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JUREMINHA

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DESAFIOS:<br />

O grupo aponta dois desafios a serem superados. Um é a necessidade de capacitação para diversificar e qualificar a<br />

produção.<br />

Bem como trabalhar melhor a gestão e criação de uma logomarca.<br />

Mesmo em face desses e de muitos outros desafios a serem superados, elas deixam os seguintes conselhos:<br />

Sempre recebemos mais palavras que desanima a gente. Principalmente dos<br />

maridos, mas quando a gente tem um sonho tem que perseverar, não pode<br />

desistir, mesmo que o marido diga não. O meu é de comprar uma máquina pra<br />

mim, e vou conseguir ( Naide)<br />

O grupo além de ajudar com algum ganho, ajuda a ocupar a mente. É melhor que<br />

ficar por aí só e procurar uma depressão. Né? (Ronalda)<br />

Quanto mais as pessoas lhe disserem pra não fazer, aí é que você deve ir e fazer<br />

pra mostrar que é capaz. (Alda)<br />

Parte do grupo e dos produtos<br />

PORTO DA FOLHA / SE<br />

Entre linhas e fitas um bordar<br />

Dona Ronalda, bordando em Ponto Cruz<br />

de vida coletivo<br />

Viver é um rasgar-se e remendar-se.<br />

Guimarães Rosa<br />

No Semiárido brasileiro todos os dias as mulheres se lançam a novos<br />

desafios. Para muitas não há tempo para choros ou lamentos, mas<br />

sempre há o desafio posto e imposto da luta cotidiana para o seu<br />

protagonismo.<br />

Assim na comunidade Jureminha, município de Porto da Folha/SE,<br />

um grupo de mulheres, mães, avós e filhas, resolveram tomar para si<br />

as linhas de suas vidas e costurar uma história coletiva. Bordando<br />

sonhos e alimentando o protagonismo e a independência feminina.<br />

O que chama atenção no grupo é a auto-organização. Uma iniciativa<br />

com total ausência de assessoria, bem como as estratégias para a<br />

capacitação no oficio de corte e costura, bordado e gestão.<br />

O Grupo de Mulheres do Jureminha foi um sonho alimentado<br />

inicialmente por Dona Alda, uma espécie de animadora do grupo, e<br />

depois tomado nas mãos por mais 20 mulheres da comunidade.<br />

O INÍCIO<br />

A data que marca a consolidação do grupo é 14 de Setembro de 2013, ano em que uma parte das mulheres se juntou e<br />

financiou a primeira capacitação, artesanato em fitas. Cada uma colaborou com o valor de R$ 50,00, para compra de<br />

material e pagamento da monitora, além do deslocamento até a comunidade vizinha, Lagoa da Volta.<br />

Logo depois conquistaram em parceria com Associação comunitária e o SENAC uma capacitação em corte costura e<br />

algumas máquinas de costura. Ao total foram capacitadas 40 mulheres da comunidade.<br />

Passadas essas duas formações o grupo resolveu que iriam investir na produção e para tanto iniciaram uma espécie<br />

de cooperativismo e cada uma investiu R$500,00, o valor total foi todo investido em compra de materiais.<br />

PorÉm como não tinham um plano de negócios e nem uma demanda de comercialização, muitas desistiram e o valor<br />

teve que ser devolvido. O que exigiu daquelas que ficaram repensar as estratégias para não deixar o grupo se acabar<br />

e devolver o recurso às antigas companheiras de negócio.<br />

“Nos tínhamos um sonho tão grande, maior que esse prédio. Mas hoje ele esta<br />

meio assim, mas estamos lutando pra ele não morrer”. Desabafa dona Alda.


Dona Alda comercializando em Poço Redondo<br />

Caravana Agroecológica<br />

COMERCIALIZAÇÃO<br />

Em maior ou menor escala a comercialização tem<br />

contado com apoio de amigos, amigas, parente e<br />

claro as próprias envolvidas.<br />

No início tiveram mais pontos de vendas<br />

chegaram a comercializar em Monte Alegre de<br />

Sergipe e em Aracaju, além da sede do município<br />

de Porto da Folha, pois conseguiram uma banca<br />

da Ação Social e participavam de uma feira, mas<br />

com o tempo a feira foi mudada de local e se<br />

tornou inviável.<br />

Atualmente o grupo mantem somente o apoio<br />

familiar em Aracaju e na própria comunidade., e<br />

esporadicamente em feiras e exposições<br />

organizadas por movimentos sociais e<br />

secretarias de inclusão sociais do Estados e<br />

município.<br />

A PRODUÇÃO<br />

O grupo atua em duas linhas de produção: Cama,<br />

mesa e banho e peças intimas.<br />

Chegam a produzir por mês aproximadamente 700 peças íntimas. Em relação aos produtos de cama,<br />

mesa e banho sofrerem uma grande variação, pois trabalham com várias modalidades e por pedidos, e<br />

isso não tem como calcularem uma média por mês.<br />

“Nossa identidade é o artesanato, mas economicamente o nosso maior ganho é<br />

com as calcinhas”, afirma Ronalda, umas das integrantes do grupo.<br />

DIVISÃO DO TRABALHO, CUSTO DE PRODUÇÃO E REMUNERAÇÃO DO TRABALHO<br />

Atualmente o grupo conta com 17 mulheres, sendo 06 que compõe o grupo permanente e 11 agregadas.<br />

As agregadas são filhas, e até mesmo algumas mulheres que integraram o grupo inicial, mas que<br />

colaboram com serviços quando há pedidos que extrapola a capacidade produtiva do grupo.<br />

O trabalho é remunerado por peça trabalhada, de acordo com as tabelas a seguir. As peças íntimas tem<br />

variedade apenas no preço de comercialização, que vai de R$ 2,00 para peças infantis e R$ 4,00 reais peça<br />

adulta<br />

Parte do capital de giro investido<br />

Atualmente o grupo esta na fase de remunerem apenas o trabalho, pois devido as devoluções às<br />

desistentes, ainda não foi possível acumular uma margem de lucros.<br />

Contudo, pelo planejamento, em Junho conseguirão quitar o ultimo débito que é de R$250,00 e<br />

começarão a pensar novas estratégias de divisão dos ganhos.<br />

No tocante as peças de cama, mesa e banho o grupo trabalha com três variedades de bordados: fita, russo<br />

e ponto cruz.<br />

Parte do Capital Giro<br />

CAPITAL DE GIRO E<br />

EQUIPAMENTOS<br />

Apesar de todos os tombos de um<br />

grupo que se lança ao desafio de<br />

iniciar um negócio sem ter muita<br />

habilidade, o grupo tem montado uma<br />

estratégia que tem possibilitado<br />

quitar a dívida inicial junto ao grupo<br />

desistente e ampliar o capital<br />

investido, passando de R$ 3 mil para<br />

R$ 8 mil, porém todo investido em<br />

material.<br />

Com os recursos das produções e<br />

ajuda de familiares o grupo comprou<br />

três máquinas, e montou um pequeno<br />

espaço na comunidade onde chamam<br />

ponto de apoio do grupo, onde<br />

costuram, conversam e se fortalecem<br />

na caminhada.<br />

RELAÇÃO COM OS DESAFIOS DA<br />

COMUNIDADE<br />

Embora a associação comunitária não<br />

seja de mulheres, todas fazem parte<br />

da associação e portanto, colaboram<br />

com a superação de alguns desafios.<br />

Atualmente, uma parte integra o<br />

Programa Sementes do Semiárido e<br />

tem assumido a tarefa de fortalecer o<br />

debate sobre a questão das sementes<br />

crioulas na comunidade.

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