23.06.2017 Visualizações

Trendbook | Comunicação no centro da mudança

A publicação reúne entrevistas e artigos que abordam a comunicação como pilar para mudar o mundo.

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DA NOTÍCIA AO CONTEÚDO DE CAUSA: SEIS TENDÊNCIAS QUE ESTÃO MUDANDO O JORNALISMO<br />

MARCELO VIEIRA<br />

TENDÊNCIA 3: O DESAFIO DO FINANCIAMENTO<br />

Outra fonte comum são os apoios dos próprios leitores, por meio de mensali<strong>da</strong>des ou de<br />

doações esporádicas, através de plataformas como Patreon ou Paypal. Essa foi a escolha do<br />

Fluxo, uma iniciativa que, além de um site de jornalismo alternativo, envolve um espaço para<br />

encontros e reuniões <strong>no</strong> Centro de São Paulo. Com duas opções, R$ 30 e R$ 100, as assinaturas<br />

resultam em benefícios e prêmios para os assinantes.<br />

O jornal Nexo combina o investimento de seus sócios fun<strong>da</strong>dores com a ven<strong>da</strong> de assinaturas<br />

e o aproveitamento do espaço de sua sede em São Paulo para a realização de cursos em<br />

diversas áreas (gastro<strong>no</strong>mia, arte, cinema, filosofia). Esse padrão de financiamento proporciona,<br />

por um lado, grande independência editorial. Por outro, porém, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />

implica em limites financeiros muito estreitos, que dificultam o fechamento <strong>da</strong>s contas e<br />

mais ain<strong>da</strong> o investimento na melhoria ou ampliação <strong>da</strong>s iniciativas.<br />

Os sites de financiamento coletivo (crowdfunding) são uma alternativa que também mantém<br />

intoca<strong>da</strong> a independência editorial ao mesmo tempo em que pode resultar em uma arreca<strong>da</strong>ção<br />

maior em um curto espaço de tempo, que pode ser usa<strong>da</strong> para investimento ou para<br />

constituir um fundo destinado a um projeto ou fase pré-determina<strong>da</strong>.<br />

A revista digital Calle2 lançou seu primeiro crowdfunding em setembro de 2016, <strong>no</strong>ve meses<br />

após a sua criação, <strong>no</strong> site Benfeitoria – um dos preferidos para o financiamento coletivo de<br />

causas, que tem um perfil de fomento a iniciativas de impacto social, cultural e ambiental. O<br />

objetivo era financiar com doações o empreendimento que, até então, é mantido com trabalho<br />

voluntário e recursos próprios de seus fun<strong>da</strong>dores.<br />

Há também possibili<strong>da</strong>des <strong>no</strong> campo <strong>da</strong>s fontes de financiamento mais tradicionais, com verbas<br />

oriun<strong>da</strong>s do Estado, <strong>da</strong>s empresas e de iniciativas de mecenato, as mesmas, basicamente,<br />

utiliza<strong>da</strong>s pelo jornalismo mainstream. Mais significativas do ponto de vista financeiro e <strong>no</strong>rmalmente<br />

mais seguras, essas linhas de capitalização, além <strong>da</strong> concorrência mais acirra<strong>da</strong>,<br />

muitas vezes podem resultar em associações que coloquem a independência <strong>da</strong>s iniciativas<br />

sob questionamento, como <strong>no</strong> caso do financiamento <strong>da</strong> Mídia Ninja e <strong>da</strong> Repórter Brasil pela<br />

Open Society Foun<strong>da</strong>tion, pertencente ao especulador america<strong>no</strong> George Soros.<br />

Um problema em comum a to<strong>da</strong>s as iniciativas de comunicação de causas ou de midiativismo<br />

tem sido o financiamento. A maioria delas, mesmo as maiores, é pelo me<strong>no</strong>s parcialmente<br />

financia<strong>da</strong> com recursos próprios de seus criadores. É o caso do Vote na Web, iniciativa<br />

que é totalmente financiado pela Webcitizen, empresa de tec<strong>no</strong>logia que o criou.<br />

Diante do desafio de se expandir, o Vote na Web busca alternativas de financiamento, mas<br />

diz que ain<strong>da</strong> não encontrou nenhuma “fórmula mágica”. Recentemente, um desdobramento<br />

<strong>da</strong> iniciativa, o Vote na Web SP, contou com patrocínio <strong>da</strong> Câmara Municipal de São Paulo,<br />

por meio de anúncio <strong>no</strong> site. A experiência foi considera<strong>da</strong> boa e, segundo a equipe do Vote<br />

na Web, não trouxe com o financiamento nenhum tipo de interferência ou pressão, mas teve<br />

que ser interrompi<strong>da</strong> por causa <strong>da</strong>s eleições municipais.<br />

Um modelo com expectativas bem defini<strong>da</strong>s, embora ain<strong>da</strong> em processo de construção, é o<br />

do projeto Amazônia Real. Constituí<strong>da</strong> com duas razões sociais - com organização de direito<br />

privado e microempresa –, busca o equilíbrio financeiro por meio <strong>da</strong>s tradicionais doações<br />

de leitores e considera lançar uma iniciativa de financiamento coletivo. Mas, desde 2014, a<br />

Fun<strong>da</strong>ção Ford co-financia o projeto por meio do programa “Promovendo Direitos e Acesso à<br />

Mídia”. Esse projeto permitiu a criação <strong>da</strong> uma rede de jornalistas que produz conteúdo <strong>no</strong>s<br />

estados do Amazonas, Acre, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará. O desafio<br />

agora é chegar aos estados do Amapá e Tocantins, até o fim de 2017, e consoli<strong>da</strong>r a Amazônia<br />

Real como uma agência de <strong>no</strong>tícias.<br />

Ciente <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de financeira, a Amazônia Real busca outras formas<br />

de financiamento, como a parceria com outros veículos <strong>da</strong> mídia independente ou com grupos<br />

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