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GAZETA DIARIO 329

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Foz do Iguaçu, quarta-feira, 12 de julho de 2017<br />

Um encantador mundo animado<br />

Cinema de animação<br />

cresce no país, mas sofre<br />

com falta de capacitação<br />

Aanimação brasileira completou um século<br />

este ano. Há 100 anos, no dia 22 de janeiro<br />

de 1917, foi exibido o primeiro filme brasileiro<br />

de animação da história: O Kaiser. O curta, do<br />

cartunista Álvaro Marins, exibido no Cinema Pathé,<br />

na Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro, perdeu-se<br />

no tempo.<br />

Hoje, o Brasil é reconhecido internacionalmente,<br />

com premiações consecutivas no festival de animação<br />

mais importante do mundo, Annecy - festival<br />

realizado anualmente na cidade de Annecy, na<br />

França, criado em 1960 e organizado pela Associação<br />

Internacional de Filmes de Animação.<br />

Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi,<br />

foi o vencedor em 2013 e O Menino e o<br />

Mundo,deAlê Abreu, recebeu o prêmio Cristal de<br />

Melhor Filme pelo júri e pelo público, em 2014. Outro<br />

filme, da única mulher brasileira premiada no festival,<br />

é o curta Guida (2015), de Urbes. Soma-se a<br />

isso o fato de o longa Menino e o Mundo ter recebido<br />

indicação ao Oscar, em 2016.<br />

De acordo com a Associação Brasileira de Cinema<br />

de Animação (ABCA), 373 filmes de animação<br />

foram produzidos no Brasil entre 2000 e 2004.<br />

Enquanto 216 filmes foram produzidos no Brasil<br />

nos anos 1990. Ou seja, foram produzidos 72% a<br />

mais do que na década anterior.<br />

Segundo Cândida Luz Liberato, integrante da<br />

ABCA, contribuem para o desenvolvimento do<br />

mercado as inúmeras iniciativas governamentais,<br />

por meio de programas de fomento ao setor audiovisual.<br />

Leis de incentivo, editais, o Fundo Setorial<br />

do Audiovisual (FSA) e o aumento da demanda de<br />

distribuidoras e canais de televisão por conteúdo<br />

nacional (filmes, séries e animações), consequência<br />

da Lei 12.485/11 (a Lei da TV Paga), corroboram<br />

nesse sentido.<br />

Cândida Liberato explica, no entanto, que a<br />

animação brasileira não nasceu da criação de grandes<br />

estúdios, e sim da vontade de pioneiros e entusiastas.<br />

Para ela, apesar dos incentivos públicos existentes,<br />

um dos desafios do setor é o diálogo com o<br />

Poder Público. "É preciso o estabelecimento de padrões<br />

específicos de regras de fomento para o setor<br />

de animação, porque atualmente as regras são as<br />

mesmas usadas para outras técnicas de conteúdo<br />

audiovisual", disse.<br />

Ela ressalta que, apesar de as animações terem<br />

um potencial de exportação e retorno financeiro<br />

maior em comparação a outras técnicas de audiovisual,<br />

a demanda de tempo e recursos financeiros<br />

para a produção também é superior. Uma das principais<br />

demandas do setor é capacitação.<br />

Para Maurício Fonteles, professor do Departamento<br />

de Audiovisual da Universidade de Brasília<br />

(UnB), a tendência de crescimento da produção do<br />

setor de animação é influenciada pela facilidade de<br />

acesso a equipamentos e tecnologia para a produção,<br />

diminuindo consideravelmente os custos do<br />

processo, comparado aos anos anteriores. No entanto,<br />

um dos desafios, segundo o professor, é a<br />

falta de investimento na formação dos profissionais<br />

da área. "As universidades brasileiras não investem<br />

na formação voltada para o cinema de animação,<br />

a própria UnB já teve um núcleo de animação,<br />

mas foi extinto", destaca.<br />

Fonteles ressalta que agências de propaganda<br />

têm uma longa tradição de empregar a animação<br />

como forma de despertar o interesse do consumidor<br />

em seus comerciais. "Fora do âmbito publicitário,<br />

uma das maiores conquistas do setor audiovisu-<br />

al foi a Lei da TV Paga, que aumentou a demanda<br />

por conteúdo nacional para ser veiculado nos canais<br />

de TV por assinatura, com uma cota de três<br />

horas e meia da sua grade de programação semanal,<br />

em horário nobre, das 18h às 24h, para os trabalhos<br />

das produtoras brasileiras independentes",<br />

detalha.<br />

Fortalecimento do setor e<br />

exportação de talentos<br />

Apesar das demandas, a força do setor de animação<br />

nacional é cada dia maior, conforme avalia a<br />

Associação Brasileira de Cinema de Animação<br />

(ABCA). Uma prova foi a compra da animação Lino,<br />

de Rafael Ribas, pelos estúdios Fox. O filme, dublado<br />

por Selton Mello, Paolla Oliveira e Dira Paes, tem<br />

estreia prevista para 7 de setembro em mais de<br />

400 salas do Brasil.<br />

Outro destaque da animação é o estúdio brasiliense<br />

Anim'all, que tem feito sucesso nas redes sociais<br />

desde que começou a animar tirinhas do quadrinista<br />

Caio Gomez. Com relação à exportação de<br />

talentos, um dos nomes mais lembrados é o de<br />

Matias Liebrecht. O paulistano trabalhou com o londrino<br />

Tim Burton em Frankenweenie, filme da<br />

Disney de 2012. O brasileiro também atuou no longa<br />

Isleofdogs, do americano Wes Anderson. Com<br />

previsão de lançamento em 2018, o filme terá as<br />

vozes de Edward Norton, Bill Murray, Tilda Swinton<br />

e Scarlett Johansson, dentre outros nomes estrelados.<br />

(AGBR)<br />

cult<br />

Cotidiano<br />

Como educar crianças<br />

mimadas?<br />

23<br />

*Por Lilian Zolet<br />

Engana-se quem acha que o comportamento de certas crianças<br />

não tem nada relacionado ao modo como vivem no ambiente familiar.<br />

Filhos podem desenvolver o autoritarismo por conta da postura<br />

inadequada dos próprios pais. Em meu livro, 'Síndrome do Imperador<br />

- Entendendo a mente das crianças mandonas e autoritárias',<br />

recentemente lançado, pontuo fatores que contribuem para que as<br />

crianças se tornem pequenos agressivos e dou soluções para ajudar<br />

educadores na criação de seus filhos.<br />

Primeiramente, é necessário destacar que os pais não podem<br />

dar atenção de menos e nem demais. Outro ponto importante é<br />

saber que as crianças também têm deveres e direitos, por isso,<br />

tenha em sua casa regras e horários estabelecidos. Com ampla<br />

experiência em terapia cognitivo-comportamental, posso dizer que<br />

uma das soluções é utilizar técnicas como deliberar tarefas aos<br />

pequenos: guardar seus próprios brinquedos, ajudar a fazer a lista<br />

do supermercado, ter horário para brincar, fazer o dever e ficar em<br />

família. Isso gera responsabilidade às crianças e os incentiva a<br />

serem autônomos desde cedo. Para pais superprotetores, pode ser<br />

difícil, mas é uma etapa essencial.<br />

Quando atendemos todos os desejos de nossas crianças, elas<br />

podem criar um esquema mental de merecimento ou grandiosidade.<br />

Por exemplo, quando fazem birra para ganhar um presente ou quando<br />

tomam posse de um brinquedo, dizendo "esse brinquedo é meu",<br />

os pais devem corrigir o comportamento na hora, pois dando a eles<br />

o que querem apenas para cessar a birra farão com que achem que<br />

sempre que fizerem aquilo, irão ganhar o que desejam. Outro erro,<br />

que vai de encontro a esse, é deixá-los de castigo. Castigar não é<br />

uma opção viável por seu caráter de vingança. Isso só irá estremecer<br />

a relação entre pais e filhos, sem que a criança tire algo de<br />

aprendizado. Ao invés de dizer "você tirou nota baixa, não vai sair<br />

por um mês", tente "se você não estudar por uma hora, não vai<br />

poder jogar videogame hoje".<br />

Já a ausência de reforço positivo, ou seja, não reconhecer ou<br />

elogiar quando o filho faz algo bom, também prejudica no processo<br />

de educar. Quando a criança é desobediente e faz algo positivo, os<br />

pais devem valorizar aquele comportamento, caso contrário ela irá<br />

acreditar que nada adianta se esforçar, já que não recebe o devido<br />

reconhecimento.<br />

Outro caso comum que vejo em minha vasta experiência com<br />

atendimento a famílias é pais brigarem e xingarem na frente de seus<br />

filhos. Do que adianta dar uma bronca por um comportamento que<br />

ele está replicando e vendo como exemplo na postura de seus<br />

próprios familiares?<br />

É importante ter em mente que pais com ausência de limites,<br />

com posturas rígidas ou até mesmo que demonstram falta de envolvimento<br />

com os filhos são indicadores para a criação de pequenos<br />

imperadores. Qual tipo de pai, então, seria o ideal? Os chamados<br />

'pais recíprocos'. Eles cooperam com os filhos, compartilham suas<br />

decisões, têm limites definidos, coerência na educação e conseguem<br />

manter um relacionamento aberto com as crianças. O ideal é<br />

equilibrar dois fatores: a recompensa pelo bom comportamento e a<br />

punição adequada pelo comportamento indesejado, tudo isso dentro<br />

de um ambiente terno e carinhoso. Costumo dizer que o tripé da<br />

educação está em três pilares - o afeto, o limite e o lazer.<br />

*Lilian Zolet é psicóloga e fisioterapeuta formada pela<br />

Faculdade União das Américas (UNIAMÉRICA), e especialista<br />

em Saúde Pública e da Família e em Terapia Cognitivo-Comportamental<br />

pelo Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC)

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