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GAZETA DIARIO 288

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Foz do Iguaçu, segunda-feira, 22 de maio de 2017<br />

POLÍTICA<br />

Conselho da OAB decide<br />

entrar com pedido de<br />

impeachment de Temer<br />

Para os membros da comissão especial da OAB,<br />

Temer incorreu em crime de responsabilidade<br />

Alex Rodrigues<br />

Repórter da Agência Brasil<br />

Foto: Reprodução / Site da OAB<br />

Reunião do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil<br />

O conselho pleno da<br />

Ordem dos Advogados do<br />

Brasil (OAB) aprovou, na<br />

madrugada de ontem (21),<br />

por 25 votos a 1, entrar na<br />

Câmara dos Deputados<br />

com pedido de impeachment<br />

do presidente Michel<br />

Temer. A comissão especial<br />

da entidade disse que ele<br />

deve ser afastado por ter<br />

cometido crime de responsabilidade.<br />

Em nota, o presidente<br />

da OAB, Carlos Lamachia,<br />

lembra que a instituição<br />

cumpre seu papel,<br />

"mesmo que com tristeza,<br />

porque atua em defesa do<br />

cidadão".<br />

Para os membros da comissão<br />

especial da OAB,<br />

Temer incorreu em crime de<br />

responsabilidade ao não<br />

informar às autoridades<br />

competentes o teor de parte<br />

da conversa que teve<br />

com o empresário Joesley<br />

Batista, dono da JBS, no<br />

Palácio do Jaburu. Joesley<br />

gravou a conversa e entregou<br />

cópias do áudio à Procuradoria-Geral<br />

da República,<br />

com quem firmou<br />

acordo de delação premiada,<br />

já homologado pelo<br />

Supremo Tribunal Federal<br />

(STF).<br />

De acordo com a OAB,<br />

Temer faltou com o decoro<br />

ao se encontrar com um<br />

empresário alvo de diversas<br />

investigações em curso,<br />

sem registro em sua agenda<br />

e prometido agir em favor<br />

de interesses particulares.<br />

Na quinta-feira (18), o<br />

ministro do STF Edson Fachin<br />

autorizou a abertura<br />

de inquérito, pedido pela<br />

Procuradoria-Geral da República,<br />

para investigar o<br />

caso. Em pronunciamento<br />

na tarde desse sábado (20),<br />

o presidente Michel Temer<br />

disse que vai pedir ao STF<br />

a suspensão do inquérito<br />

até que seja verificada a autenticidade<br />

da gravação feita<br />

pelo empresário Joesley<br />

Batista.<br />

Durante a reunião, concluída<br />

nas primeiras horas<br />

da madrugada deste domingo<br />

(20), os advogados<br />

Gustavo Mendes e Carlos<br />

Marun, que também é deputado<br />

federal, pediram<br />

mais prazo para que a defesa<br />

do presidente possa<br />

apreciar o voto proferido<br />

pelo conselheiro federal,<br />

Flávio Pansieri.<br />

A Lei do Servidor Público<br />

prevê em seu Artigo<br />

116 que é dever levar as irregularidades<br />

de que tiver<br />

ciência em razão do cargo<br />

ao conhecimento da autoridade<br />

superior ou, quando<br />

houver suspeita de envolvimento<br />

desta, ao conhecimento<br />

de outra autoridade<br />

competente para<br />

apuração.<br />

Nacional<br />

15<br />

Associação critica<br />

falta de perícia prévia<br />

em áudio entregue<br />

por dono da JBS<br />

A Associação Nacional dos Peritos Criminais<br />

Federais divulgou nota questionando o fato<br />

de a Procuradoria-Geral da República (PGR)<br />

não ter periciado o áudio da conversa que o<br />

empresário Joesley Batista, dono da JBS,<br />

gravou com o presidente Michel Temer,<br />

antes de anexá-la ao pedido de abertura de<br />

inquérito contra o presidente e a assinatura<br />

do acordo de delação premiada que<br />

beneficiou Joesley, seu irmão, Wesley<br />

Batista, e executivos da holding J&F, à qual<br />

pertence a JBS.<br />

As conversas foram gravadas em março<br />

deste ano, sem o conhecimento de Temer,<br />

durante um encontro à noite, no Palácio do<br />

Jaburu. No áudio, o dono da JBS afirma que<br />

tinha ligação com um procurador da Justiça e<br />

dois juízes que lhe passavam informações<br />

confidenciais sobre a Operação Greenfield<br />

(que apura suspeita de desvio de recursos em<br />

fundos de pensão públicos). O teor da<br />

conversa motivou a abertura de inquérito<br />

contra o presidente, no Supremo Tribunal<br />

Federal (STF), a pedido da PGR. No entanto,<br />

Temer pediu a suspensão do inquérito,<br />

alegando que não cometeu qualquer crime e<br />

que o áudio que embasa o inquérito teve<br />

pontos editados e não foi periciado<br />

previamente.<br />

Para a associação dos peritos criminais, a<br />

homologação de delações premiadas sem a<br />

devida análise pericial prévia é temerária. "É<br />

inaceitável que, tendo à disposição a Perícia<br />

Oficial da União, que tem os melhores<br />

especialistas forenses em evidências<br />

multimídia do país, não se tenha solicitado a<br />

necessária análise técnica no material<br />

divulgado, permitindo que um evento de<br />

grande importância criminal para o país<br />

venha a ser apresentado sem a qualificada<br />

comprovação científica".<br />

Segundo a entidade, a mera audição da<br />

reprodução, pela imprensa, do áudio<br />

entregue por Joesley Batista permite notar "a<br />

presença de eventos acústicos que precisam<br />

passar por análise técnica, especializada e<br />

aprofundada". No entanto, não é possível<br />

emitir qualquer conclusão sobre a<br />

autenticidade da gravação sem que o áudio e<br />

o equipamento usado para gravar a conversa<br />

sejam periciados pelo Instituto Nacional de<br />

Criminalística, da Polícia Federal.<br />

(Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil)<br />

JR

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