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RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUAL PONTA DO TUBARÃO UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT) foi criada através da Lei Estadual n° 8.349 de 18 de julho de 2003, nos municípios de Macau e Guamaré, na chamada Costa Branca do litoral setentrional do Rio Grande do Norte. A RDSEPT tem como objetivos, resguardar o modo de vida tradicional, assegurar atividades baseadas em sistema sustentável de exploração de recursos naturais desenvolvidas tradicionalmente ao longo de gerações e adaptadas às condições ecológicas locais e que desempenham papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. (IDEMA, 2014). É uma unidade de conservação de uso sustentável que compreende uma área de 12.496 hectares, composta por seis principais comunidades: Barreiras, Diogo Lopes, Sertãozinho, Mangue Seco I e II e Lagoa Doce (Figura 1). É bastante conhecida por suas paisagens cênicas. Sabe-se que muitos motivos levam as pessoas a viajar, entre eles, observar, admirar e contemplar lugares onde a natureza e o homem vivem de forma harmônica é um dos motivos que estimula o turismo no litoral nordestino. No caso da RDSEPT, o cenário de dunas, lagoas, restinga e manguezais abriga comunidades que tem como base de sustentação a atividade da pesca e o turismo vem ser tornando uma alternativa para a geração de renda local, sendo esse vocacionado ao ecoturismo e gerenciado na modalidade de turismo de base comunitária. Figura 1: Localização da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, Rio Grande do Norte. Fonte: IDEMA, 2014. 2
RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADUAL PONTA DO TUBARÃO HISTÓRICO DA RESERVA O povo de Diogo Lopes sempre foi muito hospitaleiro e apegado a seu chão, porém de forma que não se apropriava ou acumulava, não havia ganância pela terra. Era um sentimento de que tudo era de todos. Com este jeito de ser nunca se preocupou em legalizar suas terras ou seu pedaço de chão, mas tudo partilhava e colocava em comum. A restinga ou costa sempre foi utilizada pelos moradores, pescadores do lugar e de fora como local de lazer para banhar-se no mar ou simplesmente passar o dia, antigamente para desembarque de pescado na época da safra, pelas difíceis condições de navegação no estuário e para a atividade de pesca, principalmente do tresmalho. Até por volta da década de 50, algumas famílias passavam a época da safra morando na restinga ou na Ilha do Tubarão. Dona Izabel (Bebé), falecida em 2012 com 102 anos, ainda criança foi uma das suas moradoras. Os ranchos de pesca construídos na costa pelos pescadores eram utilizados para esta atividade, para os apetrechos, descanso, pernoite, salga dos pescados, proteger do sol os peixes capturados e era o local de receber os moradores que iam participar da pescaria e partilhar o almoço (pirão de peixe). Em algumas ocasiões o rancho era o local do lazer onde a comunidade se reunia com os pescadores e várias famílias numa confraternização não programada. Na comunidade passou a se ouvir os boatos que a costa tinha dono, inclusive um vigia. Dona Lelé e Ribinha fizeram um rancho que usavam para 3 passar os finais de semana e acolher outros moradores. Ela foi comunicada para retirar o rancho. Os donos de caprinos, ovinos e jumentos que circulavam por lá para se alimentarem, também foram advertidos para retirá-los. Tanto quanto aos boatos, quanto a retirada do rancho e dos animais não foram dadas atenção e as pessoas guardavam para si esta situação. Em março de 1996, moradores de Diogo Lopes acordaram alarmados, pois viram fumaça subindo aos céus de algum ponto da costa aparentando a ocorrência de um incêndio nas proximidades dos ranchos dos pescadores e do de Dona Lelé e Ribinha. Intrigados com aquela situação um grupo de pessoas saiu para verificar do que se tratava e vêm que do rancho de Dona Lelé e Ribinha restaram apenas às cinzas. Estarrecidos toda população começa a se questionar quem teria sido capaz de cometer ato tão criminoso. Revoltados e curiosos com o fato os moradores começam a especular quem teria interesse em incendiar o rancho na costa. A partir destas especulações começam a recordar boatos e achar que tinham algum significado, pois os falatórios mencionavam que a “costa” tinha um dono. Outros boatos mencionavam que na tarde do dia anterior tinham visto um veículo circulando na comunidade e que os rastros de pneus na praia eram semelhantes aos deste veículo. A população passa a relacionar uma conversa ou outra e a acreditar que existem estes supostos “donos” da costa,
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