Boletim_A4_4páginas_ENAE_Asa Pedro Menezes
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“Esse movimento nos trouxe vários ganhos. Conseguimos descobrir vários talentos a cerca do cordel, além<br />
nos organizarmos para manter um fundo que nos garanta a propaganda e a publicação dos materiais<br />
produzidos.”<br />
Além das riquezas que fazem parte do Recanto da Serra, Seu <strong>Pedro</strong> é beneficiado com os programas sociais<br />
da ASA, a partir do Programa Um Milhão de Cisternas – P1MC. Conquistou uma cisterna de 16 mil litros no<br />
ano de 2003 e a água dela auxilia na sua casa e no restaurante que faz parte do espaço.<br />
Seu <strong>Pedro</strong> tem um boletim contando a história da sua propriedade e, segundo ele “os boletins foram<br />
significativos, pois o boletim tem um valor sentimental - foi com eles que eu consegui divulgar o Recanto da<br />
Serra, na comunidade, nas feiras”.<br />
No recanto existe um viveiro comunitário para produção de mudas conquistado em 2014 a partir do<br />
Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2. É no viveiro que Seu <strong>Pedro</strong> <strong>Menezes</strong> consegue produzir as<br />
mudas com ajuda de algumas pessoas da comunidade. As mesmas mudas servem justamente para garantir<br />
a multiplicação de espécies, desde as arbóreas, frutíferas às forrageiras, não só para sua área, mas também<br />
para toda a comunidade.<br />
As dificuldades enfrentadas por Seu <strong>Pedro</strong> não o desanimam, pelo contrário, só fazem com que ele se<br />
preocupe cada dia mais em transmitir a história do seu povo para as pessoas que visitam o local, pois para<br />
ele, o ganho é moral, social e ambiental.<br />
TOBIAS BARRETO/SE<br />
CULTURA E TURISMO RURAL NO<br />
RECANTO DA SERRA<br />
“Era campos, hoje Tobias,<br />
Digo com precisão.<br />
Cidade maravilhosa, de povo com educação<br />
Na divisa com a Bahia, bordados feitos à mão.<br />
Terra de Epifânio Dória, do poeta Tobias.<br />
De Aderbal Correia, do saudoso Azarias<br />
Desse <strong>Pedro</strong> <strong>Menezes</strong> que vos fala,<br />
De João e de Marias.”<br />
Morador da comunidade Jacaré, localizada há 23 quilômetros do município de Tobias Barreto - SE, Sertão<br />
Ocidental Sergipano, <strong>Pedro</strong> <strong>Menezes</strong> traz no sangue o cordel e a cultura da sua região, além do respeito ao<br />
meio ambiente.<br />
Construção da Biblioteca Reciclada<br />
Área de Lazer do Recanto da Serra<br />
“Se hoje eu tivesse preocupado principalmente com o lucro financeiro eu abriria pro cara colocar um carro<br />
de som, pro camarada tocar qualquer tipo de música. Mas aqui não, aqui tem um público, são escolas,<br />
igrejas, associações e pessoas que entendem e reconhecem o nosso trabalho”.<br />
<strong>Pedro</strong> <strong>Menezes</strong><br />
Filho do tropeiro Antônio Rocha <strong>Menezes</strong>, Seu <strong>Pedro</strong> cresceu vendo seu pai que hoje tem 95 anos e<br />
companheiros tropeiros passarem pela região, vindos do sertão sergipano com destino a cidades vizinhas<br />
como Itabaianinha, Boquim, Poço Verde e outras, na divisa com a Bahia, para adquirir mercadorias na<br />
estação ferroviária e transportar em bois e burros. Após a morte da sua mãe, <strong>Pedro</strong> decidiu buscar suas<br />
raízes e conhecer um pouco da sua história e da sua família.
Ao resgatar a história e perceber a riqueza cultural e as belezas naturais que habitavam na região<br />
que nasceu, <strong>Pedro</strong> decidiu em 2001 tornar a propriedade um ambiente para visitação. Em 2008,<br />
o local conhecido como “Recanto da Serra”, foi aberto ao público, podendo ter a visita de turistas<br />
ou pessoas da comunidade que quisessem conhecer.<br />
Além do museu, <strong>Pedro</strong> construiu dois chalés com dormitórios para os turistas; a bodega do<br />
tropeiro, com objetos e bebidas dos tropeiros; um restaurante; chalés para passar a noite; um<br />
lago; e a visitação da trilha dos tropeiros, local por onde seu pai e os tropeiros passavam para<br />
chegar a outras regiões. Nessa trilha, encontra-se a cova do tropeiro (um dos tropeiros que<br />
faleceu e foi enterrado no local), a Arvore Cara de Gente, a Raiz Gigante, a Árvore Furada, a<br />
barriguda e árvores em extinção. O local possui ainda um parque infantil reciclado, banho de<br />
bica, passeio de charrete, piscina e uma pequena quadra de areia, para momentos de lazer.<br />
Por ser uma região de caatinga, <strong>Pedro</strong> tenta ao máximo preservar o bioma. Segundo ele, existe<br />
mais área preservada do que área devastada. Em todo o espaço, vemos pés de frutas, como<br />
umbuzeiro, jenipapeiro, e vegetação nativa da caatinga, como juazeiro, angico, cedro, Peroba,<br />
pau pereiro, entre outras. Os animais também são preservados no local, tendo até jacaré,<br />
camaleão, peru, pavão e criação de galinhas caipiras.<br />
Entrada do Recanto da Serra<br />
O local possui o Museu Dona Maria, que leva o nome de sua mãe Maria Correia, e é uma adaptação<br />
da casa que a sua família morava. O museu contém objetos familiares, dos tropeiros que<br />
passaram por lá e de pessoas da região, contendo inclusive, documentos históricos de Lampião e<br />
peças que ele utilizava como uma colher que ele usava para conferir na comida se a mesma<br />
estava envenenada. Vale destacar que no museu existe uma televisão do ano de 1950 que entrou<br />
para história na região ao passar a transmissão da primeira telenovela do Brasil, em 1952. A<br />
Televisão foi uma doação de uma pessoa do próprio município. Com isso o museu traz traços<br />
marcantes e da história Brasileira, o que faz os visitantes voltarem no tempo e conhecer parte<br />
dos momentos vivenciados em anos anteriores, sobretudo da região Tobiense.<br />
Área externa e interna do Museu D. Maria<br />
Lago presente no Recanto da Serra<br />
O processo de divulgação do local ainda está em andamento, mas grande parte dos visitantes são<br />
os próprios moradores da comunidade e adjacências, principalmente das escolas. Cerca de mil<br />
visitantes já conheceram o Recanto da Serra. Além de valorizar a cultura, Seu <strong>Pedro</strong>, por ser<br />
historiador, tenta sempre incentivar a comunidade a resgatar a história do seu povo e a cultura<br />
do local.<br />
E para auxiliar nesse processo, Seu <strong>Pedro</strong> começou<br />
a produzir cordéis contando a história da<br />
comunidade, dos tropeiros e do turismo da região.<br />
Em 2008 surge o movimento cordelista que tem<br />
como precursor o próprio <strong>Pedro</strong> <strong>Menezes</strong>, aliado a<br />
outros profissionais que foram surgindo em cinco<br />
cidades do vale do Rio Real (Tobias Barreto,<br />
Itabaianinha, Tomar do Geru, Riachão Do Dantas e<br />
Cristinápolis). Eles mantêm um fundo que consiste<br />
em guardar recursos advindos da comercialização<br />
dos cordéis, artesanatos e das visitações ao<br />
Recanto da Serra, além da comercialização de<br />
alimentos, em que a cada R$ 5,00 é guardado R$<br />
1,00.<br />
Cordéis produzidos por Seu <strong>Pedro</strong>