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Revista Junho 04 final

Revista mensal AMACULT

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23<br />

Um dragão era um tipo de soldado que<br />

se caraterizava por se deslocar a cavalo,<br />

mas combater a pé. Inicialmente e até<br />

meados do século XVIII, as unidades de<br />

dragões constituíam assim uma espécie<br />

de infantaria montada. Contudo, posteriormente,<br />

os dragões transformaram-se,<br />

passando de infantaria montada a tropas<br />

de genuína cavalaria.<br />

Hoje em dia, a designação "dragões" é<br />

mantida como título honorífico de<br />

algumas unidades cerimoniais.<br />

História:<br />

Talvez o antepassado mais remoto do<br />

que viria a ser o dragão tenha sido o<br />

dímaco (dimakhēs em grego) da antiga<br />

Macedónia. O dímaco era um tipo de<br />

soldado de cavalaria pesada que também<br />

lutava a pé quando era necessário.<br />

O termo "dragão" - como designação de<br />

um tipo de soldado - teria aparecido em<br />

meados do século XVI para se referir aos<br />

membros do corpo de arcabuzeiros que<br />

combatiam a pé e se deslocavam a<br />

cavalo, criados em 1554 pelo marechal<br />

de França Carlos 1º de Cossé, conde de<br />

Brissac para servir no Exército do<br />

Piemonte. A origem do termo é, contudo,<br />

incerta, pensando-se que se pode referir<br />

aos supostos dragões contidos nos<br />

estandartes das tropas do conde de<br />

Brissac ou a uma espécie arcabuz curto<br />

ou carabina usada pelas mesmas e que<br />

era então chamada "dragão". Também é<br />

referida ocasionalmente a hipótese do<br />

termo se ter originado do fato de um<br />

soldado de infantaria a galope - com a<br />

sua casaca solta e a mecha a arder ao<br />

vento - se parecer com um dragão.<br />

Quando, no início do século XVII, o Rei<br />

Gustavo II Adolfo da Suécia introduziu os<br />

dragões no seu Exército, dotou-os de um<br />

conjunto multifuncional de armas que<br />

incluía um sabre, um machado e um<br />

arcabuz.<br />

Estas primeiras tropas de dragões não<br />

eram ainda consideradas parte da<br />

cavalaria, mas sim infantaria montada.<br />

Assim, as unidades de dragões mantinham<br />

os atributos e características da<br />

infantaria, por exemplo, usando tambores<br />

em vez dos clarins e trombetas<br />

típicos da cavalaria e sendo enquadradas<br />

por oficiais de infantaria. Por outro<br />

lado, a flexibilidade que os dragões<br />

tinham como infantaria montada tornava-os<br />

na arma ideal para servir como<br />

uma espécie de gendarmaria em missões<br />

de segurança interna, incluindo a<br />

perseguição de contrabandistas, o<br />

patrulhamento das estradas e a repressão<br />

de desordens públicas. Sendo<br />

providos de cavalos de qualidade inferior<br />

e de equipamento mais básico, os<br />

regimentos de dragões eram muito mais<br />

fáceis de levantar e manter que as<br />

dispendiosas unidades de cavalaria de<br />

linha.<br />

Contudo, os dragões estavam em desvantagem<br />

quando enfretavam a genuína<br />

cavalaria. Assim, procuraram sempre<br />

obter melhores condições em termos de<br />

equitação, armamento e estatuto social.<br />

Na transição do século XVIII para o XIX,<br />

na maioria dos exércitos europeus, os<br />

dragões tinham evoluído já de tropas de<br />

infantaria montada para verdadeiras<br />

tropas cavalaria. Nesta altura, as antigas<br />

missões de exploração e funções de<br />

piquete anteriormente atribuídas aos<br />

dragões tinham sido já assumidas pelos<br />

hussardos, caçadores a cavalo e outras<br />

unidades de cavalaria ligeira em exércitos<br />

como os da Áustria, França e<br />

Prússia. Os exércitos de Espanha e<br />

Portugal chegam mesmo a abolir os<br />

dragões transformando-os em regimentos<br />

de cavalaria de linha. Inversamente,<br />

com o objetivo de reduzir os seus gastos<br />

militares, o Exército Britânico transforma<br />

todos os seus regimentos de cavalaria<br />

em unidades de dragões, que no entanto,<br />

desempenham funções de cavalaria<br />

de linha. Uma exceção foi o Exército da<br />

Rússia, onde - devido à existência dos<br />

cossacos - os dragões mantiveram as<br />

suas missões originais.

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