23.06.2017 Visualizações

Trendbook | Comunicação no centro da mudança

A publicação reúne entrevistas e artigos que abordam a comunicação como pilar para mudar o mundo.

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INOVAR PRA QUÊ? PROPÓSITO, TECNOLOGIA E DESIGN<br />

CLARA BOMFIN CECCHINI<br />

<strong>da</strong> melhoria contínua, que, por sua vez, é realiza<strong>da</strong> por ações de benchmarking e aquisições<br />

de direitos de uso, de i<strong>no</strong>vações de terceiros. Para ser considera<strong>da</strong> i<strong>no</strong>vação, mesmo que<br />

incremental, é necessário haver investimento de tempo e de recursos, alocação de pessoas,<br />

ativi<strong>da</strong>des de pesquisa e desenvolvimento, testes, descartes, registro de patentes etc.<br />

Já a i<strong>no</strong>vação disruptiva, também conheci<strong>da</strong> como radical, é aquela em que há quebra de<br />

paradigma. A “<strong>no</strong>vi<strong>da</strong>de” não impacta apenas a si mesma, mas todo seu entor<strong>no</strong>. Um exemplo<br />

recorrente é o advento <strong>da</strong> fotografia digital, que não impactou apenas os meios de fazer<br />

fotografias, mas to<strong>da</strong> a cadeia produtiva relaciona<strong>da</strong> à produção de imagens, chegando a<br />

influenciar a forma como <strong>no</strong>s comunicamos e produzimos afetos. Muitas oportuni<strong>da</strong>des de<br />

negócios nascem dessa disrupção, e tantas outras deixam de existir. Esses processos radicais<br />

ensejam um grau bastante mais elevado de risco, fracasso e impactam as diversas<br />

áreas de uma empresa na sua elaboração e lançamento. Muitas vezes, são descontinua<strong>da</strong>s<br />

após amplos esforços, pelo reconhecimento de sua inviabili<strong>da</strong>de.<br />

AS CONDIÇÕES PARA A INOVAÇÃO<br />

Além desses conceitos básicos, algo relevante de conhecermos nesse campo são as condições<br />

para a i<strong>no</strong>vação, que vêm sendo estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s em diversos campos do saber. Compreendê-las<br />

<strong>no</strong>s aju<strong>da</strong>rá <strong>no</strong> desafio de sair <strong>da</strong> superfície e fazer escolhas de formas de trabalhar<br />

que podem prescindir muitas vezes dos clichês do “startup look and feel” e colocar esforços<br />

<strong>no</strong> que realmente faz a diferença.<br />

Dos diversos fatores, três <strong>no</strong>s parecem os mais essenciais: diversi<strong>da</strong>de, conexão e colaboração.<br />

A diversi<strong>da</strong>de é um <strong>da</strong>do <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de. Em uma perspectiva<br />

filosófica, fica difícil<br />

contrariar essa afirmação.<br />

Porém, historicamente<br />

o ser huma<strong>no</strong> vem li<strong>da</strong>ndo<br />

com o diverso sob a perspectiva<br />

do conflito e do<br />

exotismo, criando modelos<br />

que isolam as variações,<br />

sejam elas volta<strong>da</strong>s a quais<br />

características forem. Nos<br />

ambientes de trabalho, é comum vermos a formação de grupos com características muito<br />

semelhantes. Isso é algo bastante difícil de ser modificado, em especial nas grandes empresas,<br />

mesmo com o reconhecimento dos próprios executivos 4 e <strong>da</strong> comprovação de pesquisadores<br />

de que a diversi<strong>da</strong>de é essencial à i<strong>no</strong>vação. Scott E. Page, <strong>da</strong> Michigan University,<br />

em seu livro The Difference: how the power of diversity creates better groups, firms, schools<br />

and societies 5 , <strong>no</strong>s conduz por resultados de suas pesquisas de ponta, em que comprova<br />

que a i<strong>no</strong>vação depende me<strong>no</strong>s de pensadores isolados com e<strong>no</strong>rmes QIs do que de pessoas<br />

diversas trabalhando juntas a partir de suas individuali<strong>da</strong>des. Grupos formados por pessoas<br />

de especiali<strong>da</strong>des diversas resolvem mais rápido problemas do que grupos formados por<br />

experts <strong>no</strong> tema ao qual o problema se relaciona. Com uma abor<strong>da</strong>gem científica, Page<br />

propõe métodos para aproveitar o máximo <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de na solução de problemas e na<br />

i<strong>no</strong>vação, demonstrando seus resultados.<br />

Porém, a diversi<strong>da</strong>de não <strong>no</strong>s parece suficiente. Um outro aspecto essencial à i<strong>no</strong>vação<br />

é a conexão. Estar conectado à diversi<strong>da</strong>de é um investimento de energia e uma atitude<br />

perante a vi<strong>da</strong>, que pode resultar em aumento <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de e do potencial de i<strong>no</strong>vação.<br />

Segundo o professor Roy Y. J. Chua, <strong>da</strong> Harvard Business School, “cultivar uma rede social<br />

diversa aju<strong>da</strong> a aumentar a criativi<strong>da</strong>de na solução de problemas em contextos multiculturais,<br />

porque promove o fluxo de ideias e conceitos de culturas diferentes de sua.<br />

Novas ideias de outras culturas podem servir como matéria prima para recombinação ou<br />

estimular <strong>no</strong>vos pensamentos”. Parece óbvio e trivial, mas olhando para <strong>no</strong>ssa reali<strong>da</strong>de<br />

cotidiana reconhecemos que a conexão com a diversi<strong>da</strong>de não é o caminho mais natural,<br />

e o mais comum continua a ser a convivência entre os mais semelhantes, em especial <strong>no</strong>s<br />

ambientes de estudo e de trabalho, onde o potencial <strong>da</strong> conexão com o diferente poderia<br />

ser mais bem aproveitado.<br />

À diversi<strong>da</strong>de e à conexão é necessário acrescentar uma terceira condição, que é essencial<br />

por ser a intencionali<strong>da</strong>de que amalgama os outros dois: a colaboração. Se não reconhecemos<br />

a importância <strong>da</strong> intenção em colaborar, criando ambientes que a promovam e reconheçam,<br />

dificilmente teremos bons processos e resultados <strong>da</strong> i<strong>no</strong>vação, muito me<strong>no</strong>s sua<br />

sustentabili<strong>da</strong>de. Nesse campo, é destaque o trabalho do professor Clay Shirky, <strong>da</strong> New York<br />

University. Ele reconhece <strong>no</strong> decorrer <strong>da</strong> História os adventos <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias de comunicação<br />

como oportuni<strong>da</strong>des à colaboração, destacando <strong>no</strong>ssos avanços enquanto civilização<br />

como oportuni<strong>da</strong>des de colaborar. “A imprensa, por exemplo, sustentou a revolução científica,<br />

a disseminação <strong>da</strong> democracia, entre outros” 6 .<br />

Fica claro, tanto na descrição dos conceitos quanto <strong>no</strong>s exemplos, que essas três condições<br />

estão imbrica<strong>da</strong>s e devem coexistir na construção de ambientes propícios a i<strong>no</strong>vações, assim<br />

como sua valorização precisa estar presente <strong>no</strong>s processos educativos de forma geral e<br />

na construção de <strong>no</strong>ssas relações cotidianas.<br />

ATUALIZANDO... A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO POTENCIAL INOVADOR<br />

Tão importante quanto reconhecer o que podemos chamar de “referenciais contemporâneos clássicos<br />

sobre i<strong>no</strong>vação” é olhar para as peculiari<strong>da</strong>des do <strong>no</strong>sso tempo e o que o futuro <strong>no</strong>s reserva.<br />

E neste ponto é fun<strong>da</strong>mental reconhecermos a radicali<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nças que a exponencialização<br />

<strong>da</strong>s conexões, possibilita<strong>da</strong>s pelas tec<strong>no</strong>logias, deflagram em todos os campos de <strong>no</strong>ssas<br />

vi<strong>da</strong>s, extrapolando seus usos ferramentais e chegando à constituição de uma <strong>no</strong>va ecologia.<br />

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