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2017<br />
Práticas Pedagógicas:<br />
Registros e Reflexões<br />
Rede de Ensino Novo Tempo<br />
Volume 4 - ISSN: 2238-6025
SUMÁRIO<br />
EDITORIAL ..................................................................................... 2<br />
ARTIGO ORIGINAL<br />
A Formação Continuada de Professores Acerca das Tecnologias da<br />
Educação: uma discussão em uma escola particular no estado de<br />
São Paulo/Brasil ................................................................................ 5<br />
Uma Proposta Educativa para a Prevenção de Acidentes Envolvendo<br />
Cnidários – Chiropsalmus Quadrumanus e Olindas Sambaquiesis ...... 17<br />
Da Ignorância às Fontes do Conhecimento: um intruso entre Popper<br />
e o conceito de limite ........................................................................ 25<br />
ENSAIO<br />
Alterações temporais da vegetação pioneira de restinga da reserva<br />
de desenvolvimento sustentável da Barra do Una, Peruíbe (SP) ........ 49<br />
ISSN: 2238-6025<br />
1
EDITORIAL<br />
Mais uma vez publicamos a <strong>Revista</strong> Práticas Pedagógicas: Registros<br />
e Reflexões, do Colégio Novo Tempo, um periódico eletrônico científico,<br />
de publicação semestral, que tem como objetivo divulgar práticas<br />
pedagógicas e pesquisas construídas por professores no seu cotidiano.<br />
Os artigos desta edição além de promover reflexões teóricas que<br />
pretendem promover e ampliar o debate com a comunidade educacional<br />
e com a sociedade tem no artigo Alterações temporais da vegetação<br />
pioneira de restinga da reserva de desenvolvimento sustentável da Barra<br />
do Una, Peruíbe (SP) dos professores Roseli Baraçal e Fábio Giordano a<br />
importante pesquisa sobre a vegetação de Restinga que se situa ao longo<br />
do litoral brasileiro, formações vegetais recentes com representativa de<br />
cobertura biodiversidade vegetal, desenvolvidas sobre sedimentos que<br />
foram depositados durante os períodos geológicos. O objetivo da pesquisa<br />
foi realizar um estudo temporal ao longo dos últimos 15 anos para<br />
entender a dinâmica de alteração da cobertura vegetal da praia na<br />
Unidade de Conservação da Juréia e para acompanhar a cobertura vegetal<br />
desse ambiente e os estudos apontam que em 4 das cinco áreas<br />
estudadas, a área de ocupação da vegetação de restinga foi ampliada e<br />
em uma delas foi reduzida, devido à supressão de vegetação causada pelo<br />
aumento da trilha que leva as pessoas à praia.<br />
No artigo A Formação Continuada De Professores Acerca Das<br />
Tecnologias Da Educação: Uma Discussão Em Uma Escola Particular No<br />
Estado De São Paulo/Brasil os autores Patrícia Rodrigues Carvalho dos<br />
Reis e Ulysses Camargo Corrêa Diegues tratam da formação continuada de<br />
professores considerando que a formação docente está no centro de<br />
amplas discussões e deve acontecer no próprio espaço escolar com<br />
participação ativa dos educadores considerando os avanços tecnológicos<br />
que propiciam possibilidades de informação e vêm transformando a<br />
maneira de interação, de revolução da informação e comunicação<br />
fundamentada em novas tecnologias (GIRARD, 2011). O objetivo da<br />
2
pesquisa foi o de problematizar o campo das tecnologias educacionais,<br />
enfatizando a formação continuada tecnológica dos professores com o<br />
objetivo fundamental de exercer o processo de ensino-aprendizagem com<br />
qualidade e relatar uma experiência de formação continuada num<br />
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em uma escola da rede privada<br />
na cidade de Santos abordando o uso do Moodle como ferramenta<br />
didática e os resultados que estão sendo obtidos com seu uso na<br />
instituição de ensino no curso de formação continuada sobre tecnologias<br />
educacionais.<br />
Das autoras Jaqueline Cabral Alves e Solange Cabral Alves a<br />
produção Uma proposta educativa para a prevenção de acidentes<br />
envolvendo cnidários Chiropsalmus quadrumanus e Olindias<br />
sambaquiesis destaca que a costa brasileira revela uma notável<br />
biodiversidade em sua amplitude, onde é previsível a relação de seres<br />
humanos com a fauna marinha. Afirmam que este contato pode ocasionar<br />
risco de acidentes envolvendo animais aquáticos, associados à ausência de<br />
informação sobre o habitat e suas características. Tomaram como base a<br />
metodologia de estudo de caso no ambiente da Praia de Boracéia, no<br />
município de Bertioga, região da Baixada Santista, Estado de São Paulo,<br />
que apresenta longa extensão e grande diversidade da fauna marinha, e<br />
em contrapartida, registros frequentes de acidentes envolvendo cnidários<br />
revelando que as espécies Chiropsalmus quadrumanus e Olindias<br />
sambaquiensis foram as que mais provocaram acidentes na região<br />
propondo uma ação educativa ambiental para toda a comunidade.<br />
No artigo Da Ignorância Às Fontes Do Conhecimento: Um Intruso<br />
Entre Popper E O Conceito De Limite o autor Felipe Augusto de Mesquita<br />
Comelli revela que no artigo são apresentadas e concatenadas as<br />
diferentes temáticas apresentadas e discutidas ao longo de um semestre<br />
de aulas da disciplina Teorias da Educação Matemática do Programa de<br />
Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática da Pontifícia<br />
Universidade Católica de São Paulo. Revela ainda que o objetivo do artigo<br />
é oferecer ao leitor além de uma visão sobre os conteúdos presentes nos<br />
debates e seminários realizados, uma reflexão sobre a participação de um<br />
aluno oriundo de área de formação heteróctone ao curso. Pondera, ao<br />
3
final, que é necessário refletir sobre qual modo a diversidade de áreas das<br />
quais são oriundos os alunos ingressantes na pós-graduação em Educação<br />
Matemática pode contribuir para a consolidação da educação matemática<br />
como área de pesquisa.<br />
Agradecemos a todos os autores que com compromisso se<br />
dedicaram a compartilhar conosco suas produções e seus estudos.<br />
Muito obrigada a todos,<br />
Elisabeth dos Santos Tavares<br />
4
ARTIGO ORIGINAL<br />
A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ACERCA DAS<br />
TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO: UMA DISCUSSÃO EM UMA ESCOLA<br />
PARTICULAR NO ESTADO DE SÃO PAULO/BRASIL<br />
Patrícia Rodrigues Carvalho dos Reis<br />
patriciarcreis@gmail.com<br />
Ulysses Camargo Corrêa Diegues<br />
ulyssesdiegues@gmail.com<br />
Resumo<br />
Nos últimos tempos, a formação continuada de professores vem sendo<br />
discutida e analisada constantemente. As questões relativas à formação<br />
docente estão no centro de amplas discussões e que deve acontecer no<br />
próprio espaço escolar, com participação ativa dos educadores na<br />
concepção e execução dos mesmos enquanto investigadores de suas<br />
próprias práticas (PEREIRA, 2002). Concomitantemente, os avanços<br />
tecnológicos propiciam possibilidades de informação e vêm<br />
transformando a maneira de interação, de revolução da informação e<br />
comunicação fundamentada em novas tecnologias (GIRARD, 2011). Diante<br />
desse atual cenário, o objetivo dessa pesquisa é problematizar o campo<br />
das tecnologias educacionais, enfatizando a formação continuada<br />
tecnológica dos professores com o objetivo fundamental de exercer o<br />
processo de ensino-aprendizagem com qualidade e relatar uma<br />
experiência de formação continuada num Ambiente Virtual de<br />
Aprendizagem (AVA), em uma escola da rede privada na cidade de Santos,<br />
a partir da visão de Almeida (2003). Os ambientes virtuais de<br />
aprendizagem são plataformas de ensino que permitem uma interação de<br />
forma não presencial e assíncrona. O ambiente utilizado é o Moodle, um<br />
software livre e talvez o mais conhecido para a criação e gerenciamento<br />
de curso de Educação a Distância (EaD). Nossa pesquisa então também<br />
aborda o uso do Moodle como ferramenta didática, as suas vantagens e<br />
desvantagens em ambas as situações e os resultados que estão sendo<br />
obtidos com seu uso em nossa instituição de ensino no curso de formação<br />
continuada sobre tecnologias educacionais.<br />
Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem, Formação Continuada, Tecnologia<br />
da Educação, Ambiente Virtual de Aprendizagem, Educação a Distância.<br />
5
1. INTRODUÇÃO<br />
Hoje em dia, falar de educação de qualidade sem mencionar a<br />
formação continuada de professores é quase impossível. A escola vem<br />
desempenhando vários e novos papéis na sociedade; este vem sendo um<br />
campo de constante transformação, e o professor tem um papel<br />
fundamental: ele é o responsável pela mudança ou transformação de<br />
atitude e pensamento dos alunos. Contudo, o professor precisa estar<br />
preparado para os novos e crescentes desafios da nova geração que está<br />
em contato com novas tecnologias e fontes de acesso ao conhecimento<br />
quase que instantaneamente. Schnetzler; Rosa (2003, p. 27) apontam a<br />
formação continuada de professores baseando-se em três razões:<br />
[...] a necessidade de contínuo aprimoramento profissional e de<br />
reflexões críticas sobre a própria prática pedagógica, pois a efetiva<br />
melhoria do processo ensino-aprendizagem só acontece pela ação do<br />
professor, a necessidade de se superar o distanciamento entre<br />
contribuições da pesquisa educacional e a sua utilização para a melhoria<br />
da sala de aula, implicando que o professor seja também pesquisador de<br />
sua própria prática; em geral, os professores têm uma visão simplista da<br />
atividade docente, ao conceberem que para ensinar basta conhecer o<br />
conteúdo e utilizar algumas técnicas pedagógicas.<br />
Diante do cenário exposto, nossa pesquisa tem por objetivo<br />
problematizar a formação continuada dos professores juntamente com o<br />
campo das tecnologias educacionais visando o processo de ensinoaprendizagem<br />
com qualidade e relatando uma experiência de formação<br />
por um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).<br />
6
2. FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES<br />
Formar-se é um processo para toda vida. Aprendemos mediante as<br />
relações e interações que acontecem nos diversos ambientes culturais nos<br />
quais temos relações.<br />
Aprender é mais do que receber ou obter informações e conhecêlas<br />
ou compreendê-las é tornar o aprendizado parte de nós, e nos<br />
desenvolver com ele. Portanto, o processo de aprendizagem se realiza<br />
individualmente e coletivamente dentro da cultura.<br />
Durante muito tempo, a formação inicial foi considerada suficiente<br />
para a preparação do indivíduo para toda a vida profissional. Entretanto, o<br />
avanço do conhecimento, nas últimas décadas, e o seu<br />
interrelacionamento com o desempenho profissional trouxeram à tona a<br />
necessidade de atualização e aperfeiçoamento constante, principalmente<br />
daqueles que atuam na educação:<br />
A formação não se esgota na formação inicial, devendo prosseguir<br />
ao longo da carreira, de forma coerente e integrada, respondendo às<br />
necessidades de formação sentidas pelo próprio e às do sistema<br />
educativo, resultantes das mudanças sociais e/ou do próprio sistema de<br />
ensino (RODRIGUES; ESTEVES, 1993, p. 41).<br />
O docente precisa buscar constantemente o aprimoramento de suas<br />
habilidades didáticas.<br />
Assim, a formação continuada deve permitir que o professor reflita<br />
sobre a sua prática pedagógica incentivando a utilização de novas<br />
metodologias e possibilitando contato com discussões teóricas atuais,<br />
oportunizando o diálogo e a discussão nas diferentes áreas dos saberes.<br />
“[...] na formação permanente dos professores, o momento<br />
fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando<br />
7
criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a<br />
próxima prática” (FREIRE, 1996, p. 43-44).<br />
3. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC’s) E<br />
AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM (AVA’s)<br />
O professor precisa compreender melhor a realidade de seus alunos<br />
para, a partir dela, assumir o compromisso de agir e refletir sobre sua<br />
prática docente (FREIRE, 2007). Não é segredo para nenhum professor que<br />
as tecnologias em geral exercem grande fascínio nos alunos.<br />
Podemos definir Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s)<br />
como um conjunto de recursos tecnológicos que, se estiverem integrados<br />
entre si, podem proporcionar a comunicação de vários tipos de processos<br />
existentes na educação e na pesquisa científica. Assim, todas as<br />
tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais e<br />
comunicativos dos seres podem ser chamadas de TIC’s. Englobam desde<br />
equipamentos, como computadores e tablets até Ambientes Virtuais de<br />
Aprendizagem, aplicativos, softwares, internet, entre outros.<br />
As TIC’s se tornaram uma ferramenta potencializadora do processo de<br />
ensino e de aprendizagem, especialmente para os alunos, o que exige, no<br />
entanto o sério compromisso com a qualidade da aprendizagem. Para<br />
Freire o recurso à tecnologia pressupõe a compreensão do seu poder<br />
político, de uma determinada concepção do mundo, do Homem e claro do<br />
processo de ensino/aprendizagem (FREIRE, 1977).<br />
A adoção de plataformas, aulas e objetos educacionais digitais (vídeos,<br />
games, redes sociais, aplicativos, etc.) podem contribuir para que cada<br />
aluno desenvolva habilidades e competências compatíveis com as novas<br />
demandas sociais, construindo um percurso próprio de aprendizagem, no<br />
8
seu ritmo e a partir das suas necessidades, protagonizando aprendizagens<br />
coletivas e colaborativas, reformulando espaços e tempos escolares e<br />
ampliando o papel do professor como mediador de conhecimento.<br />
Os AVA’s são contextos digitais que podem propiciar interação e<br />
construção coletiva e colaborativa do conhecimento, além da apropriação<br />
de conteúdo, independente da localização geográfica, enriquecendo as<br />
atividades e possibilitando a ressignificação de saberes.<br />
Segundo Almeida (2001), em um AVA as atividades se desenvolvem no<br />
tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza,<br />
de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio,<br />
que deve ser revisto e reelaborado continuamente no andamento da<br />
atividade.<br />
É importante ressaltar que o uso do AVA auxilia o docente a trabalhar<br />
com grupos de alunos cada vez mais heterogêneos no modo de agir,<br />
pensar e interagir, oportunizando o ensino e o aprendizado de maneira<br />
cada vez mais diversificada, atendendo a demanda escolar.<br />
De acordo com Sacristán e Gómez (2008) não temos como desvencilhar<br />
a organização da aula e da escola, e a formação profissional do docente,<br />
que deve garantir o tratamento educativo das diferenças, trabalhando<br />
com cada aluno a partir de sua realidade, seu cotidiano.<br />
Assim, o docente que utiliza os inúmeros recursos tecnológicos em sua<br />
formação continuada, passa a vislumbrar novos meios de aprender e<br />
também de ensinar.<br />
Os AVAs propiciam uma “alternativa viável a abrir caminhos para que<br />
vários sujeitos, separados geograficamente, interajam ressignificando as<br />
atividades de linguagem” (FERRAZ, 2009) que podem, dentro de um<br />
contexto <strong>digital</strong>, propiciar interação e construção coletiva e colaborativa<br />
9
do conhecimento, além da apropriação de conteúdo, independente da<br />
localização geográfica, enriquecendo as atividades e possibilitando<br />
ressignificar conteúdos.<br />
4. LÓCUS DA PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS<br />
A escola na qual se realizou a pesquisa fica na cidade de Santos, SP –<br />
Brasil. É uma escola particular, que iniciou suas atividades em 1991, na<br />
Educação Infantil e hoje trabalha com o Ensino Fundamental e o Ensino<br />
Médio também. Possui cerca de 1.600 alunos e conta com quatro<br />
unidades, uma para Educação Infantil, outra para os alunos do Ensino<br />
Fundamental, do 1º ao 4º ano, a terceira para os alunos do 5º ao 9º ano e<br />
a mais nova unidade para atender ao Ensino Médio.<br />
O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola está fundamentado na<br />
teoria sociointeracionista vygotskyana, visando a formação integral e<br />
priorizando o trabalho com projetos e valores vivenciados nas novas<br />
aprendizagens.<br />
A escola possui em seu AVA a sala Ideias e Ideais. Uma sala virtual, na<br />
plataforma MOODLE, que atualmente é uma das mais utilizadas<br />
mundialmente. A sala tem como objetivo principal oportunizar formação<br />
continuada e complementar os encontros presenciais de formação. Nela,<br />
os docentes encontram um ambiente repleto de referenciais teóricos<br />
atuais que vão de encontro ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola,<br />
em uma interface que os leva a uma reflexão sobre a sua prática<br />
pedagógica incentivando a utilização de novas metodologias, abrindo<br />
então, um espaço para o diálogo e a discussão nas diferentes áreas dos<br />
saberes, formando uma comunidade de investigação no ambiente escolar<br />
10
e promovendo ações que reconhecem os processos de ensino e de<br />
aprendizagem como um processo de construção colaborativo e contínuo.<br />
No estudo realizado a metodologia utilizada foi a qualitativa com a<br />
utilização de questionário com perguntas abertas e fechadas aplicado a 20<br />
docentes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio que<br />
participam dos encontros presenciais de formação e da sala virtual Ideias<br />
e Ideais. Os docentes que participaram da pesquisa foram divididos pelas<br />
grandes áreas de estudo: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências<br />
da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências<br />
Humanas e suas Tecnologias.<br />
Dentre os docentes pesquisados, 25% atuam no Ensino Médio, 30% no<br />
Ensino Fundamental Anos Finais e 45% deles atuam em ambos os<br />
segmentos.<br />
Ao serem questionados sobre sua formação continuada, 33% deles<br />
relataram possuir pós-graduação em nível Latu Sensu, 22% em nível<br />
Stricto Sensu e 45% em Cursos Livres.<br />
11
Em relação à formação continuada online, por meio de ambiente<br />
virtual de aprendizagem, 80% dos docentes disseram acreditar que ela<br />
pode ser tão significativa quanto a formação presencial, enquanto 10%<br />
disseram que não e outros 10% disseram que isto depende do conteúdo a<br />
ser estudado no AVA.<br />
12
Considerando exclusivamente a prática docente na escola pesquisada,<br />
foi questionado aos professores qual a maior dificuldade que eles<br />
enxergavam para a implementação da formação por meio do MOODLE.<br />
30% deles disseram não enxergar dificuldades, 40% alegaram falta de<br />
tempo, 5% disseram que ainda falta conscientização a respeito da<br />
importância do AVA no processo de formação continuada e 25% citaram<br />
outros motivos.<br />
O MOODLE é um ambiente virtual de aprendizagem que oferece<br />
diversas interfaces que permitem ao professor realizar atividades<br />
síncronas, assíncronas, individuais e coletivas. Ao serem questionados<br />
sobre qual destas interfaces possui um maior potencial didático, 80%<br />
deles selecionou a opção “textos e vídeos” disponibilizados na plataforma,<br />
15% optaram pelo fórum e 5% escolheram a Wiki, uma interface que<br />
permite a construção de textos colaborativos de maneira assíncrona.<br />
13
A frequência com que os docentes acessam a sala de formação Ideias e<br />
Ideais também foi questionado: 30% deles acessam a sala semanalmente,<br />
45% mensalmente e 25% nunca acessam ou acessam somente durante os<br />
encontros presenciais de formação.<br />
14
Para concluir, foi perguntado aos docentes se atualmente eles estavam<br />
participando de algum curso: 65% deles disseram que sim, enquanto 35%<br />
disseram que não.<br />
5. Considerações Finais<br />
A pesquisa aqui descrita serviu para reforçar o quanto a formação<br />
continuada é importante e a necessidade desta de ser constante para<br />
poder acompanhar a rapidez com que o conhecimento vem se<br />
propagando.<br />
Os docentes devem priorizar e valorizar os encontros de formação:<br />
presenciais e online, principalmente quando eles são oferecidos em seu<br />
ambiente de trabalho, como reconhecimento do seu papel fundamental<br />
na formação de cidadãos.<br />
Há ainda uma porcentagem significativa de professores que não adere<br />
a formação continuada por meio do AVA. Devido a isto, é preciso<br />
conscientizar os docentes sobre a importância do AVA como ferramenta<br />
facilitadora e potencializadora na formação continuada, uma vez que<br />
15
oportuniza trocas entre docentes de diversas áreas do saber, com<br />
flexibilização de tempo.<br />
O uso de ambientes virtuais de formação permite ao professor<br />
vivenciar novas estratégias de ensino e aprendizagem com os alunos e<br />
discutir/refletir sobre sua prática docente.<br />
Os dados obtidos serão avaliados e analisados para uma intervenção<br />
na formação dos professores da unidade escolar pesquisada.<br />
Referências<br />
ALMEIDA, M. E. B. O computador na escola: contextualizando a formação<br />
de professores. São Paulo: Tese de doutorado. Programa de Pós-<br />
Graduação em Educação: Currículo, Pontifícia Universidade Católica de<br />
São Paulo, 2000b.<br />
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL – CGI.br. Pesquisa Sobre o Uso<br />
das Tecnologias de Informação e Comunicação nas escolas brasileiras.<br />
TIC Educação 2013. São Paulo: CGI.br, 2014. Coord. Alexandre F. Barbosa.<br />
Disponível em: . Acesso em: 06 mar. 2016.<br />
FERRAZ, O. Tecendo saberes na rede: o Moodle como espaço<br />
significativo de leitura e escrita. In: L. ALVES, D. BARROS & A. OKADA<br />
(Orgs.), 2009, Moodle: estratégias pedagógicas e estudos de caso.<br />
Salvador: EDUNEB.<br />
FREIRE, Paulo. Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma experiência em<br />
processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.<br />
_______. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 2007.<br />
_______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática<br />
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.<br />
RODRIGUES, Ângela; ESTEVES, Manuela. A análise de necessidades na<br />
formação de professores. Porto: Porto Editora, 1993.<br />
SACRISTÁN, J. Gimeno; GÓMEZ A.L. Pérez. Compreender e Transformar o<br />
Ensino. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.<br />
16
UMA PROPOSTA EDUCATIVA PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES<br />
ENVOLVENDO CNIDÁRIOS – CHIROPSALMUS QUADRUMANUS E<br />
OLINDIAS SAMBAQUIESIS<br />
Jaqueline Cabral Alves<br />
Mestrado em Ecologia - Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas<br />
Marinhos e Costeiros da Universidade Santa Cecília<br />
jaqueline.cabral@uol.com.br<br />
Solange Cabral Alves<br />
solangecabralves@uol.com.br<br />
Resumo<br />
A costa brasileira revela uma notável biodiversidade em sua amplitude,<br />
onde é previsível a relação de seres humanos com a fauna marinha. Este<br />
contato pode ocasionar risco de acidentes envolvendo animais aquáticos,<br />
associados à ausência de informação sobre o habitat e suas<br />
características. A presente proposta tomou como base a metodologia de<br />
estudo de caso no ambiente da Praia de Boracéia, no município de<br />
Bertioga, região da Baixada Santista, Estado de São Paulo, que apresenta<br />
longa extensão e grande diversidade da fauna marinha, e em<br />
contrapartida, registros frequentes de acidentes envolvendo cnidários.<br />
Foram realizadas pesquisas bibliográficas relacionadas à espécie, bem<br />
como, análise dos registros de acidentes envolvendo esses animais na<br />
localidade. As espécies Chiropsalmus quadrumanus e Olindias<br />
sambaquiensis foram as que mais provocaram acidentes na região. A<br />
partir de uma ação educativa ambiental acerca do modo de vida destes<br />
animais, a percepção dos olhares dos estudantes, turistas e comunidade<br />
local será direcionada a construção de conhecimentos significativos à<br />
biodiversidade e prevenção de acidentes.<br />
Palavras-chave: Biodiversidade; cnidários; população humana; educação<br />
ambiental.<br />
An educational proposal for the prevention of accidents involving<br />
cnidarians Chropsalmus quadrumanus and Olindias sambaquiesis.<br />
Abstract<br />
The Brazilian coast reveals a remarkable biodiversity in its breadth, where<br />
it is likely to humans compared with marine fauna. This contact can cause<br />
risk of accidents involving aquatic animals associated with the lack of<br />
17
information on the habitat and its features. This proposal was based on<br />
the Boracéia Beach, in Bertioga, São Paulo; featuring long stretch, the site<br />
holds great diversity of marine fauna, and on the other hand, frequent<br />
records of accidents involving cnidarians. The principal methodology was<br />
conducting literature searches related species, as well as records of<br />
accidents involving these animals in the locality. The species Chiropsalmus<br />
quadrumanus and Olindias sambaquiensis were the most accidents<br />
caused in the region. From an environmental educational activities about<br />
the way of life of these animals, the perception of the eyes of students,<br />
tourists and the local community will be directed the construction of<br />
meaningful knowledge of biodiversity and prevention of accidents.<br />
Keywords: Biodiversity; cnidarians; human population; environmental<br />
education.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A costa brasileira é provida de vasta biodiversidade. A interação de<br />
populações humanas com o ambiente costeiro é natural, o que favorece o<br />
contato de animais peçonhentos com indivíduos, em virtude do grande<br />
fluxo de banhistas às praias, bem como, em atividades de lazer e pesca<br />
(MONDIN, 2007). Denominam-se animais peçonhentos aqueles que em<br />
sua anatomia são munidos de peçonha ou toxina, alojada em ferrões,<br />
presas ou quelíceras, servindo como mecanismo de defesa e captura de<br />
presas (CARDOSO & SOARES, 2000).<br />
Estudos existentes comprovam que ocorrências envolvendo<br />
populações humanas e animais marinhos peçonhentos são significativas.<br />
Nos últimos anos, acentuaram-se pesquisas de acidentes envolvendo<br />
cnidários brasileiros, principalmente, aqueles ocasionados por cubomedusas<br />
e caravelas (HADDAD Jr & CARDOSO, 2001; MONTENEGRO,<br />
2000). E grande parte de acidentes provenientes do contato com animais<br />
aquáticos, estão associados à falta de informação de banhistas e<br />
populações do entorno sobre o cotidiano desses animais, e a gravidade<br />
18
que pode ocasionar seu contato direto. Em países como a Austrália, por<br />
exemplo, a informação associada à prevenção de acidentes envolvendo<br />
animais aquáticos é acessível. (ALVES & AOYAMA, 2009; HADDAD Jr, 2000;<br />
NEVES, 2007).<br />
Compreender as interações com o ambiente é uma necessidade da<br />
sociedade atual. É preciso propagar o conhecimento nato por meio das<br />
experiências referidas por comunidades, que são detentoras de saberes<br />
acerca da biodiversidade local (MACHADO, 2006; PESSOA & COSTA, 2014).<br />
Dessa forma, a proposta de desenvolver ações educacionais<br />
multidisciplinares que instrumentalizem banhistas, pescadores e<br />
comunidade local, significa ampliar o entendimento acerca do que é a<br />
fauna marinha e sua preservação.<br />
OBJETIVOS<br />
Este trabalho teve como objetivos desenvolver uma metodologia<br />
visando instrumentalizar grupos de turistas, por meio de ações e<br />
estratégias educacionais multidisciplinares, sobre a fauna marinha e seu<br />
ambiente natural, assim como a prevenir acidentes com animais<br />
marinhos, utilizando a comunidade local como agentes promotores de<br />
conhecimento.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foi tomada como base a comunidade de Boracéia, localizada na<br />
cidade de Bertioga (SP), em destaque na figura 1. A região é composta por<br />
um grande número de moradores e recebe muitos turistas ao decorrer do<br />
ano. Existe um posto de saúde na região e uma brigada do corpo de<br />
19
ombeiros salva-vidas; entretanto, os casos mais graves são<br />
encaminhados para atendimento no hospital municipal.<br />
Figura 1: Imagem de satélite da Praia de Boracéia, município de Bertioga, SP. Fonte:<br />
Google Maps® - data da imagem: 01/09/2016.<br />
Em consulta aos registros do Hospital Municipal de Bertioga, foi<br />
realizado um levantamento bibliográfico acerca dos acidentes ocorridos<br />
durante os últimos dois anos, na Praia de Boracéia, região da Baixada<br />
Santista, associando a estimativa de episódios com a época do ano. A<br />
identificação das espécies foi realizada pela Secretaria de Meio Ambiente<br />
do Município.<br />
RESULTADOS<br />
Os registros oficiais analisados demonstram que nos últimos dois<br />
anos, 12% dos acidentes ocorreram na primavera, 63% no verão, 18% no<br />
outono e 7% no inverno, revelando que, a maioria dos acidentes tem<br />
predominância em épocas mais quentes do ano, por se tratar de um<br />
período com grande fluxo de banhistas e visitantes (Figura 2). As espécies<br />
Chiropsalmus quadrumanus e Olindias sambaquiensis foram as que mais<br />
provocaram acidentes na região.<br />
20
Figura 2: Ocorrências envolvendo cnidários<br />
durante os anos de 2014 e 2015. Fonte:<br />
Prefeitura Municipal de Bertioga – Secretaria<br />
de Saúde. 2016.<br />
Figura 3: Cnidário encontrado na Praia<br />
de Boracéia, município de Bertioga, SP.<br />
Espécie não identificada. Fonte: Diretoria<br />
de Comunicação, disponível em:<br />
https://www.flickr.com/photos/prefeitur<br />
adebertioga/14575 Acesso em 30 de<br />
agosto de 2016.<br />
Dado o número de acidentes registrados envolvendo animais<br />
marinhos peçonhentos, faz-se necessária a aplicabilidade de um estudo de<br />
caso que considere a realização de ações educacionais multidisciplinares,<br />
inicialmente com os alunos da escola municipal do bairro de Boracéia, na<br />
perspectiva de formação de agentes que atuarão junto aos turistas e<br />
comunidade do entorno. Nas escolas, propõe-se a realização de atividades<br />
como o uso de jogos didáticos, rodas de conversa, e, por fim, a produção<br />
de cartazes e folhetos informativos, que serão distribuídos aos banhistas e<br />
afixados em veículos de transporte público, para a divulgação de<br />
informações, conforme exemplos nas figuras 4 e 5.<br />
21
Figuras 4 e 5: Exemplo de cartaz informativo a ser produzido durante as ações<br />
educativas, para distribuição aos banhistas e divulgação em veículos de transporte<br />
público. Fonte: Corpo de Bombeiros - SP.<br />
Na praia, a montagem de uma tenda educativa, com a realização de<br />
palestras em dois horários do dia (manhã e tarde), com grupos de<br />
aproximadamente vinte pessoas, para assistir palestras em formato de<br />
vídeos, tendo os alunos da escola como monitores durante o contra turno<br />
das aulas regulares.<br />
DISCUSSÃO<br />
Os dados apresentados são de grande relevância ecológica, pois<br />
apesar de ocorrências envolvendo espécies marinhas peçonhentas<br />
ocorrerem em vários locais do litoral brasileiro, o número de pesquisas<br />
científicas acerca do tema ainda é restrito. Acidentes com cnidários<br />
passaram a ser registrados a partir de 1999, onde descreve-se um<br />
acidente com um hidrozoário, a caravela Physalia physalis no litoral de São<br />
Paulo, e em 2000, foi publicado o Atlas de animais aquáticos perigosos do<br />
Brasil: guia médico de diagnóstico e tratamento de acidentes (HADDAD Jr,<br />
2000; MIGOTTO, 1999). Esses dados revelam a necessidade de estudos<br />
aprofundados acerca da problemática e ações educativas ambientais no<br />
22
que tange ao conhecimento dessas espécies e a prevenção de acidentes,<br />
uma vez que, episódios envolvendo acidentes com cnidários na costa<br />
brasileira, são cada vez mais frequentes.<br />
CONCLUSÕES<br />
A proposta aqui apresentada proporcionará aos alunos a construção<br />
real do conhecimento, por meio do seu cotidiano, onde os mesmos<br />
realizarão um levantamento prévio de seus saberes, inferências com o<br />
objeto de estudo e consolidarão novas aprendizagens. Além disso, a<br />
proposta tornará os alunos agentes irradiadores de conhecimento e<br />
informação, fazendo com que sejam protagonistas da ação educativa<br />
ambiental.<br />
Pressupomos com a presente metodologia que, há a necessidade de<br />
oportunizar aos moradores e frequentadores de regiões litorâneas, por<br />
meio de ações educacionais multidisciplinares, a construção do<br />
conhecimento acerca das espécies Chiropsalmus quadrumanus e Olindias<br />
sambaquiensis, bem como, a transformação desse conhecimento em<br />
ações promotoras da prevenção de acidentes envolvendo estes animais<br />
marinhos.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ALVES, Roberto. e AOYAMA, Patrícia Miyuki. Machado. Animais<br />
peçonhentos e tóxicos de importância médica ocorrentes em ambientes<br />
aquáticos. Departamento de Ciências Biológicas - Faculdades Integradas<br />
de Ourinhos. 2009.<br />
CARDOSO, Carlos. Ferreira de Lima e SOARES, Marcelo de Araújo. Animais<br />
Peçonhentos do Município de Mangaratiba, RJ. <strong>Revista</strong> Eletrônica Novo<br />
Enfoque, v. 16, n. 16, p. 25 – 40. 2013.<br />
23
HADDAD Jr, Vidal. Atlas de animais aquáticos perigosos do Brasil: guia<br />
médico de diagnóstico e tratamento de acidentes. São Paulo: Rocca;<br />
2000.<br />
HADDAD Jr., Vidal & CARDOSO J.L.C. Seabather's eruption: report of five<br />
cases in the Southeast Region of Brazil. <strong>Revista</strong> do Instituto de Medicina<br />
Tropical. São Paulo 43: 171-172, 2001.<br />
MACHADO, Rosângela Fátima de Oliveira; VELASCO, Fermin de La Caridad<br />
Garcia e AMIM, Valéria. O Encontro da Política Nacional de Educação<br />
Ambiental com a Política Nacional do Idoso. Saúde e Sociedade v.15 n.3.<br />
2006.<br />
MIGOTTO, Alvaro E.; SILVEIRA, Fábio L.; SCHLENZ, Erika. e FREITAS, José<br />
Carlos. Filo Cnidaria. In: MIGOTTO, Alvaro e TIAGO, Cláudio G. Bases para<br />
conservação da biodiversidade de São Paulo – Síntese do conhecimento<br />
ao final do século XX. São Sebastião: Centro de Biologia Marinha da USP;<br />
1999.<br />
MONDIN, Alice Cristina. Caracterização toxinológica de peçonha do Bagre<br />
Marinho Cathorops spixii. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo,<br />
São Paulo. 2007. MONTENEGRO, Thalles. Inferno de verão. <strong>Revista</strong> Saúde;<br />
71-75. 2000.<br />
NEVES, Ricardo F.; AMARAL, Fernanda D.; STEINER, Andrea Q.<br />
Levantamento de registros dos acidentes com cnidários em algumas<br />
praias do litoral de Pernambuco (Brasil), Survey of cnidarian accident<br />
records in some beaches of the coast of Pernambuco (Brazil). Ciência &<br />
Saúde Coletiva, 12(1):231-237, 2007.<br />
PESSOA, Gustavo Pereira; COSTA, Fernanda. Percepção ambiental e<br />
onilateralidade: contribuições para a educação ambiental no espaço<br />
escolar. <strong>Revista</strong> Educação Ambiental em Ação. Número 50, Ano XIII. 2014.<br />
PREFEITURA MUNICIPAL DE BERTIOGA. Secretaria de Saúde. Disponível<br />
em: http://www.bertioga.sp.gov.br/saúde. Acesso em 20 de junho de<br />
2016.<br />
24
DA IGNORÂNCIA ÀS FONTES DO CONHECIMENTO: UM INTRUSO ENTRE<br />
POPPER E O CONCEITO DE LIMITE<br />
Felipe Augusto de Mesquita Comelli<br />
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP – Brasil<br />
famcomelli@gmail.com<br />
Resumo<br />
Neste artigo são apresentadas e concatenadas as diferentes temáticas<br />
apresentadas e discutidas ao longo de um semestre de aulas da disciplina<br />
Teorias da Educação Matemática do Programa de Estudos Pós-Graduados<br />
em Educação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São<br />
Paulo. O objetivo do artigo é oferecer ao leitor além de uma visão sobre os<br />
conteúdos presentes nos debates e seminários realizados, uma reflexão<br />
sobre a participação de um aluno oriundo de área de formação<br />
heteróctone ao curso. As observações são pessoais, baseadas na<br />
interlocução com outros quatro alunos do curso e sua professora<br />
ministrante. Pondera-se, ao final, que é necessário refletir sobre qual<br />
modo a diversidade de áreas das quais são oriundos os alunos<br />
ingressantes na pós-graduação em Educação Matemática pode contribuir<br />
para a consolidação da educação matemática como área de pesquisa.<br />
Palavras-chave: Teorias da educação matemática. Karl Popper.<br />
Disciplinarização. Conceito de Limite.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O presente texto pretende apresentar sucintamente o conjunto de<br />
artigos e trechos de publicações discutidos e sintetizados durante aulas e<br />
pós-aulas da disciplina de Teorias da Educação Matemática, ministrada na<br />
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, pela Professora Doutora<br />
Sonia Barbosa Camargo Igliori, entre os meses de fevereiro e junho de<br />
2016.<br />
De certo modo, a escolha do título tem a intenção de indicar ao<br />
leitor um pouco da sensação de estranheza – mas também de encanto –<br />
que tem um estudante de doutorado do Programa de Estudos Pós-<br />
Graduados em Educação Matemática, mas graduado e pós-graduado em<br />
25
Ciências Naturais, ao participar de disciplinas desse programa. Intencionase,<br />
portanto, também expressar as dúvidas, considerações, sensações e<br />
emoções surgidas no decorrer do curso. Explorar esses aspectos do<br />
domínio afetivo se justifica porque é essa a área na qual se insere nossa<br />
pesquisa de doutoramento. Também traz à luz um detalhe sobre a<br />
formação de um coordenador pedagógico, formador de professores.<br />
Participaram do curso citado cinco alunos, com uma composição de<br />
duas mulheres e três homens, comigo incluído. Três desses componentes<br />
possuem graduação em Matemática e mestrado na área. Outro aluno é<br />
graduado em Administração, com mestrado em Sistema de Gestão. A<br />
composição da turma reflete uma heterogeneidade que vai além da<br />
escolha particular das linhas de pesquisa dentro do PEPG em Educação<br />
Matemática, configurando-se em uma diversidade particular de<br />
concepções sobre educação, didática, Matemática, ensino etc. e<br />
apresentando-se como um desafio perceptível à docente que ministrou o<br />
curso, algo que será apontado ao longo do artigo.<br />
As aulas semanais, realizadas nas manhãs de sábado, constituíramse,<br />
basicamente, do encaminhamento prévio pela professora de<br />
referências bibliográficas selecionadas para leitura semanal (de autores<br />
como Popper, Igliori, Fishbein, Elon, que se encontram nas referências<br />
desse artigo); da leitura coletiva em sala de aula – intercalada entre os<br />
alunos e a professora –; da discussão e destaque de pontos relevantes dos<br />
textos (quer observados pelos alunos, quer pela docente); da arguição oral<br />
feita pela professora aos alunos, bem como de suas respostas e sequência<br />
de discussão; da apresentação sobre conceitos de matemática (conjuntos,<br />
funções etc.) e seu registro em lousa realizado pela professora; da<br />
produção e envio por parte dos alunos de sínteses dos textos propostos e<br />
26
posterior devolutiva da professora; de uma aula em laboratório de<br />
informática com o programa Geogebra – no qual se trabalhou a ideia de<br />
Limite –; da apresentação e debate de seminários produzidos pelos alunos<br />
a partir de artigos científicos escolhidos pelos próprios discentes, mas a<br />
partir de critérios definidos pela professora, cujo ponto central fosse a<br />
presença de teorias de educação em matemática.<br />
Destaca-se que o curso procurou introduzir seus alunos no debate<br />
do histórico e implementação da disciplinarização da educação<br />
matemática, nas discussões da necessidade de uma filosofia e teoria que<br />
suportem a área, e nos argumentos sobre a dualidade da matemática<br />
como produção humana.<br />
OS SEMINÁRIOS<br />
As apresentações dos seminários ocorreram entre os dias 30 de<br />
abril e 04 de junho de 2016. Um seminário foi realizado por semana. Em<br />
cada uma das apresentações orais os alunos dispuseram de um notebook<br />
conectado a um projetor de imagem, contando com um tempo máximo de<br />
explanação de 40 minutos. Após a exposição, a professora abria espaço<br />
para considerações do grupo e finalizava realizando sua apreciação,<br />
correções e indicações.<br />
Os trabalhos versaram sobre a história da matemática<br />
(D’AMBROSIO, 2007), impactos de práticas de professores de matemática<br />
(FARIAS,2014), práticas formativas na licenciatura em matemática<br />
(FIORENTINI,2013), a influência do domínio dos afetos na matemática<br />
(GÓMEZ-CHACÓN, 2003) e a forma como indivíduos tomam decisões em<br />
situações de consumo (KISTEMANN JR, 2014).<br />
Na escolha dos temas foi possível observar a busca dos alunos por<br />
artigos, temáticas e assuntos que se aproximam das linhas de pesquisa nas<br />
27
quais estão inseridos. Também é possível conjecturar que a eleição dos<br />
temas procurou ir além da ampliação do repertório bibliográfico para o<br />
indivíduo, visando, consequentemente, atender àquilo que cada aluno<br />
considerou como confortável e seguro para si dentro de uma dinâmica<br />
que se caracteriza por sua exposição pública e não só daquilo que se<br />
pretende apresentar – em última instância, o aluno está sendo avaliado<br />
por seu professor e por seus pares. É possível imaginar que o aluno<br />
procurará reduzir a possibilidade de expor suas fragilidades e maximizar<br />
suas habilidades, consciente e inconscientemente. Há aí um processo<br />
dialético explícito e ao mesmo tempo silencioso e conflituoso: como a<br />
professora fez críticas sobre isso, mas não fez sobre aquilo?, por que<br />
questionaram mais o outro e não a mim?, por que o meu colega mais<br />
próximo me colocou essas questões?, como esse artigo se insere em<br />
educação matemática?, por que ela pareceu mais rígida comigo?<br />
Ao final das apresentações era muito comum observar os alunos<br />
procurando confortarem-se mutuamente, com expressões como “foi<br />
muito bem”, “sua apresentação estava ótima”, “fica tranquilo”, ao mesmo<br />
tempo que se ouviam questões em busca de aprovação, como “como eu<br />
fui?”, “você gostou?”, “estava bom?”, o que parece refletir muito mais os<br />
aspectos emocionais envolvidos do que uma preocupação na esfera dos<br />
conceitos teóricos debatidos.<br />
Em um momento ao longo das aulas e dos seminários refleti sobre a<br />
possibilidade de entender como os alunos da pós strictu sensu lidam com<br />
essas situações e como as mesmas influenciam suas produções e defesas<br />
de dissertação e tese.<br />
28
FONTES DO CONHECIMENTO E DA IGNORÂNCIA<br />
Fui introduzido a Karl Popper. Fomos, melhor dizendo, porque a<br />
percepção mais clara é a de que o grupo desconhecia o filósofo e sua<br />
produção (posso estar equivocado nessa generalização, mas o cerne da<br />
presente afirmação se mantém, pois refere-se à maioria com a qual<br />
conversei). Daí decorreria certa empatia dentro do grupo? Embora<br />
tenhamos formações, perspectivas, níveis de conhecimento diferentes, o<br />
fato de estarmos no mesmo ponto de partida sobre aspectos da filosofia<br />
desse autor traria algum reflexo em nossos comportamentos, em nossas<br />
atitudes (como posicionamento nas discussões, expectativa de erro etc.)?<br />
Propus com o título desse artigo, “Da ignorância às fontes do<br />
conhecimento: um intruso entre Popper e o conceito de limite”, uma<br />
aproximação entre o título da conferência de Popper, a crença que tenho<br />
sobre a minha ignorância a respeito dos temas propostos e a minha<br />
sensação de intromissão nos assuntos discutidos nas aulas [por exemplo,<br />
Limites (conceito matemático)]. Por outro lado, no transcorrer das aulas, a<br />
leitura de Popper permitiu-me reformular algumas questões, como a ideia<br />
falsa de que temos de justificar o nosso conhecimento por razões que<br />
devem confirmar nosso próprio conhecimento, e passar a enxergar que<br />
“todo conhecimento é humano; que o nosso conhecimento está<br />
misturado com os nossos erros, os nossos preconceitos, os nossos sonhos<br />
e as nossas esperanças” (POPPER, 2006, pág. 52). Nem uma coisa, a minha<br />
ignorância, nem outra, a ascensão às fontes do conhecimento, é verdade,<br />
portanto!<br />
Do autor, lemos uma parte da introdução “Acerca das fontes do<br />
conhecimento e da ignorância”. A questão central do texto diz respeito a<br />
“quais são as fontes do nosso conhecimento” e a necessidade de um<br />
29
exame crítico tanto da razão quanto da observação. Produzimos breves<br />
sínteses escritas dos itens compreendidos entre I e VI, e VIII e IX, da<br />
introdução de Conjecturas e Refutações.<br />
Nos itens I, II, e III da Introdução da obra, Karl Popper apresenta<br />
suas conjecturas sobre as fontes do conhecimento. Explica, incialmente, a<br />
intencionalidade por trás do título escolhido, que era o plano de atrair a<br />
atenção para doutrinas filosóficas “nunca anteriormente registradas”,<br />
como a teoria conspiratória da ignorância. Receia, logo na primeira linha,<br />
que alguns ouvidos mais críticos poderiam ficar ofendidos com a<br />
denominação de sua conferência, pois a expressão Fontes da Ignorância<br />
remete a algo negativo, obra de “influências impuras e maléficas” que nos<br />
levariam a resistir ao conhecimento, deixando esse tema para mais<br />
adiante e partindo para a discussão sobre as Fontes do Conhecimento. O<br />
autor pretende resolver a contenda entre duas escolas, o empirismo<br />
clássico e o racionalismo clássico, afirmando que esse é o problema que<br />
deseja reexaminar. Inicia a unidade IV recorrendo à questão “Mas não<br />
estarei eu sujeito a ser inconscientemente influenciado pelas minhas<br />
esperanças e convicções políticas?”, indicando que o epistemólogo –<br />
como ele próprio – deveria tomar como aviso o fato de que não há<br />
Epistemologia pura, conquanto as ideias possam ser motivadas por<br />
esperanças políticas e sonhos utópicos. Propõe que as diversas formas de<br />
optimismo epistemológico devem ser questionadas, bem como deva a<br />
procura da verdade começar pela crítica às próprias crenças que<br />
prezamos. No item V, vemos que a doutrina de que a verdade é manifesta,<br />
requer que se explique, em contraponto, a falsidade, mas que elas por si<br />
também não podem ser verdadeiras. O autor afirma que não há sombra<br />
de verdade na teoria conspiratória ou na teoria que lhe deu origem, a<br />
30
verdade manifesta. Finaliza o item V pontuando que, embora má ideia, a<br />
epistemologia optimista de Bacon e Descartes inspirou uma revolução<br />
intelectual e moral sem paralelo na História, encorajando os homens a<br />
pensar por si próprios. Por outro lado, afirma no item VI que a teoria da<br />
verdade manifesta pode não apenas produzir fanáticos, “mas pode<br />
também conduzir, embora talvez de forma menos direta do que uma<br />
epistemologia pessimista, ao autoritarismo”. Isso porque a verdade não é,<br />
de fato, manifesta, necessitando constante interpretação e<br />
reinterpretação, afirmação e reafirmação, em um ritmo e constância que<br />
pode constituir-se em forma cínica e arbitrária. Nos estimulam a duvidar<br />
“das nossas próprias convicções”, assinalando no item VIII que este<br />
procedimento também está presente na indução baconiana. Afirma que o<br />
germe do intelectualismo de Descartes, as teorias da indução de<br />
Aristóteles e de Bacon encontram-se na epistemologia otimista de Platão,<br />
fundamentalmente porque o objetivo da maiêutica e da indução são os<br />
mesmo: “purificar a alma das suas crenças erróneas, do seu conhecimento<br />
aparente, dos seus preconceitos.”<br />
No item IX, apresenta a estrutura da teoria da indução de Bacon<br />
valendo-se do seu “interpretatio naturae”, ou melhor, de sua “decifração<br />
do livro da Natureza”. Sua posição é a de que a indução baconiana não é<br />
conjectural, pois conduz a um conhecimento certo. Bacon, segundo o<br />
autor, rejeita o método da conjectura e hipótese, opõe a falsidade<br />
humana à autenticidade da Natureza, substitui “Deus” por “Natureza” e,<br />
assim, apresenta a razão de termos de nos purificar: para limpar nossos<br />
sentidos para nos aproximar da deusa Natureza. Expurgar da mente todas<br />
as antecipações e preconceitos, eliminando os “ídolos” e procurando<br />
31
contraexemplos, seria a forma de garantir a leitura fiel do livro da<br />
Natureza, a verdade manifesta, a pureza das fontes do conhecimento:<br />
“Tendo tudo isto em consideração, sugiro que a indução<br />
baconiana (e também a aristotélica) é basicamente idêntica à<br />
maiêutica de Sócrates; ou seja, é a preparação da mente, pela<br />
depuração dos seus preconceitos, no sentido de a tornar capaz<br />
de reconhecer a verdade manifesta, ou de ler o livro aberto da<br />
Natureza” (POPPER, 2006, pág. 42).<br />
A DISCIPLINARIZAÇÃO DA MATEMÁTICA<br />
Qual a crença de um aluno de doutorado sobre o edifício da<br />
Educação Matemática como ciência, como disciplina? O fato é que, no<br />
senso comum, na perspectiva do sujeito minimamente afastado do debate<br />
acadêmico sobre questão semelhante, não se imagina que a Educação<br />
Matemática já não estivesse constituída como área. É quase um choque<br />
constatar o contrário ao sermos apresentados ao artigo “A educação<br />
matemática: breve histórico, ações implementadas e questões sobre sua<br />
disciplinarização”, de MIGUEL et al. (2004).<br />
A partir da introdução, somos informados que Ubiratan D’Ambrosio<br />
expõe aspectos históricos do percurso da pesquisa em educação<br />
matemática no mundo e no Brasil; Sonia Igliori discute a criação do grupo<br />
de trabalho sobre educação matemática na ANPEd, apresentado<br />
depoimentos de pesquisadores brasileiros que participaram da sua<br />
formação; Antônio Miguel apresenta o debate da disciplinarização da<br />
educação matemática e a pertinência da criação do grupo de estudos<br />
enfocado por Sonia Igliori; e Antônio Vicente Marafioti Garnica, a partir de<br />
estudos sobre formação de professores, aborda o espaço da pesquisa em<br />
educação matemática.<br />
No primeiro trecho de D’Ambrosio, o autor reforça que é na Idade<br />
Média, no Renascimento e no início da Idade Moderna que se identificam<br />
32
melhor as preocupações com o ensino de matemática. No Brasil, o<br />
enfoque de Luis Antonio Verney (Verdadeiro método de estudar, de 1746)<br />
é de especial interesse. Afirma que as preocupações com a educação<br />
matemática começam a tomar corpo com as grandes revoluções da<br />
modernidade (de 1767, 1776 e 1789). O texto destaca fatos da primeira<br />
década do século XX, apontando que a obra de John Dewy (Psicologia do<br />
número, de 1895) abre a nova era da educação matemática como área da<br />
educação; que a fala de John Perry, em 1901, reforça a importância da<br />
adoção de um método de ensino; que o casal de matemáticos Grace e<br />
William Young (em Beginner’s book of geometry, de 1904) propõe o uso<br />
do concreto no ensino de geometria abstrata; que Eliakim H. Moore, em<br />
artigo de 1902, propõe um novo programa baseado em um laboratório<br />
que conduziria ao exame dos métodos fundamentais da ciência. Ao final<br />
dessa primeira parte, expõe as contribuições do matemático Felix Klein<br />
para a consolidação da educação matemática, ressaltando sua liderança<br />
na fundação da Comissão Internacional de Instrução Matemática (IMUK e<br />
ICMI), em 1908.<br />
O segundo segmento do texto traz os acontecimentos após a<br />
criação do IMUK/ICMI. O texto informa que é no pós-guerra que ocorre o<br />
crescimento da educação matemática no mundo, com propostas de<br />
renovação curricular baseadas nas teorias de behavioristas e cognitivistas<br />
(como Skinner e Piaget, respectivamente), ainda que anos antes já<br />
tivessem sido criadas a American Educational Reserch Association (AERA -<br />
1916) e o National Coouncil of Teacher of Matematics (NCTM - 1920).<br />
Recebe destaque o movimento Matemática Moderna e a interpretação<br />
equivocada do brado “À bas Euclide”, do matemático Jean Dieodonné, em<br />
1959. Vê-se que, dez anos depois, ocorre o Primeiro Congresso<br />
33
Internacional de Educação Matemática (ICME 1), na França. Ressalta-se o<br />
crescimento da NCTM nos anos 60 até a unificação de suas reuniões com<br />
as da AERA a partir dos anos 1990. O autor finaliza afirmando que a ANPEd<br />
e a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) têm, no Brasil,<br />
objetivos respectivamente semelhantes aos da AERA e do NCTM.<br />
No item “O projeto de disciplinarização da prática social em<br />
educação matemática”, Antônio Miguel apresenta e discute o problema<br />
do lócus da educação matemática em relação às demais disciplinas<br />
estabelecidas, acreditando que a primeira se apresenta como uma prática<br />
social ainda sem reconhecimento institucional como campo disciplinar.<br />
Reforça essa tese afirmando que não existe um consenso sobre o<br />
engajamento de modo coletivo em um projeto de “disciplinarização da<br />
educação matemática”, ainda que tenham sido construídas sociedades<br />
científicas, revistas especializadas, congressos e grupos de pesquisa<br />
específicos da área. Pontua que, a despeito das divergências, esse projeto<br />
existe. Questiona: “devemos ou não fortalecer o GT de Educação<br />
Matemática da ANPEd?” Em seu ponto de vista, a razão principal para os<br />
esforços depreendidos na consolidação do GT não está na constituição do<br />
espaço de discussão das produções acadêmicas e/ou do estreitamento<br />
das relações com os educadores, mas, sim, na consolidação de um espaço<br />
de poder e, numa questão mais profunda, em que medida sua criação<br />
seria uma forma de lutar por um projeto de constituição da profissão da<br />
educação matemática; ainda que não haja nada de errado nisso, salienta.<br />
Propõe esclarecer as expressões “prática social” e “disciplinarização”. A<br />
primeira é concebida como “atividades sociais realizadas por um conjunto<br />
de indivíduos que produzem conhecimento” (p.82); a segunda é entendida<br />
34
como “complexo processo histórico-social de transformação de uma<br />
prática social em uma disciplina acadêmica” (p.82).<br />
A disciplinarização de uma prática social, segundo o autor, não se<br />
explica pela existência dos pesquisadores, de suas pesquisas e do conjunto<br />
de conhecimentos produzidos por uma comunidade acadêmica. Também<br />
não é explicado pela existência de um poder inerente a essa comunidade,<br />
mas só se fundamenta<br />
“no potencial de sintonização dos propósitos e dos<br />
conhecimentos produzidos no interior dessa prática com a<br />
viabilização dos propósitos subjacentes ao projeto político,<br />
social, econômico e cultural de grupos sociais com capacidade<br />
concreta de influir sobre a gestão políticoadministrativa da vida<br />
de uma nação.” (MIGUEL et al., 2004, p.83).<br />
Cita Fourez (1995), observando que a disciplinarização não pode ser<br />
explicada por meio de uma “lógica” já esperada e estabelecida, sendo<br />
preciso recorrer aos campos disciplinares da matemática e da educação<br />
como campos interlocutores na reflexão sobre a resistência do próprio<br />
meio acadêmico nesse processo. Diz que a “produção de conhecimentos<br />
educacionais ocorre em todas as práticas sociais e, portanto, também no<br />
interior da própria prática social de investigação em matemática...” (p.83-<br />
84), devendose, desse modo, evitar o estabelecimento de uma hierarquia<br />
entre invenção e transmissão, bem como entre pesquisa e ensino, visto<br />
que promotores de uma prática social produzem, além dos<br />
conhecimentos intencionais, outros que são necessários para que essa<br />
prática se constitua e sobreviva. Ao citar Belhoste (1998), reforça que,<br />
embora uma visão recente (final do séc. XIX) de que para os matemáticos<br />
o ensino de matemática não é suficiente para ser matemático, mas que é<br />
necessário produzir conhecimentos matemáticos, não seria possível dizer<br />
que “Descartes teria sido matemático, ao invés de filósofo, enquanto o<br />
35
professor de matemática de Galois, no liceu, não teria sido um<br />
matemático...”. (p.84).<br />
Embora não tenhamos finalizado as discussões sobre o artigo, há<br />
um trecho significativo na página 89, no qual o autor discute que o mero<br />
desejo de disciplinarização da educação matemática não asseguraria essa<br />
conquista, restando saber o quanto esse projeto seria capaz de influenciar<br />
a sociedade no intuito de ratificá-lo, visto que esse processo não está<br />
centrado na lógica previsível da história.<br />
TEORIAS E FILOSOFIAS DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA<br />
No item anterior apresentei a discussão sobre a disciplinarização da<br />
matemática. No presente item, os textos de Sriraman e Lyn (2010) trazem<br />
à baila a discussão do locus da Educação Matemática, complementando e<br />
ampliando o que se encontra descrito anteriormente.<br />
Os autores consideram, inicialmente, que a educação matemática<br />
encontra-se na intersecção da educação com a matemática, mas<br />
interagindo com inúmeras outras disciplinas. Para esclarecer uma filosofia<br />
da área, a disciplina precisa “responder” a algumas questões: O que é a<br />
realidade? Ou qual é a natureza do mundo ao nosso redor? Como<br />
saberemos sobre o mundo ao nosso redor? Como podemos estar certos<br />
sobre a “verdade” do que sabemos? Nas questões, encontram-se as bases<br />
de uma filosofia da matemática, para alguns teóricos, ou os blocos de<br />
construção de um paradigma, pela visão de outros teóricos da educação.<br />
Referem-se a Piaget e de como esse chegou à sua visão sobre cognição a<br />
partir do raciocínio do “pensar”, de Kant. Mas apontam o relevo da<br />
influência de Lakatos, com Provas e Refutações, sobre as teorias<br />
cognitivistas da aprendizagem e sobre a educação matemática,<br />
representando o contrapondo à visão platônica a esse respeito. Nos<br />
36
informam que nas últimas duas décadas os principais desenvolvimentos<br />
incluíram o aparecimento do construtivismo social como uma filosofia da<br />
educação matemática, o interesse pela semiótica matemática, os debates<br />
bem documentados entre construtivistas radicais e sociais, e o foco maior<br />
na natureza cultural da matemática. Citam que Hersh (2006) postulou que<br />
a filosofia da educação matemática deveria incluir inúmeras vozes, dos<br />
cientistas cognitivos, linguistas, matemáticos, filósofos e inúmeros outros.<br />
Ao se referirem especificamente a Imre Lakatos, argumentam que sua<br />
obra Provas e Refutações – livro que tenta fazer a união entre o universo<br />
dos historiadores e o dos filósofos –, embora tenha sido abraçada pela<br />
comunidade matemática, não se destina a defender uma posição sobre a<br />
didática no ensino e aprendizagem de matemática, situando-se dentro da<br />
filosofia da ciência. Destacam:<br />
“O objetivo de Lakatos é mostrar, ao mesmo tempo, que sem a história da<br />
matemática, a filosofia matemática é cega, e sem a filosofia matemática,<br />
história da matemática é vazia” (Lenoir, 1981, p. 100).<br />
Desde a morte prematura de Lakatos, Provas e Refutações tem<br />
gerado maior interesse na comunidade de filósofos, e para os autores,<br />
essa obra é uma ponte entre os mundos da educação matemática e da<br />
filosofia da matemática. Sua influência sobre Hersh leva ao<br />
desenvolvimento das tradições “maverick” da filosofia matemática, com<br />
seu livro (18 Ensaios não-convencionais sobre a natureza da matemática)<br />
questionando sobre o que constitui uma filosofia da matemática.<br />
Levantam algumas questões, na página 10 (com tradução nossa): “o<br />
trabalho de Lakatos tem qualquer significado direcionado à educação<br />
matemática?”, “Provas e Refutações pode estar diretamente relacionado<br />
ao ensino de matemática?”. Afirmam que não, mas consideram que, em<br />
37
última instância, a obra pode servir de base para desenvolver uma teoria<br />
de aprendizagem, tal como o construtivismo.<br />
O texto se estende em novos subitens, ampliando a discussão sobre<br />
a construção de uma teoria da educação matemática e o debate sobre<br />
progresso da área. Algumas questões pertinentes são apresentadas (p.12,<br />
com tradução nossa), como “Existe essa tal de teoria em educação<br />
matemática?”, “Quais são as mudanças na teoria e o impacto sobre a<br />
educação matemática?”<br />
NÃO INTERESSA O QUE OS NÚMEROS SÃO<br />
Tomo emprestado de Lima (1976) o subtítulo desse artigo. Na<br />
página 25 do Curso de Análise, vol. 1, é possível ler “Não interessa o que<br />
os números são; (isto seria mais um problema filosófico) o que interessa é<br />
como eles se comportam.” Talvez essas sentenças retratem com<br />
significativa envergadura meu sentimento de intruso na Educação<br />
Matemática – importa destacar que não arvoro para mim nenhum<br />
ineditismo nessa condição de “estranho” no ninho da matemática, nem<br />
levanto questão referente à escolha feita, simplesmente intenciono<br />
relatar a sensação vivida.<br />
Durante o andamento do curso, a professora Igliori intercalava os<br />
vários temas de filosofia e epistemologia com momentos nas quais<br />
debruçava-se sobre a temática dos Conjuntos finitos, enumeráveis e nãonumeráveis,<br />
solicitando, também, que realizássemos a leitura do capítulo<br />
II do livro de Lima. Surgia desses momentos de aula algumas situações de<br />
ordem coletiva e outras, particulares. Questionava-me da necessidade de<br />
termos durante o curso de Teorias da Educação Matemática um momento<br />
de aula de matemática. O sentimento de deslocamento, de inapetência<br />
38
para o debate nos assuntos tratados era compartilhado com outro aluno,<br />
também estranho às matemáticas. Por outro lado, era comum<br />
interpretarmos, a partir da fala da professora, que as exigências de<br />
algumas competências matemáticas sobre nós não era a mesma do que a<br />
direcionada aos demais alunos da turma, nativos da área. Essas<br />
circunstâncias levavam a duas situações: os nativos comentavam que<br />
maior exigência lhes seria direcionada, e nós estranhos tínhamos um<br />
misto de alívio e, a partir desse conforto, um movimento de desobrigação<br />
em dominar os temas propostos. Contudo, de todos nós foram cobradas<br />
as mesmas produções. Ainda assim, pairava sempre a questão dos<br />
motivos que a levavam a ministrar essas aulas de matemática e a aparente<br />
sensação de desconforto na professora, que nos parecia querer ser mais<br />
exigente, querer se aprofundar e ampliar o debate, mas esbarrava em<br />
nossos limites (o que retroalimentava todo o processo).<br />
Produzimos sobre o material de Lima e as aulas da professora Igliori<br />
uma síntese composta dos seguintes itens: função; função injetora,<br />
sobrejetora e bijetora; conjunto finito; estudo do infinito, conjunto<br />
enumerável e não numerável.<br />
Daí foi possível resgatar alguns aspectos dos meus conhecimentos<br />
das terminologias e da forma de registro da matemática, além de<br />
sedimentar uma percepção bastante interessante e que foi discutida a<br />
partir de questões em nossa última aula do curso, quando da<br />
apresentação de Registros de Representação Semiótica (MACHADO,<br />
2011): “como avaliar as dificuldades na compreensão da matemática?<br />
Qual a natureza dessas dificuldades? Onde elas se encontram?”. As<br />
questões apresentadas não dizem respeito a sujeitos distantes, alunos do<br />
ensino básico ou da graduação. Ao contrário, são centrais na dinâmica das<br />
39
aulas do grupo que faz parte da disciplina Teorias da Educação<br />
Matemática.<br />
Não interessa o que os números são? O que interessa é como eles<br />
se comportam? À luz dos registros de representações semióticas, essas<br />
são boas questões! Aproveitaremos essa ideia para apresentar nosso<br />
próximo item de discussão.<br />
UM INTRUSO, O CONCEITO DE LIMITE E A DIDÁTICA DA METEMÁTICA<br />
COMO DISCIPLINA CIENTÍFICA<br />
Como o conceito de Limite presente no texto de Fishbein (apud<br />
BIEHLER et al., 1984) se soma ao conteúdo do subtítulo anterior e ao<br />
argumento de intruso? Fishbein parece dar uma pista (p.231, tradução<br />
nossa): “...a matemática é, essencialmente, uma atividade humana [...]<br />
implica em momentos de iluminação, hesitação, concordância e<br />
refutação...”. E como atividade humana, posso supor que faz toda<br />
diferença a minha formação, minhas crenças, minhas concepções sobre<br />
matemática e a forma como faço minhas representações semióticas. Um<br />
intruso se acanha com a ideia de ler, discutir e aprender sobre Limite?<br />
Certamente. Creio que a partir desse pressuposto que se propôs aos<br />
alunos uma aula de laboratório com o uso do software Geogebra após a<br />
leitura do item 5.2 presente no livro de Biehler, nomeado de O conceito<br />
de limite. A partir dessa atividade os alunos deveriam reler o texto e<br />
encaminhar suas dúvidas a respeito do que encontravam, produzindo um<br />
material que fizesse referência, linha após linha, daquilo que não<br />
compreendiam perfeitamente. A seguir, encontra-se o trecho do capítulo<br />
(p.237, com tradução nossa e destacado), intercalado com as minhas<br />
intervenções (entre aspas) encaminhadas à professora:<br />
40
Eu escolhi os conceitos de limite e convergência, porque eles<br />
desempenham um papel central no raciocínio matemático. Ao mesmo<br />
tempo, a interação entre os aspectos formais, algorítmicos e intuitivos é<br />
rica em implicações psicológicas e didáticas.<br />
Mas vamos citar o texto de Courant e Robbins:<br />
A definição da convergência de uma sequência an para a pode ser<br />
formulada mais resumidamente como segue: A sequência a1, a2, a3,...<br />
tem um limite a quando n tende ao infinito se, correspondendo a<br />
qualquer número positivo Ɛ (lê-se épsilon) não importa quão pequeno,<br />
existe um número inteiro N (dependente de Ɛ) tal que:<br />
Eu escolhi os conceitos de limite e convergência, porque eles<br />
desempenham um papel<br />
“Na primeira leitura realizada, os dois termos acima sublinhados já<br />
cobraram de mim uma mobilização. Ou sabia do que se tratava e<br />
continuava a leitura de modo linear, ou não sabia e deveria/precisaria<br />
fazer pequenos saltos. Como não tinha o repertório matemático (apenas o<br />
senso comum, intuitivo), prossegui procurando onde me ‘escorar’. Depois<br />
da aula realizada no laboratório (Geogebra), e com a segunda leitura<br />
encaminhada, tenho a sensação de mais clareza, compreendendo um<br />
pouco mais sobre aproximar-se de um determinado valor.”<br />
central no raciocínio matemático. Ao mesmo tempo, a interação entre os<br />
aspectos formais,<br />
“Por que papel central no raciocínio matemático? Talvez se refira ao<br />
raciocínio matemático de nível superior início do texto!? De outra forma...<br />
Porque, até então, quero crer que eu tenha realizado alguns processos de<br />
raciocínio matemático ‘formais’ que não recorreram ao conceito de ‘limite<br />
e convergência’”.<br />
41
algorítmicos e intuitivos é rica em implicações psicológicas e didáticas.<br />
Mas vamos citar o texto de Courant e Robbins:<br />
A definição da convergência de uma sequência an para a pode ser<br />
formulada mais<br />
“Na primeira leitura, e sem a aula realizada, já me perguntei:<br />
‘convergência?! OK!’ Mas como assim ‘convergência de uma sequência<br />
an’? O que é uma sequência a? O que é uma sequência an? Pensei: ‘um<br />
conjunto de números em sequência chamados de a. Como não definimos<br />
a quantidade de números, colocamos o n.’ Ainda assim, foi difícil pensar<br />
para aonde estava ‘indo’ essa sequência, convergindo para o quê, visto<br />
que o texto dizia ‘para a’. Mas que/qual a?”<br />
resumidamente como segue: A sequência a1, a2, a3,... tem um<br />
limite a quando n<br />
“Ao realizar a primeira leitura, não consegui perceber que ‘tem um limite<br />
a’ ou convergir para a significariam a mesma coisa. Depois da aula de<br />
laboratório, utilizando o Geogebra, vou lembrando da ‘faixa azul’ e dos<br />
pontos que se aproximavam de determinado valor que manipulamos.”<br />
tende ao infinito se, correspondendo a qualquer número positivo Ɛ<br />
(lê-se épsilon)<br />
“Ainda não tenho convicção desse ‘n tende ao infinito’. Certamente ao ler<br />
da primeira vez, não fiz a menor ideia do que isso queria dizer, a não ser<br />
pelo fato de ter uma concepção matemática rudimentar de infinito. Após<br />
a aula, pude imaginar infinitos n ao convergir para determinado valor<br />
(__,_,_,_,_/_,_,_,_,_,__). Número positivo, tudo bem, mas épsilon... Por<br />
que Ɛ? Reduzi a ideia a um mero ‘nome’, ou seja, batizou-se qualquer<br />
número positivo nessa correspondência como Ɛ.”<br />
42
É possível ver claramente algumas questões relacionadas ao<br />
repertório em matemática, à representação semiótica e aos aspectos<br />
intuitivos. Em relação a esse último tópico, Fishbein esclarece na<br />
introdução de Interação entre os componentes formal, algorítmico e<br />
intuitivo em uma atividade matemática que a matemática se faz pela da<br />
interação entre três componentes básicos da matemática como atividade<br />
humana: o formal, o algorítmico e o intuitivo.<br />
Entre as páginas 234 e 237 da publicação vemos o item 3, com título<br />
Operations and intuitive models, discutindo a complexidade da relação<br />
entre os aspectos formais e intuitivos na aprendizagem de matemática,<br />
especialmente porque há pontos contraditórios entre um aspecto e outro.<br />
O autor apresenta como exemplo o equívoco que ocorre na “aceitação”<br />
intuitiva de que a multiplicação torna maior (“multiplication makes<br />
bigger”) e a divisão, menor (“division makes smaller”). Para isso, se vale de<br />
dois problemas postos para 628 alunos na Itália, cuja resolução consiste<br />
na multiplicação de 15 x 0,75 (tradução nossa):<br />
“1. A partir de 1 quintal de trigo, você obtém 0,75 quintais de<br />
farinha. Quanta farinha você consegue produzir a partir de 15<br />
quintais de trigo?<br />
2- 1 kg de um detergente é utilizado na fabricação de 15<br />
quilos de sabão. Quanto sabão pode ser feito a partir de 0,75<br />
kg de detergente?”<br />
O autor afirma que o fato do operador ser um decimal nos<br />
problemas de multiplicação levará os alunos a não entenderem a<br />
resolução diretamente, intuitivamente. Nesse caso, o modelo de adição<br />
repetida atrapalhará, ao invés de ajudar na resolução, ao contrário de<br />
uma situação na qual o número seja inteiro.<br />
43
Em “Modelos algorítmicos e intuitivos”, no subitem 4.1, “Exemplo:<br />
A operação de subtração”, o autor indica ao leitor que uma certa<br />
quantidade de erros sistemáticos em subtração cometidos por alunos<br />
pode ser prevista pelo modelo primitivo de subtração. Mostra ao longo do<br />
texto exemplos de “equívocos” cometidos em situações em que se altera<br />
o modelo primitivo, quando são apresentadas aos alunos situações nas<br />
quais “B>A”. Nessas circunstâncias, os alunos tendem a inverter a<br />
operação (B – A), retirar o máximo que puder do “recipiente”, que fica,<br />
portanto, vazio, e as variadas possibilidades quando têm de manejar o<br />
“emprestar”. Conceitos e representações intuitivas, quinto item do texto<br />
apresenta dois subitens: 5.1 O Conceito de conjunto e 5.2 O Conceito de<br />
limite (este último discutido brevemente no início desse subtítulo). Sobre<br />
o primeiro subitem, vemos que o autor cita pesquisa que identifica erros<br />
cometidos por professores quando do ensino de conjunto. Em uma<br />
interpretação simples, isso pode estar relacionado ao modelo mental de<br />
que conjunto é um coletivo de objetos. Concepções inadequadas<br />
identificadas: (a) elementos de um conjunto devem possuir uma certa<br />
propriedade comum explícita. (b) um conjunto deve ser composto por<br />
mais de um elemento. (c) elementos que se repetem são considerados<br />
elementos distintos. (d) um elemento de um conjunto não pode ser um<br />
elemento em outro conjunto. (e) dois conjuntos são iguais se possuírem o<br />
mesmo número de elementos. Para o autor, o modelo intuitivo dos alunos<br />
aparenta ser mais forte do que o modelo formal; teriam em mente, para o<br />
conceito matemático de conjunto, a ideia de um coletivo de objetos, que<br />
seria uma estrutura coerente, enquanto o conceito formal se mostraria<br />
como regras arbitrárias. Mesmo com a construção do raciocínio formal, os<br />
44
modelos intuitivos continuam a influenciar o raciocínio, impondo suas<br />
próprias restrições.<br />
É importante, contudo, destacar outros aspectos da publicação, pois<br />
o livro, Didactics of mathematics as a scientific discipline, é um estado da<br />
arte no campo da Didática da Matemática, voltado para os pesquisadores<br />
em educação matemática, mas também de interesse para diversas<br />
disciplinas, como matemática, educação geral etc. Os autores indicando<br />
que, embora tenha existido no início do século XX um trabalho científico<br />
no campo do ensino e aprendizagem da matemática, poucas pessoas<br />
consideravam que a área seria um campo independente da educação ou<br />
da matemática. Apontam o papel da jovem Didática da Matemática que,<br />
entre outras ciências, é ainda contestado, pois seus objetivos,<br />
metodologias e critérios de conhecimento exibem maior variabilidade.<br />
O volume é composto de 30 contribuições de autores de 10 países<br />
distribuídos em 8 capítulos, fornecendo uma visão ampla e variada das<br />
pesquisas atuais na Didática da Matemática. Os temas dos quatro<br />
primeiros capítulos indicam preocupações com as práticas, aquelas que<br />
exigem mais trabalho construtivo. Os demais capítulos dão ênfase aos<br />
aspectos analíticos, como os voltados aos problemas de aprendizagem,<br />
pensamento, entre outros. Finalizam destacando que a gênese do livro<br />
tem suporte no relevante apoio de Hans-Georg Steiner a uma visão de que<br />
a Didática da Matemática se configura como uma disciplina científica.<br />
Considerações finais<br />
A materialização do edifício da educação matemática passa pela<br />
consolidação das teorias e filosofias da área, pela ampliação das pessoas<br />
que discutem, pensam e fazem educação matemática, pela sua própria<br />
45
natureza, em sua dimensão política, social e cultural, entre outros fatores<br />
relevantes. Há que se reconhecer Popper nesse debate, pois o filósofo nos<br />
traz que todo o conhecimento é humano e que a fonte mais importante<br />
de nosso conhecimento é a tradição. E assim, a complexidade da<br />
matemática no ensino e aprendizagem, vai além da dualidade da<br />
matemática como produção humana e sua expressão nos livros didáticos.<br />
Aspectos relacionados à formação dos professores, às dimensões afetivas<br />
da aprendizagem, à compreensão das relações entre os componentes<br />
intuitivo, formal e algorítmico da matemática são relevantes e devem ser<br />
considerados na consolidação da área.<br />
Como aluno do PEPG em Educação Matemática da Pontifícia<br />
Universidade Católica de São Paulo, as observações relatadas retratam a<br />
estranheza vivenciada em algumas situações, práticas e discussões<br />
realizadas no programa, o que evidencia, do meu ponto de vista, que<br />
existem muitas questões a serem resolvidas e pesquisadas na educação<br />
matemática, ainda no segmento da pós-graduação. Embora não haja<br />
dúvidas no autor do presente ensaio sobre sua escolha, na sua opção por<br />
realizar o doutoramento em Educação Matemática na universidade,<br />
permanece uma questão que tangenciamos durante os debates em sala<br />
de aula e sobre a qual não me detive aqui, e que diz respeito ao programa:<br />
como integrar de modo adequado estudantes provenientes de outras<br />
áreas de formação? E essa questão me leva a outra: de que modo a<br />
diversidade de áreas das quais são oriundos os alunos ingressantes na<br />
pós-graduação em Educação Matemática contribui para a consolidação da<br />
educação matemática como área de pesquisa? É necessário levantar<br />
reflexões a esse respeito.<br />
46
Como intruso na Educação Matemática, minha observação e meu<br />
relato, que procura ser racional, não são isentos e nem sem contexto. Por<br />
outro lado, o processo de construção de conhecimento realizado durante<br />
a disciplina de Teorias da Educação Matemática, suas propostas e<br />
avaliação, também não o são. “Não há fontes últimas do conhecimento”,<br />
“...nem a observação nem a razão podem ser descritas como fontes de<br />
conhecimento...”, diria Popper (2006, p.55-56).<br />
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47
Modern Consumer Society: The Production of Meanings and Decision<br />
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48
ALTERAÇÕES TEMPORAIS DA VEGETAÇÃO PIONEIRA DE RESTINGA DA<br />
RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA DO UNA,<br />
PERUÍBE (SP)<br />
Resumo<br />
Roseli Baraçal<br />
Universidade Santa Cecília (ECOMAR), Santos/SP<br />
Fábio Giordano<br />
Universidade Santa Cecília, Santos/SP<br />
E- mail: roselibaracal@terra.com.br<br />
A vegetação de Restinga situa-se ao longo do litoral brasileiro. São<br />
formações vegetais recentes com representativa de cobertura<br />
biodiversidade vegetal, desenvolvidas sobre sedimentos que foram<br />
depositados durante os períodos geológicos. As formações geológicas das<br />
restingas começaram a surgir há milhares de anos, com o recuo do mar, e<br />
ainda hoje estão sujeitas a um dinâmico processo de erosão e deposição.<br />
São áreas típicas de litorais tropicais e, apesar de serem áreas de<br />
preservação permanente, de acordo com a legislação do Brasil,<br />
encontram-se bem vulneráveis as ações antrópicas. O objetivo desta<br />
pesquisa foi realizar um estudo temporal ao longo dos últimos 15 anos<br />
para entender a dinâmica de alteração da cobertura vegetal da praia na<br />
Unidade de Conservação da Juréia para acompanhar a cobertura vegetal<br />
desse ambiente. Foram produzidos mapas de cobertura e uso da faixa de<br />
praia, em se que destacam a área urbana e as restingas dessa localidade<br />
de praia, tomando por área de estudo a região litorânea da praia<br />
adjacente a Barra do Rio Una em Peruíbe-SP. Os recursos utilizados para o<br />
estudo foram o sensoriamento remoto por satélite de alta resolução, para<br />
realizar o mapeamento mais amplo da região em cinco datas específicas.<br />
Os estudos apontam que em 4 das cinco áreas estudadas, a área de<br />
ocupação da vegetação de restinga foi ampliada e em uma delas foi<br />
reduzida, devido à supressão de vegetação causada pelo aumento da<br />
trilha que leva as pessoas à praia.<br />
Palavras-Chave: Barra do Una-Juréia, Sensoriamento Remoto, Vegetação<br />
de Restinga, Gerenciamento Costeiro.<br />
49
Temporary change of the vegetation restinga pioneering sustainable<br />
development Barra do Una Reserve , Peruíbe (SP).<br />
Abstract<br />
Restinga The vegetation is located along the Brazilian coast. Are recent<br />
plant formations with representative coverage of plant biodiversity,<br />
developed on sediments that were deposited 2 during the geological<br />
periods. The geological formations of sand banks began to emerge for<br />
thousands of years, with the retreat of the sea, and still are subject to a<br />
dynamic process of erosion and deposition. Are typical areas of tropical<br />
coasts and, although areas of permanent preservation, according to the<br />
laws of Brazil, are very vulnerable to human activities. The aim of this<br />
study was to perform a time-study over the 15 years to understand the<br />
dynamic change of vegetation from the beach in the Juréia Conservation<br />
Unit to monitor vegetation cover that environment. They were produced<br />
coverage maps and use of the beach strip, in that highlight the urban area<br />
and the salt marshes of this beach town, taking as study area the coastal<br />
region of the beach adjacent to Rio Barra do Una in Peruibe-SP. The<br />
resources used for the study were the remote sensing of high-resolution<br />
satellite, to achieve the widest mapping the region in three dates the<br />
current local topography obtained with different beach profiles.<br />
Preliminar results points to increasing of vegetation recovery in 4 areas<br />
and decreasing in one specific ara subject to enlargement of the beach<br />
pathway.<br />
Keywords: Una-Juréia Bar, Remote Sensing, Restinga vegetation, Coastal<br />
Management.<br />
Introdução<br />
O termo "restinga" é usado genericamente para designar um<br />
conjunto de dunas e areais costeiros, revestidos de vegetação baixa. As<br />
espécies que ali vivem possuem mecanismos para suportar os fatores<br />
físicos dominantes como: a salinidade, extremos de temperatura, forte<br />
presença de ventos, escassez de água, solo instável, insolação forte e<br />
direta [1] mas, são muito sensíveis aos impactos antrópicos.<br />
A vegetação de restinga é distribuída em forma de mosaico,<br />
ocorrendo em áreas de grande diversidade ecológica [2]. Esta vegetação<br />
50
apresenta características de Mata Atlântica [3]. Alguns trechos<br />
preservados de florestas de restinga são encontrados dentro de unidades<br />
de conservação e a proteção destas áreas é de grande importância, não só<br />
para a manutenção da biodiversidade, como também por ser uma fonte<br />
de espécies para recuperação de áreas de planícies arenosas costeiras, e<br />
também de áreas de Mata Atlântica, já que 50% das espécies desta flora<br />
ocorrem também nesta formação vizinha [2].<br />
Esse Bioma encontra-se em Área de Preservação Permanente - APP<br />
desde o Código Florestal, Lei Federal nº 4771/1965 (BRASIL, 1965), a<br />
vegetação de restinga vem sofrendo forte pressão causada pela ação<br />
antrópica. E a atual Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012, dispõe sobre a<br />
proteção da vegetação nativa.<br />
O objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo temporal ao longo<br />
do período de 2002 a 2015, para entender a dinâmica de alteração da<br />
cobertura vegetal da praia na Unidade de Conservação da Juréia para<br />
acompanhar a dinâmica desse ambiente em relação às constantes<br />
intervenções humanas em trilhas.<br />
Metodologia<br />
A área de estudo encontra-se dentro da EEJI que foi criada no dia 20<br />
de janeiro de 1986 e abrange uma área cerca de 79.270 hectares entre a<br />
praia da Juréia até a desembocadura do Rio Guarahú. A EEJI possui a lei nº<br />
6902/81 como normativa para questões de uso e ocupação de solo.<br />
Porém algumas modificações nas drenagens locais foram efetuadas<br />
anteriormente a esta lei, sobretudo no leito do rio Una, segundo estudo<br />
efetuado [5].<br />
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Em relação à cobertura vegetal, nos dias atuais não se conhece uma<br />
distribuição florística e distribuição arbóreas completas e nem a<br />
geográfica original de suas espécies. Esses dados podem fornecer<br />
orientações para estratégias de conservação dessas áreas, assim como o<br />
manejo de seus recursos. Entretanto, por apresentar uma das áreas mais<br />
bem preservadas do Brasil a Mata Atlântica, pode ser aproveitada<br />
também para atividades de Educação Ambiental. Esses dados podem<br />
fornecer orientações para estratégias de conservação dessas áreas. [7]<br />
As cinco áreas selecionadas para as medidas localizam-se na faixa<br />
litorânea do Município de Peruíbe, na Barra do Rio Una, avaliados em 5<br />
diferentes polígonos (conforme ilustrados nos layers coloridos da Figura<br />
1).<br />
Para avaliar o nível de degradação da vegetação pioneira de<br />
restinga, foram selecionados cinco diferentes faixas na vegetação pioneira<br />
de restinga da praia da Vila da Barra do Una para o estudo. Foram<br />
realizados os levantamentos das medidas das áreas em metros quadrados<br />
m 2 comparando-se a área de ocupação da vegetação de restinga de praia<br />
ao longo do tempo com a área da ocupação do local e a consequente<br />
expansão dos caminhos que levam as pessoas desde a vila até a praia.<br />
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Resultados<br />
A figura 2 apresenta a evolução temporal da ocupação da vegetação<br />
de restinga em cinco áreas da faixa da vegetação pioneira de praia, ao<br />
longo do período 2002-2015. Nesta evolução temporal podemos verificar<br />
uma tendência de aumento da área ocupada pela restinga em quatro das<br />
cinco áreas analisadas e a retração da área de vegetação ocupada em<br />
apenas uma delas (correspondente a área do polígono 3) pois esta<br />
encontrava-se as margens do principal caminho de acesso da vila à praia.<br />
A EEJI possui a lei nº 6902/81 como normativa para questões de uso<br />
e ocupação de solo. Porém algumas modificações nas drenagens locais<br />
foram efetuadas anteriormente a esta lei, sobretudo no leito do rio Una,<br />
segundo estudo efetuado por [5].<br />
Comparando as espécies vegetais levantadas na restinga de Barra<br />
do Una, com os parâmetros de análise do estágio sucessional previstos na<br />
Resolução CONAMA nº 7/1996, constatei que apresenta estágio médio de<br />
regeneração escrube, com fisionomia herbáceoarbustiva aberta que<br />
podem alcançar 1,5m a 2m de altura. Se plantar mudas de árvores a<br />
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tendência é que melhore a recomposição de áreas degradadas de restinga<br />
e considerando também que a riqueza de espécies é um atributo<br />
importante que pode afetar o equilíbrio da vegetação.[4].<br />
É necessária a observação da área de restinga e da ocupação<br />
imobiliária da região. Em meados da década de 70, a Barra do Una era<br />
uma vila muito pequena de caiçaras dedicados às atividades de<br />
subsistência, caça e agricultura, que foram absorvidas pelo turismo com a<br />
construção de uma estrada [3]1971 Sanches, 2004), Cuja principal fonte<br />
de renda da comunidade provém do turismo, não havendo mais uma<br />
rotina de pesca na localidade [6].<br />
Nos anos 90, após a criação da Estação Ecológica Juréia-Itatins,<br />
medidas administrativas de controle e fiscalização favoreceram o início da<br />
regeneração natural da vegetação. 6<br />
Nos dias atuais essa área está em processo de estudo visando uma<br />
unidade de Conservação de uso sustentável, Reserva de Desenvolvimento<br />
Sustentável (RDS), e tende a atender os anseios de ONG’s e da<br />
comunidade caiçara do local.<br />
Considerações finais<br />
A variação da área de vegetação é resultado da alteração antrópica,<br />
que lhe retira recursos naturais e lhe agrega aquilo que resulta de sua<br />
arquitetura, conferindo ao solo nova utilidade legal e social.<br />
Os estudos mostram que o georeferenciamento para o<br />
monitoramento das áreas de vegetação pioneira de restinga ao longo do<br />
tempo, pode ser importante ferramenta para a gestão costeira e<br />
manutenção da biodiversidade em áreas de Unidade de conservação. Para<br />
uma análise mais aprofundada é interessante uma nova remedição do<br />
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plantio a fim de continuar o monitoramento do crescimento da vegetação<br />
de restinga.<br />
Referências bibliográficas<br />
1. ANDRADE, MAB; LAMBERTI, A (1965) A vegetação. In: AZEVEDO, A.<br />
(Coord.). Aspectos geográficos: as bases físicas. São Paulo:<br />
Edusp,.v.1,cap.5,p.151-178.<br />
2. SUGIYAMA, M (1998) Estudo de florestas da restinga da Ilha do<br />
Cardoso, Cananéia, São Paulo, Brasil. São Paulo, n. 11, p. 119-159,.<br />
3. SANCHES, MRA (2004) Caiçaras e a Estação Ecológica de Juréia-Itatins:<br />
litoral sul de São Paulo. São Paulo: Annablume:. 208 p.<br />
4. ZAMITH LR; SCARANO FR, (2003). Produção de mudas de espécies das<br />
restingas do município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Acta bot. bras. 18(1):<br />
161-176.<br />
5. MENEZES, MP (1994). Influência da ação antrópica na dinâmica<br />
sedimentar costeira: estudo de casos na Estação Ecológica Juréia-Itatins.<br />
Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Programa de Pós-<br />
Graduação em Ciência Ambiental. 110p.<br />
6. RAMIRES,M.;BARRELLA, W (2012) Ecologia da pesca artesanal em<br />
populações caiçaras da Estação Ecológica de Juréia-Itatins, São Paulo,<br />
Brasil. Caracas,v.28, n.4<br />
7. MORAES, ACR (1999) Contribuições para a gestão da zona costeira do<br />
Brasil: elementos para uma Geografia do litoral Brasileiro. São Paulo,<br />
Hucitec.<br />
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