software da Nokia. O sistema e a interface
com o usuário são inovadores e simples. O lançamento do
produto está previsto também na versão 127V.
A PHILIPS embarcou com toda força na questão da conectividade
relacionada à iluminação pública. O programa denominado City
Touch propõe um complexo gerenciamento da iluminação urbana,
integrando controles de consumo e manutenção. No âmbito da
iluminação de interiores, apresenta um portfólio bastante variado e
atualizado, em consonância com o momento atual da iluminação.
Seu portfólio para iluminação corporativa renova-se, e os sistemas
Power Balance, luminárias com um conjunto óptico que lembra
uma caixa de ovos, e Smart Balance, com lentes prismáticas,
representam bem esse segmento. Para o mercado residencial,
apresenta o sistema de controle Dim Tone, que, ao dimerizar,
reduz a temperatura de cor de 2.700K para 2.200K. Já o sistema
Scene Switch permite o ajuste de três níveis de intensidade pré-
-programados no toque do interruptor.
A OSRAM inicia um novo ciclo em sua atuação. A empresa
divide-se em duas. A marca OSRAM alinha-se com a atual tendência
de oferecer serviços e sistemas completos de iluminação e investe
na qualidade dos produtos, tendo como fio condutor os conceitos
“human centric lighting” e “tunable white”. Já a nova marca LEDVANCE
atua de olho nos segmentos de varejo e retrofit, com uma vasta
linha de produtos que substituem as lâmpadas convencionais.
Esse novo momento da OSRAM, um dos gigantes na fabricação de
lâmpadas, reflete bem o mercado atual, sinalizando que a indústria
de iluminação como até então conhecíamos passa por uma profunda
e irreversível transformação.
14 – Exporlux – Quadri, da
família Acoustic Lighting,
por Miguel Arruda
15 – Víbia
June, criação de Emiliana
Design Studio
16 e 17 – Vibia
North, de Arik Levy
18 – Schréder
Sistema Shuffle
19 – Louis Poulsen
Cirque, por Clara
von Zweigbergk
20 – Louis Poulsen
NJP, versão de piso,
por Nendo
21 – Louis Poulsen
NJP, versão de parede,
por Nendo
22 – Flos
Camouflage, por Piero Lissoni
23 – Flos
Climber, por Piero Lissoni
18
22
23
20
72 73
PARA SABER MAIS
Apple
apple.com
Aleksandra Stratimirovic
strati.se
Athanassios Danilof
thanosdanilof.com
Aureo Lighting
T: +34 913 541 64
aureolighting.com
EILD – Encontro Ibero
Americano de Lighting Design
www.eild.org
Fernanda Carvalho
T (11) 3675 6271
www.fernandacarvalho.com.br
LEDforum 2016
ledorum.com.br
Lit Arquitetura de Iluminação
T: +55 11 24764626
lit.arq.br
Litro de Luz
litrodeluz.com
Luzinterruptus
Luzinterruptus.com
Maja Petrić Light Art
majapetric.com
MS+M Associados
T (11) 2924 2399
msmassociados.com
Pfarré Lighting Design
T +49 89 540 4143 0
lichtplanung.com
RBF - Rio Branco & Faccini
Arquitetura de Iluminação
T (21) 2527 2423
Studio iluz
T (21) 22678402
studioiluz.com.br
Studio Roosegaarde
T: +31 182 769213
www.studioroosegaarde.net
WHITEvoid
whitevoid.com
PATROCINADORES
Aureon
T (11) 3966 6211
aureon.com.br
página 17
Light Design + Exporlux
T (81) 3339 1654
lightdesign.com.br
2ª capa
Osram | Ledvance
T 0800 55 7084
osram.com.br
páginas 7, 23 e 33
Unitron
T (11) 3931 4744
unitron.com.br
página 18
E:light
T (11) 3062 7525
cynthron.com.br
página 9
Lutron
sacbrasil@lutron.com
lutron.com/latinamerica
página 13
Osvaldo Matos
T (11) 3045 3095
osvaldomatos.com.br
4ª capa
Ventana
T (11) 4596 1100
ventanabr.com
página 27
Iluminar
T (31) 3589-1400
iluminar.com.br
página 9
Luxion
T (54) 3021 0007
luxion.com.br
página 11
Steluti
T (11) 3079 7339
steluti.com.br
página 35
Itaim Iluminação
T (11) 4785 1010
itaimiluminacao.com.br
3ª capa
Omega Light
T (11) 5034 1233
omegalight.com.br
páginas 4 e 5
Stillux
T (11) 2898 9921
stillux.com.br
página 31
Lemca Iluminação
T (11) 2827 0600
lemca.com.br
página 25
Oplus Led Brasil
T (11) 5051 1942
oplusledbrasil.com
página 15
Sylvania
T (11) 3133 2430
sylvania-americas.com
página 29
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