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MCP _ Boletim_A4_4páginas_ENAE_Asa (1)

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As sementes são, geralmente, comercializadas via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) modalidade sementes,<br />

que já comprou mais de 1000 toneladas de sementes produzidas pelo movimento em Goiás, possibilitando o avanço<br />

na autonomia camponesa dos que recebem este material genético.<br />

O movimento realiza, também, uma parceria com a Embrapa para realização de capacitações sobre seleção massal de<br />

milho e feijão, garantindo que os camponeses tenham os seus bancos individuais de sementes com as melhores<br />

sementes de toda a lavoura, possibilitando uma lavoura melhor a cada ano e produzindo sementes de qualidade.<br />

Esta parceria com a Embrapa também tem se dado na construção de ensaios comparativos participativos, que tem<br />

como objetivo avaliar o desenvolvimento de diversas variedades de sementes, além de contribuir no processo de<br />

resgate das sementes crioulas que os camponeses sergipanos já guardam.<br />

Hoje o movimento possui lavouras comunitárias e lavouras individuais de sementes crioulas e pretende ampliar a<br />

sua produção, possibilitando que as sementes crioulas sejam entregues a mais e mais camponeses.<br />

Com este trabalho, o <strong>MCP</strong> tem contribuído com o Grupo de Trabalho de Agrobiodiversidade da Rede Sergipana de<br />

Agroecologia (RESEA), que tem como desafio, entre tantos outros, a construção de uma Lei Estadual de Sementes<br />

Crioulas que garanta que o estado separe recursos para a realização de capacitações sobre o tema, assim como<br />

possibilite a viabilidade dos bancos de sementes doando materiais de armazenamento das sementes e que compre a<br />

produção camponesa para distribuir para outros camponeses.<br />

No final de 2015, na ocasião do II Encontro Sergipano de Agroecologia, a experiência de sementes crioulas de Sergipe<br />

foi batizada como “SEMENTES DA LIBERDADE”. O <strong>MCP</strong> tem contribuído nesta construção pois acredita que as<br />

sementes são um patrimônio dos camponeses e camponesas e tem que estar a serviço dos povos para a garantia de<br />

uma produção de alimentos saudáveis para toda a população brasileira, gerando renda e qualidade de vida para os<br />

povos do campo.<br />

“SEMENTES, PATRIMÔNIO DOS POVOS, A SERVIÇO DA HUMANIDADE”<br />

Diversidade de sementes armazenadas<br />

Sementes de Milho (pós Colheita)<br />

CRISTINÁPOLIS<br />

Movimento Camponês Popular<br />

com foco no Banco de Sementes<br />

O Movimento Camponês Popular (<strong>MCP</strong>) surge há mais de 08 anos atrás no<br />

estado de Goiás, e em 03 de agosto de 2008 é batizado. Ele nasce da fidelidade<br />

dos camponeses e das camponesas em assumirem sua missão de produzir<br />

alimentos saudáveis para o seu consumo e para o povo brasileiro. Com<br />

objetivos de buscar a produção diversificada de alimentos saudáveis para a<br />

garantia da soberania alimentar e popular, com autonomia e respeito a<br />

biodiversidade, à identidade e à diversidade camponesa; mobilizar, organizar<br />

e reunir as famílias camponesas; lutar pela construção de uma sociedade sem<br />

exploração; aliar-se a outros trabalhadores e trabalhadoras na luta por seus<br />

interesses econômicos, sociais e políticos e buscar a construção de um Projeto<br />

Popular para o Brasil. É um movimento camponês, popular, de massa, de<br />

militantes, organizado em grupos de base, autônomo, de luta e que é regido<br />

pelos princípios e valores socialistas.<br />

O <strong>MCP</strong> entende a importância de um movimento organizado e forte. Se não existir qualidade na união, mesmo com<br />

muita gente não é possível mudar a situação de opressão sofrida pela classe camponesa, o povo não avança para<br />

melhorias na condição de vida e será sempre manipulado pelo sistema capitalista. Essa organicidade é a estrutura<br />

que sustenta todo peso das lutas de esquerda. O <strong>MCP</strong> se organiza da seguinte forma: Grupos de base, coordenações<br />

municipais, coordenações regionais, coordenação estadual e coordenação nacional.<br />

Os princípios e valores são as convicções que servem como norte para definir o que uma organização quer ao longo<br />

das lutas. Os do <strong>MCP</strong> são: Dignidade e protagonismo das pessoas; Equidade de gênero; Organização nacional<br />

camponesa; Coordenação coletiva; Produção de alimentos saudáveis; Mística; Articulação política e solidariedade;<br />

Orientação socialista; Auto sustentação financeira; Avaliação e planejamento; divisão de tarefas; disciplina<br />

consciente; Estudo; Vinculação com a base.<br />

Após 6 anos de lutas e conquistas o <strong>MCP</strong> coloca para si mesmo a necessidade de se expandir, visando garantir a<br />

ampliação das lutas camponesas, assim como fortalecer a organização do campesinato, garantindo conquistas,<br />

melhorias na qualidade de vida dos camponeses, soberania alimentar para a nação e avanços na construção de um<br />

projeto popular para o Brasil. Assim, o movimento avança para a sua construção no nordeste brasileiro, indo para os<br />

estados de Sergipe, Piauí e Bahia.<br />

Em Sergipe o movimento chega em novembro de 2014 para os primeiros passos de uma grande jornada, conhece o<br />

estado em dois territórios, no Sul e Baixo São Francisco. Mas foi no território Sul que o movimento firmou seus pés.<br />

De início, Tomar do Geru foi o município que o <strong>MCP</strong> desenvolveu os primeiros trabalhos com os camponeses, logo em<br />

seguida Itabaianinha, Cristinápolis, Santa Luzia Itanhy e recentemente Lagarto.


Hoje o banco é gerido pelos camponeses que produziram as sementes que lá estão, sendo que as tomadas<br />

de decisão são feitas em reunião envolvendo estes. Como a quantidade de sementes que há no banco<br />

ainda é pequena, este grupo decidiu que estas sementes deveriam ser entregues, preferencialmente,<br />

para quem tivesse como intenção produzir sementes crioulas.<br />

Esta decisão veio por conta da necessidade de se ampliar o trabalho com as sementes crioulas realizado<br />

pelo movimento para outros camponeses e municípios, que, para isto, necessita de uma maior<br />

quantidade de sementes.<br />

Quando ocorre a distribuição das sementes, aquele que recebe se compromete não apenas a produzir<br />

novas sementes de qualidade, mas também a devolver para o banco a mesma quantidade de sementes<br />

que recebeu, além das suas próprias sementes poderem, também, serem armazenadas no banco<br />

comunitário onde, com a posterior comercialização, o retorno financeiro é garantido ao guardião.<br />

Roda de Conversa dos/as Camponeses/as<br />

No estado, o <strong>MCP</strong> tem trabalhado a questão das sementes crioulas junto aos camponeses como forma de<br />

ampliar a autonomia dos camponeses. Além das sementes, a luta por moradia camponesa,<br />

empoderamento das mulheres e da juventude na sociedade, acesso a água, produção camponesa de<br />

alimentos saudáveis, comercialização da produção e geração de renda e participado das diversas lutas<br />

unitárias que tem ocorrido nos últimos meses construídas pela Frente Brasil Popular.<br />

Como linha nacional o movimento trabalha com Lavouras comunitárias voltada para auto sustentação do<br />

movimento como forma de contribuição para a base e coordenações. São trabalhos coletivos feito pelos<br />

militantes e agricultores.<br />

O trabalho do <strong>MCP</strong> com as sementes crioulas em Sergipe iniciou com a vinda de sementes crioulas<br />

produzidas pelo próprio movimento no estado de Goiás. Isto possibilitou que diversos camponeses do<br />

sul sergipano pudessem realizar o plantio destas sementes, comprovando a viabilidade desta.<br />

Por conta da falta de estrutura para o armazenamento adequado das sementes, o movimento não<br />

conseguiu construir um banco de sementes maior do que o que possui hoje, localizado no assentamento<br />

são Francisco, município de Cristinápolis.<br />

Este banco possui hoje cerca de 2 toneladas de sementes de 4 variedades de milho (ribeirão, taquaral, sol<br />

da manhã, asteca) e 5 variedades de feijão (carioca, roxinho, rosinha, feijão de porco e feijão guandu).<br />

Como não possuía recurso para a aquisição de materiais de adequados para o armazenamento das<br />

sementes, estas foram armazenadas em uma caixa d'água de 1000L e em garrafões de água mineral de<br />

20L.<br />

Para identificação de cada garrafão foi preparado um adesivo que é colado em cada um deles,<br />

identificando: guardião e/ou guardiã de semente, município, povoado, espécie, variedade, safra, peneira<br />

e peso. Este método de identificação permite uma melhor organização do banco de sementes e uma<br />

melhor compreensão dos camponeses que irão receber as sementes, assim como permite que os<br />

guardiões vejam o fruto do seu trabalho.<br />

Há no banco de sementes 2 máquinas classificadoras, que são fruto de uma parceria realizada com a<br />

EMDAGRO, onde as maquinas foram cedidas ao movimento. Estas máquinas têm como função a<br />

separação das sementes por tamanho, a partir de suas diversas peneiras que trepidam, possibilitando<br />

esta separação.<br />

Plantio de Feijão<br />

Sementes armazendas em vasilhames<br />

reaproveitados<br />

Máquina Selecionadora de Sementes

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