Trendbook | Comunicação no centro da mudança
A publicação reúne entrevistas e artigos que abordam a comunicação como pilar para mudar o mundo.
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DA NOTÍCIA AO CONTEÚDO DE CAUSA: SEIS TENDÊNCIAS QUE ESTÃO MUDANDO O JORNALISMO<br />
MARCELO VIEIRA<br />
TENDÊNCIA 5: FAZENDO A FRONTEIRA AVANÇAR<br />
Recusando o papel de organização ativista, a<br />
Amazônia Real é defini<strong>da</strong> como uma iniciativa<br />
de jornalismo independente, sem ingerência<br />
de grupos políticos e econômicos, com ativi<strong>da</strong>des<br />
volta<strong>da</strong>s à democratização e o acesso<br />
à comunicação na Amazônia, especialmente<br />
com a valorização de histórias de grupos sociais<br />
que estão na invisibili<strong>da</strong>de ou de temas<br />
pouco explorados na mídia nacional.<br />
UMA DAS GRANDES PAUTAS DO JORNALISMO<br />
POR E SOBRE CAUSAS É A INVISIBILIDADE DE<br />
GRUPOS, REGIÕES E POPULAÇÕES INTEIRAS.<br />
É O CASO DA AMAZÔNIA, QUE MESMO QUE SEU<br />
NOME SEJA UM TERMO DE RELEVÂNCIA GLOBAL,<br />
TEM IMENSA DIFICULDADE DE VER OS TEMAS DA<br />
REGIÃO DEBATIDOS NACIONALMENTE OU ATÉ<br />
MESMO NO ÂMBITO REGIONAL.<br />
Como agência de jornalismo independente, a Amazônia Real produz reportagens que podem<br />
ser republica<strong>da</strong>s por qualquer site, gratuitamente, por meio <strong>da</strong> licença Creative Commons,<br />
mediante a observância de alguns procedimentos que regulam os direitos autorais. Em outras<br />
situações, o conteúdo produzido é exclusivo de um veículo, como <strong>no</strong> caso <strong>da</strong> parceria<br />
com a agência de <strong>no</strong>tícias espanhola EFE, na Copa do Mundo de 2014. Desde seu lançamento<br />
em 21 de outubro de 2013 até os dias atuais, as reportagens <strong>da</strong> Amazônia Real atingiram<br />
um público de 1,5 milhão de pessoas, 90% delas <strong>no</strong> Brasil.<br />
Uma <strong>da</strong>s grandes pautas do jornalismo por e sobre causas é a invisibili<strong>da</strong>de de grupos, regiões<br />
e populações inteiras. É o caso <strong>da</strong> Amazônia, que mesmo que seu <strong>no</strong>me seja um termo<br />
de relevância global, tem imensa dificul<strong>da</strong>de de ver os temas <strong>da</strong> região debatidos nacionalmente<br />
ou até mesmo <strong>no</strong> âmbito regional.<br />
Na Amazônia Legal, moram cerca de 30 milhões de pessoas, entre elas, mais de 400 mil índios,<br />
ribeirinhos e quilombolas. O projeto Amazônia Real se propõe a contar as histórias sobre<br />
a região e seus moradores que não são conta<strong>da</strong>s ou que são relata<strong>da</strong>s superficialmente,<br />
destituí<strong>da</strong>s de contextualização histórica e antropológica e sem profundi<strong>da</strong>de.<br />
Segundo as criadoras do projeto, um exemplo clássico <strong>da</strong> invisibili<strong>da</strong>de dos personagens<br />
amazônicos é o caso <strong>da</strong> missionária <strong>no</strong>rte-americana Dorothy Mae Stang: sua história de<br />
luta pela defesa <strong>da</strong> floresta só ganhou repercussão quando foi brutalmente assassina<strong>da</strong>,<br />
em 2005, <strong>no</strong> Pará. Antes, não havia <strong>no</strong>tícias sobre ela na mídia nacional. Nos jornais locais,<br />
Dorothy era descrita como uma pessoa que fomentava conflitos e ensinava os sem-terra a<br />
se armar.<br />
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