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Jornal Cocamar Agosto 2016

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30 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Agosto</strong> <strong>2016</strong><br />

Agroalmanaque<br />

Pela longa estrada da vida<br />

Foram mais de quarenta anos de uma bem-sucedida carreira,<br />

só interrompida no ano passado, com a morte de José Rico<br />

Entre as mais famosas<br />

intérpretes da<br />

música sertaneja do<br />

Brasil, a dupla Milionário<br />

& José Rico foi desfeita<br />

no ano passado, com a morte<br />

de José Rico. Eles eram conhecidos<br />

como "as gargantas<br />

de ouro" e, em mais de quarenta<br />

anos de carreira, venderam<br />

cerca de 35 milhões<br />

de exemplares de seus 29<br />

discos gravados a partir de<br />

1973.<br />

Mesmo quem não gosta de<br />

sertanejo conhece e, por reflexo<br />

condicionado, cantarola<br />

suas músicas. Em todo caso,<br />

é preciso respeitar uma dupla<br />

que mereceu estrelar um<br />

filme dirigido pelo único cineasta<br />

que se habilitou como<br />

imortal da Academia Brasileira<br />

de Letras, Nelson Pereira<br />

dos Santos: o<br />

longa-metragem “Estrada da<br />

Vida” (1979).<br />

O filme conquistou o primeiro<br />

lugar no Festival Internacional<br />

de Filmes de Brasília<br />

e foi vendido para<br />

diversos países, inclusive a<br />

China. Por isso, em 1985, Milionário<br />

e José Rico foram<br />

parar do outro lado do<br />

mundo, convidados pelo governo<br />

chinês para se apresentarem<br />

naquele país. Nunca,<br />

até então, músicos sertanejos<br />

brasileiros haviam cantado<br />

na China.<br />

O nome da dupla surgiu<br />

por acaso. Milionário era só<br />

Romeu (Romeu Januário dos<br />

Santos), enquanto o companheiro<br />

(José Alves dos Santos)<br />

já era conhecido pelo<br />

apelido. Segundo entrevista<br />

no programa de Jô Soares, a<br />

dupla inicialmente se chamava<br />

"Tubarão e José Rico".<br />

E quando, certa vez, eles se<br />

apresentaram no programa<br />

de calouros de Sílvio Santos,<br />

este os chamou de "Milionário<br />

e José Rico", em alusão ao<br />

"carnê milionário" do Baú da<br />

Felicidade. A dupla estava batizada.<br />

Segundo informações colhidas<br />

dentre moradores de<br />

Goioerê e região, ambos teriam<br />

começado nessa cidade<br />

paranaense, em 1970, onde a<br />

Terra Rica faz parte da história<br />

Pernambucano de nascimento,<br />

José Rico veio morar<br />

ainda muito novo no Paraná,<br />

onde sua família se fixou no<br />

município de Terra Rica, região<br />

de Paranavaí. Dizem<br />

que ele passou a ser chamado<br />

de José Rico, pelos amigos,<br />

em alusão ao nome da<br />

cidade. Afirmam, também,<br />

que ele teria outro apelido:<br />

“Galo Cego”.<br />

O músico José Brito, o Britinho,<br />

de Maringá, relata que<br />

José Rico gostava muito de<br />

futebol, tanto de assistir aos<br />

jogos quanto de entrar em<br />

campo, para disputar as partidas.<br />

Consta que, não raramente,<br />

ele levava um violão<br />

a tiracolo e ficava cantarolando<br />

na beira do campo.<br />

CINEMA LOTADO - Britinho<br />

lembra que viajou até Terra<br />

Rica, certa vez, para assistir<br />

ao show da dupla em sua primeira<br />

apresentação na cidade,<br />

depois de ter conquistado<br />

a fama. “O cinema<br />

da cidade ficou lotado, todo<br />

mundo queria ver”, comenta.<br />

Segundo ele, o cantor chegou<br />

a ter uma chácara em Apucarana<br />

no período em que se<br />

separou da dupla com Milionário<br />

(entre 1991 e 1994). Era<br />

ali, em seu descanso, que ele<br />

gostava de encontrar os amigos,<br />

entre eles o empresário<br />

musical Rubens de Oliveira,<br />

para cantar e também para<br />

jogar futebol, hábito que cultivou<br />

praticamente até o final<br />

da vida.<br />

“A última vez que vi o José<br />

Rico foi em Cianorte”, recorda-se<br />

Britinho. Foi há muitos<br />

anos, na festa de inauguração<br />

de uma emissora de<br />

rádio. O cantor participou de<br />

uma equipe de futebol com<br />

músicos conhecidos e também<br />

ex-jogadores profissionais.<br />

Os dois começaram a cantar juntos em 1970 e dizem que, antes de<br />

ficarem famosos, tentaram a sorte em um festival de rádio em Goioerê<br />

Rádio Goioerê mantinha um<br />

programa de calouros aos domingos,<br />

no cinema. Mas essa<br />

história não está confirmada<br />

e, de qualquer forma, a fama<br />

só viria anos depois, quando<br />

eles investiam na construção<br />

de sua carreira em São<br />

Paulo.<br />

35<br />

milhões de<br />

exemplares de<br />

seus 29 discos,<br />

foram vendidos<br />

Com a simpatia de José<br />

Rico pelos mais variados estilos<br />

musicais como a gaúcha,<br />

mexicana, paraguaia e cigana,<br />

a dupla ganhou um estilo<br />

característico e inconfundível.<br />

O uso de instrumentos como<br />

harpas, trompetes e, em especial,<br />

o acordeon, demonstrou<br />

esta miscigenação e riqueza<br />

musical.<br />

A dupla se separou em<br />

1991, retornou em 1994 com<br />

força total e foi assim até o<br />

fim. Entre suas mais ricas interpretações<br />

estão “Sonho de<br />

um caminhoneiro”, “Duas camisas”<br />

e, claro, “Estrada da<br />

Vida”.<br />

José Rico faleceu de infarto<br />

no dia 3 de março de 2015,<br />

aos 68 anos, enquanto Milionário<br />

segue carreira ao lado<br />

de Marciano.

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