GAZETA DIARIO 318

04 Política
Foz do Iguaçu, quinta-feira, 29 de junho de 2017
R
Rogério Bonato
O Chico
Sensibilizado, agradeço as gentis palavras do
meu filhote Fábius Augusto quanto ao meu
trabalho. O Chico também ficou bastante feliz
com a abordagem que lhe foi atribuída na coluna
do Corvo de ontem. Aproveitando a nota, informo
que Chico de Alencar começa a escrever na
próxima terça-feira, 4 de junho, coincidentemente
o Independence Day norte-americano. A edição
está determinando uma página fixa, mas deverei
alternar o espaço com o compadre.
Setembro
Se Michel Temer tivesse uma máquina do tempo,
pularia a vida para outubro, após a saída do
procurador-geral Rodrigo Janot. Ele fica até
setembro. Nunca um presidente da República
deve ter rezado tanto pela substituição de um
procurador.
Zanga
Michel Temer faz o esperneio, e dificilmente
alguém agiria diferente em seu lugar. Além de se
defender, o presidente precisa fazer marolas em
favor das votações no Congresso.
Batom na cueca
Por mais que Temer bronqueie contra Janot,
mesmo que indiretamente, será difícil brigar
contra o compêndio de provas, documentos,
gravações e certidões que arrumaram contra o
presidente, a começar pela atuação da Polícia
Federal. Será difícil recuperar a pele de cordeiro
que ficou pelo caminho.
Troca-troca
Ministros e deputados que foram convidados
para compor o Executivo estão voltando para a
Câmara. Segundo uma fonte em Brasília, a
medida não é das mais eficazes, pois há quem
retorne para o posto de deputado muito contrariado
com o presidente e, no fim das contas,
votará contra as reformas.
Fica ou sai
Apesar da pressão, muita gente — quem conhece
— aposta que Temer termina o governo. Será
difícil tirá-lo da Presidência. A situação é tão
complicada no Planalto que nem Rodrigo Maia
quer o posto, tamanho o campo minado. Maia é
um dos grandes incentivadores da permanência
de Temer.
Conspiração
Quem diria, Dilma Rousseff é uma menina de
jardim da infância perto de quem a substituiu.
Agora ficam tentando reparar erros histórico;
deveriam derrubar a chapa completa, no lugar da
"presidenta". Se assim fosse, pode ser, o Brasil já
teria até se recuperado. Ao que vem por aí, tudo
indica que vamos arrastar-nos até a definição do
processo. Os próximos
18 meses serão
longos.
Em evidência
Pode ser que Edson
"Narizão" nunca tenha
tido um momento de
glória tão intenso.
Mais do que toda uma
legislatura, como já
teve. No fim entrará
para a história por
meio de um ato
decisivo. O perfil do
vereador não contraria
o sobrenome.
REPRESENTAÇÃO
Vereador aciona PC para
apurar autoria de áudio
atribuído a Edílio Dall'Agnol
Protetor Jorge repudia arquivo sonoro que o relaciona a uma suposta prática
de estupro; defesa do parlamentar afastado não se manifesta sobre o caso
Bruno Soares
Reportagem
O vereador Protetor
Jorge (PTB) informou ao
jornal Gazeta Diário, na
manhã de ontem (28),
que acionou a Polícia Civil
(PC), por meio de uma
representação criminal,
para que seja devidamente
apurada a autoria do
áudio atribuído ao parlamentar
afastado Edílio
Dall'Agnol (PSC).
O caso ganhou repercussão
em Foz do Iguaçu
após matéria publicada
na edição da última
terça-feira (27) deste periódico
sob o título "Edílio
Dall'Agnol pode retornar
à prisão por desobediência
à Justiça". A possibilidade
de Edílio ter revogada
sua liberdade provisória
foi aventada pelo
Ministério Público Federal
(MPF) após chegar ao
conhecimento do procurador
da República Alexandre
Halfen da Porciúncula
um arquivo sonoro
que indicaria a manifestação
expressa de Edílio
em constranger a Câmara
Municipal por meio
da articulação política
contra o presidente da
Casa, Rogério Quadros
(PTB), e o vereador Protetor
Jorge.
Logo no início do áudio,
o autor da fala argumenta
com seu interlocutor
quais medidas estariam
sendo tomadas para
intimidar o Legislativo
perante a opinião pública
diante da votação final
sobre o processo de
cassação movido contra
cinco vereadores afastados
em razão dos desdobramentos
da Operação
Pecúlio.
"(...) o pessoal realmente
está mobilizando
aí para estar na Câmara
amanhã, 9h. Sai a outra
matéria sobre o estupro
do Protetor Jorge e o
protesto também contra
o presidente da Câmara,
que não fez nada para
tirar ele da Câmara, né?
E, condenado em terceira
[instância], mais
este [processo] de estupro...
Então vamos fragilizar
eles [atuais vereadores]
agora. Agora é
o momento de o pessoal
ir lá [sede do Legislativo]",
consta do áudio
imputado a Edílio
Dall'Agnol.
Em entrevista na
manhã de ontem, Protetor
Jorge criticou duramente
esta situação.
"Repudio esse áudio,
principalmente quando
ele cita a palavra estupro
vinculada à minha
pessoa. Como todos sabem,
respondo sim a um
processo administrativo,
e o áudio fala sobre um
suposto estupro do qual
eu responderia criminalmente.
Isso é uma mentira
absurda. De forma
alguma essa acusação
tem qualquer procedência.
Não respondo a nenhum
processo dessa
natureza. Diante disso
acionei a Polícia Civil
para que seja providenciada
a perícia deste material
para que possamos
sanar estas questões
e que o responsável
responda perante a
Justiça o que foi exposto
à sociedade de forma
irresponsável e caluniosa",
declarou Protetor
Jorge.
Procurada pela reportagem,
a defesa de
Edílio Dall'Agnol se esquivou
reiteradamente
do questionamento feito
quanto à autoria do
áudio atribuído ao parlamentar
afastado. "Não
vou confirmar que seja
do Edílio, mas quero te
Advogado Rodrigo Duarte se esquivou ao
responder sobre autoria do áudio atribuído
ao seu cliente, Edílio Dall'Agnol
dizer o seguinte: eu já ouvi
esse áudio. A voz parece do
Edílio. Agora, eu quem te
devolvo a pergunta: qual é
o problema se for o Edílio?
Qual o problema em fazer
uma mobilização pública
sobre um fato que é público
e notório, que é a fragilidade
da posição do vereador
Protetor Jorge? Eu acho que
político faz mobilização política,
sindicalista faz greve
e bailarina dança balé. Então
isso é do jogo democrá-
tico", respondeu. A reportagem
insistiu de
forma objetiva por outras
duas vezes quanto
à autoria do áudio.
"Edílio nunca sentou
comigo nas várias vezes
que foi ao meu escritório
para dizer: 'Ei,
Rodrigo, essa voz aqui
é minha'. Parece a voz
dele, e se for não tem
importância nenhuma.
É irrelevante", afirmou
o defensor.
Acusações contra Edílio
Edílio Dall'Agnol é réu em duas ações interpostas pelo
MPF junto à Justiça Federal. Na primeira, ajuizada em
junho do ano passado, foi acusado em duas situações:
uma por organização criminosa e outra por solicitar
para si vantagem indevida em função do cargo que
ocupava. Transcorrida a instrução processual, o MPF
reiterou as acusações a Edílio e pediu a condenação do
vereador.
Na segunda denúncia oferecida pelo MPF à 3ª Vara
Federal de Foz do Iguaçu, Edílio é denunciado outras
22 vezes, novamente por solicitar para si vantagem
indevida durante o exercício da função parlamentar.
Entre as acusações, Edílio responde por integrar o
grupo de vereadores que receberiam recursos ilegais
em troca de apoio legislativo ao mandato do ex-prefeito
Reni Pereira (PSB). Denominado de "mensalinho", a
denúncia do MPF envolve 13 dos 15 vereadores da
legislatura passada.
Edílio foi reeleito junto com outros quatro vereadores
também indiciados em decorrência da Operação
Pecúlio. O grupo é alvo de processo por quebra de
decoro parlamentar prestes a ser analisado
definitivamente pelo plenário da Casa. A expectativa é
que a decisão seja tomada até este sábado (1º).