Trendbook | Comunicação no centro da mudança
A publicação reúne entrevistas e artigos que abordam a comunicação como pilar para mudar o mundo.
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DA NOTÍCIA AO CONTEÚDO DE CAUSA: SEIS TENDÊNCIAS QUE ESTÃO MUDANDO O JORNALISMO<br />
MARCELO VIEIRA<br />
TENDÊNCIA 3: O DESAFIO DO FINANCIAMENTO<br />
Outra fonte comum são os apoios dos próprios leitores, por meio de mensali<strong>da</strong>des ou de<br />
doações esporádicas, através de plataformas como Patreon ou Paypal. Essa foi a escolha do<br />
Fluxo, uma iniciativa que, além de um site de jornalismo alternativo, envolve um espaço para<br />
encontros e reuniões <strong>no</strong> Centro de São Paulo. Com duas opções, R$ 30 e R$ 100, as assinaturas<br />
resultam em benefícios e prêmios para os assinantes.<br />
O jornal Nexo combina o investimento de seus sócios fun<strong>da</strong>dores com a ven<strong>da</strong> de assinaturas<br />
e o aproveitamento do espaço de sua sede em São Paulo para a realização de cursos em<br />
diversas áreas (gastro<strong>no</strong>mia, arte, cinema, filosofia). Esse padrão de financiamento proporciona,<br />
por um lado, grande independência editorial. Por outro, porém, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />
implica em limites financeiros muito estreitos, que dificultam o fechamento <strong>da</strong>s contas e<br />
mais ain<strong>da</strong> o investimento na melhoria ou ampliação <strong>da</strong>s iniciativas.<br />
Os sites de financiamento coletivo (crowdfunding) são uma alternativa que também mantém<br />
intoca<strong>da</strong> a independência editorial ao mesmo tempo em que pode resultar em uma arreca<strong>da</strong>ção<br />
maior em um curto espaço de tempo, que pode ser usa<strong>da</strong> para investimento ou para<br />
constituir um fundo destinado a um projeto ou fase pré-determina<strong>da</strong>.<br />
A revista digital Calle2 lançou seu primeiro crowdfunding em setembro de 2016, <strong>no</strong>ve meses<br />
após a sua criação, <strong>no</strong> site Benfeitoria – um dos preferidos para o financiamento coletivo de<br />
causas, que tem um perfil de fomento a iniciativas de impacto social, cultural e ambiental. O<br />
objetivo era financiar com doações o empreendimento que, até então, é mantido com trabalho<br />
voluntário e recursos próprios de seus fun<strong>da</strong>dores.<br />
Há também possibili<strong>da</strong>des <strong>no</strong> campo <strong>da</strong>s fontes de financiamento mais tradicionais, com verbas<br />
oriun<strong>da</strong>s do Estado, <strong>da</strong>s empresas e de iniciativas de mecenato, as mesmas, basicamente,<br />
utiliza<strong>da</strong>s pelo jornalismo mainstream. Mais significativas do ponto de vista financeiro e <strong>no</strong>rmalmente<br />
mais seguras, essas linhas de capitalização, além <strong>da</strong> concorrência mais acirra<strong>da</strong>,<br />
muitas vezes podem resultar em associações que coloquem a independência <strong>da</strong>s iniciativas<br />
sob questionamento, como <strong>no</strong> caso do financiamento <strong>da</strong> Mídia Ninja e <strong>da</strong> Repórter Brasil pela<br />
Open Society Foun<strong>da</strong>tion, pertencente ao especulador america<strong>no</strong> George Soros.<br />
Um problema em comum a to<strong>da</strong>s as iniciativas de comunicação de causas ou de midiativismo<br />
tem sido o financiamento. A maioria delas, mesmo as maiores, é pelo me<strong>no</strong>s parcialmente<br />
financia<strong>da</strong> com recursos próprios de seus criadores. É o caso do Vote na Web, iniciativa<br />
que é totalmente financiado pela Webcitizen, empresa de tec<strong>no</strong>logia que o criou.<br />
Diante do desafio de se expandir, o Vote na Web busca alternativas de financiamento, mas<br />
diz que ain<strong>da</strong> não encontrou nenhuma “fórmula mágica”. Recentemente, um desdobramento<br />
<strong>da</strong> iniciativa, o Vote na Web SP, contou com patrocínio <strong>da</strong> Câmara Municipal de São Paulo,<br />
por meio de anúncio <strong>no</strong> site. A experiência foi considera<strong>da</strong> boa e, segundo a equipe do Vote<br />
na Web, não trouxe com o financiamento nenhum tipo de interferência ou pressão, mas teve<br />
que ser interrompi<strong>da</strong> por causa <strong>da</strong>s eleições municipais.<br />
Um modelo com expectativas bem defini<strong>da</strong>s, embora ain<strong>da</strong> em processo de construção, é o<br />
do projeto Amazônia Real. Constituí<strong>da</strong> com duas razões sociais - com organização de direito<br />
privado e microempresa –, busca o equilíbrio financeiro por meio <strong>da</strong>s tradicionais doações<br />
de leitores e considera lançar uma iniciativa de financiamento coletivo. Mas, desde 2014, a<br />
Fun<strong>da</strong>ção Ford co-financia o projeto por meio do programa “Promovendo Direitos e Acesso à<br />
Mídia”. Esse projeto permitiu a criação <strong>da</strong> uma rede de jornalistas que produz conteúdo <strong>no</strong>s<br />
estados do Amazonas, Acre, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará. O desafio<br />
agora é chegar aos estados do Amapá e Tocantins, até o fim de 2017, e consoli<strong>da</strong>r a Amazônia<br />
Real como uma agência de <strong>no</strong>tícias.<br />
Ciente <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de financeira, a Amazônia Real busca outras formas<br />
de financiamento, como a parceria com outros veículos <strong>da</strong> mídia independente ou com grupos<br />
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