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Revista Dr Plinio 208

Julho 2015

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Editorial<br />

Harmonia na<br />

desigualdade<br />

Ogrande e talvez mais duradouro mito que atravessa os séculos e atinge todas as esferas da sociedade<br />

poderia ser resumido em uma palavra: igualitarismo. Não é difícil constatar isto, sobretudo<br />

se considerarmos que este foi o principal argumento usado pela serpente para tentar nossos<br />

primeiros pais no Paraíso. O convite “sereis como deuses” 1 parece ainda sussurrar no interior dos corações<br />

e, hélas! poucas são as almas vigilantes e prontas a rejeitá-lo.<br />

Não devemos nos esquecer de que, antes do pecado, Adão e Eva possuíam a graça santificante pela<br />

qual participavam da natureza divina. O demônio, invejando-lhes a santidade que, se bem correspondida,<br />

redundaria numa magnífica glória, os iludiu a respeito dos planos de Deus. Aquilo que Satanás prometeu<br />

foi precisamente o que lhes arrancou. E só com o sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Segunda<br />

Pessoa da Santíssima Trindade encarnada, se reataram os laços de amizade entre os homens e Deus.<br />

Entretanto, mesmo após a Redenção, a humanidade continuou inclinada ao mal. E este muitas vezes<br />

se apresenta como na primitiva tentação: não só o homem quer ser igual a Deus, mas também nivelar toda<br />

a Criação num único patamar.<br />

Tal tendência, arraigada no orgulho, tem sido amplamente explorada e exacerbada ao longo do secular<br />

processo de decadência da Cristandade, isto é, a Revolução, cujo cunho igualitário <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> denunciou<br />

em seu ensaio Revolução e Contra-Revolução 2 no qual o Autor afirma que a igualdade absoluta<br />

e a liberdade completa, concebidas como valores metafísicos, exprimem bem o espírito revolucionário 3 .<br />

Mas por que a igualdade absoluta entre os seres é um mal?<br />

Durante uma série de conferências realizadas em 1957 — portanto, dois anos antes da publicação da<br />

obra acima citada — <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> explicava:<br />

O universo consegue exatamente suas melhores expressões de semelhança com Deus pela desigualdade.<br />

Assim, odiar a desigualdade é odiar aquilo que há de mais semelhante a Deus na Criação.<br />

Ora, odiar a semelhança com o Criador é odiar o próprio Criador. Portanto, almejar a igualdade como<br />

valor supremo é querer o contrário de Deus.<br />

As diversidades dos seres não existem em consequência do pecado original, como uma punição,<br />

nem como uma espécie de desfiguração introduzida no universo pelo mal e pelo pecado. Ao contrário,<br />

a desigualdade existe como uma qualidade excelente, precisamente como um requinte de perfeição<br />

deste universo.<br />

É pela desigualdade que Deus se manifesta melhor aos homens. Por isso a desigualdade representa<br />

um bem, em si mesma. Assim, chegamos à conclusão de que procurar suprimir a desigualdade no<br />

universo é querer destruir o que ele tem de mais alto, de mais excelente, de mais deiforme — eu me<br />

4

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