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revista_ecologica_edicao_7_ano_5

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[ R E S P O N S A B I L I D A D E ]<br />

O problema persiste<br />

Dados do relatório da Subcomissão<br />

Especial Sobre o Uso de Agrotóxicos<br />

na Câmara Federal, indica que 70%<br />

do produto aplicado por avião não<br />

atinge o alvo, esse conteúdo contamina<br />

o solo, os rios e populações inteiras.<br />

As crianças da Escola de Pontal dos<br />

Buritis ainda sofrem contaminações<br />

indiretamente, pelo fato da escola<br />

estar ilhada na plantação de milho.<br />

“Os alunos dizem que continuam com<br />

dor de cabeça e dor de barriga. Houve<br />

pais que perderam seus serviços porque<br />

tiveram que ficar períodos na cidade<br />

para cuidar das crianças, ou precisaram<br />

ir e vir muitas vezes. Estamos à deriva<br />

do veneno”, afirma incisivo o professor<br />

Hugo, avaliando a situação após<br />

a contaminação.<br />

Segundo o pesquisador Wanderley<br />

Pignati, dez escolas se encontram na<br />

mesma situação, ocasionados pelos<br />

mais variados tipos de agrotóxicos. A<br />

quantidade de surtos por intoxicação é<br />

motivada pelo baixo nível de instrução<br />

dos aplicadores. Os últimos dados<br />

divulgados pelo Instituto Brasileira de<br />

Geografia e Estatística (IBGE) indicam<br />

que 56,3% dos estabelecimentos<br />

agrícolas que utilizam agrotóxicos não<br />

recebem assistência técnica para essa<br />

prática. Nas plantações onde houve<br />

aplicação do produto, 77,6% dos<br />

responsáveis declararam ter ensino<br />

fundamental incompleto e 15,7% não<br />

sabem ler e escrever. Esses trabalhadores<br />

encontram dificuldades para entender<br />

o que está escrito nas embalagens dos<br />

agrotóxicos, fato que potencializa o<br />

risco de intoxicação.<br />

Enquanto não haver mudanças para<br />

instruir trabalhadores rurais e extinguir<br />

a pulverização aérea, as cenas serão as<br />

mesmas: a família reunida próximo ao<br />

fogão, aguardando a energia voltar,<br />

com os semblantes enegrecidos pela<br />

pouca luz da lamparina, ressaltado<br />

nos olhos vazios e sofridos, como de<br />

quem espera uma solução intangível<br />

e precisa utilizar as próprias mãos<br />

para resolver. Ou quando se deitam<br />

para dormir, os sonos são regados de<br />

preocupação com a intoxicação sofrida e<br />

com futuras complicações clínicas, mas<br />

também esperançosos de que a empresa<br />

causadora assuma a responsabilidade<br />

pela fatídica chuva de veneno.<br />

A cena acima é fictícia, pois não<br />

a presenciamos como descrita. Mas<br />

pode ter acontecido...<br />

Crianças brincam no parquinho onde o piloto despejou o agrotóxico<br />

Foto: Jörg Andres<br />

Foto: Jörg Andres<br />

14 REVISTA ECOLÓGICA Nº 7 Ano V www.<strong>revista</strong><strong>ecologica</strong>.com

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