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Em 2015, a família tem acesso ao projeto do Biodigestor, patrocinado pela Petrobras e governo federal, com<br />

realização do CDJBC.<br />

MONTE ALEGRE DE SERGIPE/SE<br />

“O biodigestor é uma das tecnologias mais importantes para o Semiárido, além de ter<br />

o biogás, eu tenho um bem precioso que é o biofertilizante, ajudou muito e agregou<br />

demais na minha terra”.<br />

Mesmo com toda tecnologia de captação e estocagem da água que armazena 235 mil litros de água, o que<br />

corresponde a 235 M³, ainda é necessário comprar água, chegando a cerca de 800 mil litros de água ano, totalizando<br />

R$ 500,00 com a compra d'água.<br />

Das 14 tarefas iniciais, a família possui apenas nove tarefas. Mesmo com a venda de parte da terra, a família mantem a<br />

agrobiodiversidade capaz de suprir as demandas da família.<br />

ESTRATÉGIAS DE ESTOCAGEM E<br />

APROVEITAMENTO DA ÁGUA<br />

No Semiárido Sergipano, mais precisamente na comunidade Lagoa do Roçado, municıṕio de Monte Alegre de<br />

Sergipe, na chácara Deus é Fiel, vivem Dona Geane, seu esposo <strong>Alcides</strong> e seus filhos Mylena, Michelle e Isaac.<br />

“Somos funcionários públicos, temos um salário razoável que dá para viver, mas<br />

nunca vamos deixar de produzir nossos alimentos, pois, sabemos como são<br />

produzidos e sabemos o que estamos comendo, além de agregar valores a renda da<br />

nossa família”<br />

Foto da Família<br />

Até o ano de 1991, <strong>Alcides</strong> trabalhava vendendo sua mão de obra na agricultura em propriedades rurais nas<br />

proximidades da comunidade. Em meio a tantas adversidades aquela época, com destaque para a chegada dos<br />

agrotóxicos, sementes transgênicas, entre outras práticas que contrariava o que ele acreditava, <strong>Alcides</strong> seguiu firme<br />

nos ensinamentos traduzidos dos seus pais, colocando em prática a agroecologia, que, até então, era desconhecida a<br />

partir das suas compreensões.<br />

Dona Geane e Seu <strong>Alcides</strong> nasceram na mesma casa, cresceram na mesma comunidade e lá também se casaram no<br />

ano de 1992. De lá para cá, muitos desafios foram lançados. Começaram a arrendar terras para plantio de milho,<br />

feijão e palma. Com a colheita dos grãos, eles conseguiam guardar recursos para a realização da compra do tão<br />

sonhado terreno.<br />

Em 1994, Dona Geane e <strong>Alcides</strong> conseguiu ingressar no serviço público da prefeitura municipal de Monte Alegre de<br />

Sergipe, ocupando o cargo de serviços gerais e professor do ensino fundamental, profissões que exercem até os dias<br />

atuais, porém não deixaram de cultivar nas terras arrendadas. Com os lucros obtidos através das safras, eles<br />

conseguiram, em 1996, adquirir a casa própria na mesma comunidade. A atividade de arrendamento, que durou 15<br />

anos, garantiu que a família também adquirisse cinco marrãs e um carneiro. Com a comercialização desses animais, a<br />

família adquiriu uma vaca prenhe e um bezerro. No decorrer dos anos, a família conseguiu obter cerca de 10 cabeças<br />

de gado, vendendo as mesmas depois. Em 2008, adquiriu 14 tarefas de terra, onde todo o sonho começou a se<br />

concretizar - o acesso a tão sonhada terra.


No ano de 2011, seu <strong>Alcides</strong> conheceu o Centro Dom Jose Brandão de Castro – CDJBC, e a partir daí,<br />

conheceu também a Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA. Ele participou de momentos de formação<br />

e construção do conhecimento e ainda em 2011, conquistou uma cisterna calçadão, que ajudou a família a<br />

ter um novo olhar para com o Semiárido, somando-se aos conhecimentos já acumulados e aos<br />

conhecimentos adquiridos a partir dos espaços de atuação da ASA.<br />

Após a chegada da cisterna calçadão, seu <strong>Alcides</strong>, com um pensamento audacioso, juntamente com a sua<br />

família, traça o objetivo de chegar a Um Milhão e Duzentos Mil Litros de água estocada. Com isso, ele<br />

amplia as tecnologias para captação e armazenamento de água da chuva e constrói, com recursos<br />

próprios, uma cisterna de 16.000 mil litros, uma barragem e um barreiro.<br />

<strong>Alcides</strong> formou-se em Pedagogia no ano de 2004 e Dona Geane formou-se em Letras no ano de 2008,<br />

trazendo mais possibilidades na melhoria de vida da família.<br />

Segundo <strong>Alcides</strong>, as terras adquiridas em 2008 estavam completamente degradadas. Assim que a família<br />

adentrou na propriedade, tratou logo de cerca-la e recuperar o solo. Com a ajuda da vizinhança,<br />

conseguiram recolher 22 toneladas de esterco bovino e com o apoio da Empresa de Desenvolvimento<br />

Agropecuário de Sergipe – EMDAGRO, o casal conseguiu adquirir três toneladas de pó de rocha. Após o<br />

processo de recuperação do solo, a família plantou milho, feijão e palma. Com a safra do milho, eles<br />

conseguiram colher 270 sacos, considerando as nove tarefas plantadas, sendo uma média de 30 sacos<br />

por tarefa.<br />

Pisterna de 42 Mil litros<br />

Vista geral da propriedade<br />

Com sua sabedoria e percebendo a importância de<br />

traçar estratégias para melhor convivência com o<br />

semiárido, com foco na estocagem de água para<br />

produção de alimentos e criação de animais, despertou<br />

na família a necessidade de estruturar a propriedade<br />

para potencializar esse pensamento audacioso. Iniciou<br />

a construção de uma pisterna (piscina + cisterna) com<br />

recursos próprios a partir da ideia sugerida por suas<br />

filhas Michelle e Mylena, com uma capacidade de<br />

armazenar 42 mil litros de água, espaço esse que serve<br />

não apenas para a irrigação dos vegetais e consumo dos<br />

animais, mas também para alguns momentos de lazer<br />

da família, trazendo novas possibilidades de ampliação<br />

das alternativas viáveis para melhoria da qualidade de<br />

vida familiar.<br />

Em 2013, a família inicia a construção da casa na<br />

propriedade, o que possibilitou a mudança da sede<br />

da comunidade para se viver mais próximo à<br />

natureza. Para poder dar continuidade à construção<br />

da casa, eles tiveram que vender a primeira casa<br />

deles e garantir recurso para o pleno andamento da<br />

obra.<br />

Em sua trajetória, <strong>Alcides</strong> relata que dois momentos<br />

foram marcantes em seu processo de aprendizado<br />

em convivência com o semiárido: O VIII ECONASA,<br />

em 2011, e o 3º Encontro Nacional de<br />

Agricultores/as Experimentadores/as em 2013.<br />

Cisterna de 52 Mil litros com reaproveitamento de água<br />

com capacidade de 16 Mil litros<br />

“Lá eu pude me enxergar de verdade, fiquei mais<br />

próximo dos agricultores/as dos outros estados, lá<br />

partilhei sementes que até hoje tenho, lá eu pude fazer a verdadeira partilha e tenho certeza que<br />

minhas sementes estão sendo reproduzidas em outros estados”.<br />

Em 2013, a família constrói, com recursos próprios, mais uma tecnologia de reuso da água utilizada nas<br />

atividades domésticas para irrigação do pomar, com gasto diário de 400 litros diários, 1500 litros por<br />

semana e 6000 litros mês.<br />

Outra conquista foi a chegada da casa de sementes comunitária em 2013, que potencializou o que a<br />

família fazia há anos, a preservação das sementes crioulas, possibilitando um armazenamento mais<br />

adequado e com mais perspectivas para multiplicação das mesmas.<br />

Na área de produção agroecológica, diversos vegetais<br />

foram plantados para garantir a segurança alimentar<br />

da família; animais de pequeno e médio porte foram<br />

se reproduzindo e ganhando tal importância, pelo<br />

simples fato de perceber que o consumo de água é<br />

bem menor e adaptação ao clima do semiárido<br />

também é favorável, o que reafirma o pensamento de<br />

se estocar água e garantir uma sustentabilidade para<br />

sua família e sua propriedade.<br />

Criação de animais de pequeno e médio porte

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