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Revista Diagrama N.º 2 de junho de 2017

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AMA — Agência para a Modernização Administrativa, I.P. • ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt<br />

JUNHO <strong>2017</strong><br />

Henrique<br />

Martins<br />

Presidente do<br />

Conselho de<br />

Administração da<br />

SPMS<br />

Jorge Manuel<br />

Fernandes<br />

20anos de<br />

acessibilidade<br />

Web<br />

Município<br />

Reguengos<br />

de Monsaraz<br />

Turismo<br />

Inteligente<br />

Fernando<br />

Rocha Andrade<br />

Secretário<br />

de Estado<br />

dos Assuntos<br />

Fiscais<br />

Entrevista<br />

Opinião<br />

Boas Práticas<br />

Entrevista


Ficha técnica<br />

Índice<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Propriedade e Edição<br />

AMA<br />

Agência para a Modernização<br />

Administrativa, I.P.<br />

Direção<br />

Pedro Silva Dias<br />

Coordenação Editorial:<br />

Comunicação /AMA<br />

Editores<br />

Pedro Silva Dias<br />

Presidente Conselho Diretivo/AMA<br />

António Cruz<br />

Chefe Equipa Comunicação/AMA<br />

Florbela Batalha<br />

Equipa de Comunicação/AMA<br />

Fotografia<br />

Comunicação/AMA<br />

Projeto gráfico<br />

RPVP Designers<br />

Paginação<br />

Elsa Ho<br />

Comunicação/AMA<br />

Impressão<br />

Soartes<br />

Tiragem<br />

1500 exemplares<br />

Periodicidade<br />

Trimestral<br />

ISSN<br />

2183-9751<br />

Depósito Legal<br />

423678/17<br />

Distribuição Gratuita<br />

AMA<br />

Agência para a Modernização<br />

Administrativa, I.P.<br />

ama.gov.pt<br />

ama@ama.pt<br />

facebook.com/ama.gov.pt<br />

twitter.com/ama_gov_pt<br />

3<br />

4<br />

6<br />

8<br />

16<br />

20<br />

22<br />

26<br />

30<br />

38<br />

42<br />

44<br />

46<br />

52<br />

55<br />

56<br />

Editorial<br />

Pedro Silva Dias<br />

António Cruz<br />

Projeto AMA<br />

Usabilidade.gov<br />

Notícias<br />

Entrevista<br />

Henrique Martins<br />

Opinião<br />

Jorge Manuel Fernandes<br />

Laboratório de Experimentação<br />

da AP - LabX<br />

Boas Práticas<br />

Município Reguengos de Monsaraz<br />

Simplex+<br />

Entrevista<br />

Fernando Rocha Andrade<br />

Loja do Cidadão<br />

Vila Nova de Gaia<br />

Estatísticas<br />

Novo quadro<br />

de Interoperabilidade na UE<br />

Entrevista<br />

Sérgio Fernandes<br />

Notícias<br />

Números<br />

Agenda


Editorial<br />

2 — 3<br />

Pedro Silva Dias<br />

Editor<br />

Presidente — AMA, I.P.<br />

António Cruz<br />

Editor-Ad<strong>jun</strong>to<br />

Comunicação — AMA, I.P.<br />

O<br />

aumento da oferta de serviços<br />

digitais não é diferente da<br />

generalidade dos fenómenos<br />

de crescimento da economia<br />

dita tradicional – carece de<br />

princípios orientadores,<br />

de identificação de boas práticas e,<br />

inclusivamente, de processos de ordenamento.<br />

Com a multiplicação de sites online, e com<br />

a necessidade de rapidamente disponibilizar<br />

novos conteúdos e serviços, é frequente<br />

descurarem-se as condições de acessibilidade<br />

a esses conteúdos, a qualidade do grafismo e<br />

da navegação entre ecrãs, e a capacidade de<br />

empregar regras de usabilidade que fomentem<br />

a inclusão digital e o rápido acesso de todos<br />

os cidadãos, sobretudo os menos propensos à<br />

utilização de serviços digitais.<br />

É por isso que a AMA é uma forte promotora<br />

da temática da usabilidade nos sites de serviços<br />

públicos digitais, tendo para isso lançado o<br />

usabilidade.gov.pt.<br />

É igualmente por isso que partilhamos<br />

convosco alguns dos excelentes exemplos<br />

que recentemente têm sido lançados na<br />

administração pública, sendo de realçar os<br />

contributos especialmente notórios da área<br />

fiscal, da área da saúde, e da área da defesa.<br />

Com exemplos assim, teremos garantidamente<br />

serviços públicos digitais cada vez mais<br />

utilizados!<br />

Desenvolver soluções tecnológicas simples<br />

e acessíveis está cada vez mais ao alcance de<br />

todos. Não se trata apenas do cumprimento<br />

de boas práticas. São, cada vez mais, cânones<br />

de programação que garantem que um<br />

contraste de cor ou uma linha de código,<br />

se desenvolvidos em conformidade com<br />

regras bem definidas, permitem a todos<br />

os utilizadores interpretar corretamente<br />

a informação, estruturada de acordo com<br />

modelos universais.<br />

Garantir a inclusão de todos deve ser, em<br />

qualquer circunstância, uma prioridade.<br />

No atual contexto, em que a tecnologia e a<br />

normalização facilitam de sobremaneira este<br />

trabalho, deve ser uma obrigação.<br />

Inovar é melhorar, simplificar e<br />

racionalizar, sem esquecer ninguém. A<br />

tecnologia é, hoje, uma extraordinária<br />

ferramenta que auxilia o desenvolvimento de<br />

soluções adequadas a todos. Agora compete-<br />

-nos fazer das boas práticas as práticas de<br />

todos os dias, na forma como desenvolvemos<br />

um site, uma solução de atendimento ou uma<br />

interação através de sms.<br />

O sucesso, esse, será obtido quando não<br />

precisarmos de destacar qualquer projeto<br />

e não houver a necessidade de escrever<br />

uma linha de texto sensibilizando para a<br />

importância de incluirmos todos em todas as<br />

ocasiões. ≤


Projeto AMA Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

usabilidade.gov.pt<br />

O conceito de User Experience (UX), ou experiência do utilizador, tem<br />

vindo a afirmar-se como um dos pilares fundamentais nos desafios da<br />

transformação digital. A experiência do utilizador, de forma resumida,<br />

é uma forma de otimizar a interação de um utilizador com um serviço,<br />

sistema ou produto, tendo em conta componentes técnicas, visuais,<br />

psicológicas e contextuais, entre outras.<br />

A iniciativa usabilidade.gov.pt, materializada<br />

no lançamento de um portal com o mesmo<br />

nome no final de março deste ano, marca<br />

os primeiros passos da AMA na construção<br />

e promoção de referenciais de UX no<br />

desenvolvimento de plataformas e aplicações<br />

da administração pública portuguesa, de<br />

forma estruturada e sustentável.<br />

Sendo uma das várias disciplinas que se<br />

enquadram no campo da User Experience, a<br />

referência à usabilidade não é uma novidade<br />

nas áreas de desenvolvimento do digital e do<br />

governo eletrónico em Portugal, existindo<br />

já preocupação e atenção à temática em<br />

diversas sedes. Pretende-se no entanto dar<br />

coerência e um acesso central a informação<br />

relevante para todos os que desenvolvem<br />

software e gerem plataformas no setor<br />

público.<br />

Em usabilidade.gov.pt encontram-se<br />

vários recursos e ferramentas, teóricos e<br />

práticos, cujo objetivo principal é criar boas<br />

experiências de utilização em sítios públicos.<br />

Um dos pontos centrais do projeto passa<br />

pela criação de um template, um modelo<br />

base, que serve para criar sítios informativos<br />

dirigidos a um público geral. Este modelo,<br />

além de estar construído sobre fundamentos<br />

básicos de user experience, também pode<br />

contribuir para uma uniformização futura<br />

dos vários sítios que são atualmente geridos<br />

por organismos públicos, permitindo assim<br />

uma experiência mais fluida ao cidadão na<br />

relação com diferentes entidades.<br />

Nesse sentido, ele é disponibilizado através<br />

de elementos básicos de código HTML e<br />

CSS e de componentes individuais, que<br />

podem ser reutilizados em qualquer site,<br />

independentemente da tecnologia adotada.<br />

Para além destes, estão disponíveis também<br />

temas que podem ser aplicados a sistemas de<br />

gestão de conteúdos (numa fase inicial, está<br />

disponível apenas um tema para Liferay,<br />

utilizado em vários sites da Administração<br />

Pública, e em particular na maioria dos geridos<br />

pela AMA).<br />

Além disso, todos os elementos gráficos<br />

que compõem esta base de trabalho também<br />

são disponibilizados, para que possam ser<br />

trabalhados (e readaptados, se necessário) por<br />

qualquer designer.<br />

O que se pretende é criar uma base<br />

suficientemente flexível que possa ser utilizada<br />

de forma prática e rápida, mas também<br />

adaptada e integrada para diferentes contextos<br />

ou exigências. Todos estes materiais são<br />

disponibilizados sem qualquer restrição de<br />

reutilização, dentro da lógica das políticas share<br />

and reuse – partilha e reutiliza -, à semelhança<br />

do que começa a acontecer em vários países<br />

europeus. Também nesta senda, está prevista a<br />

partilha de todo o código fonte dos elementos<br />

constantes do usabilidade.gov.pt na plataforma<br />

GitHub, uma ferramenta de partilha de código<br />

muito utilizada pela comunidade open source a<br />

nível internacional.<br />

No portal também se encontra um Guia de<br />

Usabilidade, um manual de boas práticas de


4 — 5<br />

usabilidade e UX, e uma lista de verificação<br />

que permite efetuar validações heurísticas<br />

sobre uma plataforma ou aplicação.<br />

A estratégia para o futuro é que esta<br />

iniciativa se desenvolva e vá evoluindo em<br />

várias vertentes, sejam teóricas, práticas<br />

ou tecnológicas. A AMA irá promover o<br />

envolvimento de vários organismos, tanto<br />

como reutilizadores ou contribuindo com<br />

elementos técnicos, sejam melhorias,<br />

evoluções ou o desenvolvimento de novas<br />

aplicações do template. No futuro, pretendese<br />

também que a informação presente no<br />

portal se vá tornando mais focada na forma<br />

como aborda os desafios do setor público,<br />

seja ao nível da linguagem utilizada, das<br />

especificidades da disponibilização de<br />

serviços em linha, ou na utilização de<br />

ferramentas mais recentes como aplicações<br />

móveis, chatbots ou reconhecimento de voz.<br />

A nível internacional, o lançamento do<br />

usabilidade.gov.pt inscreve Portugal numa<br />

lista reduzida de países com iniciativas<br />

semelhantes e também em permanente<br />

evolução, tais como os Estados Unidos da<br />

América, o Reino Unido ou a Nova Zelândia.<br />

Pelo mundo inteiro, verificamos que as<br />

administrações públicas estão a tentar<br />

acompanhar as transformações profundas<br />

que o digital está trazer, tornando-se mais<br />

ágeis para que se possam adaptar a uma<br />

massa cada vez mais segmentada de cidadãos<br />

com exigências e expectativas muito<br />

diversas.<br />

Assim, é fulcral encarar este projeto<br />

como uma iniciativa que vai além de um<br />

portal na internet, implicando também<br />

que se promova a cultura do design na<br />

administração pública, reforçando o papel<br />

central do utilizador e desenvolvendo<br />

mecanismos de investigação e<br />

experimentação que permitam conhecer<br />

ainda melhor os destinatários dos serviços e<br />

sistemas que são desenvolvidos.<br />

É nesse sentido que poderemos trabalhar<br />

uma transformação digital da presença<br />

online da administração e dos serviços<br />

públicos, que ponha verdadeiramente<br />

o cidadão em primeiro lugar, criando<br />

interações e experiências que contribuam<br />

para a sua qualidade de vida e conforto. ≤<br />

André Lapa<br />

Colaborador da AMA<br />

(…) um dos pilares fundamentais nos desafios da<br />

transformação digital


Notícias<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

AMA lança Bolsa de Documentos<br />

Resultante da medida Simplex “Documentos sempre à mão”, a Bolsa de Documentos, surge com o<br />

intuito de facilitar a relação de cidadãos e empresários com a Administração Pública.<br />

A Bolsa de Documentos está disponível no Portal do Cidadão e permite a gestão, online, de diversos<br />

documentos, funcionando como um repositório digital que possibilita receber, guardar, gerir e<br />

partilhar documentos digitais.<br />

Entre outras funcionalidades, a aplicação, garante a disponibilização segura dos documentos e a<br />

sua certificação e permite também o envio de alertas aos utilizadores acerca da evolução do estado dos<br />

mesmos.<br />

O acesso à Bolsa de Documentos poderá ser efetuado através da autenticação com Cartão de Cidadão,<br />

Chave Móvel Digital ou certificado digital profissional (advogado, notário ou solicitador) e implica o<br />

registo prévio de todos os utilizadores no Portal do Cidadão. ≤<br />

Mais informações em:<br />

https://www.portaldocidadao.pt<br />

Inauguração da<br />

Loja do Cidadão da<br />

Batalha<br />

LOJA<br />

DO<br />

CIDADÃO<br />

Foi inaugurada no dia 10 de abril, pela Senhora Ministra<br />

da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria<br />

Manuel Leitão Marques, a Loja do Cidadão da Batalha.<br />

A Loja, instalada no edifício dos Paços do Concelho,<br />

resulta de uma parceria entre o Município e a Agência para<br />

a Modernização Administrativa, concentrando no mesmo<br />

edifício, o Instituto dos Registos e Notariado, a Autoridade<br />

Tributária e Aduaneira e o Instituto da Segurança Social.<br />

A cerimónia contou ainda com a presença de Paulo<br />

Batista Santos, Presidente da Câmara Municipal da<br />

Batalha, e da Senhora Secretária de Estado Ad<strong>jun</strong>ta e da<br />

Modernização Administrativa, Graça Fonseca.<br />

O projeto foi objeto de candidatura aprovada a fundos<br />

europeus, representando um investimento global superior<br />

a 600 mil euros, com um apoio do FEDER de 350 mil euros.<br />

Trata-se da primeira Loja do Cidadão da Região de Leiria<br />

que consubstancia um objetivo estratégico nacional, com<br />

o intuito de construir uma Administração cada vez mais<br />

sustentável e mais próxima dos cidadãos e das empresas. ≤


6 — 7<br />

O governo português inaugurou o primeiro<br />

Espaço Cidadão fora da Europa<br />

Em São Paulo é agora possível aceder a cerca de<br />

sessenta serviços<br />

A 18 de Junho de 2016, acontecia a primeira abertura além fronteiras, em Paris e, este ano a 30 de março, do outro<br />

lado do atlântico, São Paulo inaugurava o seu Espaço Cidadão, localizado no Consulado de Portugal.<br />

A exemplo do que acontece em Paris, naquele local é agora possível aceder a cerca de sessenta serviços -<br />

- cinquenta dos quais são gratuitos - através de suportes online, nomeadamente o Instituto de Segurança Social,<br />

Direcção-Geral da Administração da Justiça, Autoridade Tributária, Centro Nacional de Pensões, Serviços<br />

Partilhados do Ministério da Saúde, Instituto do Emprego e Formação Profissional, AMA, Direcção-Geral do Livro,<br />

Arquivos e das Bibliotecas e Inspeção-geral das Atividades Culturais.<br />

O Espaço Cidadão de São Paulo foi inaugurado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos<br />

Silva, na cerimónia em representação da AMA – Agência para a Modernização Administrativa, esteve a vogal do<br />

Conselho Diretivo, Maria Eugénia de Almeida Santos.<br />

O alargamento do modelo Espaços Cidadão, a outros territórios fora de Portugal, insere-se numa política de<br />

proximidade às comunidades portuguesas e de resposta à morosidade nos tempos de resposta e atendimento nos<br />

processos administrativos.<br />

O Espaço Cidadão disponibiliza, num único balcão, variados serviços de diversas entidades, onde o cidadão<br />

também beneficia de um atendimento digital assistido, que lhe permite conhecer as várias opções disponibilizadas<br />

pelos serviços online.<br />

Em Portugal estão já disponíveis mais de quatro centenas de Espaços Cidadão. ≤


Entrevista Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong>


8 — 9<br />

Prof. Henrique Martins<br />

Presidente do Conselho de<br />

Administração da SPMS<br />

O Professor Henrique Martins é o Presidente do Conselho de<br />

Administração da SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da<br />

Saúde, EPE.<br />

Até então exercia o cargo de coordenador da CIC – Comissão de<br />

Informatização Clínica, criada em dezembro de 2011 pelo Ministério<br />

da Saúde, entidade responsável pela orientação estratégica da área de<br />

informatização clínica do Serviço Nacional de Saúde.<br />

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde têm como missão a<br />

prestação de serviços partilhados - nas áreas de compras e logística,<br />

serviços financeiros, recursos humanos e sistemas e tecnologias de<br />

informação e comunicação – às entidades com atividade específica<br />

na área da saúde, de forma a centralizar, otimizar e racionalizar a<br />

aquisição de bens e serviços, no Serviço Nacional de Saúde.<br />

Temos cada vez mais um SNS assente em soluções tecnológicas. Quais são os<br />

resultados práticos e benefícios para os utentes?<br />

Os resultados práticos são tangíveis e intangíveis. De uma forma mais simples,<br />

direta ou indiretamente percecionáveis pelos utentes do SNS, ou seja, todos os<br />

cidadãos. No entanto, é importante ter em conta que muitos são práticos mas<br />

não necessariamente “percebidos como um benefício”. Explico. Como exemplos<br />

de benefícios, o facto de ser possível agendar uma consulta online para médico<br />

de família, mas também saber o estado da referenciação (pedido de consulta de<br />

especialidade hospitalar) desse médico para um hospital, ou ter online/onAPP os<br />

tempos de espera de todas as urgências públicas actualizados de 5 em 5 minutos,<br />

por grau de prioridade de atendimento, é obviamente um benefício. Mas termos<br />

uma base de dados poderosa de prescrições e alergias, que permite que diariamente<br />

mais de 200.000 receitas sejam feitas em tempo real verificando a existência de<br />

alergias medicamentosas que podem ou não ter sido registadas pelo médico que<br />

está a fazer a receita, e ou podem até ter sido registadas noutra instituição, é um<br />

resultado que medimos diariamente (temos cerca de 6000 resultados positivos, de<br />

um qualquer tipo de reação/alergia medicamentosa para uma média de 200.000


Entrevista Henrique Martins<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Temos que trazer todos os<br />

cidadãos para o digital!<br />

prescrições), é um resultado prático, que<br />

traz benefícios clínicos ou evita risco, mas<br />

que os utente podem nunca percecionar.<br />

Aliás na saúde uma das coisas mais<br />

interessantes é exatamente que muitos dos<br />

sistemas de informação, funcionando bem,<br />

(outro exemplo – sistema de notificação de<br />

doenças infecciosas – SINAVE – que permite<br />

DGS acompanhar em tempo real surtos de<br />

diversas doenças) evitam situações, que<br />

deixam de ser “conhecidas” “sentidas” pelo<br />

público.<br />

E de que forma é garantida a inclusão<br />

digital?<br />

Contamos muito com apoio das iniciativas da<br />

AMA, como os espaços cidadão por exemplo,<br />

mas também temos feito um enorme esforço,<br />

dentro do próprio SNS, para que gabinetes<br />

de utentes das instituições se envolvam<br />

nessa mediação tecnológica. Temos pedido<br />

às instituições que inscrevam os utentes<br />

pró-ativamente, e até fornecimento de wi-fi<br />

grátis nas zonas de atendimento de hospitais<br />

e centros de saúde serve estes propósitos.<br />

Temos que trazer todos os cidadãos para<br />

o digital! Não há razão nenhuma para não<br />

acreditar que é possível. E eu acrescentaria,<br />

é urgente. Não podemos continuar a tratar<br />

2-3 milhões de cidadãos como se pudessem<br />

viver o resto da sua (longa) vida, a ignorar<br />

os sistemas de informação. Acho que isso<br />

deve ser encarado de frente. O que inclui<br />

também os próprios agentes do setor da<br />

saúde. Neste momento, por exemplo, temos<br />

uma campanha e esforços em curso para<br />

a inclusão digital dos próprios médicos.<br />

Uma vez que ainda há cerca de 2.000 que<br />

se declaram na Ordem dos Médicos como<br />

inadaptados para os sistemas de informação,<br />

e por isso não prescrevem eletronicamente.<br />

Ora, eu não acredito que os cidadãos aceitem<br />

em 2020 que um médico não saiba usar um<br />

PC, internet para se atualizar, etc., não<br />

acredito que eles próprios achem isso. Na<br />

SPMS não o esquecemos, e, a 20 janeiro <strong>2017</strong>,<br />

no mesmo dia que fizemos um evento sobre<br />

transformação digital no SNS, concluímos o<br />

envio de 11.000 ofícios em papel, para todos<br />

os médicos que tinham usado pelo menos<br />

uma receita em papel no último trimestre<br />

2016, já fizemos sessões e formação pessoal e<br />

já “convertemos” muitos. A Administração<br />

Pública tem o dever de fazer isto até ao<br />

último dos últimos estar convertido, na<br />

SPMS chamamos-lhes os DIGITÕES –<br />

Cidadãos digitais… E queremos chegar a mais<br />

de 10milhões. Porquê? Porque a maioria<br />

dos info-excluídos usam o SNS, e vão ficar<br />

mais velhos e mais doentes, e nessa altura as<br />

tecnologias podem ajudá-los muito. Chamo<br />

a isto a “cibervacina” ou vacina digital.<br />

A literacia digital em saúde será, a meu<br />

ver, um dos mais poderosos armamentos<br />

contra as doenças do comportamento e do<br />

envelhecimento, as mesmas que crescem<br />

sem cessar e cuja epidemia, com tudo o que<br />

temos feito, não consegue e não conseguirá<br />

controlar.<br />

Receitas Sem Papel, Registo de Saúde<br />

Eletrónico, Notificações Eletrónicas são<br />

medidas Simplex na área da saúde que<br />

vieram simplificar claramente a vida dos<br />

utentes. E para os serviços, quais são as<br />

vantagens?<br />

A modernização dos serviços que se<br />

consegue com a digitalização inteligente,


10 — 11<br />

ou seja, aquela que passa pela revisão de<br />

processos, equilíbrios no skill-mix, e<br />

revisão de quem faz o quê, é na saúde, mais<br />

do que uma vantagem. É uma exigência de<br />

sustentabilidade. É claro hoje, para todos<br />

no mundo, que os sistemas públicos de<br />

saúde não sobreviverão em sustentabilidade<br />

financeira, mas também, em termos de<br />

apoio da sociedade para seu financiamento,<br />

sem uma revisão profunda dos processos,<br />

centrados no cliente e no seu conforto. A<br />

introdução de várias destas medidas significa<br />

perturbação no status quo de muitos<br />

agentes do setor, mas é crítica para que ele<br />

continue a existir. Por outro lado, estamos<br />

a falar de uma mudança sem precedentes<br />

na história da medicina e dos sistemas de<br />

saúde, a um ritmo ciclópico e comprimido.<br />

Mas não entender que na saúde houve<br />

uma coincidência temporal, da chamada<br />

revolução industrial 3.0 com a 4.0, é não<br />

entender nada. Ou seja, enquanto que na<br />

banca e outros setores, estas revoluções<br />

ocorreram entre 1980-1990 e agora 2010-<br />

- 2020, logo com 20-30 anos de separação,<br />

na saúde as duas estão a ocorrer na mesma<br />

altura. Em <strong>2017</strong> ainda temos organizações<br />

de saúde sobretudo do tempo do papel e<br />

do contacto pessoal físico, com cidadãos<br />

a exigir serviços 4.0 em todas as áreas da<br />

vida, e não excluindo, muito pelo contrário,<br />

esperando que a saúde seja o setor onde<br />

as novas tecnologias façam a diferença.<br />

Porquê? Porque não ter de ir ao banco, a uma<br />

repartição da segurança social, ou receber<br />

uma proposta de como evitar uma multa por<br />

atraso no pagamento de um imposto é bom,<br />

é muito bom, e é bem recebido. Receber<br />

conselhos de saúde, e no limite avisos e<br />

antecipar diagnósticos é potencialmente<br />

capaz de realmente mudar a vida de uma<br />

pessoa, - pode até salvar-lha. É curioso que<br />

os cidadãos já perceberam isso! Logo, temos<br />

a responsabilidade de criar as condições<br />

técnicas, financeiras e organizacionais, para<br />

fazer essa compressão, necessariamente<br />

disruptiva, mas inevitável e fundamental<br />

se queremos para além de usar as TIC para<br />

simplificar a vida, as queremos usar para<br />

melhorar e aumentar a vida.<br />

Para quando o boletim de vacinas<br />

eletrónico?<br />

Até dia 31 de dezembro, para todos! Já<br />

migrámos dados de mais de 1 milhão de<br />

cidadãos, à data de 1 <strong>jun</strong>ho, e estamos<br />

aumentar o ritmo, em <strong>jun</strong>ho já teremos<br />

vários milhares de cidadãos que poderão


Entrevista Henrique Martins Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

consultar a versão beta o seu boletim<br />

através do site do SNS. Somos dos poucos<br />

países do mundo com um projeto tão<br />

integrado, e creio que chegaremos ao Natal<br />

com Boletim no Bolso… mas em digital!<br />

Com a proliferação de soluções digitais<br />

para várias valências, e dado que existem<br />

ainda lacunas no nível de utilização em<br />

alguns segmentos da população, qual a<br />

prioridade que a SPMS dá à Usabilidade<br />

dos sistemas para mitigar este défice de<br />

utilização?<br />

Neste momento a nossa principal<br />

preocupação em relação à usabilidade<br />

tem que ver mais com a usabilidade dos<br />

nossos profissionais dos Cuidados de Saúde<br />

Primários. Porquê? Eu explico. Entendendo<br />

que se pode fazer investimento em<br />

algumas melhorias no portal SNS/área do<br />

cidadão, o mesmo já está habilitado para<br />

pessoas com algumas limitações, como por<br />

exemplo com limitações visuais. Contudo,<br />

para termos soluções mais modernas e<br />

versáteis para os cidadãos, temos que<br />

resolver dois problemas “do lado interno”.<br />

Soluções legadas com muitos anos, e<br />

pouca flexibilidade, e heterogeneidade de<br />

soluções, exigindo múltiplos ecrãs, logins<br />

e etc., para realizar uma mesma tarefa<br />

administrativa e clínica. Sem resolver estes<br />

dois problemas, o que significa investir em<br />

software novo, novas arquiteturas, novo<br />

hardware e redes locais melhores, estamos<br />

limitados ao que podemos “mudar” na<br />

experiência de usabilidade para cliente<br />

final. Dou exemplo… com os atuais<br />

sistemas dos Centros de Saúde, marcar<br />

uma consulta é possível, mas alterar ou<br />

escolher um “slot” é já muito complexo<br />

e arriscado em termos de performance<br />

e acurácia. Tal acontece devido à matriz<br />

tecnológica antiga.<br />

Como compatibilizar a informatização<br />

clínica do Serviço Nacional de Saúde com<br />

a proteção de dados?<br />

Essa é fácil. A informatização clínica do<br />

SNS é a melhor – talvez a única – forma<br />

de proteger os dados dos cidadãos. Ter<br />

os dados da nossa saúde em folhas de<br />

papel que se perdem, queimam, destroem<br />

sem deixar rasto, é muito, repito, muito<br />

pior do que poder ter sistemas copiados,<br />

em backups locais e geograficamente<br />

redundantes. Ter a certeza de que podemos<br />

ver, nós próprios, a nossa informação de<br />

saúde – como o regulamento europeu<br />

prevê e é já a melhor prática na Dinamarca<br />

e na Kaiser Permanente nos EUA – o que<br />

escrevem e documentam sobre nós, que<br />

doenças e riscos temos, no fundo, o que<br />

somos! Só pode ser um direito inalienável,<br />

e só pode ser conseguido com o digital.<br />

Falo do direito a termos (nós, cada um de<br />

nós) a certeza de que a informação de saúde<br />

que existe no público, e no privado, está<br />

correta, pois caso contrário, a nossa vida<br />

está em risco, ou pode estar. É também um<br />

dever, diria eu, e uma responsabilidade<br />

do estado garantir que isto acontece<br />

rapidamente. Uma nova lei e uma nova<br />

forma de pensar será necessária, tenho<br />

cada vez mais a certeza. A tecnologia<br />

existe, haja coragem dos partidos políticos,<br />

esclarecimento dos céticos, e visão<br />

de futuro para saúde e a investigação<br />

nas ciências da vida, e claro, algum<br />

investimento adicional, abertura para<br />

quadros técnicos qualificados e capacidade<br />

de liderar a mudança.<br />

A iAP, plataforma de Interoperabilidade<br />

da Administração Pública, permite a<br />

transferência segura de dados essenciais<br />

também ao sector da saúde. Os atestados<br />

médicos para emissão de cartas de


12 — 13<br />

condução são um exemplo. Quais os<br />

ganhos aos níveis da eficiência e eficácia<br />

que resultam de uma AP cada vez mais<br />

“interoperável”?<br />

Para a SPMS o exemplo da arquitetura<br />

conseguida para os atestados das cartas de<br />

condução é de referência. Do lado da saúde,<br />

temos uma peça da nossa ecologia de soluções<br />

de interoperabilidade de âmbito nacional,<br />

o PNB (Portuguese National Broker) que<br />

é no fundo uma “iAP da saúde”, ora esse<br />

pode ligar assim com a iAP para este fim,<br />

como pode ligar para outros. Significa que as<br />

mesmas equipas, de ambos os lados, se vão<br />

conhecendo melhor, e que as “tecnologias se<br />

vão conhecendo” melhor também. É aqui,<br />

eu sempre acreditei e afirmo, que reside<br />

a verdadeira interoperabilidade, técnica,<br />

semântica e organizacional – no desejo das<br />

partes trabalharem de forma articulada,<br />

operando em con<strong>jun</strong>to, mas sobretudo<br />

operando para um propósito comum, sem<br />

ingerirem nas partes que não necessitam.<br />

A iAP permitiu que vários dos aspetos dos<br />

outros ministérios não tivessem que ser<br />

tratados por nós. Tornou o processo mais<br />

eficiente, aproximou equipas, e criou-se<br />

assim condições para irmos reduzindo o<br />

esforço necessário para fornecer serviços<br />

digitais mais sofisticados aos cidadãos.<br />

wi-fi<br />

grátis nas zonas<br />

de atendimento de<br />

hospitais e centros<br />

de saúde<br />

A SPMS tem recebido vários prémios, isto<br />

significa o reconhecimento do trabalho<br />

desenvolvido e maiores responsabilidades.<br />

Por onde passa o futuro?<br />

Sim temos tido sorte. Talvez algum saber.<br />

Gostamos de sentir que o governo tem<br />

colocado mais pedidos e exigências nos<br />

nossos ombros. O futuro passa sem dúvida<br />

pela resolução dos problemas operacionais<br />

ainda existentes nos Cuidados de Saúde<br />

Primários, passa pela mudança no quadro<br />

legal sem a qual não poderemos avançar<br />

significativamente. O futuro passa por um<br />

envolvimento ainda mais significativo do<br />

setor privado e social da saúde, e por uma<br />

iniciativa em que acredito muito - o “SNS<br />

Sem Papel”. Não tanto pela tecnologia,<br />

mas porque significa, que para se chegar<br />

lá, têm de ser revistos e harmonizados<br />

vários processos de informação e até de<br />

funcionamento, e que ocorra muita partilha<br />

de experiências das diversas instituições.<br />

O SNS não é um serviço relativamente<br />

homogéneo com várias repartições e um<br />

con<strong>jun</strong>to finito de “serviços” definidos em<br />

regulamentos/leis. É antes um “organismo<br />

vivo”, com hospitais pequenos, e outros<br />

enormes e híper-complexos, com mais de<br />

7.000 funcionários, culturas distintas de<br />

séculos e uma complexidade informacional<br />

sem precedentes e em crescimento<br />

acelerado, desde informação de áreas<br />

como as que denominamos por: genomics,<br />

proteomics, sociomics, até a recémapelidada,<br />

enviromentalomics (informação<br />

do ambiente de vida das pessoas, quer os seus<br />

hábitos como circunstâncias ambientais,<br />

físicas e relacionais, captáveis pelos<br />

próprios mas, também, pelas redes sociais e<br />

wearables dos mais diversos) e, outras fontes<br />

de informação críticas para a própria gestão<br />

do sistema de saúde. Estes são desafios para


Entrevista Henrique Martins<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

o futuro imediato até 2020 onde a hibridação<br />

da telesaúde com o SNS, através de atividades<br />

a levar efeito pelo CNTS – Centro Nacional<br />

de TeleSaúde e mudança de paradigma do<br />

serviço é, a meu ver, imprescindível.<br />

Mas o futuro dos sistemas de informação<br />

em saúde é muito mais o contributo que<br />

a medicina e as ciências médicas que a<br />

suportam podem dar à informática, sob<br />

forma de diversos aspetos da robótica e<br />

domótica. Casas e pessoas “augmentadas”<br />

são já hoje realidade em laboratórios de<br />

robótica, em Itália, no Japão, na China, na<br />

Coreia do Sul, e há tentativas de aproximação<br />

de alguns grupos de investigadores em<br />

Portugal com organizações do SNS. Próteses<br />

robóticas, exoesqueletos, robôs sociais<br />

para tratamento da demência e robôs<br />

cirúrgicos, são apenas o início de uma<br />

era que temos de percorrer. Foi por esta<br />

razão que na ENESIS2020, há clara menção<br />

às áreas da robótica e domótica. No meu<br />

entender, Portugal tem tudo o que necessita<br />

para dar um salto para a liderança nesta<br />

área: boa engenharia, excelente ciência,<br />

bons profissionais de saúde e um SNS que<br />

procura soluções para quem necessita.<br />

Devemos iniciar já um diálogo aberto com<br />

a sociedade sobre robotização não só na<br />

saúde como noutros setores, mas o que é<br />

mesmo muito interessante, é que as ciências<br />

da computação e informação necessitam,<br />

como nunca necessitaram, do know-how<br />

da saúde, se queremos atingir robôs, carros<br />

e casas inteligentes que vão apoiar uma<br />

sociedade envelhecida. Desde anatomia,<br />

fisiologia, psicologia e até empatia e conceitos<br />

de ética, ponderação e emoção, a saúde é<br />

na alvorada de uma sociedade cibernética,<br />

não apenas uma área de aplicação com<br />

múltiplas potencialidades, é mais ainda,<br />

um contribuidor fundamental para o<br />

desenvolvimento dessas tecnologias de uma<br />

forma mais humana. No meu entender a<br />

SPMS deve liderar uma rede de esforços nesta<br />

matéria, em articulação com os melhores<br />

centros europeus. Isto se quisermos que todo<br />

o nosso investimento permita que o setor da<br />

saúde deixe de ser visto como uma despesa<br />

do estado, dito social, e passe a ser um motor<br />

da economia da quarta revolução industrial<br />

e da chamada quinta sociedade (agrária,<br />

pré-industrial, industrial, informacional,<br />

cibernética/smart society) ou sociedade<br />

inteligente.<br />

Qual o papel que a AMA pode desempenhar<br />

enquanto parceiro da SPMS para o<br />

desenvolvimento de novas soluções para a<br />

área da saúde?<br />

No meu entender a AMA tem um papel<br />

fundamental, em várias dimensões:<br />

Identificação dos cidadãos e agentes – é<br />

já hoje crítico identificar digitalmente<br />

não apenas os seres humanos, para além<br />

do cartão de cidadão, eID mobile, outras<br />

Devemos iniciar já um diálogo aberto<br />

com a sociedade sobre robotização não só<br />

na saúde como noutros setores


14 — 15<br />

O futuro passa por um envolvimento ainda<br />

mais significativo do setor privado e social da<br />

saúde, e por uma iniciativa em que acredito<br />

muito o “SNS Sem Papel”<br />

formas mais orgânicas e interpenetráveis<br />

com tecnologias de rede serão críticas;<br />

mas também na criação de uma matriz de<br />

identificação para a Internet-of-Things (IoT)<br />

que está mesmo a chegar. Por exemplo será<br />

crítico que haja eID para carros, objetos<br />

e outras “coisas” ora esses catálogos e<br />

cadastros serão fundamentais para se avançar<br />

de forma articulada na saúde como noutros<br />

ministérios. Isso só é possível se houver uma<br />

agência forte, futurista e capaz. Ou seja,<br />

quanto melhor a AMA conseguir avançar<br />

mais será um parceiro de soluções novas para<br />

a saúde.<br />

No imediato, o avanço para a assinatura, de<br />

pleno direito, com a chave móvel digital,<br />

por exemplo, vai permitir a prescrição<br />

médica mobile segura. Ou seja, do trabalho<br />

con<strong>jun</strong>to AMA-SPMS penso que ainda<br />

este ano estaremos em condições de ligar<br />

para um médico, independentemente da<br />

sua localização no mundo, ele achar que<br />

devemos tomar algo que necessita receita,<br />

fazê-la, assinar de forma digital e segura<br />

no seu telemóvel, e nós recebermos uma<br />

SMS, e irmos à farmácia mais próxima em<br />

qualquer ponto de Portugal, e a partir de<br />

2018 progressivamente na Europa, buscar<br />

esse medicamento. Este e outros projetos<br />

estão já ao nosso alcance. São o presente<br />

da tecnologia, talvez para muitos, o futuro<br />

do SNS, mas para alguns cidadãos, são já o<br />

passado, na medida em que já o ano passado<br />

esse serviço digital lhes fez falta.<br />

A AMA é também nosso parceiro nos esforços<br />

con<strong>jun</strong>tos de ligação na EU, e faz sentido que<br />

para o cidadão que sai do país, os serviços<br />

digitais sejam o mais interligados, ainda no<br />

mês de maio a SPMS e a AMA se candidataram<br />

em con<strong>jun</strong>to a fundos da EU, para desenvolver<br />

formas de identificação eletrónica.<br />

Também na área dos esforços<br />

interministeriais, uma coordenação<br />

central forte poupa a todos os ministérios e<br />

setores, esforços bilaterais que, ainda que<br />

ocasionalmente mais rápidos, são no longo<br />

prazo, um desperdício de esforço de um<br />

estado focado no desenvolvimento económico<br />

sem despesismo. ≤


Opinião<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Jorge Fernandes<br />

20 anos de acessibilidade Web para Cidadãos<br />

com Necessidades Especiais em Portugal<br />

F<br />

oi há 20 anos que se publicou em Portugal o Livro Verde para a Sociedade<br />

da Informação. Pela primeira vez, num documento de política pública,<br />

reconhecia-se nas características da Sociedade da Informação (SI) uma<br />

oportunidade à participação e à inclusão de pessoas com necessidades<br />

especiais, nomeadamente pessoas com limitações funcionais derivadas de<br />

uma deficiência ou incapacidade.<br />

A Internet e a digitalização da informação são duas dessas<br />

características, que nos levou, em meados da década de 90, a pensar<br />

que estávamos à beira de uma revolução no que diz respeito ao<br />

acesso à informação e à comunicação, por parte de pessoas com<br />

limitações funcionais graves. Por exemplo, as pessoas cegas passariam,<br />

potencialmente, a aceder a um jornal diário; um tetraplégico passaria,<br />

potencialmente, a ter na Internet uma via alternativa de ida ao banco<br />

ou fazer compras numa grande superfície; uma pessoa surda poderia,<br />

potencialmente, ver um qualquer vídeo com tradução em língua gestual<br />

portuguesa ou com legendagem.<br />

O Livro Verde da Sociedade da Informação, os diversos debates<br />

promovidos, nomeadamente pela equipa de Missão para a Sociedade da<br />

Informação do então Ministério da Ciência e Tecnologia, uma Academia<br />

atenta ao trabalho do Consórcio World Wide Web (W3C) e um Ministro<br />

da Ciência e Tecnologia – o Prof. José Mariano Gago – que, tal como o<br />

seu colega do CERN, acreditava que: “The power of the Web is in its<br />

universality. Access by everyone regardless of disability is an essential<br />

aspect” (Tim Berners-Lee, Diretor do W3C e Inventor da World Wide<br />

Web).<br />

A 3 de dezembro de 1998, dia internacional das pessoas com<br />

deficiência, dois jovens, Francisco Godinho (atualmente Professor<br />

da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e Ricardo Silva<br />

(atualmente a desenvolver software no Ministério das Finanças) lançam<br />

a petição pela acessibilidade à Web. Enquanto o Ricardo trata dos aspetos<br />

informáticos, o Francisco faz um verdadeiro périplo, porta-a-porta, pelas<br />

associações representantes das pessoas com deficiência – foi nessa corrida<br />

que eu e o então presidente da ACAPO, José Adelino Guerra, o recebemos<br />

na associação. Assim nasceu a primeira petição eletrónica submetida ao<br />

Parlamento Português. Em 3 meses, a petição recolheu 9000 assinaturas,<br />

muitas mais do que as necessárias 4 mil para que o tema fosse discutido<br />

em sede da Assembleia da República.<br />

A 26 de agosto de 1999, o Governo Português publica a RCM n.º 97/99<br />

sobre o tema da acessibilidade dos sítios da Administração Pública na


16 — 17<br />

Internet pelos cidadãos com necessidades especiais. Com esta decisão,<br />

Portugal torna-se o primeiro Estado Membro (EM) a adotar as Diretrizes<br />

de Acessibilidade para os sítios Web da Administração Pública. Em<br />

2000, no final da Presidência Portuguesa da UE, na cimeira de Santa<br />

Maria da Feira, é aprovado o Plano de Ação eEurope2002 e com ele a<br />

obrigatoriedade de todos os EM adotarem as Web Content Accessibility<br />

Guidelines (WCAG) do W3C.<br />

Em 2007, o Governo Português, volta a publicar uma Resolução do<br />

Conselho de Ministros sobre o tema, a RCM n.º 155/2007, de 2 de outubro,<br />

e em 2012, introduz no Regulamento Nacional de Interoperabilidade<br />

Digital (RNID) a versão 2.0 das WCAG publicadas pelo W3C a 11 de<br />

dezembro de 2008<br />

Os sítios Web da Administração Pública Central sempre foram os<br />

principais alvos da legislação portuguesa (1999, 2007, 2012). É também<br />

deste setor que dispomos de uma série de resultados mais alargada, de<br />

2002 a 2015. (ver figura 1).<br />

O gráfico mostra-nos uma melhoria constante até 2010 dos dois<br />

indicadores – em 2010, 75% dos sítios Web (~400 sítios Web) estavam<br />

em conformidade “A” e 89% tinham afixado o Símbolo de Acessibilidade<br />

Web. Isto mesmo foi corroborada por uma análise internacional publicada<br />

pela ONU em fevereiro de 2011 que colocou a AP Central de Portugal em<br />

2.º lugar em 192 países.<br />

A AP Central sempre foi a joia da coroa da Administração Pública<br />

Portuguesa. As análises da Unidade ACESSO (www.acessibilidade.gov.pt/<br />

publicacoes) a outros setores, nomeadamente da esfera pública, mostram<br />

uma situação mais preocupante. Por exemplo, os Municípios Portugueses<br />

apresentam valores de conformidade na ordem dos 2% (2009) apesar<br />

de 37,5% dos 308 municípios usarem o símbolo de acessibilidade Web.<br />

Cenário ainda pior relevou o estudo de 2013 aos 338 estabelecimentos de<br />

ensino superior.<br />

Mesmo na AP Central, os resultados de 2015 mostram uma quebra<br />

drástica dos dois indicadores observados. O Símbolo de Acessibilidade<br />

Web passou agora a estar presente em 55% dos sítios Web, menos 30<br />

pontos percentuais face a 2010 e a conformidade para com o nível básico<br />

das WCAG perdeu quase 70 pontos percentuais. A atualização da versão<br />

das WCAG e a alteração dos algoritmos de análise explicam em parte<br />

o fenómeno, mas os dados denotam também uma menor atenção à<br />

acessibilidade digital por parte dos organismos públicos.<br />

Publicada no passado dia 2 de dezembro de 2016 no Jornal Oficial da<br />

União Europeia, a Diretiva da Acessibilidade Web e das Aplicações Móveis<br />

entrou em vigor a 22 de dezembro de 2016. Os Estados-Membros têm<br />

agora até 23 de setembro de 2018 para a transpor para o seu ordenamento<br />

jurídico interno. Portugal pode aproveitar para realinhar a trajetória.<br />

Sabemos que cerca de ¼ dos portugueses nunca usou a Internet e que,<br />

por estudos publicados no Reino Unido, as limitações funcionais dos<br />

cidadãos são uma das variáveis explicativas deste fenómeno. É importante<br />

melhorar as competências digitais dos cidadãos, mas é também<br />

Percentagem<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

A Administração Pública Central Portuguesa<br />

Conf ormidade<br />

(nível A –<br />

Homepage ), 7%<br />

2002 2003 2006 2008 2010 2015<br />

Sí mbolo de<br />

Acessibilidade<br />

Web, 53%<br />

Fig. 1 - % de sítios Web da AP Central em<br />

conformidade ‘A’ das WCAG e com o Símbolo de<br />

Acessibilidade Web afixado na primeira página.<br />

Sabemos que<br />

cerca de ¼ dos<br />

portugueses nunca<br />

usou a Internet


Opinião Jorge Fernandes Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

A aposta na<br />

acessibilidade e<br />

na usabilidade<br />

são verdadeiros<br />

instrumentos (…)<br />

necessário baixar as exigências de competências digitais necessárias para<br />

usar, nomeadamente, os serviços públicos. A aposta na acessibilidade e<br />

na usabilidade são verdadeiros instrumentos para o alcançar.<br />

A nova Diretiva é um pouco ziguezagueante na definição do grupo alvo.<br />

Desde logo define duas categorias-alvo distintas: (i) organismos e (ii)<br />

conteúdos.<br />

Quanto aos organismos, a Diretiva começa por definir como primeira<br />

regra de abrangência “todos” os “organismos do setor público”.<br />

Inexplicavelmente abre a possibilidade aos EM de isentarem as empresas<br />

de radiodifusão, as ONGs que não prestam serviços essenciais ao público,<br />

os jardins de infância, os infantários e as escolas. A Diretiva abre também<br />

a possibilidade aos EM de alargarem os requisitos de acessibilidade ao<br />

setor privado.<br />

Quanto aos conteúdos, a Diretiva define dois tipos de conteúdos: os<br />

sítios Web e as aplicações móveis. No caso dos sítios Web, define ainda<br />

sítios Web “novos” e sítios Web “antigos”. Os “novos” quando publicados<br />

depois de 23 de setembro de 2018 e os “antigos” se publicados antes desta<br />

data.<br />

Assim, os sítios Web “novos” terão um ano para se adaptarem, ou seja,<br />

em setembro de 2019 terão de estar conformes. Os sítios Web “antigos”<br />

terão dois anos (i.e. até setembro de 2020) e as aplicações móveis dois<br />

anos e meio (i.e. até <strong>jun</strong>ho de 2021).<br />

No caso dos conteúdos, a Diretiva introduz ainda o conceito de tipos<br />

de conteúdos. Também aqui, a Diretiva começa por dizer que se aplica a<br />

“todos” os tipos de conteúdos para, em seguida, listar um con<strong>jun</strong>to de<br />

exceções.<br />

São exceções de caráter permanente:<br />

• conteúdo multimédia dinâmico transmitido em direto;<br />

• mapas e serviços de cartografia;<br />

• conteúdo de terceiros não financiado, não desenvolvido ou não<br />

controlado por organismos do setor público;<br />

• conteúdo classificado como património. ≤<br />

Jorge Fernandes<br />

Coordenador da Unidade ACESSO | www.acessibilidade.gov.pt<br />

Departamento da Sociedade da Informação<br />

FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia<br />

Co-autor do validador de Acessibilidade Web AccessMonitor,<br />

www.acessibilidade.gov.pt/accessmonitor<br />

Membro do Web Accessibility Directive* Expert Group da<br />

Comissão Europeia.<br />

* Diretiva 2016/210Acessibilidade dos sítios Web e aplicações móveis de organismos<br />

do setor público, www.acessibilidade.gov.pt/publicacoes/diretiva2016-2102


ENCONTROS<br />

PARTICIPATIVOS<br />

ANÁLISE TÉCNICA<br />

PUBLICAÇÃO E PERÍODO<br />

DE RECLAMAÇÕES<br />

VOTAÇÃO<br />

APRESENTAÇÃO DOS<br />

PROJETOS VENCEDORES<br />

09 janeiro<br />

21 abril<br />

24 abril<br />

12 maio<br />

15 maio<br />

06 <strong>jun</strong>ho<br />

07 <strong>jun</strong>ho<br />

10 setembro<br />

setembro<br />

Votação em OPP.GOV.PT ou através de SMS para 3838 com a mensagem:<br />

OPP número do projeto número de identificação civil<br />

Os cidadãos estrangeiros podem votar com a Chave Móvel Digital.<br />

Cada pessoa tem direito a 2 votos: 1 para projetos de âmbito nacional,<br />

1 para projetos de âmbito regional.


Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

O<br />

um espaço aberto,<br />

que trabalha em<br />

colaboração<br />

Laboratório de Experimentação da Administração Pública -LabXdestina-se<br />

à conceção e teste de novas soluções que melhorem os serviços<br />

públicos e o dia-a-dia dos cidadãos e das empresas.<br />

É um espaço aberto, que trabalha em colaboração com os utentes dos<br />

serviços, com funcionários e dirigentes da administração pública e com<br />

a comunidade científica e empresarial no sentido de experimentar para<br />

melhorar. Qualquer serviço público tem a oportunidade para colocar sob<br />

análise um problema, ou uma potencial solução inovadora que queira<br />

introduzir na sua organização, se tiver dúvidas sobre a sua viabilidade ou<br />

ela for demasiado complexa para ser implementada antes de ser testada.<br />

O LabX funciona seguindo uma metodologia composta por três fases:<br />

• Investigar para entender as necessidades dos utentes e as<br />

dificuldades e limitações dos serviços.<br />

• Conceber para desenvolver novas soluções que melhorem a relação<br />

com o serviço ou aumentem a sua eficiência.<br />

• Experimentar para validar as novas soluções com utentes e os<br />

funcionários.<br />

O Balcão Único do Emprego é um projeto coordenado pelo Secretário<br />

de Estado do emprego Miguel Cabrita, que tem como objetivo agregar<br />

num único espaço todas as principais interações dos cidadãos<br />

desempregados e entidades empregadoras com os serviços públicos, no


20 — 21<br />

Laboratório de Experimentação<br />

da Administração Pública - LabX<br />

Conceção e teste de novas soluções<br />

âmbito da procura de emprego. O LabX terminou a fase de Investigação, estando a conceção<br />

do balcão a ser feita pelos serviços do Ministério do Emprego e Segurança Social.<br />

O Espaço Óbito é um projeto concebido e coordenado pela Secretária de Estado da Justiça,<br />

que <strong>jun</strong>ta numa prova de conceito os ministérios da Justiça, das Finanças, do Trabalho,<br />

Solidariedade e Segurança Social e entidades privadas, como a banca, seguros, as empresas<br />

de energia, água e telecomunicações, para reunir num único ponto de atendimento todo<br />

o con<strong>jun</strong>to de serviços públicos e privados a que é necessário recorrer após o falecimento<br />

de um familiar. Este projeto encontra-se na fase final de experimentação, tendo decorrido<br />

um protótipo de atendimento no final de março onde o Instituto dos Registos e Notariado,<br />

Autoridade Tributária, ADSE, Caixa Geral de Aposentações, Instituto da Segurança Social<br />

e Banco de Portugal estiveram presentes atendendo um con<strong>jun</strong>to de cidadãos e testando o<br />

conceito do Espaço Óbito.<br />

A abertura do primeiro Espaço Óbito está prevista para o segundo semestre de <strong>2017</strong> na nova<br />

Loja de Cidadão em Lisboa, no Saldanha.<br />

O Roteiro da Despesa é um projeto que pretende apresentar de forma simples e clara as<br />

tarefas necessárias para uma entidade pública conseguir efetuar uma compra de bens ou<br />

serviços e proceder ao seu pagamento. Este projeto encontra-se na fase de investigação.<br />

Na apresentação do Laboratório, Maria Manuel Leitão Marques, Ministra da Presidência e da<br />

Modernização Administrativa mencionou que «experimentar não serve apenas testar aquilo<br />

que já sabemos que pode acontecer. Serve também para podermos antecipar o futuro e até<br />

acelerá-lo».<br />

Este projeto é da responsabilidade da Agência para a Modernização Administrativa, I.P. ≤


Boas Práticas Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong>


22 — 23<br />

Turismo Inteligente<br />

Reguengos de Monsaraz,<br />

na senda das Smart Cities<br />

As cidades e a forma como vivem e<br />

comunicam dominam, hoje em dia, muito<br />

do espectro da comunicação e, como<br />

consequência, das nossas vidas. Vamos<br />

cada vez mais longe, cá dentro, porque<br />

conhecemos melhor o nosso território,<br />

reconhecemos identidades e tradições<br />

e a comunicação e as tecnologias têm<br />

contribuído para que exista, em cada um de<br />

nós, um crescente conhecimento daquilo<br />

que somos enquanto país.<br />

Somos, todos, cada vez mais turistas e as<br />

vilas e as cidades adaptam-se às exigências<br />

dos novos tempos, sobretudo na forma como<br />

podemos interagir com elas.<br />

É nesta proximidade e facilidade oferecida<br />

pelas tecnologias, que se centra a aposta<br />

da Câmara Municipal de Reguengos de<br />

Monsaraz, no chamado Turismo Inteligente.<br />

O município alentejano prepara-se para<br />

dotar todo o concelho, até ao final do ano,<br />

de um sistema de sinalização e informação<br />

turística inteligente baseada numa nova<br />

tecnologia denominada beacon.<br />

Estes dispositivos, cerca de 3 dezenas,<br />

serão colocados nos postos de turismo e<br />

nas placas de sinalização turística pedonal<br />

e vão fornecer informação atualizada aos<br />

turistas através de BLE – Bluetooth Low-<br />

Energy para os smartphones com sistemas<br />

operativos Android e IOS, após a aplicação<br />

ser descarregada.<br />

Todas as placas turísticas de informação<br />

pedonal do concelho serão substituídas,<br />

para que exista uniformização e coerência<br />

na sinalética. Quando o turista se aproximar<br />

das placas receberá informação no seu<br />

dispositivo móvel em vários idiomas através<br />

do beacon instalado nesse local, permitindolhe<br />

compreender a sua localização com<br />

alto grau de precisão, assim como os<br />

pontos turísticos que se encontram nas<br />

proximidades, as unidades de alojamento,<br />

os restaurantes, os operadores turísticos,<br />

os produtores de vinho, o comércio,<br />

as exposições que pode visitar e toda a<br />

programação cultural no concelho.<br />

Em entrevista à Diagrama, José Calixto,<br />

Presidente da Câmara Municipal de<br />

Reguengos de Monsaraz, explica o porquê da<br />

aposta do município nesta tecnologia.<br />

Quais as principais vantagens da instalação<br />

de beacons?<br />

Os beacons são dispositivos que funcionam<br />

com o sistema Bluetooth de baixo consumo<br />

e que permitem ligar-se à distância com os<br />

dispositivos móveis. Este tipo de tecnologia<br />

abre muitas oportunidades no âmbito das<br />

Smart Cities.<br />

Hoje em dia os turistas são cada vez mais<br />

exigentes e informados, os dispositivos<br />

móveis acompanham-nos sempre, desde a<br />

fase de programação das suas visitas até à<br />

chegada ao local de visita propriamente dito.<br />

Ao utilizar um beacon pode-se carregar a<br />

informação que se pretende sobre os locais a<br />

visitar, sejam eles turísticos ou não. Podemos<br />

colocar informação ao nível do turismo,<br />

quer sejam monumentos, restaurantes<br />

ou alojamentos, mas podemos também<br />

colocar o comércio local, as empresas e<br />

todos os recursos que o Município entender.<br />

Para aceder a tudo isto basta um click no<br />

telemóvel ou tablet e sem gastar dados<br />

móveis.


Boas Práticas Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Obviamente que se fossemos fazer a sinalização<br />

tradicional de todos estes locais, seria praticamente<br />

impossível circular no meio de tantas placas e prumos<br />

de sinalização.<br />

Assim sendo, as vantagens são muitas,<br />

principalmente ao nível da quantidade de informação<br />

que se pode dar ao turista/visitante, normalmente<br />

a informação/sinalização de trânsito ou pedonal tal<br />

e qual como existe hoje em dia está limitada pela<br />

quantidade de informação que se pode colocar num<br />

prumo normal de sinalização (6 placas por prumo).<br />

Dentro deste âmbito e com a redução do número de<br />

placas de sinalização combatemos duas desvantagens,<br />

ou seja a poluição visual e a constante existência de<br />

prumos no meio dos passeios, limitando a circulação<br />

dos peões ou de pessoas em cadeiras de rodas e<br />

carrinhos de bebé.<br />

Por outro lado, este será um tipo de sinalização<br />

que estará sempre atualizado, conforme abrem e<br />

encerram alojamentos, restaurantes ou empresas e,<br />

principalmente porque não será necessário comprar<br />

uma nova placa de sinalização, recebê-la e instalá-la.<br />

Basta uma atualização online feita pelo Município.<br />

Ao consultar a informação existente no beacon o<br />

turista/visitante pode solicitar o percurso até chegar<br />

ao destino, evitando assim a necessidade de em cada<br />

cruzamento ou entroncamento estar à procura da<br />

próxima placa informativa, poupando assim bastante<br />

tempo.<br />

Em última instância, este tipo de sinalização, tem<br />

ainda uma vertente ambiental, que devido à sua<br />

grande abrangência em questões de informação de<br />

locais e recursos turísticos em várias línguas reduz<br />

o consumo de papel em mapas, guias de turismo e<br />

folhetos informativos que normalmente os turistas<br />

recolheriam nos postos de turismo ou em feiras.<br />

20 a 25 por cento da<br />

redução dos gastos em<br />

papel<br />

Qual a redução de papel estimada com a<br />

implementação deste sistema?<br />

É um número difícil de prever com o sistema ainda<br />

em fase de implementação, mas, pensamos que será<br />

significativa, dado que muitos turistas não gostam<br />

de carregar materiais informativos, quer sejam<br />

guias de turismo, mapas ou folhetos promocionais e<br />

informativos. Esta é uma forma muito mais prática<br />

e completa de transmitir e fornecer informação<br />

detalhada e atualizada. Ao nível da promoção no<br />

exterior, no que se refere a participações em feiras e<br />

ações promocionais, deverá ser também relevante.<br />

Relativamente às feiras que referi, a promoção será<br />

feita não com os beacons mas sim com cartões NFC,<br />

ou seja, são cartões tipo multibanco onde é gravada a<br />

informação que nós pretendemos através de um link<br />

da internet. Esta informação fica depois acessível em<br />

qualquer altura em que o turista passe simplesmente o<br />

cartão pela parte de trás do seu telemóvel, desde que<br />

nas definições tenha o símbolo de NFC e seja ativado.<br />

Nestes cartões é também possível colocar links para<br />

download de vídeos promocionais ou outros materiais<br />

de interesse turístico. Em vez de levar um guia de<br />

turismo com 40 ou 50 páginas, mais um guia de oferta<br />

turística com outras tantas páginas e mais um mapa<br />

com informações diversas, leva simplesmente um<br />

cartão tipo multibanco.<br />

No entanto, acho que podemos prever um valor<br />

perto dos 20 a 25 por cento da redução dos gastos em<br />

papel, uma vez que temos que considerar que ainda há<br />

um número substancial de turistas que poderão não<br />

dispor de um smartphone.<br />

Que outros benefícios pode este sistema trazer para<br />

o Concelho? Podemos falar de segurança rodoviária e<br />

desenvolvimento económico?<br />

A segurança rodoviária é certamente uma mais-valia<br />

dado que uma sinalização devidamente estruturada<br />

e homogénea exige muito menos distração (procura<br />

de indicações) por parte dos condutores. Por outro<br />

lado, a organização das indicações por destinos onde<br />

a procura turística é mais intensa faz com que os<br />

turistas/condutores cheguem mais facilmente ao seu<br />

destino e sem sobressaltos ou perdas de tempo ou<br />

enganos nos percursos.


24 — 25<br />

A nível de desenvolvimento económico podemos<br />

referir que ao fornecer indicações mais precisas e<br />

completas em vários idiomas estamos a promover<br />

melhor todo o nosso tecido empresarial, não só ao<br />

nível turístico, mas também para o comércio local e<br />

empresas.<br />

Qual o investimento associado?<br />

Uma vez que o projeto está em fase de avaliação no<br />

terreno das necessidades concretas de sinalização e<br />

elaboração do projeto técnico de sinalização, podemos<br />

apenas prever um custo aproximado, que deverá<br />

rondar os 120 a 130 mil euros.<br />

Este é um investimento avultado, qual o tempo<br />

estimado de recuperação do mesmo?<br />

É uma pergunta com uma resposta não muito fácil,<br />

uma vez que que se trata de um projeto pioneiro e<br />

inovador, para o qual ainda não há grandes análises<br />

que suportem a informação de recuperação do<br />

investimento. No entanto, prevemos recuperar o<br />

investimento no prazo de um mandato autárquico,<br />

ou seja, 4 anos.<br />

Esta é uma forma de diferenciar o turismo no<br />

município de Reguengos?<br />

Podemos dizer que sim, mas mais do que diferenciar<br />

é poder oferecer informação e serviços de grande<br />

qualidade a quem nos visita. É poder ajudar os<br />

nossos empresários do setor turístico e não só, a<br />

melhorar os seus negócios. É uma forma de transmitir<br />

modernidade e aprossecução dos objetivos a que nos<br />

propusemos para desenvolver este território de forma<br />

sustentável.<br />

A Informação incidirá sobre todos os produtos<br />

turísticos ou, pontualmente, será seletiva<br />

consubstanciando um canal de promoção?<br />

A informação vai incidir principalmente no sector<br />

turístico no que respeita a alojamentos, restaurantes<br />

e monumentos ou centros interpretativos, no entanto<br />

poderá fornecer também informação sobre outras<br />

áreas de negócio, tal como já referi anteriormente.<br />

No que se refere a servir como canal de promoção<br />

específica para uma certa área ou vertente do turismo<br />

isso é possível de fazer ao nível da informação<br />

transmitida para os smartphones ou através das<br />

redes sociais. Se assim o entendermos, podemos fazer<br />

sugestões de viagens temáticas e partilhá-las através<br />

dos beacons ou nas redes sociais, por exemplo num<br />

determinado fim-de-semana promover os produtores<br />

de vinho, noutro fim-de-semana fazer promoção a<br />

um evento específico ou eventualmente sugerir um<br />

programa já feito com alojamento, refeições e visitas<br />

a vários locais.<br />

Qual o retorno esperado?<br />

A satisfação de todos os públicos que nos visitam,<br />

ajudar a desenvolver o nosso tecido empresarial,<br />

promover e elevar a qualidade dos serviços prestados<br />

pelo Município de Reguengos de Monsaraz no seu<br />

território de forma sustentável.<br />

O Concelho de Reguengos de Monsaraz tem uma<br />

população de 10.700 habitantes (censos 21011) e uma<br />

extensão de 99Km2.<br />

Todos os anos, cerca de 100 mil turistas visitam<br />

o município, 50% são portugueses, seguindo-se os<br />

espanhóis com 18,4% e os franceses com 11,7%.<br />

Segundo dados recolhidos <strong>jun</strong>to do município,<br />

Reguengos de Monsaraz contabilizou visitas de<br />

turistas de mais de 50 nacionalidades, incluindo<br />

destinos tão longínquos como o Japão, Nova Zelândia,<br />

Argentina, China, África do Sul, Israel, Índia e<br />

Austrália.<br />

Tal como a nível nacional, os índices de turismo<br />

locais têm vindo a registar uma curva de crescimento<br />

acentuada, sendo que o touring cultural se assume<br />

como o principal segmento.<br />

Em 2015, Reguengos de Monsaraz foi Cidade<br />

Europeia do Vinho, a candidatura alentejana<br />

derrotou as cidades de Cantanhede, Melgaço e<br />

Monção, sucedendo à cidade espanhola de Jerez de<br />

la Frontera. O mundo vitivinícola é, há muito, a<br />

imagem de marca de Reguengos de Monsaraz que<br />

agora aposta no Turismo Inteligente, preparando,<br />

por um lado, o Concelho para um turismo exigente e<br />

informado e, por outro, respondendo às questões de<br />

uma Smart City: eficácia na gestão com redução de<br />

custos, melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e<br />

melhoria dos serviços prestados. ≤


Simplex+<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Balanço<br />

Simplex+ 2016<br />

Decorrido um ano, desde o lançamento do<br />

Simplex+ 2016, que se apresentou com 255<br />

medidas de modernização e simplificação<br />

administrativa e legislativa, 79 das quais<br />

com um prazo de implementação que se<br />

prolonga por mais de um ano, é tempo de<br />

fazer um balanço, sobre a taxa de execução<br />

mas também sobre aquilo que mudou para<br />

os cidadãos, empresas e para a própria<br />

Administração Pública.<br />

A taxa de implementação do<br />

Simplex+2016 é de 89%, o que significa<br />

que, das 176 medidas que deviam ter sido<br />

concretizadas no período de um ano, 157<br />

foram concretizadas. As evidências da<br />

sua concretização estão disponíveis para<br />

consulta no sítio do Simplex, em simplex.<br />

gov.pt.<br />

Das 79 medidas cujo prazo de<br />

implementação se prolonga para além<br />

deste primeiro ano, 14 já estão cumpridas<br />

- Espaço Óbito, “Balcão único” nos<br />

tribunais, Acórdãos do Supremo Tribunal<br />

Administrativo desmaterializados, ADSE<br />

Direta +, ADSE na sua mão, App FIRERISK,<br />

Atendimento Público avaliado, Certificados<br />

de autorização do medicamento online,<br />

Dispositivos médicos mais simples, Dossiers<br />

individuais dos serviços prisionais, FAARM,<br />

IES +, Livro de atas eletrónico, Pedido online<br />

da apostila - e a média da taxa global de<br />

implementação é de 84%.<br />

No Simplex+ 2016 foi definido, também<br />

como objetivo, o desenvolvimento de<br />

instrumentos de análise de impacto<br />

económico das medidas, através dos quais<br />

seja possível estimar poupanças e redução de<br />

encargos, quer do lado das empresas, quer<br />

do lado da administração do Estado.<br />

Nesse sentido, foi desenvolvida uma<br />

metodologia de trabalho e de análise pelo<br />

Instituto Superior de Estatística e Gestão de<br />

Informação (ISEGI) da Universidade Nova<br />

de Lisboa, em colaboração com a Agência<br />

para a Modernização Administrativa, I. P.,<br />

que permitiu analisar o impacto económico<br />

e administrativo de uma amostra de medidas<br />

do Simplex+2016.<br />

O grau de redução dos encargos<br />

administrativos e das obrigações para os<br />

cidadãos e empresas, o tipo de poupança em<br />

termos de tempo e de dinheiro e o nível de<br />

funcionamento dos serviços públicos, foi<br />

outro dos aspetos avaliados, através de um<br />

estudo realizado pela Universidade Nova de<br />

Lisboa.<br />

Uma das medidas avaliadas foi o Imposto<br />

único de circulação mais simples, que


26 — 27<br />

dispensa os contribuintes de apresentarem<br />

anualmente documentos que comprovem<br />

a dispensa das isenções de Imposto Único<br />

de Circulação (IUC), sempre que essas<br />

informações já constem da base de dados<br />

do Instituto de Mobilidade e Transportes<br />

IP (IMT), como no caso dos taxistas e<br />

das empresas que possuam veículos com<br />

matrículas de categoria D.<br />

Outra medida avaliada foi a IES+ Simples,<br />

que simplifica o preenchimento dos<br />

Anexos A ou I da Informação Empresarial<br />

Simplificada, eliminando cerca de metade<br />

dos quadros e campos a preencher,<br />

estimando-se para o total de empresas<br />

abrangidas por esta medida, uma poupança<br />

global de cerca de 80.000.000€.<br />

O Inventário Permanente + Simples foi<br />

uma outra das medidas alvo de avaliação.<br />

Veio substituir a obrigação de inventário<br />

permanente, pela disponibilização em<br />

permanência de toda a informação<br />

contabilística de suporte às existências<br />

(como faturas, notas de crédito e de débito<br />

relativas a compras, vendas, consignações e<br />

outras).<br />

Esta medida define, para efeitos fiscais,<br />

que o registo contabilístico em Sistema<br />

de Inventário Permanente (SIP) possa ser<br />

efetuado, pelo menos, no final de cada mês.<br />

Há cerca de 30.000 empresas sujeitas a esta<br />

obrigação, destas, algumas não possuem<br />

sistema de gestão de stocks, pelo que, a<br />

eliminação desta obrigação vem poupar cerca<br />

de 21.000€ por ano a cada uma delas.<br />

O registo criminal online, outra das<br />

medidas avaliadas pelo estudo, veio criar<br />

uma plataforma que permite a apresentação<br />

online de pedidos de certificados de registo<br />

criminal por particulares e pessoas coletivas,<br />

disponibiliza a certidão em formato<br />

desmaterializado e possibilita, com um código<br />

de consulta, a substituição da necessidade<br />

de entrega do documento em papel que<br />

autorizará, qualquer entidade pública ou<br />

privada, a consultar a informação.<br />

São anualmente pedidos cerca de<br />

800.000 certificados de registo criminal. Se<br />

assumirmos que todos os certificados são<br />

pedidos eletronicamente são poupadas cerca<br />

de 1.600.000 folhas de papel.<br />

No sentido de perceber de que forma<br />

os cidadãos e as empresas percecionam as<br />

mudanças operadas, foi lançado um processo<br />

de consulta pública direta e aberta de todos.<br />

Assim, foram publicados no sítio do Simplex+<br />

questionários de avaliação das 18 medidas,<br />

que se converteram em 10.017 respostas.


Simplex+ Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

SIMPLEX+ <strong>2017</strong><br />

O programa Simplex+<strong>2017</strong> foi construído<br />

com o envolvimento de trabalhadores da<br />

administração do estado, de diferentes<br />

serviços, num trabalho con<strong>jun</strong>to de<br />

identificação de problemas e soluções para<br />

melhorar a prestação de serviços públicos<br />

através de uma iniciativa denominada de<br />

Simplex Jam.<br />

Foram realizadas 5 sessões de trabalho,<br />

uma por cada NUT II, com 133 trabalhadores<br />

de 13 diferentes serviços. Resultaram, destas<br />

sessões, muitas ideias e propostas, tendo por<br />

base a metodologia do “Design Thinking”.<br />

O Simplex+<strong>2017</strong> tem 172 medidas de<br />

simplificação e modernização administrativa<br />

e legislativa para todas as áreas da<br />

governação, organizadas por diferentes eixos<br />

(8) de intervenção em função dos objetivos a<br />

alcançar:<br />

• administração pública + eficiente;<br />

• comunicações + simples;<br />

• documentos + acessíveis;<br />

• licenciamentos + ágeis;<br />

• mais serviços e + informação num único<br />

local;<br />

• obrigações + simples;<br />

• serviços para estrangeiros + fáceis;<br />

• mais e melhor atendimento.<br />

No programa para <strong>2017</strong>, encontram-se<br />

medidas para facilitar a vida de todos os<br />

cidadãos e medidas direcionadas a públicos<br />

específicos, como são os casos dos refugiados<br />

e os portugueses a viver no estrangeiro.<br />

Medidas de simplificação transversais<br />

às atividades económicas e aos sectores<br />

estratégicos, como a agricultura biológica,<br />

a floresta, o comércio e turismo, indústrias<br />

criativas - como o cinema e a publicidade -,<br />

medidas que articulam e integram diferentes<br />

níveis de governação central e local e, por<br />

fim, medidas que concretizam mais e melhor<br />

intercomunicação e interconexão entre<br />

serviços e sistemas de informação para<br />

aprofundar o princípio “only once”. ≤


28 — 29<br />

Receita sem<br />

papel Plus<br />

Título Único<br />

Ambiental<br />

Passou a ser obrigatória nas<br />

entidades do serviço nacional<br />

de saúde e trouxe um con<strong>jun</strong>to<br />

de benefícios para o utente.<br />

Na farmácia, tem apenas de<br />

apresentar o Cartão de Cidadão<br />

para se identificar e a partir<br />

daqui está garantido o acesso à<br />

medicação prescrita.<br />

Para quem não tiver Cartão<br />

de Cidadão ou no caso de ser<br />

estrangeiro, pode indicar ao<br />

médico um número de telemóvel ou<br />

e-mail válidos, para que lhe sejam<br />

enviados os códigos.<br />

Na farmácia, o utente pode levantar<br />

o número de caixas prescritas que<br />

quiser, em datas diferentes e em<br />

diferentes farmácias do País.<br />

Doentes crónicos passam a<br />

poder levantar medicamentos<br />

diretamente na farmácia, sem<br />

terem de passar antes pelo centro<br />

de saúde e permite controlar o<br />

circuito da receita, obrigando a<br />

uma autenticação eletrónica do<br />

médico e à identificação do utente<br />

na farmácia, por exemplo através do<br />

Cartão de Cidadão. ≤<br />

Um processo, um título,<br />

uma taxa.<br />

O novo regime que veio<br />

facilitar a vida das empresas,<br />

permitindo que o licenciamento<br />

seja feito pela internet<br />

e a um custo menor.<br />

Trata-se de um título eletrónico,<br />

que reúne toda a informação<br />

relativa aos vários atos de<br />

licenciamento aplicáveis ao<br />

estabelecimento ou atividade em<br />

matéria de ambiente.<br />

Contribui para a redução da<br />

dispersão legal e minimiza os<br />

custos relacionados com o tempo<br />

dos procedimentos associados à<br />

multiplicidade de licenças.<br />

A vida das empresas está assim<br />

facilitada. Um processo, um<br />

título, uma taxa, que permite<br />

entregar todos os elementos de<br />

uma única vez<br />

através da internet.<br />

Esta medida, possibilita<br />

ainda a articulação entre<br />

todas as entidades, Balcão do<br />

empreendedor e o sistema da<br />

Industria responsável. ≤


Entrevista Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong>


30 — 31<br />

Fernando Rocha Andrade<br />

Secretário de Estado dos<br />

Assuntos Fiscais<br />

Fernando Rocha Andrade é doutorado em Direito pela Faculdade de<br />

Direito da Universidade de Coimbra, na especialidade de ciências<br />

jurídico-económicas. Realizou a licenciatura e o mestrado em Direito<br />

pela mesma faculdade, respetivamente em 1995 e em 2002.<br />

É professor da Universidade de Coimbra desde 1995.<br />

Foi Subsecretário de Estado da Administração Interna no XVII<br />

Governo Constitucional (2005-2008).<br />

Foi eleito em 2015 deputado à Assembleia da República pelo círculo de<br />

Aveiro.<br />

É membro do Secretariado Nacional do Partido Socialista.<br />

É autor de várias publicações científicas nas áreas da fiscalidade e das<br />

finanças públicas.<br />

Quais as prioridades da Secretaria de<br />

Estado dos Assuntos Fiscais para esta<br />

legislatura?<br />

O programa do Governo incumbe-nos de 4<br />

missões fundamentais, que naturalmente<br />

não esgotam todos os objetivos:<br />

a. Reduzir a carga fiscal e tornar mais<br />

justa a sua distribuição, o que temos<br />

feito com reduções de impostos<br />

que privilegiaram essencialmente<br />

a tributação direta do trabalho.<br />

O aumento de certos impostos<br />

(enquadrado num quadro de redução<br />

global da carga fiscal) ocorreu no<br />

sentido de aumentar a progressividade<br />

do sistema (na tributação do<br />

património) e a sua eficiência (nas<br />

tributações especiais);<br />

b. Combater a fraude e evasão fiscal.<br />

Assumimos como prioridade o combate<br />

à evasão e ao planeamento fiscal<br />

agressivo por deslocação transnacional<br />

de rendimentos e patrimónios, porque<br />

estes têm um impacto maior na<br />

justiça do sistema. O reforço da troca<br />

internacional de informações parece-<br />

-nos o mecanismo mais promissor para<br />

conseguir este objetivo;<br />

c. Reduzir os custos de cumprimento<br />

das obrigações fiscais, quer para as<br />

empresas, quer para as famílias. Várias<br />

medidas fiscais tomadas no âmbito


Entrevista Fernando Rocha Andrade Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

do programa capitalizar reduzem os<br />

custos administrativos e financeiros<br />

suportados pelas empresas; os custos<br />

financeiros do setor privado são<br />

também reduzidos pela aceleração dos<br />

processos de reembolso. Medidas como<br />

o IRS automático reduzem o tempo que<br />

as pessoas gastam com o cumprimento<br />

de obrigações fiscais;<br />

d. Colocar o sistema fiscal ao serviço<br />

da produtividade da economia.<br />

Este objetivo passa por reduções<br />

estratégicas de impostos para fomentar<br />

a competitividade de setores (como<br />

aconteceu com o gasóleo profissional)<br />

ou a criação de melhores incentivos<br />

ao investimento e à capitalização das<br />

empresas.<br />

Portugal é uma referência na<br />

disponibilização de serviços online. No<br />

entanto a utilização está ainda aquém do<br />

desejado.<br />

A usabilidade e acessibilidade podem<br />

ajudar a resolver este fator?<br />

O Portal das Finanças é, há largos anos, um<br />

marco da relação digital entre os cidadãos<br />

e o Estado. Milhões de contribuintes<br />

procedem ao envio eletrónico das suas<br />

declarações fiscais, sendo cada vez mais<br />

residuais as entregas de declarações em<br />

papel. Há, no entanto, margem para<br />

melhorar. Temos muitos serviços online<br />

à disposição do cidadão, mas é preciso<br />

tornar a sua utilização mais clara e intuitiva,<br />

melhorando a experiência para o utilizador.<br />

Quais são as melhorias de usabilidade e<br />

acessibilidade implementadas na mais<br />

recente versão do portal e na nova app das<br />

Finanças?<br />

No Portal das Finanças agilizámos a entrega<br />

do IRS com o IRS automático – 5 minutos<br />

são atualmente suficientes para confirmar a<br />

liquidação. Pretendemos progressivamente<br />

alargar o acesso ao IRS automático a mais<br />

contribuintes. Disponibilizámos, ainda,<br />

o IRS automático para Android e iOS,<br />

possibilitando, quer a confirmação da<br />

liquidação, quer a consulta do estado de<br />

todas as declarações.<br />

Estamos a implementar novas tecnologias<br />

no portal, dispensando gradualmente<br />

a utilização do java para a entrega de<br />

declarações. Atualmente, as declarações<br />

periódicas de IVA já não exigem java.<br />

Esperamos que no próximo ano o IRS<br />

também já não exija a instalação e utilização<br />

do java por parte dos contribuintes.<br />

O Simplex+ 2016, trouxe cerca de mais de<br />

meia centena de medidas de simplificação<br />

para o seu ministério. O IRS automático é<br />

uma das mais visíveis.<br />

Qual o balanço?<br />

O balanço é extremamente positivo. Cerca<br />

de 800 mil contribuintes confirmaram o<br />

seu IRS automático, com um prazo médio<br />

Oferecemos aos cidadãos a possibilidade de<br />

tratarem do seu IRS em três cliques, através do<br />

IRS automático


32 — 33<br />

de reembolso de 12 dias (menos de metade<br />

do prazo das restantes, que por sua vez se<br />

reduziu também neste ano). A perceção que<br />

temos sobre a experiência dos utilizadores<br />

é também positiva. Queremos alargar aos<br />

casais com dependentes, estimando que as<br />

entregas por via do IRS automático subam de<br />

modo considerável.<br />

Pagar os impostos através de débito direto,<br />

vai acontecer ainda este ano?<br />

Disponibilizar o pagamento de impostos<br />

por débito direto revelou-se uma tarefa<br />

complexa, atendendo às especificidades<br />

próprias da cobrança de impostos, à<br />

regulamentação europeia em vigor nesta<br />

matéria e à necessidade de interligação<br />

com os sistemas bancários. Estamos, não<br />

obstante, confiantes de que seja possível<br />

aos cidadãos aderirem – ainda este ano – ao<br />

pagamento de impostos por débito direto.<br />

Para alguns impostos, sobretudo o IMI e o<br />

IUC, este sistema permitirá evitar coimas<br />

devidas a esquecimentos.<br />

800 mil contribuintes<br />

confirmaram o seu IRS<br />

automático<br />

permitia interagir com vários serviços. É<br />

preciso ir mais além: continuar a quebrar<br />

estas fronteiras burocráticas no serviço<br />

aos cidadãos, oferecendo soluções globais<br />

quando um cidadão contacta o Estado para<br />

resolver um problema, obrigando os serviços<br />

públicos a articularem-se entre si, ao invés<br />

de obrigarem o cidadão a deslocar-se de<br />

serviço em serviço. O Cartão de Cidadão e<br />

a Empresa na Hora foram os exemplos mais<br />

marcantes desta filosofia, mas estamos<br />

ativamente a trabalhar em novos projetos da<br />

mesma natureza.<br />

A AMA tem desenvolvido vários projetos<br />

em parceria com as Finanças. São disso<br />

exemplo as Lojas de Cidadão ou os<br />

Espaços Cidadão, a Certidão de não dívida<br />

à Autoridade Tributária ou a indicação de<br />

beneficiários da Tarifa Social de Energia.<br />

Qual o papel que, de futuro, a AMA pode<br />

desempenhar no desenvolvimento de<br />

novas políticas do Ministério das Finanças?<br />

A Administração Pública tem de caminhar<br />

para uma oferta integrada de serviços<br />

aos cidadãos. Nas Lojas de Cidadão<br />

convergiram num mesmo espaço físico<br />

balcões de atendimento de diversos<br />

serviços, para comodidade do utente,<br />

mas cada serviço tinha os seus balcões<br />

próprios individualizados. Seguiram-se os<br />

Espaços Cidadão em que um mesmo balcão


Entrevista Fernando Rocha Andrade Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Espero que em 2019 a carga<br />

fiscal seja significativamente<br />

mais reduzida do que em 2015<br />

Como avalia o papel das tecnologias<br />

de informação e comunicação na<br />

prossecução de medidas que facilitem a<br />

vida de empresas e cidadãos em matéria de<br />

fiscalidade?<br />

As tecnologias de informação são hoje<br />

essenciais, permitindo atingir um duplo<br />

objetivo: facilitar a vida aos cidadãos e tornar<br />

a Administração Pública mais eficiente.<br />

Reduzir as deslocações desnecessárias dos<br />

cidadãos aos serviços significa um maior<br />

conforto e um menor desperdício de tempo<br />

para os cidadãos, mas também possibilitar<br />

uma realocação de recursos do Estado de<br />

tarefas como a receção e a digitação manual<br />

de documentos para aspetos críticos do<br />

cumprimento da missão dos serviços.<br />

A informatização da Autoridade Tributária<br />

reforça, assim, não apenas os mecanismos de<br />

combate à fraude e evasão fiscal mas também<br />

permite um maior conforto nas interações<br />

com a Administração Fiscal. Hoje em dia é<br />

praticamente desnecessária a deslocação a<br />

um serviço de finanças, exceto em situações<br />

bastante pontuais, privilegiando os meios<br />

eletrónicos. Veja-se a evolução da entrega<br />

do IRS: desde as filas para as entregas em<br />

papel, passámos ao longo dos anos para<br />

os congestionamentos eletrónicos dos<br />

cidadãos que em suas casas tentavam<br />

submeter pela internet tais declarações.<br />

Hoje não só conseguimos ultrapassar grande<br />

parte dos anteriores constrangimentos<br />

eletrónicos, como oferecemos aos cidadãos a<br />

possibilidade de tratarem do seu IRS em três<br />

cliques, através do IRS automático.<br />

A Modernização Administrativa é<br />

transversal a toda a AP. Há muitas barreiras<br />

por quebrar entre setores e organismos?<br />

Que balanço faz destes quase 2 anos de<br />

legislatura?<br />

Creio que nestes dois anos já foram<br />

implementados vários projetos que,<br />

inicialmente, podíamos ter pensado serem<br />

complexos ou impossíveis. Neste aspeto julgo<br />

que o exemplo da Fatura Única Portuária<br />

é o mais ilustrativo: conseguimos reunir<br />

numa única plataforma vários serviços<br />

- AT, Autoridades Marítimas, Serviço de<br />

Estrangeiros e Fronteiras, DGS e IGCP.<br />

Aqui verificámos uma colaboração que é<br />

transversal a cinco áreas governativas e que<br />

deu resultados e facilita a vida dos armadores<br />

e dos próprios organismos públicos. Como<br />

este projeto, julgo que muitos outros<br />

terão sido concretizados noutras áreas<br />

governativas, e lança uma perspetiva<br />

diferente para os próximos desafios que<br />

possamos vir a ter em termos de relações<br />

transversais na AP.<br />

Quais os projetos que gostaria de deixar<br />

concluídos e que podem contribuir de forma<br />

inequívoca para a reforma do estado?<br />

Retomo as linhas de prioridade que<br />

identifiquei na primeira resposta.<br />

Espero que em 2019 a carga fiscal seja<br />

significativamente mais reduzida do que em<br />

2015, designadamente no IRS. Que as várias<br />

medidas, tomadas e em curso, relativamente<br />

a troca de informações permitam uma<br />

maior eficácia no combate às práticas de


34 — 35<br />

planeamento fiscal agressivo. E que os<br />

custos de cumprimento do sistema fiscal<br />

tenham sido substancialmente reduzidos<br />

com a conclusão de vários projetos, desde<br />

o alargamento do IRS automático à maioria<br />

dos agregados familiares ao funcionamento<br />

do novo regime de IVA alfandegário.<br />

E deixar uma mensagem a todos nós, que<br />

prestamos serviço público?<br />

Uma mensagem de agradecimento.<br />

Estivemos demasiados anos sob uma<br />

mensagem de que a reforma do Estado<br />

era sinónimo de eliminação de funções<br />

do Estado. Parece a cena do filme “Vida<br />

de Brian”: tirando a Saúde, a Educação, a<br />

proteção na Velhice, a Doença e Desemprego,<br />

a Segurança (e a lista continua…), o que é que<br />

o Estado faz por nós? Todos os que ocupam<br />

lugares de serviço público devem estar<br />

cientes que o seu trabalho é fundamental<br />

para a sustentação destas funções do Estado.<br />

Nomeadamente na área da administração<br />

fiscal, cujo papel é essencial para permitir a<br />

existência de todas aquelas outras funções,<br />

que são pagas através de impostos.<br />

A Diagrama é uma publicação que se quer<br />

de todos e capaz de partilhar o enorme<br />

esforço que a AP tem feito com vista à<br />

modernização e simplificação.<br />

O que poderíamos perguntar e não<br />

perguntámos sobre a modernização e<br />

simplificação nas finanças?<br />

Poderiam perguntar-me se algum dia<br />

poderei estar em casa, deitado no sofá, sem<br />

me preocupar com os alertas para os prazos<br />

para pagar o IUC ou o IMI ou se poderei<br />

apenas fazer um clique para entregar o IRS.<br />

Responderia que: “Já esteve mais longe”.≤


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Loja do Cidadão Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong>


38 — 39<br />

Loja do Cidadão<br />

de Vila Nova de Gaia<br />

A Loja do Cidadão de Vila Nova de Gaia completou, no passado dia 16 de<br />

maio, o seu 6º aniversário.<br />

Apresenta uma média de 300 mil atendimentos por ano, com um total<br />

de mais de 2 milhões ao logo dos seus seis anos.<br />

É gerida pela AMA – Agência para a Modernização Administrativa, I.P.<br />

e coordenada, localmente, por José Manuel Gomes Osório Costa, desde<br />

02 de janeiro de 2012 e é ele quem nos recebe e mostra como se fazem<br />

os dias nesta loja.<br />

Como é o dia-a-dia da Loja do Cidadão de Vila Nova de Gaia?<br />

Todos iguais... Todos diferentes (não se trata de um lapso...)<br />

Permitam-me responder com uma pergunta: Como se pode falar de dia-a-dia numa Loja do<br />

Cidadão?<br />

Dia-a-dia transmite uma ideia de rotina que é uma ínfima parte da vida de uma Loja.<br />

A rotina de verificar as condições de abertura, a rotina de fechar a Loja, fechar contas e<br />

finalmente, fechar a porta! Mas... é pelo meio que a vida acontece... que torna a Loja numa<br />

entidade própria que pulsa e respira. Os dias eles...Todos iguais (sim têm 10 horas no caso de<br />

Vila Nova de Gaia) mas Todos diferentes...<br />

E desengane-se quem pensa dizer “Está tudo calmo” porque eis senão quando... não temos<br />

sistemas de senhas, ou alguém se exalta porque o seu problema não é resolvido consoante<br />

aquilo que o seu íntimo imaginara, ou pura e simplesmente encravou uma dispensadora de<br />

senhas, gerando uma fila de pessoas ansiosas pelo pedacinho de papel que lhes garante que já<br />

vão poder tratar dos seus assuntos.<br />

É este pulsar de vida com que lidamos e que torna a atividade tão atraente... e exigente,<br />

atividade que eu acompanho há quase 18 anos, 12 na Loja do Cidadão do Porto (outro<br />

planeta...) e Vila Nova de Gaia desde 2012.<br />

Pela sua envolvente, a Loja do Cidadão de Gaia, instalada no Centro Comercial Arrábida, tem<br />

vindo a tornar-se um pólo de atração na região, tendo utrapassado, em Abril deste ano, os dois<br />

milhões de atendimento acumulado.<br />

Pelo facto de estar inserida num centro comercial, onde os clientes encontram condições de<br />

espera únicas, essa espera acaba por se transformar num tormento, apesar da diversidade de<br />

locais de espera disponíveis.


Loja do Cidadão de Vila Nova de Gaia<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Gerir essa espera é outro desafio: motivar<br />

a saída dos utentes do espaço físico da loja,<br />

regressando apenas quando a sua vez estiver<br />

próxima, pois uma grande maioria insiste em<br />

permancer no espaço, tornando mais difíceis<br />

as condições de habitabilidade e do trabalho<br />

dos colaboradores. Retirar os clientes do<br />

espaço aumenta a qualidade da prestação de<br />

serviço.<br />

Uma das ferramentas que mais insistimos<br />

em divulgar nesta Loja é o Mapa do<br />

Cidadão, a par do alerta por sms e dos écrãs<br />

disponibilizando a informação de filas de<br />

espera, disseminados por todo o espaço<br />

do Centro Comercial, cuja administração<br />

apostou nesta parceria com a Loja. Nessa<br />

divulgação, todos participam, a começar<br />

pelo elemento da vigilância que é um auxílio<br />

fundamental no encaminhamento dos<br />

clientes na retirada de senhas, e pela própria<br />

Unidade de Gestão e colaboradores.<br />

Nesta Loja, destacam-se alguns<br />

serviços prestados, encabeçados pelo<br />

IRN essencialmente através do Cartão de<br />

Cidadão. Este espaço é o mais solicitado<br />

na região, levando-nos muitas vezes<br />

a encaminhar os clientes para locais<br />

alternativos de atendimento como a Loja<br />

do Cidadão do Porto, ou as conservatórias<br />

circundantes.<br />

Outro serviço de destaque é o Espaço<br />

Cidadão, que é o segundo mais solicitado<br />

nesta Loja e um dos mais procurados até a<br />

nível nacional. Aqui, também recorremos ao<br />

encaminhamento para locais alternativos,<br />

quando tal se justifica.<br />

Finalmente, o terceiro seviço âncora: o<br />

atendimento da Segurança Social que tem<br />

sido considerado pelo próprio ISS como<br />

o melhor local de atendimento a nível<br />

nacional.<br />

Como gere os conflitos e reclamações?<br />

Os conflitos e reclamações são geridos com<br />

bom senso e assertividade. Mais do que<br />

aceitar reclamações, tentamos resolver<br />

problemas, com o auxílio indispensável<br />

dos coordenadores das entidades ou<br />

Uma das ferramentas<br />

que mais insistimos em<br />

divulgar nesta Loja é o<br />

Mapa do Cidadão


40 — 41<br />

Loja do Cidadão<br />

de Vila Nova de Gaia<br />

Rua Manuel Moreira de Barros Arrábida<br />

Shopping 244 Loja 029<br />

4400-346 Vila Nova de Gaia<br />

t. 707241107<br />

info.portaldocidadao@ama.pt<br />

Horário<br />

Dias úteis das 09:00h às 19:00h<br />

Sábados das 09:30h às 13:00h<br />

Entidades presentes<br />

na Loja que funcionam<br />

com horário diferente desta:<br />

ISS - Dias úteis: das 09:00h às 16:00h;<br />

Sábados: das 09:00h às 13:00h.<br />

IRN - Cartão de Cidadão e DUA:<br />

Funcionam no horário da Loja;<br />

Passaporte: Dias úteis, das 09:00h às<br />

19:00h; Sábado funciona apenas por<br />

marcação; Restantes serviços: Dias<br />

úteis, das 09:00h às 16:00h.<br />

Agendamento de pedidos de Cartão<br />

de Cidadão - Sábado: das 09:30h às<br />

12:45h.<br />

então, apresentando alternativas ao atendimento quando este se encontra<br />

indisponível por algum motivo.<br />

Nesta gestão da insatisfação, o Mapa do Cidadão tem sido um grande<br />

auxílio, permitindo precisamente apresentar estas alternativas de local de<br />

atendimento, tornando uma vinda à Loja do Cidadão um acontecimento<br />

certo e mais produtivo.<br />

Já alguma vez lhe deram um aplauso?<br />

Não, mas já fui várias vezes felicitado por utentes e os próprios funcionários<br />

na resolução de situações difíceis. Mas mais do que felicitações, o que me<br />

toca profundamente é um simples “obrigado” quando contribuo para<br />

resolver os problemas pessoais e muitas vezes difícies que estão do outro<br />

lado.<br />

Quer contar uma história?<br />

Haveria certamente muitas para contar, mas um episódio recente saltame<br />

à memória: certo dia, a primeira pessoa a entrar na Loja dirige-se<br />

rapidamente à máquina de senhas, onde me encontro a auxiliar a retirada de<br />

senhas, e pede-me uma senha para a Segurança Social. Entrego-lhe a senha<br />

número 1 ao que a pessoa, muito aborrecida, me devolve a senha: “ mas eu<br />

quero uma senha prioritária!!!”. No comment... ≤<br />

Este espaço<br />

é o mais<br />

solicitado na<br />

região


Estatísticas<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

DADOS REFERENTES AOS PRIMEIROS CINCO MESES DE <strong>2017</strong><br />

CHAVE MÓVEL DIGITAL<br />

A Chave Móvel Digital (CMD) é um meio simples e seguro de autenticação dos<br />

cidadãos em portais e sítios da administração pública na internet com dois fatores de<br />

segurança: palavra-chave e código por SMS ou e-mail.<br />

Trata-se de um método mais simples (uma senha para todos os sítios), mais seguro<br />

(código enviado por sms ou e-mail) e mais cómodo (sem deslocações e tempos de<br />

espera).<br />

A ativação da Chave Móvel Digital pode ser feita presencialmente, em qualquer Loja<br />

ou Espaço Cidadão ou on-line em autenticação.gov.<br />

AUTENTICAÇÕES (Nº DE VEZES QUE FOI UTILIZADA)<br />

6.873<br />

5.001<br />

4.603<br />

5.644<br />

4.805<br />

Jan Fev Mar Abr Mai<br />

UTILIZADORES (Nº DE REGISTOS)<br />

4742<br />

2342<br />

2514<br />

2933<br />

2395<br />

Jan Fev Mar Abr Mai


42 — 43<br />

CENTRO DE CONTACTO DO CIDADÃO<br />

A AMA é responsável, pelo Centro de Contacto do Cidadão. Através da linha<br />

de apoio 707 24 11 07 ou correio eletrónico: info.portaldocidadao@ama.pt são<br />

prestadas informações sobre as diversas áreas de relacionamento do Portal do<br />

Cidadão.<br />

CHAMADAS REGISTADAS<br />

25.000<br />

20.000<br />

15.000<br />

10.000<br />

5.000<br />

0<br />

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio<br />

Total de chamadas Entradas em linha Resolvidas no IVR Atendidas Não atendidas<br />

E-MAILS REGISTADOS<br />

3.500<br />

3.000<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio<br />

Tratados<br />

Entrados<br />

Errata<br />

No nº 1 da Diagrama, página 48, no Top 10 do atendimento nas Lojas do Cidadão, a Loja do Cidadão de Vila Nova de Gaia<br />

deveria ter surgido em oitavo lugar.


Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Novo quadro europeu de<br />

interoperabilidade<br />

A<br />

Comissão Europeia publicou no mês de abril um novo Quadro Europeu<br />

de Interoperabilidade que ajudará as administrações públicas europeias<br />

a coordenarem os seus esforços de digitalização na prestação de serviços<br />

públicos.<br />

Juntamente com outras iniciativas que visam promover a cooperação<br />

entre os Estados - Membros da UE, para melhor preparar a sociedade e<br />

para colher todo o potencial da transformação digital, muitos estados-<br />

-membros da EU, onde se incluí Portugal, estão a desenvolver projetos<br />

transformadores com vista à economia de tempo, redução de custos,<br />

aumento da transparência e melhoria da qualidade dos serviços que<br />

oferecem aos cidadãos e às empresas.<br />

Este quadro europeu ajudará os Estados-Membros a seguir uma<br />

abordagem comum, o que contribuirá para reduzir a burocracia para<br />

as pessoas e para as empresas, por exemplo, ao solicitar certificados,<br />

registar-se em serviços ou entregar declarações fiscais.


44 — 45<br />

Novo quadro de<br />

interoperabilidade na UE<br />

O novo enquadramento oferece<br />

orientações específicas às administrações<br />

públicas da Europa sobre a forma de<br />

melhorar a governação e assegurar que tanto<br />

a legislação existente como a nova legislação<br />

não comprometam a interoperabilidade dos<br />

seus serviços digitais.<br />

O quadro inclui um con<strong>jun</strong>to de 47<br />

recomendações que podem aumentar a<br />

interoperabilidade. A aplicação do quadro<br />

pelas administrações públicas europeias<br />

garantirá a normalização dos serviços, a sua<br />

automatização, racionalização e prestação,<br />

de forma segura, em menos tempo, e com<br />

menos esforço.<br />

As novas recomendações centram-se mais<br />

na abertura e na gestão da informação, na<br />

portabilidade dos dados, na governação da<br />

interoperabilidade e na prestação integrada<br />

de serviços.<br />

A Comissão Europeia irá coordenar e<br />

acompanhar a implementação do quadro<br />

com o apoio do programa ISA². Além<br />

disso, espera-se que os Estados-Membros<br />

complementem as ações da UE, identificadas<br />

no Plano de Acão de Interoperabilidade,<br />

com ações nacionais. A Comissão avaliará<br />

a aplicação do Quadro Europeu de<br />

Interoperabilidade revisto até ao final de<br />

2019.<br />

A revisão do Quadro Europeu de<br />

Interoperabilidade faz parte da estratégia<br />

do Mercado Único Digital, apresentada pela<br />

Comissão em Maio de 2015.<br />

O sector público, que representa mais de<br />

um quarto do emprego total e representa<br />

cerca de um quinto do PIB da UE através de<br />

contratos públicos, desempenha um papel<br />

fundamental no mercado único digital<br />

como um regulador, prestador de serviços<br />

e empregador. A implementação do quadro<br />

permitirá melhorar a qualidade dos serviços<br />

públicos europeus e criar um ambiente em<br />

que as administrações públicas possam<br />

colaborar digitalmente.<br />

A necessidade de rever o quadro, em vigor<br />

desde 2010, foi confirmada por intensas<br />

consultas das administrações públicas<br />

dos Estados-Membros, dos cidadãos, das<br />

empresas e de outras partes interessadas. ≤<br />

garantirá a<br />

normalização dos<br />

serviços, a sua<br />

automatização,<br />

racionalização e<br />

prestação


Entrevista<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Sérgio Fernandes<br />

Digital Nómadas Portugal


46 — 47<br />

Falar de nomadismo digital envolve falar da liberdade para viajar ou<br />

de estar a trabalhar em qualquer lugar do mundo.<br />

O mundo é o seu escritório. Viajam e trabalham, sem rigidez de<br />

horário de entrada ou saída e apesar de não existirem números sobre o<br />

trabalho remoto em Portugal, eles são cada vez mais.<br />

Foi esta realidade que levou Sérgio Fernandes e Cláudio Domingos,<br />

ambos freelancers e nómadas digitais, a criar a Digital Nomads<br />

Portugal, a primeira organização portuguesa dedicada a nómadas<br />

que disseram não à prisão do escritório das 9:00h às 17:00h e que<br />

trabalham por sua conta.<br />

A primeira comunidade portuguesa de nómadas digitais nasceu em<br />

2016 e em outubro desse ano, Sérgio Fernandes iniciava uma aventura<br />

de 6 meses de viagem. Levou o portátil, os clientes, assinalou os<br />

espaços de coworking e mostrou que o seu escritório é efetivamente<br />

em qualquer parte do mundo.<br />

Começou por Espanha, em Novembro foi até ao Brasil, iniciou o<br />

ano de <strong>2017</strong> na Tailândia, permaneceu no Continente asiático, na<br />

Indonésia, até março e terminou a sua rota digital na ilha da Madeira.<br />

Manteve os clientes (3 nos Estados Unidos, um no Reino Unido e outro<br />

na Austrália), ganhou outros, alimentou as redes sociais e outros<br />

suportes de comunicação, foi notícia e aceitou contar à Diagrama toda<br />

a estória.<br />

Fala dos diferentes ecossistemas de cowork e das comunidades de<br />

empreendedores digitais dispersas por diferentes geografias. Fala em<br />

liberdade, seja local ou de horários, mas também de responsabilidade<br />

e organização.<br />

Qual foi o objetivo com que partiu para estes<br />

6 meses de viagens?<br />

Há cerca de 1 ano atrás andava com a ideia<br />

de aprofundar o conhecimento acerca<br />

das comunidades de nómadas digitais e<br />

trabalhadores remotos que existiam pelo<br />

mundo e, após ler vários artigos na internet,<br />

apercebi-me que existiam 3 ou 4 sítios a nível<br />

mundial, considerados como as “capitais<br />

mundiais de nómadas digitais”, entre<br />

outros fatores, pelo seu custo de vida baixo.<br />

Descobri igualmente que existiam mesmo<br />

empresas sediadas nesses locais, a trabalhar<br />

com equipas virtualmente distribuídas e que,<br />

a maioria dos colaboradores, trabalhava a<br />

partir de espaços de coworking.<br />

Neste processo, relativamente aos espaços<br />

de coworking, apercebi-me que os mesmos


Entrevista Sérgio Fernandes<br />

Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Não é verdade que para uma pessoa ser nómada<br />

digital, tenha de ter um emprego relacionado com<br />

informática<br />

ofereciam não só um local de trabalho, bem<br />

como eventos, formações e workshops quase<br />

semanais (em alguns casos diários) dados por<br />

quem ali está a trabalhar, desde coaching,<br />

a workshops de culinária, passando por<br />

eventos de marketing e formações na área<br />

de informática. Fiquei com “o bichinho” de<br />

conhecer estes locais, estas comunidades,<br />

estas pessoas! Entretanto e em conversa<br />

com um casal amigo, numa esplanada <strong>jun</strong>to<br />

à praia, surgiu o desafio: E se tu fizesses<br />

qualquer coisa do género, 1 ano de viagem<br />

pelos 5 continentes de uma nómada digital<br />

Português? Tentavas encontrar patrocínios<br />

e ias partilhando toda a tua aventura!”. Foi<br />

nessa altura que pensei que seria ideal fazer<br />

algo do género! Pus mãos à obra e tentei<br />

encontrar patrocínios, mas não foi fácil,<br />

basicamente o que me foi dito foi que me<br />

apoiavam o projeto, partilhavam as minhas<br />

experiências mas que não contribuíam com<br />

outro tipo de ajuda. Dito isto alterei um<br />

pouco a ideia do projeto e criei o “6 meses<br />

na vida de um nómada digital Português”,<br />

totalmente subsidiado por mim, o que<br />

também foi um desafio interessante pois o<br />

meu budget era limitado.<br />

Entre viajar e trabalhar, como organiza o<br />

seu tempo e a agenda dos clientes?<br />

Esse é talvez o maior desafio de um nómada<br />

digital, organização de tempo e a agenda dos<br />

clientes. Se for uma pessoa como eu que tem<br />

diferentes clientes em diferentes time zones<br />

(Estados Unidos, Reino Unido, Portugal e<br />

Austrália) a organização é a palavra-chave!<br />

Uma pessoa que não seja organizada, não<br />

consegue responder a tempo e horas aos<br />

clientes e não consegue manter um estilo de<br />

vida nómada e trabalhar ao mesmo tempo.<br />

Eu uso várias plataformas para conseguir<br />

gerir o meu tempo e a minha comunicação<br />

com os clientes. O correio electrónico, Slack<br />

e Skype para a comunicação, o Todoist<br />

para a organização de tarefas e clientes, o<br />

calendário do Google para a organização de<br />

reuniões, o Zoho Invoice para a organização<br />

de clientes, projetos e faturação e, por fim,<br />

também uso papel e a caneta. É o meu modus<br />

operandi que resulta para mim, obviamente<br />

pode ou não resultar para as outras pessoas.<br />

Uma vez mais, sublinho que organização é a<br />

palavra-chave, ainda mais importante que<br />

responsabilidade, pois quando conseguimos<br />

ter este estilo de vida/trabalho e esta<br />

qualidade de vida não a queremos perder<br />

por nada, logo tornamo-nos responsáveis,<br />

mesmo sem o saber!<br />

Outra tarefa que faço semanalmente para<br />

a organização quer da minha vida pessoal,<br />

quer das minhas viagens, quer dos meus<br />

clientes é sentar-me 1 hora todas as quintas-<br />

-feiras a organizar a minha semana seguinte,<br />

consoante os projetos que tenho, viagens<br />

que vou fazer e tarefas pessoais. E porquê<br />

na quinta-feira e não na sexta? Porque


48 — 49<br />

sexta-feira é um dia em que a maior parte<br />

das pessoas já estão com a cabeça no fim de<br />

semana, e para que eu possa dar feedback<br />

aos meus clientes, os e-mails com a<br />

organização de tarefas/projetos têm que sair<br />

na quinta-feira.<br />

Existe a ideia generalizada de que um<br />

nómada Digital é uma pessoal que tem uma<br />

profissão relacionada com a informática.<br />

Isto corresponde à realidade?<br />

Não é verdade que para uma pessoa ser<br />

nómada digital, tenha de ter um emprego<br />

relacionado com informática.<br />

Nestes 6 meses de viagens, conheci imensas<br />

pessoas (imensas mesmo) que não estavam<br />

ligadas à informática, conheci um casal,<br />

ambos personal trainers e tinham um sítio<br />

online e um con<strong>jun</strong>to de vídeos e manuais<br />

que vendiam (apenas para o mercado<br />

romeno), conheci outro, da Macedónia,<br />

que estava a terminar o seu doutoramento<br />

relacionado com política internacional<br />

e que estava em Koh Lanta, Tailândia, a<br />

trabalhar no espaço de coworking Kohub,<br />

pois necessitava de estar longe de tudo para<br />

terminar a sua dissertação. Conheci diversas<br />

pessoas que trabalham em marketing<br />

digital, escritores, fotógrafos, enfim imensos<br />

nómadas, com negócios rentáveis sem terem<br />

a sua profissão diretamente ligada à área de<br />

informática.<br />

Neste momento o que o mundo digital nos<br />

traz é melhores acessos, mais informação,<br />

rapidez e conforto. Vivemos numa era do<br />

mundo digital em que tudo é possível, esta é<br />

a era perfeita para se apostar em fazer o que<br />

se gosta, a era perfeita para construir aquela<br />

ideia que há tanto tempo temos na cabeça, a<br />

era perfeita para a mudança e para agarrar as<br />

imensas possibilidades que aí estão!<br />

Uma última história que guardo destes 6<br />

meses é a de Joakim Söder.<br />

Guia turístico, na américa do sul, trabalhava<br />

para uma empresa de turismo sediada na<br />

Suécia, uma daquelas pessoas que olhamos<br />

e pensamos é um backpacker, que anda de<br />

um lado para o outro apenas para visitar e<br />

viajar e que ganha uns trocos aqui e além.<br />

Falava alemão, inglês, espanhol, italiano<br />

e português quase na perfeição e, viajava<br />

apenas com uma mochila, certamente a<br />

pessoa mais minimalista que já vi! Fez uma<br />

apresentação/workshop para a comunidade,<br />

A organização é a palavra-chave!


Entrevista Sérgio Fernandes Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

onde mostrou como se organizava apenas<br />

com uma mochila, explicou o porquê das<br />

cores das roupas que levava consoante o país<br />

da américa do sul onde estava, entre outros<br />

pequenos detalhes que faziam todo o sentido<br />

depois de o ouvir. Foi brutal conhecer<br />

Joakim Söder.<br />

O que é que esta experiência lhe trouxe de<br />

positivo?<br />

Este projeto foi uma das melhores<br />

experiências da minha vida! O facto de<br />

viajar para longe sozinho, com um objetivo<br />

de me de integrar numa comunidade que<br />

não conhecia, num sítio que não conhecia<br />

e uma língua que não falava, foi realmente<br />

um grande desafio! Muito sinceramente,<br />

esta experiência alterou a forma como vejo<br />

a vida e o mundo do trabalho, acentuou<br />

a importância de sermos pró-ativos e nos<br />

relacionarmos com as pessoas, mesmo não<br />

as conhecendo, tentar encontrar sinergias,<br />

trocar experiências, no fundo a importância<br />

da partilha. Conheci pessoas com histórias<br />

de vida fantásticas, participei em eventos e<br />

workshops que não fazia ideia que existiam.<br />

Mas o mais importante foi perceber que este<br />

método de trabalho remoto é sem a menor<br />

dúvida o futuro. As pessoas querem ter mais<br />

qualidade de vida, querem trabalhar de<br />

forma mais cómoda, muitas delas querem<br />

viajar e conhecer o mundo e, sobretudo<br />

não querem estar agarradas ao trabalho das<br />

9:00h às 17:00h. Existem, neste momento,<br />

milhares e milhares de pessoas espalhadas<br />

pelo mundo que trabalham remotamente,<br />

têm o seu próprio negócio ou trabalham por<br />

conta de outrem. Por fim, penso que este<br />

projeto e todas as experiências me tornaram<br />

uma pessoa mais organizada (ainda mais!) e<br />

mais atenta aos outros.<br />

Recomendações para quem quer ser<br />

nómada digital<br />

Ser nómada digital não é para todos, até<br />

mesmo para aqueles que o querem vir<br />

a ser, que se deslumbram com os sítios<br />

paradisíacos em que os nómadas digitais<br />

estão, com aquilo que fazem, como fazem.<br />

O meu grande conselho é, para quem já<br />

trabalha remotamente e quer ser nómada<br />

digital, criem um plano, escolham 3 ou 4<br />

sítios, arrisquem e vão. Depois façam uma<br />

reflexão e analisem se afinal esse tipo de vida<br />

é mesmo para vocês ou não!<br />

Existe muita desinformação na internet<br />

sobre o que é ser nómada digital, de como se<br />

ganha dinheiro enquanto se viaja, tenham<br />

cuidado com o que estão a ler e nunca se<br />

esqueçam que as coisas valem o valor que<br />

nós lhe atribuímos, nem mais, nem menos!<br />

É preciso ter cuidado com o que lê<br />

atualmente sobre nomadismo digital, pois<br />

é um termo que está na moda e parece que<br />

todos nós queremos e podemos ser nómadas<br />

digitais, quando esse pode não ser o caso.<br />

Para começar, um estilo de vida mais<br />

nómada aliado ao mundo digital, exige uma<br />

definição de objetivos de acordo com o que<br />

se faz profissionalmente.<br />

Deixo alguns exemplos, se o objetivo<br />

for o trabalho como freelancer, que<br />

eventualmente também irá ajudar quem<br />

queira começar um nível de vida mais<br />

nómada. Plataformas como o Upwork<br />

(www.upwork.com) ou o Freelancer<br />

(www.freelancer.com) são, sem dúvida,<br />

um grande ponto de partida, apresentam


50 — 51<br />

Esta é a era perfeita para se apostar em<br />

fazer o que se gosta<br />

imensas oportunidades para trabalho<br />

remoto e freelancing em todas as áreas.<br />

Se porventura o objetivo passa por criar<br />

algo, ser empreendedor, logo uma ideia é<br />

apenas uma ideia, por isso, o meu conselho<br />

é analisarem o mercado dessa ideia,<br />

investigarem o público-alvo e fazerem um<br />

test-drive da ideia/produto, para ver se<br />

existe mercado e, por último, se alguém está<br />

disposto a pagar por ela.<br />

Perspetivas futuras para a Digital Nomads<br />

Portugal?<br />

Fui contactado pela ANJE - Associação<br />

Nacional de Jovens Empresários, para o<br />

estabelecimento de uma parceria com<br />

o objetivo de ministrar um con<strong>jun</strong>to de<br />

workshops relacionados com o trabalho<br />

remoto, apresentando uma visão empresarial<br />

- como é que as empresas podem começar<br />

a trabalhar com equipas virtualmente<br />

distribuídas, redução de custos, mais-valias,<br />

dificuldades e como superá-las, assim<br />

como a visão do colaborador – vantagens e<br />

desvantagens de trabalhar a partir de casa,<br />

organização e criação de um home office.<br />

Em setembro, a comunidade Digital Nomads<br />

Portugal será parceira da maior conferência<br />

de nómadas digitais da Europa, DNX Global -<br />

Digital Nomads Conference, que este ano se<br />

realiza em Lisboa (www.dnxglobal.com).<br />

No futuro, gostaria que a comunidade<br />

Digital Nomads Portugal fosse usada como<br />

exemplo, para as pessoas que não são felizes<br />

no trabalho e procuram um novo rumo,<br />

ou um trabalho que lhes permita ter mais<br />

liberdade, melhor qualidade de vida, e que a<br />

comunidade funcionasse como um suporte<br />

ao qual as pessoas recorriam.<br />

Do ponto de vista empresarial, gostaria<br />

de alargar o trabalho que vou desenvolver<br />

com a ANJE às empresas em geral, no<br />

sentido de as ajudar na implementação do<br />

trabalho remoto, através da identificação<br />

de colaborados e/ou equipas, que pudessem<br />

ser colocadas a trabalhar remotamente,<br />

medindo e analisando o impacto que isso<br />

teria na empresa, ao nível de redução<br />

de custos, aumento da satisfação dos<br />

colaboradores e consequente aumento da<br />

produtividade. Esse é o meu próximo grande<br />

projeto sem dúvida! ≤


Notícias Diagrama • <strong>jun</strong>ho <strong>2017</strong><br />

Carta de princípios Simplex+<br />

O SIMPLEX+, para além de congregar medidas que visam a prestação de serviços mais<br />

simples, de forma mais eficiente e rápida, visa também fomentar uma nova cultura na<br />

relação entre cidadãos, empresas e o estado.<br />

Uma cultura de exigência e de qualidade, assente em princípios e direitos, com vista a mais e<br />

melhor cidadania:<br />

1. Resolver de uma só vez e acompanhar, num único ponto de contacto, os seus assuntos<br />

relacionados com a administração pública;<br />

2. Aceder aos serviços públicos sem se deslocar;<br />

3. Obter documentos num só clique;<br />

4. Dar informações ao Estado só uma vez;<br />

5. Aceder facilmente a informação pública;<br />

6. Autenticar-se perante Estado à distância, de forma simples e segura;<br />

7. Marcar reuniões e obter senhas de atendimento à distância;<br />

8. Resolver ainda mais assuntos nos Espaços Cidadão. ≤<br />

Mais informações em:<br />

www.simplex.gov.pt


52 — 53<br />

AMA presente no<br />

Portugal “eHealth<br />

Summit”<br />

Nos dias 4 a 6 de abril a AMA esteve presente<br />

na “eHealth Summit”. O evento, de<br />

dimensão internacional, debateu o processo<br />

de transformação digital da saúde e contou<br />

com a presença dos mais diversos agentes,<br />

nomeadamente indústria farmacêutica,<br />

Agência Europeia do Medicamento, entidades<br />

de saúde, empresas do setor tecnológico,<br />

organismos da Administração Pública e<br />

instituições ligadas ao meio académico, entre<br />

outras entidades.<br />

A sessão de abertura esteve a cargo<br />

da Senhora Ministra da Presidência e da<br />

Modernização Administrativa, Maria Manuel<br />

Leitão Marques e do Senhor Ministro da<br />

Saúde, Adalberto Campos Fernandes.<br />

A AMA esteve presente em diversos painéis<br />

de discussão, Pedro Silva Dias, Presidente do<br />

Conselho Diretivo, participou na discussão<br />

dos “Desafios da Transformação Digital<br />

na Saúde” e André Vasconcelos, Assessor<br />

do Conselho Diretivo, partilhou a sua<br />

experiência na temática “Portugal Digital<br />

2020”.<br />

Paralelamente, a AMA fez-se representar,<br />

durante os três dias na área de expositores,<br />

espaço onde deu a conhecer vários dos<br />

projetos da instituição, nomeadamente a<br />

Chave Móvel Digital, Bolso de Documentos,<br />

Usabilidade.gov, Simplex, ente outros. ≤<br />

MUDA: Movimento pela<br />

Utilização Digital<br />

Promover a inclusão e levar os serviços digitais até<br />

aos cidadãos e às empresas é um dos desígnios da<br />

Administração Pública. Um país mais digital será um<br />

país mais ágil, mais eficiente e eficaz. Por esta razão,<br />

A AMA, I.P. é o parceiro institucional do MUDA:<br />

Movimento pela Utilização Digital.<br />

O MUDA é um Movimento nacional promovido<br />

por várias empresas, universidades e associações que<br />

assumem o compromisso de incentivar a participação<br />

dos portugueses no espaço digital, contribuindo para<br />

um País mais avançado, inclusivo e participativo. ≤<br />

Mais informações em:<br />

www.muda.pt

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