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Na própria sexta, preparam-se para a feira de sábado <strong>em</strong> Poço Verde. E no domingo faz<strong>em</strong> a colheita para a feira de<br />
Tobias Barreto, que ocorre na segunda-feira.<br />
A <strong>família</strong> utilizam várias estratégias para garantir um espaço no mercado e vender diretamente ao consumidor, como<br />
a boa apresentação dos produtos, identificação do seu espaço de venda (banner, boletim), identificação da horta<br />
(camisa), perfil no Facebook, degustação e intercâmbios, o que atraiu o interesse de uma <strong>em</strong>issora para realização de<br />
reportag<strong>em</strong> sobre a produção de alimentos saudáveis.<br />
Para o futuro próximo, pretend<strong>em</strong> conhecer novas experiências, registrar o <strong>em</strong>preendimento, buscar parcerias para<br />
conseguir o selo de produtos orgânicos, acessar novos mercados (PAA e PNAE), melhorar os equipamentos que<br />
facilit<strong>em</strong> a produção, armazenamento, transporte e comercialização e aumentar a qualidade de vida de sua <strong>família</strong> e<br />
de cada vez mais <strong>família</strong>s consumidoras.<br />
Para finalizar a <strong>família</strong> pontua que as diversas outras culturas produzidas no sist<strong>em</strong>a, incluindo grãos, frutas, raízes,<br />
hortaliças e tubérculos, são colhidos e levados para as feiras de acordo com a oferta da produção ou encomendas,<br />
mas não há uma d<strong>em</strong>anda fixa;<br />
Os valores da tabela acima são os máximos registrados para os períodos de maior d<strong>em</strong>anda;<br />
S<strong>em</strong>pre terão duas feiras boas e duas feiras mais fracas <strong>em</strong> cada mês, e essa flutuação se dá devido ao período de<br />
pagamento dos salários da maioria dos/as trabalhadores/as de cada cidade;<br />
Os preços variam de acordo com a sazonalidade do produto. No inverno os preços no geral baixam e no verão sob<strong>em</strong>.<br />
Porém é no verão que as vendas aumentam, apesar dos preços mais altos.<br />
A quantidade maior d<strong>em</strong>andada é para a feira de Poço Verde, que é onde a clientela está consolidada. O município de<br />
Tobias Barreto é o mais exigente, pois há um grande número de moradores de outras regiões e indicam novas<br />
culturas para a <strong>família</strong> produzir (a ex<strong>em</strong>plo do alho poró, rúcula, almeirão etc.). Apesar da feira de Samambaia ser a<br />
mais recente para a <strong>família</strong> e ter uma d<strong>em</strong>anda pequena, se torna importante pois somanda à da sede do município, é<br />
de onde parte a maior da d<strong>em</strong>anda da produção da <strong>família</strong>;<br />
Biodigestor<br />
Morada e acolhida<br />
Área produtiva<br />
FAZER AGROECOLÓGIA EM<br />
FAMÍLIA<br />
TOBIAS BARRETO<br />
A vida como casal inicia-se se nos anos de 1984 para 85, ano que marcam o primeiro encontro e inicio de namoro.<br />
Após alguns meses de namoro casaram e constituíram<br />
<strong>família</strong>.<br />
Os filhos nasceram nessa sequencia: Em 1987 nasce o 1º<br />
filho, Welo, <strong>em</strong> 1989 nasce o 2° filho, Delânio. Cinco anos<br />
depois nasce Graciele a "filha mulher". Em 1997 nasce<br />
Gilderlan e <strong>em</strong> 2000 o 5º filho, Everton.<br />
O casal é de orig<strong>em</strong> camponesa e quando se conheceram e<br />
casaram moravam na cidade de Paripiranga na Bahia.<br />
Mas, desde s<strong>em</strong>pre mantiveram <strong>em</strong> maior ou menor escala<br />
o hábito produtivo e o comércio <strong>em</strong> feiras locais.<br />
Esta prática durante muitos anos ficou sob a<br />
responsabilidade de dona Valdina e filhos, já que seu<br />
Augusto, matinha atividade paralela de pedreiro e por<br />
vezes passava meses viajando, como por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong><br />
1995, ano que marca o inicio da criação de galinhas e logo após a comercialização nas feiras livres da cidade.<br />
Porém, no ano seguinte (1996) a produção e comercialização das galinhas não estava conseguindo suprir as<br />
necessidades financeiras da <strong>família</strong>, com isso Zé Augusto decide ir trabalhar de pedreiro na cidade de São Paulo,<br />
onde passa cerca de 10 meses. Essas idas e vindas de seu Augusto na construção civil durou de 1994 até 2010.<br />
No ano de 2000 a <strong>família</strong> inicia a luta pela terra e participa de um acampamento organizado pelo Movimento dos<br />
Trabalhadores Rurais S<strong>em</strong> Terra (MST) no município de Simão Dias, Sergipe. Nesse período, Zé Augusto deu<br />
continuidade aos trabalhos na construção civil e na roça, desta vez com a plantação de abóboras <strong>em</strong> terras cedidas<br />
pelo irmão de dona Valdina. A produção foi boa, porém eles enfrentaram mais uma dificuldade na<br />
comercialização: “Quando a gente estava colhendo veio um desses atravessadores de Aracaju, que comprou toda<br />
a produção de abóbora, mais pagou com um cheque, quando a gente foi no banco descontar o cheque, descobriu<br />
que o cheque não tinha fundos, procuramos a pessoa (dona do cheque), que era sogra dele, ela disse que não podia<br />
fazer nada. Nesse t<strong>em</strong>po é que foi aperreio, as coisas já estavam difíceis“, disse dona Valdina. Para pagar o<br />
prejuízo seu Zé Augusto leva seus dois filhos mais velhos para trabalhar como ajudantes de pedreiros <strong>em</strong> Salvador<br />
no Estado da Bahia.
Após 7 anos de acampamento, surgiu a oportunidade de se assentar<strong>em</strong> nas terras de uma fazenda de<br />
gado, desapropriada pelo INCRA, no município de Tobias Barreto/SE. As terras eram fracas e as chuvas<br />
não eram suficientes para uma boa produção. A <strong>família</strong> frequentava as formações na associação, onde<br />
conheceram a produção agroecológica. As casas da agrovila só foram construídas 2 anos após a conquista<br />
do lote, e <strong>em</strong> 2007 a Associação Mão no Arado de sergipe (AMASE)constrói a cisterna de 16 mil litros,<br />
através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Seu Augusto, ganha uma moto no sorteio de uma<br />
rifa e compra um terreno na cidade de Paripiranga e o serviço de pedreiro (dele e de seus filhos) rend<strong>em</strong><br />
“uns bons trocados” que os ajudou a pagar os prejuízos oriundos da produção de abóbora.<br />
Apesar de não se adaptar<strong>em</strong> na moradia <strong>em</strong> agrovila, <strong>em</strong> 2010 iniciaram uma horta agroecológica ao<br />
redor de casa. “Foi nesse t<strong>em</strong>po que eu tinha decidido que iria trabalhar só pra mim, ser patrão de mim<br />
mesmo e s<strong>em</strong> usar veneno para produzir”, diz Zé Augusto, e completa Valdina, “No inicio eu não gostei da<br />
ideia, achei que Zé Augusto estava 'endoidando', como vai sustentar a <strong>família</strong> plantando e vendendo<br />
coentro? mais com o t<strong>em</strong>po e as vendas aos poucos crescendo, eu fui achando bom”. Entendendo da<br />
importância da sua contribuição na renda da <strong>família</strong>, dona Valdina passa a vender hortaliças <strong>em</strong><br />
comunidade, transportando seus produtos <strong>em</strong> um balde. Percebendo o retorno da comercialização,<br />
diversificou mais a produção e com o crescimento das vendas, conseguiu comprar uma charrete e passou<br />
a comercializar nos povoados vizinhos.<br />
Para atender a crescente d<strong>em</strong>anda, deixou de produzir exclusivamente no quintal e implantou uma área<br />
maior no lote do assentamento. O entrave para a ampliação da produção, agora passou a ser a água. Em<br />
negociações com vizinhos, conseguiu trocar seu lote por outro que dispunha de um barramento <strong>em</strong> um<br />
riacho t<strong>em</strong>porário. Agora com a utilização dessa fonte de água, através de uma moto bomba movida à<br />
gasolina e fitas gotejadoras, conseguiu manter a horta irrigada e garantir a produção durante o ano todo o<br />
que proporcionou a inserção na feira livre do município de Poço Verde. .<br />
Acessou o recurso para infraestrutura do lote, através do PRONAF A, e com esse recurso, cercou todo o<br />
lote e montou o sist<strong>em</strong>a de irrigação (canos, aspersores e bomba elétrica de 3 CV). Além de<br />
equipamentos, teve que adquirir gado, pois estava indicado no Plano de Desenvolvimento do<br />
Assentamento (PDA). Mesmo s<strong>em</strong> aptidão pra criação de gado, aumentou o rebanho e posteriormente<br />
vendeu boa parte para comprar um carro para transportar a mercadoria para a feira. Em relação aos<br />
investimentos, no que se refere à infraestrutura hídrica da propriedade, a <strong>família</strong> conquistou uma<br />
cisterna calçadão e começou a escavar um poço, com recurso do PRONAF S<strong>em</strong>iárido. Em relação a<br />
moradia, vendeu o terreno da cidade e construiu uma casa no lote. Para aprimorar a produção, adquiriu<br />
um moto cultivador, um viveiro de mudas, construiu um minhocário e implantou outra horta. Agora estão<br />
estruturando o galinheiro, a partir de um recurso do PRONAF A/C, acessado por dona Valdina.<br />
Na unidade produtiva, é possível identificar 5 subsist<strong>em</strong>as distintos: 1. horta, viveiro e minhocário; 2.<br />
gado e seu pasto; 3. galinha e sua área de pasto; 4. Roçado de milho, feijão, batata doce, abobora e<br />
macaxeira; 5. Mata ciliar e fruteiras (agrofloresta).<br />
O principal sist<strong>em</strong>a produtivo é a horticultura, e nesse há o maior aporte de recurso, conhecimento,<br />
insumos e mão de obra, além de importantes equipamentos e mediadores de fertilidade como: técnicas<br />
alternativas de combate de pragas e doenças, minhocário, compostag<strong>em</strong>, viveiro para a produção de<br />
mudas, sist<strong>em</strong>a de irrigação, moto cultivador etc.<br />
Toda <strong>família</strong> participa do plantio e da colheita, o casal e o filho mais novo vão vender na feira, enquanto o<br />
outro filho do casal fica cuidando da horta. Este ultimo é o responsável pelas inovações no manejo<br />
agroecológico, que conhece a partir de pesquisas na internet.<br />
Além da feira do município de Poço Verde, a produção atende as feiras da sede do município de Tobias<br />
Barreto e o distrito de Samanbaia. Cada freguesia t<strong>em</strong> suas peculiaridades nas suas d<strong>em</strong>andas, mas o<br />
carro chefe ainda é o alface, seguido do coentro e depois o couve. Estes dados são observados e<br />
considerados na hora de planejar os canteiros e colher a produção. De acordo com Gildelan (filho mais<br />
velho que ainda mora na propriedade), a colheita é feita a partir do seguinte planejamento:<br />
Ainda de acordo com Gildelan, a produção de cada uma das três principais culturas é feita <strong>em</strong> 6<br />
canteiros com 10 metros de comprimento cada, sendo que há s<strong>em</strong>pre um canteiro livre e um pronto<br />
para a colheita. Desta forma, ficam s<strong>em</strong>pre 3 canteiros <strong>em</strong> desenvolvimento, 1 canteiro sendo colhido<br />
e outro sendo s<strong>em</strong>eado. A logica da colheita segue o calendário das feiras s<strong>em</strong>anais. O trabalho de<br />
produção é diário e o preparo para as feiras se iniciam na quinta-feira com a colheita dos produtos<br />
para a feira de Samambaia que ocorr<strong>em</strong> na sexta.