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Revista Boas Práticas Cocamar Web

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APRESENTAÇÃO<br />

SUMÁRIO<br />

Personagens inspiradores<br />

8<br />

Personagens inspiradores<br />

no caminho do Rally<br />

38<br />

Braquiária protege e<br />

deixa o solo saudável<br />

no caminho do Rally<br />

O<br />

aumento da produtividade<br />

da lavoura é<br />

a única maneira de o<br />

produtor se manter<br />

competitivo. Para isso, se faz<br />

necessário aplicar as tecnologias<br />

recomendadas, bem como um<br />

adequado manejo do solo, seguindo<br />

orientação especializada.<br />

Nesse sentido, a <strong>Cocamar</strong> tem<br />

desenvolvido um grande esforço<br />

para sensibilizar os produtores,<br />

mobilizando-os em uma série de<br />

eventos técnicos, para que eles<br />

tenham as referências necessárias<br />

visando a enxergar o potencial<br />

existente, as práticas mais<br />

modernas e, com isso, planejar<br />

a sua evolução.<br />

Na safra 2016/17, pudemos<br />

observar que os investimentos<br />

realizados para o aumento da<br />

produtividade levaram a médias<br />

nunca antes conquistadas na região,<br />

demonstrando que a cooperativa<br />

não exagera quando afirma<br />

ser possível colher acima de 200<br />

sacas de soja por alqueire.<br />

Esse trabalho para adequar a<br />

região da <strong>Cocamar</strong> aos padrões<br />

de produtividade almejados,<br />

conta desde 2016 com uma iniciativa<br />

inovadora, que se soma<br />

às realizações para motivar e<br />

manter os produtores informados:<br />

o Rally de Produtividade.<br />

Ao percorrer as propriedades<br />

para valorizar as boas práticas,<br />

ou seja, atitudes sustentáveis<br />

e sintonizadas aos objetivos<br />

pretendidos, o Rally cumpre<br />

um excelente papel. Parabenizamos<br />

a todos os envolvidos<br />

e fazemos votos de que as<br />

experiências exemplares dos<br />

personagens destacados nesta<br />

publicação, sirvam de inspiração<br />

para muitos outros.<br />

Divanir Higino<br />

Presidente da <strong>Cocamar</strong><br />

14<br />

18<br />

19<br />

20<br />

24<br />

28<br />

30<br />

34<br />

36<br />

Médias<br />

impulsionadas<br />

Dos aviários, o<br />

adubo orgânico<br />

Adotando as<br />

melhores práticas<br />

Recuperando<br />

o solo<br />

Rolândia lidera<br />

em produtividade<br />

Em Presidente<br />

Castelo Branco,<br />

uma grata surpresa<br />

Safra demonstrou que<br />

potencial é elevado<br />

Chuvas mal distribuídas, mas<br />

com produtores empolgados<br />

Manejo adequado do<br />

solo, faz de produtor<br />

um destaque regional<br />

40<br />

41<br />

44<br />

46<br />

48<br />

52<br />

56<br />

58<br />

60<br />

Campactação: nem sempre<br />

o produtor se dá conta<br />

Imediatismo<br />

prejudica<br />

Retrocesso ficou evidente<br />

na safra 2016/17<br />

Palha é<br />

indispensável<br />

No areião, a Fazenda<br />

Chaparral resistiu bem<br />

à chuva forte<br />

Fazenda Santa Nice,<br />

um modelo de gestão<br />

Na região de Umuarama,<br />

a melhor safra<br />

Lançamento durante<br />

o Fórum Regional de<br />

Máxima Produtividade<br />

Rally é destaque<br />

na Safratec<br />

08 - 09


PERFIL DOS PRODUTORES VISITADOS*<br />

têm até<br />

100 alqueires<br />

têm de 40 a 60 anos e<br />

17% de 60 a 70 anos<br />

possuem o curso<br />

superior completo<br />

disseram buscar<br />

informações sobre<br />

a sua atividade com<br />

o gerente da unidade<br />

disseram que a orientação técnica é o fator<br />

que mais pesa na escolha de uma variedade de<br />

soja, enquanto 34% afirmaram levar em conta o<br />

desempenho da mesma em safras anteriores<br />

disseram que contar com<br />

assistência técnica/consultoria<br />

para o aumento da<br />

produtividade, é muito<br />

importante<br />

declararam usar o facebook e 20% apenas<br />

às vezes; 44% afirmaram estar conectados<br />

com frequência ao Whatsapp e17% às vezes<br />

afirmaram ter o apoio<br />

da esposa e filhos na<br />

gestão dos negócios<br />

declararam ter feito duas<br />

aplicações de fungicidas na<br />

safra 2016/17; 36% deles<br />

fizeram três aplicações<br />

colhem de 120 a 140<br />

sacas de soja por alqueire<br />

e 24% de 140 a 160<br />

sacas por alqueire<br />

consideraram muito<br />

importante o tratamento<br />

de sementes e, para<br />

15%, importante<br />

(*) Pesquisa realizada sob a orientação da J. Eduardo Consultoria com 186 produtores<br />

cooperados, entre os dias 13/9/2016 a 7/3/2017 nas regiões de Maringá, Londrina,<br />

Rolândia, Paranavaí, Cianorte e Umuarama (PR), Assis (SP) e Nova Andradina (MS)<br />

12 - 13


NOVOS TEMPOS<br />

Médias<br />

impulsionadas<br />

A<br />

família Palaro começou<br />

a cultivar soja<br />

em Cianorte no ano<br />

de 1966. “Fomos os<br />

primeiros”, diz o produtor Ivo,<br />

que cultiva 62 alqueires com<br />

o irmão José no município<br />

e região. Naquela época, a<br />

cultura ainda era uma novida-<br />

de no norte do Paraná, semeada<br />

nas entrelinhas do café<br />

e conduzida de uma maneira<br />

impensável para os dias de<br />

hoje. “A colheita era manual e<br />

depois de as vagens secarem<br />

ao sol, a gente ainda precisava<br />

bater com um ferro para<br />

retirar os grãos”, recorda-se<br />

Ivo. Ele conta que um japonês<br />

aparecia para comprar tudo e<br />

mandar para o Japão.<br />

Esse passado é recordado<br />

pelos Palaro em meio a risos.<br />

De lá para cá, as técnicas evoluíram<br />

e, com a mecanização<br />

da lavoura, tudo foi ficando<br />

As práticas que fizeram a diferença nos resultados<br />

Ivo e José: a melhor<br />

colheita de todos os tempos<br />

14 - 15


mais fácil. A família comprou a<br />

primeira colheitadeira em 1973.<br />

Dos tempos do café, só<br />

restou a velha tulha na propriedade,<br />

mas atualmente os<br />

Palaro andam mais sorridentes<br />

do que nunca e por uma razão<br />

em especial: a boa colheita de<br />

soja. “Numa colhemos tanto”,<br />

afirma José, ao lado do irmão<br />

Ivo. Ao longo dos anos, ambos<br />

se profissionalizaram no cultivo<br />

da oleaginosa, que cede espaço<br />

para o milho no inverno. Cooperativistas,<br />

eles são considerados<br />

uma referência regional e aprenderam<br />

a potencializar a atividade<br />

seguindo à risca a orientação<br />

técnica prestada pela <strong>Cocamar</strong>.<br />

E, na safra 2016/17, ainda<br />

contaram com uma providencial<br />

mãozinha de São Pedro,<br />

que mandou chuvas com certa<br />

regularidade, mesmo durante<br />

a estiagem na fase inicial de<br />

desenvolvimento da lavoura.<br />

Os Palaro colheram 160 sacas<br />

por alqueire, em média.<br />

“Nossa melhor soja é que<br />

foi semeada no mês de setembro”,<br />

comenta Ivo, para<br />

admiração da vizinhança,<br />

que não conseguiu o mesmo<br />

desempenho com a lavoura<br />

mais precoce. A apenas quatro<br />

quilômetros dali, por exemplo,<br />

por causa da seca, teve gente<br />

que colheu apenas 60 sacas<br />

por alqueire.<br />

INVESTIMENTO – Correção<br />

do solo com calcário e aplicação<br />

de gesso, adubação<br />

diferenciada e complemento<br />

nutricional para as plantas: os<br />

Palaro investiram conforme o<br />

recomendado, cuidando para<br />

que os resultados fossem os<br />

melhores possíveis. Ivo conta<br />

em que vez de 400 quilos de<br />

adubo por alqueire, conforme<br />

havia sido orientado pelo<br />

agrônomo da cooperativa, a<br />

quantidade foi maior, 600, por<br />

uma desregulagem da máquina.<br />

“Sem problema, a gente<br />

viu o quanto valeu a pena”,<br />

completa.<br />

A equipe do rally viajou para a região a bordo<br />

de uma S-10 modelo High Country cedida<br />

pela Zacarias Chevrolet<br />

16 - 17


Dos aviários, o adubo orgânico<br />

Na safra 2016/17, não faltaram<br />

histórias de gente bem-sucedida.<br />

Perto de Cianorte, em<br />

Jussara, na Estrada Cristalina,<br />

a colheita foi recorde nos 78 alqueires<br />

da família Zanzim. A média<br />

do produtor Márcio Zanzim<br />

foi de 173,5 sacas por alqueire.<br />

Só para comparar, a média geral<br />

dos produtores da unidade local<br />

da <strong>Cocamar</strong>, foi de 130.<br />

“Ficamos numa zona de<br />

transição entre a seca e as<br />

chuvas”, comenta Márcio.<br />

Outros não tiveram a mesma<br />

sorte: ali mesmo, no município,<br />

houve casos de lavouras<br />

muito danificadas pela seca<br />

que, em alguns locais, persistiu<br />

por cerca de 45 dias. Nesse<br />

caso, a média não passou de<br />

70 sacas por alqueire.<br />

SOLO ESTRUTURADO – Problemas<br />

climáticos à parte,<br />

Márcio conta que, há oito<br />

anos, vem trabalhando na<br />

estruturação do solo, utilizando<br />

adubação química<br />

Zanzim: há oito<br />

anos investindo na<br />

estruturação do solo<br />

de base e também bastante<br />

adubo orgânico, obtido junto a<br />

três aviários próprios. Para a<br />

recente safra, foram aplicados<br />

nada menos que 14 toneladas<br />

de cama de frango por alqueire.<br />

“O solo bem estruturado<br />

ajudou a aguentar melhor as<br />

variações do clima”, cita o<br />

engenheiro agrônomo Jorge<br />

Luiz Vecchi, da unidade da<br />

<strong>Cocamar</strong> em Jussara. Outro<br />

cuidado do produtor foi com a<br />

prevenção de fungos e doenças<br />

de final de ciclo.<br />

Adotando as melhores práticas<br />

A média de 170 sacas por<br />

alqueire foi o recorde pessoal<br />

de Marcel Franklin Rafael, de<br />

Terra Boa. Sua melhor colheita<br />

havia sido há três anos, de 150<br />

sacas por alqueire. Marcel conta<br />

que há oito anos começou<br />

a cultivar capim braquiária no<br />

inverno para proteger o solo no<br />

verão. “Eu faço isso em sistema<br />

de rotação”, diz o produtor,<br />

que investe para obter a melhor<br />

produtividade possível.<br />

Quando a propriedade foi visitada<br />

pelo Rally, a temperatura era<br />

de 36ºC, mas o solo protegido<br />

de palha se mantinha relativamente<br />

fresco, enquanto as<br />

partes a descoberto ferviam sob<br />

a insolação. “Isso é o que faz a<br />

diferença no período primaveraverão,<br />

geralmente marcado por<br />

altas temperaturas, influenciando<br />

a produtividade das lavouras”,<br />

comenta Ademir Caetano, o Mirim,<br />

técnico agrícola da unidade<br />

local da cooperativa.<br />

O produtor não dependeu só da<br />

braquiária. Ele faz correção do<br />

solo periodicamente, já mapeou<br />

toda a área e, na safra 2016/17,<br />

decidiu investir um pouco mais<br />

para tentar aumentar a produtividade.<br />

Com orientação especializada,<br />

aplicou enxofre a lanço,<br />

boro e fez inoculação via solo. A<br />

propriedade dele, com 40 alqueires<br />

de soja, sedia uma das unidades<br />

do Programa de Aumento<br />

de Produtividade e Sustentabilidade<br />

(Paps) da <strong>Cocamar</strong>. “Com<br />

o acompanhamento de consultores<br />

contratados pela cooperativa,<br />

são aplicadas tecnologias de<br />

ponta para que sirvam de referência<br />

aos produtores da região”,<br />

explica o coordenador técnico de<br />

culturas anuais da cooperativa,<br />

Emerson Nunes.<br />

Produtor Rafael, entre Ademir Caetano e Emerson Nunes: cuidados com o solo e com as plantas<br />

18 - 19


Recuperando<br />

o solo<br />

Na terra roxa, independente<br />

dos fatores climáticos, é<br />

perceptível também o que os<br />

produtores podem fazer para<br />

ampliar a produtividade. Em<br />

Floresta, região de Maringá,<br />

o agricultor Antonio Pedrini<br />

decidiu enfrentar o problema<br />

da compactação do solo em<br />

uma de suas áreas, fazendo,<br />

na safra 2016/17, um investimento<br />

no perfil do solo.<br />

Para isso, buscou orientação<br />

técnica e foi acompanhado<br />

pelo técnico agrícola Robson<br />

Arrias, da unidade local da<br />

cooperativa. “A diferença foi<br />

grande”, resume Pedrini. O<br />

resultado é que nessas áreas,<br />

em especial, o produtor chegou<br />

a colher acima de 180 sacas<br />

por alqueire, enquanto que, nas<br />

demais, a média foi de 145.<br />

“Valeu a pena”, ressalta<br />

Pedrini, citando que mesmo<br />

com a estiagem de aproximadamente<br />

30 dias no começo do<br />

ciclo, sua colheita foi a maior<br />

de todos os tempos. “Em 30<br />

anos como produtor, nunca<br />

colhi tanto.”<br />

20 - 21


“Em 30 anos como produtor, nunca colhi tanto”, afirma Antonio Pedrini,<br />

ao lado do técnico Robson Arrias, da <strong>Cocamar</strong>/Floresta<br />

22 - 23


Rolândia lidera<br />

A média geral dos produtores<br />

ligados à <strong>Cocamar</strong> foi<br />

de 130 sacas por alqueire,<br />

segundo informações da área<br />

técnica, mas em alguns municípios,<br />

os patamares da safra<br />

2016/17 foram maiores. É o<br />

caso de Rolândia, que fechou<br />

a safra em 160 sacas por<br />

alqueire, a melhor de todos os<br />

tempos.<br />

No município, a propriedade<br />

da família Bizetto, que<br />

fica na Água do Jaborandi, é<br />

cuidada pelos irmãos José<br />

Carlos, Geraldo, Osmar, Osvaldo<br />

e o cunhado Pedro. Há<br />

três anos, eles haviam conseguido<br />

a sua maior produtividade,<br />

143 sacas por alqueire.<br />

No ano passado, devido ao<br />

excesso de chuvas na colheita,<br />

a média caiu para 128.<br />

Mas na temporada 2016/17,<br />

os números dispararam:<br />

175 sacas por alqueire. “É o<br />

nosso recorde”, destaca José<br />

Carlos.<br />

24 - 25


José Carlos (centro), entre o gerente Bernélio Orsini e o agrônomo<br />

Francisco Ângelo Leonardo, da <strong>Cocamar</strong>/Rolândia: 175 sacas<br />

por alqueire e planos de ir mais longe nas próximas safras<br />

Os Bizetto são orientados<br />

pelo engenheiro agrônomo<br />

Francisco Ângelo Leonardo, da<br />

unidade local da <strong>Cocamar</strong>.<br />

A boa produtividade não<br />

veio só porque o clima ajudou.<br />

“A gente vai atrás, participa de<br />

eventos técnicos para ver o que<br />

é possível melhorar”, afirma<br />

José Carlos, que ressalta principalmente<br />

a evolução dos materiais<br />

genéticos nos últimos anos.<br />

Em outra frente, a família<br />

ampliou a frota de colheitadeiras,<br />

todas da marca John<br />

Deere. “Tínhamos uma antiga e<br />

outra mais nova. Agora, adquirimos<br />

uma zero, que agiliza<br />

ainda mais a colheita”, comenta<br />

o produtor.<br />

Depois de atingirem a marca<br />

de 175 sacas por alqueire, os<br />

Bizetto não deixam por menos<br />

e já pensam em ir mais longe.<br />

“Quando a gente ouvia falar em<br />

200 sacas por alqueire, achava<br />

meio exagerado, mas vimos<br />

que é possível chegar lá”, afirma<br />

José Carlos, salientando:<br />

neste ano, foram atingidos 210<br />

sacas por alqueire em alguns<br />

talhões.<br />

Pelo terceiro ano, a família<br />

faz o consórcio de milho<br />

de inverno com braquiária,<br />

prática que é preconizada pela<br />

<strong>Cocamar</strong>, para a proteção do<br />

solo com palha. “Onde tinha<br />

palha, deu diferença, colhemos<br />

mais”, garante o produtor.<br />

26 - 27


Em Presidente Castelo Branco,<br />

uma grata surpresa<br />

Em geral, diz-se que os<br />

solos de Presidente Castelo<br />

Branco, no portal do arenito<br />

paranaense, a 40km de Maringá,<br />

poderiam servir para tudo,<br />

menos para a soja.<br />

economizou em tecnologia,<br />

orientado pelo técnico agrícola<br />

Claudemir Marinoci, da unidade<br />

da <strong>Cocamar</strong> em Ourizona, e<br />

pelos profissionais da Farmers<br />

Consultoria, empresa especializada<br />

em agricultura de<br />

precisão.<br />

Seguindo as orientações<br />

baseadas em amostras e<br />

análises, que permitiram<br />

um minucioso mapeamento<br />

do solo, Volpato confirma<br />

a tese de que é possível<br />

“construir” a produtividade a<br />

partir de investimentos que,<br />

se por um lado, elevam os<br />

custos quando comparados<br />

aos patamares aos quais os<br />

produtores em geral estão<br />

acostumados, de outro, compensam<br />

amplamente. Volpato<br />

lembra: “Os investimentos<br />

são pagos rapidamente com<br />

a maior produtividade e grande<br />

parte deles terá reflexos<br />

pelos próximos 5 anos”. O<br />

produtor calcula um custo de<br />

produção médio entre 70 a<br />

75 sacas de soja por alqueire,<br />

considerando apenas as<br />

despesas diretas.<br />

Mas foi ali que o produtor<br />

José Rogério Volpato colheu a<br />

surpreendente média de 200<br />

sacas por alqueire em um lote<br />

de 50 alqueires, cultivado pelo<br />

segundo ano. E, em outro, de<br />

60 alqueires, a média foi de<br />

170 sacas. Naquele, segundo<br />

Volpato, o teor de argila varia<br />

de 17 a 23% e, neste último,<br />

de 10 a 20%.<br />

Volpato:<br />

“construindo”<br />

a produtividade<br />

Além dos 110 alqueires em<br />

Presidente Castelo Branco,<br />

mantidos em parceria com outros<br />

proprietários, ele cultiva<br />

280 alqueires na região, em<br />

sociedade familiar.<br />

Soja protegida em solo coberto de palha<br />

“Nem eu mesmo acreditava<br />

que conseguiria produzir<br />

tanto”, afirma Volpato, ressaltando<br />

que no lote de 50<br />

alqueires, atingiu pico de 230<br />

sacas. Tudo bem que o clima<br />

foi favorável, mas ele não<br />

28 - 29


Safra demonstrou que<br />

potencial é elevado<br />

Cultivar soja em solo muito<br />

arenoso, parecia um despropósito,<br />

mas os proprietários se<br />

sentiam confiantes, bem assessorados<br />

e uma parte dos investimentos<br />

poderia ser financiada e<br />

diluída ao longo de vários anos.<br />

O calcário, por exemplo, para<br />

correção do solo, é pago em<br />

três anos na própria <strong>Cocamar</strong>.<br />

Por fim, as despesas comuns da<br />

lavoura – entre as quais sementes,<br />

fertilizantes e defensivos<br />

– entram no crédito de custeio,<br />

com seguro ou Proagro.<br />

O produtor José Rogério<br />

Volpato diz estar cansado de<br />

ouvir de outros agricultores<br />

que a conta do investimento<br />

no arenito, não fecha. Mas<br />

deixa claro: “A safra 2016/17<br />

demonstrou que o potencial é<br />

alto, como se viu em Presidente<br />

Castelo Branco, onde poucos<br />

teriam coragem de plantar soja.<br />

A única ressalva é que precisa<br />

fazer bem feito, sob orientação<br />

especializada, lançando mão de<br />

toda a tecnologia necessária.<br />

Volpato comenta que o produtor<br />

habituado a trabalhar a terra<br />

roxa, não pode agir da mesma<br />

forma no arenito. E sobre os<br />

desafios impostos pelo clima,<br />

afirma: “nos anos bons, o<br />

prêmio é a alta produtividade; já<br />

nos anos difíceis, de veranico,<br />

pelo menos se consegue cobrir<br />

os custos”.<br />

Para enfrentar os anos<br />

difíceis, o produtor adota uma<br />

prática muito difundida pela<br />

<strong>Cocamar</strong>: o consórcio milho<br />

e braquiária no inverno, cuja<br />

proposta é proteger o solo com<br />

cobertura de palha no verão,<br />

mantendo-o úmido por mais<br />

tempo após a chuva, o que beneficia<br />

as plantas, entre outras<br />

vantagens.<br />

A palhada foi decisiva para<br />

que nos 280 alqueires que Volpato<br />

cultiva em grupo familiar,<br />

a média atingisse 151 sacas<br />

por alqueire, não alcançando<br />

o recorde de 157 sacas obtido<br />

há três anos, mas ajudando a<br />

atravessar os 36 dias de veranico,<br />

entre outubro e novembro,<br />

sem danos maiores. Nos lotes<br />

em Presidente Castelo Branco,<br />

a sequência foi de 13 dias sem<br />

chuva, em novembro.<br />

30 - 31


32 - 33


Chuvas mal distribuídas,<br />

mas com produtores empolgados<br />

Quem viajou pela região de<br />

Maringá para avaliar lavouras<br />

de soja, percebeu diferenças<br />

significativas no desenvolvimento<br />

das plantas de uma<br />

microrregião para outra. Um<br />

efeito típico do La Niña, fenômeno<br />

climático caracterizado<br />

por extremos como a variação<br />

brusca de temperatura e a distribuição<br />

irregular de chuvas.<br />

Quem semeou mais cedo,<br />

em setembro, não teve a mesma<br />

sorte de quem o fez em<br />

meados de outubro, quando as<br />

precipitações ocorreram com<br />

mais frequência. Mas, de uma<br />

forma geral, as expectativas<br />

para a colheita da safra eram<br />

animadoras.<br />

Visita do Rally à propriedade de Giovani Sirotti, em Atalaia<br />

Em Jaguapitã, na propriedade<br />

arrendada pelo produtor<br />

Edivaldo Baveloni, de Maringá,<br />

que cultiva áreas em outros<br />

municípios da região, o potencial<br />

de produtividade no local<br />

da visita foi avaliado em 190<br />

sacas por alqueire. O agricultor<br />

conta que investiu em um<br />

pacote tecnológico para explorar<br />

toda a capacidade produtiva<br />

da cultura, que foi semeada em<br />

meados de outubro e apresentava<br />

desenvolvimento satisfatório,<br />

conforme observaram os<br />

visitantes, com grande número<br />

de vagens por planta. O gerente<br />

local da <strong>Cocamar</strong>, José<br />

Conti, confirmou que o indicativo<br />

era de uma safra cheia no<br />

município.<br />

Cristian Gellert (centro) com Rafael Furlanetto e o gerente da <strong>Cocamar</strong>/Arapongas Everton Cestaro<br />

Quadro semelhante se viu<br />

em Atalaia, na propriedade<br />

de Giovani Sirotti que, no lote<br />

visitado, projetava uma produtividade<br />

ao redor de 180 sacas<br />

por alqueire. De acordo com o<br />

produtor, “é preciso estar atento<br />

às novidades”, referindo-se,<br />

por exemplo, ao surgimento<br />

de cultivares mais produtivas.<br />

“A soja dá uma resposta muito<br />

boa quando se trabalha com<br />

as melhores tecnologias e o<br />

produtor tem que fazer a sua<br />

parte se quiser ser competitivo”,<br />

disse.<br />

ARAPONGAS - Às margens<br />

da PR-444, no município de<br />

Arapongas, o agricultor Martin<br />

Gellert fez o plantio de 350<br />

alqueires (847 hectares), cultivando<br />

soja sobre uma espessa<br />

palhada remanescente de trigo.<br />

Gellert costuma fazer rotação<br />

no inverno, cultivando 70% de<br />

suas terras com trigo e deixando<br />

30% para o milho. “Onde<br />

plantei milho, tive problemas<br />

com ervas resistentes e precisei<br />

fazer três dessecações”,<br />

contou. Já no trigo, devido<br />

justamente ao maior volume de<br />

palha, foi necessário dessecar<br />

uma única vez. Quanto a produtividade<br />

de soja, sem histórico<br />

tem sido de 133 sacas.<br />

Mas na safra 2016/17, a média<br />

foi de 150 sacas por alqueire.<br />

“Época de colheita, para<br />

nós, é uma grande correria”,<br />

diz Cristian, filho do produtor<br />

Martin Gellert. “Quando a gente<br />

arrenda uma terra, é como<br />

se fosse nossa, tem que fazer<br />

o melhor para produzir bem,<br />

não temos outra alternativa”,<br />

observa Cristian.<br />

Cristian explica que a distribuição<br />

das propriedades arrendadas<br />

por diversas glebas, no<br />

entorno da cidade, faz com que<br />

sejam necessários cuidados<br />

específicos para cada qual,<br />

como o escalonamento dos<br />

plantios. Os Gellert possuem<br />

maquinários e caminhões<br />

próprios, mas, mesmo assim,<br />

para dar conta do extenso fluxo<br />

durante a colheita, recorrem<br />

também a prestadores de serviços.<br />

No ano passado, o escalonamento<br />

acabou salvando<br />

grande parte da lavoura, uma<br />

vez que a chuvarada estragou<br />

apenas uma parte da colheita.<br />

34 - 35


Celestino, à esquerda, em sua<br />

propriedade onde, há 14 anos,<br />

faz rotação de culturas<br />

Celestino explica que<br />

as suas boas médias são<br />

fruto, principalmente, de<br />

um trabalho de rotação de<br />

culturas que começou há<br />

14 anos. No inverno, ele<br />

planta milho, aveia e trigo,<br />

em sistema de rodízio. “A<br />

rotação quebra o ciclo de<br />

doenças e pragas, aqui eu<br />

não me preocupo com a<br />

buva”, garante o produtor.<br />

Além disso, os cultivos de<br />

inverno protegem o solo<br />

da erosão, ao formar uma<br />

camada de palha.<br />

A rotação, segundo ele,<br />

também combate a compactação<br />

do solo. Com isso, as<br />

raízes do solo se aprofundam<br />

mais e as plantas sofrem<br />

menos quando advém uma<br />

estiagem. “Ficamos 17 dias<br />

sem chuvas e sob um forte<br />

calor. A lavoura não sentiu<br />

nada”, afirma.<br />

Celestino já mapeou toda<br />

a propriedade e pretende<br />

avançar em agricultura de<br />

precisão. “A tecnologia é uma<br />

aliada do produtor e temos<br />

que aprender a usar tudo o<br />

que está disponível”, completa.<br />

Manejo adequado do solo, faz de<br />

produtor um destaque regional<br />

O Rally visitou em meados<br />

de março a propriedade de<br />

Ângelo Celestino, em Ivatuba,<br />

a 40km de Maringá, onde ele<br />

cultiva 78 alqueires. Como<br />

a equipe do circuito havia<br />

passado por lá no início do<br />

plantio da soja, em outubro,<br />

voltou para conferir o desempenho<br />

da lavoura.<br />

Os filhos Sidnei e Tânia<br />

trabalham ao lado do pai,que<br />

é uma referência em sua<br />

região, não apenas por suas<br />

altas médias de produtividade<br />

de soja e milho, mas<br />

também pelos cuidados que<br />

dispensa ao solo, “o maior<br />

patrimônio do produtor”,<br />

conforme define.<br />

Trabalhando com mentalidade<br />

empresarial, Celestino<br />

se tornou um campeão. Sua<br />

média geral de soja este ano<br />

foi de 166 sacas por alqueire,<br />

praticamente igualando a<br />

do ano passado (165 sacas),<br />

o que o mantém por vários<br />

anos seguidos à frente da<br />

realidade do município. Um<br />

dos talhões da propriedade<br />

ultrapassou a marca de 200<br />

sacas por alqueire, fechando<br />

em 203. Em Ivatuba, a média<br />

dos produtores, neste ano,<br />

foi de 140 sacas por alqueire.<br />

36 - 37


Pauro (direita) com o gerente da <strong>Cocamar</strong> em<br />

São Jorge do Ivaí, Frederico João Altrão<br />

Fala (direita) com o técnico<br />

Giba: redução de custos com<br />

produtos para o controle<br />

de ervas daninhas<br />

Braquiária protege e<br />

deixa o solo saudável<br />

Em contraponto ao festival<br />

de estragos que demonstram<br />

um visível retrocesso no manejo<br />

do solo, o Rally conheceu<br />

exemplos de produtores que<br />

estão investindo na conservação<br />

do mesmo e conseguindo<br />

resultados satisfatórios.<br />

Foi justamente por entender<br />

que o agricultor precisa seguir<br />

a orientação técnica e trabalhar<br />

de acordo com os princípios<br />

que regem o equilíbrio natural,<br />

que o cooperado João Pauro,<br />

de São Jorge do Ivaí, diz não<br />

titubear.<br />

Há quase uma década,<br />

incentivado pela <strong>Cocamar</strong>, ele<br />

começou a fazer plantio de milho<br />

em consórcio com braquiária<br />

para investir na cobertura<br />

do solo no verão.<br />

CONSÓRCIO – A braquiária é<br />

um capim de origem africana<br />

que se adaptou bem às condições<br />

brasileiras. A semeadura<br />

é feita junto com a do milho,<br />

mas esse cereal, por crescer<br />

rápido, predomina sobre a<br />

braquiária na disputa pela luz<br />

– e o capim só se desenvolve,<br />

mesmo, após a colheita da<br />

outra cultura. Cumprida sua<br />

função, é dessecado quimicamente<br />

antes da semeadura da<br />

soja, formando um cobertor<br />

de palha que protege o solo<br />

da chuva forte e também da<br />

insolação.<br />

ESPONJA – João Pauro cultivou<br />

60 alqueires de consórcio<br />

e outros 40 só com milho, cultura<br />

que deixou uma palhada<br />

rala. O resultado foi fácil de ver<br />

em ano de muita chuva. Onde<br />

havia braquiária, a precipitação<br />

foi absorvida igual a uma<br />

esponja, sem fazer enxurrada<br />

e sem causar danos. Mas na<br />

outra parte, separada por uma<br />

estradinha, o produtor se viu<br />

em apuros. “Tive que gastar<br />

dois dias com pá-carregadeira<br />

para consertar os terraços”,<br />

revela. A palhada do milho não<br />

foi páreo para o aguaceiro.<br />

Na colheita da soja, Pauro<br />

ficou até surpreso com a média<br />

de produtividade obtida nessa<br />

área de 60 alqueires: 199 sacas,<br />

em média. O clima ajudou,<br />

mas o produtor teve papel decisivo<br />

para a conquista desse<br />

patamar. Nas demais áreas,<br />

sua média foi de 170 sacas por<br />

alqueire.<br />

SUSTENTÁVEL - Ainda em<br />

São Jorge do Ivaí, Moacir Fala,<br />

dono de 20 alqueires, foi um<br />

dos primeiros a adotar o consórcio<br />

no município e afirma<br />

que só teve a ganhar com isso.<br />

Assistido pelo técnico agrícola<br />

Gilberto Zanzarini, o Giba, da<br />

unidade local da cooperativa,<br />

o produtor conta que aprendeu<br />

na prática o significado da<br />

palavra sustentabilidade.<br />

Ele enumera as vantagens<br />

puxando com uma das mãos<br />

os dedos da outra: 1) a palha<br />

deixada pela braquiária protege<br />

a superfície da chuva forte e do<br />

sol escaldante; 2) a cobertura<br />

não deixa a temperatura do solo<br />

subir, o que ajuda as plantas;<br />

3) controla naturalmente as<br />

ervas daninhas; 4) a braquiária<br />

faz a reciclagem de nutrientes<br />

e, para completar, 5) o capim<br />

elimina a compactação devido<br />

ao seu enraizamento. “Tive uma<br />

redução de 50% nos custos<br />

com produto para o controle de<br />

ervas daninhas”, comenta.<br />

LUCRO – Mas a economia com<br />

herbicidas não é o único benefício<br />

direto do consórcio para<br />

o bolso. Além de ver o solo<br />

da propriedade preservado e<br />

saudável, o agricultor não tem<br />

dúvida. O investimento que ele<br />

faz há muitos anos seguidos, se<br />

reflete também no aumento da<br />

produtividade da soja, ou seja,<br />

no lucro. Na safra 2015/16,<br />

enquanto a média do município<br />

de São Jorge do Ivaí foi de 110<br />

sacas por alqueire – em parte<br />

afetada pela chuvarada na fase<br />

de colheita -, a dele chegou a<br />

160. E, na safra 2016/17, obteve<br />

165 sacas por alqueire.<br />

38 - 39


Compactação: nem sempre<br />

o produtor se dá conta<br />

O engenheiro agrônomo Edner<br />

Betioli Júnior, responsável pela<br />

Unidade de Difusão de Tecnologias<br />

(UDT) da <strong>Cocamar</strong> em Floresta,<br />

região de Maringá, explica<br />

que, muitas vezes, o produtor<br />

não se dá conta da compactação,<br />

por se tratar de um problema de<br />

difícil visualização. “Dificilmente a<br />

baixa produtividade de uma área<br />

é associada, pelo produtor, a um<br />

problema físico do solo”. No seu<br />

entender, na maioria das vezes, a<br />

culpa acaba recaindo, de forma<br />

equivocada, sobre a cultivar ou a<br />

fertilidade do solo. O tema manejo<br />

do solo, segundo o agrônomo,<br />

está sempre em alta. “Antes do<br />

plantio direto, a região enfrentava<br />

sérios problemas de conservação.<br />

Com o início do plantio<br />

direto e as ações do governo do<br />

estado na década de 1980, houve<br />

uma grande evolução no controle<br />

da erosão, mediante a construção<br />

de terraços e a pratica da<br />

rotação de culturas, sob orientação<br />

da assistência técnica.”<br />

Para Betioli, quem não tem<br />

um bom solo, não consegue ser<br />

sustentável na sua produtividade<br />

e na condução da lavoura ao<br />

longo do tempo. “Tudo começa<br />

no solo, na fertilidade química e<br />

também na sua fertilidade física.<br />

Se esses fatores não estiverem<br />

convivendo em harmonia, não vai<br />

haver sucesso.”<br />

Por fim, o agrônomo comenta<br />

que a braquiária é uma opção que<br />

se encaixa em diversas situações,<br />

podendo ser inserida em<br />

um sistema, seja para alimentação<br />

do gado, formação de palhada<br />

ou as duas coisas. Na região,<br />

a <strong>Cocamar</strong> incentiva o consórcio<br />

de milho e braquiária. E completa:<br />

“Evitar a compactação não é<br />

uma tarefa fácil. As janelas para<br />

colheita e semeadura no sistema<br />

soja, seguido de milho de segunda<br />

safra, são estreitas e nem<br />

sempre o solo estará seco para<br />

tal. Nesse sentido, a braquiária<br />

é uma planta chave, com habilidade<br />

para promover a melhoria<br />

da estrutura do solo e atenuar os<br />

efeitos da compactação.”<br />

Betioli: manejo<br />

do solo é tema<br />

sempre em alta<br />

Imediatismo prejudica<br />

De acordo com a <strong>Cocamar</strong>,<br />

foi observado na safra 2016/17<br />

um revolvimento maior do solo<br />

em várias regiões atendidas<br />

pela cooperativa. O gerente<br />

técnico Leandro Cezar Teixeira<br />

explica: a maior parte dos<br />

produtores que fez isso agiu<br />

por imediatismo e não atendeu<br />

para os devidos critérios<br />

técnicos.<br />

“A decisão de mexer precisa<br />

ser essencialmente técnica”,<br />

reitera Teixeira, lembrando que<br />

uma intervenção com máquina<br />

no solo somente pode ser feita<br />

em último caso, quando esgotadas<br />

todas as outras alternativas.<br />

“Antes de qualquer coisa,<br />

é fundamental que o produtor<br />

busque a orientação de um<br />

profissional técnico especializado”,<br />

recomenda.<br />

ORIENTAR-SE – Se o produtor,<br />

por exemplo, avalia que o solo<br />

está compactado, ele deve,<br />

antes de tudo, consultar um<br />

profissional, pois há ferramentas<br />

para verificar isto. O gerente<br />

adverte: “Mexer no solo,<br />

além de não ser recomendável,<br />

tem um custo direto e indireto<br />

que pode não ficar barato”.<br />

“Quem pensa em evoluir tecnicamente,<br />

não deve abrir mão<br />

do plantio direto como parte<br />

integrante e fundamental de um<br />

bom manejo de solo”, afirma<br />

Teixeira, ressaltando que um dos<br />

principais desafios dos agricultores<br />

é promover o aumento constante<br />

da produtividade. “Não há<br />

como pensar em maior produtividade<br />

sem a devida proteção<br />

do solo com palha”, acrescenta.<br />

E deixa claro: os resultados do<br />

plantio direto não surgem de um<br />

ano para o outro, pois se trata de<br />

um sistema que requer aprimoramento<br />

a cada safra. Os resultados<br />

são percebidos a partir do<br />

sexto ou sétimo ano”.<br />

Teixeira: “ a decisão de<br />

mexer precisa ser<br />

essencialmente técnica”;<br />

na foto abaixo, passagem<br />

por uma propriedade<br />

com solo vulnerável<br />

à erosão<br />

40 - 41


O SOLO FERVE – O engenheiro agrônomo Rafael Herrig Furlanetto, coordenador técnico de culturas<br />

anuais da região III, da <strong>Cocamar</strong>, lembra que, em dias muito quentes, como os da segunda semana<br />

de outubro, que atingiram 35ºC, o solo desprotegido de palha atinge uma temperatura que pode<br />

passar dos 60ºC. “Com isso, a umidade desaparece rapidamente”, observa. Em condições assim,<br />

uma lavoura não resiste a um veranico de curta duração, sofrendo perdas. Já em superfície<br />

bem protegida de palha, a incidência dos raios solares não tem o mesmo efeito e a temperatura<br />

dificilmente chega aos 40ºC. “Se houver um veranico,a umidade vai permanecer no solo pelo dobro<br />

do tempo em comparação ao outro”, acrescenta o coordenador.<br />

ESTRAGOS – No final da tarde de 20 de outubro, depois de vários dias de temperaturas acima<br />

dos 30 graus, choveu torrencialmente nas regiões norte e noroeste do Paraná. Em Cambé e<br />

imediações, as chuvas de 150 milímetros, ocorridas em menos de 2 horas, devastaram superfícies<br />

desprotegidas no campo. O resultado foram os previsíveis estragos. O mesmo volume de chuvas,<br />

em contrapartida, não causou danos em áreas mantidas com o consórcio milho e braquiária ali<br />

mesmo em Cambé e na vizinha Rolândia.<br />

42 - 43


Informe Publicitário<br />

Retrocesso ficou evidente<br />

na safra 2016/17<br />

De acordo com o presidente<br />

da Associação do Plantio Direto<br />

do Vale do Paranapanema,<br />

Benedito Orlandi, o Bertola,<br />

tem havido um retrocesso no<br />

manejo do solo, observandose<br />

uma mecanização excessiva,<br />

o que compacta o solo<br />

e o deixa vulnerável à erosão.<br />

Outro problema é a retirada dos<br />

terraços. “Os produtores, em<br />

grande parte, estão acomodados<br />

e faz-se necessário uma<br />

mudança de atitude”, afirma<br />

Bertola, que reside em Palmital<br />

(SP).<br />

O presidente da Federação<br />

Brasileira de Plantio Direto<br />

e Irrigação, Alfonso Adriano<br />

Sleutjes, salienta que os problemas<br />

relacionados ao solo<br />

são praticamente os mesmos<br />

há mais de 30 anos, sem que<br />

haja avanços significativos. “A<br />

compactação é um dos maiores<br />

entraves”, diz, frisando:<br />

“a meu ver, é um problema<br />

que parece estar, também, na<br />

cabeça de muita gente”.<br />

Sleutjes acrescenta que, no<br />

Brasil, há 35 milhões de hectares<br />

cultivados com sistema de<br />

plantio direto, mas em apenas<br />

14% há rotação de culturas.<br />

“Do total, 43% são destinados<br />

à sucessão simples, de soja e<br />

milho”, completa.<br />

Problemas relacionados<br />

ao solo são os mesmos<br />

há 30 anos, sem que haja<br />

avanços significativos<br />

44 - 45


Palha é indispensável<br />

“Dos 5,24 milhões de<br />

hectares cultivados com grãos<br />

no Paraná, mais de 2 milhões<br />

sofrem com problemas de compactação.<br />

O que preocupa é que<br />

muitos produtores têm revolvido<br />

a terra na tentativa de achar<br />

uma solução para o problema,<br />

correndo o risco de piorar ainda<br />

mais a situação, sem ver que<br />

a saída está na braquiária”. A<br />

afirmação foi feita por Nélson<br />

Harger, engenheiro agrônomo<br />

do Instituto Emater e coordenador<br />

estadual da campanha<br />

“Plante seu Futuro”.<br />

Berço do plantio direto<br />

no país, o Paraná já foi um<br />

exemplo em conservação de<br />

solo. No entanto, depois de ter<br />

avançado muito nas últimas<br />

décadas e ter se tornado uma<br />

referência nacional, o cenário<br />

paranaense agora é outro. De<br />

alguns anos para cá, observou-se<br />

nitidamente a degradação<br />

do sistema de plantio<br />

direto em várias regiões. Os<br />

especialistas explicam: agricultores<br />

adotaram, por conta, práticas<br />

equivocadas que levaram<br />

a um retrocesso. Em alguns<br />

lugares, voltou-se praticamente<br />

à estaca zero.<br />

Entre as práticas executadas<br />

sem a orientação dos técnicos,<br />

e que afetam a sustentabilidade<br />

do sistema, estão a retirada dos<br />

terraços para facilitar a movimentação<br />

das máquinas e o<br />

revolvimento da camada superficial<br />

do solo.<br />

Sem os terraços, as enxurradas<br />

correm livres, arrastando<br />

sedimentos para os rios. Já o<br />

solo revolvido fica desprotegido<br />

de palha, vulnerável ao impacto<br />

de chuvas fortes e exposto à<br />

incidência do sol escaldante.<br />

Nos dias quentes, os raios<br />

solares elevam a temperatura da<br />

superfície e “enxugam” a umidade.<br />

Ironicamente, foi no ciclo<br />

2016/17 - logo depois de o governo<br />

estadual reeditar o programa<br />

de conservação de solos e<br />

águas implementado a partir dos<br />

anos 1980 -, que os produtores<br />

mexeram mais com o solo em<br />

suas propriedades, para preparar<br />

o plantio da safra. Em muitos<br />

municípios, mais da metade da<br />

superfície cultivável recebeu<br />

intervenção com máquinas. Os<br />

motivos, seguindo os produtores,<br />

seriam a compactação do<br />

solo e a alta infestação de ervas<br />

daninhas de difícil controle.<br />

46 - 47


No areião, a Fazenda Chaparral<br />

resistiu bem à chuva forte<br />

Os cerca de 170 milímetros<br />

de chuva registrados em fração<br />

de horas em vários municípios<br />

paranaenses no começo de<br />

outubro, atingiram, também,<br />

regiões de solos do arenito<br />

caiuá, reconhecidos por sua<br />

fragilidade.<br />

Mesmo assim, a família Andreoni,<br />

proprietária da Fazenda<br />

Chaparral, em Cidade Gaúcha,<br />

perto de Umuarama, não teve<br />

o que lamentar. “Aqui choveu<br />

170 milímetros num único dia<br />

e, ao contrário do que se pensa,<br />

não aconteceu nada de ruim<br />

com o solo, é só sair por aí para<br />

ver”, afirma Ari Andreoni Júnior,<br />

ladeado pelos irmãos Paulo e<br />

Emílio.<br />

A chuva poupou a fazenda<br />

situada em pleno areião, onde,<br />

Ari (direita) com os irmãos Paulo e Emilio: firmes na ILP<br />

segundo os proprietários, o<br />

solo não contém mais do que<br />

10% de teor de argila. Teria sido<br />

obra do acaso? Nada disso. Há<br />

quatro anos, por orientação da<br />

<strong>Cocamar</strong>, os irmãos decidiram<br />

implantar na fazenda de 300<br />

alqueires, o programa de integração<br />

lavoura-pecuária (ILP).<br />

Ao longo desse tempo, Ari conta<br />

que eles se encantaram com os<br />

muitos benefícios trazidos pela<br />

ILP, sobretudo a conservação do<br />

solo e o equilíbrio econômico da<br />

fazenda. De tudo, segundo Ari,<br />

só guardam um arrependimento:<br />

o de não terem começado antes.<br />

A chuva, mesmo em quantidade,<br />

não estragou nada. Com a<br />

palhada protegendo o solo e as<br />

raízes da braquiária aumentando<br />

a infiltração, a água da chuva foi<br />

absorvida pela terra e o pouco<br />

que “escorreu” se acumulou, limpa,<br />

nas curvas de nível, as quais<br />

cumpriram bem o seu papel.<br />

“Mas não adianta contar apenas<br />

com as curvas de nível, é preciso<br />

construir um sistema de produção<br />

onde o solo possa absorver<br />

toda a água que recebe”, relata o<br />

técnico agrícola da <strong>Cocamar</strong> em<br />

Tapira, Higo Rafael Vieira, que dá<br />

assistência à família.<br />

REFORMA – O negócio dos<br />

Andreoni sempre foi a pecuária.<br />

Mas com a chegada da ILP, a<br />

Fazenda Chaparral passou por<br />

uma visível transformação. A<br />

soja, agora no segundo ano,<br />

entrou para fazer a reforma<br />

dos pastos degradados. Com o<br />

cultivo do capim braquiária após<br />

a colheita, os pastos ficaram tão<br />

bons que a família decidiu aposentar<br />

o tradicional sistema de<br />

confinamento que mantinha há<br />

anos. “No pasto, o gado chega a<br />

engordar 1 quilo e meio por cabeça<br />

ao dia, em média”, cita Ari.<br />

Nesse caso, há suplementação a<br />

pasto com até 1% do peso vivo.<br />

O produtor lembra que, fazendo<br />

desse jeito, apenas com pastagem<br />

e suplementação, ficou<br />

mais vantajoso do que confinar.<br />

“Confinando, o ganho de peso<br />

era menor: 1 quilo e 200 gramas<br />

por dia em média”, informa o<br />

produtor, mencionando que isso<br />

demandava mão de obra e muito<br />

trabalho. Agora, com a desativação<br />

do velho sistema, os serviços<br />

relacionados ao manejo do<br />

gado ficaram mais simples.<br />

PRODUTIVIDADE – Sem reforma,<br />

os pastos vão ficando ralos,<br />

a lotação do gado diminui e a<br />

rentabilidade acaba. Do mesmo<br />

modo, o solo vai ficando mais<br />

propício à erosão. “A cada cinco<br />

anos, pelo menos, é preciso<br />

reformar”, afirma Ari, explicando<br />

que, sem isso, o capital investido<br />

não compensa. Mas a soja<br />

encontrou o seu lugar na fazenda<br />

dos Andreoni. Logo no primeiro<br />

ano (2015/16), a média foi de<br />

130 sacas por alqueire,<br />

48 - 49


com pico de 177. Nada<br />

mau para quem não era do ramo.<br />

Animados, os irmãos investiram<br />

na compra do maquinário<br />

e planejam expandir a cultura.<br />

“Depois que a soja sai, o pasto<br />

volta bonito e a gente coloca 5<br />

cabeças de boi por alqueire”,<br />

continua o produtor, citando que<br />

nos pastos degradados, a quantidade<br />

máxima é de 3 cabeças.<br />

Os animais entram com 15 a<br />

18 meses, pesando de 9 a 10<br />

arrobas e, um ano depois, saem<br />

com 21 a 22 arrobas.<br />

Para o coordenador-técnico<br />

Renato Watanabe, que esteve<br />

na Fazenda Chaparral com o<br />

pessoal do Rally, são exemplos<br />

assim, como o dos Andreoni,<br />

que deveriam ser seguidos<br />

pelos produtores em geral. “Não<br />

importa se é no basalto ou no<br />

arenito. A conservação do solo<br />

deveria ser priorizada como um<br />

item básico para a sobrevivência”.<br />

E compara: “A agricultura<br />

não é como uma corrida de 100<br />

metros, mas uma verdadeira<br />

maratona. A maneira que manejamos<br />

o solo, hoje, terá reflexos<br />

positivos ou negativos nos<br />

próximos anos.”, resume.<br />

Na safra 2016/17, a estiagem<br />

castigou a região e prejudicou a<br />

produtividade de soja da Fazenda.<br />

Mesmo assim, a média<br />

obtida não pode ser considerada<br />

ruim: 120 sacas por alqueire.<br />

Com essa média, além de custear<br />

a reforma das pastagens, a<br />

soja ainda deixou algum lucro e<br />

diversificou a renda. “Não fosse<br />

pelo clima adverso, o resultado<br />

teria sido muito maior”, afirma o<br />

técnico Higo Vieira.<br />

50 - 51


Fazenda Santa Nice,<br />

um modelo de gestão<br />

Pivô central não deixa faltar<br />

a umidade para garantir a<br />

produtividade da soja<br />

A fragilidade do solo do<br />

arenito caiuá, na região noroeste<br />

do estado, não foi empecilho<br />

para os irmãos Antonio e<br />

Marcelo Grisi transformarem a<br />

Fazenda Santa Nice, em Amaporã,<br />

num modelo de gestão,<br />

produtividade e rentabilidade.<br />

O gerenciamento empresarial<br />

aliado ao manejo do solo, com<br />

o uso do sistema de Integração<br />

Lavoura-Pecuária (ILP) e investimento<br />

em genética, permitiram<br />

elevar a produção de carne na<br />

propriedade para 27 a 31 arrobas<br />

por hectare/ano, patamares<br />

surpreendentes, pouco vistos<br />

na região – e até mesmo na<br />

pecuária de corte nacional.<br />

Com um plantel de cerca de<br />

1,5 mil vacas Nelore PO (Puras<br />

de Origem), Antonio e Marcelo<br />

criam animais funcionais com<br />

qualidade de carcaça superiores.<br />

No quesito marmoreio,<br />

por exemplo, que é a gordura<br />

entremeada entre a carne, os<br />

resultados da ultrassonografia<br />

da carcaça foram surpreendentes,<br />

na última safra: 52% das<br />

fêmeas, entre 16 e 18 meses,<br />

criadas à pasto e com baixa<br />

suplementação, avaliadas nas<br />

últimas quatro safras, apresentaram<br />

escore acima de 3% –<br />

nível considerado de qualidade<br />

para os padrões internacionais<br />

(choice). Além disso, há novilhas<br />

PO que alcançaram a marca<br />

de 5% no marmoreio, porcentual<br />

extraordinário até para<br />

raças taurinas (a média da raça<br />

Nelore fica em torno de 1%).<br />

“O Nelore com marmoreio já é<br />

uma realidade”,afirma Antonio.<br />

A gordura entremeada favorece<br />

as características sensoriais da<br />

carne, como maciez, sabor e<br />

suculência, atributos comuns<br />

nas raças britânicas, como a<br />

Angus. Tonico, como Antonio é<br />

chamado, conta que a lotação<br />

nas áreas intensificadas (adubadas)<br />

atinge, em média, quatro<br />

unidades animais (UA) por<br />

hectare no verão (cada UA/ha<br />

= 1 animal com 450 quilos de<br />

Os irmão Antonio<br />

e Marcelo Grisi<br />

peso vivo) e 1,2 UA/ ha durante<br />

o inverno, com uma produção,<br />

já mencionada, entre 27 a 31<br />

arrobas de carne por hectare/<br />

ano. Os números representam<br />

um ponto fora da curva da<br />

pecuária brasileira, isso porque<br />

a média nacional de lotação é<br />

de 0,5 UA/ha e a produção gira<br />

em torno de 3,9 arrobas de<br />

carne por hectare/ano, segundo<br />

dados da Universidade Federal<br />

de Minas Gerais (UFMG).<br />

SOJA E MILHO - Renato Watanabe,<br />

coordenador técnico de<br />

ILPF na <strong>Cocamar</strong>, acompanhou<br />

o Rally a uma visita à Santa<br />

Nice, que fica no município de<br />

Amaporã, região de Paranavaí.<br />

Os proprietários também estão<br />

investindo no cultivo de soja,<br />

milho e pasto em sistema de<br />

integração lavoura e pecuária<br />

(ILP) sobre palhada de braquiária<br />

com irrigação. De acordo<br />

com Watanabe, a região de<br />

Paranavaí está entre as apresentam<br />

maior desafio para a<br />

produção de grãos no arenito.<br />

“O que queremos é demonstrar<br />

que com tecnologia adequada,<br />

o produtor ganha dinheiro com<br />

segurança.” Ele explica que<br />

dentro de um sistema intensificado<br />

e integrado com pecuária,<br />

a irrigação permite que haja<br />

uma segurança alimentar,<br />

importante num local com<br />

veranicos.<br />

A orientação na propriedade<br />

é prestada pelo técnico<br />

Márcio Buffaliere, da <strong>Cocamar</strong>/<br />

Paranavaí. “Na primeira safra<br />

de soja, percebemos que é<br />

possível buscar altas produtividades<br />

desde o primeiro ano,<br />

investindo no solo. A irrigação<br />

entra como um seguro do<br />

investimento”, observa Buffaliere.<br />

Na safra 2016/17, foram<br />

32 alqueires mantidos com<br />

sistema de irrigação por pivô<br />

central semeadas após pastejo<br />

dos bois no inverno. A média de<br />

produtividade de soja foi de 159<br />

sacas por alqueire (66/hectare).<br />

A fazenda também manteve<br />

42,5 alqueires de milho verão<br />

consorciado com braquiária<br />

sob irrigação, para ensilamento<br />

destinado a alimentar o rebanho<br />

no confinamento. O trabalho na<br />

fazenda tem a participação do<br />

Instituto Agronômico do Paraná<br />

(Iapar), com o acompanhamento<br />

do pesquisador Sérgio José<br />

Alves.<br />

52 - 53


PASSIVO - Em um dia de<br />

campo promovido no mês de<br />

fevereiro, Alves advertiu que a<br />

reforma de pastagem, sobretudo<br />

na região de solos mais<br />

vulneráveis, precisa, rigorosamente,<br />

obedecer a critérios<br />

técnicos. “A reforma de pastagem<br />

com plantio convencional<br />

é um dos maiores passivos do<br />

arenito”, sublinhou.<br />

Na Santa Nice, a exemplo<br />

do que a <strong>Cocamar</strong> preconiza<br />

nos municípios onde mantém<br />

atendimento, a reforma é feita,<br />

no primeiro ano, com a dessecação<br />

das pastagens para o<br />

plantio direto da soja, evitando<br />

mexer no solo. E, após a<br />

colheita, é semeado o capim<br />

braquiária, que vai produzir<br />

forragem em quantidade e<br />

qualidade no inverno, além<br />

de promover a reciclagem de<br />

nutrientes no solo.<br />

AGILIZAR – Sobre como tornar<br />

mais rentável a pecuária, o especialista<br />

do Iapar asseverou<br />

que é preciso, também, encurtar<br />

o tempo de engorda. Se o<br />

exemplar contrair um ganho<br />

de peso diário de 250 gramas,<br />

demorará cerca de 1.200<br />

dias para atingir o estágio de<br />

boi gordo. Se incorporar 500<br />

gramas/dia ao seu peso, a demora<br />

será de 600 dias, aproximadamente.<br />

Com a engorda<br />

Watanabe: “com tecnologia adequada,<br />

o produtor ganha dinheiro com segurança”<br />

de 700 gramas/dia, o período<br />

para o animal chegar a boi<br />

gordo será de 400 dias, pelo<br />

menos. Mas se o ganho de<br />

peso for de 1,1 quilo por dia,<br />

em média, que é o recomendável,<br />

o pecuarista conseguirá<br />

reduzir o tempo de terminação<br />

para pouco mais de 270 dias,<br />

impulsionando a sua atividade,<br />

oferecendo ao mercado animais<br />

precoces e com carne de<br />

melhor qualidade.<br />

60 - 61<br />

54 - 55 04 - 05


Na região de Umuarama,<br />

a melhor safra<br />

Para Branco,<br />

tradicional pecuarista,<br />

a soja se tornou<br />

indispensável<br />

Depois das preocupações<br />

com a estiagem no início, que<br />

causou danos de maior ou menor<br />

intensidade às lavouras semeadas<br />

mais cedo, não faltou<br />

água. Com isso, a expectativa<br />

para a maioria dos produtores<br />

era de uma colheita acima da<br />

média dos últimos anos.<br />

O clima não foi perfeito,<br />

mas possibilitou que as novas<br />

fronteiras para a soja, como<br />

a região do arenito caiuá, no<br />

noroeste paranaense, concorressem<br />

no mesmo nível de<br />

patamar, em se tratando de<br />

produtividade, com as regiões<br />

de terra roxa.<br />

Bortoli: o arenito concorrendo nos mesmos patamares de produtividade da terra roxa<br />

NÚMEROS – No areião de<br />

Perobal, município vizinho a<br />

Umuarama, o produtor Gérson<br />

Bortoli diz estar contente com<br />

o que conseguiu. Este foi o<br />

melhor ano desde que começou<br />

a lidar com soja, em 2004.<br />

Bortoli fechou a safra com média<br />

de 160 sacas por alqueire.<br />

Números assim podem ser<br />

encontrados também em Iporã,<br />

a 50 quilômetros dali, onde<br />

Albertino Afonso Branco, o Tininho,<br />

chegou a 162 sacas por<br />

alqueire, um recorde pessoal.<br />

Tanto Bortoli quanto Tininho<br />

são referências em suas regiões,<br />

conforme avaliam os engenheiros<br />

agrônomos da <strong>Cocamar</strong> que<br />

lhes prestam orientação técnica.<br />

O primeiro é assistido por Érick<br />

Marinelli, da unidade de Umuarama.<br />

O segundo, por Fernando<br />

Ceccato, de Iporã. Nas duas<br />

cidades, a cooperativa possui<br />

estruturas de atendimento para<br />

armazenar grãos.<br />

A cooperativa não apenas<br />

recebe a safra, como está focada<br />

no objetivo de que os agricultores<br />

explorem ao máximo o<br />

potencial produtivo da lavoura.<br />

Para isso, comercializa os insumos<br />

necessários “e faz a transferência<br />

de tecnologias”, explica<br />

Marinelli. “A <strong>Cocamar</strong> repassa<br />

informações e novos conhecimentos<br />

para que eles tenham a<br />

maior rentabilidade possível”,<br />

IMPULSO – Foi dessa maneira<br />

que, há mais de uma década,<br />

os dois produtores ficaram conhecendo<br />

o sistema de integração<br />

lavoura-pecuária-floresta<br />

(ILPF), incentivado há quase<br />

20 anos pela cooperativa.<br />

“Eu consegui impulsionar<br />

minha atividade graças à integração”,<br />

afirma Bortoli, lembrando<br />

que atuava somente como pecuarista<br />

e jamais havia pensado<br />

em mexer com soja. Hoje, não<br />

se vê mais sem as duas coisas:<br />

“uma complementa a outra”.<br />

Para Tininho, a soja deixou de<br />

ser apenas uma ferramenta que<br />

era utilizada para reforma de<br />

pasto. “Hoje, ela cumpre essa<br />

função e dá lucro”. Nos oito<br />

anos em que faz integração, garante<br />

nunca ter se decepcionado<br />

com a oleaginosa.<br />

Os dois e outros tantos<br />

produtores que cultivam perto<br />

de 10 mil alqueires com sistemas<br />

integrados na região da<br />

<strong>Cocamar</strong>, devem seu sucesso<br />

ao rigor com que seguem as<br />

orientações dos técnicos. “Não<br />

adianta fazer pela metade”,<br />

alerta Marinelli; “na integração,<br />

os detalhes podem fazer a diferença”,<br />

adverte Ceccato.<br />

56 - 57


GERAL<br />

Lançamento durante o Fórum<br />

Regional de Máxima Produtividade<br />

A segunda edição do Rally<br />

<strong>Cocamar</strong> Bayer e Spraytec de<br />

Produtividade, Safra 2016/17, foi<br />

lançada no mês de setembro, em<br />

meio a um cenário preocupante,<br />

sob o ponto de vista do mercado<br />

internacional. Os Estados Unidos<br />

colhiam a maior safra de milho e<br />

soja de sua história. Só de soja,<br />

nada menos que 110 milhões de<br />

toneladas, com média de produtividade<br />

superior a 56 sacas por<br />

hectare.<br />

O lançamento do Rally<br />

aconteceu nos dias 13 e 14<br />

daquele mês, respectivamente<br />

em Londrina e Maringá, durante<br />

a realização do Fórum Regional<br />

de Máxima Produtividade, promovido<br />

pelo Comitê Estratégico<br />

Soja Brasil (Cesb), com apoio da<br />

<strong>Cocamar</strong>.<br />

De olho no panorama internacional,<br />

a necessidade de o<br />

produtor avançar em seus níveis<br />

de produtividade foi a tônica do<br />

pronunciamento proferido na<br />

abertura pelo vice-presidente da<br />

cooperativa, José Cícero Aderaldo.<br />

Cerca de 600 produtores, no<br />

total, participaram dos encontros.<br />

Para Aderaldo, o cenário era<br />

desafiador. “O produtor precisa<br />

busar novos conhecimentos e<br />

tecnologias para ampliar suas<br />

médias, sob pena de não conseguir<br />

pagar os custos em anos<br />

de preços baixos”. Durante anos,<br />

antes da safra 2016/17, a produtividade<br />

da soja não conseguia<br />

evoluir no Brasil.<br />

Nos mesmos eventos, o<br />

coordenador-técnico do Cesb,<br />

Henry Sako, destacou pontos<br />

observados por produtores que<br />

se sobressaíram em concursos<br />

promovidos pelo Comitê. Sako<br />

mostrou que, diferente da realidade<br />

do país, tem havido uma<br />

evolução nas médias, o que<br />

demonstra o potencial que os<br />

produtores têm para desenvolver<br />

a produtividade.<br />

58 - 59


Acima, no estande da Bayer e, embaixo, no da Spraytec, principais patrocinadores do Rally<br />

Rally é destaque na Safratec<br />

O Rally <strong>Cocamar</strong> Bayer e<br />

Spraytec de Produtividade<br />

desenvolveu uma ação forte no<br />

Safratec 2017, dias 19 e 20 de<br />

janeiro. A caminhonete S-10,<br />

cedida pela Zacarias Chevrolet<br />

para ser utilizada nas viagens,<br />

ficou exposta ao lado do<br />

movimentado Pavilhão Central,<br />

onde a equipe entrevistou 106<br />

produtores associados sobre o<br />

andamento da safra 2016/17.<br />

No dia 19, após a solenidade<br />

de abertura, o presidente da<br />

<strong>Cocamar</strong>, Divanir Higino, e o<br />

superintendente de Negócios,<br />

Grãos e Insumos, Arquimedes<br />

Alexandrino, utilizaram a caminhonete<br />

para deslocamento<br />

no recinto da feira, em companhia<br />

do secretário estadual<br />

da Agricultura e do Abastecimento,<br />

Norberto Ortigara, e do<br />

presidente do Instituto Emater,<br />

Rubens Ernesto Neiderhattman.<br />

Durante os dois dias, o veículo<br />

trafegou pelo evento, visitando<br />

as diversas áreas e também os<br />

estandes das empresas patrocinadoras.<br />

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A <strong>Revista</strong> do Rally <strong>Cocamar</strong> Bayer<br />

e Spraytec de Produtividade<br />

Safra 2016/17<br />

Editor e coordenador: Rogério Recco<br />

Fotografia: Equipe Flamma<br />

Programação visual: André Bacarin<br />

Imagens em vídeo: Juarez Alves<br />

Operador de drone: Eduardo Perenha<br />

Editora Flamma<br />

Av. Carneiro Leão, 135, 9º andar,<br />

sala 902 - tel (44) 3028-5005<br />

Maringá (PR)<br />

<strong>Cocamar</strong> Cooperativa Agroindustrial<br />

Equipe técnica participante<br />

Engenheiro agrônomo Leandro<br />

Cezar Teixeira - gerente técnico<br />

Engenheiro agrônomo Emerson<br />

Nunes - Coordenador técnico de<br />

Culturas Anuais Regiões I e II<br />

Engenheiro Agrônomo Rafael<br />

Furlanetto - Coordenador técnico<br />

de Culturas Anuais Regiões III<br />

Engenheiro Agrônomo Renato<br />

Watanabe - Coordenador de ILPF<br />

Marketing e Comunicação<br />

Cristiane Noda Kondo - Coordenadora<br />

Geral de Marketing<br />

Denise R. Silva - Coordenadora de<br />

Marcas, Comunicação e Social<br />

Sabrina R. Morello - Analista de<br />

Comunicação Organizacional<br />

Agradecimentos a todos os<br />

profissionais da <strong>Cocamar</strong> e das<br />

empresas Bayer, Spraytec,<br />

Sancor Seguros, BRDE, Zacarias<br />

Chevrolet e o Comitê Estratégico<br />

Soja Brasil (CESB), que contribuíram<br />

com seu apoio e iniciativas<br />

para o sucesso deste evento.<br />

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