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três voluntários mensalmente.<br />
Com um olhar sofrido, sentada<br />
e aguardando que a sua aula<br />
comece, Cristiane Luide, aluna do<br />
CTC, avista bem de longe a sua<br />
professora. Repentinamente ela<br />
corre ao encontro da professora e<br />
toma de suas mãos alguns livros<br />
Quem vê de fora entende a ação<br />
como uma tentativa de retribuir o<br />
amor e tudo o que ela tem recebido<br />
naquele lugar.<br />
“Aqui é um ótimo lugar para tratar<br />
de crianças com deficiência,<br />
dependentes químicos, idosos e<br />
crianças carentes. Somos recebidos<br />
com amor, o CTC zela por<br />
todos, o CTC faz o que pode e o<br />
que não pode por nós, e nós, beneficiados,<br />
reconhecemos isso”<br />
conta emocionada Luiza Cândida,<br />
mãe de Jefferson André Venâncio,<br />
que sofre de problemas mentais e<br />
é aluno do CTC há mais de dez<br />
anos.<br />
Por sua vez os trabalhos de medicina<br />
alternativa são possíveis<br />
graças à horta, com ervas e verduras<br />
colhidas ali são fabricados<br />
shampoos e remédios caseiros<br />
que começaram a serem produzidos<br />
para suprir a necessidade de<br />
famílias carentes. A horta também<br />
é usada para o consumo próprio<br />
e, quando sobram verduras, são<br />
vendidas a preço de custo para a<br />
comunidade.<br />
Não se sabe ao todo quantas<br />
crianças, mulheres e idosos já<br />
passaram pelo CTC. Segundo<br />
dona Raimunda, por ano a média<br />
é de 260 crianças e 200 idosos<br />
matriculados e com direito a chamada<br />
para controle de frequência<br />
semanalmente.<br />
Ajuda<br />
O Centro de Trabalho Comunitário<br />
conta com auxilio do<br />
governo estadual, que envia todo<br />
mês leite e pão para suprir as necessidades<br />
das crianças e dos<br />
idosos. Porém, o que sustenta<br />
mesmo são as doações dos chamados<br />
Parceiros do CTC, que são<br />
“Para muitos o trabalho<br />
comunitário é<br />
um fardo, na minha<br />
vida ele se fez a realização<br />
de um sonho”<br />
empresas, ONGs, famílias, grupos<br />
religiosos e algumas faculdades<br />
que fazem campanhas para<br />
arrecadar alimentos e enviarem<br />
ao CTC, dentre outros parceiros.<br />
A OVG (Organização das Voluntárias<br />
de Goiás) também enviam<br />
alunos para prestarem serviços<br />
comunitários em troca de horas<br />
complementares, que possibilita<br />
que o aluno estude em uma instituição<br />
particular de forma que ele<br />
pague prestando serviços comunitários.<br />
Foto: Thais Tomé<br />
Alunos do Centro Comunitário aguardando para fazerem a oração<br />
Antigamente as crianças<br />
recebiam um incentivo do governo<br />
em dinheiro, no valor de R$ 30,00,<br />
como uma forma de pagar para as<br />
crianças estudarem, ou se interessarem<br />
mais por sua educação.<br />
“Há muito tempo os nossos alunos<br />
não recebem mais a quantia em<br />
dinheiro que era repassada pelo<br />
governo”, conta, pesarosa, dona<br />
Raimunda.<br />
A professora Tânia Linhares,<br />
que trabalha com a alfabetização<br />
de idosos no CTC, ressalta<br />
o aprendizado que tem com os<br />
alunos. “São muitos anos de ensino,<br />
a maioria são pessoas que<br />
não têm nenhuma fonte de amor<br />
e é isso que nós oferecemos. Não<br />
são só eles que aprendem conosco,<br />
nós como seres humanos<br />
também aprendemos com eles,<br />
na simplicidade, na maneira de<br />
ver o mundo, e principalmente na<br />
inocência”.<br />
A programação é atrativa<br />
aos olhos dos pequeninos. As<br />
crianças chegam às 7h30, fazem<br />
a oração, tomam o café da manhã<br />
e parte das crianças segue<br />
para assistir um filme, já a outra<br />
parte é levada pelo professor para<br />
o pátio para os jogos educativos,<br />
como futebol, vôlei e queimada.<br />
Na terça e na sexta-feira os alunos<br />
têm aulas de reforço com as<br />
voluntárias da OVG. Os idosos<br />
têm aulas de alfabetização todas<br />
as manhãs. Também são oferecidas<br />
aulas de dança, artesanato e<br />
yoga aos idosos. No final da manhã,<br />
mais precisamente as 11h30<br />
é servido o almoço.<br />
Diretora, mãe, acolhedora,<br />
conselheira, mulher, forte e<br />
fiel são as características evidentes<br />
de dona Raimunda, que abriu<br />
mão dos prazeres que a vida poderia<br />
oferecer, abriu mão de uma<br />
possível formação e, até mesmo,<br />
de toda e qualquer renda, para se<br />
dedicar à sua causa, a uma causa<br />
que deveria ser de todos, para<br />
se dedicar ao CTC. “Para muitos<br />
o trabalho comunitário é um fardo,<br />
na minha vida ele se fez a realização<br />
de um sonho” relata dona<br />
Raimunda.<br />
<strong>Abril</strong> <strong>2017</strong> | 7