Junho/2017 - Referência Florestal 186
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46
PRAGA NA
CALIFÓRNIA
Besouro está devastando florestas
INTERNACIONAL
Destaques da Ligna,
feira alemã
54 ENTREVISTA
Wagner Itria Jr., gestor de
florestas plantadas da Amata
Mais do que commodities
Indústria florestal busca escala e variedade de produtos acabados
SUMÁRIO
ANUNCIANTES
DA EDIÇÃO
Agroceres ................................................................... 76
Carrocerias Bachiega .............................................. 53
32
Copener Florestal ...................................................... 13
D’Antonio Equipamentos ..................................... 71
Denis Cimaf ................................................................... 07
46
Dinagro ........................................................................... 02
DRV Ferramentas ...................................................... 63
Ferro Extra ..................................................................... 25
58
H Fort ................................................................................ 23
Himev .............................................................................. 17
J de Souza ........................................................................ 45
Editorial
Cartas
Bastidores
Coluna Ivan Tomaselli
Notas
Alta e Baixa
Biomassa
Frases
Entrevista
Principal
Colheita
Pragas
Economia
Internacional
Tecnologia
Artigo
Agenda
Espaço Aberto
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24
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50
54
58
64
72
74
Maxxi Forest ................................................................. 27
Mill Indústrias .............................................................. 41
Mill Indústrias .............................................................. 49
Ponsse ............................................................................. 09
Raptor Florestal .......................................................... 19
Sergomel ....................................................................... 11
Timber Forest .............................................................. 21
TMO ................................................................................. 75
Usimaq ........................................................................... 71
Waratah ......................................................................... 05
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de alimentação e especificações perfeitas para uma escavadeira de 21 toneladas.
- Equipado com o Waratah Shuffling, para a condução independente do cavaco e para tracionamento
independente das toras e aumento do aproveitamento durante o processamento de árvores múltiplas.
- Alinhamento automático das toras (pendente de patente) que utiliza a tecnologia de fotocélulas duplas da Waratah.
- Rotator com rotação contínua de 360 graus e melhor posicionamento das mangueiras.
- Serra ¾ de alto torque e alto desempenho, com sistema de tensão automático da corrente.
- Braços de desgalhamento fabricados à mão, fornecem desgalhamento mais limpo das toras,
seja no processamento múltiplo ou simples.
- O desenho da válvula hidráulica da Série C possui alta eficiência e proporciona maior
fluxo hidráulico, velocidades superiores e maior produtividade.
- O sistema de automação TimberRite possui tudo o que você precisa, com desenhos
de medição e diâmetro, que fornecem o comprimento ideal e diâmetros de qualidade,
no processamento múltiplo (MTP) ou simples de árvores.
Waratah.com
EDITORIAL
Ano XIX - Edição n.º 186 - Junho 2017
Year XIX - Edition n.º 186 - June 2017
A Revista da Indústria Florestal / The Magazine for the Forest Product
www.referenciaflorestal.com.br
Ano XIX • N°185 N°186 • Maio Junho 2017
PRAGA NA
CALIFÓRNIA
46
Besouro está devastando florestas
INTERNACIONAL
Destaques da Ligna, 54 ENTREVISTA
Wagner Itria Jr., gestor de
feira alemã
florestas plantadas da Amata
Mais do que commodities
Indústria florestal busca escala e variedade de produtos acabados
A imagem formada pela
composição de peças da marca
Maxxi Forest, fornecedora
de produtos e serviços para
o setor de colheita florestal e
movimentação de madeira,
ilustram a capa desta edição.
DA FLORESTA PARA A CIDADE
Não tem como fugir do tema, que não é novo, mas continua atual. O Brasil precisa
aproximar a indústria da floresta e fortalecer o segmento de produtos de valor
agregado. A economia verde avançaria muito com um planejamento estratégico e
com a conscientização do público que não faz parte do setor de que a melhor forma
de proteger as árvores é gerar economia para as pessoas que vivem da floresta. Mas
isso não acontece espontaneamente. É preciso agir: mostrando, principalmente aos
Estados, o poder de geração de emprego e recursos que o segmento é capaz de
trazer sem prejuízo às reservas naturais, desenvolver mais a indústria de produtos
madeireiros e divulgá-los para o mundo para que gerem demanda. Temos que falar:
aqui fabricamos vigas, casas, utensílios, tudo de madeira e com a melhor qualidade.
Além disto, conversar internamente e realizar campanhas de esclarecimento junto
à opinião pública. Quem destrói floresta não tem compromisso com a atividade,
ou seja, não faz parte deste setor. Existem movimentos neste sentido, envolvendo
indústrias, produtores florestais, ONGs e arquitetos. É preciso fortalecer esta onda
porque a recompensa será compartilhada por quem vive na floresta e na cidade.
Tenha uma ótima leitura!
EXPEDIENTE
JOTA COMUNICAÇÃO
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fabiomachado@revistareferencia.com.br
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Depto. de Assinaturas / Subscription
assinatura@revistareferencia.com.br
FROM THE FOREST TO THE CITY
There's no escaping the subject, which is not new, but continues to be of interest today. Brazil
needs to get to better know the forest industry and strengthen the value-added forest product
segment. The green economy would benefit greatly with strategic planning and a better
awareness by the society which is not part of the Sector, that the best way to protect the trees
is to generate more income for people who live in the forest. But that won’t happen spontaneously.
Action is needed: demonstrating, mainly to State Governments, the power of job generation
and resources that the segment is able to provide without prejudicing natural reserves,
through developing the forest products industry and divulging them to the world, generating
demand. We have to shout this out - Hey world, here we manufacture the best quality beams,
houses, utensils, all made from wood. In addition, carry out internal conversations and information
campaigns aimed at public opinion. Those who destroy the forest have no commitment to
the activity, i.e. they are not part of this Sector. There are moves in this direction, involving companies,
forest producers, NGO’s and architects. It is necessary to strengthen this wave because
the rewards will be shared by those who live in the forest and in the city. Pleasant reading!
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ASSINATURAS
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A Revista REFERÊNCIA - é uma publicação mensal e independente,
dirigida aos produtores e consumidores de bens e serviços em madeira,
instituições de pesquisa, estudantes universitários, orgãos governamentais,
ONG’s, entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente
ligados ao segmento de base florestal. A Revista REFERÊNCIA do Setor
Industrial Madeireiro não se responsabiliza por conceitos emitidos em
matérias, artigos ou colunas assinadas, por entender serem estes materiais
de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação,
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direitos autorais, exceto para fins didáticos.
Revista REFERÊNCIA is a monthly and independent publication
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lumberz industry, research institutions, university students, governmental
agencies, NGO’s, class and other entities directly and/or indirectly linked
to the forest based segment. Revista REFERÊNCIA does not hold itself
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CARTAS
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Ano XIX • N°185 • Maio 2017
NA ESTRADA
TERCEIRIZAÇÃO
Atividade foi 62 ENTREVISTA
Cuidados no 48
Jakob Hirsmark, diretor de
transporte de madeira regulamentada
exposição da Elmia Wood
More power for thinning
New head provides efficiency and
economy to forest management
NOTAS
Mais potência
no desbaste
Novo cabeçote traz eficiência
e economia no manejo florestal
Capa da Edição 185 da
Revista REFERÊNCIA FLORESTAL,
mês de maio de 2017
Por Fernando Inácio - Caetés (PE)
É sempre bom ter o ponto de vista externo sobre
determinados assuntos. A entrevista com Jakob Hirsmark,
diretor da Elmia Wood, mostra a importância dos drones
para a evolução do monitoramento florestal, além de falar
sobre a mudança nas feiras ao redor do mundo.
Imagem: reprodução
Por Luiz Karas - Joinville (SC)
Gostaria de parabenizar a REFERÊNCIA FLORESTAL pelo
excelente trabalho na filtragem de notícias. São sempre
temas pertinentes, que nos deixam a par do que é
realmente importante para o setor.
Foto: divulgação
TRANSPORTE
Por Natalia Kozak - Mafra (SC)
TERCEIRIZAÇÃO
Por Enio Golnick - Telêmaco Borba (PR)
Ótima a reportagem sobre a necessidade de
infraestrutura para motoristas, na última edição. Nossas
estradas são precárias e já passou da hora do governo
federal resolver tais questões.
A terceirização será força motriz da nova geração de
empregos no Brasil e no setor florestal. A reportagem da
edição anterior foi muito elucidativa a respeito, parabéns.
Foto: divulgação
Foto: REFERÊNCIA
Leitor, participe de nossas pesquisas online respondendo os e-mails enviados por nossa equipe de jornalismo.
As melhores respostas serão publicadas em CARTAS. Sua opinião é fundamental para a Revista REFERÊNCIA FLORESTAL.
E-mails, críticas e
sugestões podem ser
enviados para redação
revistareferencia@revistareferencia.com.br
Mande sua opinião sobre a Revista do
Setor Florestal ou a respeito de reportagem
produzida pelo veículo.
08 www.referenciaflorestal.com.br
OS PIONEIROS NO MÉTODO
CTL – CUT TO LENGTH
A PONSSE É UMA DAS MAIORES FABRICANTES de máquinas
florestais para o método CTL – Cut to Length, no
mundo. Trabalhando há mais de 40 anos na evolução
e desenvolvimento de máquinas florestais de pneus.
O desenvolvimento dos produtos da Ponsse baseia-se
principalmente em numa profunda colaboração com os
seus clientes. É por isso que somos considerados “A
melhor amiga do produtor florestal”.
O CABEÇOTE PONSSE H77EUCA representa a tecnologia de ponta
para a colheita de eucalipto. O H77euca é altamente
eficiente e confiável, e adequado para uso em harvesters
de pneus ou máquinas base de esteira de 16 a 22
toneladas. O PONSSE Ergo é uma harvester ergonômico,
eficiente e com 205kW de potência no motor, desenvolvido
principalmente para condições exigentes na colheita
florestal, e um excelente suporte para PONSSE H77euca.
A PONSSE AINDA PRODUZ FORWARDERS com capacidade de carga
superior e força de tração para o transporte da madeira,
que vão do PONSSE Buffalo, com capacidade para 14
toneladas, até o PONSSE ElephantKing com capacidade de
20 toneladas.
PONSSE LATIN AMERICA - BRASIL
R. Joaquim Nabuco, 115 – Vila Nancy
Mogi das Cruzes/ São Paulo – BRASIL
CEP 08735-120
Tel:+55 11 4795 - 4600
A melhor amiga do produtor florestal
www.ponsse.com
BASTIDORES
CHARGE
Charge: Francis Ortolan
REVISTA
FEIRA
Desembarcamos na Suécia para
acompanhar uma das maiores
feiras florestais do mundo: a Elmia
Wood. O editor da REFERÊNCIA
FLORESTAL, Rafael Macedo, vai
aproveitar os dias de evento
para trazer em primeira mão a
cobertura completa e lançamentos
dos principais fornecedores do
segmento. Aguardem na próxima
edição!
Foto: divulgação
Rafael Macedo na Elmia
Wood, um dos maiores
eventos florestais do planeta
VISITA
Recebemos na JOTA EDITORA a
visita de Deydre Busato Tortato,
responsável pelo marketing
da TMO Forest, empresa que
foi capa da última edição da
REFERÊNCIA FLORESTAL.
Fábio Machado, diretor
financeiro da REFERÊNCIA,
e Deydre
Foto: REFERÊNCIA
10
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COLUNA
Foto: divulgação
Ivan Tomaselli
Diretor-presidente da Stcp
Engenharia de Projetos Ltda
Contato: itomaselli@stcp.com.br
A INDÚSTRIA FLORESTAL,
A COMPETITIVIDADE E A
SUSTENTABILIDADE
Para vencer competição com outros materiais, é preciso investir em tecnologia
e novos mercados para a madeira
O
consumo mundial de madeira é de aproximadamente
4 bilhões de m³/ano (metros cúbicos). Existem
290 milhões de ha (hectares) de florestas plantadas,
e que teoricamente têm a capacidade de produzir 2 bilhões de
m³/ano de madeira, ou seja 50% do consumo mundial.
Para manejar as florestas, plantadas e naturais, e garantir
a produção sustentada de madeira requerida, é necessário
investir em torno de US$150 bilhões por ano. O investimento
no manejo de florestas de produção é feito prioritariamente
pelo setor privado, envolvendo principalmente a indústria
florestal, investidores institucionaisb e investidores privados
(grandes fortunas, donos de terra e outros).
Investir é necessário para manejar as florestas e garantir
o suprimento futuro. Manejar para garantir o suprimento
futuro envolve também a melhoria dos processos, no desenvolvimento
científico e tecnológico, que possam trazer ganhos
contínuos na produtividade e na qualidade dos bens e serviços
produzidos pelas florestas.
Além de investir no manejo de florestas, e garantir a sustentabilidade
do suprimento de madeira, a indústria florestal
tem outro papel importante: assegurar que o processo de
transformação seja eficiente para reduzir os desperdícios,
desenvolver novos produtos e melhorar continuamente a
competitividade. No mercado, a madeira compete com plástico,
cerâmica, alumínio, ferro, concreto e outros materiais. Os
produtos são comparados pelos consumidores considerando
a performance, necessidade de manutenção, tempo de vida,
custo, prazo de entrega e outros fatores.
Todos estes materiais têm sido moldados para atender as
demandas dos clientes e competirem no mercado. Os dormentes
e os postes de concreto já substituíram a grande maioria
dos feitos de madeira. As janelas e portas de alumínio, ferro
e PVC também vêm tomando o mercado destes componentes
feitos em madeira. O mesmo vem acontecendo com pisos,
partes de móveis, molduras, forros, revestimentos e outros.
O consumo de produtos de madeira, em geral, deverá
continuar crescendo. No entanto alguns irão perder mercado,
e outros produtos de madeira, mais competitivos, serão
desenvolvidos e ofertados ao mercado.
Em princípio, reduzir os custos florestais (na produção
de madeira) é importante. As florestas plantadas e os desenvolvimentos
na área da genética, com a introdução de novas
espécies e da silvicultura, têm tido papel importante para
ofertar madeira de melhor qualidade e a menor custo.
No entanto, a indústria deve investir em tecnologia, tanto
no desenvolvimento de produtos como no processo de transformação.
Para isto, ter acesso à informação é importante,
mas é necessário ir além. Introduzir um processo de mudança
requer conhecimento e experiência. O conhecimento é formado
pelo conjunto de informações verdadeiras, e que foram
comprovadas. A experiência é o conhecimento ou aprendizado,
obtido ou verificado, por meio da prática (vivência). Somente
com experiência e sabedoria é possível definir uma estratégia
sólida de busca de competitividade para assegurar a competitividade.
Nem sempre a experiência e a sabedoria estão
disponíveis na indústria. Em geral, para o desenvolvimento, é
necessário envolver especialistas externos, que se encontram
em universidades, institutos ou empresas especializadas.
A madeira compete com plástico, cerâmica, alumínio, ferro,
concreto e outros materiais. Os produtos são comparados
pelos consumidores
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Marcus Masson,
gerente de Pesquisa & Desenvolvimento Florestal da BSC
A GENTE
NÃO PARA
DE CRESCER.
NEM VOCÊ!
A Copener Florestal, pertencente à Bracell Limited, integra o Royal Golden Eagle (RGE), um
grande grupo de empresas de classe mundial focadas na indústria de manufaturas e com atuação
nos setores de celulose e papel, óleo de palma, fibras de viscose e energia. Nossas atividades
estão espalhadas por diversos países do mundo e as nossas empresas não param de
crescer, assim como também os nossos talentos.
A Copener desenvolve suas atividades em 150 mil hectares de terras na região do Litoral Norte
e Agreste da Bahia, para abastecer a fábrica da Bahia Specialty Cellulose, em Camaçari
(BA), posicionada entre os líderes mundiais em produção de celulose para especialidades.
Para continuar crescendo, ela tem investido na melhoria contínua dos seus processos e na
atração de profissionais com larga experiência em desenvolver novas tecnologias.
Se você é engenheiro florestal, com experiência em Pesquisa, Planejamento, Viveiro, Silvicultura
ou Colheita, tem ideias inovadoras e interesse em trabalhar em um ambiente desafiador e repleto
de oportunidades de crescimento no Brasil e no exterior, venha fazer parte do nosso time e
participar dos nossos próximos desafios! Assim como nossas atividades, nossas oportunidades
também estão espalhadas por diversos países do mundo, nas empresas do grupo RGE.
Você se identificou com as nossas oportunidades?
Envie seu currículo para: recrutamento@bahiaspeccell.com, inserindo “Talentos 2017”
no assunto do e-mail.
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NOTAS
UFPR REALIZA
SEMANA DE
ENGENHARIA
FLORESTAL
Foto: divulgação
A Ufpr (Universidade Federal do Paraná) realiza, entre
os dias 17 e 21 de julho, a primeira Seaflor (Semana de
Aperfeiçoamento em Engenharia Florestal) do programa
de pós-graduação em Engenharia Florestal. Esta iniciativa partiu dos discentes com o intuito de oferecer a oportunidade
aos estudantes de engenharia florestal de todo Brasil o intercâmbio institucional, visando a difusão de conhecimentos
relacionados às variadas linhas de especialização profissional do setor. A Seaflor é um evento de inscrição gratuita e cada
participante tem o direito de se inscrever a um minicurso e, automaticamente, no ciclo de palestras. Entre os cursos
confirmados estão os de Propriedades da Madeira: Ensaios não Destrutivos, Arborização Urbana: planejamento, implantação
e manejo, e Uso do SIG para mapeamento de dados climáticos e formulação de mapas para zoneamento de riscos
de incêndios florestais, entre outros.
CEOS DISCUTEM O FUTURO
DA INDÚSTRIA FLORESTAL
A Icfpa (Oitava Mesa Redonda Internacional de CEOs
do Conselho Internacional de Florestas e Papel) aconteceu
em meados de maio, em Berlim, na Alemanha. Mais
de 20 líderes de associações da indústria florestal de todo
o mundo, incluindo a presidente executiva da Ibá (Indústria
Brasileira de Árvores), Elizabeth de Carvalhaes (foto),
reuniram-se para debater as inovações industriais, as
questões de sustentabilidade, aspectos da política atual
e as tendências que podem afetar a indústria nacional
e internacionalmente. “A indústria global de florestas e
papéis mantém-se firme na busca de seus compromissos
de sustentabilidade com base em seus valores comuns. A
conferência de hoje nos deu a oportunidade de reafirmar
esses valores em um mundo interligado e acelerado como o atual”, disse Peter Oswald, novo CEO do grupo. Os presentes
discutiram as melhorias da indústria em práticas e novidades em sustentabilidade e também assistiram aos três finalistas
globais do Prêmio Jovens Pesquisadores e Inovações do Blue Sky, que incluiu um representante brasileiro.
Foto: divulgação
14
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CONCURSO PARA
RESTAURAÇÃO
FLORESTAL
Foto: divulgação
A ONG (Organização Não-Governamental) ambientalista
WWF Brasil lançou no início deste mês o concurso
Desafio Ambiental: Inovação e Empreendedorismo em Restauração
Florestal; em celebração ao Dia Mundial do Meio
Ambiente. O objetivo é dar apoio ao país para atingir metas
de restauração e dar visibilidade a iniciativas pioneiras que
podem ser replicadas em escala. “O Brasil tem um compromisso
bastante ambicioso de restauração florestal na Convenção do Clima, de 12 milhões de ha (hectares). Ao mesmo
tempo, tem um passivo ainda maior. O Código Florestal mostrou que o país tem 18 milhões de ha a serem restaurados.
É uma meta difícil. A restauração deve ser um movimento brasileiro”, disse o diretor-executivo do WWF-Brasil, Maurício
Voivodic. O concurso vai mapear, impulsionar e premiar iniciativas que restaurem biomas por meio de modelos inovadores
e sustentáveis.
FÓRUM AMBIENTAL E
FLORESTAL ACONTECE NA UFJF
O 5° Fórum Ambiental e Florestal acontece no dia
11 de agosto na Ufjf (Universidade Federal de Juiz de
Fora). Através da parceria com a Universidade, a edição
desse ano será gratuita. Com a missão de divulgar
informações estratégicas para desenvolvimento
florestal, o evento reúne executivos e especialistas
de referência internacional para debaterem sobre as
práticas e as mais recentes tendências de tecnologias
e de modelos de gestão sustentável utilizadas em
todo o mundo. Segundo Leonardo de Oliveira Resende,
um dos organizadores do evento, a proposta
é incentivar o desenvolvimento sustentável através
de negócios de menor impacto ambiental, pela conservação
de reservas, água ou outros recursos. Ele diz que o objetivo do fórum é dar sequência a este trabalho, “funcionar
como catalizador para iniciativas deste tipo e ser referência para projetos de natureza profissional ou da vida pessoal.”
Foto: divulgação
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
15
NOTAS
EVENTO ABORDA OFERTA E
DEMANDA DE PRODUTOS
FLORESTAIS
Foto: divulgação
A situação do mercado de madeira de eucalipto,
os cenários, as perspectivas e tendências foram temas
que fizeram parte de uma das palestras do Dia de Mercado
da Silvicultura, que aconteceu no início de junho,
em Campo Grande (MS). O especialista em política e
indústria da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
Mário Cardoso, falou sobre a importância do consumo
deste tipo de madeira. “É preciso haver uma relação
equilibrada entre oferta e demanda para que os produtores
sejam bem remunerados”, declarou. O objetivo
do evento foi difundir informações técnicas e gerenciais a produtores de florestas plantadas, a fim de aumentar as margens
de lucro da atividade e apresentar sugestões de melhoria nos processos de gestão da propriedade. Além da palestra sobre o
mercado de madeira de eucalipto, o evento promoveu também o debate sobre custo de produção da eucaliptocultura, alternativas
para redução dos custos e aumento da produtividade e oportunidade da biomassa florestal para geração de energia.
NOVO ÍNDICE DE
MADEIRA SERRADA
O novo limite máximo de aproveitamento para conversões
de tora em madeira serrada informadas pelo sistema do DOF
(Documento de Origem Florestal) entrou em vigor. O CRV (Coeficiente
de Rendimento Volumétrico) foi reduzido de 45% para
35%. O objetivo da mudança é impedir a geração de créditos
excedentes (fictícios) de madeira no sistema DOF. A redução foi
proposta pelo Ibama e pelo SFB (Serviço Florestal Brasileiro) ao
Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) com a finalidade
de aperfeiçoar regras para o transporte e a industrialização de
madeira extraída legalmente. Aprovada por unanimidade, resultou
na publicação da Resolução Conama n° 474/2016. A redução
do coeficiente tem reflexo direto na redução do desmatamento
ilegal na Amazônia e representa um avanço para o setor empresarial
de base florestal ao impedir fraudes que tornavam a competição
insustentável para indústrias que operam em conformidade com a lei.
Por outro lado, produtores avaliam que a medida não alcançará o efeito desejado.
Foto: divulgação
16
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ecotritus
TRITURADOR
FLORESTAL
O TRITURADOR FLORESTAL
ECOTRITUS foi desenvolvido
levando em conta a forte vegetação
brasileira, bem como a severidade do
clima predominantemente tropical. Apesar
da dureza das condições de trabalho, o
Triturador FLORESTAL ECOTRITUS apresenta
elevada PRODUTIVIDADE aliada a baixa e
ECONÔMICA MANUTENÇÃO.
FABRICADO NO BRASIL
Matriz europeia adaptada para a realidade brasileira.
Peças e assistência técnica brasileira.
Indústria e Comércio de Máquinas
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www.himev.com.br (47) 3632.1001
NOTAS
PARCERIA ENTRE APRE E
SINDUSCON-PR
Foto: divulgação
Para discutir a possibilidade de transformar os resíduos
da construção civil em insumos para construção
de estradas florestais a Apre (Associação Paranaense de
Empresas de Base Florestal) levou até o vice-presidente
do Sinduscon-PR (Sindicato da Indústria da Construção
Civil no Estado do Paraná), Euclésio Finatti, o engenheiro
florestal Marcelo Langer, que desenvolveu uma pesquisa
pela Utfpr (Universidade Tecnológica Federal do Paraná)
em 2015, sob orientação do professor doutor André
Nagalli, intitulada: Uso de Resíduos da Construção e
Demolição na Forma de Agregados de Resíduos Mistos e
Resíduos de Concreto da Construção Civil e Demolição em Estradas Rurais e Vicinais. No encontro, o engenheiro florestal disse
que um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas florestais e sociedade rural é quanto à construção e manutenção
das estradas. Segundo ele, a ausência de estradas em condições de rodagem pode gerar inúmeros problemas comerciais,
econômicos e sociais, como, por exemplo, a perda de escoamento de produtos florestais, agrícolas, leite etc., e também de
mobilidade humana, já que leva ao abandono das áreas rurais e migração para cidades, gerando problemas em ambas as áreas.
INVENTÁRIO FLORESTAL COMEÇA
LEVANTAMENTO NO CERRADO
Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas
para a produção de carne e grãos, o Cerrado é o bioma
brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana,
atrás apenas da Mata Atlântica. Estima-se que 20%
das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas
protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais da
região estejam ameaçadas de extinção. Conhecer as condições
das florestas existentes é fundamental para adotar
políticas efetivas de recuperação e conservação dos seus
recursos. A partir de junho, o IFN (Inventário Florestal Nacional)
começou a coleta de dados em campo em quatro
dos 11 Estados com ocorrência do bioma: Maranhão, Tocantins,
Piauí e Bahia, abrangendo uma área de 70,3 milhões
de ha (hectares) (34%) de Cerrado. O trabalho em campo envolverá cerca de 100 profissionais, como engenheiros
florestais, agrônomos, biólogos, mateiros, entre outros, e deve ser concluído no início de 2018. O objetivo é conhecer não
só a quantidade dos recursos florestais como também o estado de conservação e a biodiversidade das florestas.
Foto: divulgação
18
www.referenciaflorestal.com.br
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melhor tecnologia e dentro das normas internacionais de segurança.
Estas qualidades os levaram a equipar os melhores implementos
florestais. Veja o que dizem os nossos clientes:
Marcelo Facchini
Diretor/Facchini S.A. Implementos Rodoviários
“O transporte florestal é conhecido pela severidade
das operações de carga, descarga e estradas onde
transitam. A FACCHINI se adequou a esta demanda
com projetos específicos para a necessidade de cada
cliente, em quesitos como estrutura e suspensão.
Para um conjunto mais leve mas sem abrir mão da
segurança, optamos pelo fueiro que nos dá também
maior volume de carga. Utilizando aços de alta
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NOTAS
MAPEAMENTO
DE ESPÉCIES
Foto: divulgação
O Serviço Florestal dos EUA (Estados Unidos da
América) está prestes a lançar um enorme banco de
dados que reunirá documentos sobre a abundância e
a diversidade de líquens em todo o país. Os cientistas
poderão usar o banco de dados para estudar a biodiversidade
do líquen e, a partir disso, analisar a qualidade
do ar, a poluição e a saúde das florestas. A nova base de
dados também será gratuita e disponível ao público. As
equipes de campo do Serviço Florestal pesquisaram a
diversidade e a abundância do líquen em mais de 6.000
locais entre 1989 e 2012. Nos EUA e no Canadá, há mais
de 5.000 espécies conhecidas de líquens. O banco de dados está em processo de finalização e quando estiver pronto ficará
disponível no site do Serviço Florestal dos EUA. Há também um projeto para a produção de um Atlas que mostrará cerca de 500
espécies diferentes de líquens, que em breve estará disponível no Treesearch, uma plataforma para pesquisa de publicações
do site do Serviço Florestal. Cópias impressas serão disponíveis mediante solicitação.
DICIONÁRIO
MULTILÍNGUE
A Elmia Wood, feira que acontece na Suécia, disponibilizou
ferramentas online para o setor florestal: um
dicionário multilíngue, ferramenta de planejamento de
corte e desbaste e até um museu de máquinas antigas.
Tudo isso para proporcionar a comunicação florestal em
qualquer idioma. Através do Forestry Dictionary é possível
acessar a tradução de palavras e termos do setor
florestal em 16 línguas sendo algumas com explicações
e definições. A preocupação com as mudanças climáticas
é crescente e afeta diretamente o setor florestal. Quando não podemos prever o clima, especialmente a precipitação, a
tomada de decisão quanto ao corte pode ser feita erroneamente. Um solo molhado está mais susceptível à compactação,
além de prejudicar a produtividade devido a uma colheita mais lenta e maior consumo de combustível. O Smhi (Instituto
Meteorológico e Hidrológico da Suécia) e a ElmiaWood decidiram, então, lançar juntos na edição de 2017 da feira uma
ferramenta capaz de prever as condições do solo e ajudar o gerente florestal na tomada de decisão de forma clara. O Smhi
Timbr é um serviço online que disponibilizará informações a quem quiser acessar como condições e tipos de solo e previsões
meteorológicas e hidrológicas. Baseado nos dados que descrevem o caminho das água pelo solo, a ferramenta poderá
mostrar em que condição está o terreno da sua floresta, facilitando o planejamento da colheita.
Foto: divulgação
20
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ALTA E BAIXA
ALTA NA CELULOSE
A produção brasileira de celulose subiu 12,6% em abril sobre mesmo período de 2016, para 1,647 milhão de
t (toneladas), de acordo com dados preliminares divulgados pela Ibá (Indústria Brasileira de Árvores). Nos
primeiros quatro meses do ano, a produção brasileira de celulose cresceu 5,1%, para 6,325 milhões
de t. As exportações no período subiram 1,6 %, para 4,345 milhões de t. O consumo aparente de
celulose saltou 72,9% em abril, para 650 mil t e no acumulado dos quatro primeiros meses do ano
subiu 9,3%, para 2,057 milhões de t, também na comparação com 2016. O consumo aparente
é a soma da produção e importações, menos as exportações.
ALTA
EXTRATIVISTAS PODEM RECEBER ATÉ R$ 8 MILHÕES
Agricultores familiares que cultivam produtos como açaí, andiroba, babaçu, baru, borracha natural, cacau,
carnaúba, castanha-do-brasil, juçara, macaúba, mangaba e pequi terão recursos de até R$ 8 milhões
para garantia e sustentação de preços nas comercializações deste ano. Os pagamentos serão realizados
por meio da Pgpm-Bio (Política de Garantia de Preços Mínimos para Produtos da Sociobiodiversidade),
executada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Com este instrumento, toda vez que os
agricultores vendem seu produto por um valor abaixo do preço mínimo fixado pelo governo federal, a
Conab paga essa diferença.
MEGA CATÁSTROFE
O saldo deixado pelos 717 incêndios no começo deste ano no centro-sul do Chile foi de 11 mortos, 7 mil
desabrigados, 1.6 mil casas destruídas e 467 mil ha (hectares) devastados. O segundo maior do século
XXI. O processo de reconstrução já começou na cidade de Santa Olga que foi completamente queimada
tornando-se a imagem de mártir desta catástrofe. No Chile, 98% dos incêndios florestais são produto da
intervenção humana, de acordo com a Conaf (Corporação Nacional Florestal). Descuidos em queimadas
agrícolas e com a manutenção de linhas de energia muitas vezes causam a origem dos 6 mil incêndios
florestais, que ocorrem anualmente. Desta vez não foi exceção de acordo com as 250 investigações que
estão em andamento, segundo o Ministério Público.
BAIXA
TRUMP EM AÇÃO
Uma empresa de Quebec está cortando turnos e atrasando o início das operações florestais,
um movimento que afetará mais de 1.200 trabalhadores. Centenas de trabalhadores florestais
de Quebec estão experimentando o gosto amargo da batalha madeira macia com os EUA (Estados
Unidos da América), enquanto se preparam para o início das demissões geradas por medidas do presidente
Donald Trump. Iniciado recentemente, a Resolute Forest Products cortou turnos em sete serrarias
e atrasou o início das operações florestais que afetarão 1.282 trabalhadores. Durante a última disputa de
madeira macia, o Canadá perdeu 20.000 postos de trabalho na silvicultura entre 2000 e 2006, cerca de 400
serrarias fecharam entre 2004 e 2009.
22
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BIOMASSA
PRODUÇÃO DE BIOMASSA GANHA
ESPAÇO NO MATO GROSSO
Foto: divulgação
A
produção de eletricidade a partir de resíduos de
madeira tem se tornado uma das alternativas
em Mato Grosso em detrimento de outras fontes
mais poluentes. São utilizados no processo madeira
em tora, serragem, briquetes de madeira e cavacos que
são queimados para serem transformados em energia
elétrica. O potencial de utilização é reflexo dos mais de
6 milhões t (toneladas) de madeira produzida em Mato
Grosso. De acordo com o Sindenergia (Sindicato da Construção,
Geração, Transmissão e Distribuição de Energia
Elétrica e Gás de Mato Grosso), atualmente quatro usinas
que utilizam a matéria-prima para a produção de energia
estão em funcionamento. O Balanço Energético de
Mato Grosso, apresentado no VIII Seminário de Energia
em maio, aponta que entre os derivados da biomassa, a
lenha e o carvão vegetal representaram, em 2014, 17%
dos energéticos consumidos.
CURITIBA SEDIA CONGRESSO
DE BIOMASSA
A
cidade de Curitiba (PR) recebe, entre 20 e 22 de junho
na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do
Paraná), o II Cibio (Congresso Internacional de Biomassa).
Voltada exclusivamente para profissionais ligados ao
setor de biomassa e energia, a segunda edição do congresso
terá a participação dos principais especialistas do setor tanto
do Brasil como do exterior. Paralelo ao Congresso, acontece
a Expobiomassa (Feira Internacional de Biomassa e Energia).
Além de acompanhar as palestras, os visitantes poderão visitar
os estandes da feira que conta com mais de 70 expositores
confirmados. Organizado e coordenado pelo Grupo
FRG Mídias & Evento, o Cibio 2017 tem o apoio das principais
entidades do setor no Brasil e no exterior.
Imagem: reprodução
24
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FRASES
É muito comando e pouco controle
É com essa alma,
essa revitalização,
esse vigor que
solenidades como
essa provocam no
governo, que vamos
conduzir até 31
de dezembro
de 2018
Advogado ambientalista e professor da UFV (Universidade Federal de Viçosa),
José de Castro, lembrando que Minas Gerais tem mais de 12 mil
dispositivos legais sobre a silvicultura
Processo moroso, exigências descabidas e tudo
isso sem efetivo cuidado ambiental
Adriana Maugeri, diretora executiva da AMS (Associação Mineira de
Silvicultura), destacando que alguns processos de licenciamento chegam a
demorar até sete anos
Do presidente Michel Temer no
segundo dia do julgamento no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) da
chapa Dilma-Temer, que poderia
ter resultado na cassação de seu
mandato, durante cerimônia de
lançamento do Plano Safra 2017/18
A agenda que o Brasil protege muita floresta
é uma agenda positiva. É uma oportunidade e
ela não é um argumento para justificar que
precisa desmatar mais
Gerente do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola),
Luís Fernando Guedes, sobre os dados levantados pela Embrapa que indicam
que mais de 174 milhões de ha (hectares) de vegetação nativa preservados estão
dentro de imóveis rurais particulares
Estabelecemos segurança jurídica para
produtores e meio ambiente, equilibrando as coisas
no país. Quando apresentamos o Código Florestal,
tínhamos um compromisso de regularizar o que
havia para trás. É necessário agora que haja um
pacto para cuidar dessa questão à frente
Foto: Agência Brasil
Aldo Rebelo, ex-deputado federal e relator do Código Florestal, que completa
cinco anos em vigência
26
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PEÇAS DE REPOSIÇÃO PARA EQUIPAMENTOS FLORESTAIS DE TODOS OS MODELOS E MARCAS
•Peças para Ca beçotes Florestais, Forwarders, Harvesters, Fellers, Escavadeiras, etc...
•Fabricadas conforme o modelo original. Utilizando materiais de alta qualidade e durabilidade
FABRICAÇÃO OU MELHORIA DE IMPLEMENTOS FLORESTAIS
• Desenvolvimento e fabricação de projetos novos ou melhorias, conforme a necessidade do cliente;
• Reforma de Cabeçotes Florestais, Gruas, Garras, Rolos, Mandíbulas, Lâminas, Suportes, Ponteiras, Bielas, etc...
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ENTREVISTA
Foto: divulgação
Wagner Itria Jr.
LOCAL DE NASCIMENTO
12/12/1973 – São Paulo (SP)
December 12, 1973 - São Paulo (SP)
ATIVIDADE/ ACTIVITY:
Gestor das operações de florestas plantadas na Amata S.A.
Forestry Engineering (ESALQ- USP, 1996), Quality Engineering (POLI-USP), Pulp and Paper Technology (UFV) and MBA (FGV)
FORMAÇÃO/ ACTIVITY:
Engenheiro Florestal (Esalq-USP, 1996), pós-graduado em Engenharia da Qualidade (Poli-USP), pós-graduado em Tecnologia da
Celulose e Papel (UFV) e MBA em Gestão Empresarial (FGV)
Forestry Engineering (Esalq- USP, 1996), Quality Engineering (Poli-USP), Pulp and Paper Technology (UFV) and MBA (FGV)
P
or mais tecnologia envolvida no processo de colheita florestal
a boa e velha comunicação está entre as qualidades
mais importantes para que todo o sistema funcione bem.
O Gestor das operações de florestas plantadas da Amata, Wagner
Itria JR., gerencia uma área total de 114 mil ha (hectares), dos quais
46 mil ha de manejo de essências tropicais, 16 mil de eucalipto,
9 mil de pinus e 4 mil ha de paricá. Com uma diversidade tão
grande de espécies é preciso ter foco e ajustar as operações para
cada situação. Ele compartilha um pouco da sua experiência no
campo, mostra o que funcionou e o que não deu certo mas que
serviu de aprendizado.
Comunicação é a chave
Communication is the key
W
ith all the technology involved in the forest harvest
process, good old communication is amongst the most
important activities for any system to work well. Wagner
Itria Jr., Manager of Planted Forest Operations for Amata,
manages a total of 114,000 hectares (ha), of which 46 thousand
ha are under management for tropical essences, 16 thousand for
eucalyptus, 9 thousand for pine and 4 thousand for Paricá. With
such a diversity of species, it takes focus and adjusting operations
to each situation. He shares a bit of his experience in the field,
showing what worked and what didn’t work but that served as a
learning experience.
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Quais são os pontos mais sensíveis no planejamento de uma
operação de colheita florestal?
Os pontos mais sensíveis no planejamento de uma operação
de colheita florestal estão relacionados ao alinhamento com
o objetivo da organização (tipo de manejo, espécies a serem
colhidas, volume de colheita, mercados e clientes), atentar
aos aspectos socioambientais (e como mitigar os impactos),
escalar as pessoas certas no lugar certo (na gestão e operação),
garantir as informações corretas (informações básicas, como
cadastro e mapas, benchmarking, resultados de testes etc.),
buscar os recursos necessários (máquinas, equipamentos,
prestadores de serviços etc.) e controlar a realização das etapas
da execução (definir indicadores, frequência de acompanhamento,
reportes e outros).
De que maneira dimensiona os projetos?
Uma vez definidas a quantidade e as características da madeira
a ser produzida, os projetos são dimensionados de acordo
com o sistema de colheita e equipamentos que atendam,
além dos requisitos de produtividade, aspectos de segurança
e ergonomia, ambientais (redução da poluição e compactação
do solo) e sociais (facilidade de operar, formando mão de obra
local, e manter).
Quais são os erros mais frequentes que já observa neste
campo?
Alguns dos erros frequentes são: criar ferramentas muito
complexas ou, ao invés de ter foco nas informações corretas,
assumir como rotina algo que é inovação, tentar implantar uma
inovação sem ter pessoas com as competências necessárias
para isso. Considerar que as competências teóricas são mais
importantes que as práticas (confiar mais nas planilhas eletrônicas
do que na equipe prática de campo), não buscar ajuda
fora da empresa (fornecedores, consultores, universidades e
benchmarking com outras empresas), menosprezar a curva
de aprendizagem das pessoas e não ter cenários alternativos
(otimista, mais provável e pessimista).
Em que situações a tecnologia facilita o planejamento da
colheita?
A tecnologia facilita o planejamento da colheita quando
agiliza a obtenção de informações para tomada de decisão,
como imagens aéreas tiradas por drones ou relatórios de
produção das máquinas em tempo real. Mas só a tecnologia
não é garantia de sucesso. É preciso contar com profissionais
com competência para transformar dados em informações
e conhecimento, compartilhando os aprendizados com os
envolvidos no processo.
Existe muita falta de comunicação entre gerência e operadores
no campo? Como facilitar o entendimento do que deve
ser executado?
What are the most sensitive points in the planning of a
forest harvest operation?
The most sensitive points in the planning of a forest harvest
operation are related to alignment with the organization’s
objective (type of forest management, species to be
harvested, harvest volume, markets and customers), paying
attention to environmental aspects (and how to mitigate
the impacts), choosing the right people in the right place (in
management and operations), ensuring the correct information
(basic information, such as registration and maps,
benchmarking, test results etc.), seeking out the necessary
resources (machines, equipment, service providers, etc.)
and controlling the implementation of the execution stages
(indicators, monitoring frequency, reports, and others).
How do you dimension the projects?
Once the amount and characteristics of the timber to be
produced are defined, the projects are dimensioned according
to the harvest system and equipment that meet the
project, in addition to the productivity requirements, ergonomics
and safety aspects, environmental aspects (reducing
pollution and soil compaction), and social aspects (ease of
operating, educating local labor, and maintaining).
What are the most common mistakes you have ever observed
in this field?
Some of the most frequent mistakes are: creating complex
tools rather than focusing on the correct information, assuming
something routine is innovation, trying to implant
innovation without having people with the necessary skills
to do so. Considering that the theoretical skills are more
important than the practical (relying more on spreadsheets
than on field team experience), not getting help from outside
the company (suppliers, consultants, universities and
benchmarking with other companies), disregarding the
learning curve of the people, and having no alternative scenarios
(optimistic, pessimistic and most likely).
In which situations does technology facilitate harvest
planning?
Technology facilitates harvest planning when streamlining
information for decision-making, such as aerial imaging
carried out using drones or real time machine production
reports. But technology is not a guarantee of success. We
must rely on professionals with the skills to transform the
data gathered into useful information and knowledge, passing
this on to those involved in the process.
Is there much lack of communication between managers
and operators in the field? How do you facilitate the understanding
of what should be carried out?
Without a doubt, there is a deficiency in communication.
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
29
ENTREVISTA
Sem dúvida, há deficiência na comunicação. É preciso garantir
que a linguagem seja apropriada para cada grupo de pessoas.
Chegamos a definir metas para a equipe operacional, com indicadores
em metros cúbicos ou hectares, porém essas metas
dificilmente eram atingidas. O diagnóstico foi que as pessoas
não entendiam a métrica, então passamos a usar a unidade
árvore como métrica e o problema foi resolvido. Mas não é só
entre a gerência e os operadores de campo que encontramos
falhas na comunicação. Isso ocorre também entre gerências.
As pessoas não costumam explicitar suas divergências, então
problemas que podem ser evitados ou solucionados no início
tornam-se resultados ruins.
Outro problema que se vivencia hoje é a falta de perfil do
trabalhador que vai ficar no campo. Como avalia o interesse
ou a aptidão do funcionário de campo, que muitas vezes
tem capacidade para a atividade, porém desiste em poucos
meses?
O primeiro passo está na seriedade e realismo com que os
cargos, atividades e perfil pessoal são descritos. Na sequência,
testes aplicados por profissionais especializados podem indicar
a aptidão do profissional para a posição. Para os profissionais
que atuarão em campo, é imprescindível uma visita às operações
ainda na fase de seleção, com o objetivo de mostrar os
desafios que serão encontrados e verificar (ou não) o ânimo
do profissional para com o que ele terá que enfrentar.
Como observa o processo de mecanização. Podemos dizer
que temos soluções para todas as etapas do processo ou ainda
são necessárias adaptações personalizadas para algumas
tarefas da colheita, transporte ou preparo do solo?
A mecanização das atividades florestais evoluiu muito nos
últimos 25 anos, só que as realidades da colheita, transporte
e silvicultura são diferentes. Na colheita e transporte temos
os esforços dos fabricantes de equipamentos, em parcerias
ou não com as empresas florestais, para trazer soluções, por
exemplo, para corte e remoção da madeira em áreas montanhosas
e de difícil acesso. Na silvicultura o grande esforço é
We must ensure that the language is appropriate for each
group of people. We used to define targets for operating
staff with indicators in cubic meters or hectares, but these
goals were hardly ever reached. The diagnosis was that
people didn’t understand metric, so we started to use the
unit "tree" as a measure, and the problem was solved. But it
was not just between management and field operators that
we found flaws in communication. This also occurs between
managers. People tend not to spell out their differences,
so that problems leading to bad results can be avoided or
solved right at the beginning.
Another problem that you experience today is the lack of
workers with the profile to work in the field. How do you
evaluate the interest or ability of the field worker, who
often takes on the activity, but quits after a few months?
The first step is in the seriousness and realism with which
the jobs, activities and personal profile are described. As
a result, tests are applied by specialized professionals that
can indicate worker fitness for the position. For workers who
will work in the field, it is imperative that they visit the operations
still at the selection stage, with the aim of demonstrating
the challenges they will find, and verify (or not)
worker enthusiasm for what he will have to face.
How do you see the mechanization process? Can we say
that we have solutions for all stages of the process or
are custom adaptations still required for any harvesting,
transport or soil preparation tasks?
Mechanization of forestry activities has evolved a lot over
the last 25 years, and the realities of harvesting, transportation
and forestry are different. The harvest and transport
equipment manufacturers’ efforts, in partnership with the
forest producer companies, to bring solutions, for example,
to tree felling and timber removal in hilly and difficult to
access areas. In forestry, the major effort is by the forest
companies and service providers, who customize solutions
according to the realities of each site and requirements in
"As pessoas não costumam explicitar suas divergências,
então problemas que podem ser evitados ou
solucionados no início tornam-se
resultados ruins"
30
www.referenciaflorestal.com.br
"O melhor modelo de colheita é aquele que atende o objetivo
final da produção de madeira, com menor resultado por
metro cúbico, incluindo, além do capital financeiro,
os capitais natural, humano e social"
das próprias empresas florestais e prestadores de serviços,
que customizam as soluções de acordo com as realidades de
cada site e prescrições das áreas técnicas.
Como a Amata trabalha esta questão?
A Amata é uma empresa que busca fazer sempre muito bem
feito, questionando o tempo todo sobre como fazer melhor
e mais simples aquilo que já faz. Um exemplo disto é a atualização
dos controles de produção e expedição de madeira:
passamos a enviar o relato da performance do dia por meio
de mensagens em grupo no whatsapp, tendo maior agilidade
nas tomadas de ação. Outro exemplo, é o uso de drone no
levantamento prévio dos talhões a serem colhidos, o que torna
possível antecipar a visão de problemas de alinhamento de
plantio e planejar melhor a remoção das toras.
Um debate bastante comum é a escolha do modelo de colheita.
Como faz a opção para identificar o mais adequado?
Quais pontos leva em consideração?
O melhor modelo de colheita é aquele que atende o objetivo
final da produção de madeira, com menor resultado por metro
cúbico, incluindo, além do capital financeiro, os capitais natural,
humano e social. É preciso monetizar as externalidades e
tomar a decisão de forma holística, considerando que a floresta
é mais do que só árvores.
Poderia dar um exemplo entre a escolha de sistemas diferentes
que a empresa realizou em função dessas variáveis?
Em nossa operação no Paraná atendemos clientes com
diferentes especificações de diâmetros e comprimentos de
toras. É um trabalho extremamente artesanal. Substituímos
o processamento semi-mecanizado de toras – muito comum
em regiões montanhosas – pelo mecanizado utilizando um
harvester como processador. Essa iniciativa reduziu o risco de
acidentes (capital humano) e também reduziu a movimentação
de solo no preparo de pátios, pois as pilhas de madeira ficaram
mais altas (capital natural). Selecionamos, dentro da nossa
equipe e nas comunidades do nosso entorno, as pessoas para
capacitar na operação mecanizada, valorizando o território que
atuamos (capital social).
the technical areas.
How is Amata working as to these questions?
Amata is a company that seeks to always do everything
well, always questioning about how to do things better and
make what we do simpler. An example of this is the updating
of production controls and timber transport: we started to
send the day’s performance report through grouping messages
on WhatsApp, leading to greater agility in taking action.
Another example is the use of drones in surveying the
areas prior to harvest, which makes it possible to anticipate
planting alignment problems and better plan log removal.
A common debate is the choice of the harvest model. How
do you identify the most suitable option? What points do
you take into account?
The best harvest model is one that meets the ultimate timber
production goal, with the lowest cost per cubic meter,
including, in addition to the financial resource cost, the
natural, human and social resource costs. It is also necessary
to monetize the externalities and making decisions in
a manner that considers that the forest is more than trees.
Could you give an example of the choices between the
different systems that the Company has made based on
these variables?
In our operation in Paraná, we serve customers with different
specifications as to log diameter and length. It’s a
very manual work. We replaced this with semi-mechanized
log processing – very common in hilly regions – by using a
mechanized harvester as processor. This initiative reduced
the risk of accidents (human resources) and also reduced
soil movement in yard preparation because the log piles
were able to be higher (natural resources). We select, within
our team and from our surrounding communities, people to
train in the mechanized operation, valuing the territory in
which we operate (social resources).
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
31
PRINCIPAL
Foto: divulgação
É HORA DE
CRESCER
ORGANIZAÇÕES E
EMPRESAS SE ENGAJAM
PARA CONSTITUIR UMA
CADEIA INDUSTRIAL
MADEIREIRA ESTRUTURADA E
DIVERSIFICADA
32
www.referenciaflorestal.com.br
E
stamos perdendo tempo, dinheiro e muito em desenvolvimento!
O desprestígio da madeira como
elemento construtivo e a falta de polos industriais,
principalmente na região Amazônica, são uma âncora para
que o negócio florestal brasileiro deslanche. Sustentado
principalmente pela exportação de celulose, a escassez
de alternativas de produtos para construção civil limitam
o crescimento do segmento. Entidades empresariais, empresas
e ONGs (Organizações Não-Governamentais) estão
unidas para promover a madeira dentro e fora do país, alavancar
negócios e criar uma cadeia bem estruturada que beneficie
silvicultores, fabricantes e comunidades envolvidas
com a floresta.
De acordo com a mais recente edição do Pevs (Produção
da Extração Vegetal e da Silvicultura), realizada pelo Ibge
(Instituto Brasileiro Geografia e Estatística) - divulgada em
2016 com base no ano anterior - a produção primária florestal
somou R$ 18,4 bilhões. A silvicultura contribuiu com
74,3% (R$ 13,7 bilhões) do total apurado, enquanto o manejo
florestal sustentável representou 25,7% (R$ 4,7 bilhões).
A participação de produtos madeireiros na extração vegetal
totalizou R$ 3,2 bilhões, e os não madeireiros somaram R$
1,5 bilhão.
Estes números estão longe de alcançar o potencial máximo
que o país poderia chegar se dispusesse de uma cadeia
florestal madeireira sólida e diversificada. Em 2015, a produção
de madeira em tora obtida nas florestas nativas foi
de 12.308.702 m³ (metros cúbicos), decréscimo de 3,2% em
relação a 2014. Os principais produtores são os Estados do
Pará (33,7%), Mato Grosso (24,9%), Rondônia (15,2%), Amazonas
(6)% e Amapá (5,5%).
Se de um lado a economia da madeira nativa está em
declínio, do outro a matéria-prima cultivada segue aquecida,
porém muito baseada na exportação de celulose. Os
IT’S TIME TO
GROW UP
ORGANIZATIONS AND COMPANIES
GET TOGETHER TO PROVIDE A
STRUCTURED AND DIVERSIFIED
FOREST PRODUCT INDUSTRIAL CHAIN
W
e are wasting time, money, and much in development!
The low status of timber as a constructive
element and the lack of industrial processing
centers, mostly in the Amazon Region, are posing as an
anchor to a flourishing Brazilian forest business. Sustained
mainly by the export of pulp, the paucity of alternatives for
construction products has limited the growth of the segment.
Business entities, companies and NGO’s are united
in promoting the use of timber both inside the Country and
abroad, leveraging business and creating a well-structured
chain that benefits forest operators, manufacturers and
communities involved with the forest
According to the latest issue of Plant and Forestry Extraction
Production (Pevs), carried out by the Brazilian Institute
for Geography and Statistics (Ibge), released in 2016,
based on data from the previous year, primary forest production
amounted to R$ 18.4 billion. Forestry contributed
74.3% (R$ 13.7 billion) of the total, while sustainable forest
management products represented 25.7% (R$ 4.7 billion).
The forest product share of plant extraction totaled R$ 3.2
billion, and the non-forest product share R$ 1.5 billion.
These numbers are far from showing the full potential
that the Country would have if there were a solid and diver-
Foto: arquivo
PRODUÇÃO
DAS FLORESTAS
PLANTADAS
SOMARAM R$
13,7 BILHÕES,
SEGUNDO O
PEVS 2016
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
33
PRINCIPAL
Foto: Jefferson Rudy
MANEJO FLORESTAL
SUSTENTÁVEL
É O MELHOR
MODELO PARA
GERAR RIQUEZA
E PROTEGER A
FLORESTA
dados mostram crescimento na madeira em tora para papel
e celulose, o único produto madeireiro da silvicultura que
apresentou variação positiva (6,7%) alcançando 76.814.565
m³. Desse total, 51,5% foi extraído do plantio de eucalipto
e 45,8%, de florestas plantadas com pinus. O que também
aponta a baixa diversidade de espécies com forte presença
comercial.
Para os especialistas, o caminho é ampliar o número e
a gama de indústrias, gerar polos produtivos próximos das
florestas nativas - como costuma acontecer com as plantadas
- e provocar demanda por produtos madeireiros do
Brasil no exterior e no próprio país. “O ideal é estabelecer
o modelo que possa usar a floresta de forma sustentável,
sified forest product chain. In 2015, the production of timber
logs from native forests was 12,308,702 m³, a decrease
of 3.2% when compared to 2014. The main producers are
the States of Pará (33.7%), Mato Grosso (24.9%), Rondônia
(15.2%), Amazonas (6%), and Amapá (5.5%).
If on the other hand, the native timber economy is in
decline, another, the cultivated raw material, is heating up,
but very much based on the export of pulp. The data shows
growth in timber logs produced for pulp and paper production,
the only timber forest product that presented a positive
variation (6.7%) reaching 76,814,565 m³. Of this total, 51.5%
was extracted from planted eucalyptus forests and 45.8%
from pine planted forests, which also indicates low species
diversity with a strong commercial presence.
For the experts, the way is to expand the number and
range of companies, creating productive poles near native
forests – as usually happens with the planted forests – and
to stimulate demand at home and abroad for Brazilian forest
products. “The ideal is to establish a model that can use
the forest in a sustainable way, including timber, as well as
non-timber product extraction, incorporating the private
sector. It is necessary to enhance forest products in a way
that they are not replaced by other materials,” evaluates
Ricardo Russo, Conservation Specialist for WWF-Brasil. He
believes that it takes a mix of solutions that are negotiable
and understood. “From that which must be left untouched
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inclusive com extração de madeira - que inclui os produtos
não madeireiros -, incorporando a iniciativa privada. É preciso
valorizar os produtos florestais de forma que não sejam
substituídos por outros materiais”, avalia o especialista
de conservação do WWF-Brasil, Ricardo Russo. Ele acredita
que é preciso um mix de soluções que sejam negociáveis e
compreendidas. “Desde o que deve ser intocado até o uso
sustentado das áreas, este é o caminho.”
A ONG tem muito interesse na preservação, porém a organização
acredita que o caminho para atingir este objetivo
é fazer do negócio florestal viável, o que inclui os aspectos
econômicos somados aos sociais e ambientais. “As pessoas
focam muito no ideológico. Derrubar a árvore é uma cena
que choca. Mas a floresta Amazônica é o que é porque tem
clareiras, as árvores morrem, abrem espaço para outras se
desenvolverem. A árvore cresceu, reproduziu e já pode ser
retirada”, destaca.
Ao contrário do que algumas pessoas imaginam, a proibição
do corte de forma generalizada traz mais prejuízo ao
verde do que proteção efetivamente. Russo acredita que é
preciso mostrar o que funciona ao público e que a floresta é
renovável quando tratada da forma correta. “Temos o exemplo
da araucária. A proibição do corte não ajudou, na verdade
piorou a situação. Quem plantou, hoje quase não encontra
comprador porque houve tantas ações para não deixar
cortar que aquela madeira perdeu mercado”, exemplifica.
Na primeira oportunidade as pessoas arrancam a muda porque
não terá valor e não poderá ser manejada. “Hoje poderíamos
contar com uma ótima madeira utilizando o recurso
do manejo florestal”, completa Ricardo.
to the sustainable use of the areas, this is the way.”
The NGO has a great interest in preservation, but the
organization believes that the way to achieve this goal is to
make the forestry business viable, including the economic
aspects added to social and environmental issues. “People
focus too much on the ideological. Felling a tree is a scene
that shocks. But the Amazon rainforest is that way because
of the clearings, the trees die, opening spaces to be developed
for other uses. The tree grew, reproduced and can be
removed,” he notes.
Contrary to what some people think, harvest prohibition
generally leads to more damage to the Green than effective
protection. WWF-Brasil Conservation Expert Russo believes
that it is necessary to demonstrate what works to the public
and that the forest is renewable when managed properly.
“We have the example of Araucaria Pine. Harvest prohibition
didn’t help: it actually worsened the situation. Those
who planted the species, today have difficulties in finding a
buyer because there was so much prohibition to harvesting
that the timber lost its market,” he exemplifies. At the first
opportunity, people pull up the seedlings because they will
have no value and cannot be managed. “Today, we could
have counted on an excellent timber using the forest management
resource,” adds WWF-Brasil Conservation Specialist
Russo.
CREATING MARKET
Brazil has a quite unique opportunity. It can work with
high value natural and planted forests, both exotic and native,
that can produce timber for basic and elaborated prod-
Foto: arquivo
CASAS DE
MADEIRA SÃO
MUITO BEM
ACEITAS NA
AMÉRICA DO
NORTE, EUROPA
E OCEANIA
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
35
PRINCIPAL
Foto: aarquivo
EUCALIPTO
SEGUE COMO
A ESPÉCIE MAIS
PLANTADA NO
BRASIL
CRIANDO MERCADO
O Brasil tem uma possibilidade bastante singular. Pode
trabalhar com florestas naturais de alto valor e plantadas
- exóticas e nativas - que podem ser aplicadas para a confecção
de produtos básicos e elaborados. “Vejo a madeira
plantada como uma oportunidade ao setor e não uma concorrente
das nativas”, aponta o especialista de conservação
do WWF-Brasil. Ele destaca que há empresas que produzem
VLC (viga laminada colada) que utilizam pinus e eucalipto.
“Mas o produto pode ser feito com outras espécies também,
basta realizar estudos. A concorrência acaba sendo entre
produtos e não espécies”, avalia.
Ele acredita que o maior problema está no estudo de
mercado e na aproximação da indústria com a floresta. “Recentemente,
Tocantins está vivenciando certa reação das
pessoas. Depois do incentivo ao plantio de eucalipto, houve
uma super-safra e não se tem mercado, ou seja, se ninguém
quer comprar, a pessoa plantou à toa”, pondera. “Só será lucrativo
se houver uma indústria que vai usar a madeira para
a fabricação de wood frame para construção de casa, por
exemplo. É preciso levar a indústria para a Amazônia, é ela
que leva emprego, tecnologia.”
Para Dagoberto Stein de Quadros, professor de Economia
Florestal da Furb (Universidade Regional de Blumenau)
é imprescindível estudar o mercado antes de iniciar qualquer
projeto. “Sem sombra de dúvida, o planejamento estratégico
de longo prazo, feito a partir de estudos de marketing
pode ser considerado de grande importância.”
Neste sentido, ele aponta o estudo que mostrou discre-
ucts. “I see planted timber as an opportunity for the Sector
and not a competitor to native timber,” points out the
WWF-Brasil Conservation Specialist. He notes that there are
companies that produce Glued Laminated Beams (Glulam)
using pine and eucalyptus. “But the product can be made
from other species too, it is just necessary to carry out studies.
The competition ends up being between products and
not species,” he says.
He believes that the biggest problem is in the market
studies and in bringing the industry closer to the forest. “Recently,
the State of Tocantins experienced a certain reaction
from the people. After encouraging the planting of eucalyptus,
there was a super-crop and there was no market, that
is, if nobody wants to buy the timber, the people planted
for nothing,” he ponders. “Projects will only be profitable,
if there is an industry that will use the timber for the manufacture
of wood frame house construction, for example. You
need to take industry to the Amazon, and it will create jobs,
technology.”
For Dagoberto Stein de Quadros, Professor of Forestry
Economics at Blumenau Regional University (Furb), it is
essential to study the market before starting any project.
Without a shadow of doubt, long term strategic planning
made using marketing studies is considered to be of major
importance.”
In this sense, he points out these studies showed a discrepancy
from the official figures that sometimes mask industry
potential. “Many entities in the State said that Santa
Catarina had just 660,000 hectares (ha) of planted forested.
36
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pância dos números oficiais, o que por vezes acaba mascarando
o potencial do setor. “Muitas entidades catarinenses
diziam que Santa Catarina tinha 660 mil ha (hectares) reflorestados.
Mas a dissertação de mestrado apresentada pelo
colega Fabrício Baungarten Cardoso, orientado pelo professor
Julio Cesar Refosco definiu que no final do ano passado
Santa Catarina tinha 1,158 milhão de ha reflorestados.”
Dagoberto ressalta que no Vale do Itajaí e no Planalto
Serrano, localizados no Estado catarinense, há exemplos
que poderiam se espalhar por outras regiões. “Existem excelentes
reflorestamentos manejados para a produção de
multiprodutos, seja madeira para lenha, papel e celulose,
serraria, laminação e até madeira para molduras em muitas
regiões não conhecidas como florestais", argumenta.
É preciso também estar aberto às oportunidades. De
acordo com o professor, muitas empresas de grande porte
estabelecem plantios orientados somente para papel e celulose
e acabam vendendo madeira para serraria, obtendo
péssimos produtos e resultados ruins de investimento. Por
outro lado, “Santa Catarina possui pequenos e ótimos reflorestamentos
voltados a investidores que são gerenciados
por engenheiros florestais”, que orientam o manejo em função
do produto final.
Ele admite que não é fácil pontuar grandes reflorestamentos
com ótimos ganhos econômicos. “Mesmo assim, temos
alguns exemplos de ótimos resultados, provavelmente,
o maior deles seja a Florestal Gateados, que produz pinus
em manejo multiprodutos.” A empresa planta e comercializa
toras de Pinus spp, Eucaliptus spp e Araucária angustifólia.
Atualmente, mantém a média de 25 mil t (toneladas) de toras
por mês, gerando mais de 220 empregos diretos e 120
indiretos.
Outro exemplo a ser seguido vem do Chile. De acordo
com Ricardo Russo, em 20 anos aquele país mudou o perfil
da indústria florestal. O marco foi a participação de pro-
But the Master's Thesis presented by Fabrício Baungarten
Cardoso, supervised by Professor Julio Cesar Refosco, concluded
that the State of Santa Catarina had 1.158 million ha
of planted forests at the end of last year.”
Professor Dagoberto points out that in the Itajaí Valley
and the Serrano Planalto, located in the State of Santa Catarina,
there are examples that could be used in other regions.
“There are excellent managed planted forests for the
production of multi-products in many regions not known for
forestry: there is timber for fire wood, pulp and paper, sawmills,
veneer and even for moldings,” he argues.
It is also necessary to be open to opportunities. According
to Professor Dagoberto, many large enterprises establish
plantations oriented only for pulp and paper and end
up selling timber to sawmills, ending up with bad products
and bad investment results. On the other hand, “Santa Catarina
has small optimum planted forests geared to investors,
which are managed by forestry engineers” who carry out
the management on the basis of the final product.
He admits it’s not easy to point out large planted forests
with excellent economic gains. “Even so, we have some
examples with excellent results, and probably the best one
is Florestal Gateados, which produces pine under multiproduct
management.” The Company plants and sells Pinus spp.,
Eucaliptus spp. and Araucaria angustifólia (Paraná Pine)
logs. It currently produces an average of 25 thousand mt of
logs per month, generating more than 220 direct and 120
indirect jobs.
Another example to look at comes from Chile. According
to WWF-Brasil Conservation Specialist Russo, in 20 years
that Country has changed its forest industry profile. The
change point was the participation of Chilean professionals
and entrepreneurs in a big architecture event that took
place in Germany, in which Glulam was presented. “From
then on, they began to export this product and the industry
Foto: Floresteca
TECA ESTÁ ENTRE
AS EXÓTICAS DE
ALTO VALOR QUE
SE ADAPTARAM
EM VÁRIAS
REGIÕES DO PAÍS
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
37
PRINCIPAL
fissionais e empresários chilenos em um grande evento de
arquitetura que aconteceu na Alemanha, no qual apresentaram
VLC. “A partir daí, eles passaram a exportar este produto
e a indústria cresceu. Então precisamos participar destes
eventos e mostrar nossos produtos”, opina o especialista.
POR AQUI
A indústria de produtos de madeira no Brasil tem muito
espaço para crescer. Boa parte da demanda está na construção
civil, além dos elementos construtivos, esta atividade
também amplia o consumo de móveis, segmento que passa
por dificuldades, mas que ainda assim tem grande tradição.
De acordo com o Relatório Brasil Móveis 2016, elaborado
pelo Iem (Inteligência de Mercado), a indústria nacional
de móveis e colchões produziu 463,4 milhões de peças em
2015 – queda de - 8,7% na comparação com o ano anterior.
Naturalmente que os índices de declínio têm explicação pela
crise econômica e política que o país vem passando nos últimos
anos.
O mesmo aconteceu com outros setores como o de portas
de madeira, que produziu 8,1 milhões de unidades em
2015, segundo o Estudo Setorial da Abimci (Associação Brasileira
das Indústrias de Madeira Processada Mecanicamente),
perda mais modesta - 0,1% na comparação com 2014.
O mesmo estudo mostra também o desempenho de outros
produtos feitos a partir da matéria-prima como os pisos
de madeira. Em razão da forte concorrência diante de outros
materiais como a cerâmica, o produto está em queda livre.
Em 2015 foram produzidos 9,1 m² (metros quadrados), ou
seja, redução de - 8,1% em relação ao ano anterior. Se for
considerado o período de 2006, quando a indústria alcançou
19,4 milhões de m² , até o ano passado, a produção de pisos
de madeira maciços e engenheirados caiu pela metade.
“O grande problema do negócio florestal na construção
civil no Brasil é que este mercado é muito arcaico, além disto,
há uma, quase que total, falta de conhecimento sobre
grew. So we need to participate in these events and exhibit
our products,” says the WWF-Brasil Conservation Specialist.
HERE
The forest product industry in Brazil has plenty of room
to grow. Much of current demand is in construction. In addition
to the constructive elements, this activity also increases
the demand for furniture making, a segment that is currently
going through difficulties, but still has a large traditional
market. According to the Report, Relatório Brasil Móveis
2016 (2016 Brazilian Furniture Report) prepared by Iemi, the
Brazilian domestic furniture and mattress industry produced
463.4 million pieces in 2015, a fall of 8.7% in comparison
with the previous year. Naturally, these rates of decline can
be explained by the economic and political crisis that the
Country has been going through over the last few years.
The same happened with other sectors such as the
Wood Door Sector, which produced 8.1 million units in 2015,
according to the Abimci Sectoral Study (Brazilian Association
for Mechanically Processed Timber), modestly less in
comparison with 2014, falling 0.1%.
The same study also showed the performance of other
products made from the raw material, such as hardwood
flooring. Due to strong competition from other materials,
such as ceramics, product consumption is in free fall. In
2015, 9.1 m² were produced, i.e. a reduction of 8.1% over
the previous year. Considering the 2006 period, when production
reached 19.4 million m², by last year, production of
solid and engineered wood flooring had fallen by one-half.
“The big problem of the forestry business in building
construction in Brazil is that this market is very archaic.
Furthermore, there is an almost total lack of knowledge
about the capabilities of our timber products and their derivatives,”
points out Furb Forestry Science Professor Dagoberto.
For the Furb Professor, we are still a Country with a colo-
Foto: arquivo
É ESSENCIAL
MOSTRAR AO
MUNDO A
DIVERSIDADE
DE PRODUTOS
DE MADEIRA
PRODUZIDOS NO
BRASIL
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a capacidade dos nossos produtos da madeira e seus derivados”,
pontua o professor de Economia Florestal da Furb.
Para Dagoberto Stein, ainda somos um país com cultura
colonial, baseado na ideia de que o que é bom vem de
fora. “Ainda temos uma visão extrativista, simplesmente não
acreditamos na nossa produção, na nossa capacidade tecnológica
e na nossa capacidade empresarial.”
VANTAGENS DA MADEIRA
Sustentável mesmo só a madeira. Muitas indústrias tentam
embarcar na onda do consumo consciente procurando
colar a seus produtos a ideia de serem ambientalmente corretos.
Segundo Russo, é errado pensar que substituir madeira
por alumínio, por exemplo, é mais sustentável. Ele explica
que os processos construtivos tradicionais são responsáveis
por 47% das emissões de carbono e 60% dos resíduos sólidos
das cidades.
A energia incorporada para produzir em madeira também
é muito mais baixa, segundo o especialista, de 1.750
Kwh/m³ (quilowatts/hora por metro cúbico) de cimento
para 350 Kwh/m³ de madeira cerrada e laminada.
Ele conta que uma empresa paranaense já está trabalhando
em conjuntos habitacionais em wood frame. “Eles já
fizeram um prédio de quatro andares em 180 horas, inteiramente
de madeira e que aceita outros revestimentos. Então,
se a pessoa não gosta da aparência da casa de madeira, ela
nial culture, based on the idea that what is good comes from
abroad. “We still have an extractive vision, we simply don’t
believe in our own industrialized products, our technological
capability and entrepreneurship.”
ADVANTAGES OF WOOD
The only sustainable is wood. Many industries are trying
to embark on the wave of conscious consumption, looking
to put the idea of being environmentally friendly into their
products. According to WWF-Brasil Conservation Specialist
Russo, it’s wrong to think that replacing wood with aluminum,
for example, is more sustainable. He explains that the
traditional construction processes are responsible for 47%
of carbon emissions and 60% of the solid waste in the cities.
The energy used to construct using wood is also much
lower, according to the WWF-Brasil Conservation Specialist,
from the 1,750 kWh/m³ for cement to the 350 kWh/m³ for
sawnwood and veneer.
He says that a company in the State of Paraná is already
working on wood frame projects. “They’ve constructed a
four-story building in 180 hours, entirely of wood and that
accepts other finishes. So, if the person does not like the look
of the wood house, he can have one that doesn’t look like
wood,” he says, underscoring the resistance, safety and durability
of wood, which is even lighter in weight and easier
to handle.
Foto: Fabio Ortolan
MERCADO EXTERNO
TEM ESPAÇO
PARA PRODUTOS
ESTRUTURADOS,
ALÉM DOS PAINÉIS
E DA MADEIRA
SERRADA
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
39
PRINCIPAL
pode ter uma que não parece madeira”, disse, ressaltando a
resistência, segurança e durabilidade da madeira, que ainda
é mais leve e de fácil manuseio.
Diferente do que muitos pensam, construir em madeira
não é mais caro que em alvenaria, segundo Russo, já que o
tempo de construção e a geração de resíduos são menores,
o que falta é conhecimento. Ele conta que a perda de material
em um prédio de alvenaria é estimada em 30% e o
tempo é 40% maior que de uma casa de wood frame. “Além
da conta da sustentabilidade”, ressaltou.
O recado de Russo é simples: Plantada ou nativa não
faz diferença, a ideia é criar o hábito de usar madeira em
sua diversas formas. Ele reforça que existem lugares do país
que têm oferta de madeira, mas não têm indústria. “Temos
oportunidades de gerar emprego na Amazônia e não o tal
subdesenvolvimento sustentável que não se gera impacto
nenhum, mas também não gera riqueza, nem melhoria na
vida de quem está lá.”
“Temos um conceito que a floresta é intocável, mas
ela não é. A degradação da Amazônia não está vinculada à
atividade florestal, está vinculada à pecuária e agricultura,
principalmente. Ou seja, quanto mais madeira a gente usar
na construção civil mais a gente vai ter floresta”, disse o arquiteto
Roberto Lecomte, parceiro da organização ambientalista
WWF-Brasil.
Ele explicou que, para os madeireiros responsáveis conseguirem
desenvolver uma atividade econômica rentável,
eles precisam ter mercado. “A gente acha que usar madeira
acaba com a floresta e, na verdade, usar a madeira preserva
a floresta, porque ele [madeireiro] sabe que a madeira traz
um retorno financeiro”, disse, observando que a Finlândia,
Different than from what many think, building in wood
is not more expensive than in brick, according to WWF-
Brasil Conservation Specialist Russo, since the construction
time and waste generation are much less, what is lacking is
the knowhow. He says that the loss of material in building
with brick is estimated at 30%, and the time is 40% longer
than using wood frames. “Beyond accounting for sustainability,”
he says.
The WWF-Brasil Conservation Specialist’s message is
simple: Planted or native makes no difference, the idea is to
create the habit of using timber in its various forms. It reinforces
that there are places in the Country that have timber,
but have no processing industry. “We have opportunities to
generate jobs in the Amazon and not that sustainable underdevelopment
that generates no impact at all, but also
does not generate wealth nor improvement in the life of
those who live there.”
“We have a concept that the forest is untouchable, but
it’s not. The degradation of the Amazon is not linked to the
forestry activity, but rather it is mainly linked to livestock
and agriculture. I.e. the more wood that we use in construction,
the more forest we will have,” says Architect Roberto
Lecomte, Partner of the Environmental Organization, WWF-
Brasil.
The WWF-Brasil Partner explains that for responsible
forest producers to be able to develop a profitable economic
activity, they need to have a market. “We think that using
timber destroys the forest, where in truth, actually using
timber preserves it, because he [the forest producer] knows
that forest products provide a financial return,” he says, noting
that Finland, for example, has 8% of the world timber
Foto: arquivo
ESPÉCIES COMO
CURUPIRA
TÊM ÓTIMO
DESEMPENHO
PARA PRODUÇÃO
DE PRODUTOS
COM ALTO VALOR
40
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por exemplo, possui 8% do mercado mundial de madeira e
tem 80% de florestas originais.
A WWF-Brasil inaugurou esta semana um espaço no
shopping CasaPark, em Brasília, para promover o uso sustentável
e responsável da madeira na construção civil. A meta
é recolocar a madeira no mercado, mostrando que existem
tecnologias e soluções estéticas que permitem o uso desse
material.
AMAZÔNIA TEM GRANDE POTENCIAL
DE PRODUÇÃO DE MADEIRA
O especialista de conservação do WWF-Brasil, Ricardo
Russo, explicou que a Amazônia tem um potencial muito
grande de produção de madeira e que há técnicas de manejo
da floresta sem danos permanentes.
“Queremos também tirar da cabeça das pessoas duas
imagens: da casa de madeira de tábua e mata-junta e da
casa pré-fabricada que empena e entorta”, afirmou, contando
que hoje existem tecnologias específicas para madeira,
como a madeira laminada colada e o wood frame (painéis
de madeira).
market and has 80% of its original forests.
This week, WWF-Brasil inaugurated a space in the
CasaPark Mall, in Brasilia, to promote the sustainable and
responsible use of wood in building construction. The goal
is to help create a market for wood, showing that there are
technologies and aesthetic solutions in the use of this material.
THE AMAZON HAS A LARGE WOOD
PRODUCTION POTENTIAL
The WWF-Brasil Conservation Specialist Russo explained
that the Amazon has a very large potential for timber production
and that there are forest management techniques
to exploit this without permanent damage.
“We also want to remove two images from people’s
heads: the wood house made of boards and joints and the
prefabricated house that warps and bends,” he says, saying
there exist specific technologies for wood, such as glued
laminated wood beams and wood frames (wooden panels).
COLHEITA
TUDO
NOVO
Fotos: divulgação
JOHN DEERE INAUGURA
NOVA FILIAL
FLORESTAL E MÁQUINA
BASE PROJETADA
NACIONALMENTE
42
www.referenciaflorestal.com.br
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
43
COLHEITA
C
asas novas e máquina nacional. Estas foram as
principais ações da John Deere voltadas ao setor
florestal, que tiveram início no fim do ano
passado. Em dezembro de 2016, foi inaugurada uma filial
em Porto Alegre (RS) e no dia 11 de maio foi colocada
em operação a estrutura de Lages (SC), totalizando três
endereços na região Sul (o outro fica em Telêmaco Borba,
no Paraná). Em paralelo, a fabricante lançou a primeira
máquina florestal da marca totalmente concebida
no Brasil.
A inauguração em Lages é estratégica para reforçar
a importância da rede de distribuidores no Sul, pois a localização
central é de fácil acesso para clientes e prestadores
de serviços. "O objetivo desta iniciativa é mostrar
que a John Deere está próxima e acessível. Queremos
funcionar como uma extensão do trabalho deles e um
lugar onde possam buscar apoio técnico e base de pós-
-vendas", explica Thiago Cibim, gerente geral de operações
da divisão Florestal da John Deere.
Para a empresa, a abertura da filial de Lages repre-
O LANÇAMENTO
DA MÁQUINA E
DAS NOVAS FILIAIS
FAZ PARTE DA
ESTRATÉGIA DA
JOHN DEERE DE
FORTALECER LAÇOS
COM CLIENTES
EQUIPAMENTO FOI
DESENVOLVIDO
POR BRASILEIROS E
PARA BRASILEIROS
senta o fortalecimento da marca no Brasil e o comprometimento
que a John Deere tem com o mercado florestal.
É importante para a empresa reforçar também que
esta iniciativa visa o livre acesso dos clientes ao distribuidor,
especialmente os pequenos e médios, que são
muito relevantes e representam uma grande parcela das
compras na região Sul.
“Estamos trabalhando muito para estarmos cada vez
mais próximos aos nossos clientes e a abertura de novas
filiais é parte dessa estratégia. Além desta iniciativa, estamos
readequando nossa estrutura de pós-venda para
agilizar as respostas, tanto em relação aos serviços de
atendimento mecânico, como fornecimento de peças e
treinamentos”, destaca Rodrigo Junqueira, gerente de
vendas da divisão Florestal da John Deere.
Alinhado com o crescimento da rede de filiais da
44
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operação florestal no Brasil e também como parte dos
investimentos da John Deere no segmento, foi lançada a
máquina base florestal 2144G. "Este é um equipamento
que foi 100% concebido no Brasil, com os clientes florestais
participando do desenvolvimento do projeto desde
sua concepção", exalta Junqueira. Ele conta que boa parte
dos itens do equipamento foi pensada em conjunto
com os usuários e leva em consideração as características
do mercado local. Todo o processo até o lançamento
da máquina levou cerca de dois anos.
O modelo 2144G pode operar como harvester, processador,
garra traçadora e carregadora florestal. Os
modos operacionais pré-programados permitem que o
operador ajuste a potência da máquina conforme o volume
da floresta, gerando eficiência no uso do combustível,
que, ao final do processo, resulta em menor custo
de operação e mais rentabilidade.
O motor é exclusivo John Deere Power Tech Plus de
6.8 L (Litros), com cinco configurações operacionais e de
sistema hidráulico que permitem ajustes conforme as
características da floresta. A parte superior da máquina
tem proteção contra resíduos e folhagem, força de giro
de 74.3kN-m, câmera traseira e tanque de combustível
tem 585 L de capacidade. "Para melhorar o desempenho
e a operação, a 2144G possui o JDLink, um sistema de telemetria
que transforma dados da máquina, como tempo
de funcionamento e local de trabalho, em informações
para aumentar produtividade e eficiência", aponta.
A máquina será produzida em Indaiatuba (SP), dentro
da fábrica de escavadeiras. “Além da localização da
fábrica, com grandes vantagens logísticas e de fácil acesso
aos nossos clientes, a máquina poderá ser financiada
através do Finame”, destaca Junqueira. A princípio,
o novo modelo foi concebido para o mercado florestal
brasileiro, mas a empresa analisa a possibilidade de comercializá-la
em outros mercados.
Equipamentos Florestais
PRAGAS
DESASTRE
INCONTROLÁVEL
BESOURO DA CASCA
VAI DIZIMAR 40% DAS
FLORESTAS NATIVAS
LOCALIZADAS
NA REGIÃO DA
CALIFÓRNIA, NOS EUA
U
m velho inimigo das florestas nativas de pinus dos
EUA (Estados Unidos da América) vem atacando
grande parte da cobertura florestal da Califórnia
com uma magnitude jamais presenciada. Com apelido de besouro
brocador (Euwallacea fornicatus), o inseto é o principal
responsável pela perda de 62 milhões de árvores em 2016,
somente naquela região. Os indivíduos mortos ou doentes
estão mais propensos a incêndios florestais, algo que vem
ocorrendo com maior frequência. O receio das autoridades é
46
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Foto: divulgação
que a área afetada se torne um imenso deserto.
O besouro de cor preta é natural do sudeste asiático.
Apesar de muito pequeno, o poder de destruição é imenso.
De acordo com o Serviço Florestal dos EUA, desde 2010, ano
em que os ataques ficaram mais evidentes, 102 milhões de
árvores foram perdidas pela ação da praga, em uma área superior
a 3,1 milhões de ha (hectares).
“Estas árvores mortas e doentes elevam o risco de incêndio
florestal, dificultam o combate seguro e efetivo às
chamas e são uma ameaça para vida e às propriedades por
toda a Califórnia”, avalia o secretário de Agricultura e Serviço
Florestal, Tom Vilsack. De acordo com ele, a prioridade é a
remoção do excesso de combustível (galhos e troncos secos)
depositado no solo.
Há cinco anos, o Estado da Califórnia passa por períodos
severos de seca, fator que aumenta drasticamente a infestação
do besouro. Algo que, aliado às altas temperaturas, tem
elevado o índice de mortalidade das árvores. Pesquisadores
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
47
PRAGAS
AS FOLHAS DAS ÁRVORES
ATACADAS COMEÇAM A
SE TORNAR MARRONS E
PERDEM A CAPACIDADE DE
FOTOSSÍNTESE
do Serviço Florestal norte-americano estimam que o alto
nível de morte das plantas permanecerá por todo o ano de
2017, reforçado por doenças nas raízes, ou outros agentes
de estresse, e principalmente nas áreas onde há atividade do
inseto.
O besouro se reproduz dentro das árvores. A fêmea grávida
perfura a casca criando uma rede de túneis onde deposita
os ovos. Esta praga também carrega o fungo chamado Fusarium.
Ele infecta os caminhos feitos pelo besouro e serve de
alimento para as larvas recém-nascidas. O problema é que
este fungo também afeta a habilidade da árvore em transportar
nutrientes e água.
Os buracos feitos pelo besouro são infectados e formam
lesões oleosas. Algumas vezes, açúcares da seiva das árvores
se acumulam em um anel ao redor do buraco, o que é chamado
de vulcão de açúcar. Em pouco tempo a árvore morre.
A FORMAÇÃO DO VULCÃO
DE AÇÚCAR ACONTECE PELO
ACÚMULO DOS AÇÚCARES
CONTIDOS NA SEIVA AO
REDOR DA BROCA
Nos próximos anos cerca de 40% das árvores de Los Angeles
em um área que abrange a fronteira com Nevada e também
ao sul na divisa com o México irão morrer em decorrência
deste ciclo.
VÁRIAS FÊMEAS ATACAM A
MESMA ÁRVORE QUE FICA
TODA PERFURADA
RESPOSTA
Para minimizar os estragos, o risco de incêndios e ainda
aproveitar parte desta madeira, a PG&E (Pacific Gas and
Electric), empresa de geração de energia está trabalhando
junto às comunidades atingidas e disponibilizando geradores
de energia para serem abastecidos com árvores mortas ou
doentes.
A empresa está realizando o sortimento e levando o material
para pátios para produção de cavaco em oito regiões
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ÁRVORES MORTAS E DOENTES
ESTÃO SENDO PROCESSADAS
EM CAVACO PARA GERAÇÃO
DE ENERGIA
do Estado que foram gravemente atingidas. Toda biomassa
obtida por este processo é utilizada para geração de energia
em duas novas estações que foram abertas recentemente
nos condados de Placer e Nevada.
“É uma oportunidade única para ajudar nossa comunidade,
clientes e demonstrar nosso compromisso com a energia
limpa. Ao remover todo este combustível, estamos ajudando
pessoas a protegerem suas casas e permitindo que brigadistas
tenham acesso às propriedades desta gente em caso de
incêndio florestal”, declara Kevin Dasso, vice-presidente de
gerenciamento de recursos elétricos.
A empresa oferece ainda auxílio gratuito a clientes para
a limpeza das árvores mortas para proteger as linhas de
transmissão em dez condados que declararam emergência.
A companhia movimenta este material para indústrias que
processam e utilizam o resíduo.
Em 2016, a PG&E removeu cerca de 236 mil árvores mortas
e doentes, o que resultou em 56 mil t (toneladas) de resíduos
aproveitados por diversas indústrias. Neste ano a empresa
já retirou 57 mil árvores e entregou 52 mil t de resíduos
florestais.
ECONOMIA
C
om características ideais para o cultivo em solo brasileiro,
o mercado da Acacia mangium ainda não
decolou. Ela foi introduzida no início dos anos 80
para ser uma alternativa ao eucalipto na região do Vale do
Rio Doce, em Minas Gerais. Possui rápido crescimento, pode
ser cultivada em consórcio com culturas agrícolas e ainda é
totalmente utilizável para a produção industrial, inclusive a
casca. Apesar de todas estas vantagens, a resistência das empresas
em utilizar novas espécies ainda impede que a acácia
deslanche por aqui. Especialistas indicam estudar o mercado
antes de investir em espécies com pouca tradição.
Atualmente, os produtores de Acacia mangium estão
com dificuldade de colocar a madeira no mercado, por dois
fatores, a inexistência de demanda e formação de preço. De
acordo com a Invest Agro Reflorestamento, um grupo de trabalho
que conta com empresários do setor e pesquisadores
estão atuando para fomentar o mercado de florestas nobres.
“Para que os silvicultores conheçam as espécies de valor
agregado e consigam gerar demanda para as florestas já estabelecidas”,
respondeu o consultor Arthur Netto por meio
da assessoria.
A iniciativa de introduzir a espécie no Brasil foi do pesquisador
e professor da UFV (Universidade Federal de Viçosa),
Flávio Pereira. Tudo começou quando uma doença que secava
o ponteiro dos eucaliptos afetou áreas no Vale do Rio
Doce, no início dos anos 80. Foi então que, após muita pesquisa,
o silvicultor encontrou a espécie perfeita na Austrália,
com rápido crescimento e que não seria afetada pela enfermidade
que dizimou florestas de eucalipto.
A Acacia mangium se adaptou muito bem. Ela possui características
de uso interessantes, que pode gerar renda em
diversas pontas. Assim como a acácia negra, a casca do tronco
e galhos possui elevados teores de tanino, que é utilizado
nas indústrias do couro, química e no tratamento de água.
As folhas, ricas em proteína, são utilizadas na produção de
alimento animal. Elas possuem nectários extraflorais, o que
possibilita a produção de mel, dependendo das condições
hídricas do solo. A espécie pode ser cultivada em ciclo cur-
50
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ACERTE
NA MOSCA
Fotos: divulgação
IDENTIFICAR MERCADO É
ESSENCIAL PARA SUCESSO DO
INVESTIMENTO FLORESTAL,
PRINCIPALMENTE SE A APOSTA
FOR UMA ESPÉCIE AINDA NÃO
CONSOLIDADA
to se a madeira for utilizada para a produção de energia ou
longo, caso o produto final for matéria-prima para laminação
e serraria.
FLORADA DA ACACIA MANGIUM ATRAI ABELHAS O ANO TODO E
PERMITE LUCRAR COM PRODUÇÃO DE MEL
CASE
A Ouro Verde Agronegócio possui 200 ha (hectares) de
área plantada com Acacia mangium, totalizando mais de 200
mil árvores, localizada na região de Mambaí (GO). Somam-se
ainda mais 200 mil árvores de mogno africano. “A floresta
vem sendo implantada gradativamente, em módulos, sendo
que os mais antigos estão com quatro anos”, explica um dos
sócios Anísio Ramos. Ele conta que além do adequado preparo
da área para plantio, como correção do solo, controle de
formigas e cupins, a plantação das mudas foi acompanhada
de todos os cuidados necessários, inclusive com utilização de
gel polimerizado para manter a umidade.
As mudas foram adquiridas de fornecedor do Estado de
Goiás, transportadas até a propriedade da empresa, onde
passaram por um breve processo de aclimatação, para de-
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
51
ECONOMIA
pois serem efetivamente plantadas em espaçamento 3 x 3 m
(metros), com utilização de gel polimerizado para retenção
de umidade junto às raízes.
O empreendedor comenta que a espécie tem se adaptado
satisfatoriamente ao clima do cerrado, resistindo bem
aos períodos de estiagem. “Um detalhe importante é que as
raízes da acácia se projetam lateralmente, por vezes permanecendo
rentes à superfície, razão pela qual não se deve revolver
profundamente o solo, a fim de evitar danos às raízes
e, consequentemente, ao desenvolvimento da árvore”, diz
Anísio.
São feitos regularmente a limpeza do terreno para controle
de mato-competição, adubação, integração da matéria
orgânica ao solo e manutenção do controle de pragas. “Para
assegurar melhor qualidade final do produto e maior valor
de mercado, são feitas podas regulares, a fim de concentrar
esforços na qualidade do fuste”, observa.
A previsão é que os desbastes para venda de madeira
se iniciem a partir de 2020, quando os primeiros módulos
completam a idade de 7 anos. Mas pode haver variações por
questões climáticas ou de mercado. “A estratégia de comercialização,
em princípio, está voltada ao mercado internacional”,
aponta Anísio.
Como a Acacia mangium ainda não é muito difundida no
Brasil, são adotados critérios de valoração utilizados na Ásia,
onde a espécie é bastante cultivada, chegando até a substituir
a teca em algumas localidades. “No início deste ano, os
valores da madeira variavam entre US$ 400 a US$ 600 por m3
(metro cúbico), dependendo da qualidade e do valor agregado
ao produto, segundo o Itto (International Tropical Timber
Organization)”, destaca o sócio.
A escolha da empresa pela Acacia mangium se deu principalmente
pelo rápido crescimento, já que o foco está na
produção de mogno africano. “Contudo, diante do longo ciclo
do mogno africano, que leva de 12 a 15 anos até o último
desbaste, as pesquisas de mercado apontaram à necessidade
de proporcionar ao investidor uma forma de antecipar parte
do retorno do investimento”, prevê a Ouro Verde.
Assim, a Acacia mangium se mostrou como opção para
tornar o investimento mais atrativo aos padrões do nicho
explorado, na medida em que é manejada para ser comercializada
com idade entre 7 e 9 anos. “Neste período o investidor
já recebe retorno pelo montante inicialmente aplicado,
permitindo, assim, maior desenvolvimento do mogno até o
final de seu ciclo.”
A empresa se diz satisfeita com os resultados obtidos até
o momento em relação ao desenvolvimento das florestas.
“Contudo, diante de estratégia de reposicionamento no mercado,
os módulos futuros poderão sofrer alterações em sua
composição”, acredita Anísio.
TIRO CERTO
Apesar de todo o potencial, a Acacia mangium ainda não
possui mercado estabelecido. Existe comércio regional, mas
A ACÁCIA-NEGRA POSSUI MERCADO EXCLUSIVAMENTE NO SUL DO
PAÍS, PRINCIPALMENTE PELO TANINO E CAVACO PARA EXPORTAÇÃO
PERFIL
O plantio dessa espécie
ainda é muito restrito e está
concentrado, principalmente,
na região Sul do país. A área
plantada total de acácia está
estável desde 2014, com 160
mil ha (hectares).
Produção de
casca (ton)
Área plantada
(ha)
Fontes de dados: Ibá e Ibge.
2010 2011 2012 2013 2014 2015
107.171 105.578 103.006 72.802 69.991 62.946
127.600 146.813 148.311 146.903 160.8721 160.827
52
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sem grande expressão. Por isto, o head de inovação da Innovatech,
Luiz Fellipe Lima de Arcalá recomenda três diretrizes
antes de investir: rentabilidade, risco e liquidez. “Dentro
disto, as principais variáveis são a produtividade, custo de
produção, preço de mercado e distância dos mercados consumidores”,
detalha. Não quer dizer que investir em Acacia
mangium não seja bom negócio, somente que tem que haver
estudo prévio.
O consultor aponta que é imprescindível uma análise de
mercado minuciosa, considerando o contexto no momento
do investimento e a construção de cenários. “Há uma falsa
impressão que a produção florestal possui uma característica
generalista, ou seja, uma floresta plantada poderá servir à
produção de energia com biomassa, produção de celulose ou
madeira serrada”, diz.
O especialista destaca que o mercado consumidor está
entre os pilares mais importantes do negócio. Ele é quem
gera a liquidez necessária para o investimento. “Nesse âmbito,
é importante salientarmos que é possível reduzirmos os
riscos e incertezas com projeções de mercados que nortearão
as decisões do negócio”, ressalta Luiz Felipe.
O uso final da madeira é grande determinante de diversas
atividades iniciais de um plantio florestal: operações, material
genético, espaçamento, planejamento de manejo, local
do investimento. “Dessa forma, também é essencial o planejamento
operacional e a gestão florestal para combater uma
segunda falsa impressão: que florestas se mantém sozinhas”,
completa.
Não há uma fórmula geral para a elaboração de modelos
de negócios, porém, a decisão deve ser baseada na rentabilidade,
risco e liquidez, sendo o grande direcionador, o
mercado.
PERGUNTE-SE
Antes de plantar a primeira muda é essencial estudar o
mercado, principalmente em novos empreendimentos florestais.
“O investimento em espécies novas apresenta alto
grau de incerteza (mercado consumidor, produtividade, manejo
florestal) e baixa oferta no mercado.” Também, considerar
a possibilidade de diversificação de produtos e usos como
uma forma de diminuição do risco e aumento da liquidez.
Outra questão importante é pensar na sustentabilidade
do negócio. Ou seja, a quantidade de área plantada permite
o abastecimento do mercado consumidor? Estou perto
de polos produtores da espécie que estou investindo? Estou
próximo de empresas e instituições que estão desenvolvendo
novas tecnologias e conhecimento sobre a espécie que
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LIGNA 2017, FEIRA ALEMÃ QUE TRATA
DE TODA A CADEIA MADEIREIRA,
FOI REPAGINADA PARA FACILITAR
VISITAÇÃO COM OLHAR ESPECIAL À
TECNOLOGIA FLORESTAL
Fotos: divulgação
54
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Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
55
INTERNACIONAL
C
omo já era de se esperar a Ligna 2017 foi
bastante movimentada. Os 93 mil visitantes
que compareceram ao evento em Hannover
(Alemanha), durante os dias 22 e 26 de maio, puderam
observar muita tecnologia voltada para toda a
cadeia produtiva madeireira. Para o setor florestal os
destaques foram o conceito da Indústria 4.0; movimentação
de máquinas para colheita e transporte;
demonstração de equipamentos para aproveitamento
de biomassa; e inovações para a coleta e processamento
de informação.
Os números agradaram à organização. O espaço
utilizado para o evento, contabilizando as áreas
externas e os pavilhões, foi de 129 mil m² (metros
quadrados), ocupados por 1.500 expositores, dos
quais 900 vieram de fora da Alemanha. “Muitos expositores
optaram por estandes com design altamente
sofisticado, isto tem dado nova cara para a feira”,
considera Andreas Gruchow, diretor executivo da
Deutsche Messe, organizadora do evento.
Outro ponto exaltado pelos responsáveis pela feira
foi o novo layout da Ligna, que facilitou a visitação
ao posicionar fabricantes e prestadores de serviços
com áreas afins próximos um dos outros e, diferentemente
das outras edições, não houve diferenciação
por tamanho de empresa.
“A nova disposição dos expositores se mostrou
ser um grande sucesso. Nossos clientes acharam que
a navegação pela feira ficou muito fácil”, declarou
Wolfgang Pöschl, presidente da Divisão de Máquinas
para Madeira da Vdma (Associação Alemã de Engenharia
Mecânica Industrial).
O novo formato da Ligna englobou mais do que o
rearranjo de estandes. A edição de 2017 foi composta
por quatro áreas temáticas: Tecnologia Florestal,
Tecnologia para Serraria, Produção de Painéis de Madeira
e Energia da Madeira. O foco foi na produção
de madeira como matéria-prima para produtos ou
geração de energia, por meio do planejamento, derrubada
e movimentação.
Nesta edição, o segmento florestal obteve grande
destaque. Os drones chamaram atenção. A tecnologia
de ponta no uso dos veículos aéreos para operações
florestais não tripulados está sendo muito
utilizada no processo de levantamento de dados na
Europa, algo que está crescendo bastante no Brasil.
ANDREAS GRUCHOW, DIRETOR
EXECUTIVO DA DEUTSCHE
MESSE, DESTACOU A EVOLUÇÃO
NO NÍVEL DOS ESTANDES E DO
PÚBLICO DA FEIRA
Pela primeira vez em todas as edições, a área de
demonstração de máquinas e equipamentos foi estruturada
na base da Torre Hermes, que fica ao centro
do parque de exposições, fruto da parceria com o
KWF (Conselho Florestal Alemão). Muitas empresas
apresentaram na prática seus produtos mais recentes
no espaço de 1.500 m². Todas as etapas do processo
florestal foram representadas: poda, extração de
madeira, baldeio, carregamento e transporte até à
indústria.
Outra atração para quem trabalha diretamente
com a floresta foi a realização da segunda edição do
Encontro Industrial da Madeira (Wood Industry Summit).
Delegações de 13 países mostraram as oportunidades
de negócio de cada região, tanto para o
investimento na área como para a venda de máquinas
e serviços. A partir do tema Acesso a Recursos
e Tecnologia, os participantes debateram as últimas
tendências e o desenvolvimento nas categorias: Floresta
e Madeira na Indústria 4.0, Recursos Rodoviários,
Controle ao Incêndio Florestal e Gerenciamento
de Frota.
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HOUVE DEMONSTRAÇÃO DE
EQUIPAMENTOS FLORESTAIS
SEGMENTO DE BIOMASSA
FOI REPRESENTADO NA ÁREA
EXTERNA E TOMOU UM PAVILHÃO
INTEIRO DA LIGNA 2017
COLHEITA FLORESTAL FOI PARTE
IMPORTANTE DAS DEMONSTRAÇÕES
DE EQUIPAMENTOS
FABRICANTES INVESTIRAM NA
DEMONSTRAÇÃO DE MÁQUINAS
PARA MOVIMENTAÇÃO DE
MADEIRA
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
57
TECNOLOGIA
58
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OLHOS
DO CÉU
REGULAMENTAÇÃO
PARA USO DE
DRONES CONFERE
MAIS SEGURANÇA À
ATIVIDADE QUE REDUZ
CUSTOS E AUMENTA
PRECISÃO DE DADOS
NA FLORESTA
Foto: divulgação
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
59
TECNOLOGIA
Q
uando os drones (veículos aéreos não tripulados)
começaram a surgir nos céus foi como um
filme de ficção científica criando vida. Aos poucos
eles foram incorporados em diversas atividades:
como armas de guerra, vigilância, captação de imagens
e outras. Muitas empresas do setor florestal também
passaram a utilizar esta tecnologia que foi ganhando cada
vez mais aplicação. Agora, o uso do aparelho finalmente
foi regulamentado no Brasil. Por isso, é importante saber
quais são as regras e como elas influenciam a utilização da
ferramenta na floresta.
Os drones começaram a se popularizar no Brasil há
mais de 10 anos. Porém, somente este ano a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) aprovou o regulamento para
o uso destas aeronaves. Entre as regras está a exigência de
habilitação para os pilotos de equipamentos com mais de
25 kg (quilogramas) e para qualquer equipamento que irá
atingir mais do que 121 m (metros) de altura.
Para as empresas que prestam o serviço a legislação
confere segurança. “A normatização pela Anac veio atender
aos anseios das empresas do setor. O Rbac 94/2017
é bastante simples e moderno. Empresas e clientes com
certeza gozarão de mais segurança”, afirma Tomás Mousinho
Gomes Carvalho Silva, diretor PixForce. O presidente
da Anac, Ricardo Botelho, afirmou que a utilização dos
drones em desacordo com a norma implicará em processo
administrativo, civil e criminal.
Junto com a regulamentação, também houve muita
evolução principalmente quanto à qualidade das informações
obtidas no campo. O alcance das câmeras instaladas
nos equipamentos aumentou e a definição das imagens
ficou melhor. Mais do que isso, os softwares que processam
os dados se tornaram mais precisos e fáceis de utilizar.
Tudo isto abriu os horizontes para o uso do aparelho.
“Os primeiros estudos exploravam o potencial das
imagens RGB (sistema que utiliza as cores vermelha, verde
e azul) aplicadas à estimativa de número de plantas, monitoramento
de falhas de plantio, uniformidade de stand
e outras inferências sobre a qualidade dos povoamentos”,
recorda Marcelo Folhes, diretor do Grupo Novo Olhar.
Com a introdução do advento de sensores multiespectrais
(imagem de um objeto com tomadas com diferentes
comprimentos de ondas eletromagnéticas) embarcados
em drones, teve início o uso de índices de vegetação para
a geração de informações biofísicas do dossel. “Mais recentemente,
a possibilidade de geração de dados LiDAR
vem trazendo novas perspectivas de extração de variáveis
Fotos: Pixforce
EVOLUÇÃO NA
TECNOLOGIA DE
SOFTWARES AMPLIOU
POSSIBILIDADES DO
USO DE DRONES NA
FLORESTA
60
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dendrométricas (estudo de todas as variáveis de estado
que definem a árvore) e mapeamentos 3D, auxiliando os
trabalhos de inventário florestal”, completa Marcelo.
Entre as informações possíveis de se obter com o uso
dos drones estão: censo de plantação, índices de sobrevivência,
matocompetição e de vegetação, classificação de
espécies, forma do dossel, caracterização de uso de solo,
topografia entre outros. O diretor do Grupo Novo Olhar,
Thamylon Camilo, cita a estimativa da taxa de sobrevivência
de mudas plantadas como outro exemplo. De acordo
com ele, este trabalho é feito normalmente de forma
amostral. “Em grandes áreas, a intensidade amostral é
reconhecidamente baixa e a equipe laboral é composta
por um número expressivo de colaboradores”, aponta. O
mesmo levantamento feito por drones proporciona análises
para a totalidade do povoamento, de maneira mais
precisa, rápida e “com apenas uma fração dos recursos
humanos utilizados no trabalho amostral.”
ECONOMIA
Entre os trunfos do uso de drones está a escala. “Os
principais ganhos estão relacionados à cobertura da área,
nos métodos convencionais grande maioria das atividades
é feita por amostragem, utilizando a tecnologia dos drones
é possível fazer em área total”, argumenta Thamylon
Camilo. Nos cálculos do diretor do Grupo Novo Olhar, a
redução na mão de obra proporcionada pelo emprego das
aeronaves fica em torno de 20 a 50% e o tempo gasto para
o cumprimento das atividades diminui, em média, 30%.
Em uma avaliação geral, os custos totais podem cair
consideravelmente. “Nossos dados indicam que o custo
dos serviços com uso de drones é por volta de 60 a 70%
mais econômico do que aquele realizado apenas por avaliação
humana”, garante Tomás Mousinho Gomes Carvalho
Silva, diretor PixForce.
CASO DE SUCESSO
A Eldorado Brasil, fabricante de celulose, utiliza drones
nos plantios desde 2013. Por meio de imagens com alta
precisão, os aparelhos captam detalhes desde as mudas
até o desenvolvimento das árvores. Com autonomia de
voo de 40 minutos, três aeronaves realizam, em um dia,
o trabalho que antes exigia de dois a três dias de campo,
ou seja, monitoram em torno de 500 ha (hectares/dia).
ESTADOS UNIDOS
JÁ UTILIZAM AS
AERONAVES NÃO
TRIPULADAS COMO
ARMAS DESDE A
PRIMEIRA GUERRA DO
GOLFO, NA DÉCADA
DE 90
Foto: divulgação
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
61
TECNOLOGIA
Foto: divulgação
Os drones são utilizados nas operações pré e pós-
-plantio. “As atividades que hoje realizamos com os drones
são a determinação do índice de sobrevivência, a definição
de linhas de plantio, a área efetivamente plantada,
o levantamento de áreas de Prad (Projeto de Recuperação
de Área Degradada) dentro da fazenda e a quantificação
de sinistros, como incêndios, quebras por vento, entre
outras”, explica Carlos Justo, gerente de Planejamento e
Controle Florestal da Eldorado. Os equipamentos são utilizados
em todas as florestas da Eldorado, que ocupam
uma área total de 230 mil ha e estão localizadas no Mato
Grosso do Sul.
“A tecnologia otimizou o trabalho das equipes e tornou
os processos mais precisos, rápidos e eficientes. Além
da alta produtividade na coleta de imagens, o drone dá a
visão da floresta de um ângulo diferente do solo, de forma
muito precisa e ampla, com baixo custo”, afirma Carlos
Justo.
Com as imagens do pré-plantio, a empresa obtém
muito mais segurança no planejamento das operações,
identificando claramente pontos de cuidado como árvores
protegidas e áreas de preservação permanente. O
monitoramento em alta definição do pós-plantio permite
a mensuração da área real plantada e motiva as equipes
operacionais a terem maior critério para garantir a sobrevivência
das plantas e atingir as metas de qualidade da
floresta.
O veículo aéreo gera modelos em três dimensões que
permitem avaliar declividade e escoamento superficial,
ajudando na definição do melhor desenho para prevenir
FLORESTA
TROPICAL
OBSERVADA
DE CIMA
erosões. A iniciativa gerou ganhos de produtividade, pois
o operador pode seguir em linha contínua entre dois talhões,
mesmo se houver uma estrada os dividindo, evitando,
assim, manobrar o trator desnecessariamente. Entre
os benefícios, estima-se um aumento de 10% de rendimento
nas operações de plantio – ou seja, a cada dez hectares
é possível plantar mais um, gastando menos tempo
e combustível. “Além disso, o projeto também permite a
melhor conservação e uso do solo, em que se estima um
ganho de até 3% no aproveitamento das áreas para plantio”,
completa o gerente.
IMAGEM NÃO É TUDO
Sem dúvidas a captação das imagens no campo por
uma aeronave é um grande salto. Mas esta atividade é
uma etapa do processo. Depois da coleta é preciso processar
os dados para subsidiar o gestor. Estas informações
têm recebido novos tratamentos por meio de algoritmos
que facilitam a vida daqueles incumbidos de tomar as decisões.
“As mudanças no setor, portanto, têm acontecido
muito mais dentro dos escritórios com o envolvimento de
engenheiros e programadores do que nos céus do país”,
ressalta Vinicius Roratto, gerente de Programação da PixForce.
A atualização de área efetivamente plantada feita com
base na porcentagem de uso do solo é um dos recursos
62
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que os novos softwares conseguem fornecer. Por meio de
técnicas automáticas de contagem de indivíduos e vetorização
do copado das árvores detectadas nas imagens, pode-se
estimar a área real ocupada pelo povoamento. “Esta
informação traz mais assertividade ao levantamento dos
custos de manejo e cálculo de volume, proporcionando
mais segurança financeira ao projeto”, aponta Thamylon
Camilo.
VETORIZAÇÃO
DAS COPAS DAS
ÁRVORES PERMITE
CONTAGEM EXATA
DO NÚMERO DE
INDIVÍDUOS
Foto: Grupo Novo Olhar
FUTURO
MAIS DO QUE COLETAR DADOS, EM
BREVE OS DRONES VÃO EXECUTAR
FUNÇÕES QUE HOJE SÃO FEITAS
SOMENTE PELO HOMEM. AS
AERONAVES PODERÃO AUXILIAR AS
TAREFAS DE MANEJO DE PRAGAS E
DOENÇAS, LIBERANDO INIMIGOS
NATURAIS, PULVERIZANDO
AGROQUÍMICOS, OU MESMO
DETECTANDO FOCOS DE INCÊNDIOS. A
DISPERSÃO DE SEMENTES EM ÁREAS
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ARTIGO
ESTIMATIVA DE PARÂMETROS
GENÉTICOS PARA CARACTERES
SILVICULTURAIS E DENSIDADE DO
LENHO EM TESTE DE PROGÊNIES
DE EUCALYPTUS UROPHYLLA
Fotos: REFERÊNCIA
O ARTIGO NA ÍNTEGRA, COM TABELAS E GRÁFICOS PODE
SER ACESSADO PELO ENDEREÇO WWW.IPEF.BR/PUBLICACOES
64
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EDUARDO PINHEIRO HENRIQUES
DOUTOR EM ENGENHARIA FLORESTAL PELA UNESP (UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA)
CRISTIANO BUENO DE MORAES
PROFESSOR ADJUNTO DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS DA
UFT (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS)
ALEXANDRE MAGNO SEBBENN
PESQUISADOR DOUTOR DO IF (INSTITUTO FLORESTAL)
MARIO TOMAZELLO FILHO
PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS DA ESALQ (ESCOLA
SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ)/USP (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)
MÁRIO LUIZ TEIXEIRA DE MORAES
PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS DA UNESP
EDSON SEIZO MORI
PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO E MELHORAMENTO
VEGETAL DA UNESP
N
os programas de melhoramento genético de espécies
de eucalipto, testes de progênies de polinização
aberta são usualmente utilizados na seleção
de árvores superiores. Dessa forma, no presente estudo
foram estimados parâmetros genéticos em progênies de
Eucalyptus urophylla para os caracteres altura total das
árvores, DAP (diâmetro à altura do peito), volume do fuste
e densidade aparente do lenho aos 1, 2, 3, 5 e 7 anos
de idade. O delineamento experimental utilizado foi o de
blocos casualizados com 77 tratamentos, 6 repetições e 6
plantas por parcela linear. O LRT (Teste da Razão de Verossimilhança)
revelou diferenças altamente significativas em
nível de 1% de probabilidade (p
ARTIGO
forte controle genético dos caracteres de crescimento e de
qualidade do lenho, com a possibilidade de obtenção de
ganhos genéticos no processo de seleção aplicado entre e
dentro de progênies.
ESTUDO MOSTRA GANHOS EM VOLUME,
DIÂMETRO E ALTURA
INTRODUÇÃO
A espécie Eucalyptus urophylla foi introduzida no Brasil
a partir da década de 1970 por meio de sementes coletadas
em árvores de populações naturais ocorrentes nas ilhas
orientais do arquipélago de Sonda, na latitude de 7-10° S
e altitude de 300 a 3.000 m (Pryor; Johnson, 1971). A sua
introdução teve como um dos objetivos a substituição das
árvores de Eucalyptus grandis susceptível ao fungo Cryphonectria
cubensis, agente causal do cancro do tronco em
plantações florestais nas regiões costeiras dos Estados do
Espírito Santo e da Bahia (Rocha et al., 2006). Ainda, diversas
procedências com diferentes amplitudes genéticas de
Eucalyptus urophylla foram, da mesma forma, introduzidas
pela iniciativa de empresas florestais vinculadas à produção
de celulose e de carvão vegetal para a siderurgia (Fonseca
et al., 1986). Eucalyptus urophylla apresentou excelente
adaptação às diversas regiões edafoclimáticas, inclusive nas
áreas de Cerrado, limitantes ao crescimento de Eucalyptus
grandis devido à deficiência hídrica. Assim, a espécie Eucalyptus
urophylla com sua alta taxa de crescimento volumétrico,
capacidade de brotação, comprovada rusticidade
e potencial de adaptação tem sido utilizada na síntese de
híbridos com Eucalyptus grandis (Rocha et al., 2006). As
plantas híbridas de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis
mostraram-se tolerantes ao agente causal do cancro do
tronco e ao déficit hídrico, apresentando, ainda, bom crescimento
e madeira de qualidade para a utilização industrial.
Atualmente, os programas de melhoramento genético
direcionados para a produção de híbridos interespecíficos
de eucaliptos das espécies das Seções Transversaria e Exertaria
têm como base Eucalyptus urophylla para a obtenção
de clones de rápido crescimento e com elevada qualidade
de madeira (Grattapaglia, 2007). Nesse sentido, a estratégia
para o aumento da eficiência dos programas de melhoramento
das espécies de eucalipto está associada à obtenção
de híbridos e posterior clonagem com a produção, captura
e multiplicação de combinações superiores. Os híbridos
de eucaliptos possuem maior plasticidade de adaptação às
variações presentes nos sítios florestais, sendo mais produtivos
e com melhor característica da madeira (Titon et al.,
2003). Em paralelo e com significativo potencial como ferramenta
para a aplicação nos programas de melhoramento
genético, destacam-se as pesquisas nas áreas de dendrocronologia
(anéis de crescimento) (Brookhouse, 2006) e de
densitometria de raios X em eucaliptos (Knapic et al., 2014;
Tomazello Filho et al., 2008).
O presente trabalho teve como objetivo estimar parâmetros
genéticos para caracteres de crescimento (altura,
DAP e volume) e densidade aparente do lenho em árvores
de um teste de progênies de Eucalyptus urophylla a diferentes
idades, para possibilitar a formação de (i) um Pomar de
Recombinação por Polinização Aberta, com a melhor árvore
de cada parcela, por repetição, por progênie (total de até
seis indivíduos por repetição), (ii) um Pomar de Hibridação
por Polinização Controlada, via enxertia, com o melhor
indivíduo de cada repetição (total de até um indivíduo por
repetição e/ou 6 por progênie), com o fim de promover a
introgressão de genes desejáveis para a produção de híbridos
interespecíficos de alta produtividade e qualidades tecnológicas
da madeira, para melhor usar a variância genética
2
( qaditiva a ) e (iii) selecionar os dez melhores indivíduos do
teste, para clonagem, visando explorar a variância genética
2
( qtotal g ).
66
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MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização do teste de progênies: o teste de progênies
de Eucalyptus urophylla foi implantado em novembro
de 2003 e pertence ao acervo das pesquisas em melhoramento
genético da empresa Aperam Bioenergia Ltda.
Constitui-se de 77 progênies de polinização aberta, obtidas
do pomar de sementes clonal – 2000, formado a partir de
clones de quatro outros pomares. O teste de progênies foi
instalado na área denominada Embaúbas (Talhão 575), localizado
no município de Itamarandiba – MG (latitude 17º
44’ 45” S; longitude 42º 45’ 11” W e altitude 1.000 m). A
preparação do terreno consistiu de subsolagem e aplicação
concomitante de 500 kg/ha (quilograma por hectare)
de fosfato natural de Araxá em filete contínuo a 20 cm de
profundidade. Foi realizada adubação de plantio de 170 g/
planta de NPK 04-26-16 + 1% de Zn + 1% de Cu e aplicação
a lanço, de 2 t (toneladas) de silicato de Ca e de Mg. Foram
feitas mais duas adubações à base de KCl + 0,7 % de B, nos
dois primeiros anos e ainda controle de formigas cortadeiras
e da matocompetição.
Caracterização edafo-climática do local: a região possui
precipitação pluviométrica média anual de 1.166 mm
(milímetros), temperatura média de 21°C e o clima pela
classificação de Köppen é classificado como sendo tropical
de altitude – Cwa – temperado úmido com inverno seco e
verão quente. O solo é do tipo latossolo vermelho distrófico
típico e vermelho amarelo distrófico típico, com textura
argilosa ou muito argilosa, bem estruturado. A topografia
é plana (chapada) e a vegetação nativa é característica do
bioma Cerrado.
Delineamento experimental e mensuração das árvores:
o delineamento experimental utilizado no teste de progênies
foi o de blocos casualizados, com 77 tratamentos (progênies),
com seis repetições em parcelas lineares de seis
plantas, no espaçamento de plantio de 2 x 3 m. Foram efetuadas
cinco mensurações das árvores - DAP do tronco com
fita métrica, altura total das árvores com clinômetro Suunto
PM-5 360 PC e sobrevivência das árvores -, no 13º mês (1º
ano), 21º mês (2º ano), 38º mês (3ºano), 60º mês (5º ano) e
82º mês (7º ano), este último correspondendo à idade usual
de corte das árvores para a fabricação de carvão vegetal.
Determinação da densidade aparente do lenho/anéis
de crescimento anuais: na determinação da densidade aparente
do lenho dos anéis de crescimento anuais do tronco
das árvores foram selecionadas, aos sete anos de idade, 26
progênies das 39 mais produtivas, decorrentes da seleção
entre e dentro, para a formação de pomar de hibridação
por enxertia. Nessas progênies foram amostrados os blocos
1, 3 e 5 (do total de seis) e, de cada bloco, foram selecionadas
quatro árvores de melhor desenvolvimento, totali-
zando 312 árvores. Essas árvores foram cortadas e retiradas
seções transversais do lenho na posição correspondente ao
DAP dos seus troncos para a delimitação e determinação
da densidade aparente do lenho dos anéis de crescimento
anuais pela metodologia de densitometria de raios X – descrita
por Tomazello Filho et al. (2008), Henriques (2012) e
Arizapana-Almonacid (2013) -, no Laboratório de Anatomia
e Densitometria de Raios X em Madeiras, do Departamento
de Ciências Florestais da Esalq/USP. Foram obtidos 624 perfis
radiais da densidade aparente do lenho (26 progênies x
12 árvores x 2 raios das amostras do lenho). Para a comprovação
da anuidade dos anéis de crescimento foi identificada
a data da formação e a respectiva localização da cicatriz
resultante da aplicação da agulha do equipamento Pilodyn,
na seção transversal do lenho tronco das árvores (novembro
de 2008, árvores no 5º ano).
Análises e delineamento estatístico: a estimativa dos
componentes de variância e dos parâmetros genéticos dos
caracteres de crescimento e da densidade de lenho das árvores
foi obtida pelo método de máxima verossimilhança
restrita e melhor predição linear não viciada (Reml/Blup)
empregando-se o software genético-estatístico Selegen-
-Reml/Blup (Resende, 2007). As análises foram realizadas
considerando o delineamento em blocos casualizados, utilizando
o modelo matemático:
y = Xr + Za + Wp + e
Sendo, y: vetor de dados; r: vetor dos efeitos de repetição
(fixos), somados à média geral; a: vetor dos efeitos
genéticos aditivos individuais (aleatórios); p: vetor dos
efeitos de parcela (aleatórios); e: vetor de erros ou resíduos
(aleatórios). As letras maiúsculas representam as matrizes
de incidência para os referidos efeitos.
As variáveis quantitativas e os parâmetros genéticos
das árvores de Eucalyptus urophylla foram analisadas pelas
equações descritas a seguir, admitindo-se que as progênies
de polinização aberta como sendo formadas por indivíduos
com grau de parentesco de meios-irmãos e sobrevivência
completa.
q
q
Variância genética aditiva:
2 = [ a' A-¹ a + 2 tr (A-¹ C²²)] / q
a
g
q
Variância ambiental entre parcelas:
2 = [ c' c' + 2 tr C³³ ] / S1
c
e
q
Variância residual (ambiental + não aditiva):
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
67
ARTIGO
q
2
e
= [ y' y' - r' X' y - a' Z' y - c' W' y ] / [ N - r ( x ) ]
Variância fenotípica individual:
q
2
f
2 2
= a + c +
q
q
q
2
e
Herdabilidade individual no sentido restrito:
=
q
2
a
2
a2
qh f
Coeficiente de determinação dos efeitos de parcela:
=
q
2
c
2
p2
qC f
Herdabilidade da média de progênies:
=
2
(1 / 4). a
2
m
qh
(1 / 4).
2
2
(0,75. + )
2 c
c e
+ +
a r
n.r
q
q
q
q
2
Acurácia da seleção de progênies:
r aa =
h m
2
Coeficiente de variação genética aditiva individual:
2
h a
CV gi (%) = m .100
Coeficiente de variação genotípica entre progênies:
2
0,25. h a
CV gp (%) = m .100
Coeficiente de variação experimental:
2 2
2
[(0,75. a + e ) / n ] + c
CV e (%) = m
.100
q
Coeficiente de variação relativa:
CVgp
CVr
= CVe
q
q
em que: C²² , C³³ , C⁴⁴ e C⁵⁵ vêm da inversa de C. C: matriz
dos coeficientes das equações de modelo misto; tr: operador
traço matricial; r(x): posto da matriz X; N, q, s: números
de dados, de exemplares e de parcelas: n: número de
plantas por parcela.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do terceiro ano de idade as herdabilidades individuais
dos efeitos aditivos ( h 2
a ) foram da ordem de 0,50
para ALT, considerada como alta; 0,20 para DAP e 0,25 para
VOL, consideradas como medianas e 0,68 para DEN, considerada
como alta, conforme Resende (1995). Esses valores
corroboram valores encontrados na literatura.
Este parâmetro reflete a proporção da variância aditiva
no contexto da variação fenotípica, ou seja, a parte da variação
genética que é transmitida aos descendentes. Daí a
importância da magnitude da proporção aditiva da variância
genética (Paula et al., 1996).
Outrossim, verifica-se que as herdabilidades são crescentes
com a idade. Esta tendência nos leva a inferir a existência
de maior influência do ambiente sobre as características
juvenis (Borges et al.,1980; Kalil Filho et al., 1982).
À medida que as árvores se tornam adultas, o genótipo
exerce maior influência na expressão do fenótipo (Borges,
et al., 1980).
Estes valores evidenciam ainda a possibilidade de seleção
precoce para os caracteres estudados a partir do terceiro
ano de idade, especialmente a ALT para crescimento e
DEN para características tecnológicas da madeira.
A herdabilidade ajustada ( h 2
aj ) indica a acurácia dos
valores obtidos para a herdabilidade individual dos efeitos
aditivos, no sentido restrito, demonstrando a eficiên-
68
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cia deste cálculo no experimento. Neste caso, elas foram
coincidentes ou muito próximas a partir do segundo ano.
No primeiro ano, em razão dos coeficientes dos efeitos de
parcelas serem maiores que 10% (ALT 15,25%, DAP 18,79%,
VOL 23,16% e DEN 20,78%), as duas herdabilidades não
foram coincidentes. O coeficiente de determinação dos
efeitos de parcelas ( C 2
p ) foram inferiores a 1% a partir do
segundo ano de idade, indicando um ótimo controle ambiental
entre as parcelas e um adequado delineamento
experimental. Resende (2002) salienta que este parâmetro
quantifica a variabilidade das parcelas dentro do bloco e um
valor superior a 10% pode interferir na estimativa dos parâmetros
genéticos. Neste caso, este percentual ocorreu somente
no primeiro ano, conforme relatado anteriormente e
afetou a coincidência dos valores da herdabilidade ajustada
com a herdabilidade aditiva individual.
As progênies apresentaram altas herdabilidades das
médias de progênies ( h 2
m ), superiores a 0,60, para os parâmetros
de crescimento e densidade do lenho a partir do
segundo ano e medianas no primeiro ano, conforme classifica
Resende (1995) como herdabilidades baixas, valores
entre 0,01 e 0,15, medianas entre 0,15 e 0,50 e altas superiores
a 0,50. A magnitude de seu valor indica bom controle
genético na expressão dos caracteres e evidencia elevado
potencial de seleção dentro do referido teste de progênies,
com perspectivas de se obter ganhos genéticos. Vencovsky
et al. (1992) recomenda seleção baseada na herdabilidade
média, por ser um “nível mais elevado de precisão do que a
baseada em parcelas ou plantas” pelo fato de aquela diminuir
a influência dos erros experimentais.
A elevada herdabilidade média da DEN, entre as progênies
das árvores, corrobora com os resultados de Malan
(1988) em Eucalyptus grandis que, da mesma forma, constatou
variação significativa da densidade do lenho entre as
suas progênies.
As herdabilidades dentro de progênies ( h 2
ad ) para caracteres
de produção (ALT, DAP, VOL) e DEN foram medianas,
até 0,50, conforme classificação de Resende (1995). Isto se
deve ao já adiantado estado de melhoramento do material
do Pomar de Sementes Clonal 2000.
Em relação à acurácia ( r aa ) foram verificados valores altos
conforme classifica Resende (2002), acima de 0,77 para
todos os caracteres de crescimento e qualidade do lenho a
partir do segundo ano de idade e acima de 0,57 para todos
os sete anos de avaliação. Isto evidencia boa relação entre
o valor genético verdadeiro e o predito conforme Novaes
(2014) que, citando ainda (Beltrame et al., 2012; Moraes et
al., 2011; Resende; Duarte, 2007) encontraram resultados
semelhantes. Estes valores indicam acerto na seleção do
caráter com ganhos de produtividade. Para DEN a acurácia
variou de 0,80 a 0,92 e a DEN variou de 0,53 a 0,62 (g.cm-3)
do primeiro ao sétimo anos de idade, corroborando com
Junho de 2017 REVISTA REFERÊNCIA FLORESTAL
69
ARTIGO
trabalhos de diversos autores como Tomazello Filho (1985,
1987) e Trugilho (2009).
O coeficiente de variação genética aditiva individual
( CV gi ), que expressa a percentagem de variação genética
aditiva existente dentro da progênie, foi da ordem de 6,0
a 9,7 para ALT e DAP e de 18,0 a 25,0 para VOL. Moraes et
al. (2014) encontrou tendência semelhante para VOL trabalhando
com clones de Eucalyptus. Para DEN os valores
foram de 4,0% a 5,8 % indicando pouca variação dentro
de progênies. Já o coeficiente de variação genética entre
progênies ( CV gp ) foi ainda menor, da ordem de 3,05% a
4,88% para ALT e DAP e de 9,18% a 12,7% para DEN. Este
coeficiente, conforme menciona Sturion (1993), expressa
em percentagem da média geral a quantidade de variação
genética existente entre progênies. O nível desta magnitude
pode ser explicado pelo fato de se tratar de progênies
originadas de árvores matrizes selecionadas em diferentes
estágios de melhoramento. Estes valores indicam maiores
possibilidades de acerto em seleção dentro de progênies,
especialmente pelo caráter VOL, que entre progênies.
O coeficiente de variação experimental ( CV e ) foi inferior
a 10% para ALT e DAP das árvores para todas as idades,
exceção apenas para o DAP no primeiro ano (10,66%), considerado
baixo, conforme Gomes (1990). O ( CV e ) foi da ordem
de 14,69% a 19,31% para ALT a partir do segundo ano
considerado como médios conforme Gomes (1990).
Para DEN os valores do ( CV e ) foram da ordem de 13,68%
no primeiro ano e de 11,79% aos sete, decrescendo com a
idade, considerado como médios por Gomes (1990).
Este coeficiente fornece uma ideia, conforme Gomes
(1990), da precisão do experimento e indica que o delineamento
experimental adotado foi eficiente no controle da
variação ambiental (Senna et al., 2012).
Estes resultados estão em concordância com os resultados
comumente relatados na literatura científica para eucalipto,
entre eles Paula et al. (1996).
O Coeficiente de variação relativa ( CV r ) é uma relação
entre o CV gp (variação genética) e CV e (variação ambiental).
Neste caso, verifica-se que a variação ambiental foi maior
que a genética, cujos valores para todos os caracteres em
todas as idades foram inferiores a um, o que evidencia perspectivas
pouco favoráveis para ganhos genéticos na seleção
entre progênies. O CV gi já mostrou isto, indicando a seleção
dentro de progênies.
Contudo Paula et al. (1996), relatou (Eldridge, 1971)
que afirmou que, em existindo variação estatisticamente
significativa entre progênies, pode-se entender como possibilidade
de melhoramento pela seleção. Também Paula et
al. (1996), citando (Dudley; Moll, 1969) que afirmaram que
tendo em vista que a significância estatística não fornece a
magnitude da variabilidade genética dentro da população,
neste caso recorre-se a estimativa da herdabilidade no sentido
restrito ( h 2
a ) que proporciona o conhecimento sobre a
magnitude das variações genéticas e ambiental.
As médias dos crescimentos de todos os caracteres do
primeiro ao sétimo anos foi de: ALT de 5,36 m a 22,18 m;
DAP de 4,83 cm a 14,44 cm; VOL de 0,0053 a 0,1959 m³ e
DEN de 0,5262 g.cm-3 a 0,6203 g.cm-3, respectivamente.
O IMA (Incremento Médio Anual), medida comumente
empregada para expressar produtividade de madeira, foi de
41m³.ha-¹. ano-1 aos sete anos de idade, para a média das
77 progênies deste teste. Este cálculo foi feito usando-se a
seguinte fórmula:
41 m³.ha-¹. ano-1 = {[0,1959 m³ (volume de madeira
70
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Disco de corte para Feller
médio das árvores) x 1.666 (nº de árvores por ha) x 0,88
(média de sobrevivência das árvores no experimento)] / 7
(idade em anos)}.
Nota: o cálculo do VOL já levou em conta o valor 0,5
para fator de forma das árvores.
A estimativa dos parâmetros genéticos para crescimento
e densidade aparente do lenho de árvores de Eucalyptus
urophylla em teste de progênies de meios irmãos, mostrou
que a população tem CV gp na faixa de 5% a 10% para todos
os caracteres para todas as idades, valor considerado baixo
conforme Resende (1992).
Individualmente, CV gi possui valores duas vezes maiores,
porém baixos conforme Resende (1992), indicando melhores
ganhos na seleção dentro de progênies.
Este teste de progênies é oriundo de um Pomar de Sementes
Clonal, fruto de vários estágios de melhoramento
de suas árvores matrizes, sugerindo que em vista disto os
coeficientes de variação genéticos sejam baixos.
Ocorre que a população tem h 2
m de magnitude alta
(0,60) e r aa também alta (0,77), conforme Resende (1992).
A herdabilidade das médias de progênies é o parâmetro recomendado
por Vencovsky (1992) como preferencial para
seleção, tendo em vista que ele reduz o efeito do ambiente.
Embora a base genética seja de baixa magnitude, o LRT
indica diferenças estatisticamente significativas (p
AGENDA
JUNHO 2017
JUNE 2017
Elmia Wood
7 a 10
Jönköping – Suécia
www.elmia.se
Interforst
18 a 22
Munique (Alemanha)
www.interforst.com
II Seminário sobre Prevenção e Controle
de Incêndios Florestais
7 e 8
Viçosa (MG)
www.sif.org.br
Cibio 2017
20 a 22
Curitiba (PR)
www.congressobiomassa.com
JULHO 2017
JULY 2017
Regeneração florestal em ambientes alterados
11 a 13
Corvallis (Estados Unidos)
blogs.oregonstate.edu/forestregen2017/
SETEMBRO 2017
SEPTEMBER 2017
Lignum Brasil
20 a 22
Curitiba (PR)
www.lignumbrasil.com.br
Expobiomassa
26 a 29
Valladolid (Espanha)
www.expobiomasa.com
NOVEMBRO 2017
NOVEMBER 2017
Expocorma
8 a 10
Santiago – Chile
www.expocorma.cl
DESTAQUE
ELMIA WOOD
7 a 10 de junho
Jönköping – Suécia
www.elmia.se
O mês de junho marca a realização de uma das maiores feiras de
máquinas, equipamentos e serviços para floresta do mundo, a Elmia
Wood, que acontece na Suécia. Tudo no evento tem movimento.
Nada de máquinas paradas ou vídeos, o visitante observa as
máquinas trabalhando no ambiente florestal. Recomendamos a
visita. A feira acontece nos dias 7 a 10 de junho, em Jönköping.
Imagem: reprodução
72
www.referenciaflorestal.com.br
sites
assessoria
de imprensa
vídeos
projetos
especiais
banner
slide
apresentação
revistas
Comunicação inteligente.
www.jotacom.com.br
Cuidados no
New head provides efficiency and
economy to forest management
Atividade foi
regulamentada
exposição da Elmia Wood
Aplicação aumenta produtividade e
garante qualidade de portas e painéis
PERSPECTIVAS
CLEAN SOURCE OF ENERGY GENERATION
REVEALS BRAZILIAN POTENTIAL
Flávio Martins, diretor comercial da Solenis (Brasil), analisa o mercado
Ponto de
encontro
www.facebook.com.br/SincolSA
System that reduces costs and
increases the strength
of paper manufacturers
www.sincol.com.br
Construção • Arquitetura • Design • Marcenaria • Paisagismo • Decoração
ESPECIAL
ENTREVISTA
Larissa Vanzo
ESPAÇO ABERTO
OS DESAFIOS DAS
EMPRESAS FAMILIARES
NO BRASIL
Foto: divulgação
Por Eduardo Tevah
Palestrante, empresário e escritor. Já publicou 5 livros, com mais de 300 mil
exemplares vendidos.
V
ocê sabia que mais de 80% das empresas no Brasil
são familiares e que 85% delas não sobrevivem para
a segunda geração assumir? Você sabia que, das 300
maiores empresas brasileiras, 265 delas são familiares? Desse
modo, podemos olhar para dois ângulos diferentes dessas
estatísticas…. O primeiro é que existe uma chance muito
grande de uma empresa familiar não poder ser passada
para uma nova geração assumir. A segunda é quebrar o mito
de que empresas familiares não funcionam, que não existe
como conciliar trabalho e família.
Diante desse quadro, fica então a pergunta: aonde estão
os maiores empecilhos para uma empresa familiar dar certo?
Vou dar 4 visões:
• Muitos fundadores não preparam sucessores e, por
vezes, demoram demais para entregar o comando. Isso ocorre
porque o fundador domina o conhecimento do negócio
e acha que os mais jovens não terão o tino necessário para
seguir em frente. Acabam, assim, delegando muito pouco e
centralizando o comando mesmo com uma idade avançada.
• Muitos fundadores erram por não aceitarem a visão
dos mais jovens e muitos jovens erram por não respeitar a
geração que está no comando. Quando acaba o diálogo, em
geral acaba a empresa, é só uma questão de tempo. A visão
diferente do rumo dos negócios pode não ser um problema
e sim uma oportunidade estratégica de, somando ideias, encontrar
novas oportunidades para a empresa.
• A falta de respeito à separação entre ambiente profissional
e o lar gera conflitos que ultrapassam ambas as fronteiras.
Dentro de casa, marido e mulher, pais e filhos ou irmãos
acabam discutindo sobre trabalho como se estivessem
em seus escritórios. Dentro da empresa, os mesmos membros
da família levam divergências pessoais para o âmbito
profissional, causando uma série de conflitos.
• Muitos fundadores não profissionalizam suas empresas
e acabam fazendo do sobrenome o principal critério para
ocupar os mais importantes cargos. Por vezes, o fundador
tenta encontrar ocupação para todas da família que tenham
idade e desejo de trabalhar na empresa e isso acaba deixando
a competência profissional como requisito secundário.
As razões são muitas, mas sinto que o grande desafio de
quem comanda uma empresa familiar é esse: ter uma empresa
familiar com gestão profissional. A família entra com os
seus valores, seus membros mais capazes e agregam a essa
organização uma gestão totalmente voltada ao que existe
de melhor em sistemas de administração de uma empresa,
colocando em posições chaves pessoas que não são do seio
familiar, mas reconhecidas pelo mercado como excelentes
naquilo que fazem.
Acesse:
A Revista da Indústria Florestal / The Magazine for the Forest Product
www.referenciaflorestal.com.br
Ano XIX • N°185 • Maio 2017
NA ESTRADA
48
transporte de madeira
More power for thinning
TERCEIRIZAÇÃO
62 ENTREVISTA
Jakob Hirsmark, diretor de
Mais potência
no desbaste
Novo cabeçote traz eficiência
e economia no manejo florestal
A Revista da Indústria da Madeira / The Magazine for the Forest Product
www.referenciaindustrial.com.br
Ano XIX • N°185 • Maio 2017
ENTREVISTA - Especialista em edifícios feitos de madeira, Joseph Gulden fala sobre o futuro do setor
I N D U S T R I A L
Laminação
Secagem descomplicada – Detalhes das espécies e métodos ideais para secar madeira
interativacom.com
A Revista da Indústria de Biomassa e Energia / The Magazine for the Biomass and Energy Industry
www.revistabiomais.com.br
Ano IV • N°20 • Abril 2017
Geração: resíduos de madeira abastecem mercado de energia verde
revista biomassa energia
PCHs
FONTE LIMPA DE PRODUÇÃO DE ENERGIA
COMPROVA POTENCIAL BRASILEIRO
SHP’s
DANIEL FURLAN
EMIRADOS ÁRABES
PARA O BIODIESEL INVESTEM EM FONTES RENOVÁVEIS
A Revista da Indústria de Celulose e Papel www.celulosepapel.com.br
Ano x - n. 29 - 2017
Pinc
garantida!
Curta Sincol
Tissue World
Terras para estrangeiros
Projeto final retira
limitações
Custom made
Sob
medida
Sistema que reduz
custos amplia força de
fabricantes de papel
A Revista Madeireira da Construção www.produtosdemadeira.com.br Ano IX• N.39 • Maio 2017
Objeto
de luxo
Madeira confere
sofisticação na decoração
Repaginados: ambientes antigos ganham novos ares
www.portalreferencia.com.br
Cabeçote Harvester 555H
www.tmo.com.br tmo@tmo.com.br
www.facebook.com/ciaolsen
Cia Olsen de Tratores Agro Industrial
Caçador - SC 49 3561-6000
SEU PARCEIRO FLORESTAL