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<strong>Julho</strong> /<strong>2017</strong><br />
Mariana<br />
<strong>Revista</strong> Histórica e Cultural
A Mariana - <strong>Revista</strong> Histórica e Cultural é<br />
uma publicação eletrônica da Associação<br />
Memória, Arte, Comunicação e Cultural de<br />
Mariana. O periódico tem o objetivo divulgar<br />
artigos, entrevistas sobre a cidade de Mariana.<br />
A revista é uma vitrine para publicação de trabalhos<br />
de pesquisadores. Mostrar a cultura de uma<br />
forma leve, histórias e curiosidades que marcaram<br />
estes <strong>321</strong> anos da primeira cidade de Minas.<br />
Mariana - <strong>Revista</strong> Histórica e Cultural <strong>Revista</strong><br />
Belas Artes é um passo importante para a<br />
divulgação e pesquisa de conteúdos sobre a<br />
cidade de Mariana. Esperamos que os textos<br />
publicados contribuam para a formação de uma<br />
consciência de preservação e incentivem a<br />
pesquisa.<br />
Os conceitos e afirmações contidos nos artigos<br />
são de inteira responsabilidade dos autores.<br />
Colaboradores:<br />
Prof. Cristiano Casimiro<br />
Prof. Vitor Gomes<br />
Agradecimentos:<br />
Arquivo Histórico da Municipal Câmara de Mariana<br />
IPHAN - Escritório Mariana<br />
Arquivo Fotográfico Marezza<br />
Museu da Música de Mariana,<br />
Fotografias:<br />
Cristiano Casimiro, Vitor Gomes, Caetano Etrusco<br />
Arquivo Marrrezza - Marcio Lima<br />
Diagramação e Artes: Cristiano Casimiro<br />
Capa: Desenho de Mariana - 1891<br />
Associação Memória Arte Comunicação e Cultura<br />
CNPJ: 06.002.739/0001-19<br />
Rua Senador Bawden, 122, casa 02
Indice<br />
<strong>321</strong> ANOS DE MARIANA 4<br />
Cristiano Casimiro<br />
306 ANOS DA CÂMARA DE MARIANA 16<br />
Cristiano Casimiro<br />
PRIMEIRA ELEIÇÃO EM MINAS 18<br />
Cristiano Casimiro<br />
MARIANA EM QUADRÕES 20<br />
Acervo Marrezza.
Mariana<br />
<strong>321</strong> Anos<br />
Cristiano Casimiro
Mariana <strong>321</strong> Anos<br />
05<br />
Domingo, 16 de julho, comemoramos o aniversário de<br />
Mariana. <strong>321</strong> anos da história da primeira cidade de do<br />
Estado de Minas, por isto temos que comemorar,<br />
conhecer e nos orgulhar do nosso passado, para que<br />
ele possa servir como reflexão para o futuro. A história<br />
de Mariana começa assim...<br />
As notícias da descoberta de ouro na região conhecido<br />
com Sertão dos Cataguases, hoje Minas Gerais, se<br />
espalharam pelo Brasil e chegaram a Portugal, milhares<br />
de pessoas acorreram à região em busca de riqueza.Os<br />
bandeirantes paulistas liderados por Salvador<br />
Fernandes Furtado de Mendonça encontraram ouro em<br />
um rio batizado de Ribeirão Nossa Senhora do Carmo<br />
em homenagem a virgem do monte Carmo.O capelão<br />
da comitiva, Padre Francisco Gonçalves Lopes ergueu<br />
o primeiro altar da terra mineira, em uma tarde de<br />
Domingo , 16 de julho de 1696.<br />
Às suas margens nasceu o arraial de Nossa Senhora do<br />
Carmo, que logo assumiria uma função estratégica no<br />
jogo de poder determinado pelo ouro. O local se transformou<br />
em um dos principais fornecedores deste<br />
minério para Portugal.<br />
Entre 1708 e 1710, ocorreram vários conflitos armados<br />
na zona aurífera, envolvendo de um lado paulistas e de<br />
outro portugueses e elementos vindos de vários pontos<br />
do Brasil, que é conhecido pela história como Guerra do<br />
Emboabas. Os episódios da Guerra dos Emboabas<br />
levaram a Metrópole (Portugal) a desmembrar do Rio<br />
de Janeiro a capitania constituída por São Paulo e<br />
Minas Gerais, a fim de melhor policiar a região, enviando<br />
para ao 1º povoamento em 1709 , o Arraial do<br />
Ribeirão do Carmo, o governador Antônio de<br />
Albuquerque Coelho de Carvalho, que ali fixou residência,<br />
conseguindo, em pouco tempo, serenar os espíritos<br />
e estabelecer a ordem.
Vitor Gomes<br />
No seio dolente das idas idades<br />
Em meio ao silêncio, fiquei a sorrir...<br />
A Deusa de outrora só tinha saudades,<br />
Chorando o passado, esperando o porvir!<br />
Hino de Mariana<br />
Letra: Alphonsus Guimaraens<br />
Melodia : Antônio Miguel
Mariana <strong>321</strong> Anos<br />
05 07<br />
Em 1711, sendo já considerável o desenvolvimento do<br />
arraial, um ato do citado governador, de 8 de abril,<br />
elevou-o à categoria de vila, sob a denominação de Vila<br />
de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo de<br />
Albuquerque, nome que seria modificado, quando de<br />
sua confirmação por dom João V, em 14 de abril de 1712,<br />
para Vila Leal de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo.<br />
Este acontecimento exigiu a implantação, segundo as<br />
determinações metropolitanas, uma estrutura administrativa<br />
e judiciária representada pela Casa Câmara e<br />
Cadeia na Vila do Carmo. Assim em 04 de julho de 1711,<br />
foi criada a primeira Câmara das Minas Gerais como<br />
mesmo status da Câmara da cidade do Porto em<br />
Portugal.<br />
A vila, em pouco tempo, transformou-se em principal<br />
centro de comércio e instrução de Minas Gerais. O<br />
sucessor de Albuquerque, Dom Brás Baltazar, encontrou<br />
várias dificuldades em solucionar a cobrança do<br />
quinto por bateia utilizada na exploração do ouro.<br />
Temendo uma guerra civil, comunicou-se com o governo<br />
metropolitano, que ordenou fosse o imposto cobrado<br />
sobre o montante do metal extraído e sobre as indústrias<br />
e profissões. Essa providência acalmou momentaneamente<br />
os ânimos.<br />
Retirando-se Dom Baltazar e tendo assumido o governo<br />
Dom Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar,<br />
rompeu-se o equilíbrio penosamente mantido pelos<br />
seus antecessores, lavrando nos espíritos o incêndio da<br />
revolta. Assumar pede ao Rei de Portugal tropas para<br />
conter o grande fruxo de pessoas e a instabilidade da<br />
região. Em 1719, chegam a Minas Gerais duas companhias<br />
de dragões enviadas de Lisboa, que constituíram<br />
os famosos Dragões Reais de Minas ou Tropa de<br />
Dragões do conde de Assumar. Os soldados “Dragões”<br />
tiveram um papel importante na revolta de Vila Rica ,<br />
motim chefiado por Filipe dos Santos, sobre o qual<br />
recaiu implacável a justiça do governador. Como decorrência<br />
desse acontecimento foi criada, a 2 de dezembro<br />
do mesmo ano. A capitania Independente de Minas<br />
Gerais.
Vitor Gomes<br />
Entre os coros das litanias<br />
Que vêm do céu, na asa do luar,<br />
Vivo de mortas alegrias,<br />
Sempre a sonhar, sempre a sonhar!
Mariana <strong>321</strong> Anos<br />
05 09<br />
Um projeto urbanístico se fez necessário, para a Primeira<br />
capital das Minas Gerais, sendo elaborado pelo<br />
engenheiro militar José Fernandes Pinto de Alpoim. Ruas<br />
em linha reta e praças retangulares são características da<br />
primeira cidade planejada de Minas e uma das primeiras<br />
do Brasi.<br />
O livro ,Temo de Mariana I, publicado pelo departamento<br />
de história da UFOP ( Universidade Federal de Ouro<br />
Preto) descreve o espaço urbano da nova cidade:<br />
Nesta época alguns preceitos e procedimentos da<br />
“escola” de engenharia militar portuguesa são<br />
incorporados às cartas régias, como normas a serem<br />
seguidas na fundação de cidades. Os documentos<br />
mencionam a determinação de um local para uma praça e<br />
para os principais edifícios públicos e faz-se exigências<br />
quanto a abertura de ruas, que deveriam ser “largas e<br />
direitas”, e quanto ao aspecto das moradias, “...sempre<br />
fabricadas na mesma figura uniforme pela parte exterior,<br />
ainda que na outra parte interior as faça cada um<br />
conforme lhes parecer para que desta sorte se conserve<br />
sempre a mesma formosura da Villa e nas ruas della a<br />
mesma largura que se lhes assignar na fundação”. Dom<br />
João V não fez grandes exigências em relação à forma<br />
que deveriam ter as habitações em Mariana. A idéia da<br />
época era que todas as casas fossem iguais, apesar do<br />
plano em Mariana não ser tão detalhado como em outros<br />
locais, os quais chegavam a metrificar a fachada dos<br />
edifícios.
Cristiano Casimiro<br />
Quem é que me vem perturbar o meu sono<br />
De bela princesa no bosque a dormir?<br />
ue há muito caiu sobre o solo o meu trono,<br />
Que era emperolado de perlas de Ofir!
Mariana <strong>321</strong> Anos<br />
11<br />
No dia 29 de outubro de 1730, João Lopes de Lima,<br />
estabeleceu uma linha de Correio Ambulante entre Rio<br />
de janeiro- São Paulo- Minas do Ouro, afim de que, dada<br />
a extensão do crescimento demográfico da nova terra<br />
descoberta: o Eldorado mineiro que atraía numerosas<br />
caravanas de aventureiros à cata de ouro, pudesse ter<br />
melhores e mais rápidos meios de comunicação, sendo,<br />
então, Mariana o ponto convergente de todo o movimento<br />
extrativo do ouro.<br />
Em 1745, por ordem do rei de Portugal D. João V, a vila<br />
de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo foi elevada à<br />
cidade com o nome de Mariana – uma homenagem à<br />
rainha Maria Ana D'Austria, sua esposa. Neste mesmo<br />
ano, pela bula Candor lucisaeternae, o Papa Bento XIV<br />
criou a diocese de Mariana, desmembrada do Rio de<br />
Janeiro, juntamente com a diocese de São Paulo e as<br />
prelazias de Goiás e Cuiabá. A criação dessa diocese<br />
marca novo momento na geopolítica de colonização do<br />
sertão mineiro. Com sua instalação, modificam-se as<br />
relações entre as diversas esferas do poder. Torna-se<br />
mais complexo o quadro de forças políticas configurado<br />
pela atuação das irmandades, câmaras locais, clero e<br />
autoridades.<br />
A igreja matriz dedicada a Nossa Senhora da Conceição<br />
foi elevada à categoria de catedral de Nossa Senhora da<br />
Assunção.Transformando-se no centro religioso do<br />
Estado, nesta mesma época a cidade passou a ser sede<br />
do primeiro bispado mineiro. Para isso, foi enviado, do<br />
Maranhão, o bispo D. Frei Manoel da Cruz. Sua trajetória<br />
realizada por terra durou um ano e dois meses e foi<br />
considerada um feito bastante representativo no Brasil<br />
colônia. A chegada do bispo as terras mineira foi celebrada<br />
com a maior festa do período colonial: O Áureo Trono<br />
Episcopal – festa ocorrida em mariana para homenagear<br />
o primeiro bispo de Minas. l..
Caetano Etrusco<br />
De estrelas o céu sobre mim recama; Há luz<br />
no zênite e clarões no nadir...<br />
O campo auriverde da nossa auriflama,<br />
É todo esperança: esperei o porvir!
Em Mariana há uma exceção à regra geral das fachadas<br />
mineiras: a Rua Direita. O antigo “caminho de cima” só<br />
recebeu sua feição atual a partir de 1745, quando ele foi<br />
“arruado” (regularizado) segundo o plano de Alpoim.<br />
Havia um documento, um acórdão da câmara, o qual<br />
determinava que todos os pretendentes a edificações do<br />
lado esquerdo da rua as fizessem “de maior nobreza”<br />
dando os fundos para o Palácio de Assumar, que se<br />
tornou mais tarde residência episcopal. Assim, até hoje<br />
podemos perceber que deste lado da rua as casas têm,<br />
em geral, dois andares e sacadas, enquanto do lado<br />
oposto, são em geral, casas mais baixas, de um só<br />
pavimento.<br />
“Mapa da cidade de Mariana” que se encontra na<br />
Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro. No “mapa” as<br />
quadras são mais numerosas e semelhantes entre si do<br />
que na realidade (abaixo). Mas o detalhe mais<br />
surpreendente é a demonstração da série de edifícios<br />
inundados pelo ribeirão do Carmo, o que faz pensar que<br />
a representação possa ter sido feita na época do<br />
desaparecimento da rua, por ocasião das grandes<br />
enchentes de 1743, e, portanto, antes da definição do<br />
13
Cristiano Casimiro<br />
Agora bem sinto, no peito, áureos brilhos;<br />
De novo me voltam as perlas de Ofir...<br />
Aos doces afagos da voz dos meus filhos,<br />
Mais belas que outrora, eu irei ressurgir.
15<br />
Mariana, onde Minas Mostra seus Segredos<br />
Ela é mãe de toda Minas<br />
Ela é Maria e Ana.<br />
É a primeira...<br />
Na suas brumas a história de Minas foi tecida.<br />
Nas suas montanhas as idéias de liberdade<br />
foram lançadas.<br />
Em teu ribeirão-ventre, Minas nasceu.
Acervo Marrezza.<br />
306 anos da<br />
Câmara Municipal de Mariana
Cristiano Casimiro<br />
17<br />
Em 1711, com o fim da Guerra dos<br />
E m b o a b a s , D o m A n t ô n i o d e<br />
Albuquerque, com o intuito de conseguir<br />
um maior controle da região<br />
mineradora, criou as primeiras vilas.<br />
Nessa época, o arraial do Carmo<br />
contava com uma numerosa população,<br />
o que justificava a ascensão a um<br />
novo patamar: o de vila. Assim, em<br />
abril daquele ano, o povoado passou a<br />
Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do<br />
Carmo de Albuquerque.<br />
A primeira providência a ser tomada<br />
quando da criação de uma vila era a<br />
determinação do seu termo, ou seja,<br />
as fronteiras do novo município, e a<br />
delimitação do rossio, terreno público<br />
administrado pela Câmara, segundo<br />
as Ordenações do Reino. Outras<br />
premissas para criação de uma Vila<br />
eram a construção de uma casa para<br />
abrigar a Câmara e a Cadeia; a ereção<br />
de um pelourinho, símbolo da justiça e<br />
da autonomia do município, e a adequada<br />
conservação da Igreja Matriz.<br />
A Câmara Municipal de Mariana foi<br />
fundada em 1711 sendo, portanto, a<br />
mais antiga de Minas Gerais. No dia 4<br />
de abril de 1711 convocou-se a junta<br />
para se preparar a eleição da nova<br />
C â m a r a d e V i l a d o C a r m o .<br />
Exatamente três meses depois, dia 4<br />
de julho, ocorreu no Palácio em que<br />
morava o Governador e Capitão Geral<br />
Antônio de Albuquerque Coelho de<br />
Carvalho a primeira eleição livre do<br />
Estado de Minas Gerais e, no dia<br />
seguinte, tomaram posse os eleitos: o<br />
Capitão-Mor Pedro Frazão de Brito<br />
para juiz mais velho, Joseph Rebello<br />
Perdigão para juiz mais moço, Manoel<br />
Ferreyra de Sá, para vereador mais<br />
velho, Francisco Pinto de Almendra,<br />
para segundo vereador, Jacinto<br />
Barboza Lopez, para terceiro vereador<br />
e Torcato Teyxeira de Carvalho,<br />
para procurador.<br />
As eleições dos membros da câmara<br />
no Reino e nas colônias seguiam as<br />
Ordenações do Reino. A Câmara de<br />
Mariana, primeira de Minas, tinha o<br />
mesmo “status” da Câmara do Porto<br />
de Portugal e foi a mais importante de<br />
Minas durante o período colonial.
Cristiano Casimiro
Primeira Eleição em Minas 18<br />
Em 1711, no dia 04 de julho ocorreu na Vila de<br />
Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo a<br />
primeira eleição livre em Minas, e os eleitos<br />
tomaram posse para Câmara da Vila do<br />
Carmo.<br />
As Câmaras eram formadas por seis<br />
integrantes: o "mais velho" e o "mais moço"<br />
eram os juízes, que dividiam a presidência da<br />
Casa, três vereadores e um procurador. A<br />
eleição era feita no sistema Chamado<br />
Ordenação de Pelouro.<br />
Eleição por pelouros foi um sistema eleitoral<br />
estabelecido em Portugal por Dom João I em<br />
1391, conhecida como Ordenação de<br />
Pelouros, é considerado o mais antigo e<br />
clássico sistema eleitoral.<br />
A Ordenação dos pelouros normatizava a<br />
eleição do corpo político camarário (juízes,<br />
vereadores e procuradores) que presidia e<br />
representava a comunidade. A Lei dos<br />
Pelouros determinava que em cada vila ou<br />
cidade se organizassem, permanentemente,<br />
listas de pessoas idôneas ao exercício dos<br />
referidos cargos, chamados “homens Bons”.<br />
Cada nome aí recenseado seria escrito em<br />
papel, recolhido numa bola de cera,<br />
guardadas numa arca dos pelouros, de onde<br />
se fazia o sorteio.<br />
A eleição era indireta, competia ao<br />
corregedor chamar à Câmara juízes,<br />
vereadores, procurador e homens bons para<br />
escolher seis pessoas, que duas a duas,<br />
separadamente, indicariam pessoas idôneas<br />
para o exercício dos cargos, em rol distinto<br />
para cada um deles. Ao corregedor régio,<br />
mas também ao ouvidor, em terras de<br />
donatário ou ao juiz mais velho na falta de<br />
magistrado régio letrado na terra, competia,<br />
associando os votos, selecionar os mais<br />
votados, apurando uma lista "pauta" dos<br />
eleitos. Cada um dos nomes da pauta era<br />
encerrado num pelouro, guardado em uma<br />
arca, para oportuno sorteio por uma criança<br />
de até 7 anos de idade . (O nome pelouro<br />
advém do formato das bolas de cera que<br />
eram similares ao feitio de projéteis usados<br />
em certas armas de artilharia).<br />
Símbolo da primeira eleição em Minas<br />
Gerais, a urna de madeira utilizada na<br />
votação de 1711 é uma das relíquias<br />
preservadas pelo Museu Arquidiocesano de<br />
Arte Sacra em Mariana. O objeto, segundo a<br />
entidade, foi esculpido em cedro com<br />
detalhes em ouro, é de origem portuguesa.<br />
( Foto)<br />
Na eleição da Cãmara da Vila do Carmo , em<br />
1711, foram eleitos: O capitão Mor Pedro<br />
Frazão de Brito, para juiz mais velho, Joseph<br />
Rebello Perdigão, para juiz mais moço,<br />
Manoel Ferreyra de Sá par vereador mais<br />
velho, Francisco Pinto de Almendra, para<br />
segundo vereador, Jacinto Barboza Lopez,<br />
para terceiro vereador e Torquato Teyxeira de<br />
Carvalho, para procurador.<br />
Inspiradas na organização política que existia<br />
em Portugal na época, as antigas câmaras<br />
concentravam funções dos atuais Três<br />
Poderes:. Executivo, Legislativo e Judiciário.<br />
Era a Câmara quem punia, fiscalizava, criava<br />
as leis e ainda administrava a vila.<br />
As atas de reuniões da Câmara de Mariana,<br />
que estão no AHCMM – Arquivo Histórico da<br />
Câmara Municipal de Mariana revelam<br />
detalhes curiosos sobre as funções dos<br />
vereadores, que se reuniam às quartas-feiras<br />
e sábados e trabalhavam de graça. Era um<br />
trabalho voluntário, exercido geralmente por<br />
pessoas mais velhas e que gozavam de<br />
“certo” respeito na vila.<br />
O camarista, senador ou juiz, nomes dados<br />
aos integrantes das Câmaras do período<br />
colonial até o início do século XX, tinham<br />
poderes bem amplos. As Câmaras tinham o<br />
poder legislativo (fazer leis), o poder<br />
executivo (executar obras e administração da<br />
localidade) e o poder judiciário (julgar e dar<br />
sentenças). Esta forma que temos hoje: o<br />
legislativo, o executivo e o judiciário<br />
independentes só tomou forma na década de<br />
1930, com a constituição de 1934 com a<br />
d i s s o c i a ç ã o d o s p o d e r e s , c o m<br />
independência do executivo, legislativo e<br />
judiciário; além da eleição direta de todos os<br />
membros dos dois primeiros.
Mariana em Quadrões<br />
Mariana em quadrões foi um projeto desenvolvido pelo prof. Cristiano Casimiro, o artista<br />
plástico Emerson Camaleão e Sandra Daniele.O Projeto contou como apoio da Prefeitura<br />
Municipal de Mariana através da Secretaria Municipal de Cultura , Turismo e Patrimônio e<br />
foi inserido na Jornada Mineira do Patrimônio Cultural de 2011, promovida pela Secretaria<br />
de Cultura do Estado de Minas Gerais - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico<br />
de Minas Gerais (IEPHA / MG)
1696<br />
Em 16 de julho de 1696, bandeirantes paulistas liderados por Salvador<br />
Fernandes Furtado de Mendonça encontraram ouro em um rio<br />
batizado de Ribeirão Nossa Senhora do Carmo. Às suas margens<br />
nasceu o arraial de Nossa Senhora do Carmo, que logo assumiria uma<br />
função estratégica no jogo de poder determinado pelo ouro. O local se<br />
transformou em um dos principais fornecedores deste minério para<br />
Portugal. Assim nasceu Minas Gerais no leito de um ribeirão coberto<br />
de ouro. As margens deste ribeirão surgiu o primeiro arraial, a primeira<br />
vila e a primeira cidade de Minas.
1711<br />
Sendo já considerável o desenvolvimento do Arraial do Ribeirão de<br />
Nossa Senhora do Carmo, o governador Antônio de Albuquerque<br />
Coelho de Carvalho em 8 de abril de 1711, elevou-o à categoria de vila,<br />
sob a denominação de Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo de<br />
Albuquerque. Este acontecimento exigiu a implantação, segundo as<br />
determinações metropolitanas, uma estrutura administrativa e judiciária<br />
representada pela Casa Câmara e Cadeia na Vila de Nossa Sra. do<br />
Ribeirão do Carmo. Assim em 04 de julho de 1711, foi criada na Vila de<br />
Nossa Senhora do Carmo a primeira Câmara das Minas Gerais como<br />
mesmo prestígio da Câmara da cidade do Porto em Portugal.
1719<br />
No século XVIII são criados no Brasil os primeiros corpos de Cavalaria<br />
regular e auxiliar. Surge, assim, na Vila de Nossa Senhora do Carmo<br />
(Mariana) em Minas Gerais, duas Companhias de Cavalaria criadas em<br />
20 de junho de 1719 por Carta Régia do mesmo ano. Primeiro Quartel<br />
de Dragões da Capitania de Minas Gerais foi construído em Minas<br />
Gerais era localizado na atual Praça Minas Geral , sendo que a<br />
pastagem para os animais estendia até a fazenda do Bucão. (Praça<br />
Minas Gerais /Rua Dom Silvério e Colina do São Pedro ). O quartel<br />
construído aos moldes da arquitetura militar portuguesa tinha sua<br />
frente voltada para o ribeirão do Carmo e torres de guarda para o leste e<br />
oeste. Esta fortificação foi demolida quando Villa N S.do Carmo foi<br />
elevada a cidade de Mariana em 1745, e o tração urbano foi alterado.
1720<br />
A vila, em pouco tempo, transformou-se em principal centro de comércio<br />
e instrução de Minas Gerais. O sucessor de Albuquerque, dom Brás<br />
Baltazar, encontrou várias dificuldades em solucionar a cobrança do<br />
quinto por bateia utilizada na exploração do ouro. Temendo uma guerra<br />
civil, comunicou-se com o governo metropolitano, que ordenou fosse o<br />
imposto cobrado sobre o montante do metal extraído e sobre as<br />
indústrias e profissões. Essa providência acalmou momentaneamente<br />
os ânimos. O governo dom Pedro de Almeida, Conde de Assumar,<br />
rompeu-se o equilíbrio penosamente mantido pelos seus antecessores,<br />
lavrando nos espíritos o incêndio da revolta. Até meados de 1720. A vila<br />
viveu dias agitados, culminando o mal-estar reinante no motim chefiado<br />
por Filipe dos Santos, sobre o qual recaiu implacável a justiça do<br />
governador. Como decorrência desse acontecimento foi criada, a 2 de<br />
dezembro do mesmo ano. A capitania Independente de Minas Gerais.
1730<br />
No dia 29 de outubro de 1730, João Lopes de Lima, morador em Atibaia,<br />
São Paulo, vindo com o seu irmão Francisco Augusto de Lima e o Padre<br />
Manoel Lopes, além de muitos outros bandeirantes ilustres, sendo estes<br />
os primeiros moradores da Ribeirão do Carmo, de comum acordo com o<br />
Governador Arthur de Sá Menezes, estabeleceu uma linha de Correio<br />
Ambulante entre Rio- São Paulo-Mariana, afim de que, dada a extensão<br />
do crescimento demográfico da nova terra descoberta: o Eldorado<br />
mineiro, com o seu opulento ribeirão, que atraía numerosas caravanas<br />
de aventureiros à cata de ouro, melhores e mais rápidos meios de<br />
comunicação para contatar com as autoridades reais, em São Paulo e<br />
Rio de Janeiro, sendo, então, Mariana o ponto convergente de todo o<br />
movimento extrativo do ouro.
1745<br />
A Carta Régia de 23 de abril de 1745, expedida por dom João V, elevou<br />
a vila à categoria de cidade, com o nome de Mariana, em homenagem à<br />
rainha dona Maria Ana d'Áustria.Mariana foi a primeira vila de Minas<br />
Gerais e a primeira localidade da capitania a receber foros de cidade.<br />
Um projeto urbanístico se fez necessário, para a Primeira Capital das<br />
Minas Gerais, sendo elaborado pelo engenheiro militar José Fernandes<br />
Pinto de Alpoim. Ruas em linha reta e praças retangulares são<br />
características da primeira cidade planejada de Minas
1745<br />
Em 6 de dezembro de 1745, foi criado o primeiro bispado das Minas<br />
Gerais, mediante bula do papa Bento XIV, sendo seu primeiro titular<br />
Dom Frei Manuel da Cruz. Para Celebrar a chegada do primeiro bispo<br />
das Minas gerais foi organizada uma das maiores celebrações católicas<br />
na Minas Colonial: o Áureo Trono Episcopal, ocorrida em 1748, teve<br />
como objetivo comemorar a criação do bispado de Mariana, com um<br />
variado programa de cerimônias públicas suntuosas. A celebração tinha<br />
como personagem principal, mais do que o metal precioso, a sociedade<br />
minerada, agora com sua própria sede eclesiástica. O Áureo Trono<br />
Episcopal, foi um espetáculo visual: janelas adornadas com colchas de<br />
damasco e seda, flores, alegorias, figuras a cavalo luxuosamente<br />
vestidas. Foi uma das maiores festas do período colonial Mineiro.
1750<br />
Em 20 de dezembro de 1750 foi criada em Mariana a primeira Escola nas<br />
Minas Gerais. O Seminário de Mariana foi criado pelo seu primeiro<br />
bispo, dom Frei Manoel da Cruz no auge do ciclo do ouro, sob a proteção<br />
de Nossa Senhora da Boa Morte, Inicialmente foi confiado à direção da<br />
Companhia de Jesus, posteriormente, o Seminário foi entregue aos<br />
cuidados do próprio clero local. O Seminário Nossa Senhora da Boa<br />
Morte foi e é referência de em educação e formação de padres e leigos<br />
para Minas e o Brasil.
1762<br />
Nascido em Mariana, batizado em 18 de outubro de 1762 Mariana, Foi<br />
um o mais importante artista do Barroco-Rococó mineiros e teve uma<br />
grande influência sobre os pintores da sua região, através de numerosos<br />
alunos e seguidores, os quais, até à metade do século XIX, continuaram<br />
a fazer uso de seu método de composição, particularmente em trabalhos<br />
de perspectiva no teto de igrejas. Documentos da época fazem<br />
freqüentemente referências a ele como professor de pintura. Pouco se<br />
sabe sobre sua vida e formação artística e nem todas as suas criações<br />
estão documentadas, mas deixou sua marca na história da arte no<br />
Brasil. Sendo considerado o maior pintor do barroco mineiro.
1762<br />
Foi somente em 1748, com a remodelação urbana da vila para se<br />
transformar em cidade, o governador Gomes Freire, juntamente com o<br />
Ouvidor Geral e os oficiais da Câmara, decidiram que o terreno mais<br />
adequado para a construção da nova Casa de Câmara e Cadeia, seria<br />
nas proximidades do antigo Quartel dos Dragões. O Projeto de<br />
construção da imponente Casa de Câmara e Cadeia foi feito por José<br />
Pereira dos Santos em 1762, é uma obra-prima da arquitetura civil<br />
colonial. A obra foi iniciada em 1768, tendo sido executada pelo famoso<br />
pedreiro e mestre-de-obras português José Pereira Arouca. A Câmara<br />
foi instalada no novo prédio em 1798, três anos após o falecimento do<br />
mestre Arouca.
1819<br />
O Barão de Eschewege, estabeleceu-se em Mariana em 1819 e aproveitando dos<br />
dados coletados por seus sócios ingleses da Geological Royal Society, adquiriu<br />
diversas frentes de lavra mineral na região, e até meados de 1821 lavrou ouro a céu<br />
aberto e iniciou a lavra de sub-solo no antigo arraial de São Vicente, hoje, Passagem<br />
de Mariana, tendo fundado ali a primeira empresa de mineração do Brasil a<br />
Sociedade Mineralógica de Passagem. Com a emancipação política do Brasil, em<br />
1822, criam-se maiores condições para os investimentos britânicos em Minas e no<br />
Brasil. Tais investimentos na mineração aurífera subterrânea predominaram durante<br />
todo o século XIX, merecendo destaque a Imperial Brazilian Mining Association, que<br />
logo foi seguida pelo estabelecimento de várias outras sociedades inglesas
1836<br />
Fundada em 7 de abril de 1836, é considerada hoje a quarta banda de<br />
música mais antiga do BrasSociedade Musical São Caetanoil e a<br />
terceira banda mais antiga de Minas, conforme registro fornecido pala<br />
FUNARTE. É a mais antiga do Município de Mariana. Nestes 175 anos<br />
de vida ininterrupta, vem desenvolvendo o ensino gradativo e gratuito<br />
na comunidade e difunde a arte por meio da música para várias<br />
gerações. Além disso, apresenta-se em solenidades cívicas e<br />
religiosas de Monsenhor Horta, abrilhantando também as festividades<br />
das inúmeras localidades em que se apresentou. O Nome da<br />
corporação é homenagem ao antigo nome do distrito de Monsenhor<br />
Horta.
1749<br />
Através da solicitação do Bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, as Filhas<br />
da Caridade de São Vicente de Paulo da França vieram o Brasil. Em Mariana<br />
criaram a primeira Casa de Educação Vicentina fora da Europa.Foram destinadas<br />
pela Superiora Geral da Congregação, em Paris ,doze Irmãs francesas para<br />
residirem em Mariana, aqui chegando no dia 3 de abril de 1849, depois de uma longa<br />
viagem que durou três meses, feita por mar até o Rio de Janeiro e a cavalo do Rio a<br />
Mariana. Enquanto aprendiam a Língua Portuguesa, desde o início, as jovens irmãs<br />
se ocupavam das visitas domiciliares, cuidando dos doentes e pobres. No ano<br />
seguinte, as portas da Casa da Providência foram abertas para o ensino e em 10 de<br />
março de 1850 foi oficialmente fundado o Colégio Providência. O primeiro Colégio<br />
para Mulheres em Minas Gerais. Foi de Mariana, deste Colégio, que se irradiaram<br />
para todo o país e outras regiões das Américas, os Colégios Vicentinos.
1911<br />
Alphonsus Guimaraens é o pseudônimo de Afonso Henrique da Costa<br />
Guimarães, nascido em 24 de julho de 1870. A poesia de Alphonsus de<br />
Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade<br />
católica. Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um<br />
dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em<br />
que passou parte de sua vida, é também chamado de “o solitário de<br />
Mariana”. O hino da cidade de Mariana foi escrito em 1911 por Alphonsus<br />
de Guimaraens e tem sua melodia composta por Antônio Miguel. O hino<br />
possui a forte característica de Alphonsus de voltar suas poesias à morte<br />
de sua mulher amada. Entretanto, também, exalta a capacidade que<br />
temos , apesar dos contra tempos , sempre nos reerguermos<br />
Aos doces afagos da voz dos meus filhos,<br />
Mais bela que outrora eu irei ressurgir...
1914<br />
Estação da cidade de Mariana foi inaugurada em 1914, quando foi aberto o<br />
prolongamento do ramal, de Ouro Preto até essa cidade. Permaneceu como ponta<br />
de linha até 1926, quando o ramal foi estendido até Ponte Nova. Pelo menos até<br />
1980 ainda havia movimentação de passageiros que podiam se utilizar dos trens<br />
mistos. Depois, a estação foi fechada, passou um tempo abandonada. Em 2006<br />
sofreu uma grande reforma para ser a estação <strong>final</strong> do trem turístico de Ouro Preto a<br />
Mariana operado pela VALE. O prédio em estilo eclético é um dos mais belos já<br />
construídos para estação em todo o interior de Minas Gerais.
Mariana <strong>321</strong> Anos