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ARRASA QUARTEIRÃO - Revista Filme Cultura - via: Ed. Alápis

Filme Cultura é uma realização viabilizada pela parceria entre o Centro Técnico Audiovisual – CTAv/SAV/MinC e a Associação Amigos do Centro Técnico Audiovisual – AmiCTAv. Este projeto tem o patrocínio da Petrobras e utiliza os incentivos da Lei 8.313/91 (Lei Rouanet).

Filme Cultura é uma realização viabilizada pela
parceria entre o Centro Técnico Audiovisual – CTAv/SAV/MinC
e a Associação Amigos do Centro Técnico Audiovisual – AmiCTAv.
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FC: Existe uma fórmula do sucesso para os filmes comerciais?<br />

DF: É um elenco bem comunicativo? É um filme bem executado? É uma história curta e rápida?<br />

Mas curta no seu tempo, o tempo que a história suporta. Eu vou dar um exemplo de um filme<br />

que eu não produzi, e que adorei, o Quincas Berro d’Água. Eu não tenho nenhuma intimidade<br />

com o Sérgio (Machado), mas ele de<strong>via</strong> ter cortado algum pedaço. Quando o filme começou,<br />

eu pensei: “Que filme maravilhoso, como está boa essa condução da história!” De repente<br />

eu vi o filme cair, descaminhar. E vem o final do filme, que é uma obra-prima. Poderia ter<br />

feito bastante público, porque ele é engraçado, tem sensualidade, é baiano, ele está bem<br />

contado, talvez uma das melhores adaptações de Jorge Amado. Mas eu achei que faltou o<br />

pulo do gato, tem um momento que a história não avança.<br />

FC: Então o pulo do gato é o mais antigo do mundo, que é a estrutura dramática.<br />

DF: É isso aí. Mas existe também a escalação. Tem um filme meu que eu acho que daria mais<br />

público se eu tivesse uma escalação diferente, o Muito gelo e dois dedos d’água. Nesse eu<br />

acho que errei. É o seguinte: se você não tem o elenco correto para fazer um filme, transfere<br />

a filmagem, não faça. O filme foi bem na bilheteria, mas eu poderia ter conseguido fazer um<br />

filme melhor. Por outro lado, eu acertei no A dona da história. Eu queria fazer um filme para<br />

mulher ver e pensar: “beija ele!” Eu queria essa comunicação com as mulheres. Quando<br />

aparece o Rodrigo Santoro de joelhos, dizendo “casa comigo” e a menina diz não, todas<br />

as mulheres suspiram: “ah!!” Ao mesmo tempo, a Marieta está dispensando o Fagundes.<br />

As mulheres na plateia gritam: “sua maluca!” Ali eu escalei direito. Se ali por acaso não é<br />

um Santoro e não é um Fagundes, que já trazem um carisma, se fosse um ator bom, mas<br />

desconhecido, ele ainda teria que conquistar a plateia. Mas ali é o Fagundes. Essa questão das<br />

escalações é um acerto no A dona da historia e um erro no Muito gelo e dois dedos d’água.<br />

FC: Existe isso de ter vários roteiros sendo feitos para um filme só? Como são essas versões?<br />

E como elas se relacionam? Como se chega à versão final?<br />

DF: Há vários caminhos. Há caminhos que você toma e tem que perceber logo que está errado,<br />

que tem que desistir daquilo, rasgar o roteiro e começar do zero.<br />

FC: Qual é a relação do público com essa questão da violência?<br />

DF: Virou um gênero. Quando o Babenco veio com Carandiru, eu entrei com muita fé no filme<br />

porque achei que o Babenco estava voltando ao gênero que ele sabe fazer melhor. Se eu<br />

me dou bem em comédia, ele se dá bem em filme de prisão, Lúcio Flávio, Pixote, O beijo<br />

da mulher aranha.<br />

Já o Cidade de Deus é um thriller brasileiro. Toda a parte sociológica, essas questões que<br />

ficaram sendo discutidas, isso ficou para a intelectualidade. O povão foi ao cinema e curtiu<br />

o filme. É um filme de bang-bang, de tiros! E tem o funk brasileiro, tem uma sexualidade<br />

forte. Mas é um filme bem feito como filmes policiais. Tropa de elite é outro grande thriller.<br />

Eles nem estão discutindo se aquilo é polícia, se aquilo é bandido – é um thriller. Tem aquele<br />

sargentão do exército ensinando a tropa.<br />

FC: Você esperava que Se eu fosse você 2 tivesse tanto público?<br />

DF: Não esperava.<br />

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filmecultura 52 | outubro 2010

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