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Jornal Cocamar Agosto 2016

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26 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Agosto</strong> <strong>2016</strong><br />

NEGÓCIOS<br />

Ovos, café e mentalidade empresarial<br />

Em Carlópolis, o trabalho de uma cooperada que procura dar prosseguimento ao<br />

trabalho iniciado na geração anterior, já preparando a próxima. POR MARLY AIRES<br />

Em 2012, quando Tadashi,<br />

seu marido, faleceu,<br />

a cooperada<br />

Lucineia Uto, de Carlópolis,<br />

se sentiu sem chão.<br />

“Como tocar a propriedade sozinha?”,<br />

se perguntava, mesmo<br />

já participando diretamente<br />

na gestão da propriedade,<br />

onde são produzidos<br />

café, ovos e gado. “Fiquei insegura,<br />

tomávamos as decisões<br />

juntos”, explica.<br />

Seguiram-se problemas, como<br />

as questões burocráticas<br />

do inventário, em que os bens<br />

são bloqueados até que tudo<br />

seja concluído. Como só o marido<br />

era cooperado, a produtora<br />

ficou sem garantias para<br />

realizar qualquer negociação<br />

e, recorda-se, o apoio da<br />

<strong>Cocamar</strong> foi fundamental para<br />

dar continuidade ao trabalho,<br />

fornecendo insumos em condições<br />

especiais de pagamento.<br />

SUCESSO - Lucineia tem sido<br />

bem sucedida: o desafio despertou<br />

nela a mentalidade empresarial.<br />

“Quando recebemos<br />

um legado de família, temos<br />

que entregá-lo melhor para a<br />

próxima geração”, afirma, comentando<br />

que os sogros começaram<br />

a construir o patrimônio.<br />

Depois, o marido e ela<br />

deram prosseguimento e, agora,<br />

“é nosso papel continuar<br />

evoluindo”.<br />

Pensando assim, a cooperada<br />

já prepara a próxima geração.<br />

Dos quatro filhos, duas<br />

se formaram e seguiram seu<br />

caminho. Um filho, graduado<br />

em engenharia mecânica,<br />

vem sendo desafiado pela<br />

mãe a desenvolver projetos e<br />

equipamentos que facilitem o<br />

trabalho na propriedade. E a<br />

filha Bruna, mesmo formada<br />

em Farmácia, decidiu ficar ao<br />

lado da mãe: “Vim para ajudar<br />

na administração. Ainda estou<br />

aprendendo, mas gosto muito<br />

do campo”. Lucineia conta,<br />

ainda, com uma equipe de<br />

nove funcionários.<br />

OVOS - Em 4,7 alqueires é<br />

mantida a criação de aves poedeiras,<br />

com barracões e toda<br />

a infraestrutura necessária para<br />

alimentação, beneficiamento<br />

dos ovos, armazenamento<br />

e escritório. São 19 mil cabeças,<br />

produzindo a média de<br />

1.350 caixas por mês. “Temos<br />

a preocupação de investir no<br />

bem-estar das aves, pois isto<br />

vai melhorar a sanidade delas,<br />

havendo menos perdas, e<br />

melhorar a qualidade dos<br />

ovos, que duram mais tempo<br />

no armazém”, explica a produtora.<br />

Ela se refere ao sistema<br />

de semiconfinamento ali utilizado,<br />

que dispensou as tradicionais<br />

gaiolas. O custo é<br />

maior, mas, em contrapartida,<br />

a família consegue um preço<br />

melhor pelos ovos.<br />

A comercialização e a entrega<br />

da produção eles mesmos<br />

fazem em pontos de<br />

venda no município e vizinhança.<br />

Todo o esterco gerado<br />

nos barracões, por outro lado,<br />

é aproveitado na lavoura de<br />

café.<br />

CAFÉ - Dois dos cinco alqueires<br />

da lavoura já conduzidos<br />

com máquinas e, segundo<br />

Lucineia, a mecanização<br />

é um processo sem<br />

volta. “Não tem como continuar<br />

se não for assim”,<br />

acrescenta. Em média, são<br />

produzidas 300 sacas beneficiadas.<br />

Em outros sete alqueires<br />

de pastagem, há gado<br />

de corte, trabalhando com<br />

cria, recria e engorda<br />

no cocho.<br />

Lucineia e a filha Bruna:<br />

“Quando recebemos um<br />

legado de família, temos<br />

que entregá-lo melhor”;<br />

na outra foto, o sistema<br />

de semiconfinamento<br />

das aves, que substituiu<br />

as tradicionais gaiolas<br />

Saber fazer para<br />

poder mandar<br />

Lucineia Uto conta que tem procurado aprender a<br />

fazer de tudo na propriedade. Segundo ela, para poder<br />

mandar que os outros façam, é necessário saber como<br />

tudo funciona, acompanhar, entender onde estão possíveis<br />

falhas: “Se não conhecer bem e acompanhar de<br />

perto, as coisas podem desandar”. Lucineia diz que só<br />

de olhar para os ovos já consegue perceber se a nutrição<br />

e a sanidade das aves estão em nível satisfatório ou se<br />

há algum problema. “São 30 anos lidando com isso”,<br />

completa.

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