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Boletim BioPESB 2016 - Edição 20

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<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />

Ciência, meio ambiente e cidadania em suas mãos ISSN - 2316-6649 - Ano 5 - Nº <strong>20</strong> - <strong>20</strong>15<br />

edição<br />

<strong>20</strong><br />

edição comemorativa<br />

Com a edição de número <strong>20</strong>,<br />

o <strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong> atinge<br />

a marca de <strong>20</strong>.000<br />

exemplares distribuídos.<br />

Esta vitória é de<br />

todos nós, produtores,<br />

editores e leitores.<br />

PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA MEC/SESu


MeioAmbiente<br />

Onça-Parda:<br />

ela indica qualidade florestal<br />

Higor Pereira<br />

Isabella Alves<br />

Paula Sudré<br />

Renato Senra<br />

Espécie nativa do<br />

continente Americano,<br />

pertencente ao gênero<br />

Felis, a onça-parda é o<br />

segundo maior felino das<br />

Américas, apresentando<br />

período de vida de aproximadamente<br />

<strong>20</strong> anos.<br />

No Brasil, é popularmente<br />

conhecida<br />

como Suçuarana, sendo<br />

encontrada geralmente<br />

em áreas de floresta<br />

tropical, cerrado, pantanal,<br />

dentre outros. A<br />

onça-parda tem comportamento<br />

solitário e<br />

sua atividade máxima<br />

de caça se restringe ao<br />

período noturno, geralmente<br />

das 18 às 22 horas.<br />

Redação: Alunos do PET- Bioquímica da UFV<br />

(Danilo Santos, Graziela Paulino,<br />

Helaindo Júnior, Higor Pereira, Iorrana Vieira,<br />

Isabella Costa, Isabela Paes, Isabella Britto,<br />

Laisse Lourenço, Joana Marchiori,<br />

Paula Sudré e Renato Senra.)<br />

Projeto Gráfico : Thamara Pereira<br />

Diagramação: Ana Paula Abreu<br />

Revisão: Joana Marchiori<br />

www.biopesb.ufv.br<br />

Com a necessidade<br />

de ocupar<br />

grandes áreas preservadas<br />

e estando no topo<br />

da cadeia alimentar,<br />

chegando a ser considerada<br />

uma superpredadora,<br />

a onça é um<br />

animal que fascina as<br />

pessoas; sua presença<br />

pode ser um indicador de<br />

qualidade ambiental.<br />

Segundo pesquisadores<br />

da União<br />

Internacional para Conservação<br />

da Natureza<br />

(IUCN), a população total<br />

estimada nos últimos<br />

anos nos Estados Unidos<br />

foi reduzida em aproximadamente<br />

50% do valor<br />

inicial. Porém, ainda<br />

de acordo com a IUCN,<br />

a onça-parda está dentre<br />

as espécies cujo risco<br />

<strong>Boletim</strong> Biopesb<br />

de preservação é considerado<br />

pouco preocupante.<br />

Mas de acordo<br />

com a lista oficial do<br />

Instituto Brasileiro do Meio<br />

Ambiente e dos Recursos<br />

Naturais Renováveis,<br />

(IBAMA), a onça-parda<br />

(ou Suçuarana) está entre<br />

as espécies ameaçadas<br />

de extinção no Brasil.<br />

Contudo, acredita-se<br />

que o maior motivo<br />

da diminuição do<br />

número de onças-pardas<br />

deve-se à fragmentação<br />

e à destruição de seu<br />

habitat. Dada esta suposição,<br />

a Suçuarana é<br />

tida como uma “espéciebandeira”,<br />

pois com o<br />

esforço realizado para<br />

sua manutenção, extensas<br />

áreas de florestas<br />

naturais são conservadas.<br />

Editor-Chefe: João Paulo Viana Leite<br />

Telefone: (31) 3899-3044<br />

E-mail: biopesbufv@gmail.com<br />

Endereço: Departamento de Bioquímica e<br />

Biologia Molecular - UFV<br />

CEP 36570-900, Viçosa - MG - Brasil<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

Apoio: Pró-Reitoria de Extensão e Cultura<br />

(PIBEX)-UFV<br />

Apoio: Programa de Extensão Universitária<br />

MEC/SESu - PROEXT<br />

Imagem: reprodução<br />

Ano 5, n°<strong>20</strong> - Pág 2<br />

Editorial<br />

É com alegria que chegamos<br />

a vigésima edição do<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong>, informativo<br />

que tem conseguido<br />

criar um canal permanente<br />

de comunicação entre pesquisadores<br />

e sociedade,<br />

abrangendo discussões sobre<br />

o território Serra do<br />

Brigadeiro e o bioma Mata<br />

Atlântica. Desde as primeiras<br />

edições, o <strong>Boletim</strong><br />

tem envolvido diferentes<br />

graduandos do PET Bioquímica<br />

e do Curso de Comunicação<br />

Social da UFV.<br />

Vários destes estudantes<br />

têm pela primeira vez a<br />

oportunidade de conhecer<br />

a Serra do Brigadeiro, iniciando<br />

uma relação mista de<br />

contemplação pela beleza<br />

local e um senso de comprometimento<br />

em difundir para<br />

a sociedade a importância<br />

da conservação dos seus<br />

recursos naturais. O estágio<br />

crítico que o planeta<br />

Terra chegou com o risco<br />

de catástrofes ambientais<br />

requer reflexão e atitude.<br />

Nas edições do <strong>BioPESB</strong>,<br />

ao trazermos a palavra do<br />

trabalhador rural da Serra<br />

do Brigadeiro que faz<br />

do seu ofício de cultivar a<br />

terra uma leitura das transformações<br />

ambientais, ou<br />

quando colocamos algumas<br />

reflexões do papa Francisco<br />

ao tentar sensibilizar<br />

líderes mundiais quanto a<br />

mudanças de atitudes durante<br />

a Conferência do<br />

Clima (COP 21); trazemos<br />

o fermento da necessidade<br />

de transformação da atual<br />

relação homem-natureza.<br />

O que se busca é que o<br />

leitor do <strong>BioPESB</strong> expresse<br />

sua indignação em ações<br />

de defesa a vida. Como<br />

dito pelo papa: "Estamos<br />

destruindo a Criação...<br />

Matamos a natureza sem<br />

nos dar conta de que estamos<br />

ficando com um deserto,<br />

não com um jardim. Deus<br />

nos deu a maravilha da<br />

Criação não para explorála,<br />

mas sim para amá-la e<br />

levá-la a sua perfeição".<br />

João Paulo Viana Leite<br />

Editor Chefe


MeioAmbiente<br />

Com o objetivo<br />

de estudar o uso<br />

da área do PESB e do<br />

seu entorno por felinos<br />

de médio e grande<br />

porte, como a onçaparda,<br />

existe na UFV o<br />

Projeto Suçuarana. Este<br />

projeto é coordenado<br />

pelo professor Tarcízio<br />

de Paula, do Departamento<br />

de Veterinária e<br />

sua equipe de alunos.<br />

Além disso, conta com<br />

diversas parcerias fora<br />

de Viçosa, como a Universidade<br />

Federal do<br />

Mato Grosso do Sul, o<br />

Centro Nacional de Pesquisa<br />

e Conservação de<br />

Mamíferos Carnívoros,<br />

a Universidade Federal<br />

de São Carlos, o Instituto<br />

Nacional de Pesquisas<br />

Espaciais e o<br />

Instituto Pró-Carnívoros.<br />

A proposta inicial<br />

surgiu quando a equipe<br />

do antigo Centro de<br />

Triagem de Animais Silvestres<br />

soltou, nas proximidades<br />

do PESB, uma<br />

onça-parda portando<br />

um radiocolar para<br />

registro de localização.<br />

Ao retornar ao PESB<br />

para realizar o monitoramento<br />

do animal,<br />

os pesquisadores perceberam<br />

que os moradores<br />

da região haviam<br />

ficado preocupados<br />

com a notícia da soltura<br />

deste animal. E,<br />

de fato, constatou-se<br />

que uma suçuarana realizou<br />

alguns ataques<br />

a animais domésticos<br />

no local. Foi necessário<br />

compreender os motivos<br />

destes ataques, para<br />

que se pudesse evitálos,<br />

ou reduzir a incidência,<br />

afinal era mais um<br />

fator para tornar os<br />

moradores hostis aos<br />

predadores da região.<br />

Um estudo realizado<br />

na UFV em parceria<br />

com a UFSCar<br />

rendeu uma tese intitulada:<br />

“Aspectos do uso<br />

territorial por onçaparda<br />

(Puma concolor),<br />

através de monitoramento<br />

via satélite, na<br />

região do Parque Estadual<br />

da Serra do Briga-<br />

Ano 5, n°<strong>20</strong> - Pág 3<br />

Pesquisas relatam presença e descrevem<br />

comportamento de suçuaranas no PESB<br />

Higor Pereira<br />

Isabella Alves<br />

Paula Sudré<br />

Renato Senra<br />

Imagem: reprodução<br />

Integrantes do Projeto Suçuarana na Serra do Brigadeiro<br />

deiro, MG” (T.A.R. Paula,<br />

<strong>20</strong>15). Através de<br />

amostras de fezes reconhecidas<br />

como sendo<br />

de onças-pardas coletas<br />

no PESB, foram identificados<br />

5 espécimes,<br />

apenas na região norte,<br />

sendo quatro machos e<br />

uma fêmea. Foi capturado<br />

um felino adulto,<br />

no qual foi colocado um<br />

radiocolar para monitoramento<br />

remoto. Os dados<br />

obtidos mostraram<br />

que este animal usou<br />

mais áreas do entorno<br />

do PESB do que a área<br />

dentro de seus limites,<br />

transitando constantemente<br />

em pastos e plantações.<br />

Durante doze<br />

meses, os pesquisadores<br />

puderam fazer uma estimativa<br />

da área em<br />

que o animal transitava<br />

que resultou em aproximadamente<br />

610 km².<br />

Surpreendentemente,<br />

apenas <strong>20</strong>% dessa<br />

área pertencia ao PESB.<br />

Esse estudo foi<br />

mais uma forma de se<br />

planejar a preservação<br />

dessa espécie, pois<br />

ao perceber que o animal<br />

não transita apenas<br />

pelo PESB, foi preciso<br />

pensar o manejo dessa<br />

área, criando-se um<br />

corredor entre os fragmentos<br />

da Mata Atlântica<br />

da região, facilitando<br />

seu livre trânsito.


Imagem: reprodução<br />

Ciência<br />

Danilo Santos<br />

Helaindo Junior<br />

Isabella Britto<br />

Na Universidade<br />

Federal de Viçosa,<br />

existem Museus e Espaços<br />

de Ciência enriquecedores<br />

que se destinam a<br />

divulgação da ciência.<br />

Entre eles, podemos citar<br />

o Museu de Ciência da<br />

Terra Alexis Dorofeef, o<br />

Museu de Zoologia João<br />

Moojem, a Casa Arthur<br />

Bernardes, o Museu<br />

Histórico e a Pinacoteca<br />

da UFV, o Bromelário,<br />

o Museu da Comunicação<br />

e a Sala Mendeleev<br />

Museu de<br />

Ciência da Terra<br />

Alexis Dorofeef<br />

O Museu de Ciências da<br />

Terra Alexis Dorofeef<br />

(MCTAD) é ligado ao Departamento<br />

de Solos da<br />

O Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef<br />

UFV. Seu objetivo é despertar<br />

a curiosidade das<br />

pessoas pelo que existe e<br />

acontece no nosso planeta.<br />

O MCTAD se encontra na<br />

Vila Gianetti, 31 – Campus<br />

UFV. Mais informações<br />

sobre o Museu, visitas e<br />

demais atividades podem<br />

ser conferidas pelo<br />

telefone (31) 3899-2662.<br />

Museu de<br />

Zoologia<br />

João Moojem<br />

O Museu de Zoologia<br />

da UFV iniciou a coleção<br />

de peças zoológicas em<br />

1933 pelo Prof. João<br />

Moojem de Oliveira que<br />

foi homenageado em<br />

1993, dando nome ao<br />

Museu de Zoologia João<br />

Moojem (MZUFV). Segundo<br />

o Prof. Renato Neves<br />

Feio, atualmente, no acervo<br />

zoológico do MZUFV<br />

estão depositados cerca<br />

de 4.300 exemplares de<br />

peixes de água doce,<br />

8.600 exemplares de anfíbios,<br />

2.250 exemplares<br />

de répteis, 1.800 exemplares<br />

de aves, 2.600<br />

exemplares de mamíferos<br />

e 1.<strong>20</strong>0 peças de fósseis.<br />

O Museu encontra-se na<br />

Vila Giannetti, 32, Campus<br />

UFV funcionando de<br />

segunda a sexta-feira entre<br />

8:00 e 12:00 e 14:00<br />

e 18:00, exceto feriados.<br />

As visitas são gratuitas e<br />

podem ser agendadas<br />

pelo site www.mz.ufv.<br />

br/visita. Mais informações<br />

podem ser encontradas<br />

através do telefone<br />

(31) 3899-2530.<br />

Casa Arthur<br />

Bernardes<br />

A Casa Arthur Bernardes<br />

foi residência do Ex-<br />

Presidente da República,<br />

Dr. Arthur da Silva<br />

Bernardes e está<br />

localizada na Praça Silviano<br />

Brandão, 69, no cen-<br />

Bromelário - SEMEC<br />

Ano 5, n°19 - Pág 4<br />

um mundo de descobertas pode ser conferido<br />

nos museus e espaços de ciência da ufv<br />

tro de Viçosa. O Dr. Arthur<br />

Bernardes era viçosense<br />

e além de Presidente da<br />

República foi também o<br />

fundador da Escola Superior<br />

de Agricultura e<br />

Veterinária (ESAV). Sua<br />

casa foi tombada pelo<br />

Instituto Estadual do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico<br />

(IEPHA/MG) em 10 de<br />

outubro de 1995. Em 1996<br />

foi inaugurado o memorial<br />

Arthur Bernardes, integrado<br />

a Casa Arthur Bernardes<br />

que atualmente,<br />

além de funcionar como<br />

museu e memorial do Ex-<br />

Presidente, promovem<br />

também eventos artísticoculturais,<br />

como palestras,<br />

exposições e seminários. A<br />

casa é aberta ao público<br />

nos horários de visitação<br />

pública: de terça à sextafeira<br />

das 9:00 às 17:30<br />

e aos sábados e domingos<br />

das 8:00 às 11:30.<br />

Maiores informações pelos<br />

telefones: (31) 3899-<br />

1373 e (31) 3899-2862.<br />

Imagem: reprodução


Ciência<br />

Ano 5, n°19 - Pág 5<br />

Imagem: reprodução<br />

Pinacoteca e<br />

Museu Histórico<br />

da UFV<br />

A Pinacoteca da UFV<br />

surgiu em 1973 com o intuito<br />

de promover exposições<br />

artístico-culturais,<br />

onde há oportunidade<br />

para já artistas e para<br />

iniciantes também. No<br />

mesmo espaço, foi criado<br />

também o Museu Histórico<br />

da UFV em 1986<br />

com a intenção de guardar,<br />

registar, coletar e<br />

expor objetos ou documentos<br />

que remontem a<br />

memória da instituição.<br />

Possui móveis e objetos<br />

que datam da criação<br />

da UFV. Localizam-se na<br />

antiga casa de hóspedes<br />

do campus, edificada<br />

em 1926. Os horários<br />

de atendimento são de<br />

segunda à sexta-feira<br />

de 08h-12h e 14h-18h.<br />

O telefone para contato<br />

é 3899-2498.<br />

Sala Medeleev<br />

A “Sala Mendeleev”, localizada<br />

no prédio das<br />

licenciaturas no campus<br />

UFV, é uma exposição<br />

permanente e interativa<br />

sobre a Tabela Periódica<br />

dos Elementos. Há<br />

também amostras de<br />

substâncias simples e de<br />

compostos representativos.<br />

Aplicações cotidianas<br />

contendo cada elemento<br />

estável conhecido<br />

estão dispostas no formato<br />

de uma Tabela periódica<br />

tridimensional. A<br />

exposição fica aberta de<br />

segunda a sexta de 8 às<br />

12h e 14 a 18h, para visitas<br />

individuais ou grupos<br />

de até 5 pessoas. Para<br />

grupos maiores (de 5 até<br />

40 pessoas) podem ser<br />

agendadas visitas guiadas.<br />

Neste caso, além da<br />

exposição, os visitantes<br />

podem manipular amostras,<br />

assistir audiovisuais,<br />

conhecer um pouco sobre<br />

a vida de Dimitri Ivanovich<br />

Mendeleev e fazer experimentos<br />

interessantes<br />

e divertidos. O roteiro da<br />

visita é adaptado conforme<br />

o público, que pode<br />

incluir estudantes do ensino<br />

fundamental, médio ou<br />

superior, professores ou o<br />

público em geral. Para<br />

essas visitas agendadas<br />

reserva-se o turno da<br />

manhã (8 às 12h) A visita<br />

é gratuita. Para agendar,<br />

os contatos são feitos<br />

por e-mail (salamendeleev@ufv.br)<br />

ou pelo<br />

telefone 3899-4272.<br />

Álbum Ilustrado Descobrindo<br />

os Museus e Espaços de<br />

Depois de conhecer<br />

os museus e descobrir<br />

um mundo de informações,<br />

é possível eternizar<br />

tudo isso em um<br />

álbum de figurinhas. A<br />

Secretaria de Museus<br />

e Espaços de Ciência<br />

da Universidade criou<br />

o Álbum Ilustrado<br />

Descobrindo os Museus<br />

e Espaços de Ciência<br />

da UFV. São 74<br />

figurinhas que abrangem<br />

os oito espaços:<br />

Ciência da UFV<br />

Museu Histórico da UFV,<br />

Pinacoteca da UFV, Museu<br />

de Ciências da Terra<br />

Alexis Dorofeef, Museu<br />

de Zoologia João<br />

Moojen, Museu da Comunicação,<br />

Sala Mendeleev,<br />

Casa Arthur Bernardes<br />

e o Bromeliário.<br />

Ao conhecer cada espaço,<br />

o visitante ganha um<br />

pacote de figurinhas e,<br />

quando termina o Circuito<br />

tem mais riqueza e diversidade<br />

em mãos. Além<br />

disso, professores podem<br />

utilizar o Álbum como<br />

auxiliar na busca por<br />

aprendizados lúdicos e<br />

criativos acerca de diversas<br />

áreas do saber.


Entrevista<br />

Ano 5, n°19 - Pág 6<br />

<strong>20</strong>ª edição do <strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong><br />

Em <strong>20</strong>07, davase<br />

início nas localidades<br />

do Estouro (município de<br />

Araponga) e em Bom Jesus<br />

do Madeira (município de<br />

Fervedouro), o projeto “Uso<br />

de plantas medicinais em<br />

comunidades do entorno do<br />

Parque Estadual Serra do<br />

Brigadeiro”, envolvendo extensionistas<br />

e pesquisadores<br />

da UFV, juntamente com<br />

moradores locais. 23 moradores<br />

conhecedores da flora<br />

medicinal foram entrevistados,<br />

plantas identificadas,<br />

informações catalogadas<br />

e, como resultado, houve a<br />

publicação de um artigo<br />

na revista MG.Biota do IEF-<br />

MG (v.1, n.4, <strong>20</strong>08), um livro<br />

de educação ambiental e<br />

um forte laço de amizade<br />

entre pesquisadores e moradores<br />

da Serra, além do<br />

nascimento do Programa de<br />

Bioprospecção e Uso Sustentável<br />

dos Recursos Naturais<br />

da Serra do Brigadeiro, o<br />

<strong>BioPESB</strong>. Nesta entrevista,<br />

do número comemorativo<br />

da edição número <strong>20</strong> do<br />

<strong>BioPESB</strong>, o editor chefe do<br />

<strong>Boletim</strong>, prof. João Paulo<br />

Viana Leite, do departamento<br />

de Bioquímica e Biologia<br />

Molecular da UFV,<br />

fala dessa caminhada<br />

de desafios e conquistas.<br />

Ao lançar o informativo<br />

<strong>BioPESB</strong>, qual era o<br />

seu objetivo? A necessidade<br />

de criar um diálogo<br />

permanente sobre a biodiversidade<br />

local e seu uso<br />

pela comunidade. Isso surgiu<br />

após alguns anos trabalhando<br />

em projetos da universidade<br />

no entorno do PESB.<br />

Ao chegar à UFV, em <strong>20</strong>06,<br />

tive a grata oportunidade<br />

de conhecer um grupo de<br />

estudantes que estavam produzindo<br />

o documentário “Entre<br />

Montanhas e Muriquis”,<br />

entre eles o Leandro, Renato<br />

e a Letícia que virou minha<br />

orientada do programa<br />

de iniciação à extensão da<br />

UFV. Eles me apresentaram<br />

a região. E a relação que<br />

tinham com os moradores<br />

locais foi importante para a<br />

realização do projeto de resgate<br />

da medicina popular local.<br />

Nas visitas que fazíamos,<br />

tivemos o privilégio de ser<br />

convidado para agradáveis<br />

bate-papos ao pé do fogão<br />

a lenha com os raizeiros de<br />

grande sabedoria popular.<br />

Começava aí o sentimento de<br />

compromisso e parceria com<br />

a população da Serra. Em<br />

<strong>20</strong>11, foi lançada a primeira<br />

edição do <strong>Boletim</strong> <strong>BioPESB</strong>.<br />

Como é o processo de<br />

produção das matérias? Em<br />

<strong>20</strong>10, conseguimos aprovar<br />

no Ministério da Educação o<br />

projeto de criação do Programa<br />

de Educação Tutorial,<br />

o PET Bioquímica, que prevê<br />

a formação de um grupo de<br />

12 graduandos para atuarem<br />

em projetos de ensino,<br />

pesquisa e de extensão.<br />

Com este grupo, escrevemos<br />

todas as edições até hoje.<br />

Iniciamos a produção com<br />

uma reunião de planejamento<br />

que acontece em dezembro<br />

na sede do PESB. Nesse<br />

encontro, aproveitamos para<br />

aproximar os estudantes e<br />

pessoas que vivenciam diariamente<br />

a Serra do Brigadeiro.<br />

Discutimos as matérias<br />

do próximo ano e as separamos<br />

por edição e por<br />

editorias. De volta à universidade,<br />

os estudantes se preparam<br />

para escrever cada<br />

matéria buscando informações<br />

com moradores locais,<br />

órgãos governamentais,<br />

ONGs, dados da literatura<br />

e internet. Em seguida, cada<br />

edição passa por uma revisão,<br />

diagramação e impressão<br />

com tiragem de 1.000<br />

exemplares. Para distribuição<br />

na Serra do Brigadeiro<br />

contamos com a colaboração<br />

da direção do PESB.<br />

Como é o retorno da comunidade<br />

da Serra quanto ao<br />

<strong>Boletim</strong>? É muito importante<br />

ter o retorno da comunidade.<br />

Para isto, aproveitamos todos<br />

os momentos de contato<br />

com a população local. Sempre<br />

aproveito os encontros<br />

do conselho consultivo do<br />

PESB, do qual me orgulho<br />

em ser conselheiro, para<br />

conversar sobre as matérias<br />

do <strong>BioPESB</strong>. A gerência do<br />

PESB e toda a sua equipe,<br />

principalmente os guarda<br />

parques, são importantes<br />

para ter a dimensão do alcance<br />

das matérias. É muito<br />

prazeroso ouvir também de<br />

turistas que foram ao Parque<br />

e lá puderam conhecer um<br />

pouco mais da região pelo<br />

acesso ao <strong>BioPESB</strong>. Este ano<br />

renovamos o Portal <strong>BioPESB</strong>,<br />

que é feito em parceria com<br />

o núcleo de ensino a distância<br />

da UFV, o CEAD. O<br />

acesso é feito pelo biopesb.<br />

ufv.br e, nele, além de disponibilizar<br />

todas as edições<br />

do <strong>BioPESB</strong>, estamos também<br />

criando um diálogo de comunicação<br />

com a sociedade.<br />

Nestes anos de circulação<br />

do <strong>Boletim</strong>, quais têm<br />

sido os maiores desafio e<br />

conquistas? Sem dúvida, é<br />

correr atrás de recurso financeiro.<br />

Até hoje, todas as<br />

nossas edições foram mantidas<br />

com recursos oriundos<br />

de editais públicos de extensão<br />

e de pesquisa. É um<br />

detalhe muito importante,<br />

pois nos deixa mais livres<br />

para termos o compromisso<br />

com a população, fazendo<br />

com que durante a leitura<br />

do <strong>Boletim</strong>, o leitor apenas<br />

ocupe o seu tempo com informações<br />

de cunho social,<br />

ambiental e científico. Temos<br />

também o desafio do <strong>Boletim</strong><br />

se tornar mais presentes<br />

nas escolas do território<br />

Rural Serra do Brigadeiro.<br />

Penso que a maior conquista<br />

do projeto foi ter criado<br />

um caminho de aproximação<br />

entre a universidade e<br />

as comunidades da Serra.<br />

Trata-se de uma grande<br />

responsabilidade social do<br />

pesquisador. Por si só, pode<br />

não ser um projeto transformador,<br />

mas estamos contribuindo<br />

para formar agentes<br />

transformadores locais.<br />

A redação


Imagem: reprodução<br />

Serra do Brigadeiro Ano 5, n°19 - Pág 7<br />

sapo-de-chifres encanta por figura exótica<br />

e canto característico<br />

Joana Marchiori<br />

Laísse Lourenço<br />

Proceratophrys melanopogon, fotografado no Parque Estadual<br />

do Brigadeiro, município de Araponga /MG<br />

A beleza dos<br />

picos, montanhas e o<br />

colorido da Mata Atlântica<br />

na Serra do Brigadeiro,<br />

muitas vezes fazem<br />

com que o turista não perceba<br />

animais minúsculos<br />

e de grande importância<br />

ecológica que a biodiversidade<br />

local abriga.<br />

No PESB, uma espécie<br />

nativa conhecida<br />

popularmente como “sapo-de-chifres”,<br />

e pela<br />

ciência como Proceratophrys<br />

melanopogon<br />

chama atenção devido<br />

à aparência exótica<br />

com presença de<br />

apêndices palpebrais<br />

que lembram chifres.<br />

Outras espécies<br />

parecidas recebem também<br />

diferentes nomes<br />

populares como “sapo<br />

boi” e “sapo folha”, dependendo<br />

de suas particularidades.<br />

Estes “chifrinhos”<br />

ainda não têm<br />

função conhecida, mas<br />

supõe-se que eles sirvam<br />

para ajudar na camuflagem,<br />

por se parecerem<br />

bastante com hastes de<br />

folhas. Isso ajuda na caça<br />

e na fuga de predadores.<br />

Os sapos-de-chifres<br />

podem chegar a medir<br />

até <strong>20</strong> cm e pesar 500<br />

gramas, o que varia entre<br />

as espécies. Eles se<br />

escondem em arbustos e<br />

folhas, aproveitando de<br />

sua coloração, que varia<br />

entre marrom, bege e<br />

verde. Entre suas presas<br />

favoritas estão os invertebrados,<br />

pequenos vertebrados<br />

e peixes. Existem<br />

também algumas espécies<br />

predadoras, que se alimentam<br />

de outros sapos.<br />

Com o desmatamento,<br />

as queimadas e o<br />

descaso do homem com<br />

o meio ambiente, o habitat<br />

dos sapos de chifres<br />

tem sido prejudicado.<br />

Espécie de Sapo-de-chifres<br />

tem canto descrito<br />

pela primeira vez em pesquisa<br />

da UFV na Serra<br />

do Brigadeiro<br />

Sendo um dos<br />

primeiros animais a caminharem<br />

pelo planeta<br />

Terra, os anuros são considerados<br />

como intermediários<br />

entre os peixes<br />

e os demais vertebrados.<br />

Após terem resistido<br />

à diversas glaciações<br />

e até mesmo ao choque<br />

de um grande asteroide<br />

no planeta que dizimou os<br />

dinossauros, hoje a ciência<br />

tenta compreender<br />

porque estes animais atualmente<br />

tornaram-se tão<br />

vulneráveis, mesmo após<br />

enfrentarem grandes<br />

transformações da superfície<br />

terrestre.<br />

Uma pesquisa desenvolvida<br />

pela mestranda<br />

em Biologia Animal<br />

da UFV, Sarah Mângia,<br />

em conjunto com colaboradores,<br />

descreveu<br />

pela primeira vez o canto<br />

de anúncio do Sapo-dechifres-de-barba-preta,<br />

Proceratophrys melanopogon,<br />

espécie exclusiva<br />

da Mata Atlântica do<br />

sudeste do Brasil. Segundo<br />

matéria publicada no<br />

site do Museu de Zoologia<br />

João Moojen, “biólogos<br />

da UFV e da Universidade<br />

Federal do Rio<br />

Grande do Norte gravaram<br />

o coaxo de machos<br />

desse sapo durante<br />

uma expedição científica<br />

em outubro de <strong>20</strong>09 ao<br />

Parque Estadual da Serra<br />

do Brigadeiro. O canto de<br />

anúncio é o tipo de coaxo<br />

mais comum emitido pelos<br />

anfíbios, e tem função de<br />

atrair as fêmeas para a<br />

reprodução. Analisado<br />

pelos cientistas, esse canto<br />

se torna uma importante<br />

ferramenta para<br />

estudos de taxonomia,<br />

uma vez que cada espécie<br />

produz um chamado<br />

próprio” O artigo foi publicado<br />

na revista especializada,<br />

South American<br />

Journal of Herpetology.


Turismo<br />

Ano 5, n°19 - Pág 8<br />

escavações para minas de ouro do século xviii<br />

ajudam a contar a história do município de araponga<br />

Iorrana Vieira<br />

Graziela Paulino<br />

De acordo com a<br />

secretária de turismo de<br />

Araponga, Simone Dias<br />

Sampaio, a história das<br />

minas de ouro na região<br />

iniciou–se juntamente com<br />

o aparecimento do município.<br />

Podemos dizer<br />

que o surgimento da cidade<br />

de Araponga, que<br />

faz parte do território<br />

Serra do Brigadeiro, foi<br />

uma consequência da<br />

busca pelo tão cobiçado<br />

ouro na época das expedições<br />

à procura de<br />

metais preciosos em território<br />

mineiro. Alguns<br />

estudiosos inclusive afirmam<br />

que o primeiro ouro<br />

encontrado em Minas<br />

Gerais foi nesta região,<br />

por volta de 1963.<br />

Essa história<br />

começou realmente em<br />

1780 quando o então<br />

governador da capitania<br />

de Minas Gerais, D.<br />

Rodrigo José de Menezes,<br />

enviou para região<br />

de Arrepiados, o padre<br />

Manoel Luís Branco que<br />

possuía experiência em<br />

busca de novas terras.<br />

Além disso, levou também<br />

escravos e índios<br />

para auxiliar o padre em<br />

sua expedição. Quando<br />

chegaram no local,<br />

constataram uma grande<br />

quantidade de ouro nas<br />

terras do Coronel Antônio<br />

Dias Ferraz, patriarca<br />

tradicional de uma<br />

das famílias da região.<br />

Túneis de mineração abandonados no município de Araponga. Fonte: Secretaria de Turismo,<br />

Meio Ambiente, Cultura e Esportes.<br />

Como em Ouro Preto e<br />

Mariana, o ouro já estava<br />

escasso, foi vista<br />

a possibilidade de extrair<br />

grande quantidade<br />

de ouro nesse território.<br />

Em agosto de 1781,<br />

o próprio governador<br />

da capitania de Minas<br />

Gerais foi até a região<br />

com sua comitiva. Ao<br />

chegar, distribuiu sesmarias<br />

e terras para<br />

exploração de metais<br />

preciosos. Assim, ficou<br />

oficialmente fundado o<br />

Arraial dos Arrepiados<br />

pelo próprio governador.<br />

As minas de ouro<br />

escavadas nesta época<br />

e mantidas até os dias<br />

atuais foram responsáveis,<br />

durante muito<br />

tempo, pelo crescimento<br />

populacional e desenvolvimento<br />

do município.<br />

Após o declínio<br />

do ouro, esse desenvolvimento<br />

começou a retroceder,<br />

e os túneis escavados<br />

foram abandonados.<br />

Hoje, apesar de não<br />

haver mais ouro, os túneis<br />

continuam servindo<br />

indiretamente para desenvolvimento<br />

econômico<br />

e cultural da região.<br />

Ainda que possuam<br />

grande importância<br />

cultural e histórica<br />

para a região, os antigos<br />

túneis de mineração de<br />

ouro não são tombados,<br />

ou seja, não são registrados<br />

e resguardados por<br />

legislações específicas.<br />

Atualmente, a prefeitura<br />

de Araponga busca<br />

meios para que esse<br />

patrimônio tão importante<br />

para os moradores<br />

da região e para própria<br />

história de Minas Gerais<br />

seja tombado. Além disso,<br />

com o tombamento<br />

dos túneis, o município<br />

passaria a receber com<br />

ICMS cultural cerca de<br />

25 mil reais por mês,<br />

segundo a prefeitura.<br />

Indo a Araponga,<br />

não deixe de conhecer estas<br />

importantes marcas da<br />

história da região. Esses<br />

túneis podem ser encontrados<br />

na Fazenda Mundial,<br />

cerca de 1 km de distância,<br />

ou 10 minutos de<br />

caminhada. Entre em contato<br />

com a Secretaria de<br />

Turismo de Araponga, que<br />

se localiza na prefeitura,<br />

Praça Manoel Romualdo<br />

de Lima, 221, Centro,<br />

Araponga, ou ligue<br />

(031)3894-1100 e se informe<br />

mais sobre a história<br />

e localização dos túneis.

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