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T WI N PEAKS<br />
Quem matou Laura Palmer? É curioso como essa frase continua poderosa, mesmo 26<br />
anos depois do auge da popularidade da série Twin Peaks. Também pudera, essa pergunta<br />
estava na cabeça de milhões de pessoas no começo da década de 1990. Cada<br />
um tinha sua teoria, sua aposta. Em duas temporadas, os criadores Mark Frost e David<br />
Lynch empreenderam uma metamorfose sem precedentes no fazer televisão.<br />
Com sua narrativa onírica, seu humor ingênuo e sua inclinação para o terror psicológico,<br />
Twin Peaks conquistou as plateias e mostrou que era possível tirar o espectador<br />
de sua zona de conforto. Embora tenha decaído na segunda metade do ano 2, a série<br />
ainda poderia ser considerava um sopro de criatividade na televisão da época. Tanto<br />
que, 26 anos depois, Twin Peaks ganhará retorno triunfal no canal Showtime, com<br />
mais 18 episódios dirigidos por David Lynch e roteirizados ao lado de Mark Frost.<br />
Quer oportunidade melhor para matar a saudade das temporadas clássicas? Pensando<br />
nisso, a ALMANAQUE21 trouxe um guia bastante completo, com críticas e sinopses<br />
detalhadas de cada episódio. Além disso, uma análise crítica sobre o longametragem<br />
lançado pós-cancelamento da série, Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura<br />
Palmer, e um guia de materiais adicionais para quem curte a série, como DVDs, Blu-<br />
Rays, livros, trilhas sonoras e brinquedos. Relembramos, em um artigo especial, a carreira<br />
desastrosa do programa quando exibido no Brasil em 1991 e, em outro artigo,<br />
especulamos o que veremos na nova temporada, a ser lançada em maio de 2017. Se<br />
não bastasse tudo isso, ainda reunimos em uma lista os 21 trabalhos mais importantes<br />
do mestre David Lynch. Ou seja, material mais do que especial para os fãs e para<br />
os neófitos nesta cidade maravilhosa e estranha chamada Twin Peaks. Boa leitura!<br />
Rodrigo de Oliveira<br />
Editor-chefe<br />
ALMANAQUE21 é uma publicação bimestral e totalmente independente. A cada nova edição, abordamos assuntos<br />
que despertem a atenção e a curiosidade do leitor, com críticas sobre filmes e séries que fizeram e fazem<br />
história.<br />
E-mail: almanaquevinteeum@gmail.com<br />
Site: http://www.almanaque21.com.br<br />
Twitter: @almanaque_21<br />
Fotos: reprodução e divulgação<br />
Direitos reservados nos textos e críticas<br />
Editor-Chefe (textos e críticas): Rodrigo de Oliveira<br />
Diagramação e perfil dos personagens: Cindy Nunes Kucera<br />
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ano de 1990 foi profissionalmente soberbo<br />
para David Lynch. Ainda recebendo a devida<br />
atenção pelo seu magnífico trabalho em Veludo<br />
Azul (1988), o cineasta norte-americano lançou<br />
em abril daquele ano Twin Peaks, uma série que redefiniria<br />
os caminhos da televisão. O mistério de quem<br />
matou Laura Palmer atrelado aos coloridos e excêntricos<br />
personagens mantiveram a atenção dos espectadores<br />
durante as duas temporadas do show. Não bastasse<br />
isso, um mês depois da estreia do programa na ABC,<br />
Lynch foi a Cannes apresentar seu novo longametragem,<br />
Coração Selvagem, estrelado por Nicolas<br />
Cage e Laura Dern, saindo da Croisette com a Palma de<br />
Ouro de Melhor Filme. Com 44 anos à época, Lynch<br />
estava experimentando um momento único na carreira<br />
e, sem deixar os prêmios e atenção da imprensa subirem<br />
à cabeça, tratou de se concentrar na série que,<br />
para muitos, é o seu trabalho mais apaixonante.<br />
Curiosamente, Twin Peaks surgiu meio que de<br />
improviso. David Lynch procurava por seu novo projeto<br />
e foi contratado pela Warner para dirigir uma cinebiografia<br />
sobre Marilyn Monroe. Assim, ele conheceu o<br />
roteirista Mark Frost, que estava trabalhando no script<br />
da produção. O filme acabou não saindo do papel, mas<br />
rendeu uma amizade entre os dois. Com alguns projetos<br />
cinematográficos naufragando com o passar do<br />
tempo, incluindo um filme a ser estrelado por Steve<br />
Martin, Lynch foi aconselhado pelo seu agente a pensar<br />
em algo para a televisão. Meio que de brincadeira,<br />
Lynch e Frost começaram a imaginar como seria uma<br />
história sobre uma cidade interiorana, bastante voltada<br />
aos personagens. A construção dessa cidade na cabeça<br />
de ambos foi crucial para a posterior criação destas<br />
figuras curiosas que habitam Twin Peaks. A imagem do<br />
corpo de uma moça embrulhado em um plástico às<br />
margens de um rio foi o detalhe que faltava para que<br />
ambos concordassem que tinham uma história para<br />
contar. Depois de uma rápida reunião com Chad Hoffman,<br />
diretor de conteúdo da ABC, durante a greve de<br />
roteiristas em 1988, os dois saíram com uma soma interessante<br />
para um piloto: US$ 1 milhão. Assumindo a<br />
cadeira de direção deste episódio, bem como a criação<br />
do excêntrico agente do FBI Dale Cooper, David Lynch<br />
deu seu molho especial para os demais personagens,<br />
muitos deles saídos da cabeça de Mark Frost. Essa junção<br />
de talentos nos deu um episódio piloto ímpar, que<br />
funciona tanto como o início de uma história longa,<br />
como um estudo da personalidade de pessoas que vivem<br />
pequenas vidas no interior.<br />
Na trama, o pequeno povoado de Twin Peaks<br />
fica chocado ao descobrir a morte da colegial Laura<br />
Palmer (Sheryl Lee). Seu corpo foi encontrado às margens<br />
do rio da cidade e o xerife Harry S. Truman<br />
(Michael Ontkean) logo dá início à investigação, comunicando<br />
com muito pesar a notícia para os pais da moça,<br />
Leland (Ray Wise) e Sarah Palmer (Grace Zabriskie).<br />
Observamos como a informação da morte da menina<br />
pega a todos de surpresa, principalmente sua melhor<br />
amiga Donna Hayward (Lara Flynn Boyle) e o motoqueiro<br />
James Hurley (James Marshall), com quem Laura<br />
estava se relacionando às escondidas. O namorado de<br />
Palmer, Bobby Briggs (Dana Ashbrook), é um dos princi-<br />
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pais suspeitos do assassinato e é preso preventivamente<br />
pela força policial. Quando a também colegial Ronnette<br />
Pulaski (Phoebe Augustine) é encontrada à beira<br />
da morte em uma ponte, o FBI é acionado para comandar<br />
a investigação. Assim, chega à cidade o agente especial<br />
Dale Cooper (Kyle MacLachlan), fascinado por<br />
uma torta deliciosa que experimentou em um café próximo<br />
e bastante animado para assumir as investigações.<br />
Ele logo forma um paralelo entre o acontecido<br />
com as duas colegiais e a morte de outra jovem há um<br />
ano, determinando o trabalho de um serial killer. No<br />
interim do início desta caçada ao assassino, conhecemos<br />
outras figuras curiosas do local e como cada um, à<br />
sua maneira, tem muito a esconder.<br />
David Lynch concebe o piloto de Twin Peaks do<br />
tamanho de um longa-metragem. Com 90 minutos de<br />
duração, sem pressa para colocar as peças do seu tabuleiro<br />
no lugar, o episódio de estreia da série é um incrível<br />
estudo de personagens. O diretor aponta sua câmera<br />
para figuras mundanas, muitas delas sem escrúpulos<br />
ou ética. Não demora nada para descobrirmos que a<br />
maioria dos habitantes do local tem algum caso extraconjugal<br />
ou esconde algum segredo sujo em seu passado.<br />
Quando não é esse o caso, observamos pessoas<br />
deliberadamente estragarem os planos escusos de outrem<br />
– como é o caso da jovem Audrey Horne (Sherilyn<br />
Fenn), que conscientemente arruína os negócios de seu<br />
pai, Benjamin (Richard Beymer), ao falar sobre a morte<br />
de sua colega de escola a investidores estrangeiros em<br />
potencial. É uma gama enorme de personagens apresentados<br />
no primeiro episódio, com muito material<br />
para o seu desenvolvimento no decorrer da série.<br />
Embora tenha uma narrativa interessante e bastante<br />
engajadora, Twin Peaks realmente conquista o<br />
espectador com a chegada do excêntrico Dale Cooper.<br />
Kyle MacLachlan acerta em cheio nas esquisitices do<br />
agente do FBI, mostrando-se inteligente ao extremo,<br />
mas também com um estilo bastante particular de trabalho.<br />
A forma como ele se prende a detalhes – desde<br />
a torta deliciosa que experimenta, passando pelo hotel<br />
que procura, chegando à investigação propriamente<br />
dita – nos mostra um homem minucioso, competente,<br />
mas que não se furta em divertir-se durante seu trabalho.<br />
Sua dobradinha com Michael Ontkean, quem faz o<br />
xerife da cidade, é ótima por nos dar uma ideia aproximada<br />
do que veremos no restante da série.<br />
Além desse cuidado com o casting, desde o piloto<br />
já podíamos conferir as músicas compostas por Angelo<br />
Badalamenti em um trabalho soberbo de criação<br />
de climas. As trilhas jazzísticas do compositor, ao lado<br />
de temas mais românticos, tocados ao piano, nos transportam<br />
para Twin Peaks de forma intensa. As músicas<br />
de abertura e de fechamento dos episódios ficam na<br />
memória muito tempo depois de assistirmos à série.<br />
Outro ponto que é muito bem realizado no piloto e é<br />
mantido intacto durante todo o show é a fotografia<br />
com tonalidades quentes, puxando bastante para o<br />
vermelho, e o extremo cuidado com a direção de arte.<br />
Desde o hotel Great Northern, passando pela delegacia<br />
de polícia e a casa dos Palmer, todos os cenários dizem<br />
muito sobre as histórias que ali se desenrolam. Os figurinos<br />
também ajudam na narrativa, como o blazer sempre<br />
alinhado de Dale Cooper, as jaquetas de couro de<br />
Bobby e James e as vestes inocentes de Donna.<br />
Talvez quando o piloto foi lançado, em 1990, os<br />
espectadores não tivessem ideia de onde estavam embarcando.<br />
Mas Twin Peaks, certamente, mudou a forma<br />
como as séries eram produzidas nos Estados Unidos.<br />
Se existiram posteriormente shows de mistério<br />
como Arquivo X, Lost ou The Killing, eles devem tudo ao<br />
que Lynch e Frost conceberam nesta série, que contaria<br />
com mais 29 episódios – e uma temporada nova 26<br />
anos depois da original.<br />
Dir.: David Lynch<br />
Roteiro: David Lynch e Mark Frost<br />
Data de exibição: 08 de abril de 1990<br />
Audiência: 34,6 milhões de espectadores<br />
Nota:<br />
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s órfãos de Twin Peaks, que ficaram compreensivelmente<br />
arrasados com o cancelamento da série<br />
em 1991, tiveram uma luz no fim do túnel pouco<br />
tempo depois, com o anúncio de que David Lynch<br />
continuaria (de certa forma) a história daquela cidade em<br />
um longa-metragem para o cinema. Como os engravatados<br />
da ABC se mostraram um tanto obtusos com os caminhos<br />
que o programa de televisão poderia trilhar, Lynch<br />
calculou que teria mais liberdade para continuar a trajetória<br />
de seus personagens na tela grande e, assim, concebeu<br />
Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer, uma misto<br />
de prelúdio e continuação. Com a ausência de Mark Frost,<br />
que já não tinha uma boa relação com Lynch após o final<br />
da série, mas com a maioria dos atores da TV reprisando<br />
seus papéis, o longa-metragem foi exibido no Festival de<br />
Cannes, em 1992, e recebeu uma recepção negativa do<br />
público, tendo sido vaiado na croisette. Teria acabado o<br />
amor por Twin Peaks?<br />
Nem tanto. A questão de Os Últimos Dias de Laura<br />
Palmer pode ser o clássico caso da expectativa versus realidade.<br />
Quem imaginava que Lynch faria algo igual à série,<br />
certamente saiu frustrado da experiência. Embora conte<br />
uma história que já conhecemos superficialmente, Lynch<br />
se dá o direito de criar e exagerar em cima daqueles derradeiros<br />
dias de sua protagonista, algo que não poderia<br />
fazer na TV aberta. Portanto, mais drogas, muito mais<br />
sexo, alguma nudez e palavrões aqui e ali. Para espectadores<br />
mais conservadores, certamente algo que incomoda.<br />
Mas não é só isso. Da mesma forma que a segunda metade<br />
da segunda temporada da série abandonou o lado mais<br />
sombrio, abraçando de vez a comédia e o estilo campy,<br />
neste longa-metragem, Lynch esqueceu do bom humor<br />
que fez o sucesso do programa. São 134 minutos bastante<br />
pesados, um mergulho no lado mais diabólico de Twin<br />
Peaks. Por essas e outras, o longa desagradou a tantos,<br />
sendo um fracasso de público e de crítica.<br />
Na trama, assinada por Lynch ao lado de Robert<br />
Engels, iniciamos com um espécie de prólogo longo, de<br />
uns 30 minutos, nos mostrando a investigação do FBI a<br />
respeito da morte de Teresa Banks (mencionada no início<br />
da primeira temporada). O agente especial Chester Desmond<br />
(Chris Isaak) e seu novo parceiro Sam Stanley (Kiefer<br />
Sutherland) partem para Deer Meadow, Oregon, à mando<br />
de Gordon Cole (Lynch) e encontram uma cidade pouco<br />
afeita a forasteiros. Durante a autópsia do corpo de Teresa,<br />
é encontrado debaixo de uma de suas unhas a letra<br />
“T”. Além disso, os agentes dão falta de um anel que a<br />
moça usava. Indo mais a fundo no caso, Desmond encontra<br />
o tal anel, mas desaparece. Assim surge Dale Cooper<br />
(Kyle MacLachlan), que é incumbido de encontrar seu<br />
colega sumido. Em uma cena que mistura sonho e realidade,<br />
o agente do FBI enxerga outro de seus colegas desaparecidos,<br />
Phillip Jeffries (David Bowie), que lhes diz a respeito<br />
de MIKE, Bob e outros espíritos que vagam a zona<br />
conhecida como Black Lodge. Em Deer Meadow, Coop<br />
parte para investigação, entendendo que, aquilo, só pode<br />
ser o começo de um crime ainda maior.<br />
Um ano se passa. Estamos agora em Twin Peaks,<br />
acompanhando os últimos dias de Laura Palmer – como o<br />
título nacional do filme deixa claro. Seu namoro pouco<br />
promissor com Bobby (Dana Ashbrook), sua amizade com<br />
Donna (Moira Kelly), seu caso com James Hurley (James<br />
Marshall), seu contato com Jacques Renault (Walter Olkewicz)<br />
e Leo Johnson (Eric DaRe) e, claro, o relacionamento<br />
deturpado com o pai, Leland Palmer (Ray Wise), habitado<br />
por BOB (Frank Silva). Enquanto vemos o espiral de loucura<br />
de seus últimos dias, tomamos conhecimento de que<br />
Laura enxergava Bob, não seu pai a abusando. Quando ela<br />
descobre o papel de Leland nisso, ela mergulha definitivamente<br />
nas trevas, determinando seu destino fatal. Em<br />
pequenas participações, alguns personagens da série retornam<br />
como Shelly (Madchen Amick), Mike (Gary Hershberger),<br />
Margaret (Catherine E. Coulson), Norma (Peggy<br />
Lipton), Harold Smith (Lenny Von Dohlen) e Annie<br />
(Heather Graham). Essa última, faz ligação direta com o<br />
final da segunda temporada, dando dicas do que teria<br />
acontecido com Dale Cooper dentro de Black Lodge. Além<br />
deles, o misterioso Homem de Outro Lugar (Michael J.<br />
Anderson) também dá as caras, assim como o Homem de<br />
um Braço Só (Al Strobel).<br />
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Como filme de terror, Twin Peaks: Os Último Dias<br />
de Laura Palmer funciona muito bem. David Lynch é um<br />
verdadeiro mestre em construir cenários oníricos e transforma<br />
a segunda metade do longa-metragem em um verdadeiro<br />
pesadelo. É bem provável que o espectador termine<br />
as 2 horas e 14 minutos de filme sentindo um tremendo<br />
desconforto pelo que viu. Afinal de contas, além de<br />
possessões e assassinatos, o filme é muito mais claro a<br />
respeito do caso de incesto que acontece na história. As<br />
atuações, exageradas, em sua maioria, dão ainda maior<br />
ênfase ao clima perturbador da trama. Sheryl Lee e Ray<br />
Wise se entregam totalmente aos papéis mais importantes<br />
de suas carreiras. Como não existem respiros no filme,<br />
todo esse ímpeto acaba jogando contra, tornando-se cansativa<br />
a tarefa de acompanhar a trama.<br />
O surrealismo, que tanto teve espaço na série original,<br />
também aparece no filme com força. Lynch não<br />
gosta de soletrar para o espectador suas viagens, portanto<br />
alguns pontos ficam totalmente vagos na história – como<br />
é o caso dos agentes Desmond e Jeffries. O primeiro tem<br />
atuação pouco convincente de Chris Isaak, o segundo, mal<br />
vemos. Bowie teria participação maior em continuações,<br />
caso acontecessem. Como a resposta foi negativa, nunca<br />
pudemos ver o que se deu com Jeffries e companhia.<br />
Quanto a Dale Cooper, sua participação seria muito maior.<br />
Quando Lynch foi contatar Kyle MacLachlan sobre o filme,<br />
o ator disse preferir não se envolver, com medo que só o<br />
chamassem para esse tipo de personagem no futuro. Depois<br />
de um pouco de convencimento, MacLachlan resolveu<br />
participar, mas com tempo bastante reduzido. Mais<br />
irredutíveis foram Lara Flynn Boyle, Sherylin Fenn e Richard<br />
Beymer, que não aceitaram retornar. Boyle foi substituída<br />
por Moira Kelly, que não consegue fazer com que<br />
esqueçamos da intérprete original. Fenn e Beymer tiveram<br />
seus personagens cortados, simplesmente. Embora sintamos<br />
falta deles, a ausência de função narrativa de Shelly,<br />
James, Nora e a Senhora do Tronco prova que nem sempre<br />
o fan service é o melhor caminho.<br />
Por falar em cortes, o material filmado por David<br />
Lynch daria um longa-metragem de 4 horas, com cenas<br />
com demais atores da série original e sequências alongadas.<br />
Como extra da edição especial em Blu-Ray, Twin<br />
Peaks: As Peças que Faltavam (2014) preenche essa lacuna,<br />
mostrando bastante material inédito para os fãs. Nada,<br />
no entanto, que resolva de fato os cliffhangers deixados<br />
ao final da segunda temporada. Isso, pelo visto, será<br />
um trabalho para a minissérie a estrear em 2017.<br />
TWIN PEAKS: OS ÚLTIMOS DIAS DE LAURA PALMER<br />
(Twin Peaks: Fire Walk With Me)<br />
EUA/França – 134 min – Terror/Suspense<br />
Dir.: David Lynch<br />
Roteiro: David Lynch e Robert Engels<br />
Com Sheryl Lee, Ray Wise, Madchen Amick, Dana Ashbrook, Phoebe<br />
Augustine, David Bowie, Eric DaRe, Miguel Ferrer, Pamela Gidley,<br />
Heather Graham, Chris Isaak, Moira Kelly, Peggy Lipton, David Lynch,<br />
James Marshall, Jürgen Prochnow, Harry Dean Stanton, Kiefer Sutherland,<br />
Lenny von Dohlen, Graca Zabriskie e Kyle MacLachlan<br />
Estreia EUA: 28 de agosto de 1992<br />
Estreia BRA: 14 de maio de 1993<br />
Orçamento: US$ 10 milhões<br />
Bilheteria EUA: US$ 4,2 milhões<br />
Disponível em Blu-ray pela Paramount<br />
Nota:<br />
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