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Espresso 56

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Dali do alto dá para ver<br />

tudo: o cafezal, os lagos<br />

da região, a cidade ao<br />

longe. O ponto mais alto<br />

da Fazenda Nova Esperança,<br />

em Monte Santo<br />

de Minas, uma região de<br />

serra ao sul do estado,<br />

está a pouco menos de 1.200 metros de altitude em<br />

um terreno inclinado, com forte incidência de sol e<br />

vento. Quando a chuva deu uma trégua de três horas<br />

naquela sexta-feira de maio, foi possível montar na<br />

caminhonete, guiada sempre pelo cachorro Xereta,<br />

ou Shrek – como todo bom vira-lata, ele tem vários<br />

nomes –, e ver os pés de catucaí, mundo novo, catuaí<br />

vermelho (IAC 99) e amarelo (IAC 62) que salpicavam<br />

o cafezal de uma mistura de verde das folhas refrescadas pela água com o<br />

vermelho e o amarelo dos frutos maduros, quase prontos para a colheita.<br />

A história da Nova Esperança começa em 1972. A fazenda já existia antes,<br />

com o nome de Jambeirinho, mas foi ali que sua trajetória se transformou, assim<br />

como a de dona Leda Castellani, proprietária e produtora até hoje no comando da<br />

propriedade. Seu marido, Léo Pereira Lima, comprou a fazenda, mas sofreu um<br />

acidente no ano seguinte, antes de ver a primeira colheita de café. Foi então que<br />

Leda, com a ajuda de seu pai, passou a tocar o projeto que Léo começou. Afinal,<br />

era dali que ela, professora de inglês, passaria a tirar o sustento de si mesma e<br />

das duas filhas, ainda pequenas. Daí o novo nome da fazenda: a nova esperança<br />

para toda uma família.<br />

No início, a fazenda tinha granja e gado leiteiro, mas, aos poucos, o café<br />

tomou conta do pedaço. Ao todo, a propriedade tem 153 hectares, dos quais 75<br />

são de cafezais e o restante se divide em reserva legal de mata nativa e plantação<br />

de eucalipto. Mas, até chegar aí, dona Leda precisou aprender muita coisa,<br />

pesquisar e desbravar o mundo do café na unha.<br />

Buscou ajuda da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé),<br />

que tem mais de oitenta anos de história na região, e depois ganhou a<br />

companhia da filha mais nova, Arabela Pereira Lima, engenheira agrônoma formada<br />

pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, numa época<br />

em que apenas ela e outra amiga compunham a classe e tinham de deparar com<br />

o preconceito dos colegas e professores.<br />

Nada que a intimidasse. Hoje, Arabela é quem toca o dia a dia da fazenda.<br />

Arabela Pereira Lima<br />

aos pés da paineira<br />

que seu pai escolheu<br />

como símbolo da<br />

fazenda. É ali que<br />

ela busca refúgio<br />

sempre que precisa<br />

São oito funcionários fixos durante o ano todo, que<br />

mantêm a organização de tudo impecável, como<br />

dona Leda gosta e com a confiança de que precisa.<br />

Adriano Aparecido Alves , por exemplo, chegou à fazenda<br />

ainda criança, com a família dele, há 25 anos, e<br />

segue como braço-direito da família. “O empregado<br />

com menos tempo de casa tem quinze anos com a<br />

gente”, conta dona Leda.<br />

Produção e premiação<br />

Além do trabalho com o café verde commodity para<br />

diversos compradores, a Nova Esperança é uma<br />

das fornecedoras de grãos para a torrefação italiana<br />

illy, já pelo quinto ano consecutivo. Em 2016, o<br />

café venceu o 25 o Prêmio Ernesto Illy de Qualidade<br />

do Café para <strong>Espresso</strong> na categoria Sul de Minas,<br />

ficou em terceiro na classificação geral e a história<br />

de vida com o café contada por Leda Castellani foi<br />

considerada a melhor daquele ano. Os méritos foram<br />

divididos com todos: os funcionários também<br />

receberam bonificações pelo trabalho que ajudou a<br />

família a chegar lá.<br />

“Muita gente vê o café como uma fonte fácil de<br />

82 ESPRESSO

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