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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

AS FLORESTAS DE TABULEIRO DO NORTE<br />

DO ESPÍRITO SANTO SÃO OMBRÓFILAS<br />

OU ESTACIONAIS?<br />

3Samir Gonçalves Rolim, Natália Macedo Ivanauskas & Vera Lex Engel<br />

A PERCEPÇÃO HISTÓRICA SOBRE A<br />

ESTACIONALIDADE CLIMÁTICA NAS<br />

FLORESTAS DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO<br />

O homem sempre sentiu uma necessidade inata<br />

de ordenar e classificar a natureza (Miles, 1987).<br />

Foi assim na visão clementsiana de sucessão<br />

(Clements, 1916), tem sido assim na taxonomia e na<br />

classificação da vegetação por mais de dois séculos.<br />

Oliveira-Filho (2009) cita que nomes e “atributos”<br />

da vegetação são signos linguísticos, abstrações<br />

construídas por nós, em busca de ferramentas úteis<br />

na comunicação ou no entendimento de padrões da<br />

natureza.<br />

No norte do Espirito Santo, a Floresta Atlântica<br />

foi classificada por Rizzini (1963) como Floresta<br />

dos Tabuleiros Terciários. Esta região tem<br />

sido motivo de controvérsia em relação à sua<br />

classificação fisionômica. Alguns trabalhos recentes<br />

adotam para a região, a classificação Floresta<br />

Ombrófila Densa (Oliveira-Filho & Fontes, 2000;<br />

Souza et al., 2000; Gomes, 2006; de Paula et al.,<br />

2009; de Paula & Soares, 2011; Magnago et al.,<br />

2014) enquanto outros assumem como Floresta<br />

Estacional Semidecidual (Rizzini et al., 1997; Rolim<br />

et al., 1999; Chiarello & Melo, 2001; Kindel &<br />

Garay, 2002; Rolim et al., 2006; Silva, 2014). Isso<br />

nos leva à pergunta-título deste capítulo.<br />

No domínio da Floresta Atlântica, as fisionomias<br />

de florestas ombrófilas e estacionais apresentam<br />

laços florísticos fortes, formando um contínuo de<br />

distribuição das espécies (Oliveira-Filho & Fontes,<br />

2000). Essa discussão fisionômica é importante<br />

quando se tenta entender as relações florísticas<br />

entre a Floresta de Tabuleiro com as de outras<br />

regiões (Peixoto & Gentry, 1990; Siqueira, 1994;<br />

Oliveira-Filho & Fontes, 2000; Oliveira-Filho et al.,<br />

2005; Jesus & Rolim, 2005; Rolim et al., 2006;<br />

Saiter et al., 2016).<br />

De fato, o norte do Espírito Santo integra a<br />

Floresta Ombrófila Densa no mapa de vegetação<br />

do Brasil (IBGE, 2004, escala 1:5.000.000).<br />

Entretanto, não é nova a percepção de muitos<br />

pesquisadores sobre a estacionalidade do clima<br />

nessa região. Egler (1951) destacou o caráter<br />

semidecidual da vegetação dos tabuleiros no ES,<br />

inclusive às margens do rio Doce, e Azevedo (1962)<br />

produziu um mapa classificando a vegetação como<br />

“Comunidade Arbórea Mesófila dos Tabuleiros”.<br />

Veloso (1966) apresentou um mapa onde boa parte<br />

da área costeira foi denominada “Floresta Estacional<br />

Tropical Perenifólia da Encosta Atlântica” (ver IBGE,<br />

2012). Heinsdijk et al. (1965) fizeram uma ressalva<br />

de que a floresta de Linhares poderia ser classificada<br />

como “Floresta Tropical Pluvial”, mas algumas vezes<br />

como “Floresta Sazonal Sempre Verde”. Segundo<br />

o Manual do IBGE (2012), terminologias como<br />

“semiombrófila”, “seca sempre-verde”, “estacional<br />

sempre-verde”, “pluvial semidecidual”, “ombrófila<br />

semidecidual” são comuns em vários sistemas de<br />

classificação. Entretanto, é importante ressaltar que<br />

termos como seca, estacional, pluvial e ombrófila<br />

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