04.11.2016 Views

Arpoador - Marcos Bonisson

Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!

Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.

<strong>Arpoador</strong><br />

<strong>Marcos</strong> <strong>Bonisson</strong>


Balada dos Corpos Solares<br />

Sentado no seu rochedo, <strong>Marcos</strong> <strong>Bonisson</strong> sabe que tem diante de si a mesma praia e a mesma luminosidade que vemos<br />

todos os dias, mas o trabalho fotográfico é uma aventura que começa do zero a cada momento. Tudo aqui é calor, mas em<br />

suspensão. Calor Congelado. Grãos de prata formam a areia dessa praia infinita. Lentamente a Balada do Corpo Solar vai<br />

sendo construída somente com corpos. A Balada é um assunto de corpos, o reino dos corpos singulares, apesar das dobras da<br />

paisagem que a tudo sustenta, e que vaza por todos os lados. O fotógrafo trabalha com a suspensão. Muitas vezes a suspensão<br />

é literal, e o personagem está suspenso no ar, como se fosse da sua natureza estar ali e viver assim, de cabeça para baixo. Entre<br />

o céu e o mar, como um filósofo atlético que tivesse vestido subitamente, a camisa de gravitação universal pelo lado avesso.<br />

Mas o corpo solar não é um corpo angelical, que teria perdido a substância para se fundir com a luz. Ao contrário, é um corpo<br />

erótico. Feito de carne e matéria densíssima. Grandes são, portanto as maravilhas que executa com o seu peso. Os corpos<br />

mudam de posição, o olho penetra nos intervalos, de repente, já não é mais a câmera que está diante dos corpos, mas os corpos<br />

que vão saindo da câmera, como as notas de um trompete, num blues seco e essencial, aonde os corpos vão se reorganizando<br />

no ar, entrelaçando suas posturas, sempre novas, a cada momento e trocando de lugar e se recompondo de encontro á intensa<br />

luz solar que transforma em sagrada essa alegria que faz a prova dos nove. Estado de jazz. Corpos fora: zero.<br />

Os corpos da balada nunca sabem em que ponto do tempo vão estar. O olho fotográfico percebe que os corpos nunca se<br />

banham no mesmo sol, e o sol nunca emite duas vezes o mesmo raio. Sentado em seu rochedo e apontando a câmera para um<br />

mesmo lugar, as diferenças vão se tornando cada vez mais gritantes. Numa sucessão vertiginosa de estados, o corpo solar pode<br />

estar quase ao mesmo tempo nas areias do <strong>Arpoador</strong>, na Riviera de Lartigue, ou no deserto mexicano de Weston, para logo em<br />

seguida voltar para Ipanema, só que duas quadras depois, ou cem anos antes, ou daqui a mil, quando o sol tiver outro nome.<br />

Arthur Omar / 1999


TRADUÇÃO / TRANSLATION<br />

Para Elcy, João e Georgia / For Elcy, João and Georgia<br />

Transitory Situations<br />

Este Livro Foi Possível Graças Ao Apoio De / This Book Was Made Possible By Support From<br />

Andreas Valentin Carlos Barroso Claudia Melli Daniela Dondo Ira Etz<br />

Laudemar Aguiar Laura Burnier Luis Carlos Nabuco Massoca Fontes<br />

Martha Campos de Castilho Oskar Metsavaht Paulo de Tarso Leite<br />

Ricardo Ferreira Thomas Valentin<br />

Agradecimentos / Acknowledgments<br />

Alair Gomes Alban de La Fontaine Albin Serviant Alexandre Macedo Analu Nabuco Ana Magalhães Andrea<br />

Prado Angela Magalhães Arnaldo Brandão Arthur Omar Artur Barrio Artur Fidalgo Bebeto Gouvêa Bruno<br />

Lisboa Carlindo Lago Carlos Carvalho Carlos Roberto Chagas Chico Fernandes Claire Houry Constance<br />

Brenner Cristian Caujolle Daniel Reznik David Oliver Débora Fontes Delcyr e Regina da Costa Diana Osward Elcy<br />

<strong>Bonisson</strong> Machado Fabiana Kherlakian Felipe Taborda Fernanda Pinto Georgia <strong>Bonisson</strong> Gilberto Chateaubriand<br />

Gilda Khorf Helena Bach Helena Ignez Helio Oiticica Hervé Chandès Jean Luc Monterosso Jeff Ridel Jimmy e<br />

Peggy Mendell Jorge Neves Jorge Salomão José Diniz Julio Cesar Montenegro Leonardo Ramadinha Luis Gama<br />

e Silva Luiz Affonso Chagas Filho Luiza Interlenghi Márcia Kranz Marco Andre Favarini Marco Antonio Portela<br />

Marília Kranz Margery Segal Mario Henriques Miguel Rio Branco Nadja F Peregrino Necia Leonzini Neville<br />

D’almeida Olivier Castaing Rodrigo e Ana Fians Patrícia Gouvêa Paulo Herkenhoff Paulo Próspero Roberta<br />

<strong>Bonisson</strong> Rogério Reis Rogério Sganzerla Samuel Minhoca Silvia Martins Simone Rodrigues Stella Kranz Steve Berg<br />

Sonja Baumann Tavinho Paes Yara Neiva Ynaiê Dawson Vladimir Sibylla Vicente de Mello Viviane Soares Sampaio<br />

Brief encounters occur within the junction between two<br />

pages as they are about to be turned. In <strong>Arpoador</strong>, a single<br />

place, certain photographic series and studies – drawings,<br />

writings, collages – constitute an affective, experimental<br />

space. Frequented for decades by <strong>Marcos</strong> <strong>Bonisson</strong> and<br />

photographed by him since 1997, the beach configures<br />

itself in the association of ephemeral situations such as<br />

the one in which a wave rises up from the opaque sea to<br />

subdue the outline of distant mountains. Pushing at the<br />

boundaries of the frame, its furrowed surface is juxtaposed<br />

with the geography of the body in the center of the following<br />

page, upon which the cavity of an ear possesses cavernous<br />

depths. <strong>Bonisson</strong> summons up an interiority that is<br />

impregnated in the landscape. The clouds, the rocks, the<br />

ocean’s angry waves, the surface of the sand that breathes<br />

when it is touched by <strong>Arpoador</strong>’s tide are like bodies. And<br />

even when they are diffused – or occasionally submerged<br />

– the bodies are like the rocks. The highs and lows of the<br />

mountains where the horizon ought by right to rest are<br />

like flesh cutting through slowly fading daylight. There<br />

are no boundaries between interiority and exteriority.<br />

Agradecimentos Especiais / Special Acknowledgments<br />

Oskar Metsavaht - Gilberto Chateaubriand<br />

Textos / Texts<br />

Luiza Interlenghi - Steve Berg - Arthur Omar - Artur Barrio<br />

Apoio Técnico / Technical Support<br />

Estúdio Lupa – Galeria Artur Fidalgo – Officecomm - Le Cadre - Instituto e<br />

Contatos / Contacts<br />

marcosbonisson@gmail.com<br />

www.arturfidalgo.com.br<br />

Photography itself takes on an exploratory nature:<br />

demarcating territories, designating flows of light,<br />

describing and analyzing objects, movements,<br />

atmospheres. The line both structures and tests the<br />

landscape. Zigzagging fragments of string draw detours<br />

in contraposition to the horizon that tends to organize<br />

vision in a familiar manner. Although it is visible, the<br />

rectilinear horizon is an invention of the landscape<br />

itself. Like Duchamp’s flexible meter, the string with<br />

which <strong>Bonisson</strong> destabilizes vision measures ephemeral<br />

perimeters and outlines pools that we know will disappear.<br />

In <strong>Arpoador</strong>, the photographer’s presence – a central<br />

theme in the debate on the image that Philippe Dubois’<br />

photographic act recovers from Barthes – is uttered in the<br />

incidental images of a Rio beachgoer. The circular play<br />

between the observer and the observed, between proximity<br />

and distance, touches upon and yet is distinct from the<br />

poetics of Alair Gomes. It designs a self-referential,


© <strong>Marcos</strong> <strong>Bonisson</strong>, 2011<br />

Coordenação de Imagem / Image Coordination: alBan de la fontaIne<br />

Coordenação editorial / Editorial Coordination: sIMone rodrIgues<br />

Projeto gráfico / Graphic Design: CrIstIna aMIran<br />

apoio de Criação / Creative Support: oskar Metsavaht<br />

Produção / Production: analu naBuCo<br />

assessoria de Comunicação: georgIa BonIsson-offICeCoMM<br />

Produção gráfica / Graphic Production: MarCus vIníCIus BarBosa<br />

tratamento de Imagens / Image Treatment: estúdIo luPa<br />

tradução / Translation: steve Berg<br />

revisão / Proofreading: kaMIla loIvos<br />

equipe Burti / Burti Team: vIvIan guaraByra e eduardo Carvalhal<br />

Capa / Cover: Pedras de toque n o 8 / Touchstones n o 8<br />

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte<br />

sindicato nacional dos editores de livros, rJ<br />

B699a<br />

<strong>Bonisson</strong>, <strong>Marcos</strong><br />

arpoador / [fotografias e estudos] <strong>Marcos</strong> <strong>Bonisson</strong>.<br />

rio de Janeiro: nau, 2011.<br />

88p. : il.<br />

alguns textos em latim e inglês<br />

IsBn 978-85-85936-90-7<br />

1. fotografia - Brasil. 2. arpoador, Praia do (rio de Janeiro, rJ)<br />

obras ilustradas. I. título.<br />

11-0842. Cdd: 779.9981 Cdu: 77.047(81)<br />

índices para catálogo sistemático:<br />

1. <strong>Bonisson</strong>, <strong>Marcos</strong>: fotografias: artes 779.9981<br />

rua nova Jerusalém, 320<br />

CeP 21042-235 rio de Janeiro, rJ<br />

fone: 55 21 3546 2838<br />

contato@naueditora.com.br<br />

www.naueditora.com.br<br />

fontes Minion Pro e univers-Condensed PaPel Couché fosco 180 g/m 2<br />

IMPressão gráficos Burti tIrageM 1000

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!