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Aviacao e Mercado - Revista - 1

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Agosto 2016<br />

Edição 01<br />

aviacaoemercado.com.br<br />

P<br />

<br />

<br />

A


Foto de divulgação do<br />

Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

<br />

<br />

<br />

A cidade de São José dos<br />

Campos é reconhecida por<br />

sua importância na<br />

indústria aeroespacial e<br />

por abrigar um dos principais<br />

polos de alta tecnologia<br />

do país. O parque foi<br />

construído para estimular<br />

o desenvolvimento tecnológico<br />

do município<br />

paulista, e sua estrutura<br />

vem sendo ampliada ao<br />

longo dos anos. Nela estão<br />

algumas das maiores<br />

indústrias dos setores<br />

aeroespacial, telecomunicação<br />

e automotivo do<br />

Brasil. É sede de alguns dos<br />

mais importantes institutos<br />

de pesquisa e desenvolvimento<br />

do país, como<br />

o Instituto Tecnológico de<br />

Aeronáutica (ITA), o Instituto<br />

Nacional de Pesquisas<br />

Espaciais (INPE), Instituto<br />

de Pesquisas e Tecnológicas<br />

(IPT), Centro Nacional<br />

de Monitoramento e<br />

Alerta de Desastres Naturais<br />

(Cemaden) e universidades<br />

públicas e privadas.<br />

O parque é o único no<br />

mundo em que reúne<br />

atividades das três maiores<br />

fabricantes mundiais de<br />

aviões: Boeing, Airbus e<br />

Embraer. O Parque Tecnológico<br />

São José dos<br />

Campos e o Centro para a<br />

Competitividade e<br />

Inovação do Cone Leste<br />

Paulista (Cecompi) recentemente<br />

tornaram-se uma<br />

única organização. Com<br />

essa união, o Vale do Paraíba<br />

passa a abrigar o maior<br />

complexo de inovação,<br />

tecnologia e empreendedorismo<br />

do Brasil, com um<br />

total de 304 empresas e 6<br />

instituições de ensino e<br />

pesquisa.<br />

A Embraer é uma das principais<br />

empresas instaladas no<br />

parque. Empresa brasileira e<br />

uma das maiores empresas<br />

aeroespaciais do mundo,<br />

com mais de 45 anos de<br />

existência. Atua no desenvolvimento,<br />

fabricação, venda<br />

e suporte pós-venda de<br />

aeronaves para os segmentos<br />

de aviação comercial, aviação<br />

executiva, além de oferecer<br />

soluções integradas para<br />

defesa, segurança e sistemas.<br />

”O polo científico e tecnológico<br />

desenvolvido no<br />

Vale do Paraíba é sinônimo<br />

de inovação e de orgulho<br />

para o País. Hoje a região<br />

concentra um conglomerado<br />

significativo de instituições<br />

de ensino superior<br />

públicos e privados, instituições<br />

de pesquisa, além<br />

de empresas de tecnologia<br />

de ponta, dois parques<br />

tecnológicos e uma ampla<br />

cadeia de empresas fornecedoras<br />

do setor aeroespacial.<br />

Com toda essa massa crítica,<br />

o Vale é reconhecido no<br />

Brasil e no exterior pela<br />

excelência na formação de<br />

recursos humanos altamente<br />

qualificados e pelos<br />

produtos que sua indústria<br />

desenvolve.<br />

Talvez nem todos saibam,<br />

mas isso tudo só foi possível<br />

graças a um projeto de<br />

estado de longo prazo<br />

voltado para a busca pelo<br />

conhecimento e inovação<br />

que começou nos anos 40 e<br />

que culminou na criação de<br />

uma indústria aeroespacial<br />

duas décadas depois. Tudo<br />

começou com a criação de<br />

uma escola para formação<br />

de engenheiros aeronáuticos<br />

- o Instituto Tecnológico<br />

da Aeronáutica (ITA) e de<br />

um centro para desenvolvimento<br />

de pesquisas - o<br />

Centro Tecnológico da<br />

Aeronáutica (CTA), hoje<br />

Departamento de Ciência<br />

e Tecnologia Aeroespacial<br />

(DCTA). Esses engenheiros<br />

formados pelo ITA desenvolveram<br />

no CTA o projeto<br />

que veio a ser o avião Bandeirante<br />

. A Embraer foi<br />

criada para produzir esse<br />

avião em série.<br />

Foram as proximidades<br />

entre o meio acadêmico, a<br />

pesquisa avançada e a<br />

aplicação industrial que<br />

criaram as bases para o<br />

desenvolvimento da região,<br />

uma fórmula de sucesso<br />

que precisa ser sempre<br />

cultivada.”<br />

Assessoria de Imprensa da Embraer<br />

02 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong><br />

03


A empresa tem instalado<br />

em São José dos Campos<br />

o Centro Histórico Embraer,<br />

criado para<br />

preservar e incentivar o<br />

reconhecimento da<br />

memória da Indústria<br />

Aeronáutica Brasileira e<br />

dos mais de 40 anos de<br />

história da Embraer.<br />

O parque toma uma área<br />

com cerca de 2.500 hectares<br />

às margens da rodovia<br />

Presidente Dutra, no km<br />

138 na pista sentido Rio de<br />

Janeiro. Sua estrutura<br />

abrange centros de desenvolvimentos<br />

nas áreas de<br />

saúde, energia, aeronáutica,<br />

tecnologia e saneamento<br />

ambiental. São<br />

mais de 300 empresas<br />

vinculadas ao parque: 60<br />

empresas residentes, 32<br />

empresas incubadas, 6<br />

instituições de ciência e<br />

tecnologia, 120 empresas<br />

associadas ao APL<br />

Aeroespacial e Defesa, 66<br />

associadas ao APL TIC Vale<br />

e 30 microempresas nas<br />

Galerias do Empreendedor.<br />

Por definição, parque<br />

tecnológico é uma concentração<br />

geográfica de<br />

empresas, instituições de<br />

ensino, incubadoras de<br />

negócios, centros de<br />

pesquisa e laboratórios<br />

que criam um ambiente<br />

voltado para pesquisa,<br />

desenvolvimento e<br />

inovação tecnológicos.<br />

Nesse ambiente, empresas,<br />

universidades, centros de<br />

pesquisa e investidores<br />

geram benefícios<br />

econômicos em comum e<br />

para a comunidade.<br />

Parques tecnológicos são<br />

empreendimentos criados<br />

e geridos com o objetivo<br />

de promover pesquisa e<br />

inovação na área tecnológica<br />

e de estimular a<br />

cooperação entre instituições<br />

de pesquisas, universidades<br />

e empresas. Para<br />

alcançar esses objetivos, o<br />

parque deve estimular e<br />

gerenciar o fluxo de conhecimento<br />

e tecnologia<br />

entre as universidades,<br />

empresas e seus mercados.<br />

Fábrica da Embraer no Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

04 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 05


A empresa tem instalado<br />

em São José dos Campos,<br />

o Centro Histórico Embraer,<br />

criado para preservar<br />

e incentivar o reconhecimento<br />

da memória da<br />

Indústria Aeronáutica<br />

Brasileira e dos mais de 40<br />

anos de história da Embraer.<br />

O parque toma uma área<br />

com cerca de 2.500 hectares<br />

às margens da rodovia<br />

Presidente Dutra, no km<br />

138 ( São Paulo para Rio<br />

de Janeiro). Sua estrutura<br />

abrange centros de desenvolvimentos<br />

nas áreas de<br />

saúde, energia, aeronáutica,<br />

tecnologia e saneamento<br />

ambiental. São<br />

A ideia de parques tecnológicos<br />

é mundial e foi<br />

institucionalizada graças<br />

ao apoio da Associação<br />

Internacional de Parques<br />

Tecnológicos (IASP), sediada<br />

em Málaga, na Espanha.<br />

O objetivo desses parques<br />

é o de incrementar a riqueza<br />

nas comunidades por<br />

meio de parcerias envolvendo<br />

o poder público, a<br />

iniciativa privada e instituições<br />

geradoras de conhecimento.<br />

Assim, estimulam<br />

a transferência de tecnologia<br />

e a competitividade,<br />

além de criar mecanismos<br />

de incubação de empresas<br />

inovadoras.<br />

O exemplo mais conhecido<br />

desses polos de desenvolvimento<br />

é o Vale do<br />

Silício, na Califórnia, EUA,<br />

onde o conceito de parque<br />

mais de 300 empresas<br />

vinculadas ao parque: 60<br />

empresas residentes, 32<br />

empresas incubadas, 6<br />

instituições de ciência e<br />

tecnologia, 120 empresas<br />

associadas ao APL<br />

Aeroespacial e Defesa, 66<br />

associadas ao APL TIC Vale<br />

e 30 microempresas nas<br />

Galerias do Empreendedor.<br />

Por definição, parque<br />

tecnológico é uma concentração<br />

geográfica de<br />

empresas, instituições de<br />

ensino, incubadoras de<br />

negócios, centros de<br />

pesquisa e laboratórios<br />

que criam um ambiente<br />

voltado para pesquisa,<br />

desenvolvimento e<br />

tecnológico alcançou<br />

pleno sucesso e reconhecimento<br />

mundial. É uma<br />

região com determinada<br />

vocação econômica ou<br />

sociocultural que atrai<br />

determinados perfis de<br />

pessoas e de empresas e<br />

essas, por sua vez, atraem<br />

outras, gerando um crescimento<br />

em cadeia.<br />

No Brasil existem 94<br />

parques tecnológicos,<br />

situados em cidades do<br />

interior em vários estados<br />

da federação, atraindo<br />

indústrias de alta tecnologia<br />

e universidades. São<br />

939 empresas em operação<br />

e uma média de 237<br />

empregos gerados. Dentre<br />

os parques tecnológicos<br />

brasileiros mais bem-sucedidos<br />

há desde aqueles<br />

Nesse ambiente, empresas,<br />

universidades, centros de<br />

pesquisa e investidores<br />

geram benefícios<br />

econômicos em comum e<br />

para a comunidade.<br />

Parques tecnológicos são<br />

empreendimentos criados<br />

e geridos com o objetivo<br />

de promover pesquisa e<br />

inovação na área tecnológica<br />

e de estimular a<br />

cooperação entre instituições<br />

de pesquisas, universidades<br />

e empresas. Para<br />

alcançar esses objetivos o<br />

parque deve estimular e<br />

gerenciar o fluxo de conhecimento<br />

e tecnologia<br />

entre as universidades,<br />

Foto de divulgação do<br />

empresas e seus mercados.<br />

Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

voltados para a informática,<br />

como os de Caxias do<br />

Sul (RS), Recife (PE) e<br />

Campina Grande (PB), até<br />

aqueles voltados para<br />

produtos e serviços de<br />

biotecnologia, como o de<br />

Lavras (MG), da agroindústria,<br />

em Cascavel (PR) e<br />

do setor de eletrônica,<br />

robótica e aviação, como o<br />

Parque Tecnológico de São<br />

José dos Campos - SP.<br />

As atividades dos parques<br />

variam de acordo com a<br />

vocação da cidade e região<br />

em que estão instalados.<br />

Um parque tecnológico<br />

pode ser instalado em<br />

uma cidade pequena e<br />

envolver toda a região de<br />

forma positiva, como o<br />

parque minério de Itajubá,<br />

cidade cercada por montanhas<br />

que, entre outras,<br />

tem entre suas principais vocações: TI, energia<br />

e mecânica aeronáutica. Entre outras<br />

grandes empresas nacionais e multinacionais<br />

estão no parque a General Electric, empresa<br />

presente em mais de 60 países e a Helibrás, a<br />

única fabricante brasileira de aeronaves de<br />

alto giro. Além de contribuir para a expansão<br />

do parque de Itajubá por meio da fabricação,<br />

a empresa realiza manutenção em helicópteros.<br />

De acordo com Maurício de Pinho<br />

Bitencourt, gerente da INCIT - Incubadora de<br />

Empresas de Base Tecnológica de Itajubá,<br />

dentro do plano de expansão do parque está<br />

sendo construída uma pista de pouso com<br />

1400m de extensão que servirá para, entre<br />

outras atividades, testar as grandes aeronaves<br />

da Helibrás. A previsão de conclusão da pista<br />

é 2017 e será uma grande obra para Itajubá.<br />

Além desses, há os parques que abrigam<br />

dezenas de empresas e que, quase sempre,<br />

estão agregados a incubadoras de base<br />

tecnológica, como os ligados à Universidade<br />

de São Paulo, à Universidade de<br />

Campinas e à Universidade Federal de São<br />

Carlos, dentre outras. O Brasil possui 384<br />

incubadoras e 640 empresas incubadas,<br />

509 empresas graduadas e 1.124 empresas<br />

associadas. Há 934 postos de trabalho nas<br />

empresas incubadas e associadas. Nas<br />

empresas graduadas, a média de empregos<br />

gerados é de 90. O faturamento das<br />

empresas incubadas é de cerca de 266<br />

milhões de reais. Empresas graduadas<br />

faturam US$ 2 bilhões entre 2010 e 2013,<br />

de acordo com a Anprotec e o MCTIC.<br />

Um dos propósitos do Parque Tecnológico<br />

de São José dos Campos é promover a<br />

aproximação entre o ensino superior e o<br />

empreendedorismo inovador. O parque<br />

abriga, entre programas e projetos, 3<br />

Incubadoras de Empresas, 4 Centros<br />

Empresariais, 2 Arranjos Produtivos<br />

Locais (APL), 5 Centros de Desenvolvimento<br />

Tecnológico, 3 Laboratórios Multiusuários,<br />

1 Escritório de Negócios, 6<br />

universidades parceiras e 3 Galerias do<br />

Empreendedor.<br />

O parque possui contratos e convênios<br />

para parcerias e subsídios com Finep, Apex,<br />

ABDI, Sebrae, SDECTI/SP, BNDES. Além<br />

disso, o parque tem acordos de cooperação<br />

firmados com os clusters aeroespaciais do<br />

Canadá, da Suécia, da Inglaterra, da Holanda,<br />

além de dois parques tecnológicos e<br />

instituições governamentais chinesas.<br />

Igor Brandão, Coordenador de Projetos Setoriais da Apex explica o projeto Apex-Brasil e o parque.<br />

“O projeto de promoção de exportações do setor aeronáutico entre a Apex-Brasil e o<br />

Parque Tecnológico de São José dos Campos foi renovado por mais dois anos em<br />

junho de 2016 e apoiará as empresas brasileiras do setor em participação em feiras<br />

internacionais, missões comerciais, rodadas de negócios e estudos de mercado.<br />

A crise financeira de 2008 teve impacto negativo na indústria aeronáutica mundial<br />

e reverteu a histórica trajetória de expansão da indústria nacional, mas por outro<br />

lado, fez com que as empresas buscassem novas alternativas de fornecimento e<br />

nichos como mod ernização de aeronaves. Nesse contexto, o apoio de entes de<br />

fomento é de extrema importância para a competitividade internacional das<br />

empresas brasileiras. A exportação é fundamental para reduzir a dependência e<br />

manter as empresas competitivas, inclusive no mercado local. As empresas que<br />

fazem parte do projeto Aerospace Brazil entendem esse desafio e se inserem no objetivo<br />

do projeto, que é o de diversificar mercados, aumentar o valor e a regularidade<br />

das exportações e desenvolver redes colaborativas”.<br />

Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) atua para promover<br />

os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores<br />

estratégicos da economia brasileira.<br />

06 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 07


Os Centros de Desenvolvimento Tecnológico, Laboratórios Multiusuários e<br />

Parque das Universidades. Esse ocupa uma área de 760 mil metros quadrados.<br />

Nessa área já estão instalados o campus o da Universidade Federal de São Paulo<br />

(Unifesp) e o da Faculdade de Tecnologia (Fatec). Outras duas funcionam em<br />

prédios da área do Parque - a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade<br />

Camilo Castelo Branco (Unicastelo). Ao todo, essas instituições somam uma<br />

comunidade de 5 mil pessoas, entre professores, alunos e pesquisadores que<br />

circulam diariamente pelo local.<br />

Ainda há as Incubadoras, que são prédios ou espaços em prédios, frequentemente<br />

localizadas em universidades ou em suas imediações, cujas salas são alugadas a preços<br />

acessíveis aos empreendedores devidamente selecionados, que desenvolvem projetos<br />

inovadores. As incubadoras tecnológicas têm um sistema de gestão e de promoção de<br />

sua atividade, no qual oferecem infraestrutura de apoio tecnológico e mercadológico<br />

aos incubados durante um período de aproximadamente dois a três anos. É um<br />

mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas<br />

industriais ou de prestação de serviços, de base tecnológica ou de manufaturas<br />

leves por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos<br />

e gerenciais e que, além disso, facilitam e agilizam o processo de inovação<br />

tecnológica nas micro e pequenas empresas.<br />

08 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 07


A Incubadora de Negócios do parque tecnológico oferece a possibilidade de pré-incubação<br />

em sistema de coworking, fase que antecede a constituição da empresa. O objetivo é abrigar<br />

novos negócios que se destacam como inovadores e promissores no mercado. O<br />

grande atrativo é o ambiente de negócios e a rede de colaboração proporcionada ao novo<br />

empresário, transformando projetos e ideias em novas empresas e contribuindo para o<br />

desenvolvimento econômico da região.<br />

O parque tecnológico<br />

também é responsável pela<br />

gestão do Programa Municipal<br />

de Incubadoras, do qual<br />

participam a Incubadora de<br />

Base Tecnológica Aeronáutica<br />

(Incubaero), localizada no<br />

Departamento de Ciência e<br />

Tecnologia Aeroespacial<br />

(DCTA) e a Incubadora Tecnológica<br />

da Univap, que<br />

funciona no campus dessa<br />

universidade. O parque tem<br />

a sua própria incubadora de<br />

empresas e cuida de outras<br />

duas externas, todas elas<br />

vinculadas ao Programa<br />

Municipal de Incubadoras de<br />

São José dos Campos. No<br />

total, são 32 empresas incubadas,<br />

além das 30 empresas<br />

que estão nas Galerias do<br />

Empreendedor, programa<br />

de natureza socioeconômica<br />

realizado em alguns<br />

bairros da periferia de São<br />

José dos Campos.<br />

Arranjo Produtivo Local<br />

(APL) – Atualmente são dois<br />

APL - ou clusters, em inglês<br />

- que desenvolvem e coordenam<br />

programas com<br />

direcionamento na geração<br />

de oportunidade para<br />

novos negócios e na capacitação<br />

de empresas para<br />

estimular a competitividade,<br />

a inovação e o crescimento<br />

sustentável das<br />

cadeias produtivas. São<br />

eles: o APL TIC Vale - O<br />

Arranjo Produtivo Local de<br />

Tecnologia da Informação e<br />

Comunicação (APL TIC Vale).<br />

Foto de divulgação do Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

Criado em 2011, hoje reúne<br />

quase 70 empresas que<br />

atuam no desenvolvimento<br />

de hardwares, softwares e<br />

serviços de TI, com foco em<br />

varejo, cidades inteligentes<br />

e indústria 4.0. Este APL<br />

busca prover um ambiente<br />

favorável ao desenvolvimento<br />

tecnológico e de<br />

processo contínuo alinhado<br />

às práticas de mercado e<br />

propiciar a capacitação<br />

permanente para gestão de<br />

produtos e serviços reconhecidos<br />

como soluções de<br />

classe mundial. Também<br />

estimula a implantação de<br />

melhores práticas em<br />

gestão administrativa e de<br />

pessoas para sustentar o<br />

crescimento das empresas<br />

associadas. Atualmente o APL realiza, nas<br />

dependências do Parque Tecnológico, a RM<br />

Vale TI - Feira de Tecnologia e Inovação.<br />

Cluster Aeroespacial e de Defesa - Com<br />

formato de Arranjo Produtivo Local (APL), foi<br />

formado em 2009 e reúne cerca de 120<br />

empresas do setor aeroespacial e defesa. Sua<br />

empresa-âncora é a Embraer. Ao todo são 23<br />

mil postos de trabalho e faturamento anual<br />

de mais U$ 7 bilhões. As empresas, em sua<br />

maioria, atuam em consultoria, engenharia,<br />

serviços, indústria, manufatura, defesa e<br />

segurança.<br />

No Brazilian Aeroespace Cluster há empresas<br />

de seis estados brasileiros. A maior parte<br />

delas, (60%), porém, estão sediadas em São<br />

José dos Campos (SP), algumas dentro do<br />

próprio parque. O Brazilian Aeroespace Cluster<br />

oferece muitos benefícios para as empresas<br />

associadas, como participação em feiras<br />

nacionais e internacionais, missões comerciais,<br />

rodada de negócios e formação de<br />

consórcios. E há programas visando a internacionalização,<br />

a capacitação e a obtenção de<br />

certificações. O Cluster é o executor do Projeto<br />

Setorial Aeroespacial da Agência Brasileira<br />

de Promoção de Exportações e Investimentos<br />

(Apex) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento<br />

Industrial (ABDI).<br />

O Parque Tecnológico São José dos Campos,<br />

além dos Centros Empresarias, possui 5<br />

Centros de desenvolvimento Tecnológico<br />

(CDT). Cada um deles conta com uma<br />

empresa ou instituição âncora que apresenta<br />

demandas tecnológicas a serem desenvolvidas<br />

pelos demais integrantes do<br />

respectivo CDT. Entre outros, há o Centro<br />

de Desenvolvimento Tecnológico de<br />

Aeronáutica (CDTA) com uma área de 6 mil<br />

metros quadrados de instalações. Os projetos<br />

desse centro são da área de integração<br />

de sistemas complexos e desenvolvimento<br />

de softwares embarcados.<br />

Entre outras, fazem parte deste centro a<br />

Embraer, o ITA (Instituto Tecnológico de<br />

Aeronáutica ) e a Boeing Brasil.<br />

O quarto Centro Empresarial está em fase de<br />

construção e deve receber novas empresas<br />

em 2017. Nos centros I e II estão empresas<br />

de micro, pequeno e médio porte. No<br />

Centro Empresarial III estão as empresas e<br />

instituições de grande porte. O Centro<br />

Empresarial IV já inclui uma instituição de<br />

grande porte e está sendo preparado para<br />

receber mais empresas. O parque oferece a<br />

essas empresas espaço físico e infraestrutura<br />

básica para abrigar suas instalações e pessoal.<br />

Entre várias outras empresas que estão<br />

instaladas nos centros empresariais estão:<br />

AeroBras - Empresa com centro de serviços FLIR nível III de exclusividade para manutenção de<br />

câmeras de imageamento térmico (infravermelho) no Brasil e na América Latina. Câmeras:<br />

NavFLIR, SSII, SSIII, HD 380, U8500, U7500, BriteStar, SS 230HD, SeaFLIR. Manutenção de<br />

aviônicos e homologações: FLIR, ANAC e Exército Brasileiro.<br />

Aeroteste - Empresa de prestação de serviços aeronáuticos, especializada em soluções para<br />

aviões, helicópteros e UAVs. Entre as suas atividades está a integração de sistemas, a instrumentação<br />

embarcada, a telemetria, os ensaios em voo, a certificação de tipo e suplementar<br />

de tipo, os treinamentos específicos de ensaios em voo e treinamentos a tripulação, além da<br />

pesquisa e do desenvolvimento.<br />

AirMod Engenharia, Consultoria e Serviços – Empresa especializada em engenharia e projeto,<br />

consultoria e serviços aeronáuticos para aeronaves comerciais, executivas e de defesa. A<br />

empresa oferece soluções em desenvolvimento de sistemas aeronáuticos, engenharia e<br />

manutenção para a indústria da aviação.<br />

10 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 11


AMX Tecnologia e Equipamentos - É uma empresa de base tecnológica dedicada ao<br />

desenvolvimento de novas tecnologias para a movimentação (cargas, pessoas, etc.) e<br />

fabricação de máquinas patenteadas para o transporte de cargas e pessoas.<br />

Atech Negócios em Tecnologia - Empresa brasileira líder em sistemas complexos de<br />

missão crítica e provedora de soluções integradas em defesa, segurança, tráfego aéreo e<br />

aplicações civis, com atuação em projetos nacionais e internacionais, incluindo a concepção,<br />

desenvolvimento, implantação e manutenção de sistemas de comando e controle,<br />

cyberdefesa, simulação, gerenciamento do tráfego aéreo e sistemas embarcados.<br />

Akaer - Empresa de soluções tecnológicas integradas com sede em São José dos Campos<br />

especializada no desenvolvimento de aeroestruturas e gestão de projetos "Turn Key" para<br />

o setor aeroespacial e de defesa. A empresa tem participação em programas aeroespaciais<br />

importantes pelo mundo. Tem programas na aviação civil, executiva e militar. É uma das<br />

maiores empresas brasileiras no desenvolvimento de estruturas aeroespaciais e conta com<br />

mais de 310 colaboradores. Fundada em 1992, é especializada no fornecimento de<br />

soluções tecnológicas em diferentes áreas de atuação, como aeroespacial, defesa e automotiva.<br />

Atualmente a empresa participa de projetos como o do KC-390, avião cargueiro<br />

militar produzido pela Embraer e do Gripen NG, programa desenvolvido com a empresa<br />

sueca Saab, que fornecerá 36 aviões de combate para a FAB (Força Aérea Brasileira).<br />

Foto de divulgação do Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

12 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 07


grande diversidade de atividades realizadas em diferentes ambientes, permitindo a participação<br />

de empresas de vários segmentos econômicos, como aeronáutico, espacial, saúde,<br />

automotivo, dentre outros. Conta também com unidades de 6 instituições de ensino e pesquisa,<br />

como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Paulo<br />

(Unifesp) e com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Os laboratórios do parque são<br />

também utilizados pelas empresas em seus projetos de inovação. São três laboratórios: de<br />

Estruturas Leves; de Simulação de Sistemas Críticos e de Desenvolvimento em Manufatura.<br />

Foto de divulgação do Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

O Parque Tecnológico de São José dos Campos é administrado pela APTSJ (Associação Parque<br />

Tecnológico de São José dos Campos ) entidade responsável pela organização, desenvolvimento<br />

e operação do parque. A associação é pessoa jurídica de direito privado, sem fins<br />

lucrativos, político-partidários ou religiosos qualificada pelo poder público municipal como<br />

organização social, com a qual firmou contrato de gestão. A APTSJC tem por objetivo promover<br />

a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento tecnológico e dar suporte às atividades empresariais<br />

voltadas para o conhecimento, sempre em benefício da coletividade. À associação cabe<br />

a tarefa de administrar o ambiente com as funções de induzir, articular, regular e fiscalizar as<br />

atividades implantadas no parque. O atual diretor geral do parque, pela 2ª vez nesse cargo, é<br />

Marco Antonio Raupp, brasileiro, natural de Cachoeira do Sul-RS. É matemático, físico, ex-diretor<br />

geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ex-presidente da Sociedade<br />

Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.<br />

A criação dos parques tecnológicos e incubadoras,<br />

inicialmente, aconteceu dentro<br />

do Plano Nacional de Estímulos do<br />

Ministério da Ciência e Tecnologia junto aos<br />

governos locais e universidades, culminando<br />

em parcerias de sucesso para o desenvolvimento<br />

tecnológico da região e do país. O<br />

Parque de São José dos Campos foi inaugurado<br />

em 2009 e credenciado em 2010 pelo<br />

Sistema Paulista de Parques Tecnológicos.<br />

A expansão do parque é constante, na<br />

velocidade das inovações tecnológicas.<br />

Estão sendo construídos mais 1 centro<br />

empresarial e 2 laboratórios, sendo 1 de<br />

Compatibilidade e Interferência Eletromagnética<br />

e outro de Manufatura Digital<br />

e Prototipagem Virtual. Paralelamente o<br />

parque se volta para a expansão imobiliária<br />

e a instalação de novos estabelecimentos<br />

de serviços para atender sua<br />

população de 6 mil pessoas. Para isso a<br />

administração está aberta a parcerias com<br />

empresas dos setores potencialmente<br />

interessados, como incorporadoras e<br />

construtoras imobiliárias, estabelecimentos<br />

bancários, restaurantes, lojas comerciais<br />

e prestadores de serviços diversos.<br />

Com seu consolidado sucesso e constante<br />

ampliação, o parque se prepara para receber<br />

novas empresas em 2017. Muitas empresas<br />

renomadas e outras novatas têm<br />

muito interesse em se instalar (instalação<br />

por tempo predeterminado) no parque,<br />

mas para conseguirem essa conquista<br />

precisam se inscreverem no processo de<br />

seleção que, entre outras exigências, terão<br />

que apresentar o seu plano negócios. As<br />

empresas podem ficar no parque pelo<br />

período de 2 a 8 anos. Neste ano de 2016,<br />

como teste e para facilitar a inscrição, o<br />

parque mantém abertas as inscrições desde<br />

o início do ano até dezembro.<br />

As empresas instaladas no parque têm<br />

isenção de IPTU, baixo custo de instalação e<br />

muitas oportunidades para trocar informações<br />

e experiências em um espaço que<br />

respira inovação, tecnologia e empreendedorismo<br />

com projeção nacional e internacional<br />

e baixos custos de instalação. No<br />

parque há instaladas desde pequenas<br />

empresas nacionais de vários estados à<br />

grandes multinacionais de destaque em<br />

importantes cenários empresarias. As<br />

empresas ao transformarem suas atividades<br />

de pesquisa e projetos em produtos e<br />

serviços, contribuem para o crescimento do<br />

PIB da cidade e ampliam a geração de<br />

empregos de elevada qualificação.<br />

O parque também tem um centro para realização de vários tipos de eventos. Uma das<br />

melhores opções para esse tipo de atividade na região do Vale do Paraíba. Com espaços<br />

diferenciados, o local possibilita a realização de diferentes formatos de eventos, tanto<br />

empresariais como sociais. Conta com uma estrutura privilegiada e única na região para<br />

a realização de workshops, seminários, congressos, treinamentos, lançamento de produtos,<br />

entre outros. Esse amplo centro conta com 4 auditórios, 3 salas multiuso, pátio<br />

externo com aproximadamente 2.500 m², que pode ser utilizado como anexo ao evento<br />

ou estacionamento, hall com 650 m², heliponto e estacionamento para até 830 vagas<br />

para veículos, inclusive ônibus.<br />

Parte do sucesso do parque tecnológico de São José dos Campos é por ele reunir uma<br />

Foto de divulgação do Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

14 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 15


O Parque Tecnológico de São José dos Campos é considerado uma referência nacional e<br />

internacional e serve de inspiração para os projetos de cidades tecnológicas no Brasil e na<br />

América do Sul, como para o Equador, cujo presidente atual, Rafael Correa, fez em 2014 uma<br />

visita às instalações desse símbolo do desenvolvimento tecnológico paulista que é um dos<br />

orgulhos nacionais.<br />

A Helibras reconhece a importância do parque de São José dos Campos.<br />

“O desenvolvimento de uma indústria de helicópteros como a Helibras<br />

depende, necessariamente, de uma cadeia de fornecedores<br />

robusta e dedicada a atender esse mercado tão peculiar e altamente<br />

tecnológico.<br />

Por isso, o polo aeronáutico de São José dos Campos é de extrema<br />

importância para os nossos projetos que já contam com o apoio de<br />

muitas empresas instaladas na região. O amadurecimento e as<br />

inovações implantadas por essas empresas, seja no atendimento a<br />

demandas ou na criação de projetos próprios, as qualificam para<br />

alçar voos maiores e tornarem-se referência, não só para os nossos<br />

produtos, mas para atenderem também a outros fabricantes do<br />

mercado internacional que procuram constantemente novos parceiros<br />

fora dos seus países. Além disso, há o fomento da formação<br />

de profissionais especializados em engenharia aeronáutica pelas<br />

escolas técnicas, localizadas na região”.<br />

Palavras do atual presidente da Helibras Richard Marelli.<br />

Foto de Divulgação do Parque Tecnológico de São José dos Campos<br />

Presidente da Helibras Richard Marelli<br />

Os parques tecnológicos são investimentos para médio e longo prazo. O seu sucesso pode<br />

transformar uma cidade em uma tecnópolis do futuro que contribuirá para o grande desenvolvimento,<br />

riqueza e qualidade de vida na cidade e na região em que se encontram.<br />

10 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 11


Famosos no seu tempo pelas<br />

muitas conquistas em corridas<br />

aéreas e relembrados<br />

em nosso tempo por um<br />

personagem da animação<br />

Aviões 1 (lançado em 2013,<br />

após 7 anos de trabalho, e<br />

dirigido pelo americano Klay<br />

Hall que também é piloto e<br />

sempre foi apaixonado por<br />

aviões) do Disney Toon<br />

Studios, os Gee Bees são<br />

clássicos da aviação desportiva<br />

que ainda despertam<br />

Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

atenção. A Disney relembrou a<br />

magia desses aviões criando<br />

na animação Aviões o<br />

personagem El Chupacabra<br />

(El Chu), inspirado totalmente<br />

no americano Gee Bee R1 e<br />

em lendas do México e de<br />

toda América latina dos anos<br />

de 1990, quando um misterioso<br />

e polêmico chupacabra,<br />

animal ou ser estranho que<br />

sugava sangue dos animais<br />

domésticos na área rural de<br />

vários países.<br />

Personagem El Chupacabra (Chu) da animação<br />

Aviões, inspirado no Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

O carismático, espalhafatoso e<br />

galante El Chu, como o Gee Bee<br />

original, chama a atenção por<br />

onde passa, porém, com as cores<br />

mexicanas (verde, branco e<br />

vermelho), máscara e capa de<br />

super herói. Ele é um dos amigos<br />

do protagonista da animação, o<br />

Dusty, um avião pulverizador<br />

que tem medo de altura, mas<br />

sonha em ser avião de corrida.<br />

Ele prova que quando se quer,<br />

pode se ir para além do que fora<br />

construído. Toda a paixão e<br />

dramatismo que Chu usa em<br />

suas conquistas são também<br />

características que o descrevem<br />

como um grande corredor de<br />

longas distâncias, um grande<br />

campeão como os Gee Bees dos<br />

Irmãos Granville, criados há<br />

mais de 80 anos e que ainda<br />

encantam os loucos por aviação<br />

pelo planeta. Os lendários e<br />

prodigiosos Gee Bees continuam<br />

um ícone da aviação mundial<br />

com algumas réplicas colorindo<br />

os céus em momentos especiais<br />

e expostos em museus.<br />

O Gee Bee modelo Super Sportster R1 é um avião<br />

desenhado e produzido pela americana<br />

Granville Brothers Aircraft, sediada no aeroporto<br />

de Springfield, Massachusetts. Esse modelo foi<br />

construído especialmente para a corrida Thompson<br />

Trophy de 1932. Os irmãos Granville: Zantford,<br />

Thomas, Robert, Mark e Edward produziram<br />

um total de 24 aeronaves, sendo quase todas<br />

para competição. Os modelos mais conhecidos e<br />

vitoriosos são os Gee Bee Super Sportster R1 e<br />

R2, que representam o sucesso das criações dos<br />

Granville na época que foi o auge das corridas<br />

aéreas. A empresa ficou em atividade por pouco<br />

tempo, de 1929 a 1934, mas suas criações fazem<br />

sucesso até hoje pelos inusitados modelos em<br />

forma de lagrima, robustos, motor gigantesco,<br />

asas e cauda super reduzidas, além do grafismo<br />

chamativo e elegante.<br />

Os fantásticos Gee Bees voaram por pouco<br />

tempo, mas entraram para a história da aviação,<br />

lembrados pelos inúmeros acidentes que levaram<br />

a maioria das aeronaves a perdas totais (existem<br />

somente duas aeronaves originais), e alguns<br />

pilotos à morte, mas principalmente por suas<br />

muitas vitórias em dois tipos de corridas<br />

comuns da época, sendo a corrida de pilão,<br />

circuito fechado, e o cross, corrida de longa<br />

distância. O Super Sportster R1 foi um grande<br />

campeão nascido especialmente e unicamente<br />

para o cross, corridas que podem durar por vários<br />

dias. Nos anos 30 os instrumentos usados na<br />

navegação aérea e na previsão do tempo eram<br />

precários, o que levava os pilotos, entre outros<br />

imprevistos, a encararem drásticas mudanças do<br />

tempo e a correm altos riscos durante os voos.<br />

Quem vencia ou terminava bem aprova já era<br />

considerado herói. A primeira grande vitória<br />

deste poderoso, robusto e veloz aviãozinho foi<br />

em uma corrida em Cleveland, em 1932, ano em<br />

que foi construído. O R1 com o seu motor Pratt &<br />

Whitney R1340 'Wasp' de 800 cv lhe permitia<br />

chegar à velocidade de 476 km/h. Com toda essa<br />

velocidade, ele sumia fácil no horizonte, deixando<br />

os concorrentes comendo “poeira”. Quando essa<br />

abelhinha decolava a vitória era certa.<br />

O R1 fez justiça ao título que recebeu quando foi<br />

construído, momento em que foi chamado de "o<br />

avião licenciado mais rápido e mais manobrável e<br />

potente já construído nos Estados Unidos". Ele<br />

manteve esse nome até ganhar o aclamado cross<br />

Foto de divulgação do longa de animação Aviões I da Disney<br />

de 1932 com o piloto Jimmy Doolittle e estabelecer<br />

um novo recorde de velocidade mundial<br />

em monomotor de 476 km/h.<br />

Os irmãos Granville, grandes entusiastas da<br />

aviação desportiva, criaram uma empresa especializada<br />

em aeronaves de corrida. Mas foi em um<br />

momento economicamente ruim, época da<br />

Grande Depressão Americana de 29. Apesar<br />

disso, as corridas aéreas estavam em ebulição e os<br />

prêmios e a publicidade eram altos. Assim os<br />

Granville criaram aviões específicos para essas<br />

grandes competições. As aeronaves tinham que<br />

ser rápidas, manobráveis e baratas. Para conseguirem<br />

isso, eles usaram o motor mais potente<br />

disponível e a menor estrutura possível. O resultado<br />

foi uma série de aviões pequenos e extremamente<br />

compactos, super sensíveis na pilotagem e<br />

design diferenciado para a época e até para os<br />

padrões atuais. O material da fuselagem era<br />

madeira e nas pequenas asas havia madeira<br />

revestida com tecido usado em balões. Para<br />

chegarem a esse modelo, eles fizeram inúmeros<br />

testes em túneis de vento para testar a eficiência<br />

e segurança da aeronave.<br />

18 Aviação & <strong>Mercado</strong><br />

Aviação & <strong>Mercado</strong> 19


A história dos Granville começou quando, ao 19 anos, Zantford<br />

(Granny) Granville deixou a pequena cidade de Madison, New<br />

Hampshire, para a cidade grande e conseguiu um emprego<br />

como mecânico de concessionária de carros em Boston. Pouco<br />

tempo depois ele conseguiu montar o seu próprio negócio, no<br />

qual em seu tempo livre trabalhava com manutenção de<br />

aeronaves e também em um projeto de construção de um<br />

avião, além de fazer aulas de voo. Em 1924 o seu irmão Thomas<br />

se juntou a ele, ajudando-o com o trabalho na concessionária<br />

para que ele tivesse mais tempo para se de dedicar aos aviões.<br />

Ele alugou o primeiro andar de um edifício perto do aeroporto e<br />

lá começou seu próprio negócio de reparação de avião. Com<br />

seu negócio prosperando, seu irmão Edward se juntou a eles em<br />

1927 e os seus irmãos Robert e Mark em 1928.<br />

Mas Zantford estava insatisfeito com a primeira aeronave que<br />

estava sendo projetada e construída, então ele fez um novo<br />

projeto, o de um biplano esportivo, com 60 hp motor Veil M-5,<br />

com o trem de pouso projetado de modo que, em caso de um<br />

pouso forçado, a aeronave não sofresse graves danos na estrutura.<br />

O voo de teste desta primeira aeronave, chamada de<br />

modelo A ou Granny, foi em uma noite de segunda, em maio. O<br />

teste noturno foi para que, no caso de algo sair errado, não<br />

tivesse ninguém vendo para criticar o projeto. Mas Zantford<br />

realizou um voo perfeito. Com o sucesso desse voo teste,<br />

Zantford decidiu que ele e seus irmãos começariam seu próprio<br />

negócio na fabricação de aeronaves, com a produção do biplano.<br />

Assim passou a tentar obter apoio financeiro para produzir a<br />

aeronave. Zantford escreveu muitas cartas para vários<br />

empresários em busca de apoio financeiro e umza instalação<br />

adequada para a fabricação do novo avião. Mas não apareceram<br />

interessados. Então ele decidiu voar com o seu biplano para o<br />

aeroporto de Springfield, onde esperava ser visto por pessoas<br />

interessadas. Deu certo! Lá a sua aeronave atraiu muita<br />

Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

O Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

<br />

O Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

<br />

atenção. Proprietários de uma<br />

grande empresa de sorvete e do<br />

aeroporto de Springfield ficaram<br />

interessados, como George e<br />

Harry Tait. Depois de longas<br />

negociações com os irmãos<br />

Granville, os ricos irmãos Tait<br />

concordaram em apoiar a nova<br />

empresa. Um contrato foi assinado<br />

entre os irmãos Tait e Zantford<br />

Granville durante a primeira<br />

semana de julho em 1929.<br />

Além do contrato inicial para a<br />

fabricação de uma aeroanve,<br />

Harry Tait decidiram também<br />

patrocinar a criação da empresa<br />

Granville Brothers Airgraft com<br />

um capital de 25 mil dólares para<br />

a construção dos aviões e para a<br />

realização do trabalho de<br />

manutenção necessária em<br />

outras aeronaves de Massachusetts.<br />

Para isso, três engenheiros<br />

foram contratados e, estranhamente,<br />

todos eles tinham o mesmo<br />

primeiro nome: Robert Hall,<br />

Robert Dexter e Robert Ayer. Os<br />

engenheiros que realizaram<br />

alterações no novo projeto Gee<br />

Bee excluíram os flaps, ampliaram<br />

a cabine ligeiramente e<br />

realizaram outras melhorias, a<br />

fim de obterem a licença<br />

O Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

<br />

O Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

<br />

necessária para a aeronave voar. Três aviões foram<br />

construídos no final de 1929, depois que o irmão Tom<br />

Granville juntou-se à empresa. Agora, todos os cinco<br />

irmãos estavam juntos. As três aeronaves construídas<br />

foram apresentadas em várias expedições aéreas ao<br />

redor do país para ajudar nas vendas. A partir daí o<br />

sucesso começou. O biplano Gee Bee foi designado o<br />

modelo A, depois que recebeu seu certificado ATC e<br />

foi o primeiro em uma linha de aviões desportivos<br />

produzidos pela Granville. O modelo A foi projetado<br />

e construído por Zantford Granville no Aeroporto de<br />

Boston e tinha muitas características inovadoras,<br />

como a de o piloto estar lado a lado com o passageiro<br />

facilitando a conversação e um cockpit espaçoso<br />

que permitia uso de vestes pesadas no inverno. O<br />

Gee Bee A teve grandes superfícies de controle,<br />

dando grande controle lateral e longitudinal. Tinha<br />

uma asa alta escalonada para melhor visibilidade. O<br />

motor de Kinner tinha um anel coletor Buhl que<br />

cortava o ruído. No interior possuía assento<br />

confortável, além de um grande compartimento de<br />

bagagem com espaço para uma mala e um compartimento<br />

de ferramentas separado. Nove destes<br />

biplanos foram construídos, mas atualmente só<br />

existem dois exemplares.<br />

20 Aviação & <strong>Mercado</strong><br />

Aviação & <strong>Mercado</strong> 21


Mas os cinco Irmãos Granville (Zantford, Thomas, Robert, Mark e Edward) entraram para<br />

história com os suas aeronaves de competição, a primeira construída foi em 1930, auge das<br />

corridas aéreas nos Estados Unidos. O primeiro Racer foi o Gee Bee modelo-X construído para<br />

um cross de Detroit para Los Angeles, o All Ameriacan Air Derby. Inicialmente o modelo X foi<br />

chamado de "Dragonfly", como visto em algumas raras imagens da aeronave. Porém, pouco<br />

antes do All American Air Derby, o nome foi alterado para Sportster e o monoplano repintado.<br />

Os Granville chamavam as aeronaves de acento único de "Sportsters Júnior" e os duplos de<br />

"Sportsters Seniores". O modelo-X usava motor de 110hp super charged Cirrus Hi Drive invertido,<br />

tanque com capacidade de 40 litros de gasolina e 3 litros de óleo, velocidade máxima<br />

de 140mph, velocidade de cruzeiro de 120mph e velocidade de pouso de 50mph. Envergadura<br />

de 25 pés com uma área de 95 pés quadrados. E comprimento de 17 pés, 3 polegadas e<br />

altura de 6 pés. Foi uma aeronave vencedora e imbatível nas competições por um tempo. Ela<br />

inspirou os Granville, neste mesmo ano, a construírem as versões B, C, D e E exclusivas para<br />

competição e acrobacias. Frequentemente se apresentavam em eventos aéreos, onde eram as<br />

grandes atrações e encantavam o público com suas belas máquinas.<br />

No ano seguinte, o Gee Bee Y foi projetado. Esse avião era para viagens e foi um dos maiores construído<br />

pela Granville Brothers Aircraft. Tinha espaço para duas pessoas e apenas dois exemplares<br />

foram fabricados. Um exemplar era o avião da empresa, usado pelos Granville e funcionários para<br />

todo tipo de viagem, além de ter sido usado como aeronave de apoio para os pilotos mítica série R<br />

dos Gee Bees. Outro avião foi vendido para um cliente, que fez alterações não permitidas no motor<br />

(projetado para um máximo de 250 hp, mas que havia sido equipado com um novo motor de 450 hp<br />

Wright Whirlwind), parabrisa, dentre outras alterações para participar de cross. Infelizmente em 1933<br />

ao participar de uma competição esse avião sofreu um acidente fatal em Chicago. O acidente foi<br />

histórico e começou a dar a injusta reputação de avião perigoso aos Gee Bees.<br />

22 Aviação & <strong>Mercado</strong><br />

Aviação & <strong>Mercado</strong> 23


Ainda em 1931 os Granville<br />

construíram o Gee Bee<br />

modelo Super Sportster Z,<br />

em época de crise, em<br />

parceria com a Springfield<br />

Air Racing Association<br />

(SARA). O modelo foi um<br />

grande sucesso, venceu<br />

muitas competições importantes<br />

faturando altas<br />

premiações e gerando<br />

muita popularidade para os<br />

construtores. O Gee Bee Z<br />

era equipado com um<br />

motor radial turbo alimentado<br />

por 535 cavalos e fuselagem<br />

em gota de água, uma<br />

estilo clássico dos Gee Bees,<br />

para otimização aerodinâmica,<br />

com prioridade na<br />

Gee Bee Modelo R Super Sportster<br />

velocidade.<br />

Réplica Gee Bee R-21932. Fuselagem robusta, asas curtas e corpo de grande diâmetro<br />

Depois de ter faturado<br />

inúmeros prêmios os construtores<br />

resolveram fazer alterações<br />

no modelo Z para<br />

conseguirem bater recorde<br />

mundial de velocidade, o que<br />

foi um fracasso. Com o novo<br />

motor P&MR 1340 e várias<br />

tentativas para ser o mais<br />

veloz e de quase ter conseguido,<br />

o Gee Bee Z, em 5 de<br />

dezembro de 1931, teve<br />

problemas e por suposta falha<br />

no motor, durante a tentativa<br />

de pouso, tocou o solo muito<br />

rápido e bateu no muro, no<br />

final da pista, matando o<br />

piloto. Esse modelo foi<br />

construído em 5 semanas e<br />

pilotado por um período de<br />

106 dias, a partir do início de<br />

sua construção e seu fim<br />

prematuro. Não existe mais esse<br />

modelo, os que existem são<br />

réplicas, uma delas construída<br />

em 1978 que foi comprada<br />

pela Disney Corporation e<br />

usada no filme o Rocketeer de<br />

1991. Atualmente essa<br />

aeronave está em exibição em<br />

um museu na cidade de Santa<br />

Mônica. E essa réplica tem<br />

dimensões maiores do que o<br />

modelo original, mas uma<br />

perfeita está exposta em um<br />

museu na Flórida.<br />

E finalmente em 1932, os<br />

irmãos Granville criaram os<br />

famosos Super Sportsters R1 e<br />

R2, modelos muito semelhantes,<br />

porém, destinados a<br />

tipos competições diferentes. O<br />

R1 destinava-se ao cross e o R2, com um<br />

motor ainda mais potente e menor autonomia,<br />

para as corridas de circuito fechado<br />

(pilão), competições em que ambos foram<br />

grandes campeões.<br />

Os R1 e R2 foram muito bem construídos<br />

após intensas pesquisas e os melhores<br />

materiais foram usados. As tampas do<br />

tanque de combustível passaram a ficar<br />

dentro da fuselagem e o parabrisa foi<br />

construído em 3 camadas vidro inquebrável.<br />

Exceto pelo motor, a maior diferença entre as<br />

duas aeronaves é que o R2 tinha dois<br />

tanques de combustível de 302 litros, contra<br />

um único tanque de 160 litros no R1. O R2<br />

tinha um tanque de óleo 20 litros versus 18<br />

litros no R-1. O R2 tinha uma roda fixa na<br />

cauda, enquanto que o R1 tinha roda<br />

orientável na cauda. O R2 também tinha<br />

faróis aerodinâmicos nas asas e na cauda<br />

para voos noturnos. O R1, apelidado pela<br />

imprensa como "The Flying Silo", fez o seu<br />

primeiro voo de teste em quase duas horas<br />

de voo sem nenhum problema. Para a<br />

temporada de competição de 1933 o R1 e o<br />

R2 receberam outras melhorias de sucesso.<br />

Nesse ano Amelia Earhart, ( Em 1935 se<br />

tornaria a primeira piloto a fazer um voo solo<br />

sobre o Pacífico e também lembrada no<br />

filme “ Uma Noite no Museu2”), com o seu<br />

Lockheed Vega vermelho estava em um cross<br />

de 11 horas de duração competindo, entre<br />

outros, com o R1, porém, nenhum dos dois<br />

competidores tiveram sucesso, pois ambos<br />

tiveram problemas com suas aeronaves e<br />

perderam posições. Mas depois de muitas<br />

vitórias, a participação dos R1 e R2 foi encerrada<br />

por conta de acidentes que algumas<br />

vezes destruíam só os aviões e em outras<br />

vezes também eram fatais para os pilotos.<br />

Os aviadores Granville, desapontados com<br />

fim de suas estrelas racing, tentaram uma<br />

ultima reação, criando um modelo híbrido<br />

chamado "Long Tail Racer". Eles usaram o<br />

motor "Hornet", a fuselagem do R1 e as asas<br />

do R2. Este avião foi construído para as<br />

competições de 1934. Era mais longo, teve<br />

um bom desempenho no primeiro teste,<br />

mas no segundo voo ele capotou na aterrissagem,<br />

acertou uma cerca, ficou destruído e<br />

por sorte o piloto não foi gravemente ferido.<br />

Com fiasco deste último modelo a Granville<br />

<br />

construído em 1930, auge das corridas aéreas nos Estados Unidos<br />

Brothers Aircraft praticamente encerrou a<br />

construção dos Gee Bees. Mas, como último ato de<br />

resistência, os bravos irmãos Granville juntaram o<br />

que sobrou dos R1e R2 e tentaram montar o que<br />

seria o R3, também chamado de Internacional<br />

Super Sportster ou Intestinal Fortitude para competir<br />

em Chicago. Logo após esse avião ser montado,<br />

em 1934, Zantford “Granny “ Granville sofreu<br />

um acidente fatal a bordo do Gee Bee Super<br />

Sportster E Senior, quando tentava pousar em uma<br />

pista acidentalmente bloqueada por 2<br />

trabalhadores e que, para evitar machucá-los,<br />

tentou arremeter, mas não conseguiu e acabou<br />

caindo. Morreu a caminho do hospital e o último<br />

exemplar do modelo Y teve perda total. Após essa<br />

fatalidade a empresa foi vendida, encerrando<br />

oficial e definitivamente as atividades na aviação.<br />

Os irmãos Granville, além de dotados para a<br />

aeronáutica, foram muito bem auxiliados por<br />

alguns dos melhores engenheiros da época e da<br />

melhor tecnologia disponível nos seus aviões,<br />

sempre com ênfase na velocidade, juntamente<br />

com o uso de tecnologia e de conhecimento no<br />

limiar do possível na época. Criaram máquinas<br />

únicas, até com certa deformidade e muita beleza<br />

tão próprios de quando a vontade e o sonho se<br />

fundem com a realidade. A Disney, com sua magia,<br />

levou um pouco da realidade para o mundo dos<br />

sonhos da animação dando nova vida a alguns<br />

clássicos inesquecíveis da aviação mundial, já que<br />

todos os aviões do filme foram inspirados em<br />

aviões reais do mundo da aviação, dando um<br />

presente ás novas gerações, que podem conhecer<br />

e se encantar com as antigas e heroicas máquinas<br />

aéreas, como os fabulosos Gee Bees.<br />

24 Aviação & <strong>Mercado</strong><br />

Aviação & <strong>Mercado</strong> 25


e Aline Tonello<br />

Gee Ivor Bee Antônio Modelo Lorenset, R Super Sportster piloto e fundador<br />

da Santafé Táxi Aéreo<br />

Ivor Antônio Lorenset nunca<br />

soube explicar de onde surgiu<br />

o desejo de se tornar aviador,<br />

já que ninguém na família<br />

tinha vínculo com o ramo ou<br />

sequer compartilhava o<br />

sonho do empresário, que<br />

havia surgido ainda na infância.<br />

Técnico agrícola, ele<br />

trabalhou com agropecuária<br />

até abrir a própria empresa de<br />

insumos. Quando achou que<br />

tinha dinheiro suficiente, ele<br />

comprou um avião e iniciou o<br />

serviço de táxi aéreo na<br />

cidade de Xanxerê, localizada<br />

na região oeste de Santa<br />

Catarina. Hoje, com o<br />

empreendimento quase<br />

completando 20 anos, Ivor<br />

realiza o transporte aéreo do<br />

governador e deputados de SC,<br />

faz voos médicos e transporte<br />

de cargas nos três estados do<br />

Sul e para todo o Brasil.<br />

Natural de Descanso-SC, Ivor<br />

mudou-se para Xanxerê-SC em<br />

1980. Lá, encontrou amigos que<br />

dividiam a mesma paixão pela<br />

aviação civil e decidiram lutar<br />

pelo uso do Aeroporto Municipal<br />

João Winckler, que havia<br />

sido criado em 1968, mas que,<br />

pela falta de uso, o espaço foi<br />

tomado por favelas. O grupo<br />

então conversou com a administração<br />

da época, que remanejou<br />

os moradores. Com a pista<br />

liberada, o Clube de Aviação de Xanxerê foi<br />

aberto. "A gente promovia shows aéreos,<br />

paraquedismo, voos de acrobacias, voos<br />

panorâmicos e sempre mantendo a pista em<br />

boas condições. Depois começamos a<br />

construir o primeiro hangar com doações da<br />

sociedade e, com a realização de um bingo,<br />

conseguimos a cobertura do local", conta.<br />

O empresário tornou-se piloto em 1985.<br />

Continuou mantendo a própria agropecuária<br />

até começar a por em prática a<br />

ideia de montar uma empresa de táxi aéreo,<br />

o que con seguiu em 1992. Na mesma época<br />

surgiu a notícia de que os bancos passariam<br />

a fazer o transporte de valores do interior do<br />

estado para a capital Florianópolis somente<br />

de avião. Pensando no futuro como aviador<br />

e empreendedor, Ivor viu ali uma oportunidade<br />

para começar a solidificar o sonho<br />

antigo. “Dois anos depois saiu a licitação<br />

para esse transporte de valores e eu tinha só<br />

um avião na época, um Bonanza, e acabei<br />

licitando duas linhas para ver se ganhava<br />

alguma. Quando saiu o resultado eu nem<br />

consegui ficar feliz porque ganhei as duas e<br />

Foto de divulgação UTI Aeromédica da Santafé Táxi Aéreo<br />

só tinha um avião. Aí arrendei o avião de um<br />

amigo e fui trabalhar” lembra.<br />

Com a Santafé Táxi Aéreo aberta, Ivor passou<br />

mais de 14 anos fazendo transporte de valores.<br />

Durante esse período já pensava em que<br />

investiria quando esse trabalho fosse suspenso.<br />

Então começou a trabalhar na<br />

homologação do equipamento de Unidade<br />

de Terapia Intensiva (UTI) em uma aeronave<br />

da Embraer, o Sêneca II, para fazer transporte<br />

aéreo médico de pacientes. Processo que foi<br />

lento e custoso, segundo o empresário.<br />

Paralelo a isso, ainda investiu por sete anos<br />

na aviação agrícola, mas como o avião só saía<br />

duas vezes por ano, na época de safra, decidiu<br />

deixar de lado e estruturar melhor o transporte<br />

executivo.<br />

Atualmente a empresa trabalha com o transporte<br />

aéreo médico para o Sistema Único de<br />

Saúde (SUS) e para a Unimed, além de ter<br />

convênio com o Governo do Estado de Santa<br />

Catarina para fazer o deslocamento do governador<br />

Raimundo Colombo, secretários e<br />

deputados estaduais da Assembleia Legislativa.<br />

Além disso, ainda tem dois aviões Grand<br />

26 Aviação & <strong>Mercado</strong><br />

Aviação & <strong>Mercado</strong> 27


Caravan que fazem o transporte<br />

de peças automobilísticas<br />

para todo o território<br />

nacional. “A gente trabalha em<br />

tudo quanto é seguimento, é<br />

um mercado difícil, é um<br />

mercado complicado, mas a<br />

gente vem se estruturando.<br />

Necessita de muita seriedade,<br />

muito empenho, muito profissionalismo.<br />

Investimos muito<br />

na qualificação dos tripulantes.<br />

São quase 20 anos de<br />

crescimento paulatino que<br />

aponta para cima o tempo<br />

todo. Estamos enfrentando<br />

esse momento difícil pelo qual<br />

passa o Brasil, estamos<br />

superando e tocando em<br />

frente”, afirma Ivor.<br />

A Santafé Táxi Aéreo possui<br />

matriz em Xanxerê, um hangar<br />

em Chapecó-SC, uma base<br />

administrativa em Florianópolis-SC,<br />

seis aeronaves, 11 pilotos<br />

e uma equipe administrativa.<br />

Questionado sobre o<br />

motivo de ele continuar no<br />

município, que tem cerca de 48<br />

mil habitantes, o empresário<br />

diz que gosta do local, pois foi<br />

lá que concretizou o sonho de<br />

infância. “Tenho uma ligação<br />

muito forte com o município.<br />

Minha vida profissional nasceu<br />

aqui, eu só tinha sonhos quando<br />

cheguei, e os realizei aqui.<br />

Coloquei em prática o que estava<br />

na minha mente até então.”<br />

Como não tinha ninguém que lhe<br />

servisse de exemplo ou que lhe<br />

servisse de referência quando<br />

começou, Ivor se considera um<br />

desbravador da aviação no oeste<br />

catarinense. “Não copiei de<br />

ninguém, isso eu mesmo que vim<br />

desenvolvendo. Não tinha para<br />

quem perguntar, então eu<br />

Foto aeronave da frota Santafé Táxi Aéreo<br />

Foto aeronave da frota Santafé Táxi Aéreo<br />

mesmo vim fazendo e aprendendo. Se eu fosse<br />

somente piloto, eu não teria jamais construído a<br />

empresa se eu não colocasse nesse sonho a dose<br />

de empreendedor”, destaca.<br />

No meio do caminho as dificuldades foram<br />

muitas, mas o empresário afirma que nunca<br />

pensou em desistir. Tanto que foi um dos personagens<br />

mais ativos nos 20 anos de luta pela<br />

homologação da pista e do balizamento do<br />

Aeroporto Municipal João Winckler de Xanxerê,<br />

que só foi conquistada em 26 de abril deste ano.<br />

Conversando com Ivor sobre sua trajetória é<br />

possível perceber que os voos aéreos médicos<br />

são os que mais marcam o empresário. Realizando<br />

o transporte há 17 anos, ele coleciona<br />

histórias de dificuldades que enfrentou para<br />

fazer o deslocamento de pacientes, das vidas<br />

que ajudou a salvar e dos agradecimentos que<br />

recebeu. O piloto não sabe precisar quantos<br />

atendimentos já prestou e afirma serem<br />

milhares, mas o trabalho tem tamanha<br />

importância para Ivor que ele mesmo o chama<br />

de “o voo da vida”.<br />

Dentre todas as histórias, o empresário escolheu<br />

contar a de quando foi chamado para fazer um<br />

transporte de Joaçaba para Porto Alegre, do<br />

filho de um médico que estava em coma. Ao<br />

chegar ao aeroporto a equipe de Ivor descobriu<br />

que o rapaz que deveria ser transferido estava<br />

com gripe A e que a outra empresa que ia fazer o<br />

voo não o faria mais por ser extremamente<br />

contagioso. Pensando no bem estar da tripulação,<br />

o empresário decidiu abortar a missão<br />

também. “A mãe do rapaz então foi informada de<br />

que não faríamos o voo e veio até mim chorando,<br />

ajoelhou-se e implorou que a gente fizesse<br />

o voo para salvar o filho dela. E eu não sabia o<br />

que fazer. Fiquei paralisado, sem ação, mas<br />

acabei dizendo que faríamos o voo”, conta.<br />

A equipe recebeu equipamento de proteção<br />

para fazer o transporte. Todos ficaram preocupados<br />

com um possível contágio, mas felizmente<br />

nada aconteceu. “Passou-se um tempo e um dia<br />

eu estava aqui trabalhando e recebi uma ligação<br />

e era o médico, pai do menino, ligando para<br />

dizer que o voo que fizemos salvou a vida do<br />

filho dele. Que ele nunca mais vai esquecer,<br />

porque o que fizemos ninguém mais ia fazer. E<br />

todos os aniversários do menino ele liga para<br />

gente para agradecer. E isso é muito gratificante.”<br />

28 Aviação & <strong>Mercado</strong> Aviação & <strong>Mercado</strong> 29


aviacaoemercado.com.br<br />

Editor Executivo<br />

Pedro Martins<br />

Jornalista responsável<br />

Cláudia Terra (Mat 26254)<br />

Colaboradores<br />

Geni Cerutti<br />

Aline Tonello<br />

Projeto Gráfico e Diagramação<br />

Bruno Hilário<br />

Revisão Final<br />

Pedro Martins<br />

Administração e Marketing<br />

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Editorial<br />

Chegado o momento de iniciarmos mais uma etapa do nosso projeto de comunicação focado na convergência de mídias através da cultura<br />

da conexão. Vivemos conectados a todo o momento e a era digital nos proporciona inúmeras soluções e caminhos. O Aviação & <strong>Mercado</strong> surge<br />

para ampliar nossos canais de conexão com nosso público leitor. Estaremos divulgando temas importantes para o crescimento e desenvolvimento<br />

da indústria aeroespacial, mercado da aviação e pessoas que neles atuam. Cada nicho do mercado de aviação, a indústria e serviços,<br />

bem como as pessoas que o fazem, receberão tratamento especial. Nossa preocupação não estará focada na última notícia ou fato quente do<br />

momento e sim no desenvolvimento de conteúdo importante para o leitor, independente da data do fato. Queremos mostrar careiras de<br />

sucesso que demonstrem que empreender em um negócio ou em sua careira vale a pena e serve de exemplo para outras pessoas.<br />

As análises econômicas e de negócios estarão presentes em nossos conteúdos, bem como a importância humana e sua participação em torno<br />

do fato, afinal não existe conexão, convergência, economia e negócios sem a participação humana. Convidamos a fazer parte desse canal de<br />

notícias e a se conectar a ele. Boa leitura e até breve Vilso Ceroni.

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