Visitantes - Grupo Jota Comunicação
46
CADERNO
EMPRESARIAL
71 anos de Agroceres
TERRAS PARA
ESTRANGEIROS
Lei deve regular o tema52 ENTREVISTA
Justine Leigh-Bell, diretora
do Climate Bonds Initiative
Pragas ao ataque
Saiba como proteger sua floresta
Pests to attack
Learn how to protect your forest
SUMÁRIO
ANUNCIANTES
DA EDIÇÃO
Agroceres ................................................................... 76
Bruno Industrial ......................................................... 45
34
Carrocerias Bachiega .............................................. 61
D’Antonio Equipamentos ..................................... 71
Denis Cimaf ................................................................... 09
46
Dinagro ........................................................................... 02
Ecoserra ......................................................................... 65
Exte ................................................................................... 19
FMC Florestas .............................................................. 33
52
H Fort ................................................................................ 13
Himev .............................................................................. 57
J de Souza ........................................................................ 43
Editorial
Cartas
Bastidores
Coluna Ivan Tomaselli
Notas
Alta e Baixa
Biomassa
Aplicação
Frases
Entrevista
Principal
Silvicultura
Caderno Empresarial
Especial
Evento
Manejo Florestal
Artigo
Agenda
Espaço Aberto
06
08
10
12
14
20
22
24
26
28
34
40
46
52
58
62
66
72
74
John Deere .................................................................... 07
Liebherr Brasil ............................................................ 11
Lubeco ............................................................................ 71
Mill Indústrias .............................................................. 27
Minusa Forest .............................................................. 05
Oregon ............................................................................ 75
Penz Saur ........................................................................ 55
Rossin .............................................................................. 69
Rotobec .......................................................................... 21
Sergomel ....................................................................... 25
TMO ................................................................................. 23
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EDITORIAL
Ano XVIII - Edição n.º 179 - Outubro 2016
Year XVIII - Edition n.º 179 - October 2016
06 www.referenciaflorestal.com.br
A floresta protegida ilustra o
lançamento do Capture 400
EC, um inseticida e acaricida
produzido pela FMC, que acaba
de ser homologado para uso
florestal
TERRA À VISTA
A famosa frase do marinheiro: Terra à vista; gritada da nau portuguesa quando
avistou o Brasil ainda ecoa em nosso subconsciente. A história conta que há 516
desembarcavam em solo brasileiro os primeiros estrangeiros. Naquele tempo eles
tomaram grandes áreas de assalto, sem perguntar nada aos habitantes locais. Muita
coisa mudou de lá para cá e mais recentemente nós entendemos que estrangeiros
não deveriam mais possuir terras aqui. A decisão tomada pela AGU (Advocacia-Geral
da União), em 2010, que pareceu uma vingança aos primeiros portugueses, afastou
investimentos vindos de fora que estão fazendo falta. A reportagem especial desta
edição conta em que pé está o movimento para estabelecer regras claras que balizem
a compra de terras por empresas e grupos de fora do Brasil, algo importante
para a expansão do segmento de base florestal. Outro assunto imperdível ilustra
a capa desta edição. As pragas exóticas fincaram as patas no Brasil e estão causando
muito estrago, principalmente nas florestas plantadas de eucalipto. Conheça um
pouco mais sobre elas e principalmente sobre os métodos de combate. Não perca
ainda a matéria sobre manejo florestal sustentável, veja os pontos positivos e benefícios
da prática para as espécies nativas, e também que a opinião de dois pesquisadores
sobre o que pode evoluir. Esperamos que tenha o mesmo prazer em ler a edição
deste mês como tivemos em produzi-la. Ótima leitura!
LAND HO!
The famous phrase of “Land Ho” that the Portuguese sailor cried out from his ship when
he spotted Brazil still echoes in our subconscious. The story goes that the first foreigners who
landed on Brazilian soil numbered 516. At that time, they took over large areas by assault, without
asking the local inhabitants. A lot has changed from then to now and more recently we understand
that foreigners can no longer own more land. The decision, taken by the Solicitor-General
(AGU), in 2010, that seemed like revenge on the first Portuguese settlers, has driven away
needed foreign investment. The special story in this issue outlines where this stands as to the
movement to establish clear rules that could lead to land purchases by companies and groups
based outside Brazil, something important for the expansion of the forestry based segment.
Another important subject illustrates the cover of this Issue. Exotic pests are becoming more
common in Brazil and are beginning to cause much damage, especially for planted eucalyptus
forests. Learn a little more about them, especially about the methods for combatting them. Also
don’t miss the story about sustainable forestry management, and get to see the strengths and
benefits of the practice for native species, and also the opinion of two research scientists about
what could evolve. We hope you have the same pleasure in reading this month's issue as we did
in producing it. Pleasant reading!
EXPEDIENTE
JOTA COMUNICAÇÃO
Diretor Comercial / Commercial Director
Fábio Alexandre Machado
fabiomachado@revistareferencia.com.br
Diretor Executivo / Executive Director
Pedro Bartoski Jr
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joseane@jotacomunicacao.com.br
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Redação / Writing
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Colunista
Ivan Tomaselli
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Tradução / Translation
John Wood Moore
Cartunista / Cartunist
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Fotógrafos: Mauricio de Paula e Valterci Santos
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dirigida aos produtores e consumidores de bens e serviços em madeira,
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ligados ao segmento de base florestal. A Revista REFERÊNCIA do Setor
Industrial Madeireiro não se responsabiliza por conceitos emitidos em
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direitos autorais, exceto para fins didáticos.
Revista REFERÊNCIA is a monthly and independent publication
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lumberz industry, research institutions, university students, governmental
agencies, NGO’s, class and other entities directly and/or indirectly linked
to the forest based segment. Revista REFERÊNCIA does not hold itself
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themselves. The use, reproduction, appropriation and databank storage
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property in each publication of Revista REFERÊNCIA is expressly prohibited
without the written authorization of the holders of the authorial rights.
CARTAS
PRAGAS
Capa da Edição 178 da
Revista REFERÊNCIA FLORESTAL,
mês de setembro de 2016
Por Nelson Henrique Perez - Araranguá (SC)
Achei interessante a reportagem da última edição da
REFERÊNCIA FLORESTAL sobre pragas florestais. Acredito
que o assunto renda mais matérias.
SHOW DE BOLA
Por Vitório Guimarães da Silva - Betim (MG)
Foto: Alexandre Mehl Lunz
Superinteressante a reportagem sobre as startups, acho
bem legal trazer novidades em tecnologia e de iniciativas
jovens. A matéria foi show.
PLANTANDO ÁRVORES
Por Sandra Mauro Fiorenti - Itabela (BA)
Muito importante uma revista que incentiva o plantio de
árvores e o manejo florestal. A REFERÊNCIA FLORESTAL é
excelente!
Foto: divulgação
Imagem: reprodução
COMPETITIVIDADE
Por Maurício Vale - Uberlândia (MG)
O mercado florestal necessita de alta produtividade e
uma logística eficiente. Continuem com reportagens sobre
esses temas. Parabéns!
ECONOMIA VERDE
Por Antônio Miguel Amorim - Três Lagoas (MS)
O setor florestal vem crescendo muito na região. Agora
com a questão do clima, os governos e as pessoas vão dar
mais atenção à economia verde. Isso será muito positivo
para quem trabalha com floresta.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Leitor, participe de nossas pesquisas online respondendo os e-mails enviados por nossa equipe de jornalismo.
As melhores respostas serão publicadas em CARTAS. Sua opinião é fundamental para a Revista REFERÊNCIA FLORESTAL.
E-mails, críticas e
sugestões podem ser
enviados para redação
revistareferencia@revistareferencia.com.br
Mande sua opinião sobre a Revista do
Setor Florestal ou a respeito de reportagem
produzida pelo veículo.
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BASTIDORES
CHARGE
Charge: Francis Ortolan
REVISTA
PESQUISA
Para produzir a reportagem
principal desta edição sobre
pragas florestais visitamos a
Unesp (Universidade Estadual
Paulista) em Botucatu (SP),
onde conhecemos o laboratório
de pesquisa da universidade.
A nossa visita foi guiada por
Natália Medeiros de Souza,
mestre em Agronomia-
Proteção de Plantas
Simone Velozo, doutoranda
do curso de Agronomia-
Proteção de Plantas
Foto: REFEREÊNCIA
Foto: REFERÊNCIA
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COLUNA
Foto: divulgação
Ivan Tomaselli
Diretor-presidente da Stcp
Engenharia de Projetos Ltda
Contato: itomaselli@stcp.com.br
INVENTÁRIO FLORESTAL: QUAL O
PROPÓSITO?
Levantamento de dados da floresta possibilita avaliar o recurso
de forma estratégica
N
o dia 21 de setembro passado, como parte da comemoração
do Dia da Árvore, o Curso de Engenharia
Florestal da Ufpr (Universidade Federal do Paraná)
promoveu um evento para discutir a aplicação do inventário
florestal. Na oportunidade, a Stcp Engenharia de Projetos recebeu
o Prêmio Floresta 2016 na Categoria Empresas, pela relevante
contribuição para o desenvolvimento florestal Brasileiro.
A Stcp já inventariou mais de 4 milhões de ha (hectares)
de florestas plantadas, o que envolveu a medição de cerca
de 500 mil amostras. Além disto, a Stcp inventariou cerca de
80 milhões de ha de florestas nativas, e preparou 70 planos
de manejo de unidades de conservação com uma área de 25
milhões de ha. Estes inventários e planos foram realizados
tanto no Brasil como em outros países.
A experiência ganha pela Stcp nestas atividades de inventário
foi enorme. Uma das lições aprendidas é que o inventário
florestal não deve ser considerado simplesmente um processo
repetitivo de mensuração de árvores para estimar o volume
de uma floresta. Ele deve ser planejado e conduzido com base
na informação que é necessária, para atender um objetivo
pré-definido. As principais categorias de inventário florestal
são apresentadas, de forma simplificada, abaixo.
O inventário estratégico, como por exemplo um inventário
florestal nacional, tem como objetivo apoiar as políticas
florestais e ambientais de um país ou de uma região. Ele é
conduzido a cada 5 ou 10 anos, e informações geradas são
menos detalhadas. Um inventário estratégico pode ser utilizado
para decidir sobre a implementação de medidas de
proteção a determinadas espécies, para criar áreas ou reservas
ambientais, para atrair investimentos industriais, para definir
um plano de desenvolvimento nacional ou regional, e outras
ações estratégicas. Raramente este tipo de inventário define
a forma de manejo florestal.
O inventário empresarial, por sua vez, tem objetivos diferentes.
Pode ser o caso de um inventário contínuo, que visa
gerar informações para estimar a disponibilidade de madeira
no médio e longo prazo (prognose de produção), o que é importante
para planejar o suprimento futuro de madeira para
a indústria. Este mesmo inventário pode servir de base para
o manejo das florestas (decisão sobre desbastes, adubação
ou outros tratos silviculturais), ou para valoração dos ativos.
Trata-se de um inventário com maior grau de precisão que o
inventário estratégico e é conduzido em intervalos de tempo
mais curtos (normalmente a cada 2 ou 3 anos), dependendo
do incremento e ciclo da floresta.
Ainda dentro da categoria de inventário empresarial existe
o inventário com propósito mais específico, como é o caso do
inventário pré-corte. Este é um inventário de alta precisão
conduzido com o objetivo de obter informação de volume de
áreas menores, e que serão submetidas ao corte. A informação
serve de base, por exemplo, para remuneração de terceiros
envolvidos na colheita, transporte e outras atividades, e para
a alocação de recursos. Inventários deste tipo podem servir
ainda para outros propósitos específicos, como para apoiar no
desenvolvimento de programas de pesquisa ou de proteção
ambiental.
A experiência indica que o inventário florestal é uma
fonte de informação importante. No entanto, como é uma
atividade que demanda muitos recursos, e por isto pode ser
oneroso, deve ser adequadamente planejado e conduzido de
forma que venha a gerar os conhecimentos que atendam as
demandas específicas.
O inventário florestal pode ser oneroso, deve ser adequadamente
planejado e conduzido de forma que venha a gerar os conhecimentos que
atendam as demandas específicas
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´
NOTAS
DIVISÃO FLORESTAL
WESTROCK
COMPLETA 60
ANOS
Foto: arquivo
A Rigesa, que agora é WestRock, empresa fruto da fusão entre
RockTenn e MWV, comemora os 60 anos de sua divisão florestal
com a implantação do primeiro pomar clonal de sementes de pinus
de terceira geração do país, resultado de mais de seis décadas de
investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico para espécies
florestais. O alto grau de investimento em pesquisa, iniciado
em 1956, mesmo ano em que iniciaram as operações florestais
no Brasil, é o que garante os altos índices de produtividade obtidos
em campo. Em solo brasileiro, a operação WestRock é verticalizada.
Parte da madeira produzida de forma sustentável na divisão
florestal segue para uma fábrica de papel, em Três Barras (SC) e, de
lá, para quatro fábricas de embalagens espalhadas pelo país.
COTA PARA
MULHERES
A Comissão de Trabalho, de Administração
e Serviço Público da Câmara dos Deputados
aprovou o Projeto de Lei 1397/15, do deputado
Angelim (PT-AC), que obriga empresas que exploram
concessões florestais a manter no mínimo
5% de mulheres no quadro de empregados. A
comprovação do cumprimento da cota será feita
pela apresentação do Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados) ou certidão de órgão competente. A empresa que não cumprir o requisito poderá ter o
contrato de concessão cancelado. A deputada Erika Kokay (foto) do PT-DF, defendeu o mérito da proposta argumentado que
assegura condições igualitárias frente a uma situação com desigualdade histórica. "A igualdade de oportunidades e as ações
afirmativas garantem direitos", afirmou. A proposta tramita em caráter conclusivo e ainda será analisada pelas comissões
de finanças e tributação; e de constituição e justiça e de cidadania. O texto já foi aprovado pela comissão de agricultura,
pecuária, abastecimento e desenvolvimento rural em setembro de 2015.
Foto: divulgação
14
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ASSISTÊNCIA
TÉCNICA
Foto: divulgação
O projeto ABC Cerrado, do Senar/MS (Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural) iniciou em
setembro a terceira etapa de execução das atividades,
após realização de seminários de sensibilização
e capacitação dos produtores rurais
interessados em aderir à iniciativa. O objetivo é
utilizar tecnologias em sistemas produtivos que
diminuam a emissão de gases com efeito estufa
na atmosfera. No total, mais de 400 pessoas participaram
de qualificações sobre Reforma de Pastagens, Plantio Direto, Florestas Plantadas e ILPF (Integração Lavoura,
Pecuária e Floresta). A partir de agora, os concluintes que somaram 220 produtores receberão durante 18 meses de
Assistência Técnica e Gerencial focada nas diretrizes do projeto ABC Cerrado, idealizado em parceria com o Mapa (Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Embrapa e Banco Mundial. O foco da iniciativa é a conscientização
e capacitação, seguida de assistência técnica que auxiliará os participantes a implantarem sistemas produtivos que têm
como meta estimular a sustentabilidade e rentabilidade da atividade rural.
SEXTA-FEIRA
DE FSC
No dia 30 de setembro, escritórios do FSC
(Forest Stewardship Council), certificadoras, certificados,
membros e parceiros realizaram uma série
de eventos pelo mundo para celebrar e aumentar a
conscientização sobre o manejo florestal responsável
e o papel do FSC. A ação fez parte da iniciativa
global FSC Friday, evento que começou no Reino
Unido, em 2008, e desde então vem crescendo a
cada ano. Segundo o FSC Brasil, o país possui 6,176
milhões de ha (hectares) certificados na modalidade
de manejo florestal e envolve 110 operações de
manejo, entre áreas de florestas nativas e plantadas.
O Brasil ocupa o sexto lugar no ranking total
do sistema FSC.
Foto: divulgação
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
15
NOTAS
FAO INCENTIVA
CONCESSÕES
FLORESTAIS
Foto:divulgação
Concessões florestais bem administradas que
incorporem a gestão sustentável podem ser importantes
para a conquista dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável, afirmou a FAO (Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) em
documento. Para a entidade, as concessões florestais
são importantes ferramentas de governança para o
aproveitamento e manejo das florestas públicas em
muitos países tropicais. Segundo a FAO, globalmente,
76% das florestas são públicas, e houve um aumento
da proporção de florestas públicas administradas por
entidades privadas: de 3% em 1990 a 15% em 2010. Segundo os relatórios regionais, em nove países selecionados da África,
América Latina e Sudeste Asiático há atualmente ao menos 122 milhões de hectares de florestas tropicais sob concessões
florestais, cobrindo 14% das florestas públicas nos países estudados.
DIA DA
ÁRVORE
Para celebrar o Dia
da Árvore, comemorado
no dia 21 de setembro,
a Klabin lançou o hotsite
Árvores do Brasil (www.
klabin.com.br/arvoresdobrasil),
com imagens,
informações e curiosidades
sobre 25 espécies
brasileiras, das quais 16
representam as principais árvores presentes nos municípios em que a companhia mantém as unidades industriais. O site
também apresenta um quiz com perguntas e dicas para o internauta conhecer algumas espécies e descobrir qual é a mais
adequada para se plantar e cultivar em casa, de acordo com o perfil de cada pessoa.
Imagem: divulgação
16
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EXPORTAÇÕES
AUMENTAM
Foto: divulgação
A queda no consumo interno fez com que as
indústrias do setor de árvores plantadas buscassem
o mercado externo para escoar a produção
e manter o crescimento no ano. Na comparação
do acumulado de janeiro a agosto de 2016 com
o mesmo período ano passado, o volume de exportação
de celulose superou a marca de 8,4 milhões
de t (toneladas) (+13,6%), o de painéis de
madeiras atingiu a marca de 644 mil m 3 (metros
cúbicos) (+65,6%) e o de papel foi acima de 1,4
milhão de t (+5,0%). No mercado de celulose, a
China foi o país com a maior contribuição para o crescimento da receita de exportação até agosto, com aproximadamente
US$ 1,35 bilhão (+19%) e 37% de participação. Para o setor de painéis de madeira, o continente americano continua
sendo o mais atraente. A América Latina responde por uma fatia de 53,5%, com US$ 83 milhões e a América do Norte
por 25,2%, com US$ 39 milhões. O segmento de papel também continua focando suas vendas externas para a América
Latina que deteve 58,0% das exportações, com US$ 725 milhões, seguido pela Europa, com 12,2%, equivalentes a US$
153 milhões, e América do Norte com 10,1%, ficando na terceira posição com US$ 126 milhões.
INCÊNDIOS FLORESTAIS
AUMENTAM EM 40%
No primeiro semestre deste ano, o número de focos de
incêndios florestais subiu 40% em relação ao mesmo período
do ano passado. Os dados foram divulgados pelo Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais). Até 21 de setembro,
foram identificados 120.896 focos. A estiagem prolongada dos
últimos dois anos, provocada pelo fenômeno El Niño, caracterizado
pelo aquecimento anormal das águas superficiais do
Oceano Pacífico, deixou a vegetação mais suscetível a incêndios.
Um solo com baixa concentração de água faz com que a
vegetação fique cada vez mais seca e morra, transformando-se
em combustível para as chamas. Entretanto, mais de 90% dos
incêndios têm ação humana. O Ibama e o ICMBio (Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) orientam
produtores rurais sobre as melhores práticas de preparo da
terra e fazem a fiscalização em áreas com possíveis queimadas
criminosas.
Foto: divulgação
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
17
NOTAS
SETOR FLORESTAL
DO PARÁ PEDE
SOCORRO
Foto:divulgação
Queda na exportação, na geração de emprego e dificuldades
com órgãos fiscalizadores federais foram algumas das
questões mencionadas por representantes de federações,
associações e empresários do setor madeireiro em reunião
com o governador Simão Jatene (foto), realizada no dia
22 de setembro. De acordo com a Aimex (Associação das
Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará),
o setor madeireiro se desenvolveu e aprimorou as práticas ambientais, sendo um dos setores que geram emprego e renda
alinhados à política estadual de verticalização da produção. O presidente da Aimex, Roberto Pupo, informou que em 2007 o
setor gerava 200 mil empregos e que em 2015 esse número diminuiu para 50 mil postos de trabalho. As exportações também
sofreram queda, saindo de US$ 800 milhões (2007), para US$ 140 milhões, em 2015. “Nós estamos passando por uma crise
muito grande”, destacou Pupo, que também apontou a fiscalização como um dos entraves do setor.
IPEF E
UNICENTRO
FIRMAM
PARCERIA
O campus Irati da Unicentro (Universidade
Estadual do Centro-Oeste) e o Ipef
(Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais)
firmaram um convênio para que alunos e
professores da universidade participem dos programas cooperativos do Ipef, no desenvolvimento de pesquisas e treinamento
dos estudantes via estágio. O professor do Departamento de Engenharia Florestal, Evandro Tambarussi, vinha já
trabalhando em parceria com o Ipef dentro do Programa Cooperativo de Melhoramento. “O projeto visa, principalmente,
conservar a base genética e avançar na geração do melhoramento do Eucalyptus viminalis, que é um tipo de eucalipto”,
acrescenta Afonso. Para o diretor do campus de Irati, o entusiasmo demonstrado por professores da Unicentro deixa
evidente a importância deste convênio e a certeza de que vai gerar excelentes frutos. “Do ponto de vista político, essa
aproximação da Unicentro com o Ipef é um marco importante para a projeção de seu jovem curso de Engenharia Florestal,
colocando-o em destaque no cenário nacional e, inclusive, internacional”, avalia.
Foto: divulgação
18
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A Indonésia e a UE (União Europeia) realizaram o primeiro acordo mundial dentro da Flegt (sigla em inglês
para Implementação da Legislação Florestal, Governança e Comércio). De acordo com a FAO, a iniciativa
foi um dos grandes compromissos na luta contra o comércio ilegal de madeira. A Flegt certifica que os
carregamentos de madeira saídos do país asiático para os membros do continente europeu estão de
acordo com a legislação da Indonésia quanto à colheita, transporte, processamento e comércio.
Um terço da madeira tropical exportada pela Indonésia abastece países da UE.
ALTA
ACEIROS AJUDAM A EVITAR INCÊNDIOS FLORESTAIS
A reportagem exibida no Jornal Nacional, da TV Globo, no dia 24 de setembro mostrou o trabalho dos
brigadistas do IcmBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) na preparação de
aceiros para evitar incêndios florestais. A matéria enfoca o trabalho realizado no Parque Nacional das
Emas, em Goiás. Nesta época do ano, o IcmBio mantém mais de mil brigadistas em dezenas de unidades
de conservação federais em todo o país, principalmente nos parques e reservas localizados nas regiões
em que o tempo seco e a baixa umidade do ar favorecem o surgimento de incêndios florestais. Para
fazer os aceiros, os brigadistas usam o fogo controlado. Eles lançam as chamas na vegetação seca, em
uma estreita faixa de terra em torno da unidade e apagam o fogo logo em seguida. A parte queimada
funciona, então, como uma barreira natural contra incêndios.
BESOURO DA CASCA ATACA FLORESTAS NA BULGÁRIA
Florestas de pinus da Bulgária, plantadas em volta de montanhas para combater a erosão do solo, estão
sendo vítimas do besouro. A praga se alimenta das árvores enfraquecidas pelo clima excessivamente
quente de plantios muito densos. Mais de 7.000 ha (hectares) de florestas no país dos Balcãs morreram
devido aos ataques em agosto, área três vezes maior do que em anos anteriores. A solução no longo prazo
está em deixar que as espécies com folhas largas, dominantes em altitudes mais baixas, floresçam novamente.
Depois que as coníferas forem retiradas, as mudas de carvalho, faia e freixo, que não fazem parte
do cardápio dos besouros, vão tomar o lugar dos pinus.
BAIXA
EXPORTAÇÕES DO SETOR FLORESTAL CHILENO EM QUEDA
As exportações do setor florestal do Chile totalizaram US$ 2,555 milhões no primeiro semestre,
queda de 4,3% em relação ao mesmo período de 2015, representando 8,5% do total
de embarques no país. A celulose continua a ser o principal produto de exportação, com uma
quota de 47,4%, seguido pelos embarques de madeira (43,6%) e papel e papelão (9%). A China foi
o principal mercado de destino das exportações florestais chilenas, concentrando metade dos embarques
no primeiro semestre.
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nualmente, sobram 200 mil ha (hectares) de eucalipto
plantados para investimento em Mato
Grosso do Sul. Para utilizar essa floresta e as
sobras vindas das indústrias, o governo do Estado e a
Reflore (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores
e Consumidores de Florestas Plantadas) têm incentivado
empresários a investir na geração de energia a partir da
biomassa. Os resultados começam a aparecer e já são 13
projetos consolidados de termelétricas do tipo. São cerca
de R$ 200 milhões do Fdco (Fundo de Desenvolvimento do
Centro-Oeste) para empreendimentos voltados à geração
de energia. Conforme o secretário da Semade (Secretaria
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico), Jaime
Verruck, aos investidores foram apresentados às áreas disponíveis
e aos produtores de eucalipto, para que fossem
feitos os contratos.
MENOS
INCENTIVO
N
ovas usinas eólicas e de geração
a partir de biomassa poderão sofrer
redução de isenção de custos
atualmente concedida pelo governo a investidores.
A medida faz parte do esforço da
nova equipe do Ministério de Minas e Energia
para diminuir o peso dos subsídios que hoje
são pagos pelos consumidores nas contas de
luz. O corte nos incentivos pode ser viabilizado
por meio de uma emenda incluída na MP
(Medida Provisória) 735/2016, que está em
tramitação, o que teria como efeito uma elevação
nos custos para a construção de novos
empreendimentos dessas fontes de energia.
Segundo texto da MP aprovado em comissão mista do Congresso, agora na Câmara dos Deputados, as usinas eólicas e a
biomasssa teriam a partir de janeiro de 2017 um corte nos descontos garantidos em custos de transmissão e distribuição
de energia, que seriam limitados a um período de cinco anos após o início da operação dos parques. Atualmente o desconto
nesses custos pelo uso da rede não tem prazo determinado.
Foto: divulgação
22
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APLICAÇÃO
PLÂNTULAS E
SEMENTES DA
MATA ATLÂNTICA
O
Ipef (Instituto de Pesquisas
Florestais) acaba de lançar o
Guia de Plântulas e Sementes
da Mata Atlântica do Estado de São Paulo.
O objetivo é que a publicação sirva
como material de referência para estudantes
e pesquisadores que trabalham
nas áreas de morfologia de plantas, taxonomia,
botânica, ecologia de espécies arbóreas, produção de mudas, manejo, recursos florestais, entre outras. Este guia
apresenta descrições biométricas de sementes e propágulos, caracterização e acompanhamento do desenvolvimento da
germinação até o estágio de plântula, além de imagens ilustrativas de frutos, das sementes, etapas de germinação e indivíduos
juvenis de 62 espécies vegetais arbóreas da Mata Atlântica, com ocorrência no Estado.
Imagem: reprodução
BIFE ZERO
CARBONO
Foto: Katia Tapejara
A
Carne Neutra acaba
de chegar ao mercado
com o conceito
da criação de gado em áreas
de pastagem consorciadas
com árvores, o sistema silvipastoril.
As árvores plantadas
no sistema são capazes de
neutralizar uma das principais
fontes de emissões do agronegócio,
ou seja, a emissão
do gás metano proveniente
do processo de digestão do gado. O sombreamento das árvores melhora, ainda, o conforto térmico e o bem-estar
do gado, tendo consequência direta no aumento da produtividade dos animais. A iniciativa esta sendo estimulada
pelo Projeto Pecuária Neutra, criado para facilitar a troca de conhecimentos e a multiplicação dessa iniciativa para
outros produtores de carne ou de leite. Para saber mais sobre o projeto acesse www.pecuarianeutra.com.br.
24
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FRASES
Esperamos que
seja fortalecido
o diálogo com o
Governo Federal
no sentido de
alinhar as práticas
de controle
regulatório no
setor florestal,
que é uma das
indústrias mais
estratégicas
da economia
paraense
José Conrado Santos, presidente
da Fiepa (Federação das Indústrias
do Estado do Pará), argumentando
que é preciso consenso para que
a produção florestal no Pará seja
retomada
Nossa Câmara deve estar sintonizada com a
agrossilvicultura neste momento em que se fala na
aplicação do Plano ABC paulista
Laércio Couto, presidente da Câmara Setorial de Produtos Florestais da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sobre a iniciativa do Estado
que incentiva a Ilpf (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta)
Estímulos ao plantio de araucária para finalidades
econômicas é um trabalho paralelo, que pode ser
admitido, mas que é secundário em relação a ações
diretas de conservação de áreas naturais
Clóvis Borges, executivo da Spvs (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e
Educação Ambiental) sobre as prioridades para a recuperação das florestas e
araucária que estão quase sumindo do Paraná
Conseguimos enxergar como o mercado pode
se reinventar, quais são as novas potencialidades
e, ao mesmo tempo, o que já fazemos e que temos
espaço para continuar fazendo, e o que podemos
melhorar. Daqui para frente, o setor precisa
continuar percebendo as vantagens, detectar aquilo
que é desvantagem, e realmente buscar maximizar
o uso da madeira de pinus
José Mauro Moreira, pesquisador da Embrapa Florestas, elencando algumas das
conclusões do Workshop de pinus realizado em Curitiba (PR), no mês de setembro
É uma janela que se abre para que o Brasil
se coloque como um dos poucos países com
capacidade de gerar emprego e renda, tendo a
questão da sustentabilidade e a economia de baixo
carbono como foco estratégico
Foto: divulgação
Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico
de Mato Grosso do Sul, sobre o acordo do Clima do qual o Brasil é signatário
26
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ENTREVISTA
Foto: divulgação
Justine Leigh-Bell
LOCAL DE NASCIMENTO
África do Sul
South Africa
ATIVIDADE/ ACTIVITY:
Diretora de marketing e desenvolvimento da Climate Bonds Initiative
Director, Market Development at Climate Bonds Initiative
FORMAÇÃO/ ACTIVITY:
Mestre em Ciências em Economia e Política do Meio Ambiente pelo Imperial College London (Reino Unido) e bacharel em Ecologia
e Evolução Biológica pela University of Tennessee (Estados Unidos da América)
Imperial College London, UK | MSc, Environmental Economics and Policy
University of Tennessee, Knoxville, USA | BSc – Ecology and Evolutionary Biology
O
Brasil confirmou oficialmente, em setembro, o compromisso
com as diretrizes definidas durante a COP21 (XXI
Conferência das Partes), em Paris, que estabeleceu um
novo acordo do clima. A intenção central é limitar o aumento da
temperatura média global em em até 2 o C (Graus Celsius). Para
que isso seja viável, entre as metas brasileiras está a ampliação do
plantio de florestas. O ato de endossar a resolução, além do caráter
ambiental, fortaleceu ainda mais o mercado de ações verdes
no país. Esses títulos, chamados de green bonds, são parecidos
com as ações comuns, mas eles devem ter, obrigatoriamente,
lastros com inciativas ou projetos que causam impacto positivo
ao meio ambiente. Conversamos com Justine Leigh-Bell, diretora
de marketing e desenvolvimento da Climate Bonds Initiative, uma
organização não governamental que auxilia empresas e empresários
a identificar ações que se enquadram no mercado verde e
certificá-las como green bonds. Na entrevista, ela mostra como há
bastante campo a ser explorado pelas empresas florestais nesse
sentido, inclusive em APP (Áreas de Preservação Permanente) e
de RL (Reserva Legal).
Ações verdes
Green securities
I
n September, Brazil officially confirmed commitment to the
guidelines set out during the 21st Conference of the Parties
(COP21) in Paris, which established a new climate agreement.
The main intention is to limit the average global temperature increase
to 2° C. For this to be feasible, amongst the Brazilian goals
is expansion in the planting of new forests. The act of endorsing
this resolution, in addition to an environmental character, strengthened
even more the market for green bonds in the Country.
These securities, called green bonds, are similar to normal debt
instruments, but, obligatorily, they are backed by initiatives or projects
that have a positive impact on the environment. We talked
with Justine Leigh-Bell, Director of Marketing and Development
of the Climate Bonds Initiative, a non-governmental organization
that assists businesses and entrepreneurs to identify certain debt
securities that can be included in the Green Securities Market and
certifies them as green bonds. In the interview, she shows that
there is still much still to be explored by forest companies in this
sense, inclusively as to Permanent Preservation Areas (APP) and
Legal Reserves (RL).
28
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Poderia explicar como funciona o mercado de green bonds?
O mercado de green bonds é praticamente idêntico ao mercado
de ações tradicional. Um emissor, seja ele um banco de
desenvolvimento, corporativo ou municipal, recebe capital dos
investidores e em retorno concorda em pagar um cupom (taxa
de juros) por um determinado número de anos. Ao chegar no
ponto de maturidade, o montante total inicialmente investido
é devolvido ao investidor. Normalmente, o emissor usa o capital
receitas) para investir em infraestrutura que irá gerar uma renda
constante ao longo do prazo do vínculo, permitindo repagar
as parcelas de cupom e o capital de volta no vencimento. A
única diferença entre o mercado padrão e o mercado de green
bonds é que o uso de rendimentos de títulos verdes devem ser
investidos em ativos ambientalmente corretos. A grande maioria
dos green bonds são obrigações de empresas regulares e têm
exatamente os mesmos riscos de crédito das ações básicas. Isso
ocorre porque a maioria dos títulos verdes são apoiados pelo
balanço do emitente e não pelos projetos submetidos. Além
disso, muitos green bonds são emitidos para refinanciar ativos
existentes, de modo que os investidores não assumem riscos
na construção de investimentos. Isto é muito semelhante aos
títulos tradicionais que também são, muitas vezes, emitidos
para refinanciar ativos existentes.
Poderia explicar o processo que as empresas devem seguir
para receber o selo de green bonds?
Vários caminhos diferentes podem ser tomados para a obtenção
do selo. Os emitentes podem autorrotular seus títulos
como verdes ou procurar um segundo outorgante, ou seja
alguém que tem vínculo com empresa, (muitas vezes contra
os princípios voluntários dos green bond). A abordagem mais
robusta é ganhar verificação de um organismo externo como
o Sistema de Certificação Climate Bonds, administrado pela
Climate Bonds Standards Board. Nós coordenamos grupos de
experts que estabelecem critérios específicos para cada setor
determinar quais ativos podem ser financiados pelo Climate
Bonds. Os emitentes devem, em seguida, realizar a verificação
por organismo externo que suas ações estão em conformidade
com esses critérios e abrangem o Climate Bonds Standard, antes
que eles possam usar o selo de certificação.
Quais são os benefícios para essas empresas?
Emissores têm relatado que o rótulo verde tem atraído maior
diversidade de investidores do que com os títulos simples, esses
investidores tendem a apresentar mais fidelidade, retornando
para emissões futuras. Há também indicações de que, por
meio do processo de emissão de títulos verdes, as empresas
começam a alinhar o comportamento financeiro com seus objetivos
de ESG (sigla em inglês para sustentabilidade ambiental,
responsabilidade social e governança corporativa), fortalecendo
sua reputação nestas áreas. Além disso, quando as empresas
participam desses projetos, despesas com infraestrutura e de
capital envolvendo fatores benéficos ao meio ambiente, clima e
Could you explain how the green bond market works?
The green bond market is almost identical to the standard
bond market. An issuer, be they a development bank, corporate
or municipality, receives capital from investors and
in return agrees to pay a coupon (interest) for a set number
of years. At this maturity point, the full amount originally invested
is returned to the investor. Typically, the issuer uses the
capital (use of proceeds) to invest in infrastructure that will
generate a steady income over the term of the bond, allowing
it to repay both the coupon instalments and the capital
back at maturity. The only difference between this standard
market and the green bond market is that the use of proceeds
of green bonds must be invested in environmentally friendly
assets. The vast majority of green bonds are regular corporate
bonds and have exactly the same credit risks as regular vanilla
bonds from the same issuer. This is because most green bonds
are backed by the balance sheet of the issuer and not by the
underlying projects. In addition, many green bonds are issued
to refinance existing assets so that investors do not take on
construction risks - this is very similar to regular bonds which
are also often issued to refinance existing assets.
Could you explain the process the companies have to do to
receive a green bond label?
Several different avenues can be taken for green labelling.
Issuers can self-label their bonds as green or they can seek
a second party assessment of the bond’s green credentials
(often against the voluntary Green Bond Principles). A more
robust approach is to gain verification against a third party
standard such as the Climate Bonds Certification Scheme, administered
by the Climate Bonds Standards Board. We at the
Climate Bonds secretariat convene groups of experts (technical
working groups) who set criteria specific to each sector
determining which assets can be funded by Climate Bonds.
Issuers must then undertake third part verification that their
bond complies with both these criteria and the overarching
Climate Bonds Standard, before they can use the Certified Climate
Bond label.
What about the benefits to these companies?
Issuers have reported that green labelling has attracted a
greater diversity of investors than previous vanilla bond issuances,
these investors tend to exhibit increased ‘stickiness’,
returning for future issuances. There are also indications that
through the process of issuing green bonds companies begin
to align financial behaviour with their ESG and sustainability
goals, strengthening their reputation in these areas. Additionally,
by taking steps in project, infrastructure and capital
expenditure to account for future environmental, climate and
carbon factors, companies are hedging against future risks.
What is the main goal?
The ultimate goal is to realign the $100 trillion bond market
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
29
ENTREVISTA
de carbono, estão se resguardando de riscos ambientais futuros.
Qual é o principal objetivo do green bond? Como esse mecanismo
vai auxiliar na tentativa de diminuir o aquecimento global?
O grande objetivo é realocar US$ 100 trilhões do mercado de
ações ligados a ativos de carbono, que contribuem para as alterações
climáticas, para uma nova geração de empreendimentos
de infraestrutura de baixo carbono, necessários para nos manter
dentro da meta global de 2 o C de aquecimento. O acordo de Paris
na COP21 demonstrou o compromisso governamental para
implementar planos nacionais verdes de investimento e gerar
demanda ao investidor global de ativos com vistas ao clima.
Green bonds são uma ponte eficaz entre a oferta e demanda,
acelerando a transição para uma economia de baixo carbono.
De que maneira os governos estão colocando isso em prática?
Governos do mundo todo estão reconhecendo os benefícios de
incubar um mercado nacional de green bonds próspero. Londres
está trabalhando para estabelecer-se como um centro financeiro
verde, algo que faz parte da política interna do país. Os governos
chinês e indiano estão tomado uma série de medidas regulatórias,
entre outros passos, para aumentar as oportunidades
de financiamentos verdes. A Câmara do G20, em Hangzhou fez
uma série de recomendações para o crescimento dos mercados
financeiros verdes. A França anunciou que vai emitir bilhões
de dólares em títulos verdes nacionais em 2017. O Estado de
Victoria, na Austrália, emitiu o seu primeiro green bond e vários
bancos nacionais e internacionais de desenvolvimento também
estão emitindo títulos verdes. Na América Latina, os governos
estão apoiando diversas iniciativas no México, Colômbia, Chile
e vários outros países. O Indc (sigla em inglês para contribuição
pretendida nacionalmente determinada) brasileiro mostra
seu compromisso com a transição para uma baixa emissão de
carbono e uma economia resistente às alterações climáticas,
promovendo o desenvolvimento da baixa emissão de carbono
na agricultura, reduzindo o uso da terra e a recuperação de áreas
degradadas por meio das florestas plantadas. Recentemente, o
Senado brasileiro aprovou o acordo de Paris, o que demonstra
o compromisso do país com a ação climática.
Como este mercado está operando? Qual volume monetário
ele mobiliza por ano?
away from the carbon intensive assets which have contributed
to climate change and into a new generation of low-carbon
infrastructure developments needed to keep us to within the
global target of 2 degrees of warming. The Paris Agreement at
COP21 demonstrated both government commitment to implementing
national green investment plans (generating supply)
and global investor demand for climate friendly investments.
Green bonds are an effective bridge between this supply and
demand, speeding up the transition to a low carbon economy.
Are the governments really participating?
Governments around the world are recognising the benefits of
incubating a thriving national green bond market. London is
working to establish itself as a green financial centre as part of
government policy, the Chinese and Indian governments have
taken a number of regulatory and other steps to increase opportunities
for green finance and the G20 Summit in Hangzhou
made a number of recommendation to grow green finance
markets. France has announced they will issue billions in national
green bonds during 2017, the State of Victoria in Australia
has issued its first green bond and various national and
international development banks are also issuing green bonds.
In Latin America, governments are supporting various initiatives
in Mexico, Colombia, Chile and several other countries.
The Brazilian INDC shows its commitment towards the transition
to a low-carbon and climate-resilient economy, promoting
and development the Low Carbon Emission Agriculture, reducing
the land-use or recovering degraded areas through plantation
forests in Brazil.
Recently, the Brazilian Senate approved the Paris Agreement
climate deal, demonstrating the country’s commitment to climate
action.
Is it working? How much money is it mobilizing per year?
Green bonds are becoming synonymous with green finance
just as the latter is entering into the mainstream. Evidence of
this can be seen in the recent G20 Communique, which specifically
called on governments to support the development of
local green bond markets. The first labelled green bond was
issued in 2007 by the European Investment Bank. In 2013 outstanding
issuance stood at $9.5 billion, jumping to 41.8 billion
last year. We estimate issuance could reach $100 billion this
"O rótulo verde tem atraído maior diversidade de
investidores do que com os títulos simples, esses
investidores tendem a apresentar mais fidelidade,
retornando para emissões futuras
30
www.referenciaflorestal.com.br
Os títulos verdes estão se tornando sinônimo de economia
verde na medida que ela passa a se popularizar. Evidência disso
pode ser vista no recente comunicado do G20, que especificamente
apelou aos governos a apoiarem o desenvolvimento
de mercados de títulos verdes locais. O primeiro green bond,
assim intitulado, foi emitido em 2007 pelo Banco Europeu de
Investimento. Em 2013, houve a emissão de US$ 9,5 bilhões,
saltando para US$ 41,8 bilhões no ano passado. A estimativa é
que as emissões alcancem US$ 100 bilhões este ano e cheguem
a US$ 1 trilhão até 2020.
De que maneira o setor florestal pode participar deste mercado?
Quais benefícios ele pode alcançar?
O Brasil é um dos principais exportadores de produtos de papel
e celulose e este setor também tem um papel importante na
promoção do armazenamento de carbono, ajudando o país
a alcançar os seus objetivos no Indc. Há também um grande
esforço da indústria para garantir a recuperação de áreas
degradadas com o uso de florestas plantadas no Brasil. Um
exemplo é a recuperação da Mata Atlântica: 40 mil ha (hectares)
recuperados em 2015. Esta indústria também está bem
posicionada para enfrentar a mudança climática porque possui
certificações verdes, como FSC, que são cada mais relevantes.
Os títulos verdes podem ajudar a direcionar uma quantidade
significativa de capital para investimentos necessários a atender
as metas do Indc brasileiro.
A indústria de celulose está promovendo grandes investimentos
no Brasil, o que inclui plantio florestal. Estas ações se
encaixam no modelo de green bonds?
A Suzano Papel e Celulose (uma das maiores produtores de papel
e celulose no Brasil) já demonstrou que o título verde pode
alcançar sucesso nesse segmento. Se os recursos do vínculo
estão sendo investidos na indústria de celulose e infraestrutura
florestal, que permite que as indústrias tenham impacto
ambiental positivo, esses investimentos podem ser incluídos
no mercado de títulos verdes.
A lei brasileira diz que uma pessoa ou empresa que plante
floresta precisa reservar parte da área como RL, além das APPs.
O que se aplica ao manejo florestal. Isso significa que grandes
empresas possuem imensas áreas que não podem ser explora-
year and $1trillion by 2020.
How can the forestry sector in Brazil participate in this market?
Which benefits can green bonds bring to this sector?
Brazil is one of the major exporters of pulp and paper products
and this sector also has an important role in fostering carbon
storage, helping the country to achieve its INDC targets.
There is also a large industry effort to ensure the recovery of
degraded areas through plantation forests in Brazil. An example
is the recovery of the Atlantic Forest: 40,000 hectares
recovered in 2015. This industry is also well placed to address
climate change as green certifications, such as FSC, become
more prevalent. Green bonds could help in shifting a significant
amount of capital towards the investments required to
meet these Indc’s achievements.
The pulp industries are doing great investments in Brazil at
the moment, that includes forests plantation. This kind of investment
may be included in green bond market?
Suzano Papel e Celulose have already demonstrated that a
green bond in this sector can be successful. If the proceeds of
the bond are being invested in pulp industry and forestry infrastructure
that allows those industries to have a positive environmental
impact, then those investments can be included in
the green bond market.
The Brazilian law says the company that plants forest must
preserve part of it So, big companies have large areas that
can´t be touched. Is this is potential market for green bonds?
Forest conservation obviously has a positive environmental
impact so they would be eligible for green bond issuance. The
missing link is finding a way to generate an income from this
conservation.
Researchs that improve trees growing using genetic development
for economic uses can apply to be a green bond initiative?
At present we still examining this issue in detail and so have no
comment to make at this point.
How the Climate Bonds Initiative works?
The Climate Bonds Initiative is an international, investor-
"Em 2013, houve a emissão (green bonds) de US$ 9,5
bilhões, saltando para US$ 41,8 bilhões no ano passado. A
estimativa é que as emissões alcancem US$ 100 bilhões este
ano e cheguem a US$ 1 trilhão até 2020"
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
31
ENTREVISTA
das por meio de colheita, somente produtos não madeireiros.
Isso pode ser usado de alguma maneira no mercado verde?
Conservação de florestas tem, obviamente, um impacto positivo
no meio ambiente, portanto ela pode ser elegível para a emissão
de um green bond. O pulo do gato é encontrar uma maneira de
gerar riqueza nessas áreas de conservação.
Pesquisas em genética que melhoram o crescimento florestal
podem se encaixar nesse mercado?
Neste momento estamos estudando este assunto detalhadamente
e por enquanto ainda não podemos afirmar ao certo.
Como a Climate Bonds Initiative opera?
A Climate Bonds Initiative é uma organização internacional com
foco no investido sem fins lucrativos. É a única organização no
mundo que trabalha exclusivamente em mobilizar US$ 100
trilhões no mercado financeiro voltado para criar soluções com
vistas à mudança climática. A Climate Bonds Initiative realiza a
defesa, desenvolvimento de políticas e padrões e a realização
de projetos pensados para cada país para ajudar a desenvolver
o financiamento verde e mercados de títulos verdes. Nós também
supervisionamos o programa de Certificação de Ações do
Clima. Isso proporciona aos investidores e emissores de ações
critérios com base científica vindos de fonte externa a essas
companhias para determinar a compatibilidade dos títulos no
mercado do clima.
Como observa o mercado de ações verdes no Brasil? Qual
nosso nível de desenvolvimento?
Já houve duas emissões com rótulos verdes de empresas brasileiras.
A BRF, sediada em São Paulo (SP), emitiu € 500 mil de
obrigações com nota BBB, em maio de 2015, com rendimento de
2,75%. A ação vai financiar projetos destinados a reduzir o consumo
de água e electricidade, ao mesmo tempo em que diminui
as emissões de carbono e produção de resíduos. A Suzano Papel
e Celulose, emitiu suas primeiras ações verdes totalizando US$
500 milhões, em julho de 2016. Ela recebeu a classificação BB
+ e tem um cupom de 5,75%. Existe um potencial considerável
para mais emissões de títulos verdes, tanto no mercado de ações
já existente como dos nossos instrumentos de financiamento.
Nosso mais recente levantamento do mercado brasileiro (31 de
maio de 2016) identificou R$ 6 bilhões de títulos alinhados com
o clima em circulação, estes são títulos emitidos por empresas
que obtêm mais de 95% das suas receitas de ativos alinhados
com o clima, mas essas ações não são intitulados como green
bond. Bancos comerciais brasileiros disponibilizaram R$ 153
bilhões em empréstimos para setores da economia de baixo
carbono em 2014, estes empréstimos podem ser vendidos
como títulos verdes, liberando capital para novos investimentos.
focused not-for-profit. It's the only organisation in the world
working solely on mobilizing the $100 trillion bond market for
climate change solutions. The Climate Bonds Initiative undertakes
advocacy, policy development, standards development
and a range of country based projects to help develop green
finance and green bond markets. We also oversee the Climate
Bonds Certification programme. This provides investors and issuers
with science-based third party criteria to determine the
climate compatibility of bonds in the market.
How do you see the green bonds market in Brazil? What are
our status at this point?
There have already been two labelled green bonds from Brazilian
companies. The Sao Paulo-based BRF issued a € 500m (BRL
1.76bn) BBB-rated bond in May 2015, with a coupon of 2.75%.
The bond will fund projects aimed at reducing water and
electricity consumption, while decreasing carbon emissions
and waste production. Suzano Papel e Celulose (one of the
biggest pulp and paper producers in Brazil), issued its debut
green bond for $500m (BRL 1.62bn) in July 2016. It received a
BB+ rating and has a coupon of 5.75%. There is considerable
potential for further green bond issuance, both from the existing
bond market and from our debt finance instruments. Our
latest state of the Market Brazilian edition identified $1.84bn
(BRL 6bn) of climate-aligned bonds outstanding (as of 31 May
2016), these are bonds issued by companies who derive over
95% of their revenue from climate-aligned assets but aren’t
labelled green. Brazilian commercial banks had BRL 153bn
in outstanding loans to low-carbon economy sectors in 2014,
these loans can be packed and sold as green bonds, freeing
up capital to new investments. Our Brazil Edition of the State
of the Market Report in English and Portuguese has further
assessments of where we think green bonds could develop in
Brazil.
"O pulo do gato é
encontrar uma maneira de
gerar riqueza nessas áreas
de conservação (para
classificá-las como green
bond)"
32
www.referenciaflorestal.com.br
Proteção contra
Percevejo-bronzeado e Vespa-da-galha
PRINCIPAL
Foto: REFERÊNCIA
A melhor defesa
é o ataque
PARA COMBATER SURTOS DE PRAGAS
EXÓTICAS EM FLORESTAS DE EUCALIPTO O
CONTROLE QUÍMICO É A MEDIDA MAIS EFICAZ,
INDICAM OS ESPECIALISTAS
E
stamos sendo invadidos e é bom estar preparado.
Parece propaganda de guerra, e de certa forma até
é, o inimigo é pequeno, porém letal. Até 2008 os produtores
de eucalipto não tinham muitas preocupações com
pragas, exceção às formigas cortadeiras. Não é que elas não
existiam, há relatos de inimigos da madeira desde a década de
40. O problema é que pragas exóticas - sem inimigos naturais
por aqui - alcançaram as florestas brasileiras. O crescimento
da ocorrência desses insetos está sendo maior que o aumento
das florestas e com surtos cada vez mais frequentes. Como o
melhoramento genético é específico para resistência de pragas
ou doenças, os resultados obtidos para o controle de pragas
é bastante inferior. Para combater as altas infestações, segundo
pesquisadores, a melhor solução são os produtos químicos.
Depois do problema controlado, o produtor pode fazer uso do
manejo biológico.
Por onde elas começaram a entrar no Brasil é conhecido,
mas de que maneira, sempre é um mistério. O fato é que as
pragas atravessaram o oceano e estão por aqui. No caso do eucalipto,
cultura mais plantada no país, os inimigos vêm da terra
natal da espécie, na Austrália. Como esses insetos fazem parte
do ambiente daquele país, praticamente não causam problemas
e em muitas ocasiões são até desconhecidos. Eles só
passam a ser notados quando invadem outros locais que não
possuem predadores naturais.
THE BEST DEFENSE
IS OFFENSE
TO COMBAT EXOTIC PEST OUTBREAKS IN
EUCALYPTUS FORESTS, CHEMICAL CONTROL IS
THE MOST EFFECTIVE MEASURE, SAY THE EXPERTS
W
e are being invaded, and we should be prepared.
This looks like an advertising slogan, and in a way,
it is. The enemy is small but lethal. Until 2008, eucalyptus
producers didn't have much concern about pests, with
the exception of leaf-cutting ants. It's not that they didn't exist,
as there are reports of timber enemies since the 40’s. The problem
is that exotic pests – those without natural enemies in Brazil
– have found Brazilian forests. The growth in the occurrence of
these insects is greater than the growth of the forests and with
increasingly frequent outbreaks. As genetic improvement is specific
to pest or disease resistance, the results obtained for overall
pest control is very low. To combat large infestations, according
to the scientists, the best solutions involve the use of chemicals.
After the problem is under control, the producer can make use
of biological management. Where they began to enter Brazil is
34
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De acordo com o professor doutor Carlos Frederico Wilcken,
alguns inimigos do eucalipto são antigos e mesmo assim
causam prejuízos até hoje. “As lagartas desfolhadoras datam
de 1940. Em 1980, se tornou um problema muito sério, principalmente
em Minas Gerais e de lá para cá aconteceram surtos,
como no Sul da Bahia”, destaca.
Porém, desde o ano 2000 as exóticas começaram a entrar
em cena. Em 2003, o psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei)
passou a preocupar. Em 2008, o percevejo-bronzeado
(Thaumastocoris peregrinus) e a vespa-da-galha (Leptocybe invasa)
foram registrados. O percevejo foi migrando da Austrália
para a África do Sul e depois Argentina. Daí do Uruguai ao Rio
Grande do Sul. Ao final de 2013, houve a ressurgência do gorgulho-do-eucalipto
(Gonipterus platensis) na região sul de São
Paulo, praga que era considerada controlada.
PESQUISAS
O Ipef (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais) conduz
o Protef (Programa Cooperativo sobre Proteção Florestal), que
reúne instituições de pesquisa e empresas para estudar e combater
pragas. A área amostrada das 20 companhias participantes
abrange mais de um milhão de ha plantados. Em 2012, só
o percevejo afetou mais de 255 mil ha. No ano passado ficou
perto de 80 mil. “Vale lembrar que trata-se apenas do universo
dos participantes, se extrapolarmos esses dados para os 5,6 miknown,
but how has always been a mystery. The fact is that the
pests have crossed the ocean and are here. In the case of eucalyptus,
the most planted species in the Country, the enemies
come from Australia, the original source of the planted species.
These insects are part of the environment of that Country, and
practically do not cause any problems and, in many cases, are
even unknown. They only become notable when invading other
places that do not have natural predators.
According to Dr. Carlos Wilcken, several eucalyptus enemies
are old and still can cause damage even today. “The defoliating
caterpillar dates from 1940. In the 80’s, it became a serious problem,
especially in Minas Gerais, and from then to now, outbreaks
have occurred in the South of Bahia,” he notes.
However, since 2000, other exotic pests began to appear. In
2003, the red gum lerp psyllid (Glycaspis brimblecombei) began
to become a concern. In 2008, the bronze bug (Thaumastocoris
peregrinus) and the blue gum chalcid (Leptocybe invasa) were recorded.
The bronze bug emigrated from Australia to South Africa
and then to Argentina. From there to Uruguay and then to Rio
Grande do Sul. At the end of 2013, the eucalyptus snout beetle
(Gonipterus platensis) resurged in the southern part of the State
of São Paulo, a pest that had been considered controlled.
RESEARCH
The Institute of Forest Research and Studies (Ipef) manages
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
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PRINCIPAL
lhões de ha, que é a área plantada de eucalipto no Brasil, esse
número seria muito maior”, aponta Wilcken. Foi observado que
de 2010 a 2015, o percevejo-bronzeado causou R$ 1,1 bilhão
em prejuízos nas empresas, considerando as perdas pela diminuição
no incremento de madeira.
CONHECENDO O INIMIGO
Como os números mostram, entre as pragas mais importantes
e com maior poder de destruição em plantios de eucalipto
está o percevejo-bronzeado. Na América do Sul, ele está disperso
no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. “É uma praga que
se adapta a diversos tipos de clima e tem preferência de ataque
em períodos secos”, explica Luís Renato Junqueira, coordenador
executivo do Protef. Entre os sintomas está a mudança de
coloração das folhas que ficam amareladas e perdem a capacidade
de fotossíntese. Assim que isso acontece, o percevejo
muda de área. Depois de um a três meses, as folhas secam e
caem.
Já a vespa-da-galha estava ligada principalmente a ataque
em viveiros, era um problema para a produção de mudas. Mas
a praga ampliou o leque e passou a atacar árvores adultas também.
O inseto não tem restrição a temperatura e clima, apesar
de sentir um pouco a umidade. “Ela está presente em países
do Mediterrâneo e Oriente Médio, ou seja, ambientes bem desafiadores
para insetos e ela consegue se desenvolver muito
bem”, completa Luís Renato.
DIAGNÓSTICO E CONTROLE
A informação sobre os sintomas é o maior aliado dos produtores.
“Vimos isso com o gorgulho-do-eucalipto no Estado
de São Paulo. Eles viam a floresta mudando de cor, mas não associavam
a mudança de cor com a presença do inseto”, afirma
Luís Renato Junqueira. Um modelo bastante eficiente para saber
o grau de ataque são as armadilhas amarelas e a contagem
de insetos nas folhas, no caso do percevejo, por exemplo. “Verificamos
que de 10 a 15 percevejos por armadilha, depois de
PROFESSOR DOUTOR CARLOS FREDERICO WILCKEN ORIENTA
A REALIZAÇÃO DO MANEJO INTEGRADO, COM AGENTES
BIOLÓGICOS E QUÍMICOS PARA O CONTROLE DE PRAGAS
Foto: REFERÊNCIA
TUMORES GERADOS PELOS OVOS DA VESPA-
DA-GALHA DEPOSITADOS NO PECÍOLO DAS
FOLHAS DE EUCALIPTO
the Cooperative Program on Forest Protection (Protef), which
brings together research institutions and companies to study and
combat pests. The sampled area of the 20 participating companies
covers over one million hectares of planted forest. In 2012,
just the bronze bug affected more than 255 thousand ha. Last
year, it was closer to 80 thousand. “It is worthwhile remembering
that this is just the universe of the participants, if you extrapolate
this data to include 5.6 million hectares, which is the area
planted with eucalyptus in Brazil, that number would be much
higher,” points out Wilcken, one of the Protef Coordinators. It
was observed that from 2010 to 2015, the bronze bug caused R$
1.1 billion in losses for companies considering those losses due to
the decrease in timber increment.
KNOWING YOUR ENEMY
As the numbers show, amongst the most important pests
and with greatest destructive power in eucalyptus plantations
is the bronze bug. In South America, it is dispersed throughout
Brazil, Argentina, Chile and Uruguay. “It's a pest that adapts to
different types of climate and has a preference to attack in dry
spells,” explains Luís Renato Junqueira. Amongst the symptoms
is the change in leaf coloring to yellowish losing its ability to
photosynthesize. Once that happens, the bug moves on to a new
area. After one to three months, the leaves wither and fall off.
In the dry season, when the insects attack, the plant grows very
little. In the rainy season, when the tree develops at full force, it
spends part of its energy recuperating its leaves.
When it attacks the seedling, while still in development, the
mortality rate in nurseries is quite high. The blue gum chalcid
causes a tumor in the plant that blocks sap movement. In the
field, problems appear at branch tips, and tree development
slows down. In the warmer regions, the problem is even greater
Foto: divulgação
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SURTOS DE PERCEVEJO-BRONZEADO
DIMINUEM SENSIVELMENTE O
CRESCIMENTO FLORESTAL
Foto: REFERÊNCIA
dois meses, são capazes de reduzir em 14% a produtividade da
floresta”, informa Wilcken. Isso mostra que não precisa de uma
alta infestação para causar prejuízos. O poder destrutivo dessa
praga pode estar ligada à hipótese da sua saliva que é tóxica.
Apesar de não existir material genético altamente resistente
ao ataque dos insetos, existem alguns clones que são ainda
mais suscetíveis. “Existem clones que têm 30 insetos por folha
e apresentam clorose, como o caso do Eucalyptus grandis. Porém,
bastam dois percevejos para causar a desfolha total no
Eucalyptus urograndis”, alerta Wilcken. Outro exemplo citado
pelo professor está relacionado ao psilídeo-de-concha. Em
questão de uma ou duas gerações um clone deixou de ser moderadamente
resistente e passou para suscetível.
CONTROLE
A avaliação do grau de infestação é essencial para optar
pelo método de controle. “Em todos os casos trabalhamos com
a introdução de inimigos naturais. Mas o inimigo natural não se
adapta a todas as regiões. Então tem que ser feito o controle
químico. Na baixa infestação entra o biológico”, orienta o professor
Wilcken.
Existem duas opções de produtos químicos: os que agem
de forma sistêmica e por contato. “Os sistêmicos são uma boa
opção para as pragas sugadoras”, aponta Wilcken. Como o inseto
suga os nutrientes ele também absorve o químico. Mas
algumas pragas exóticas como o psilídeo-de-concha e percevejo-bronzeado
ocorrem durante o período de seca, uma condição
que limita bastante a absorção da planta. “Fizemos muitos
estudos em Minas Gerais, Estado que fica quatro meses sem
chuva, e Mato Grosso do Sul. A umidade relativa é muito baixa,
chega a 15%.” Ficou comprovado que a eficiência dos inseticidas
sistêmicos caiu. “A planta para de fazer fotossíntese e não
absorve o produto. Assim, a umidade tem que passar de 50%”,
destaca.
Já as moléculas que agem por contato não possuem essa
because the reproductive cycle is shorter. After it lays the eggs,
the new insects are born after two or three months, and in colder
regions, it may take more than six months.
DIAGNOSIS AND CONTROL
Information on the symptoms is the biggest ally of producers.
“We saw this with the eucalyptus snout beetle in the State
of São Paulo. They saw the forest changing color, but the color
change was not associated with the presence of the insect,” says
Protef Executive Coordinator Luis Renato.
A very efficient model to measure the degree of attack is the
use of yellow traps and counting the insects on the leaves, in the
case of the bronze bug, for example. “We found that 10 to 15
bronze bugs per trap, after two months, are capable of a 14% reduction
in forest productivity,” states Protef Coordinator Wilcken.
This shows that you don't need a high infestation to cause
damage. The destructive power of this pest could be linked to the
hypothesis that their saliva is toxic.
Although there is no genetic material which is highly resistant
to insect attack, there are some clones that are more susceptible.
“There are clones that can have 30 bugs per leaf and have chlorosis,
as is the case for Eucalyptus grandis. However, it only takes
two bronze bugs per leaf to cause total defoliation in the case
MITO DA CHUVA
ALGUNS PRODUTORES ACREDITAM QUE A CHUVA ELIMINA AS
PRAGAS. ISTO É UM ERRO. EM SE TRATANDO DA VESPA-DA-GALHA,
O INSETO FICA DENTRO DA PLANTA ATÉ ATINGIR A IDADE ADULTA.
JÁ PARA O PERCEVEJO-BRONZEADO AS CHUVAS TÊM DOIS EFEITOS
NOCIVOS À PRAGA, MAS INSUFICIENTES PARA ELIMINÁ-LA POR
COMPLETO. O IMPACTO DAS GOTAS DE CHUVAS PODE MATAR
ALGUNS INDIVÍDUOS. JÁ NOS LOCAIS COM OCORRÊNCIA DE
FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICO A UMIDADE, EM TORNO DE 80%,
FAZ COM QUE ELES SE PROLIFEREM E ATAQUEM OS INSETOS.
PORÉM, É NECESSÁRIO QUE ESSA CONDIÇÃO PERMANEÇA POR
MAIS DE UMA SEMANA. QUANDO A UMIDADE CAI NOVAMENTE O
FUNGO PARA DE AGIR E AS PRAGAS SE REESTABELECEM.
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
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PRINCIPAL
limitação e podem ser utilizadas em qualquer condição de umidade.
Nessa categoria de produto está o lançamento da FMC
Agricultural Solutions para o setor florestal, o Capture 400 EC.
O produto acaba de receber o registro junto ao Mapa (Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o percevejo-
-bronzeado e vespa-da-galha. “É o primeiro produto registrado
para essas pragas no Brasil”, garante o gestor de contas e Desenvolvimento
Florestal, Fábio Marques.
De acordo com ele, o químico é classificado como um
inseticida-acaricida de terceira geração composto por nova
molécula, que atende à legislação e possui segurança no uso
e conformidade com as auditorias. “Possui rápido controle que
minimiza as perdas em madeira, ação prolongada que diminui a
reentrada na floresta e tem flexibilidade de aplicação, podendo
ser usado no viveiro e no campo”, detalha Fábio.
O Capture 400 EC possui autorização do Mapa para ser aplicado
por via terrestre e aérea. “São aplicadas baixas doses por
ha, com alto rendimento operacional, propiciando agilidade na
aplicação e economia para o produtor”, destaca. A fabricante
FMC possui extensa linha de produtos para controle de pragas,
plantas daninhas e doenças em culturas como soja, milho, algodão,
cana-de-açúcar, arroz, frutas, hortaliças, café, fumo e
floresta plantada. “No mercado florestal temos três inseticidas
(Warrant, Dipel e Capture) e três herbicidas (Solara, Savana e
Spotligth)”, informa Fábio.
A empresa, fundada em 1883, com sede na Filadélfia, EUA
(Estados Unidos da América), conta com mais de 7 mil funcionários
no mundo. Em 2015, a FMC adquiriu a Cheminova e, no
mesmo ano, totalizou uma receita de aproximadamente US$
3,3 bilhões.
DADOS MOSTRARAM QUE O CAPTURE 400 EC APLICADO DE
FORMA PREVENTIVA EM VIVEIRO TEVE EFICIÊNCIA DE CONTROLE
DE 100% DOS ADULTOS DE VESPA-DA-GALHA E EVITOU A
FORMAÇÃO DAS GALHAS NAS MUDAS DE EUCALIPTO
Foto: divulgação
EM IMAGEM APROXIMADA É POSSÍVEL
VER OVOS, NINFA E INDIVÍDUO ADULTO
DO PERCEVEJO-BRONZEADO
of Eucalyptus urograndis” warns Wilcken. Another example cited
by the Coordinator is related the red gum lerp psyllid. In a matter
of one or two generations, a clone that was moderately resistant
became susceptible. “Pests adapt, so permanent plant resistance
is very difficult."
CONTROL
Assessment of the degree of infestation is essential for
choosing the control method. “In all cases, we work with the introduction
of natural enemies. But the natural enemy does not
adapt well to all regions. So chemical control has to be used. For
low infestations biological controls can be used,” orients Protef
Coordinator Wilcken.
There are two options: chemicals that act systemically and
those that act through contact. “The systemic agents are a good
option for sucking pests,” points out Wilcken. As the insect sucks
the nutrients from the trees, he also absorbs the chemicals. But
some exotic pests such as the red gum lerp psyllid and the bronze
bug, the attacks occur during the dry period, a condition that
reduces any absorption by the plant. “We carried out many studies
in the State of Minas Gerais, which has four months without
rain, and in the State of Mato Grosso do Sul, where the relative
humidity is very low and can reach 15%”. There's no doubt that
the efficiency of systemic insecticides is reduced. The plant stops
photosynthesizing and does not absorb the product. The moisture
should be over 50%,” he notes.
The molecules that react by contact do not have this limitation
and may be used under any humidity conditions. In this
product category, FMC Agricultural Solutions launched a product
for the Forest Sector, Capture 400 EC. The product has just
received registration approval from the Ministry of Agriculture,
Livestock and Food Supply (Map) for the combat of the bronze
bug and the blue gum chalcid. “It is the first product registered
for these pests in Brazil,” ensures Fábio Marques, Account and
Forest Development Manager.
According to him, the chemical is classified as a third generation
acaricide insecticide composed of a new molecule, which
meets legislation, can be safely used, and complies with audits.
Foto: divulgação
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Foto: divulgação
CUIDANDO DO NEGÓCIO
A Plantar Reflorestamentos tem áreas cultivadas na região
central de Minas Gerais, nos municípios de Curvelo, Felixlândia
e Morada Nova de Minas. Aproximadamente 64% do total de
todo empreendimento nessa região, em torno de 23 mil ha são
áreas efetivas de plantio de eucalipto, implantadas desde a década
de 70. A madeira produzida é destinada para produção de
carvão vegetal, madeira tratada de alto padrão de qualidade e
na geração de ativos florestais. A Plantar conquistou reconhecimento
pela excelência do produto, o Amaru, e pela gestão
sustentável de seus negócios.
De acordo com o diretor florestal, Paulo César Cacau Melo,
as pragas que merecem mais cuidado são as formigas cortadeiras,
cupins, lagartas desfolhadoras, psilídeo-de-concha, vespa-
-da-galha e o percevejo-bronzeado. “Algumas delas estão presentes
o ano todo, como é o caso das formigas cortadeiras e os
cupins, enquanto que as outras pragas são mais problemáticas
no período seco”, explica.
Neste ano, a empresa enfrentou uma grande infestação
de lagarta desfolhadora, causada pela Thyrinteina arnobia. A
área afetada ficou em torno de 4 mil ha em Curvelo e Morada
Nova de Minas. “Além da lagarta, tivemos grande infestação de
percevejo-bronzeado e psilídeo-de-concha em área acima de 8
mil ha”, revela Cacau.
Para conter o estrago, foi contratada uma empresa de
aviação que aplicou um produto biológico a base de Bacillus
thuringiensis. Foram realizadas três aplicações durante o ano,
a Plantar fez aplicações terrestres com o produto Warrant. Por
meio dos dois métodos foi possível minimizar os danos e subjugar
os insetos.
FOLHAS ATACADAS PELO PERCEVEJO-
BRONZEADO MUDAM A COLORAÇÃO E
PERDEM O PODER DE FOTOSSÍNTESE
“It provides a fast control that minimizes timber losses, provides
a prolonged action which diminishes the pest re-entry into the
forest, and has flexibility in application, as well it can be used in
the nursery or in the field,” states Fabio.
Capture 400 EC has Map authorization to be applied by land
and air. “Low doses are applied per ha, with high performance,
providing agility in application and savings for the producer.”
The manufacturer, FMC, has an extensive product line for pest,
weed and disease control for crops such as soybeans, corn, cotton,
sugarcane, rice, fruits, vegetables, coffee, tobacco, and
planted forests. “In the forest market, we have three insecticides
(Warrant, Dipel and Capture) and three herbicides (Solara, Savannah
and Spotlight),” states Fabio.
The Company originated in the United States, founded in
1883, and based in Philadelphia, with more than 7000 employees
worldwide. In 2015, FMC acquired Cheminova and, in the
same year, had an income of approximately US$ 3.3 billion.
TAKING CARE OF BUSINESS
Plantar Reflorestamentos has cultivated areas in the Central
Region of the State of Minas Gerais, in the municipalities of
Curvelo, Felixlândia and Morada Nova de Minas. Approximately
64% of all Company’s business in this region, around 23 thousand
ha, is effectively eucalyptus planted areas, installed in the 70’s.
The timber produced is intended for charcoal and high quality
treated wood production, as well as for the creation of forest assets.
Plantar has won recognition for the excellence of the product
Amaru, and for the sustainable management of its business.
According to Paulo César Cacau Melo, Forestry Director, the
pests that deserve most attention are the leaf-cutting ants, termites,
defoliating caterpillars, red gum lerp psyllids, blue gum
chalcids and bronze bugs. “Some of them are present all year
round, as in the case of leaf-cutting ants and termites, while the
other pests are more problematic in the dry period,” he explains.
This year, the Company faced a big defoliating caterpillar infestation
caused by the Thyrinteina arnobia. The affected area
reached around 4 thousand ha in Curvelo and Morada Nova de
Minas Regions. “In addition to the caterpillar, there was bronze
bug and red gum lerp psyllid infestation over an area of more
than 8 thousand ha,” he reveals. To contain the infestation, an
aviation company was contracted to apply a biological product
based on Bacillus thuringiensis. Three applications were carried
out during the year. To control the bronze bug and the red gum
lerp psyllid, Plantar carried out terrestrial applications with the
product Warrant. Using the two methods, it was possible to minimize
the damage and subdue the insects.
“The use of chemicals, as well as the use of other control
methods, is essential for maintaining the health and productivity
of forests” points out the Forestry Director. Plantar uses chemical
control, prioritizing the use of products with a lesser toxicity and
greater specificity, and in low doses of active ingredients, preferably
in identified and properly classified outbreak locations
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SILVICULTURA
MAIS
ESPAÇO E
PRODUTIVIDADE
LIMPEZA DE ÁREA NA CMPC CELULOSE
RIO GRANDENSE AMPLIA ESPAÇAMENTO
ENTRE AS ÁRVORES, FAVORECENDO
CRESCIMENTO DAS FLORESTAS E A
MECANIZAÇÃO DA SILVICULTURA
Fotos: REFERÊNCIA
Foto: divulgação
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Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
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SILVICULTURA
P
ara alcançar níveis mais altos de produtividade no
replantio, as empresas florestais estão investindo
mais na limpeza de área e colhendo bons resultados.
Visitamos uma área da Cmpc Celulose Riograndense,
em Encruzilhada do Sul (RS), para acompanhar o que é
feito por lá para que as florestas atinjam produtividades
de 50 m³/ha.ano (metros cúbicos por hectare ao ano).
A Fazenda Folespar tem 1.960 ha, sendo que metade
de toda esse espaço é de plantio efetivo de eucalipto, o
restante forma a APP (Área de Preservação Permanente) e
RL (Reserva Legal). Como a floresta está se encaminhando
para o segundo ciclo, a empresa adotou o rebaixamento
de tocos para melhorar a produtividade da área plantada
e permitir a mecanização em diversas etapas do preparo
do solo.
“No momento que termina a colheita florestal mecanizada
entramos com as operações de silvicultura: aplicação
de herbicida para eliminar a matocompetição, subsolagem
com trator de esteira ou pneu, o rebaixamento de
toco e combate à formiga”, explica Daniel Wappler, analista
de Operações Florestais de Silvicultura.
No momento que a divisão de colheita florestal libera
a área, o pessoal da silvicultura tem 90 dias para iniciar
as atividades. “Assim, o resíduo já vai estar acamado e as
folhas se soltaram dos galhos, o que facilita o trabalho do
preparo do solo com trator”, detalha Daniel. A derrubada
e processamento das árvores é feita com harvester, os
resíduos ficam espalhados uniformemente pelo talhão.
Nessas áreas, há mais geração de galhos, que podem ser
rebaixados juntamente com os tocos.
O profissional explica que o rebaixamento de toco é
necessário quando existe uma quantidade de resíduos
muito grande ou o espaçamento do plantio anterior é estreito.
“Para o trator trabalhar a condição ideal é três m
(metros) entre tocos, abaixo disso fica complicado, não se
consegue mecanizar as atividades no pós-plantio.” Esse foi
o caso da área situada na fazenda Folespar, pouco espaço
entre as árvores que estavam distribuídas em 2,60 por
2,20 m e com tocos desalinhados. “Agora com 100% dos
tocos rebaixados, vamos abrir para 3,5 m depois da escarificação,
o que deixa tranquilo a entrada das máquinas”,
detalha Daniel.
A limpeza de área na Cmpc - serviço realizado pela JFI
Projetos de Silvicultura - é itinerante entre as sete regiões
da divisão operacional de silvicultura. A ação depende da
disponibilidade das máquinas. No caso da Fazenda Foles-
42
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REBAIXADOR DE TOCOS
EM ESCAVADEIRA
PROPORCIONA EM
TERRENOS PEDREGOSOS
MAIS SEGURANÇA
E ECONOMIA EM
COMBUSTÍVEL
SILVICULTURA
par, o rebaixador passou a operar depois que a colheita
havia sido feita há 4 meses. A escolha pelo conjunto foi o
cabeçote DAH-150E, da Denis Cimaf, acoplado em escavadeira
22 t (toneladas). “Escolhemos esse modelo porque
o terreno tem muitas pedras, o braço da escavadeira pode
afastá-las”, conta Daniel. O rebaixador frontal não oferece
essa opção. A inclinação da área também foi outro motivo
da escolha desse conjunto.
Segundo o coordenador de silvicultura, José Baptista,
a Cmpc tem realizado vários testes desde 2011 com inúmeros
equipamentos. Atualmente, a tecnologia que está
mais adequada aos padrões de qualidade e rendimento é
da Denis Cimaf. “Tanto que, os modelos de cabeçotes utilizados
foram premissas básicas utilizadas no escopo para
a contratação de um novo fornecedor de serviço para essa
atividade”, declara.
Após o uso do sistema de limpeza de área, a produtividade
das florestas de segunda geração atingiu produtividades
de 45 m³/ha/ano até 50 m³ (metros cúbicos) sem
casca. Na área visitada, o equipamento alcança 1.8 ha por
máquina em turnos de 12 horas, com parada para manutenção
preventiva. O consumo estimado nas escavadeiras
de 20 t fica em 20 l (litros) por hora.
ROBUSTEZ
De acordo com a fabricante, o cabeçote com facas da
Denis Cimaf é um equipamento de uso industrial, econômico,
extremamente robusto e de baixa manutenção.
“Chega a produzir de 30 a 50% a mais que a concorrência”,
garante Celso Kossaka, diretor de marketing e representante
de vendas na América Latina. Para ele, as vantagens
do cabeçote em escavadeira são a versatilidade, porque
a máquina base pode ser usada para outras operações;
capacidade de vencer terrenos adversos com facilidade
com buracos, valas, inclinações e o alcance da lança; visi-
OS TOCOS SÃO
REBAIXADOS AO NÍVEL DO
SOLO, O QUE PERMITE A
ENTRADA DE TRATORES
QUE REALIZAM A
ADUBAÇÃO E PREPARO
DO SOLO
44
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ilidade superior do operador, o que gera mais segurança
e melhor ergonomia; realização de operações em alvos
pontuais, como tocos ou árvores, além da varredura do
terreno.
Além dessas vantagens, o cabeçote tem menor consumo
de combustível em comparação às máquinas base
frontais da mesma categoria e menor quantidade de facas,
proporcionando economia de elementos de desgaste,
de acordo com a Denis Cimaf. “A vida útil estimada fica
em 12 mil horas, podendo chegar até a 18 mil, segundo
registros das prestadora de serviços PSG”, completa Celso.
O RESÍDUO ACAMADO NO
CAMPO FACILITA O TRABALHO
DO PREPARO DO SOLO COM
TRATOR
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CADERNO EMPRESARIAL
71 ANOS
À FRENTE
AGROCERES REVOLUCIONA O MERCADO AO CRIAR
MODELO PARA O MANEJO DE FORMIGAS
Fotos: divulgação
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D
esde a sua origem tem no DNA a vocação de
pioneirismo em Tecnologias e Inovações da empresa
mãe. Assim é reconhecida a Atta-Kill, empresa
do Grupo Agroceres, pelo mercado e clientes. Criada
para desenvolver produtos com tecnologias no controle de
formigas cortadeiras, tem na sua linha de Iscas Formicidas
Mirex-S o adjetivo de pioneirismo em todas as tecnologias
usadas no campo para o controle das saúvas e quenquéns.
Todo esse know-how vem desde a sua fundação, em 1970
na Agroceres, contemplando mais de 45 anos de experiência
e reconhecimento de mercado.
A história da Atta-Kill faz parte da história da empresa
Agroceres, fundada em 20 de setembro de 1945. A companhia
foi formada pela idealização de seus fundadores em
introduzir a tecnologia de sementes de milho híbrido no
Brasil.
A primeira produção dessa semente inovadora se deu
em Goianá, distrito de Rio Novo (MG). Nessa época a tecnologia
inovadora de semente de milho híbrido era convincente
e os agricultores tinham colheitas entre 20 a 30% maior
do que as sementes selecionadas do paiol.
No início dos anos 70, a empresa diversifica aumentando
sua ação no agronegócio, iniciando atuação em sementes
de hortaliças e em iscas formicidas, passando também
a atuar com sementes de sorgo, pastagens, genética de suínos
e nutrição animal.
Atualmente, direcionada a valores: de Tecnologia & Inovação;
Qualidade; Atendimento presente e capacitado; Resultado
no campo, a Agroceres expandiu fronteiras, lançou
tendências e manteve seu compromisso ao longo destes 71
anos, em levar o melhor em tecnologia e atenção ao produtor
brasileiro tendo sólida participação no agronegócio
nacional com suas linhas de Genética de Suínos, Nutrição
Animal, Sementes de Milho Hibrido e Sorgo e, ainda, no
ramo de produção de Palmitos Pupunha e as Iscas Mirex-S.
A linha de Iscas Formicidas iniciou-se com a inauguração,
em 1970, de uma unidade de produção na cidade de
Matão (SP).
Desde então, desenvolve tecnologias em produtos e
serviços, se destacando em todas as fases desse período
pelo pioneirismo em disponibilizar tecnologias e produtos
para o controle das formigas cortadeiras. Hoje, por meio da
empresa Atta-Kill, empresa 100% do grupo Agroceres, produz
e comercializa a conceituada linha de iscas formicidas
Mirex-S, marca líder de mercado e a mais reconhecida em
tecnologia e qualidade.
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CADERNO EMPRESARIAL
SULFLURAMIDA REVOLUCIONA O
MANEJO DE FORMIGAS
Atta-Kill inovou ao introduzir no mercado a nova
substância menos agressiva ao meio ambiente e à
saúde humana
PERFIL:
EMPRESA: Atta-kill Indústria e Comércio de Defensivos
Agrícolas é uma das empresas pertencentes ao grupo
Agroceres
LOCALIZAÇÃO: Unidade fabril - Araraquara (SP)
Sede Administrativa - Rio Claro (SP)
COLABORADORES: Aproximadamente 60 funcionários
As formigas cortadeiras causam grandes danos a produções
agrícolas e florestais. O controle desses insetos sempre
foi alvo de muita atenção e, começou a ser realizado de
maneira mais técnica em meados dos anos 60, intensificado
com o uso das primeiras iscas formicidas.
Até o final dos anos 80, o princípio ativo usado nestes
produtos eram os clorados, substâncias extremamente tóxicas
que foram proibidas mundialmente a partir de 1985.
Entretanto, face ao impacto da formiga nas produções agrí-
colas no Brasil, esse princípio ativo teve seu uso autorizado
exclusivamente para a formulação de iscas granuladas até
que surgisse uma alternativa eficiente. Algo que aconteceu
com a introdução da sulfluramida pela Atta-kill, no início
dos anos 90.
Os trabalhos com sulfluramida foram iniciados no Brasil
com foco no combate às formigas cortadeiras. Os testes iniciais
se mostraram promissores como alternativa aos antigos
clorados. A nova alternativa foi registrada pela empresa
brasileira em 1993. Com o lançamento da Mirex-S, a primeira
isca formicida à base de sulfluramida, o produto passou
a ser utilizado em toda América Latina. O grande ganho na
época, sem sombra de dúvidas, foi no aspecto ambiental e
na saúde humana.
Primeira Isca
Formicida Mirex
Primeira empresa a disponibilizar a
tecnologia micro-porta-iscas no mercado
e lança a marca Mipis em invólucro de
plástico, para proteção dos pellets de
iscas contra umidades
Lança Mirex-S
a primeira isca
formicida a base
de sulfluramida
Conquista a certificação
ISO 9002/94, 1ª no setor, e
lança o primeiro Mipis Papel:
inovação em micro-porta-isca
degradável
Meados
dos anos
1960
1970 1985 1990 1993 1999 2000
A Agroceres cria a
sua linha de isca
formicida
Agroceres une-se à Fertibrás criando
a Joint Venture Atta-kill para pesquisa
e desenvolvimento das iscas a base de
sulfluramida, um divisor de águas no que
tange a controle das formigas cortadeiras
Cria o primeiro programa
de serviço com tecnologia
para manejo de formigas
cortadeiras dedicado a
reflorestadoras
48
www.referenciaflorestal.com.br
MAIS DO QUE FORMICIDA
Programa Result vem ao encontro das necessidades
específicas de cada área infestada e inova o manejo
de controle de formigas de maneira personalizada,
visando redução de custos e eficiência
Para a Atta-Kill, antes de mais nada, é sempre importante
atender às necessidades de cada empresa florestal
de maneira individualizada. O que significa, ainda, que em
momentos diferentes o foco do cliente também pode mudar.
Para isso, foi elaborado o Programa Result, que é uma
ferramenta de tecnificação customizada, que se enquadra
nas exigências e procedimentos para o manejo de precisão
de formigas cortadeiras de acordo com a demanda de cada
cliente florestal.
Com o auxílio de técnicos capacitados, que vão a campo,
e software de operação para precisão de recomendação de
controle, é possível elaborar o melhor planejamento para a
operação. Os profissionais realizam o diagnóstico compatível
nas diferentes áreas. Assim, torna-se viável otimizar as
quantidades de produtos, determinar os locais mais críticos
e estipular as doses aplicadas na medida correta em função
do grau de infestação, ou seja, não há desperdício nem subdosagem.
“Os maiores ganhos se encontram na otimização
de recursos, conquistando retorno significativo de custos
de investimento por hectare com a máxima eficiência na
redução das infestações”, destaca o gerente Comercial e de
Marketing, Augusto Tarozzo.
Augusto Tarozzo aponta que as tarefas e ações a serem
implementadas dentro do Programa Result são definidas
com base no alinhamento dos profissionais responsáveis
pelo programa – todos engenheiros florestais - e a empresa
cliente. Análises realizadas periodicamente complementam
o trabalho para aferição dos resultados.
Conquista a certificação ISO
9001:2008 para gestão da
qualidade
A Certificação ISO passa a
ter serviços pós vendas no
seu escopo
Lança o Mirex-S 2, novo produto com
menor concentração de sulfluramida a
0,2% mantendo a melhor eficiência de
controle. Inovação que vem ao encontro
de procedimentos de certificações
2007 2009 2012 2014 2015 2016
LINHA DO TEMPO
A Agroceres adquire
a parte societária da
Atta-Kill assumindo
100% da empresa
Disponibiliza Mipis
Evolution: uma
evolução na estrutura
protetora do microporta-isca
de papel
Disponibiliza o Programa
Result, que possibilita
o planejamento de
controle adequado,
gerando ganho e
reduzindo infestações
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
49
CADERNO EMPRESARIAL
A EVOLUÇÃO
A Atta-kill busca constantemente alternativas e
melhorias em seus produtos
Ao longo das últimas décadas, desde o surgimento da
sulfluramida a Atta-kill desenvolve pesquisas com sua linha
de produtos Mirex-S: produtos alternativos e melhorias que
envolvem desde diferentes moléculas a diferentes concentrações.
“Depois de muitos estudos é possível verificar conclusões
como faixas ótimas de eficiência”, informa Edson
Dias Gerente de Produção e Qualidade da Atta-kill.
Todos os nossos produtos estão devidamente registrados
no Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento
e são indicados para o controle, tanto das
formigas cortadeiras do gênero Atta (saúvas) quanto do
gênero Acromyrmex (quenquéns) em áreas agrícolas, florestas
plantadas e pastagens.
Nas nossas pesquisas sempre buscamos a otimização
dos índices de carregamento e de devolução das iscas.
“Esse aspecto leva a melhor distribuição de iscas em todas
as panelas no formigueiro, conferindo assim a máxima eficiência”,
comenta Edson Dias.
"Buscamos sempre associar a eficiência intrínseca dos
nossos produtos à forma mais eficaz de utilizá-lo pois, dessa
forma, vamos ao encontro das exigências de diminuição do
uso de químicos nas áreas controladas." Esse é, inclusive,
um pressuposto dos critérios ambientais e sociais levados
em consideração pelos organismos de certificação.
GESTÃO BASEADA NA INOVAÇÃO
A Atta-Kill, como empresa do Grupo Agroceres, é administrada
conforme a gestão do grupo em sua diversificada linha de
negócios e tem como diretriz o alinhamento centrado nos quatro
pilares de valores para o mercado: Tecnologia & Inovação, Atendimento,
Qualidade e Resultado ao cliente. Este é o norte que guia
Fernando Antonio Pereira, diretor da linha de negócio, que tem a
responsabilidade de manter o espírito pioneiro e de inovação à
Atta-Kill.
Com uma larga experiência de gestão em mais de 30 anos dedicados
ao Grupo Agroceres, passando pelos cargos de diretor de
negócio a presidente da corporação, o engenheiro agrônomo formado
pela UFV (Universidade Federal de Viçosa) conduz a Atta-Kill
desde 2013.
A ATTA-KILL MOSTROU PIONEIRISMO DESDE OS PRI-
MEIROS PASSOS. ESSA VOCAÇÃO ESTÁ NO DNA DO GRUPO
AGROCERES?
Sempre com a visão de desenvolver tecnologias em produto
para o controle de formigas cortadeiras, a Atta-Kill se alinha com a
diretriz de gestão da Agroceres no que tange pontos de tecnologia
e inovação, atendimento, qualidade e resultado para o cliente.
QUAIS DESAFIOS E CONQUISTAS CONSIDERA AS MAIS
MEMORÁVEIS DA ATTA-KILL?
A conquista do produto sulfluramida pela Atta-kill com pioneirismo,
sem sombra de dúvidas, é o divisor de águas no que tange
o controle de formigas cortadeiras, trazendo maiores e melhores
conhecimentos sobre a praga e seu manejo. Outro desafio é o alinhamento
de serviços com os processos das operações de controle
no campo, conquistando resultados significativos no âmbito
operacional e de aplicação.
QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS? O QUE VEM PELA
FRENTE COM O PROGRAMA RESULT?
Temos uma visão e nosso Programa Result está voltado a produtos
e serviços que devem estar apurados com necessidades
diversificadas, alinhadas com aspectos de legislação, certificação
e processos. O resultado é a otimização de custos e recursos
disponíveis respeitando aspectos de política de sustentabilidade
e preocupação ambiental na excelência do controle de formigas
cortadeiras buscando para o presente e o futuro tecnologias operacionais
que tragam essa redução de custos com a melhor otimização
de distribuição de produtos nas áreas.
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VENDE-SE
TERRA
LEI QUE ESTABELECE REGRAS PARA
COMPRA DE ÁREAS FLORESTAIS E
AGRÍCOLAS POR ESTRANGEIROS
DEVERÁ SER DESENGAVETADA,
PORÉM RESTRIÇÕES SEGURAM
EMPOLGAÇÃO DOS INVESTIDORES
D
epois de seis anos impedida, a compra de terras
por estrangeiros poderá ser permitida novamente.
Desde 2010 esse tipo de investimento está
congelado no país após parecer da AGU (Advocacia Geral
da União). A perspectiva da liberação anima investidores e
empresários dos setores agrícola e florestal. Mas os termos
que tratam do projeto de lei para são controversos. Existem
limitações de hectares por empresa e até obrigações ligadas
à reforma agrária. O assunto está sendo debatido entre
entidades empresariais e representantes do legislativo.
A venda de terras a estrangeiros era assunto fora de cogitação
no governo de Dilma Rousseff. A proibição foi uma
herança da era Lula, que chancelou o parecer da AGU. O
argumento do governo na época era que a aquisição direta
feria a soberania nacional. Havia temor que empresas asiáticas
poderiam ser donas de grandes áreas no Brasil para
a produção de alimentos. Em 2012, um projeto de lei foi
apresentado no Congresso modificando a restrição, mas
não andou. E isto teve impactos negativos.
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
53
ESPECIAL
Foto: Carol Carquejeiro
De acordo com o último levantamento realizado pela
Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), foram represados consideráveis
investimentos em negócios no setor de árvores
plantadas de grandes grupos estrangeiros, como japoneses,
norte-americanos e escandinavos, que ficaram parados
desde 2010. “Além dos investimentos diretos no setor florestal,
a indústria perde competitividade, pois as restrições
impactam também os investimentos em mineração, logística
e infraestrutura, o que afetam os mercados de árvores
e os custos de produção”, afirma Elizabeth de Carvalhaes,
presidente executiva da Ibá e presidente do Icfpa (sigla em
inglês para Conselho Internacional de Associações de Floresta
e Papel).
A decisão de restringir a atuação de empresas nacionais
controladas por capital internacional, não só travou novos
investimentos do setor, mas também afetou as operações
das empresas já instaladas, impedindo ampliações e consolidações
que poderiam ocorrer com a entrada de fundos
estrangeiros para investimento direto e produtivo.
“Em 2010 e 2011, a economia brasileira estava bem,
“ALÉM DOS INVESTIMENTOS
DIRETOS NO SETOR
FLORESTAL, A INDÚSTRIA
PERDE COMPETITIVIDADE, POIS
AS RESTRIÇÕES IMPACTAM
TAMBÉM OS INVESTIMENTOS
EM MINERAÇÃO, LOGÍSTICA E
INFRAESTRUTURA, O QUE AFETAM
OS MERCADOS DE ÁRVORES E OS
CUSTOS DE PRODUÇÃO”
com crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 7,5%
e 3,9% respectivamente e recordes nos níveis de emprego
com geração de 4,7 milhões postos nos dois anos. Este cenário
passava a falsa impressão ao governo de que a captação
destes recursos não era prioridade e que os investimentos
continuariam independentemente das restrições.”
A presidente da entidade lembra que investimentos no
setor florestal são de longo prazo e as decisões de realização
ou suspensão de aportes possuem um efeito retardado
na economia. “Hoje, não sentimos apenas os efeitos da piora
da economia interna pela contração dos mercados, mas
pela abrupta diminuição do ritmo dos investimentos que,
no caso do capital estrangeiro, passaram a se submeter a
limitações proibitivas desde 2010”, avalia Elizabeth.
BOAS EXPECTATIVAS
As entidades como Ibá e Abag (Associação Brasileira
do Agronegócio) observam com bons olhos o que consideram
ser uma espécie de reabertura de mercado. “Já precisávamos
em 2010, e hoje em dia, com esse cenário (de
crise econômica), a entrada de capital estrangeiro vai ser
fundamental", disse o diretor executivo da Abag, Luiz Cornacchioni.
De acordo com as representantes do setor florestal e
agrícola, a liberação de venda de terras para empresas com
capital estrangeiro é um importante passo para atrair investimentos
e incentivar a retomada do crescimento do setor
industrial. Entre as associadas da Ibá, por exemplo, estão
diversas companhias multinacionais de grande porte com
investimentos paralisados, tanto em novas unidades como
em ampliação das atuais.
Parlamentares que entendem a necessidade do setor
produtivo se mobilizam para retomar o andamento do projeto
engavetado em 2012, que estabelece regras e autoriza
a compra de terras por estrangeiros. Com base nesse texto,
o deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) está
empenhado para dar seguimento ao assunto. “Estamos trabalhando
em um texto substitutivo que autoriza a compra
de terras dentro de certos limites”, disse o deputado, que
coordena a Frente Parlamentar de Silvicultura. O problema
são as regras restritivas que estão em discussão. “A ideia é
que haja um limite de 100 mil ha (hectares) por empresa,
que pode ser ainda alterado para cima”, disse. Fundos soberanos
e ONGs (Organizações não-governamentais), porém,
não poderiam ser compradores.
De acordo com o parlamentar, o governo sugeriu que
fosse incluído no projeto de lei que o investidor adquira
10% adicionais de terras para destinar à reforma agrária. Se
o investidor quiser comprar além do limite de 100 mil ha,
teria de se associar a um grupo nacional – que seria majoritário
no negócio – para essa expansão, como já ocorre hoje.
54
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O parlamentar crê que a aprovação da lei poderá destravar
investimentos da ordem de R$ 50 bilhões no país em áreas
agrícolas e florestais.
Apesar de aprovar a iniciativa, entidades e investidores
discordam das restrições no projeto de lei. “Com certeza
estes itens podem interferir no interesse e no volume do
capital estrangeiro”, opina a presidente da Ibá. Ela acredita
que transferir a responsabilidade da reforma agrária para as
empresas produtoras apenas tornará os projetos de investimento
e os produtos produzidos mais caros, resultando em
perda de competitividade no mercado externo. “Se houver
essas condições, muitos investidores deixarão de apostar
no país, prejudicando produtores nacionais e estrangeiros.”
Para a executiva, limitar o tamanho da compra é outro
erro. “Isso é incompatível com os necessários ganhos de
escala para a produção voltada para a exportação, como é
o caso da indústria de base florestal.” Muitas empresas da
associação estão há mais de 40 anos no Brasil e possuem
muito mais de 100 mil ha de terras em seu portfólio. “Essas
empresas ficariam limitadas para crescer e continuar investindo
no Brasil”, completa.
O advogado Aldo De Cresci Neto, especialista em florestas
e secretário executivo da Frente Parlamentar de Silvicultura,
garantiu que o Congresso busca um meio-termo sobre
o tema. Segundo ele, outra possibilidade, que não foi des-
LUIZ CORNACCHIONI,
DIRETOR EXECUTIVO
DA ABAG ACREDITA
QUE PASSOU DA
HORA DE APROVAR
A LEI QUE ESTIPULA
REGRAS CLARAS PARA
COMPRA DE TERRAS POR
ESTRANGEIROS
Foto: Abag
ESPECIAL
Foto: REFERÊNCIA
Boa parte do capital vindo de fora é responsável pelas expansões nas operações de plantio e colheita florestal
cartada por Cardoso, seria o registro do grupo estrangeiro
na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Esta autarquia,
vinculada ao Ministério da Fazenda, foi criada 1976 com o
objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o
mercado de valores mobiliários no Brasil.
DINHEIRO QUE ENTRA
Empresas focadas na captação de recursos externos
para o fomento de negócios florestais entendem que o
marco legal é indispensável e observam cenários distintos
antes do entendimento da AGU e o momento atual. Para
os grupos que já tinham investimentos no Brasil, o parecer
de 2010 foi apenas um obstáculo temporário para determinar
a forma mais adequada de continuar investindo no país.
Mas como conta Robert Carroll, fundador da Arcterra, empresa
de assessoria de investimentos com foco em ativos
reais, principalmente florestais e agrícolas, as determinações
contrárias afastaram novos investidores. “Considerando
a rede de relacionamento da Arcterra, cerca da metade
dos novos investidores, grupos que nunca tinham investido
no Brasil mas tinham manifestado interesse significativo, foram
desencorajados pela decisão da AGU ou, pelo menos,
optaram por não continuar a estudar o Brasil.” Ele destaca
que existiram outros fatores que contribuíram para a redução
de interesse, principalmente a crise financeira global.
Das transações registradas pela Arcterra, desde 2001,
algo em torno de R$ 9 bilhões, 70% tiveram participação
de grupos estrangeiros, sendo que a maior parte do capital
também veio de fora. Apesar de não apostar em uma enxurrada
de investimentos logo após uma possível decisão
favorável, Robert é otimista na mensagem que o marco legal
vai transmitir ao mercado. O norte-americano com 13
anos de experiência no mercado brasileiro acredita que os
investidores vão se sentir confortáveis quando houver definição
do assunto por meio de legislação. “Ter uma lei clara
é essencial para que investidores globais de alto nível comprometam
capital de longo prazo”, garante Robert.
O executivo só observa com ressalvas as restrições que
estão em discussão para a formulação do texto do projeto
de lei. “Conseguir investir em grande escala e atingir um
equilíbrio apropriado entre risco e retorno são fatores fundamentais
para atrair os maiores investidores internacionais.
Qualquer restrição pode influenciar negativamente
estes critérios, e são passíveis de desencorajar os investidores
que teriam maiores impactos positivos sobre o setor
florestal”, pondera.
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EMPRESAS FOCADAS NA
CAPTAÇÃO DE RECURSOS
EXTERNOS PARA O
FOMENTO DE NEGÓCIOS
FLORESTAIS ENTENDEM
QUE O MARCO LEGAL É
INDISPENSÁVEL
Foto: REFERÊNCIA
Com permissão para compra de terras por estrangeiros, investimento
externo poderia chegar a R$ 50 bilhões
EVENTO
PINUS DO
FUTURO
Foto: Embrapa
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WORKSHOP MOSTRA
MERCADO, TENDÊNCIAS E
PESQUISAS PARA AMPLIAR
A EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE
FLORESTAL DE MÚLTIPLO
USO
Foto: arquivo
A demanda de mercado por pinus é de 16,5 milhões de m³ (metros cúbicos) por ano
C
onhecimento científico e a experiência das empresas
florestais ditaram o passo do IV Workshop
realizado pela Apre (Associação Paranaense de
Empresas de Base Florestal) e a Embrapa Florestas. Neste
ano, o tema principal foi: Manejo para uso múltiplo – a
árvore de pinus do futuro. O evento, realizado em Colombo
(PR), nos dias 14 e 15 de setembro, atraiu mais de 120
participantes. Os debates abordaram as tendências para o
mercado de madeira, formação de florestas de alto rendimento,
importância da pesquisa florestal empresarial e o
estado da arte do melhoramento florestal.
Logo de início, os palestrantes contextualizaram o momento
do mercado e apontaram tendências. A primeira
palestra ficou por conta de João Mancini, engenheiro florestal
e gerente comercial da Valor Florestal. Segundo ele,
no momento, o setor ainda enfrenta a crise iniciada em
2008, mas vem se recuperando. Sobre demanda, Mancini
citou que a procura por pinus é de 16,5 milhões de
m³ (metros cúbicos) por ano. Nesse cenário, as indústrias
de madeira sólida representam 51% do volume total da
região, enquanto que papel e celulose representam 32%.
Nas toras, o marketshare é de 60%.
No caso do eucalipto, a demanda é de 8,3 milhões de
m³ por ano, e o principal consumo vem da indústria de
papel e celulose. As indústrias de painéis representam 3%
do consumo. Porém, o gerente comercial destacou que
esse número está aumentando, já que algumas empresas
estão substituindo florestas de pinus por eucalipto.
Felipe Fuck, diretor da Compensados Fuck, também
participou do primeiro bloco do workshop e falou sobre
o mercado para produtos florestais. Ele contou que a
empresa apostou em nova tecnologia de máquinas, para
alcançar diâmetro menor, maior produtividade e melhor
aproveitamento. Outra mudança foi a do uso do sortimento
para produto final.
Sobre o futuro, ele disse que o setor florestal precisa
desenvolver os mercados interno e externo para uso da
madeira de maneira estrutural ou decorativa, por exemplo,
entre outros, tudo que agregue mais valor ao produto.
“Também precisamos pensar em novas espécies, porque
não temos como fugir disso, já que temos que buscar
meios de reduzir custos para sermos mais competitivos.
O manejo é outro ponto que merece atenção, justamente
para avaliar de que forma a utilização da madeira vai
afetar o manejo. A dinâmica do mercado está mudando
e nosso setor depende de influências externas para nos
adaptarmos”, destacou.
MAIS DA FLORESTA
O professor da Ufsc (Universidade Federal de Santa
Catarina), Mário Dobner, falou do desbaste pelo alto –
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
59
EVENTO
uma alternativa para o Pinus taeda. Ele disse que o setor
florestal tem diversificação da produção, e ressaltou que
uma árvore pode gerar vários produtos. Para o manejo
de multiprodutos, existem duas ferramentas: desbaste e
poda. Dentro do desbaste, são duas opções: seletivo por
baixo (o mais utilizado, por ser muito fácil) ou seletivo
pelo alto (algo muito praticado na Europa).
O professor explicou que no desbaste seletivo pelo
alto, faz-se a seleção de árvores potenciais pela dominância,
qualidade e distribuição. Em seguida, remove-se
as árvores concorrentes. “O objetivo do manejo é que as
árvores cresçam de forma positiva, produzindo toras mais
valiosas. O desbaste seletivo pelo alto traz maior potencial
de crescimento diamétrico, maior eficiência no uso
do espaço produtivo e melhores resultados econômicos”,
destacou.
Para justificar essa afirmação, Dobner mostrou detalhes
de um estudo que monitorou florestas em Santa Catarina
ao longo de 30 anos. O levantamento concluiu que
esse tipo de desbaste possibilita dobrar o resultado. “Por
isso, essa pode ser uma alternativa para os produtores”,
concluiu.
Júlio Arce, professor da Ufpr (Universidade Federal do
Paraná), explicou que o manejo é uma forma de fazer a
“TAMBÉM PRECISAMOS
PENSAR EM NOVAS ESPÉCIES,
PORQUE NÃO TEMOS
COMO FUGIR DISSO, JÁ QUE
TEMOS QUE BUSCAR MEIOS
DE REDUZIR CUSTOS PARA
SERMOS MAIS COMPETITIVOS”
FELIPE FUCK,
DIRETOR DA COMPENSADOS FUCK
gestão da floresta para tirar algo a mais dela. Além disso,
ele falou sobre o planejamento, que é fundamental no
setor florestal. “O manejo pode levar a extremos inimagináveis.
A primeira pergunta que devemos fazer é quais
produtos florestais queremos. Pode ser apenas um produto
ou múltiplos produtos; temos muitas opções para escolher
o que plantar, como plantar e como manejar. Mas
uma vez que escolhermos o caminho, a opção para o que
temos que colher já não é tão ampla, então os próximos
15 anos têm que ser muito bem planejados”, salientou.
Foto: Valtecir Santos
Avanços em pesquisas genéticas proporcionaram ganhos de produtividade
acima de 50%
MELHORAMENTO GENÉTICO
Para encerrar o primeiro dia de evento, Antônio Higa,
professor da Ufpr, fez uma palestra sobre: Melhoramento
genético como ferramenta para aumento da produtividade.
Segundo ele, o melhoramento de pinus começou na
década de 1970. Os resultados foram surpreendentes e já
em 2000 foi possível perceber que o material da primeira
geração propiciava ganhos de volume de 50%.
Ele também ressaltou a importância do melhoramento
genético na formação das florestas plantadas que existem
hoje, onde obteve-se um grande salto de produtividade
e qualidade nas florestas, com os programas instalados
desde a década de 70. Higa mostrou também como estávamos
certos no caminho para o futuro, com a utilização
de material genético adequado na formação das florestas.
Na manhã do segundo dia de evento o assunto foi:
Pesquisa – o estado da arte do melhoramento florestal.
Nesse bloco, sete palestrantes apresentaram o atual estágio
do material genético de pinus dentro das suas empresas.
60
www.referenciaflorestal.com.br
Entre as empresas participantes esteve a ArborGen. O
agrônomo com mestrado em Fitotecnia (Produção Vegetal),
Vinícius Santos, destacou que a empresa acumula 100
anos de experiência em tecnologia florestal, por conta das
empresas que formaram a ArborGen. Hoje, a marca mantém
equipes especializadas nos EUA (Estados Unidos da
América), Nova Zelândia e Brasil, o que garante uma troca
de informações frequente. Nos EUA, a empresa detém
30% do mercado de mudas florestais, o equivalente a 280
milhões de mudas por ano, principalmente Pinus taeda.
Na Nova Zelândia e Austrália, a ArborGen conta com 40%
e 20% dos mercados, respectivamente, o que equivale a
22 milhões de mudas por ano nesses dois países. No Brasil,
a empresa iniciou a operação comercial de eucalipto
em 2013 e a de pinus em 2014. As vendas por aqui atingiram
30 milhões em 2015 e a expectativa para 2016 é
chegar a 50 milhões.
Com relação à árvore de pinus do futuro – tema principal
do workshop – avaliou que ela será altamente produtiva
e terá a maioria das características desejadas pela empresa,
proporcionando florestas mais uniformes. “Outra
coisa importante é se adaptar às características edafoclimáticas
de cada região. Além disso, terá que ser adequadamente
manejada. Também temos que estar preparados
para pragas, doenças e mudanças climáticas”, analisou.
Desbaste e poda fazem parte do processo para aproveitar da melhor maneira
o plantio de pinus
Foto: arquivo
MANEJO FLORESTAL
Foto: divulgação
62
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INTERVENÇÃO
CIRÚRGICA
Fotos: REFERÊNCIA
PESQUISA APONTA ALTERNATIVAS PARA AMPLIAR A EFICIÊNCIA
DO MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL E DIMINUIR AINDA MAIS A
PEGADA DEIXADA NA MATA
U
ma pesquisa que avaliou 824 locais de manejo
florestal sustentável no Pará mostra que a prática
ainda é a melhor solução para a conservação
e uso econômico com resposnabilidade dos recursos
natuerias amazônicos. Os autores também mostram os
estragos que parte da floresta sofreu causados pela exploração
predatória. Eles ainda levantam um debate interessante
sobre o que pode ser melhorado na prática e
pedem interação da academia, setor produtivo e órgãos
do governo. A REFERÊNCIA FLORESTAL, por ser o principal
veículo de comunicação do segmento, abre espaço para o
assunto. Convidamos o SFB (Serviço Florestal Brasileiro)
a participar do debate, mas não obtivemos retorno até o
fechamento da edição.
De acordo com os pesquisadores Vanessa Richardson
e Carlos Peres, da Universidade East Anglia, o manejo flo-
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
63
MANEJO FLORESTAL
restal sustentável é, hoje, o melhor modelo de exploração
sustentável dos recursos naturais na Amazônia a sr seguido.
Um estudo publicado pela dupla em julho, na revista
científica Plos One, mostra os estragos que a floresta sofre
quando é explorada sem controle e também novos critérios
que podem ser absorvidos no manejo de baixo impacto
que podem torná-lo ainda mais eficiente.
A conclusão do trabalho, que levou um ano para ser
finalizado, é que as florestas do leste do Pará, nas fronteiras
mais antigas perto de estradas principais, por exemplo,
foram exploradas à exaustão. “Presumimos que não
existe mais as espécies de alto valor que antigamente lá
existiam”, aponta Vanessa. Ela comentam que há poucos
estudos de longa data sobre o impacto de exploração nas
espécies de madeira mais nobres em grande escala tanto
para a regeneração dessas espécies comerciais, nem na
ecologia das comunidades da flora que restou.
Eles valorizam os recentes avanços nos parâmetros
estabelecidos pelo SFB, mas lembram que são muito recentes
(2015). Por isso a pesquisa mostrou tanto desequilíbrio.
“Os padrões de depleção que vimos no nosso estudo
são consequência de vários tipos de manejo, modelos
históricos não eram tão cuidadosos”, explica.
De acordo com a Instrução Normativa 05/2006 do Ministério
do Meio Ambiente, foram estabelecidos critérios
para balizar a exploração sustentável das florestas nativas.
Entre eles está o diâmetro mínimo de corte: em que apenas
as árvores acima de 50 cm (centímetros) de diâmetro
podem ser colhidas. O prazo de 30 anos é estabelecido
para que as árvores abaixo deste diâmetro continuem sua
trajetória de crescimento para então preencherem os requisitos
de colheita no futuro.
O critério de raridade determina que se mantenha a
Manejo florestal sustentável é o modelo mais indicado para
utilizar recursos naturais da Amazônia com o menor impacto à
floresta
Indivíduos são identificados para que as toras possam ser rastreadas
cada 100 ha (hectares) de floresta pelo menos três árvores
que preencham os requisitos de corte (ou seja, maior
que 50 cm de diâmetro, esteja fora das áreas de preservação
permanente e não sejam porta-sementes). Este
critério protege as espécies que tenham frequência de
ocorrência baixa na floresta. Outro ponto importante é a
manutenção de árvores porta-sementes. Existe a exigência
para que sejam mantidas árvores reprodutivas.
Os produtores florestais que realizam o manejo de
baixo impacto devem estar atentos também para a saúde
genética das árvores porta sementes e com o estado dos
animais responsáveis pela dispersão dessas sementes.
“Muitas árvores de alto valor comercial são dispersadas
por animais, às vezes espécies específicas. Se não estiverem
em populações também saudáveis, a floresta não se
recupera.”
ALTERNATIVAS
Os pesquisadores ressaltam que mesmo sem espécies
nobres para extrair, existe a possibilidade de gerar maior
retorno econômico processando a madeira no local e
agregando valor, ou plantando espécies em áreas já degradadas,
em conjunto com outras ações. “Podemos citar
ainda o retorno pelo carbono armazenado em mecanismos
de financiamentos do Redd+, em produtos florestais
não madeireiros, ou turismo.”
O Redd+ é um incentivo desenvolvido no âmbito da
Unfccc (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima) para recompensar financeiramente países
em desenvolvimento por seus resultados de redução
de emissões de gases de efeito estufa provenientes do
desmatamento e da degradação florestal, considerando o
papel da conservação de estoques de carbono florestal,
manejo sustentável de florestas e aumento de estoques
de carbono florestal.
Carlos sugere também que outras espécies sejam consideradas
para exploração, em especial as de crescimento
mais rápido. Segundo ele, no grupo das mais sensíveis
64
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estão cerca de 50, de uma variedade com 5 mil espécies
de árvores na Amazônia. “O governo deveria trazer algumas
cláusulas para proteger as nobres. Poderia aumentar
o leque de opções do madeireiro para não sobrecarregar
tanto as mais sensíveis.”
Os principais agressores da floresta amazônica estão
longe de fazer parte do segmento produtivo que vive do
manejo florestal sustentável. Para diminuir a degradação
das matas nativas, na opinião dos pesquisadores, “primeiramente
é preciso parar com o garimpo, extração ilegal de
madeira, principalmente em territórios indígenas e áreas
protegidas.”
“Outros estudos apontam que devemos alongar o ciclo,
e proibir um segundo corte se as espécies extraídas
não retornarem em densidades saudáveis”, alegam os
autores do estudo. Além da madeira, a Amazônia produz
inúmeras espécies de alto valor cultural e também comercial:
o açaí, vários cipós, remédios, castanha do Brasil, óleos
etc. “Se for manejada com cuidado, a floresta jamais se
tornará um deserto verde”, garante Vanessa.
O estudo fez parte da tese de doutorado da doutora
Vanessa Richardson. Os dados foram extraídos de planos
de manejo autorizados pela Sema (Secretaria do Meio
Ambiente e Sustentabilidade) do Pará e de bases de da-
dos. A cobertura florestal e desmatamento foram obtidas
por meio do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento
na Amazônia Legal por Satélite) e informações
do Ministério do Transporte. Vanessa é brasileira e
completou seus estudos na Inglaterra. Fez mestrado pela
Imperial College London e doutorado na University of East
Anglia sobre a orientação do Carlos Peres em colaboração
com o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia).
A floresta proporciona alternativas econômicas que envolvem
produtos não madeireiros e compensação de carbono
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ARTIGO
ECONOMIA MORAL E
CERTIFICAÇÃO FLORESTAL
ANÁLISE SISTEMÁTICA
DA PERCEPÇÃO DO
Foto: arquivo
CONSUMIDOR FINAL
Fotos: divulgação
O
artigo buscou analisar a percepção do consumidor
final em relação à certificação florestal. A pesquisa
foi realizada através de uma análise sistemática do
tipo integrativa contextualista, na qual foram identificadas informações
acerca do reconhecimento do consumidor final em
relação ao processo de certificação florestal em sete distintos
países. Os resultados evidenciaram que apenas uma pequena
parcela do mercado consumidor tem ciência do processo
de certificação no setor florestal, inclusive em regiões economicamente
desenvolvidas. Conclui-se que um dos possíveis
motivos pelo incremento do número da produção florestal
certificada nos últimos anos seja menos por uma exigência do
mercado consumidor final, e mais por uma garantia de boa
procedência do produto junto aos atores intermediários da
cadeia de valor florestal. Há também a possibilidade da exigência
de certificação, por parte dos agentes intermediários
da cadeia produtiva florestal, figurar como barreira não tarifária.
Ademais, infere-se que o foco das ações de marketing,
para uma melhor eficácia, além de focar suas ações no consumidor
final, no âmbito da certificação florestal, deva também
voltar-se aos agentes intermediários.
INTRODUÇÃO
O consumo ético tem alcançado nos últimos tempos grande
repercussão junto ao contexto corporativo, notavelmente
no âmbito das ações do marketing socioambiental. Defende-
-se, nesta seara, o imperativo da implementação de responsabilidades
sociais e ambientais no escopo de atuação das organizações.
Tal fato deriva-se, principalmente, pela crescente
demanda de determinados segmentos consumidores.
A emergência do debate relativo aos impactos socioambientais
negativos que as ações antrópicas têm causado ao
meio ambiente criou nichos de mercado exigentes em relação
ao uso comedido e a conservação e preservação dos recursos
ambientais, tanto em relação ao processo produtivo, quanto
às origens da matéria-prima. Essas partes interessadas (consumidores
e intermediários na cadeia produtiva) passaram a
demandar produtos oriundos de processos ambiental e socialmente
sustentáveis.
Nesse contexto, ganha força, no âmbito do marketing de
consumo, os preceitos da corrente da Economia Moral. A Economia
Moral compreende a corrente teórica que busca elucidar
uma nova forma de consumo, ou seja, um contexto em
que a economia de mercado seja percebida menos como uma
forma conspícua e assume seu papel na garantia de determinados
princípios, sejam eles sociais, ambientais e/ou econômicos.
São objetos de estudos, no escopo da Economia Moral,
portanto, as variáveis intervenientes no comportamento econômico
orientadas aos pressupostos éticos e morais na ação
de consumo.
Destarte, a referida corrente teórica, no âmbito do consumo,
incorpora questões inerentes ao consumidor ético
(anticonsumo, auto-reflexividade, consumidor verde, dentre
outras perspectivas), marketing verde, marketing social, anticonsumo
e marketing político.
Dentre todos esses enfoques, as questões relacionadas à
sustentabilidade socioambiental certamente perfazem uma
66
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GUSTAVO LEONARDO SIMÃO
DOUTOR EM ADMINISTRAÇÃO PELA UFLA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS)
FABIANO LUIZ DA SILVA
DOUTOR EM CIÊNCIA FLORESTAL PELA UFV (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA)
ANA CLÁUDIA AZEVEDO
DOUTORA EM ADMINISTRAÇÃO PELA USP (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
LUIZ MARCELO ANTONIALLI
DOUTOR EM ADMINISTRAÇÃO PELA USP
das temáticas cujas discussões têm sido mais ativas no âmbito
acadêmico e, também no contexto empresarial nos últimos
tempos (Souza & Ribeiro, 2013). Tal enfoque tem alterado
progressivamente a estrutura da cadeia de valor da indústria,
haja vista que as pressões por mudanças comportamentais
ocorrem nos dois extremos, no âmbito das trocas de mercado,
onde o consumidor e o empreendedor investem cada
vez mais nas causas socioambientais, mas também no campo
simbólico.
As organizações, cientes de um nicho de mercado em expansão,
têm investido na produçãosustentável, reduzindo o
desperdício de recursos e otimizando processos produtivos.
Além disto, acredibilidade dos produtos, serviços e processos
disponibilizados, resultantes desse contexto, temsido fator diretamente
relacionado ao aumento de ganhos competitivos
(Gordon, Carrigan & Hastings, 2011). Assim, o segmento de
consumidores “conscientes” às causas socioambientais cada
vez mais tem incorporado maior número de simpatizantes.
A diferenciação socioambiental das organizações consubstancia-se
numa variável a serconsiderada, nessa lógica, no
escopo da estratégia competitiva. A esse respeito, inúmeras
ações práticas surgiram para tais empreendimentos buscarem
ganhos no âmbito desse contexto, tais como: a publicação de
relatórios de gestão sustentável, implantação da Qualidade
Total Ambiental e/ou dos padrões ISO e os processos de certificação,
esses últimos, também denominados de selos verdes.
Todas essas ações, compreendidas como estratégias de marketing,
voltam-se para a criação de um valor superior junto
ao mercado consumidor, à própria marca e ao ambiente orga-
nizacional de maneira geral (Cronin, Smith, Gleim, Ramirez &
Martinez, 2011).
O mercado de produtos florestais, principalmente aquele
situado nas regiões tropicais, com alta concentração de florestas
nativas, como é o caso do Brasil, toma lugar de destaque
em relação a tais mudanças. Bastante associado a práticas de
desmatamento, exploração da mão de obra e desrespeito à
biodiversidade (Carvalho, Soares & Valverde, 2005; Novais,
Mendonça, Marinho, Corti & Ferreira, 2014) os atores organizacionais
desse segmento econômico têm buscado contornar
tal rotulação, a fim de almejar novos mercados. Assim sendo,
a cadeia de valor do setor florestal volta-se, por meio da adesão
aos selos verdes, à busca de uma incorporação de boas
práticas aos seus diversos elos produtivos com vistas a ganhos
superiores, além de incrementar seus níveis competitivos no
contexto interno e externo.
O presente trabalho, de natureza bibliográfica, intentou
verificar a valoração do consumidor final, externada por seu
conhecimento acerca da significação dos selos, oriundos do
processo de certificação, em relação aos produtos florestais.
Não somente a isso, o enfoque também se voltou à identificação
de possíveis distinções no âmbito da percepção de consumidores
em diversas regiões geográficas, notavelmente no intuito
de se comparar regiões economicamente desenvolvidas
em relação àquelas em vias de desenvolvimento.
Mediante a tal objetivação, a questão principal que se
busca responder é: o consumidor final, situado em países desenvolvidos,
tem maior conhecimento acerca dos produtos
florestais certificados em relação àqueles situados em países
Outubro de 2016 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
67
ARTIGO
Certificação parece ser uma demanda mais importante aos agentes
intermediários da cadeia do que ao cliente final
em desenvolvimento? Para cumprir com o objetivo traçado
estruturou-se o presente artigo em quatro partes, além desta
introdução. Na seção 2, realiza-se uma revisão de literatura
que se subdivide em três tópicos inerentes à contextualização
do tema em discussão. Na terceira seção discorre-se sobre os
procedimentos metodológicos empregados. Posteriormente,
na quarta seção, os resultados encontrados são analisados e
discutidos, com destaque para a contraposição da produção
dos produtos florestais certificados e a percepção dos consumidores
finais. Por fim, no último tópico, são apresentadas as
conclusões obtidas.
MÉTODO DE PESQUISA
No tocante à abordagem, esta pesquisa é de natureza
qualitativa. No que concerne ao método de análise, utilizou-
-se da pesquisa documental cuja técnica pautou-se pela análise
sistemática do tipo integrativa contextualista. Nesse sentido,
a característica essencial de uma revisão bibliográfica de
caráter sistemática é analisar, a partir de estudos científicos e/
ou trabalhos técnicos já publicados, os enfoques principais de
tais trabalhos, a fim de se identificar as tendências tratativas
do assunto delimitado em relação a determinado tema (Webster
& Watson, 2002).
Em relação à perspectiva integrativa, Mendes, Silveira
& Galvão (2008, p. 758) afirmam que ela “permite a busca,
a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do
tema, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento
do tema investigado”. Conforme se percebe, a revisão
sistemática integrativa é útil na medida em que possibilita
a realização de uma retratação fiel acerca do tema em discussão,
demarcando as tendências de estudo e apontando
lacunas ainda existentes. Corroborando com esta perspectiva,
Botelho, Cunha & Macedo (2011) afirmam que a revisão
integrativa constitui um método cujo objetivo volta-se a avaliação
crítica e a sumarização dos apontamentos acerca de um
determinado tema.
Sendo assim, para cumprir os objetivos desta pesquisa
optou-se pela seleção de trabalhos acadêmicos junto a três
grandes bases de trabalhos científicos. Tal intento objetivou
focalizar pesquisas acadêmicas nacionais e internacionais, de
forma a identificar as tendências internas e externas, além de
suas aproximações e/ou distanciamentos. As respectivas bases
foram as seguintes: Scielo, ScienceDirect e Google Scholar.
Para a busca nas mencionadas plataformas utilizou-se a
seguinte combinação de termos: “percepção”; “consumidor”;
“certificação florestal”; “preferência”.
Resta salientar que os termos deveriam estar no título,
nas palavras-chaves e/ou no resumo.
Especificamente no âmbito da busca dos trabalhos acadêmicos,
foi realizada a discriminação, num primeiro momento,
das palavras-chave combinadas. Posteriormente, a essa primeira
fase, como forma de validar uma busca mais ampla, tais
termos foram discriminados de maneira separada, observando-se,
um a um, aqueles trabalhos que poderiam ser de interesse
da presente proposta de pesquisa.
Ademais, como forma de evidenciar não somente o enfoque
dado pelo contexto científico, em relação ao problema
proposto, realizou-se uma busca junto com enfoque na identificação
de documentos de cunho técnico, junto aos principais
segmentos de mercado representativos do setor florestal no
contexto brasileiro em relação à existência de indicadores do
mercado consumidor de produtos certificados. Para isso, foram
analisados os documentos alocados nas bases de dados
disponíveis no sistema do CI-Florestas (Centro de Inteligência
em Florestas), ONG’s do segmento florestal, associações representativas
e institutos de pesquisas do setor florestal.
Foram identificados 13 trabalhos técnico/científicos que
continham as informações previamente delimitadas como escopo
de análise do presente trabalho. Destaca-se o fato de
que, para os fins desta pesquisa, foram considerados apenas
aqueles trabalhos acadêmicos e/ou técnicos que discorriam a
respeito da percepção do consumidor final em relação ao conhecimento
de produtos florestais certificados. Dessa forma,
trabalhos cujo foco de análise voltava-se às questões relativas
ao âmbito da valoração financeira dos produtos certificados
(pré-disposição de determinados segmentos de mercado em
despenderem maiores recursos para tais produtos) sem, contudo,
externar os níveis de conhecimento dos entrevistados
em relação à certificação florestal foram desconsiderados.
Há de se ressaltar, por fim, que o espaço temporal considerado
na pesquisa bibliográfica foi definido entre o ano 2000
e 2014. Assim, trabalhos anteriores e posteriores a estas datas
também não foram considerados.
RESULTADOS
O presente tópico externará os principais apontamentos
68
www.referenciaflorestal.com.br
dos trabalhos sistematizados pelos procedimentos metodológicos
utilizados. Não somente a isso, também incorrerá nas
discussões relacionadas aos resultados obtidos de forma a
apontar o possível estado da arte em relação ao contexto da
certificação florestal no âmbito da percepção do consumidor
final. Os produtos florestais certificados e a percepção do consumidor
final.
Em acordo com os apontamentos realizados por Teisl et al.
(2002), quando afirmaram que haviam poucos estudos científicos
cujo objetivo se voltasse a análise das percepções do
consumidor em relação à certificação de produtos florestais,
foi identificado pela busca sistemática um reduzido número
de trabalhos. Conforme se pode perceber, os trabalhos apresentam
estudos de caso realizados em diversos países cujo
enfoque de análise pauta-se tanto para uma abordagem regional,
quanto nacional.
De maneira geral, incluindo-se os países desenvolvidos e
em desenvolvimento, os estudos analisados ressaltam o fato
de que os produtos florestais certificados são conhecidos apenas
por uma pequena parcela dos consumidores. Ademais, os
trabalhos, de maneira geral, tornam possível a inferência que
isso se deve a uma baixa divulgação dos objetivos do processo
de certificação, além do fato de evidenciarem que as percepções
de consumidores situados em regiões economicamente
mais desenvolvidas não são distintas daqueles situados em
alguns países em desenvolvimento.
Cai & Aguilar (2013) afirmam que a intenção de se buscar
a certificação, no âmbito das organizações envolvidas no
processo de beneficiamento dos produtos de origem florestal,
se dá para a obtenção de preços superiores no momento da
comercialização. Por tal percepção, os dispêndios gastos com
o processo de certificação seriam recompensados pela maior
disposição do consumidor final em pagar pela postura sustentável
do produto e de seu beneficiamento.
Por outro lado, Anderson & Hansen (2004) evidenciam,
através de trabalho empírico, que a exposição informacional
direta acerca dos objetivos da certificação florestal em produtos
à venda com ações comparativas de preços superiores
ou não, junto aos consumidores finais, inclusive os que alegaram
desconhecimento de tal processo, não necessariamente
induzia a compra do produto florestal certificado com valoração
financeira superior. Fatos semelhantes foram percebidos
por Jensen, Jakus e English (2004), ao verificarem que mesmo
quando eram informados acerca do processo de certificação,
a maioria dos consumidores se mostravam apoiadores da
causa, mas poucos se dispunham a pagar valores mais elevados
pela aquisição dos produtos certificados no momento da
compra. Mohamed e Ibrahim (2007) também percebeu que
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ARTIGO
nem sempre há uma disposição entre os consumidores de
países desenvolvidos numa valoração financeira superior por
produtos florestais certificados.
Outro fator que pode explicar o motivo pelo qual o número
de projetos e áreas certificadas tem apresentado tendência
ascendente, mesmo em detrimento ao pouco conhecimento
por parte do consumidor final, diz respeito às exigências dos
agentes intermediários da cadeia de valor florestal.
Esse cenário justificaria o fato de diversos autores terem
percebido o fato de que há uma exigência de importadores
intermediários situados em países economicamente desenvolvidos
frente às exportações de países tropicais atuando,
principalmente, como instrumento de barreiras não tarifárias,
conforme externado por Rametsteiner (2001), Jacovine et al.
(2006), Auld et al. (2008), Kordesch (2011) e D’Angelo e Dobyns
(2012).
Ademais, poderia ser uma forma de os atores intermediários
buscarem uma garantia da preservação de sua imagem
organizacional em relação a possíveis casos de ações ilegais
envolvendo os fornecedores de matéria-prima. Assim, por
esta ótica, o foco das ações de marketing, no processo de certificação,
deveria retornar aos consumidores intermediários
(varejistas) e não aos consumidores finais.
Utilizando a esquematização da cadeia de valor do setor
florestal, proposta por Vlosky e Ellis (2003, como citado em
Duery & Vlosky, 2006), é possível inferir que o processo de
certificação florestal é uma demanda institucional que ocorreria
em virtude da ação (requisição) dos agentes. As exigências
à certificação, realizada pelos importadores de produtos
oriundos do setor florestal, junto aos seus fornecedores, em
países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, poderia,
sob este prisma, ser explicada pelo receio das empresas intermediárias
de terem sua imagem envolvida em processos de
desmatamento e degradação ambiental.
Assim sendo, nem sempre o consumidor final pode ser
o agente institucional demandante da certificação florestal,
uma vez que os estudos analisados evidenciam que grande
parcela desse segmento, no âmbito da cadeia produtiva analisada,
desconhece não somente o selo, mas todo o contexto
inerente à certificação. Tal inferência é possível de ser realizada
pelo fato de que grande parte dos produtos oriundos
do setor florestal (móveis, papeis, insumos para a construção
civil, etc.) exportados possuírem, por meio de exigência dos
agentes importadores, algum tipo de constatação de boa procedência
em relação à origem e aos processos, mas ao mesmo
tempo não receberem os chamados valores premium no repasse
ao consumidor final, conforme apontam os estudos de
Humphries, Vlosky e Carter (2001), Hubbard e Bowe (2005),
Owari, Juslin, Rummukainen & Yoshimura (2006), Duery e
Vlosky (2006) e Owari e Sawanobori (2007).
Nessa perspectiva, outra possível constatação alcançada é
a comprovação das inferências de Owari e Sawanabori (2007,
p. 119) em que se afirma o fato de que “[...] a certificação
florestal pode obrigar fornecedores, e não os consumidores
finais, a suportarem o custo do manejo florestal sustentável”.
Assim, de forma conclusiva, quando a exigência de certificação
por parte dos importadores não é imposta, ela pode atuar
de forma tácita, como um critério a ser buscado para ganhos
competitivos das empresas estrangeiras no mercado local,
notavelmente àquelas situadas em países com alta concentração
de florestas nativas. Shoji, Nakao, Ueda, Kakizana e Hirai
(2014)evidenciam que há uma preferência por produtos madeireiros
de origem nacional no mercado japonês, justamente
pelo receio dos consumidores na aquisição de produtos oriundos
de desmatamento.
Nesse sentido, o processo de certificação, conforme anteriormente
mencionado, mesmo não sendo reconhecido pela
maioria dos consumidores, propicia uma dupla oportunidade
a ser observada, a saber: dá garantias aos agentes intermediários
e vai de encontros às necessidades da parcela de consumidores
finais conscientes de seu processo e objetivo, e que,
portanto, requerem tais produtos.
Foto: divulgação
Observa-se aumento na oferta de produtos com alguma certificação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme já ressaltavam Schuhwerk e Lefkoff-Hagius
70
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Disco de corte para Feller
(1995), a eficácia dos selos ambientais está diretamente relacionada
às preferências dos consumidores. Todavia, percebeu-se,
por meio dos trabalhos sistematizados, que grande
parte dos consumidores finais da cadeia de valor florestal, estejam
eles em países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento,
mesmo cientes e simpatizantes da importância das
responsabilidades socioambientais no âmbito organizacional,
em sua maioria, desconhecem o processo de certificação florestal
e seus selos.
Conclui-se, que a tendência ascendente da certificação,
principalmente nas fases iniciais da cadeia de valor do setor
florestal, possa estar associada a uma possível exigência de
agentes econômicos intermediários. Tal inferência pode ser
justificada, dentre outros fatores, pelo receio desses atores
em terem sua imagem associada a práticas de desmatamento,
exploração de trabalhadores, desrespeito à cultura local da
produção florestal, etc.
Outro fator que foi evidenciado pelo presente trabalho é
que o processo de certificação florestal pode ser um instrumento
de agregação de valor superior, portanto, de ganhos
competitivos, nos mercados consumidores internacionais,
dada a preferência a preferência dos consumidores finais pelos
produtos oriundos de insumos (matéria-prima) locais, certificados
ou não, conforme destacado por Shoji et al. (2014).
Ademais, dado os elevados índices de desconhecimento
por parte do consumidor final acerca do processo de certificação,
nos mais diversos países, mas da predisposição dos
mesmos por produtos ambiental e socialmente sustentáveis,
é imperativo a implementação de campanhas e atividades publicitárias
voltadas à divulgação da significação e dos símbolos
da certificação florestal. Não menos importante é o fato de
que as atividades desenvolvidas pelos profissionais de marketing,
no âmbito da perspectiva do consumo, devem enfatizar
não somente o elo final da cadeia produtiva florestal, mas
também os agentes intermediários, sejam eles importadores,
varejistas e/ou a indústria final.
Destaque deve ser igualmente dado ao fato de que o presente
estudo apresenta algumas limitações. A esse respeito
destaca-se o fato de que, mesmo que a busca sistemática
tenha encontrado estudos cuja unidade de análise tenha se
voltado a grandes mercados importadores do setor florestal,
o número de países analisados não é suficiente para a extrapolação
dos resultados.
Além disso, como os resultados foram obtidos por meio
de pesquisas secundárias, a existência de vieses nas referidas
publicações, e o período temporal da realização das referidas
pesquisas, invariavelmente podem comprometer as inferências
aqui externadas. Há, todavia, dada a incipiência de análises
sistemáticas em relação ao tema discutido, e ao próprio
contexto das abordagens da Economia Moral e do Marketing
Verde, importantes apontamentos para futuras pesquisas.
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NOVEMBRO 2016
NOVEMBER 2016
Fórum Nacional de Carvão Vegetal e Fórum
de Energia da Biomassa Florestal
8 e 9
Belo Horizonte (MG)
DESTAQUE
EXPO FORESTAL
12 a 14 de outubro
Guadalajara - México
www.expoforestal.gob.mx
A cidade de Guadalajara, no México, é a sede da Expo
Forestal. O mote desta edição é +biodiversidade,
+técnicoliga e +produtividade. O evento, que acontece a
cada dois anos, atrai tomadores de decisão em busca de
equipamentos e serviços florestais de ponta. Vale a pena
conferir a feira que ocorre neste ano entre os dias 12 e 14
de outubro.
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O JOGO? INVISTA EM
FELICIDADE!
Foto: divulgação
Por Alexandre Slivnik
autor do livro: O Poder da Atitude
E
xistem organizações que procuram motivar seus colaboradores
apenas com bônus e altos salários e julgam
que eles entregarão a vida pessoal de bandeja por isso.
Pior ainda, oferecem dinheiro enquanto faltam perspectivas
de crescimento, e usam a pressão para fazer com que os colaboradores
deem resultado. Essas organizações correm o
risco de acompanhar uma epidemia de desmotivação, que
gera perda de clientes e baixa lucratividade, sem falar que a
saída de talentos é um prejuízo em si. Contrata-se alguém, investe
em treinamentos, e, depois de um tempo, se o talento
não estiver identificado com a missão da empresa, ele sairá,
e você terá perdido tempo, dinheiro e, em especial, alguém
que poderia ajudar a mudar o rumo da empresa.
Muitas organizações ainda não perceberam que investir
na felicidade de seus colaboradores é estratégico. Segundo
um estudo publicado pela revista inglesa management Today,
pessoas infelizes são 40% menos produtivas enquanto
as felizes são, em geral, mais bem-sucedidas no trabalho e
conseguem alcançar o dobro da produtividade.
O turn over, ou a evasão de talentos, também é outra
consequência, uma vez que quem tem sede de sucesso e felicidade
está saindo das organizações que não os valorizam em
busca do próprio caminho. Os colaboradores entendem a importância
da felicidade e estão dispostos a correr atrás dela,
seja encontrando oportunidades melhores oportunidades,
empreendendo ou mudando radicalmente de vida. Adaptar-
-se a essa nova realidade é fundamental para ser uma organização
de sucesso, reconhecendo talentos e investindo de
forma constante em diferenciais.
Não estou dizendo que os profissionais estão trocando
a remuneração em dinheiro por remuneração em felicidade.
O que quero deixar claro é que o dinheiro sozinho não basta
mais.
Na verdade, as pessoas estão querendo tudo ao mesmo
tempo, e as organizações que não reagirem a isso ficarão para
trás. Os profissionais estão mais exigentes e menos dispostos
a deixar a qualidade de vida de lado, podem dar o sangue
pela empresa, mas querem também prazer, não pensam em
alegria como algo a ser conquistado somente na aposentadoria.
Fica com os melhores profissionais quem oferece um
caminhão completo do baú da felicidade agora.
As pessoas querem trabalhar para alimentar sua sede de
crescer, fazer a diferença, dizer que executam algo bem –feito
e destacar-se profissionalmente. Quando se faz o que se
gosta e aquilo que acredita, os ganhos seguem atraídos pela
nossa energia. Até mesmo pessoas de grande sucesso, que
chegam aos milhões de dólares, podem fracassar e ser infelizes,
se o dinheiro for a única coisa que importa. Felicidade
não é aquilo que se aparenta. Felicidade é aquilo que o move
ao acordar todo dia e colocar amor no que faz. Quem não
está verdadeiramente feliz tem mais dificuldade de fazer o
que é preciso com dedicação.
Pessoas felizes produzem mais e se dedicam mais. Por
isso, é fundamental que as organizações forneçam um ambiente
agradável e acolhedor para seus colaboradores. Portanto,
se lidera um time e ainda não percebeu que a felicidade
das pessoas que trabalham para você é importante para
garantir os resultados esperados, apresse-se! Você pode estar
prestes a perder muito com isso. Talvez ninguém tenha
pedido demissão, talvez seus lucros não estejam afetados,
mais assim esteja pairando no ar um clima de infelicidade.
Essa é uma das maiores ciladas. Talvez as pessoas estejam falando
mal da organização pelas costas, mas não saem porque
precisam do salário e ainda não tem motivação suficiente
para mudar. Ainda não descobriram como encontrar satisfação
no trabalho, estão perdidos. E aqui pode estar a sua
chance de reverter o jogo!
Profissionais de sucesso não são como hamsters que ficam
dando voltas em uma rodinha dentro de uma gaiola. Eles
são pessoas livres, autoconfiantes e preparadas para ser feliz.
Não adianta tentar prendê-los, pois já conhecem o segredo
da fechadura.
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Quanto mais conhecimento,
menos custo e mais controle
Para Mirex-S, um bom controle de formigas cortadeiras se faz
com gerenciamento total das operações envolvidas em campo.
Inicia-se no diagnóstico preciso, passa pelo acompanhamento
das operações e finaliza nas análises e indicadores de resultado,
considerando-se cada área como situações diferentes.
Com uma equipe experiente em manejo tecnificado de
cortadeiras, RESULT estabelece maior racionalidade operacional,
otimiza recursos, realiza o treinamento das equipes e ainda
monitora os resultados.
Com RESULT, a reflorestadora sempre obtém a eficácia de controle
esperada, com redução de custos e soluções de manejo mais
eficientes.
ATENÇÃO
Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio
ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções
contidas no rótulo, na bula e receita. Utilize sempre os
equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização
do produto por menores de idade.
Leia e siga as instruções do rótulo. Consulte sempre
um engenheiro agrônomo.
Venda sob receituário agronômico.
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