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Revista Entrelinhas - Abril 2017

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três voluntários mensalmente.<br />

Com um olhar sofrido, sentada<br />

e aguardando que a sua aula<br />

comece, Cristiane Luide, aluna do<br />

CTC, avista bem de longe a sua<br />

professora. Repentinamente ela<br />

corre ao encontro da professora e<br />

toma de suas mãos alguns livros<br />

Quem vê de fora entende a ação<br />

como uma tentativa de retribuir o<br />

amor e tudo o que ela tem recebido<br />

naquele lugar.<br />

“Aqui é um ótimo lugar para tratar<br />

de crianças com deficiência,<br />

dependentes químicos, idosos e<br />

crianças carentes. Somos recebidos<br />

com amor, o CTC zela por<br />

todos, o CTC faz o que pode e o<br />

que não pode por nós, e nós, beneficiados,<br />

reconhecemos isso”<br />

conta emocionada Luiza Cândida,<br />

mãe de Jefferson André Venâncio,<br />

que sofre de problemas mentais e<br />

é aluno do CTC há mais de dez<br />

anos.<br />

Por sua vez os trabalhos de medicina<br />

alternativa são possíveis<br />

graças à horta, com ervas e verduras<br />

colhidas ali são fabricados<br />

shampoos e remédios caseiros<br />

que começaram a serem produzidos<br />

para suprir a necessidade de<br />

famílias carentes. A horta também<br />

é usada para o consumo próprio<br />

e, quando sobram verduras, são<br />

vendidas a preço de custo para a<br />

comunidade.<br />

Não se sabe ao todo quantas<br />

crianças, mulheres e idosos já<br />

passaram pelo CTC. Segundo<br />

dona Raimunda, por ano a média<br />

é de 260 crianças e 200 idosos<br />

matriculados e com direito a chamada<br />

para controle de frequência<br />

semanalmente.<br />

Ajuda<br />

O Centro de Trabalho Comunitário<br />

conta com auxilio do<br />

governo estadual, que envia todo<br />

mês leite e pão para suprir as necessidades<br />

das crianças e dos<br />

idosos. Porém, o que sustenta<br />

mesmo são as doações dos chamados<br />

Parceiros do CTC, que são<br />

“Para muitos o trabalho<br />

comunitário é<br />

um fardo, na minha<br />

vida ele se fez a realização<br />

de um sonho”<br />

empresas, ONGs, famílias, grupos<br />

religiosos e algumas faculdades<br />

que fazem campanhas para<br />

arrecadar alimentos e enviarem<br />

ao CTC, dentre outros parceiros.<br />

A OVG (Organização das Voluntárias<br />

de Goiás) também enviam<br />

alunos para prestarem serviços<br />

comunitários em troca de horas<br />

complementares, que possibilita<br />

que o aluno estude em uma instituição<br />

particular de forma que ele<br />

pague prestando serviços comunitários.<br />

Foto: Thais Tomé<br />

Alunos do Centro Comunitário aguardando para fazerem a oração<br />

Antigamente as crianças<br />

recebiam um incentivo do governo<br />

em dinheiro, no valor de R$ 30,00,<br />

como uma forma de pagar para as<br />

crianças estudarem, ou se interessarem<br />

mais por sua educação.<br />

“Há muito tempo os nossos alunos<br />

não recebem mais a quantia em<br />

dinheiro que era repassada pelo<br />

governo”, conta, pesarosa, dona<br />

Raimunda.<br />

A professora Tânia Linhares,<br />

que trabalha com a alfabetização<br />

de idosos no CTC, ressalta<br />

o aprendizado que tem com os<br />

alunos. “São muitos anos de ensino,<br />

a maioria são pessoas que<br />

não têm nenhuma fonte de amor<br />

e é isso que nós oferecemos. Não<br />

são só eles que aprendem conosco,<br />

nós como seres humanos<br />

também aprendemos com eles,<br />

na simplicidade, na maneira de<br />

ver o mundo, e principalmente na<br />

inocência”.<br />

A programação é atrativa<br />

aos olhos dos pequeninos. As<br />

crianças chegam às 7h30, fazem<br />

a oração, tomam o café da manhã<br />

e parte das crianças segue<br />

para assistir um filme, já a outra<br />

parte é levada pelo professor para<br />

o pátio para os jogos educativos,<br />

como futebol, vôlei e queimada.<br />

Na terça e na sexta-feira os alunos<br />

têm aulas de reforço com as<br />

voluntárias da OVG. Os idosos<br />

têm aulas de alfabetização todas<br />

as manhãs. Também são oferecidas<br />

aulas de dança, artesanato e<br />

yoga aos idosos. No final da manhã,<br />

mais precisamente as 11h30<br />

é servido o almoço.<br />

Diretora, mãe, acolhedora,<br />

conselheira, mulher, forte e<br />

fiel são as características evidentes<br />

de dona Raimunda, que abriu<br />

mão dos prazeres que a vida poderia<br />

oferecer, abriu mão de uma<br />

possível formação e, até mesmo,<br />

de toda e qualquer renda, para se<br />

dedicar à sua causa, a uma causa<br />

que deveria ser de todos, para<br />

se dedicar ao CTC. “Para muitos<br />

o trabalho comunitário é um fardo,<br />

na minha vida ele se fez a realização<br />

de um sonho” relata dona<br />

Raimunda.<br />

<strong>Abril</strong> <strong>2017</strong> | 7

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